Usina 5
Usina 5
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE ENERGIA
Itajubá
-2008-
Marco Antônio de Azevedo Menezes
Área de concentração:
Uso racional de Energia
Orientador:
Professor Dr. Geraldo Lúcio Tiago Filho
Co-orientador:
Professor Dr. Enio Roberto Ribeiro.
Itajubá
-2008-
RESUMO
i
ABSTRACT
ii
APRESENTAÇÃO
iii
O programa foi desenvolvido com base em um sistema FV projetado para uma
residência localizada na cidade de Fresno, EUA para atender uma demanda de 3600
[kWh/ano].
Dois estudos de caso foram feitos para confronto e aferição dos programas,
sendo um referente a um sistema fotovoltaico instalado no prédio do IEE – Instituto
de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo - USP e outro referente a
uma casa situada no Parque de Alternativas Energéticas para o desenvolvimento
Auto-Sustentável – PAEDA situado na área da PCH Luiz Dias no Distrito de Rio
Manço, município de Itajubá – MG.
iv
DEDICATORIA
“Dedico este trabalho a minha esposa, Maria Celeste
Cabral Menezes, e aos meus filhos Marco Antônio
de Azevedo Menezes Filho, Daniel Cabral Menezes
e Carlos Henrique Cabral Menezes, à Celeste um
reconhecimento especial pela paciência e
esperança”.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Dª. Lourdes Salomon Cabral, cuja presença nos faz ver a vida pelo seu
melhor ângulo, o amor. Estendo minha gratidão à sua família pelo incondicional apoio.
vi
Sumário
Índice de figuras xii
Índice de tabelas xiv
Índice de gráficos xv
Lista de siglas xvii
Lista de símbolos e constantes xix
Lista de arquivos de programa xxii
Resumo i
Abstract ii
Apresentação iii
viii
Capítulo 3 – Materiais fotovoltaicos 22
3.1 – Historia da tecnologia fotovoltaica 22
3.2 – Marcos históricos 22
3.3 – Física básica dos materiais fotovoltaicos 24
3.3.1 – Impacto da largura de banda na eficiência dos
painéis fotovoltaicos 29
3.3.2 – A junção PN 31
3.4 – Célula fotovoltaica genérica 33
3.4.1 – Circuitos equivalentes das células fotovoltaicas 34
3.4.2 – Associação de células em série 38
3.4.3 – Associação de células em paralelo 40
3.4.4 – Arranjos das células fotovoltaicas em módulos e painéis 42
3.5 – Testes e ensaios em módulos fotovoltaicos 42
3.5.1 – Curvas sob condições padronizadas para testes 43
3.6 – Panorama nacional e internacional dos sistemas fotovoltaicos 46
ix
Capítulo 5 – Proposta de Procedimento para dimensionamento
de sistemas FV conectados à rede. 61
5.1 – Considerações preliminares 61
5.1.1 – Relação entre as potências CC e CA 61
5.1.2 – Impacto da temperatura de operação da célula no campo 62
5.2 – Método “horas de pico” para dimensionamento
de sistemas fotovoltaicos 66
5.3 – Fator de capacidade para sistemas interligados 67
5.4 – Projeto de Fresno adotado como referência para
aferição da proposta de procedimento 68
5.5 – Detalhamento do projeto de Fresno 68
5.5.1 – Fluxograma do projeto para cálculos efetuados
manualmente (Fluxograma 1) 69
5.5.2 – Dados gerais do projeto 69
5.5.3 – Cálculo da potência CA necessária 69
5.5.4 – Potência CC 71
5.5.5 – Área do painel (estimativa preliminar) 71
5.5.6 – Escolha do módulo FV e do Inversor 71
5.5.7 – Número de módulos KC158G 72
5.5.8 – Arranjo do painel com módulos KC158G 72
5.5.9 – Configuração final do sistema e recálculo da área do painel 73
5.5.10 – Produção anual de energia 73
5.5.11 – Dimensionamento dos fusíveis 73
5.5.12 – Dimensionamento dos cabos 74
5.6 – Desenvolvimento do programa FOVO 75
5.6.1 – Fluxograma do projeto usando método computacional
(Fluxograma 2) 76
5.6.2 – Aplicação do procedimento proposto para o projeto de Fresno
desenvolvido no item 5.5 (FOVO1_Fresno) 77
5.6.3 – Uso da planilha “Projeto FV Fresno Geral” 77 a 78
5.6.4 – Uso das planilhas de números 2 a 5 79 a 81
x
Capítulo 6 – Estudo de caso. 83
6.1 Caso 1: Produção anual de energia – Sistema instalado
no IEE – USP 83
6.1.1 – Caracterização do sistema 83
6.1.2 – Especificações técnicas 84
6.1.3 – Comentários sobre os resultados obtidos 86
6.2 – Caso 2: Sistema FV alternativo para a casa do PAEDA 87
6.2.1 – Caracterização 87
6.2.2 – Resultados obtidos 89
6.2.3 – Comparação dos resultados obtidos no item 6.2.2 com
as tarifas praticadas no Brasil 93
6.2.4 – Comentários sobre os resultados obtidos 95
xi
Índice de figuras.
Figura 2.1 - Distância percorrida pela radiação dentro da atmosfera
terrestre 09
Figura 2.2 - Trajetória elíptica da terra, Equinócios
e Solstícios 12
Figura 2.3 - Vista alternativa para cálculo da declinação solar 12
Figura 2.4 - Painel com inclinação local igual ao ângulo
da latitude 13
Figura 2.5 - Configuração para determinação do ângulo de
inclinação do painel 14
Figura 2.6 - Posições do Sol relativas aos seus ângulos de altitude
e azimute 15
Figura 2.7 - Hora angular 16
Figura 2.8 - Radiações solares direta, refletida e difusa 17
Figura 2.9 a - Sistema de rastreamento solar com dois eixos 20
Figura 2.9 b - Sistema de rastreamento solar com um eixo 20
Figura 3.1.a - Átomo de silício (representação completa) 24
Figura 3.1.b - Átomo de silício (representação simplificada) 24
Figura 3.2 - Estrutura molecular do átomo de Silício 25
Figura 3.3 – Bandas de condução para os metais e para
os semicondutores 26
Figura 3.4 – Formação do par Lacuna-eletron e a recombinação 27
Figura 3.5 – Deslocamentos da Lacuna e do elétron 27
Figura 3.6 – Diodo de junção PN 31
Figura 3.7 – Características elétricas do diodo de junção 32
Figura 3.8 – Célula fotovoltaica genérica 33
Figura 3.9 – Circuito equivalente simplificado da célula fotovoltaica 34
Figura 3.10 – Circuito equivalente da célula FV com fonte de corrente
e diodo 35
Figura 3.11 – Parâmetros importantes para as células FV 35
xii
Figura 3.12 – Duas células ligadas em série com circuitos
equivalentes Simplificados 37
Figura 3.13 – Circuito equivalente completo com Rp e Rs 38
Figura 3.14 – Associação de células em série 39
Figura 3.15 – Associação de três células em paralelo 40
Figura 3.16 - Diodos de by-pass e de bloqueio para proteção do painel 41
Figura 3.17 - Arranjos de células, módulos e painéis FV 42
Figura 3.18 – Potências em circuito aberto, em curto e com carga 43
Figura 4.1 – Sistema FV autônomo 48
Figura 4.2 - Conexão direta do FV a um motor de corrente contínua
e bomba d’água 49
Figura 4.3 - Sistema fotovoltaico conectado à rede 50
Figura 4.4 - Ponto de operação em função da irradiância padrão e
variação de uma carga resistiva 51
Figura 4.5 - Conversor CC/CC “Elevador-Abaixador” 53
xiii
Índice de tabelas
Tabela 1.1 – Tecnologias da geração distribuída 03
Tabela 2.1 – Número do dia primeiro de cada mês 11
Tabela 2.2 - Irradiância e insolação considerando a latitude, algumas
Inclinações e direcionamentos do painel,
e sistemas de rastreamento 17
Tabela 2.3 - Irradiância direta sobre um painel situado na latitude
de 23° e com inclinação /-δ para o dia primeiro de maio
(122º dia do ano) (Arquivo FOVO3) 18
Tabela 3.1 – Tabela periódica parcial dos elementos químicos 24
Tabela 3.2 – Largura de banda [eV] para alguns materiais FV 30
Tabela 3.3 – Características técnicas de alguns módulos FV 45
Tabela 3.4 – Sistemas conectados à rede no Brasil 46
Tabela 6.1 – Configuração do sistema FV do IEE – USP 83
Tabela 6.2 – Planilha de consolidação e comparação com da
do sistema real 84
Tabela 6.3 – Quadro de cargas da casa do PAEDA 88
Tabela 6.4 – Planilha de consolidação do estudo de caso 2 90
Tabela 6.5 – Planilha de orçamento do estudo de caso 2 91
Tabela 6.6 – Custo da energia e amortização do investimento – estudo de
caso 2 91
Tabela 6.7 – Quadro de tarifas homologadas pela ANEEL para algumas
regiões do Brasil (Atualizado em 01/12/2008) 94
Tabela 6.8 – Tarifas residenciais da CEMIG vigentes
a partir de 08/04/2008 94
xiv
Índice de gráficos.
Gráfico 1.1 - Amostra de um universo de 13 566 plantas com
Potências entre 50 [kW] a 1300 [MW] localizadas
nos EUA 02
Gráfico 2.1 – Espectro da irradiação da terra modelada como
um corpo negro 06
Gráfico 2.2 – Comparação entre o espectro solar extraterrestre e o de
um corpo negro a 5800 K 07
Gráfico 2.3 – Espectros solares para algumas relações de massa de ar 10
Gráfico 2.4 - Irradiância calculada com o programa FOVO3 para o dia
primeiro de maio – Latitude 23° Sul e inclinação Σ = L - δ 19
Gráfico 3.1 – Evolução da eficiência dos fotovoltaicos 23
Gráfico 3.2 – Aproveitamento da energia dos fótons pelo silício 29
Gráfico 3.3 - Máxima eficiência de materiais fotovoltaicos em função
da largura de banda 31
Gráfico 3.4 - Variação da corrente em uma célula FV com a insolação 36
Gráfico 3.5 – Variação da corrente e da tensão de uma célula FV
em função da insolação 37
Gráfico 3.6 – Associação de células em série. 39
Gráfico 3.7 – Módulo com 36 células em série e curva da tensão versus
corrente para um módulo de 36 células 40
Gráfico 3.8 – Curva da tensão x corrente para a associação em paralelo 41
Gráfico 3.9 – Curva de potência do módulo FV 44
Gráfico 3.10 - Curva com retângulos de potência para um
módulo da Kyocera 44
Gráfico 4.1 - Pontos de operação com carga fixa e variação da irradiância 52
Gráfico 4.2 - Atuação do RPMP e consequente deslocamento
dos pontos de máxima potência nas curvas V x I do
painel FV 56
Gráfico 5.1 – Curvas características de Vx I considerando a variação
da temperatura da célula para o módulo KC120-1 da Kyocera 62
Gráfico 5.2 – Eficiência de conversão EC ou rendimento global (PR)
em função da temperatura ambiente 65
xv
Gráfico 5.3 – Potência CC disponibilizada pelo painel em função
da temperatura ambiente. Arquivo 65
Gráfico 6.1 – Custo da energia comparado com a potência
instalada em kWp 92
xvi
Lista de siglas.
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
CA – Corrente Alternada
CC – Corrente Contínua
CEA – Companhia de Eletricidade do Amapá
CELB – Companhia Energética da Borborema
CELTINS – Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais
CEMIG-D – CEMIG Distribuição S/A
CERPCH – Centro Nacional de Referência em Pequenas
Centrais Hidroelétricas
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
COPPE – Laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
CRESESB – Centro de referência para energia solar e eólica
Sérgio de Salvador Brito
CMC – Contribuição Mensal ao Consumo
EC – Eficiência de conversão
ENERSUL – Empresa Energética do Mato Grosso do Sul S/A.
EUA – Estados Unidos da América
FC – Fator de Capacidade
FDI – Fator de Dimensionamento do Inversor
FP – Fator de Preenchimento
FV – Fotovoltaico
GD – Geração Descentralizada
HYTRON – Tecnologia em Hidrogênio
IEE-USP – Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo
IS - Insolação
JARI – Jarí Celulose S/A
LABSOLAR – Laboratório Solar da Faculdade de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
xvii
LRC-NASA – The Lewis Reaserch Center – National Aeronautics and Space
Administration
LSF – Laboratório Solar da Universidade Estadual de São Paulo
MCH – Micro Central Hidroelétrica
MCI – Máquina de combustão interna
MMH – Mini Central Hidroelétrica
NEC- National Electrical Code
PAEDA – Parque de Alternativas Energéticas para o Desenvolvimento
Auto-sustentável
PCH – Pequena Central Hidroelétrica
PR – Rendimento global
PS – Produção Solar
RPMP – Rastreador do Ponto de Máxima Potência
STC – Condição Padrão de Testes para módulos fotovoltaicos
UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá
UHENPAL – Usina Hidroelétrica Nova Palma Ltda
USP – Universidade de São Paulo
xviii
Símbolos e constantes
– Ângulo de altitude em graus
N – Ângulo de altitude formado entre o zênite e a linha da declinação solar
/ - Declinação solar em graus
xix
h – Constante de Planck (6,626 . 10-34 [J.s])
IBC – Irradiação difusa para o coletor solar
IDC – Irradiação direta para o coletor solar
Id – Corrente direta em um diodo polarizado diretamente
IRC – Irradiação refletida para o coletor solar
In – Índio
I0 – Corrente de saturação reversa do diodo
K – Constante de Boltzmann (1,381 . 10-23 [J/K])
L - Ângulo da latitude local em graus
LED – Diodo emissor de luz
m - Massa de ar relativa
n - Número do dia do ano, sendo 1º de Janeiro o dia número um
N – Material de silício cristalino com impurezas tipo N
P – Material de silício cristalino com impurezas tipo P
PCA –Potência em corrente alternada obtida na saída do inversor
PCC,STC – Potência em corrente contínua nas condições padrão de testes
PN – Junção dos materiais tipo P e tipo N para formar o diodo
PR – Rendimento global ou eficiência de conversão
q – Carga do elétron (1,602 . 10-19 [C])
S – Insolação [kW/m2]
Se – Selênio
Si – Silício
T – Temperatura absoluta em graus Kelvin
Tp - Período do trem de pulsos de chaveamento do inversor
TAMB – Temperatura ambiente em °C
Te – Telúrio
TCEL – Temperatura da célula em °C
TNOC – TNominal da célula para TAmbiente igual a 20ºC
Vd – Tensão entre os terminais P e N do diodo
Vo – Tensão na saída do sistema de chaveamento
Vi – Tensão na entrada do sistema de chaveamento
xx
Lista de arquivos de programa (FOVO)
FOVO1_Fresno
FOVO1_ieeusp
FOVO2_paeda_
FOVO3_Calc_Io
FOVO4_EC
xxi
Capitulo 1
A Geração Descentralizada
1.1 Introdução
Assiste-se nos países desenvolvidos e na maioria dos países em
desenvolvimento, que a tradicional incorporação vertical praticada pelas companhias
de eletricidade, integrando os serviços de geração, transmissão, distribuição e
prestação de serviços, está sofrendo uma completa e revolucionária mudança. Neste
capítulo é apresentada uma breve descrição da geração descentralizada com o intuito
de caracterizar o ambiente e as formas de aplicação do sistema de geração
fotovoltaico.
A abertura das redes de transmissão e de distribuição para os produtores
independentes, que oferecem energia barata, mais eficiente e plantas em menor
escala, estão evoluindo satisfatoriamente.
Os esforços para reestruturação do setor no sentido de criar um ambiente
competitivo entre os geradores, permitindo que os clientes escolham suas fontes de
potência, estão impulsionando os projetos de geração descentralizada (GD).
Nos EUA, onde a matriz energética é bem diversificada e naturalmente com
sistemas de geração mais distribuídos, constata-se que a partir de meados dos anos
80, o tamanho médio das plantas vem diminuindo, conforme mostrado no Gráfico
1.1.
Os sistemas ficaram parecidos com os do inicio do século vinte, onde mais da
metade da energia dos EUA era gerada pelo próprio consumidor, com pequenos
sistemas isolados, atendendo o consumo das indústrias no mesmo espaço físico das
plantas industriais.
Muitos destes sistemas eram locados nos porões das edificações, os quais
aproveitavam as sobras de calor da planta de potência.
1
combustíveis, máquinas de combustão interna, aero-geradores e pequenas turbinas a
gás.
Gráfico 1.1: Amostra de um universo de 13 566 plantas com potências entre 50 [kW]
a 1300 [MW] localizadas nos EUA. Fonte: Adaptado de Hytron – Tecnologia em
Hidrogênio (joã[email protected])
110,00
100,00
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
00
05
10
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
Ano
2
A topologia de uma rede de geração descentralizada, naturalmente, deve
permitir a participação de todas as fontes de energia disponíveis. Esta possibilidade
propicia a composição de matrizes energéticas versáteis e preferencialmente
constituídas por fontes renováveis.
A tecnologia empregada define o tamanho da planta e a interface com a rede,
conforme mostrado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1 Tecnologias da Geração Distribuída.
Adaptado de Hytron – Tecnologia em Hidrogênio
TECNOLOGIAS
Tamanho
Tecnologia Fonte Interface Pequena < Média entre Grande > 1
100 [kW] 0,1 e 1 [MW] [MW]
Conexão direta e
Eólica Renovável X
geração em CA
Geração em CC e
Fotovoltaica Renovável X X X
Inversor
Combustível Geração em CC e
Microturbina X X
Fóssil e biogás Inversor
Renovável/Não Geração em CC e
Célula a Combustível X X X
Renovável Inversor
3
Na prática a geração descentralizada propicia cortes de picos de carga, suporte
à rede de distribuição, co-geração, aumento da segurança e suprimento de energia
para consumidores remotos ou isolados.
Além destes deve-se considerar também uma maior flexibilidade para que os
clientes reajam às variações de preços dos insumos energéticos.
A geração descentralizada influencia beneficamente no planejamento de
investimentos das concessionárias, seja no alivio de cargas de subestações ou no
adiamento de investimentos em linhas de transmissão, na rede de distribuição e em
subestações.
A redução da poluição através da substituição das fontes primárias de energia
por fontes renováveis ou por outras menos poluentes traz, sem dúvida, uma grande
contribuição ao meio ambiente.
1.4 Barreiras
A interconexão dos geradores descentralizados com a rede apresenta algumas
preocupações para as concessionárias no que se refere à estabilidade da rede,
segurança do pessoal de manutenção, interferência na qualidade da energia e uso de
sistemas de proteção não familiares às concessionárias.
A interconexão aumenta a complexidade do gerenciamento da rede, entretanto,
um esforço, envolvendo os consumidores, as concessionárias e os agentes
reguladores, deve ser feito, objetivando a padronização dos equipamentos de
interconexão e das normas e exigências por parte das concessionárias para aprovarem
novas interligações.
Com estas providencias pode-se reduzir custos e evitar diferentes exigências
por parte das concessionárias, fatores, que podem inviabilizar pequenos projetos de
geração.
4
Capitulo 2
Energia solar
2.1) Introdução
Este capítulo aborda a radiação solar e a influência da atmosfera terrestre
sobre os diversos comprimentos de onda das radiações solares.
Aborda também a variação das intensidades das radiações que chegam à
superfície terrestre em função da posição do Sol ao longo do dia e ano e o
posicionamento dos painéis solares para otimização da captação destas radiações.
O Sol com seu gigantesco diâmetro de 1,4 milhão de [km] é na realidade um
imenso reator que faz a fusão de átomos de hidrogênio formando hélio. O resultado
da perda de massa é convertido em cerca de 3,8.1020 [MW] de energia
eletromagnética que é irradiada da superfície do Sol para o espaço, (Masters, 2004).
2.2) Fundamentos
A fundamentação teórica sobre energia solar, materiais fotovoltaicos, o
desenvolvimento dos projetos e do procedimento proposto, incluindo as equações, os
gráficos e tabelas, quando não citados, foram baseados no livro “Renewable and
Efficient Electric Power Systems de Gilbert M. Masters 2004”, conforme detalhado
no Anexo 1.
Onde:
E– Potência emitida por um corpo negro/unidade de área:[W/m2-P@
T – temperatura absoluta [K];
5
-FRPSULPHQWRGHRQGD>P@
Modelando a terra como um corpo negro a 288 K (150C) e aplicando a equação
2.1, Obtém-se o gráfico 2.1 que mostra a intensidade da radiação para os diversos
comprimentos de onda (Palz, 1981).
35
30
25
20
15
10
5
0
0 10 20 ª 30 ª 40 50 60 70
-5
&RPSULPHQWRGHRQGDHP P
potência emitida entre estes dois comprimentos. A potência total é expressa pela lei
da irradiação de Stefan-Boltzmann:
E = A ⋅ σ ⋅ T 4 [W ] (2.2)
Onde:
E – Emissão total do corpo negro [W];
σ – Constante de Stefan-Boltzmann = 5,67 . 10-8 [W/m2 . K4];
T – Temperatura do corpo negro em [K];
A – é a área do corpo negro [m2].
Da curva de radiação do corpo negro determina-se também através da regra de
deslocamento de Wien o comprimento de onda onde a radiação é máxima, assim:
λ(max) = 2898 / T [ K ] (2.3)
6
A temperatura no interior do Sol é estimada em 15.106 K, entretanto, a radiação
que emana da superfície tem uma distribuição espectral condizente com o previsto
pela lei de Planck para um corpo negro a 5800 K.
O Gráfico 2.2 mostra a compatibilidade das duas curvas, isto é, o espectro
extraterrestre e o espectro do corpo negro a 5800 K.
A área total sob a curva do corpo negro foi calculada em 1,37 kW/m2, que
corresponde ao fluxo solar na fronteira da atmosfera terrestre e é conhecido como
constante solar. Verifica-se também que as áreas sob a curva do espectro solar real
apresentam 7% correspondendo à radiação UV (ultravioleta), 47% à luz visível e
46% à radiação IV (infravermelho). O espectro da luz visível fica entre os
FRPSULPHQWRVGHRQGDGH> P@YLROHWDH>P@YHUPHOKR
Ultravioleta Visível Infravermelho – 46%
7% 47%
2500,00
Intensidade da radiação solar [w/m2 - m]
1000,00
500,00
0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
7
Aplicando as equações 2.1, 2.2 e 2.3 obtém-se respectivamente para a Terra e
para o Sol os comprimentos de onda onde as radiações são máximas, ou seja, para a
Terra (máx) P@HSDUDR6RO(máx)
> P@
>
8
A Figura 2.1 ilustra a definição de relação de massa de ar.
Zênite
Zênite
Sol Sol
Fronteira
h1 da h2
h2 atmosfera h1
Superfície terrestre.
Terra
denominação de AM1 ;
Uma irradiância de 1000 [W/m2], recebida na superfície terrestre em dia claro
ao meio dia e temperatura da célula em 25 [°C] são condições padronizadas para a
obtenção das curvas características dos módulos fotovoltaicos. A irradiância de 1000
[W/m2] ao Sol do meio dia é denominada de 1 Sol.
Com m = 2, tem uma inclinação dH RX VHMD º, esta relação recebe a
denominação de AM2 ;
Com m = 1,5 a inclinação é de 41° 48’ 36’’ e esta relação de massa de ar
(AM1,5) define um espectro de radiação médio na superfície da terra, o qual, é
adotado como referência para cálculos de dimensionamento de sistemas
fotovoltaicos, e também para realização de ensaios com os dispositivos fotovoltaicos.
9
A influencia da atmosfera sobre a radiação solar que chega a superfície
terrestre é mostrada no Gráfico 2.3, onde são consideradas: a radiação extraterrestre
(m = 0) e as radiações com os coeficientes de massa de ar AM1 e AM5.
Observa-se que com AM5 a quantidade de massa a ser transposta pela radiação
é bem maior e o valor da irradiância é próxima de 500 [W/m2].
Com AM1 chega à superfície uma irradiância de aproximadamente 1400
[W/m2], enquanto que na fronteira da atmosfera terrestre a irradiância é de
aproximadamente 2000 [W/m2].
2500,00
Radiação direta (normal) [W/m2-P]
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
&RPSULPHQWRGHRQGD> P@
Espectro extraterrestre, m = 0 Espectro com AM1, m = 1
Espectro com AM5, m = 5
10
considerada como quase circular. O ponto no qual a Terra está mais próxima do Sol
(periélio) ocorre em 2 de janeiro. Neste ponto a distância é de pouco mais de 147
milhões de quilômetros. O outro extremo (afélio), ocorre em 3 de julho, onde a
distância é de cerca de 152 milhões de quilômetros.
A distância da Terra ao Sol para qualquer dia do ano pode ser calculada pela
relação abaixo:
D = 1,5 ⋅ 10 8 {1 + 0,017 ⋅ sen[360 ⋅ (n − 93) / 365 ]}[km] (2.5)
Onde:
n = Número do dia (sendo 1º de Janeiro o dia número 1 e 31 de Dezembro o
dia número 365).
A Tabela 2.1 apresenta o número do dia primeiro de cada mês, facilitando a
determinação dos números dos demais dias do ano para uso na equação 2.5.
Uma correção deve ser feita no ângulo de revolução diário da Terra em torno
do seu próprio eixo de 3600 para 360,990 com a finalidade de manter-se o
sincronismo com os relógios, isto é, em 24 horas a Terra na realidade gira 360,990.
O plano de varredura descrito pela Terra na sua órbita é chamado de plano
elíptico. O ângulo do eixo de revolução da Terra tem uma inclinação de 23,45° e esta
inclinação, naturalmente, é o que causa as estações do ano. A Figura 2.2 mostra a
revolução da Terra e o plano elíptico.
11
Equinócio
21 de Março
23,450
Equinócio
21 de Setembro
21 de Junho
Trópico de Câncer
23,45° 23,45°
Sol
/° 21 de Março
Equador 21 de Setembro
12
2.2.4) Inclinação ótima para o painel solar
O ponto de partida para encontrar-se a inclinação ótima do painel solar é
definir o ângulo que permite que o coletor receba os raios solares
perpendicularmente ao painel no meio do dia (às 12:00 horas).
Verifica-se que o painel com o ângulo de inclinação igual ao da latitude local
(L) fica paralelo ao eixo N-S da Terra, conforme mostrado na Figura 2.4.
Nestas condições, durante o equinócio, no “Sol do meio-dia”, a luz solar
incidirá sobre a face do coletor em seu melhor ângulo, isto é, perpendicularmente à
face do coletor. Para outras épocas do ano o Sol estará um pouco acima ou um pouco
abaixo da normal ao plano, mas na média o ângulo de inclinação igual a (L) será o
melhor ângulo.
N Junho
L
Equinócios
L
Dezembro
Plano Horizontal
Local
Figura 2.4: Painel com inclinação local igual ao ângulo da latitude (L)
(Masters, 2004).
13
A equação que define o ângulo N é a seguinte:
β N ° = 90° − L° + δ ° (2.7)
Zênite
Coletor
solar
/
N
Plano Horizontal
Local
14
2.2.5) Posição solar para qualquer hora do dia
A posição do Sol para qualquer momento do dia pode ser descrito através do
ângulo de altitude H GR D]LPXWH -S, significando o subscrito (S) que o azimute é
referente ao Sol.
Por convenção o azimute é positivo durante a manhã e negativo após o meio-
dia. Para um local no hemisfério Sul o azimute é medido em relação ao Norte
verdadeiro e para um local no hemisfério Norte o azimute é medido em relação ao
Sul verdadeiro. A Figura 2.6 mostra a trajetória do Sol desde o nascente até o poente
do ponto de vista do hemisfério Sul.
N
-S
O –Poente
Noroeste -S < 0
1RUGHVWH -S > 0
E – Nascente
Figura 2.6: Posições do Sol relativas aos seus ângulos de altitude e azimute
para o hemisfério sul.(Palz, 1981 e Masters 2004).
15
2.2.5.1) Hora angular (H)
Sabe-se que a Terra percorre um ângulo de 360° em 24 horas, isto é, 15° por
hora, então a relação 15°/hora multiplicada pelo número de horas antes do meio dia
resultará no ângulo correspondente às horas antes do meio dia, conforme equação 2.9
a seguir.
15°/hora
Meridiano do Sol
Meridiano Local
Hora angular H
16
Difusa
IDC Direta
IBC
Coletor
IRC
Refletida
17
A tabela 2.2 mostra o aproveitamento das irradiações solares quando se usa
inclinação fixa e com rastreamento com um ou dois eixos.
Um sistema que seja capaz fazer o painel seguir a trajetória do Sol variando sua
inclinação, isto é, o ângulo do plano do painel com o eixo Norte-Sul, e o ângulo com
o eixo Leste-Oeste, é chamado de sistema de rastreamento solar.
Existem dois tipos de rastreadores, o de dois eixos, conforme descrito acima e
o de um eixo, onde, na maioria dos casos, o sistema possui um ajuste manual para o
ângulo Norte-Sul e um mecanismo que rastreia automaticamente o ângulo de Leste
para Oeste. A Figura 2.9-a mostra o sistema de dois eixos e a Figura 2.9-b o sistema
de um eixo.
O Anexo 1 apresenta uma tabela de insolação para a cidade de Fresno, EUA
situada no estado da Califórnia, da qual, foram extraídos os dados para o
desenvolvimento da proposta de procedimento, conforme detalhado no capitulo
cinco desta dissertação. A Tabela 2.3 e Gráfico 2.4 mostram uma simulação para a
cidade de São Paulo calculados com o programa FOVO3.
Tabela 2.3: Irradiância direta sobre um painel situado na latitude de 23° e com inclinação
/-δ para o dia primeiro de maio (122º dia do ano) (Arquivo FOVO3)
Ângulo de
incidencia Hora Irradiância
(i)
90 06:00 5,7564E-14
75 07:00 243,212784
60 08:00 469,851019
45 09:00 664,469684
30 10:00 813,805837
15 11:00 907,682468
0 12:00 939,702038
-15 13:00 907,682468
-30 14:00 813,805837
-45 15:00 664,469684
-60 16:00 469,851019
-75 17:00 243,212784
-90 18:00 5,7564E-14
18
Irradiância
1000
Intensidade [W/m2]
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
90
75
60
45
30
15
5
0
5
0
5
0
0
-1
-3
-4
-6
-7
-9
Ângulo de incidência
Gráfico 2.4: Irradiância calculada com o programa FOVO3 para o dia primeiro de
maio – Latitude 23° Sul e inclinação Σ = L - δ.
19
Painel
N-S -
E
E-O
N O
Painel /
E
Eixo de
rotação
E-O 15°/h Poste
20
2.2.8) Resumo do capítulo dois
21
Capitulo 3
Materiais Fotovoltaicos
22
1958 – Foi feita a primeira aplicação prática de um sistema fotovoltaico, o
satélite artificial Vanguard I foi alimentado parcialmente com energia fotovoltaica.
1962 – No Japão instalou-se um sistema fotovoltaico de 242 [W] em um farol.
1974 – 1977 – Foram criadas as primeiras companhias de energia solar. The
Lewis Reaserch Center da NASA (L e RC) faz as primeiras aplicações para
atendimento de locais isolados. Neste período a potência instalada superou 500 [kW].
1978 – O “L-RC” da NASA instalou um sistema fotovoltaico de 3,5 [kWp] na
reserva indígena Papago (Arizona). Foi utilizado para bombear água e abastecer
quinze casas, atendendo: iluminação, bombeamento de água, refrigeração e
lavanderia. O sistema foi utilizado até a chegada de linhas de transmissão de
eletricidade em 1983 e a partir daí o sistema passou a ser utilizado exclusivamente
para bombeamento de água.
1980 – A partir dos anos oitenta conseguiu-se melhorias significativas na
eficiência das células fotovoltaicas, conforme mostrado no Gráfico 3.1 a seguir.
2005 – A produção anual de fotovoltaicos atingiu 3000 [MWP];
2007 – A produção anual de fotovoltaicos atingiu 4279 [MWP];
2010 – A projeção para 2010 é de que seja atingida a marca de 10 000 [MWP];
E vo lu çã o d a efic iê n c ia
40
S i A m orfo
35
30 C u(In,Ga )S e2
E fic iên c ia
25
S i Multicrista lino
20
15 M ultijunçõe s
10 co ncentrad as
S i C rista l sim p le s
5
0
1 85 0 1 90 0 1 95 0 2 00 0 2 05 0
An o s
23
3.3) Física básica dos materiais fotovoltaicos
Tabela 3.1: Tabela periódica parcial dos elementos químicos (João et al, 1996)
Tabela periódica parcial dos elementos químicos
I II III IV V VI
5B 6C 7N 8O
13 Al 14 Si 15 P 16 S
29 30 31 32 33 34
Cu Zn Ga Ge As Se
47 48 50 51 52
Ag Cd 49 In Sn Sb Te
Elétrons de valência
+ 14 +4
24
Ligação covalente
+4 +4 +4
Núcleos de Silício
+4 +4 +4
25
Banda de
condução Banda de
Parcialmente condução
completa Vazia a T = 0 K
Banda Eg Eg
Banda
completa
Banda
completa
Metais. Semicondutores.
26
este elétron poderá se recombinar ocupando uma lacuna livre, quando isto ocorre um
fóton de energia é então liberado e este é o principio de funcionamento dos diodos
emissores de luz (LEDs). A Figura 3.4 mostra o efeito da criação de uma lacuna
quando um fóton é absorvido pelo silício e a liberação de um fóton quando existe a
recombinação, isto é, quando um elétron ocupa uma lacuna livre.
Elétron livre.
+ Lacuna
Fóton
- Fóton -
+4(Si) +4(Si)
Elétron
+ Lacuna Elétron
- - + Lacuna
+4(Si) +4(Si)
27
Fótons com energia suficiente criam um par; “lacuna-elétron” em um
semicondutor. O fóton pode ser caracterizado pelo seu comprimento de onda ou sua
freqüência, bem como, pela sua energia, segundo Masters-2004 as três formas são
equacionadas como segue:
C = λ ⋅ f (3.1)
Onde:
C – Velocidade da luz (3 . 108 m/s);
f – Freqüêcia em [Hz];
λ - Comprimento de onda em [m].
Ef = h⋅ f = h⋅C /λ
λ = (h ⋅ C ) / E f (3.2)
Onde:
E f – Energia do fóton [J];
h – constante de Planck (6,626 . 10-34 J.s).
28
Energia do Fóton [eV]
Silício
11
10
9 Energia perdida hf > Eg
8
7
6
Energia utilizada
5
Energia perdida hf < Eg
4
3
2
1
0
0 0,5 1 1,5 2
Gráfico 3.2 - Aproveitamento da energia dos fótons pelo silício para diversos
comprimentos de onda (Masters, 2004)
29
transposta. Considerando a massa de ar padrão AM1,5, estima-se que apenas 49,6%
da energia espectral é aproveitável devido aos fatores acima mencionados.
A Tabela 3.2 mostra alguns valores de largura de banda em [eV] para o silício
e outros materiais fotovoltaicos.
Tabela 3.2: Largura de banda [eV] para alguns materiais fotovoltaicos
(Masters, 2004)
Usando-se materiais com menores larguras de banda mais fótons solares terão
energia suficiente para excitar elétrons, o que é bom, pois, eles criam as cargas
necessárias para o fluxo de corrente.
Entretanto, menores larguras de banda significam que mais fótons terão
energias extras acima do limite necessário para a criação dos pares “lacuna-elétrons”,
as quais, serão descartadas.
Materiais com larguras de banda maiores causam um efeito oposto, ou seja,
menores quantidades de fótons terão energia suficiente para criarem o fluxo de
corrente, limitando, portanto a corrente a ser gerada.
As cargas geradas em materiais fotovoltaicos com maior largura de banda
estarão sujeitas a uma tensão maior.
O Gráfico 3.3 mostra a variação da eficiência em função da largura de banda
para alguns materiais usados na fabricação de células fotovoltaicas.
30
Eficiência máxima em função da largura de
banda
3.3.2) A junção PN
Campo elétrico
P / N
- + - + - + + - + -
- -
- + - + - + + +
- + - + - + - +
-
+
Região de depleção
31
A junção P-N nada mais é do que um diodo semicondutor cujo símbolo e
características elétricas são mostradas na Figura 3.7.
Id
Id ⋅
I d = I 0 ⋅ (e (38, 9 Vd ) − 1)
+
P Id
Vd +
N Vd
- I0
Vd
3.7. a - Diodo de junção PN 3.7.b - Símbolo do diodo 3.7.c - Curva característica
(
I d = I0 ⋅ e(
q ⋅Vd / KT )
−1 ) (3.3)
Onde;
I d – Corrente direta do diodo;
32
Na condição de polarização direta a tensão Vd situa-se em torno de 0,6 [V].
Fóton
- - - - - - -
Fóton
- + Região N
HOpWULFRÀ
+ + Lacunas + +
- - - Elétrons -
&DPSR
Região P - +
+ + + + + + +
Acumulo de cargas positivas
33
Na célula da figura 3.8 ligando-se contatos elétricos na parte superior e
inferior, e fechando o circuito através de uma carga, os elétrons irão fluir para fora da
região N através dos fios e da carga e retornarão para a região P, conforme mostrado
na figura 3.9.
Contatos elétricos
Fótons
Elétrons
-
Região N
Região P V I R Carga
Por convenção, corrente positiva flui em direção oposta à direção dos elétrons,
então a direção da corrente na Figura 3.9 é da região P para a carga e retornando para
a região N.
34
I
V V I
+ +
Id
+
FV Carga ISC Carga
-
- -
V=0
I=0 +
+ +
FV I = ISC FV V = VOC
- -
-
a) Corrente de curto-circuito b)Tensão em circuito aberto
I = I SC − I d (3.6)
35
Substituindo (3.3) em (3.6), obtém-se:
⋅
I = I SC − I 0 ⋅ (e q Vd / KT − 1) (3.7)
VOC = ( KT / q) ⋅ l n [( I SC / I 0 ) + 1] (3.8)
I = I SC − I 0 (e 38,9.Vd − 1) (3.9)
ISC
Com Luz
VOC
V
Escuro
36
I [A]
4,5
1 Sol
4,0
3,5
3,0
2,5
1/2 Sol
2,0
1,5 VOC = 0,627 [V]
0,5
0,0
0,4 0,5 V [V]
0,1 0,2 0,3 0,6 0,7
I=0
Sombra
Célula 1
Carga
Célula 2
37
Na ocorrência parcial de sombra, célula 1 na sombra e célula 2 iluminada, a
corrente cessa para a carga. A célula real apresenta perdas representadas por uma
resistência em paralelo com o diodo (Rp), conforme mostrado na Figura (3.13). A
Figura (3.13) mostra o modelo completo incluindo também a resistência série (Rs),
para que o modelo represente o diodo real.
Para que Rp cause uma perda menor que 1% deve-se usar a relação a seguir:
Rp > 100 . Voc / Isc ;
Para que Rs cause uma perda < 1% deve-se usar a relação a seguir:
Rs < 0,01 . Voc / Isc .
As equações para a célula completa serão:
I = I SC − I 0 (e 38 ,9.Vd − 1) − Vd / R p (3.11)
V = Vd − I ⋅ RS (3.12)
+
V
+ I I RS
I
Vd
Id IP
Célula ISC RP
I
I
-
38
Verificou-se no item anterior que a tensão nos terminais da junção P-N para o
cristal de silício tem um valor em torno de 0,6 [V], assim, adotando-se este valor
para a associação de células em série forma-se um módulo fotovoltaico, onde, a
corrente permanece constante e a tensão será o somatório das tensões de cada célula,
conforme mostrado na Figura 3.14.
V1 V2 V3
I
[Corrente]
39
I [A]
ISC
36 Células
5 Células
V [V]
I = I1 + I2 + I3
I1 I2 I3 V
40
Corrente
I = I1 + I2 + I3 3 Células
2 Células
1 Célula
Tensão
+
Dbloqueio
I RS
Vd
Id IP
Dby-pass ISC R
41
Figura 3.16: Diodos de by-pass e de bloqueio para proteção do painel
(Adaptado de Cristina, 2006)
Célula
42
3) Corrente de curto-circuito na condição padrão de teste (ISC);
V
V = VOC V=0
I
+ + +
I= 0 I = ISC
Carga
P=0 P=0
- - -
43
I [A]
P = PR = VR . IR
Potência
ISC
IR
Ponto de máxima P =0
P=0 potência (PMP)
VR V [V]
P = 74 [W]
P = 120 [W]
8
ISC = 7,5 [A]
7
6
5 PMP
P = 70 [W]
4
3
2 VOC = 21,5 [V]
1
0,0
5 10 15 20 V
44
O Fator de Preenchimento (FP) para o silício cristalino situa-se entre 70 e 75%
e para módulos de silício amorfo multijunção o Fator de Preenchimento fica entre 50
e 60%.
A Tabela 3.3 mostra as características técnicas de alguns módulos fotovoltaicos
reais, onde se identificam parâmetros importantes que foram definidos no item
anterior.
Tabela 3.3 Características técnicas de alguns módulos fotovoltaicos
Número de células 36 72 72 42
Potência nominal
120 165 150 64 40
[WP]
Vn [V] 16,9 34,6 34 16,5 16,6
Corrente nominal
7,1 4,77 4,45 3,88 2,41
In [A]
Tensão com
circuito aberto 21,5 43,1 42,8 23,8 23,3
VOC [V]
Corrente de curto-
7,45 5,46 4,75 4,8 2,68
circuito ISC [A]
Comprimento
1425 1575 1587 1366 1293
[mm]
Largura [mm] 652 826 790 741 329
Profundidade
52 46 50 31,8 54
[mm]
Peso [kg] 11,9 17 15,4 9,2 14,8
Eficiência do
12,9% 12,7% 12,0% 6,30% 9,40%
módulo
45
Os fotovoltaicos conectados à rede no Brasil
Tabela 3.4: Sistemas conectados à rede no Brasil (Rodrigues, 2002 ; LABSOLAR 2008)
Data da Potência
Sistema Local Tecnologia
instalação [kWp]
CHESF 1995 Recife, PE - CHESF 11 Policristalino
Florianópolis, SC - Lab
LABSOLAR 1997 2 Amorfo
UFSC
Florianópolis, SC UFSC
LABSOLAR 2004 10 -
Centro de eventos
São Paulo,
LSFI 1998 0,75 Monocristalino
SP - IEE - USP
Rio de Janeiro,
COPPE 1999 0,424 Monocristalino
RJ - UFRJ
São Paulo,
LSFI 2001 6,3 Monocristalino
SP - IEE - USP
46
através de créditos subvencionados principalmente para escolas, bibliotecas,
residências particulares, edifícios de escritórios e centros de negócios.
O programa da comunidade européia
O objetivo deste programa é o de instalar um milhão de sistemas fotovoltaicos,
com um total de 3 [GWp] antes de 2010, do total, quinhentos mil correspondem a
sistemas fotovoltaicos conectados à rede a serem instalados entre os países membros
e os restantes quinhentos mil serão exportados para os países em desenvolvimento
O programa japonês
O programa japonês prevê a instalação de 5.000 [MWp] até 2010. Os
incentivos são do (MITI) Ministério da Indústria e Comércio Internacional que
concede subsídios a sistemas fotovoltaicos conectados à rede e integrados a
edificações residenciais individuais.
O programa espanhol
O programa espanhol prevê a instalação de 115 [MWp] de sistemas
fotovoltaicos conectados à rede em 2010. O decreto Real 2818/98, obriga as
concessionárias pagarem 0,36 EUR/kWh de eletricidade de origem renovável
produzido por instalações conectadas à rede de até 5 kWp e 0,18 EUR para sistemas
entre 5 kWp e 50 MWp.
47
Capítulo 4
Este capítulo apresenta uma visão geral dos sistemas fotovoltaicos em suas três
configurações mais usualmente encontradas e os fundamentos para o
desenvolvimento de uma proposta de procedimento para dimensionamento de
sistema fotovoltaico conectado à rede.
4.1.1) Sistema isolado (autônomo).
Este sistema não é conectado à rede, conforme mostrado na Figura 4.1. É um
sistema autônomo simples que opera sem baterias e sem inversor, neste caso, as
cargas são alimentadas em corrente contínua.
Os sistemas que possuem baterias e inversor devem ser capazes de carregar as
baterias e suprir as cargas ao mesmo tempo. As baterias neste caso devem atender a
demanda quando a insolação for insuficiente.
Os sistemas autônomos podem apresentar custos efetivos interessantes para
localidades remotas, quando as alternativas são, ou através de geradores, que
consomem combustíveis relativamente caros, ou quando se torna necessário o
prolongamento por longas distâncias da rede da concessionária.
FV
(OPCIONAL)
Motor Gerador
Painel de
Controle e
Carga da
Bateria
Painel de
distribuição
AC
Baterias
Inversor
48
4.1.2) Sistema de conexão direta
Neste sistema não existe nenhum equipamento de condicionamento de potência
e nem baterias. A aplicação mais comum é o caso das bombas d’água, conforme
mostrado na Figura 4.2.
Suprimento de
água
Motor
CC
Bomba d’água
Fonte de água
Este é o mais simples dos sistemas FV, neste caso não é feito o armazenamento
de energia elétrica, mas é possível obter energia potencial através do bombeamento
de água para um reservatório localizado em um ponto alto. É um sistema simples e
de baixo custo, mas deve ser cuidadosamente projetado para ser eficiente.
49
FV
Condicionador
CC de Potência CA
(INVERSOR)
CA
50
condições ambientes, especialmente da intensidade da insolação, variação espectral
associado com sombras, temperatura ambiente e velocidade do vento, mas também
com o tipo de carga que o FV vai suprir.
- Vm V
[V
Figura 4.4: Ponto de operação em função da irradiância padrão e variação de
uma carga resistiva (Masters, 2004)
51
I [A]
Carga
Pontos de operação resisti
1000 [W/m2]
800 [W/m2]
600 [W/m2] PMP (pontos
de máxima
400 [W/m2] potência).
200 [W/m2]
V [V]
52
A frequência de chaveamento (Aberto-Fechado) do transistor é da ordem de 20
[kHz] sob o comando de sensores e de um circuito lógico, a capacitância própria do
módulo contribui para aplanar a tensão de saída.
Existem duas situações a serem consideradas:
a) O circuito com a chave fechada;
b) O circuito com a chave aberta.
Quando a chave é fechada, a tensão de entrada Vi é aplicada ao indutor, e a
corrente IL circula através do mesmo. Toda a corrente da fonte circula pelo indutor,
uma vez que o diodo bloqueia qualquer fluxo para o resto do circuito. Nesta parte do
ciclo é desenvolvido o campo magnético no indutor enquanto a corrente cresce. Se a
chave permanecer fechada o indutor poderá se comportar como um curto circuito e o
módulo fornecerá a corrente de curto circuito e tensão de zero volts.
Chave
Vi VL V0
L C CC CA
Controle do
Chaveamento
53
expressa a relação entre o tempo em que a chave permanece ligada para o periodo do
trem de pulsos, isto é, é a relação entre o tempo ligado pela soma dos tempos ligado e
desligado. A equação 4.1 define o ciclo de trabalho (Ct).
Ct = tl / T p (4.1)
Onde:
C t - Ciclo de trabalho;
O ciclo de trabalho varia entre zero e um (zero e cem por cento), a esta
variação na largura do pulso chamamos de modulação por largura do pulso. A Figura
4.7 ilustra o conceito acima exposto.
Chave
Fechada
Chave tl
Aberta Tp
Fechada
Aberta
Ct = 0,5 (50%) Ct < 0,5 (<50%) Ct > 0,5 (>50%)
54
Onde;
Quando a chave abre, calcula-se a potência média fornecida pelo indutor para a
carga, uma vez que o campo magnético começa a decrescer devolvendo a energia
adquirida para o circuito através do diodo, que agora conduz, significando também
que a tensão sobre o indutor VL é a mesma tensão que está aplicada à carga (V0).
Então a potência média fornecida pelo indutor será:
Tp Tp
PLout = (1 / T p ) ⋅ Vo ⋅ IL ⋅ (T p − t l ) = Vo ⋅ IL ⋅ (1 − C t ) (4.5)
55
condicionador de potência mantém a saída sempre na máxima potência para qualquer
valor de Ct.
Corrente
Pim = Vim . Iim
2. Isc Ct = 1/3
Curva original
(Ct = ½)
RPMP V0m = Vim . (Ct / 1 – Ct) Isc
Ct = 2/3
Isc/2
I0m = Iim . (1 – Ct) / Ct
Voltagem.
Voc / 2 Voc 2 .Voc
56
Através de ligações feitas em cada uma das saídas do inversor, são fornecidos
dois circuitos de 120 [V] CA para alimentar o consumidor local.
Caixa de junções
e proteção
Fusíveis
Linhas de Painéis
em série
Chaves de
desconexão do Painel
Tensão CC Medidor da
Tensão CA Concessionária
240 [Vca]
Disjuntores
Protetor
contra
descargas
atmosféricas
Para o consumidor
local _120 [Vca]
Aterramento
57
Outra opção para conexão de grandes sistemas é mostrada na Figura 4.10, onde
as linhas de painéis são combinadas numa caixa de junção e interligadas a um grande
inversor trifásico, possibilitando uma interligação à rede.
Módulos de 24 [V]
Medidor da
Concessionária
Para o consumidor
local _120 [Vca]
Caixa de junção
Inversor
Trifásico
58
4.3.2) Segurança das instalações e dos usuários
Para instalações elétricas que trabalham com tensões superiores a 48 [V] deve-
se tomar cuidado com o aterramento e com o nível de isolamento. Os materiais,
dispositivos e equipamentos aplicados devem ser exclusivamente homologados.
Devem ser observados os seguintes requisitos:
1) No inversor adotar mecanismos de desconexão automática da rede quando
alguma das fases ficar fora das seguintes margens de operação:
59
Figura 4.11: Inversor tipo VSI (Fonte de tensão) com ponte completa de
modulação por largura de pulso (Adaptado de Macêdo, 2006)
60
Capítulo 5
Onde;
EC – Eficiência de conversão, chamada também de rendimento global (PR);
PCC , STC - Potência em corrente contínua obtida pela composição dos módulos
61
5.1.2) Impacto da temperatura de operação da célula no campo
Onde:
TCEL – é a temperatura da célula em °C;
TAMB – é a temperatura ambiente °C;
S – é a irradiância [kW/m2];
TNOC – Temperatura nominal de operação da célula quando a temperatura
ambiente encontra-se a 20 [ºC].TNOC é um dado fornecido pelo fabricante.
I
Irradiância: 1 [kW/m2]–AM1,5
8
7
6 25°C
5
4 50°C
3
2
75°C
1
0,0
5 10 20 25 V
15
62
Constata-se que as células operam em temperaturas entre 25°C a 35°C acima
da temperatura ambiente.
Este fato influencia no valor do fator de conversão CC/CA reduzindo a
potência CC em 0,5 [%] por grau centígrado acima de 25 [°C] de temperatura da
célula, ou seja:
Onde:
FTA = Fator de conversão relativo à temperatura da célula e temperatura
ambiente;
Tcel = Temperatura da célula em ° [C].
Ou;
Onde;
EC - Eficiência de conversão CC/CA;
PCA - Potência CA na saída do inversor;
PCC , STC - Potência CC entregue pelo módulo nas condições padrão de teste;
63
FTA - Fator de conversão em função das temperaturas ambiente e da célula;
FDM - Fator de conversão em função dos descasamentos entre os módulos;
FTF - Fator de conversão em função das tolerâncias de fabricação;
FSM - Fator de conversão em função de sujeira nos módulos.
64
Gráfico 5.2 – Eficiência de conversão EC ou rendimento global (PR) em
função da temperatura ambiente. Arquivo FOVO4-EC
80
70
Eficiência [%] 60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40
Temperatura ambiente [°C]
Potência CC disponibilizada
1000
900
Potência CC [W]
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0 10 20 30 40 50 60
Temperatura ambiente
65
5.2) Método “Horas de Pico” para dimensionamento de sistemas FV
Onde:
Energia - Energia em [kWh/dia] (produção diária);
Insolação - Energia por metro quadrado/dia;
A - Área do painel FV em [m2];
η médio - Eficiência média total do sistema ao longo do dia.
Para 1-Sol pode-se escrever:
2 2
PAC = (1kW / m ) × A[ m ] × η1− Sol (5.8)
Onde:
1-Sol é a eficiência de conversão a 1-Sol
Combinando (4.9) com (4.10), Obtém-se:
Onde:
I - Insolação [kWh/m2-dia];
1-Sol - Irradiância de 1000 [W/m2] ao Sol do meio dia, conforme definido em
2.2.2
66
Assumindo que a eficiência média do sistema durante o dia é igual à eficiência
quando exposto a 1-Sol, então a equação (5.9) pode ser escrita como segue:
Onde;
8760 – Horas anuais;
PCA - Potência CA na saída do inversor;
FC - Fator de Capacidade.
Combinando as equações (5.10) e (5.11), se expressa o fator de capacidade
(FC) em função de horas por dia de pico de Sol conforme a equação 5.12 a seguir.
67
Observa-se que a influência da temperatura não afeta o FC, uma vez que esta já
está associada à potência CA. Fatores de capacidade para diversas cidades dos
Estados Unidos possuem valores com faixa de variação como segue;
DSDUDkQJXORGHLQFOLQDo ão fixo (L-15°), voltado para o Sul;
DSDUDSDLQHOFRPXPHL[RGHYDUUHGXUD
Para o Brasil estima-se uma radiação solar média anual entre 4,5 a 5,5
[kWh/m2/dia] incidindo em um plano inclinado fixo, conforme os mapas de
irradiação solar para o Brasil (Figura 4 do Anexo1), resultando para o fator de
capacidade (FC) os seguintes valores:
DFRPkQJXORGHLQFOLQDo ão fixo (L+15°), voltado para o Norte.
68
7) Estimativa da área total requerida para instalação dos painéis;
8) Considerações relativas à estética devem ser também analisadas;
9) Estimativa da produção anual da energia;
10) Levantamento das características técnicas e especificações dos
equipamentos disponíveis no mercado;
11) Verificar a compatibilidade entre características técnicas dos painéis e
inversores considerados;
– 15 = 22,
º.
69
Fluxograma 1: Sequência para cálculos manualmente
Cálculos preliminares:
1) Cálculo da potência
CA e potência CC em
Dados gerais: função da demanda
- Localização Geográfica; anual e da eficiência
- Inclinação do Painel; global de conversão;
- Média mensal da irradiação; 2) Estimativa preliminar
- Consumo diário; da área do painel.
- Demanda anual;
- Eficiência global de
conversão (EC)
FIM
70
5.5.4) Potência CC:
Considerando uma eficiência de conversão CC-CA de 75% incluindo a
eficiência do inversor, impacto de sujeiras no painel e descasamentos entre módulos,
tem-se para a potência CC:
PCC , STC = PCA / EC = 1,73 / 0,75 = 2,3[kW ]
71
5.5.8) Arranjos do painel com módulos KC158G
Definida a quantidade de módulos deve-se promover a associação de alguns
módulos em série objetivando alcançar uma tensão de saída do módulo que seja
compatível com a entrada do inversor a ser utilizado, conforme mostrado a seguir:
1) A composição com dois módulos por fila é a seguinte:
A tensão nominal no ponto de máxima potência STC será:
2 x 23,2 = 46,4 [V], este valor cai dentro da faixa RPMP (44-85 V) do inversor
Xantrex STXR2500, porém, fica muito próximo do valor mínimo desta faixa, o que,
poderá em casos de altas temperaturas da célula fazer com que a tensão de saída do
módulo fique abaixo de 44 [V], o que, poderá prejudicar o funcionamento do
inversor.
2) Com três módulos por fila tem-se:
A tensão nominal no ponto de máxima potência STC será;
3 x 23,2 = 69,6 [V], este valor fica dentro do range RPMP (44-85 V), porém,
oferece uma margem bem maior de excursão para o caso das altas temperaturas,
significando uma maior segurança de operação para o conjunto.
4) A tensão de circuito aberto do painel não poderá ser maior que a máxima
tensão de entrada do inversor, que neste caso é de 120 [V], assim; 3 x Voc = 3 x 28,9
= 86,7 [V].
5) O valor encontrado no item quatro é bem inferior ao valor limite de 120 [V],
porém, deve-se considerar a possibilidade da temperatura ambiente cair, o que,
melhora o desempenho do módulo. Considerou-se para o local a possibilidade da
ocorrência de temperaturas em torno de -5°C. Nestas condições, a tensão em circuito
aberto poderia atingir o valor de 97 [V], conforme equação 5.2.
72
Outro motivo para preocupação com a máxima tensão de circuito aberto é
referente ao limite que o “National Electrical Code” impõe para a máxima tensão
admissível para prédios residenciais, que é de 600 [V].
Tendo em vista que estes limites foram respeitados optou-se pelo arranjo de
cinco filas com três módulos cada.
73
FCDP = 5 x 11,8 A = 59,2 [A];
Adotado: 60 [A]
O fusível do Inversor deve permitir uma margem também de 125%, assim, o
fusível do Inversor será:
FINV > 1,25 x 2500 [W] / 240 [V] = 13 [A]
Adotado: 15 [A]
As margens de segurança adotadas são recomendadas pelo “National Electrical
Code”.
74
5.6) Desenvolvimento dos programas – FOVO
Foram desenvolvidas planilhas eletrônicas contendo campos para receber os
dados técnicos de alguns painéis e inversores disponíveis no mercado e dados da
localização geográfica do local, bem como parâmetros como irradiância e radiação
média diária anual para o local considerado.
Nas planilhas foram inseridas as equações e as referências lógicas para cálculos
e composição do sistema.
75
Fluxograma2: Sequência usando os programas FOVO
Dados gerais:
- Localização Geográfica;
- Inclinação do Painel;
- Média mensal da irradiação;
- Consumo diário;
- Consumo anual;
- Eficiência global de conversão
(EC)
Carregar planilhas
com os dados dos
equipamentos:
Módulo Fotovoltaico:
Planilhas - Pcc,stc [Wp];
carregadas com - Vcc,pmp [V];
os dados dos NÃO - Icc,pmp [A];
equipamentos - Voc [V];
previamente - Isc [A];
escolhidos? - Comprimento [m];
- Largura [m];
- Eficiência [%].
SIM Inversor:
- Pca - Nominal[W];
- Vca - Nominal [V];
Definição do painel fotovoltaico: - Ica - Nominal [A];
- Ve-min [V];
Composição de módulos em série e - Ve-máx [V];
paralelo - Ie-cc-máx [A];
- Eficiência [%].
Armazena
Produção anual de energia dados
internamente
Planilha de consolidação
Compara algumas alternativas FIM
possíveis para o projeto
76
5.6.2) Aplicação do procedimento proposto para o projeto de Fresno
desenvolvido no item 5.5 – FOVO1
O procedimento consta do arquivo FOVO1_Fresno, que contém um conjunto
de seis planilhas, conforme relação abaixo:
1) Projeto FV_Fresno_Geral;
2) Sharp 125 x Xantrex 2500;
3) Kyocera 158 x Xantrex 2500;
4) Shell SP150 x Xantrex 2500;
5) Uni-Solar SSR256 x Xantrex 2500;
6) Planilha de consolidação.
77
Inclinação do painel solar:
Inclinação do painel (variação diária)
Declinação Solar / n = 90
$OWXUDVRODU Ângulo de inclinação
sen{[360/365] (n – 81)} -L+/ do coletor - n
-23,45 29,55 60,45
Número do dia
355
37 52 22
Adotado
78
5.6.4 Uso das planilhas de números 2 a 5.
Composição do Painel
Módulos =
série Número Voc do eficiência
Insolação Área do
3 de painel Pcc,stc [W] de 2
local[h/dia] painel [m ]
módulos [V] conversão
CC/CA
Colunas
5 15 86,7 2370 0,75 5,7 19,16
79
A medida em que se adicionam colunas ou módulos em série a planilha vai
indicando por itens se existe alguma incompatibilidade entre a tensão máxima de
entrada do inversor e a tensão de saída do painel FV.
T ambiente Aumento de
mínima °C -5 Voc c/ 0°C 97,104 Compatível FDI 1,05
80
Planilha de consolidação do projeto de Fresno
81
Verifica-se na tabela de comparação que os desvios encontrados são
insignificantes e devem-se a diferenças nos arredondamentos de cada metodologia.
A planilha de consolidação apresenta os resultados totais para a potência CC
[WP], a energia CA produzida em um ano [kWh/ano], a área total ocupada pelos
painéis fotovoltaicos e os indices [kWh/kWP], e [kWh/m2].
Além da configuração escolhida inicialmente, ou seja, painel Kyocera158 e
inversor Xantrex STXR2500-240 a planilha disponibiliza, neste caso, mais três
configurações; Painel Sharp 125 e inversor Xantrex STXR2500-240, painel Shell
SP150 e inversor Xantrex STXR2500-240 e painel Unisolar 256 e inversor Xantrex
STXR2500-240, permitindo a comparação com outros fabricantes de painéis.
É possível também desenvolver outras planilhas variando-se os modelos de
inversores ampliando assim as possibilidades da escolha mais viável técnica e
economica para o empreendimento.
82
Capítulo 6
Estudo de caso
83
6.1.2) Especificações técnicas:
Potência: 11434 [Wp];
75 módulos de Si Cristalino (c-Si),
73 módulos de Si multicristalino (mc-Si),
Área aproximada ocupada pelos painéis = 118 [m2],
Potência nominal de cada inversor = 1 [kW],
Eficiência do mc-Si = 12,4% ,
Eficiência do c- Si = 11,4%
Local da instalação: Latitude Sul 23°32’36’’,
Inclinação dos painéis – face norte
Radiação média diária medida no ano de 2004: 4,22 [kWh/m2-dia]
(Fonte: Wilson Negrão Macêdo – tese apresentada ao Programa Interunidades
de Pós-Graduação em Energia da USP_2006.)
Os dados acima foram lançados nas planilhas do arquivo FOVO1_ieeusp e
foram obtidos os resultados constantes da planilha de consolidação do estudo de
caso1.
Sistema
Proposta de IEE_USP
Procedimento Valores Desvio [%]
FOVO1 medidos no
ano de 2004
Pcc(stc) Total [Wp] 11486,00 11069,00 +3,76
Produção solar [kWh/ano]
sem limitação de potência
12561,24 12072,00 +4,00
pelo inversor
2 +4,00
[kWh/m ] 106,87 102,70
84
GERADOR Nº1
13 módulos SOLAREX MSX-77 PFV1
1 coluna de 13 módulos em série PSaída 1
(mc-Si).
GERADOR Nº2
13 módulos ATERSA-A75: PFV2 PSaída 2
1 coluna de 13 módulos em
série (C-Si).
GERADOR Nº3
24 módulos SOLAREX MSX-83 PFV3 PSaída 3
2 colunas de 12 módulos em
série (mc-Si).
GERADOR Nº4
GERADOR Nº5
22 módulos ATERSA-A75: PFV5 PSaída 5
2 colunas de 11 módulos em
série (C-Si)
GERADOR Nº6
20 módulos SOLAREX-MSX77 PFV6 PSaída 6
2 colunas de 10 módulos em
série (mc-Si).
GERADOR Nº7
16 módulos ATERSA-75 PFV7 PSaída 7
2 colunas de 8 módulos em
série (C-Si)
GERADOR Nº8
16 módulos SOLAREX – MSX83: PFV8 PSaída 8
2 colunas de 8 módulos em
série (mc-Si)
85
6.1.3) Comentários sobre os resultados obtidos
Os resultados obtidos através do programa FOVO1_ieeusp para a potência em
[kWp] e energia consumida ficaram em média 3,75 [%] maiores do que os valores
medidos na prática.
Esta discrepância deve-se em parte as eficiências adotadas para os módulos de
C-Si e mc-Si com valores de 11,40 [%] e 12,40 [%] respectivamente, sendo que na
prática estes valores foram medidos oscilando entre 8,5 [%] e 10,5 [%], conforme
gráficos mostrados no Anexo II.
Verificou-se no capítulo quatro que a eficiência de conversão (EC) ou
rendimento global (PR), depende de diversos fatores, tais como, temperatura
ambiente, descasamento entre módulos, tolerâncias de fabricação, sujeira nos
módulos e finalmente da eficiência do inversor.
Neste estudo de caso foi adotado o valor médio encontrado para o ano de 2004
para o prédio de IEE, ou seja, 71,0 [%].
Tendo em vista a grande quantidade de variáveis envolvidas e a necessidade de
se trabalhar com dados estatísticos experimentais de longo prazo, considera-se esta
diferença aceitável para o propósito de projetos de viabilidade técnica e econômica.
Verifica-se que quanto mais confiáveis e realistas forem os dados inseridos no
programa, mais precisos e confiáveis serão os resultados.
86
6.2) Caso 2 – Sistema FV alternativo para a casa do PAEDA
O estudo de caso a seguir consta de um projeto que apresenta algumas
alternativas para o atendimento parcial da casa do PAEDA, apresentando como um
complemento aos demais estudos o orçamento e o custo da energia produzida.
6.2.1) Caracterização
Este estudo de caso refere-se a uma casa situada no Parque de Alternativas
Energéticas para o desenvolvimento auto-sustentável – PAEDA , localizado na área
da PCH Luiz Dias no distrito de Rio Manso, município de Itajubá – MG.
Utilizando-se do programa desenvolvido projetou-se um sistema fotovoltaico
para atender a demanda da casa que possui sete lâmpadas do tipo fluorescente
compacta de 25 [W], um microcomputador, uma televisão, um sistema de antena
parabólica, um liquidificador, um aparelho de som e um telefone rural.
A figura 6.2 mostra a planta baixa da casa em referencia.
Área de
Quarto Quarto
Banheiro
serviço
25 W 25 W
25 W 25 W
Micro 20 (W)
TV e Receptor
Liquidificador Tel/Som Parabólico (99 W)
Cozinha 25 W 220 (W) (42,50 W)
25 W Sala
Varanda 25 W
87
Com base nos dados acima foi elaborado o quadro de cargas da tabela 6.1,
onde consta uma estimativa do consumo diário para cada carga e a estimativa da
demanda anual.
Este estudo não leva em consideração o uso de baterias, ficando sua utilização
sujeita à disponibilidade de insolação suficiente para ativação das células
fotovoltaicas.
Tabela 6.3 - Quadro de cargas da casa do PAEDA
88
O custo de um sistema financiado pode ser determinado com base na
amortização do investimento com taxa de juros e prazo determinados.
O custo da eletricidade gerada é encontrado dividindo-se a parcela anual de
pagamento do empréstimo pelo montante de energia anual fornecida. Assim, o
resultado será em R$/kWh.
Para calcular o valor da parcela anual utiliza-se a equação 6.1 abaixo:
Onde:
A – Parcela anual de pagamento;
P – Principal;
n – número de anos;
i – Taxa de juros
89
Tabela 6.4: Planilha de consolidação do estudo de caso 2
Planilha de consolidação PAEDA
Estudo de caso-2
Pcc(stc) Total [Wp] 435,00
90
Tabela 6.5: Planilha de orçamento do estudo de caso-2
Painel FV Kyocera
13 1700,00
KC125 22100,00
Inversor Xantrex GT3.3 1 9500,00 9500,00
Instalação 1 6636,00
Total 38236,00
R$/Wcc instalado 23,53
91
Gráfico 6.1: Custo da energia comparado com a potência instalada em kWp (Arquivo
FOVO2, 2008)
Custo da energia
2,00
86
1,80 1,63
1,
70
63
$
1,
1,60
1,
$
$
R
34
1,40
1,
R$/kWh
1,20
$
R
1,00 0,87
0,80 0,70
0,60 0,44
0,40
0,20
0,00
1 2 3 4
kWp - Instalado
Custo da energia
2,00
1,63
1,50
30
R$/kWh
19
14
1,
0,87
1,
1,
$
94
1,00
R
0,70
$
0,
R
0,44
$
R
0,50
0,00
1 2 3 4
kWp - Instalado
92
As tabelas 6.4 e 6.5 permitem que se façam comparações levando em conta os
custos dos sistemas e custo da energia auxiliando na tomada de decisões
possibilitando também a comparação com as tarifas praticadas pelas concessionárias,
conforme mostrado no item 6.2.3 a seguir.
93
Tabela 6.7 - Quadro de tarifas homologadas pela ANEEL para algumas regiões do
Brasil – Atualizado em 01/12/2008 (www.aneel.gov.br)
B1 -
SIGLA CONCESSIONÁRIA RESIDENCIAL VIGÊNCIA
(R$/kWh)
28/12/2007
Usina Hidro Elétrica Nova
UHENPAL 0,43662 até
Palma Ltda.
27/12/2008
08/04/2008
CEMIG-D CEMIG Distribuição S/A 0,35905 até
07/04/2009
Companhia de Energia 04/07/2008
CELTINS Elétrica do Estado do 0,41057 até
Tocantins 03/07/2009
Empresa Energética de 05/12/2008
ENERSUL Mato Grosso do Sul S/A. 0,36768 até
(Interligado) 07/04/2009
28/08/2008
Companhia Energética da
CELB 0,29019 até
Borborema
27/08/2009
15/07/2008
JARI Jari Celulose S/A 0,28408 até
14/07/2009
30/11/2008
Companhia de Eletricidade
CEA 0,19729 até
do Amapá
29/11/2009
Tabela 6.8: Tarifas residenciais da Cemig vigentes a partir de 08/04/2008
94
6.2.4) Comentários sobre os resultados obtidos
Através da planilha de consolidação e do programa FOVO2 verificam-se as
quantidades de energia possíveis de serem geradas, bem como, as áreas a serem
ocupadas pelos painéis e os índices de produtividade em [kWh/kWp] e [kWh/m2].
A tomada de decisão entre as alternativas possíveis é facilitada neste estudo de
caso com o uso da planilha de orçamento que fornece o custo em [R$/kWp] instalado
para cada uma das alternativas e também o custo da energia mostrado na planilha de
custo da energia e amortização do investimento.
Verifica-se através destas planilhas que havendo possibilidade de se
comercializar a energia excedente, torna-se viável a implantação de sistemas de
maior porte onde o custo inicial por [Wp] instalado é menor, bem como, o custo da
energia em [R$/kWh] também é menor.
Considerando-se a faixa de consumo de 100 [kWh/mês] tem-se para a tarifa
normal da CEMIG o valor de 0,56 [R$/kWh].
Comparando-se este valor com o custo médio de 1,60 [R$/kWh] encontrado
para os sistemas fotovoltaicos (Tabela 6.5 - custo da energia), observa-se uma grande
discrepância entre os valores ficando claro a necessidade de incentivos para que haja
opção pelo uso dos fotovoltaicos.
95
Capítulo 7
Conclusões e recomendações
A energia solar é a principal fonte primária disponibilizada para o nosso
planeta, dando origem à quase todas as outras formas: biomassa, hidráulica, eólica,
combustível fóssil e a energia dos oceanos.
O Sol disponibiliza dez mil vezes o consumo total de energia do planeta, fato
singular, que expressa a sua importância (CRESSESB 2000).
Apesar deste imenso potencial, o aproveitamento direto por concentração solar
e geração de eletricidade através de turbinas a vapor ou obtenção de eletricidade
através do efeito fotovoltaico, constitui-se em menos de um por cento do consumo
mundial de energia.
Verificou-se no capítulo um que a geração descentralizada é uma tendência
mundial irreversível e que os sistemas fotovoltaicos apresentam versatilidade para
aplicações no contexto da geração descentralizada.
Do estudo de caso 2 constata-se a necessidade de incentivos para que os
consumidores façam a opção pelo sistema FV.
Apesar destas barreiras não se deve deixar de considerar os diversos ângulos de
um investimento nesta modalidade de conversão energética, por exemplo, quando da
construção de uma residência nova, se os materiais FV constituírem parte integrante
da estrutura da casa, como telhados, fachadas e persianas os custos serão diluídos
entre estes componentes, podendo tornarem-se interessantes para os investidores.
Além destas considerações o uso de geradores fotovoltaicos pode interessar as
concessionárias nas situações de alívio de subestações e linhas de transmissão
sobrecarregadas termicamente. Nestes casos podem-se instalar sistemas FV junto às
subestações, junto aos alimentadores ou promover incentivos para que os
consumidores os instalem junto às cargas.
Constata-se das considerações anteriores que na prática os sistemas FV
apresentam-se competitivos para atendimento de comunidades isoladas onde a
construção de linhas de transmissão, muitas vezes com grandes extensões, e
considerando também as dificuldades de transporte de combustíveis inviabilizam
conexões com as redes de distribuição.
96
A utilização dos FV no Brasil ainda é pequena, e encontra-se restrito às
instituições de pesquisa e às universidades.
Um aspecto importante a ser considerado para o Brasil refere-se às políticas
públicas existentes em alguns paises, as quais, incentivam o uso de fontes
alternativas com a redução de juros e/ou taxas governamentais, facilitando a
implantação prática dos sistemas FV e contribuindo para acelerar o processo de
inserção da tecnologia na matriz energética.
O Brasil carece também de uma legislação específica para a regulamentação do
uso de sistemas fotovoltaicos conectados à rede, bem como, que sejam padronizadas
as normas técnicas e exigências feitas pelas concessionárias dos serviços de
fornecimento e distribuição de energia elétrica para autorizarem as novas conexões.
Através dos estudos de caso verificou-se a importância das simulações que
ajudam na escolha entre usar vários painéis e um único inversor ou o uso de
geradores menores e pequenos inversores.
Os programas FOVO1 e FOVO2 podem ser utilizados no dimensionamento de
novos sistemas, na analise de viabilidade técnica e econômica, simulações de sistemas
em suas diversas configurações, comparação de performance com sistemas existentes,
analise de custos e produtividade.
O programa pode também servir de apoio na identificação de perdas em
sistemas, as quais, podem ocorrer por descasamento entre módulos, sujeiras nos
módulos, eficiência da célula em função da temperatura e eficiência do inversor.
Pode servir de apoio na definição do fator de dimensionamento do inversor (FDI)
objetivando alcançar as melhores produtividades em função da região considerada.
Recomenda-se, como continuidade deste trabalho à realização de medições em
sistemas existentes objetivando a comparação entre as especificações dos fabricantes
e os dados encontrados na prática possibilitando a alternativa do uso de dados
estatísticos na alimentação dos programas.
Sugere-se também que ferramentas deste tipo sejam utilizadas com mais
freqüência no meio acadêmico, na engenharia de projetos, bem como, em pesquisa e
desenvolvimento para que os programas sejam aperfeiçoados e atinjam plenamente
suas finalidades.
97
Outra sugestão interessante seria o da criação de intercâmbios entre os usuários
no sentido de se criar um banco de dados de uso comum, disponibilizando assim
dados atualizados das diversas regiões do Brasil.
Os programas FOVO1 e FOVO2 evidentemente deverão ser atualizados e
aperfeiçoados continuamente, assim, sugere-se para o futuro a ampliação do banco
de dados e que sejam contempladas outras funcionalidades, tais como, os impactos
ambientais através do balanço da emissão de CO2.
Recomenda-se também a realização de estudos aprimorados de viabilidade
técnico e econômico principalmente no que se refere ao custo inicial quando os
materiais são partes integrantes das edificações.
98
Referências bibliográficas
BEM, G.S. , Solid State Electronic Devices – Prentice Hall – Fifth Edition – 2005.
99
GOLDEMBERG J.; VILLANUEVA, D. L. , Energia, Meio Ambiente &
Desenvolvimento – Editora USP - 1998.
TIAGO FILHO, G.L. , O papel das PCH’s no atual contexto institucional brasileiro,
Brasil Hidro Termo, São Paulo – SP – 29 a 30/03/2000.
100
OLIVEIRA SÉRGIO H.F. ; ZILLES ROBERTO , Pequenos geradores
fotovoltaicos conectados à rede de distribuição de eletricidade – III Congresso
brasileiro de planejamento energético – 1998.
101
ANEXO 1
Referências para os projetos de Fresno e da casa do PAEDA.
102
Tabela1: Simbologia e equações para cálculos de irradiância e insolação
Resumo dos símbolos e equações para irradiância e insolação com céu limpo e claro
Lista de Símbolos Significado
I0 Irradiância Extraterrestre
m Massa de ar
IB Insolação direta sobre a superfície terrestre
A Irradiância solar extraterrestre aparente
Ko Caminho atmosférico óptico
C Fator de difusão do céu
IBC Insolação direta sobre o coletor
Ângulo de incidência
Ângulo de inclinação do coletor
IH Insolação na horizontal sobre uma superfície
IDC Insolação difusa no coletor
IRC Insolação refletida para o coletor
Refletância da terra
IC Insolação total no coletor
N Número do dia
Ângulo de altitude solar
/ Declinação solar
-S Azimute solar (+ antes do meio-dia)
-C Ângulo de azimute para o coletor (+SE)
Resumo das equações para irradiância e insolação com céu limpo e claro
I0 = 1370 [1 + 0,034 cos (360 n/365)] [W/m2]
m = 1/sen
IB = A_-ko.m
A = 1160 + 75 sen [(360 /365) (n – 275)] [W/m2]
k = 0,174 + 0,035 sen [(360/365) (n – 100)
IBC = IB cos
cos = cos cos (-S - -C) sen VHQ cos
IBH = IB cos (90° – ) = IB sen
IDH = C IB
C = 0,095 + 0,04 sen [(360/365) (n – 100)
IDC = IDH (1 + cos ,BC (1 + cos
IRC = ! IB (sen + C) (1 – cos
IC = IBC + IDC + IRC
IC = A_-km [cos cos (-S - -C) sen VHQ cos &FRV
!VHQ&– cos @
103
Tabela 2: Insolação mensal e anual para a latitude 36,77° N considerando o ângulo de
inclinação para o painel
104
Tabela 4: Inversores cadastrados nas planilhas
Características técnicas de Inversores para Sistemas Conectados a rede
Fabricante Xantrex Xantrex Xantrex Sunny Boy Sunny Boy
Modelo STXR1500 STXR2500 PV 10 SB2000 SB2500
PAC [W] 1500 2500 10 000 2000 2500
VAC [V] 211 – 264 211 – 264 208 V, 3- 198 -251 198 – 251
Range de 44 – 85 44 – 85 330 – 600 125 – 500 250 – 550
tensão MPPT
[V]
Tensão 120 120 600 500 600
máxima de
entrada
[V]
Corrente (31,3) (53,4) 31,9 10 11
máxima de
entrada
[A]
Eficiência 92 94 95 96 94
máxima
%
105
Tabela 5: Eficiência de conversão ou rendimento global (Arquivo FOVO4-EC)
Tcel Tcel Eficiência de
Tamb Pdc [W]
inferior superior conversão
[°C] [°C] [°C] Máx. Mín. Médio EC [%]
0 25 35 1000,00 950,00 975,00 80,08
1 26 36 995,00 945,00 970,00 79,67
2 27 37 990,00 940,00 965,00 79,26
3 28 38 985,00 935,00 960,00 78,85
4 29 39 980,00 930,00 955,00 78,44
5 30 40 975,00 925,00 950,00 78,03
6 31 41 970,00 920,00 945,00 77,61
7 32 42 965,00 915,00 940,00 77,20
8 33 43 960,00 910,00 935,00 76,79
9 34 44 955,00 905,00 930,00 76,38
10 35 45 950,00 900,00 925,00 75,97
11 36 46 945,00 895,00 920,00 75,56
12 37 47 940,00 890,00 915,00 75,15
13 38 48 935,00 885,00 910,00 74,74
14 39 49 930,00 880,00 905,00 74,33
15 40 50 925,00 875,00 900,00 73,92
16 41 51 920,00 870,00 895,00 73,51
17 42 52 915,00 865,00 890,00 73,10
18 43 53 910,00 860,00 885,00 72,69
19 44 54 905,00 855,00 880,00 72,28
20 45 55 900,00 850,00 875,00 71,87
21 46 56 895,00 845,00 870,00 71,45
22 47 57 890,00 840,00 865,00 71,04
23 48 58 885,00 835,00 860,00 70,63
24 49 59 880,00 830,00 855,00 70,22
25 50 60 875,00 825,00 850,00 69,81
26 51 61 870,00 820,00 845,00 69,40
27 52 62 865,00 815,00 840,00 68,99
28 53 63 860,00 810,00 835,00 68,58
29 54 64 855,00 805,00 830,00 68,17
30 55 65 850,00 800,00 825,00 67,76
31 56 66 845,00 795,00 820,00 67,35
32 57 67 840,00 790,00 815,00 66,94
33 58 68 835,00 785,00 810,00 66,53
34 59 69 830,00 780,00 805,00 66,12
35 60 70 825,00 775,00 800,00 65,71
36 61 71 820,00 770,00 795,00 65,29
37 62 72 815,00 765,00 790,00 64,88
38 63 73 810,00 760,00 785,00 64,47
39 64 74 805,00 755,00 780,00 64,06
40 65 75 800,00 750,00 775,00 63,65
106
Radiação solar em um painel com
2
ângulo igual a latitude local kWh/m -dia
6,0 - 6,5
5,5 - 6,0
5,0 - 5,5
4,5 - 5,0
Figura 1: Mapa de irradiaçãp solar média anual para o território Brasileiro. Irradiação
global em um painel inclinado em ângulo igual a latitude local (Anais XII Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Goiânia, Brasil 16-21 abril 2005, INPE
p.3137-3145)
107
ANEXO 2
Referências para o estudo de caso 1 – Fotovoltaico instalado no
prédio da administração do IEE-USP (Macêdo, 2006)
108
Figura 1: Planta baixa do prédio da administração do IEE-USP (Macedo, 2006)
109
Tabela 1: Produção solar mensal e anual, irradiação solar, rendimento global e
temperatura média do módulo para os anos de 2004 e 2005 (Macêdo, 2006)
110
Gráficos 1 e 2: Eficiência dos módulos FV de mc-Si e c-Si medidos durante o ano de 2004
(Macedo, 2006)
111