Missão Alpha I (Psicografia Sonia Rinaldi - Espírito Gregório) PDF
Missão Alpha I (Psicografia Sonia Rinaldi - Espírito Gregório) PDF
Missão Alpha I (Psicografia Sonia Rinaldi - Espírito Gregório) PDF
AGRADECIMENTOS DA EDITORA
Para a edição desta obra • como, aliás, acontece na maioria de nossas edições -, além da equipe de
nossos funcionários, não poderíamos deixar de registrar e agradecer a valiosa colaboração de
diversos amigos desta Casa Editora, entre eles:
Carlos Alberto Varella (arte final da capa);
José Geraldo Caetano (projeto editorial eletrônico);
Luiz Cândido (adaptação de ilustrações);
Gregorio Perche de Meneses e Ivan Costa (revisores de texto).
Para os habitantes de Alpha I,
pelo empenho no
auxílio ao
planeta
Terra.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todoa aqueles que, de uma forma ou outra, possibilitaram que esta obra se
concretizasse.
Devoto especial gratidão ao Dr. Hernani Guimarães Andrade que, por sua imanente bondade,
tornou-se meu paciente instrutor, aguçando-me o interesse pelas Ciências e suas relações com o
Espiritualismo. Imprescindível registrar que em sua modéstia conce- deu-me permissão para
transcrever trechos, citações e bibliografia, base desta obra, extraídos de alguns de seus preciosos
livros.
Ainda, com carinho, registro meus agradecimentos ao Fernando, que a Vida me deu por
Companheiro, cuja revisão impecável aprimorou sensivelmente minha expressão literária.
Por fim, aos incansáveis Amigos Espirituais, sobretudo a Jupira, pela dedicada proteção, e ao
Gregório, habitante de Alpha I e Mentor Espiritual deste trabalho, que me concedeu a honra de, sob
sua orientação, partilhar da Missão proposta por seus Superiores.
I. No Posto de abordagem
Uma comitiva aguardava, no átrio da plataforma de abordagem, a chegada da nave que traria, da
longínqua estrela entre nós conhecida como ALDEBARAN, os visitantes.
Leve brisa e um sopro de paz envolviam a área, de onde se avistava o planeta Terra em suas
mesclas de azuis.
Foi deveras pertinente a idéia do dirigente de Alpha I, aquela cidade espiritual, de convidar os
visitantes ora aguardados.
Marcellus, esse era o nome do dirigente de Alpha I que, assim sendo chamado, modestamente
omitia a identidade que possuíra quando vivera na Terra, em sua última encarnação. Há mais de três
séculos habitando o espaço assumira, graças aos créditos pessoais, a função máxima de Orientador.
Alpha I, gigantesca cidade espiritual, situada sobre a região norte da Europa, abriga eminentes
cientistas, estudiosos e pesquisadores que, um dia, habitaram nosso planeta, e hoje lá se reúnem,
continuando seus estudos, aprimorando teorias, com a finalidade de suprir os futuros avanços que,
em suas posteriores reencarnações na Terra, lhes permitirão trazer, sob a forma de descobertas
científicas, novos degraus para a evolução da tecnologia do Homem.
Dispondo de avançados recursos que sequer cogitamos, estão dezenas de anos à frente de nossas
atuais ciências: tudo que um dia aportará em solo terreno, por via da presença desses iluminados
Espíritos que, nesse intercâmbio, devotam suas vidas sucessivas em busca da melhoria de condições
para os seus semelhantes.
Através de sondas termo-sensíveis, captam em seus intrincados aparelhos constantes avaliações,
perscrutando tudo sobre o que aqui ocorre. Os registros podem ocorrer de forma ampla, abarcando
grupos sociais, ou em particular.
E são muitas as salas de controles, já que o ser humano não é, absolutamente, a única preocupação
daquela estação espiritual. Por exemplo, numa delas maquinários ultra-sensíveis notificam
continuamente o índice da preservação do ecossistema, apontando se o equilíbrio da natureza
permanece estável ou se atravessa desarmonia motivada por devastação de florestas, poluição das
águas e ar, etc.
Em outro setor é monitorada a defesa dos animais, que, para os habitantes de Alpha I, são seres
em franca evolução; um dia eles estarão suficientemente aprimorados para desenvolver a razão e
habitar um corpo humano.
Os quadros das avaliações das últimas décadas apontavam, no entanto, para uma apreensão
crescente.
O ser humano vem evoluindo sim, porém por atalhos perigosos. Os aparelhos daquele posto de
estudos registravam que alguns países detêm, por exemplo, arsenais bélicos capazes das mais
impensáveis atrocidades: há cerca de algumas semanas, a Central de Captação de Alpha I registrou
que determinado laboratório terrestre concluíra uma maquiavélica composição. Descobriram
terrível solução química, com a qual passaram a produzir bombas de altíssimo poder, capazes de,
quando detonadas, espraiarem no ar elementos tóxicos que corroem a pele humana, transformando
as vítimas em imensas chagas abertas.
Uma análise, sem nenhuma profundidade, seria suficiente para atestar o estágio de materialismo
que se difundira na Terra, onde a Vida, essa oportunidade divina, se transformou, para muitos, em
coisa gratuita e desprezível.
As conclusões dos sábios de Alpha I convergiram para a constatação de que o Homem vem
desviando-se do caminho, ou seja, vem se fazendo alheio ao destino que os superiores lhe ditaram.
A comitiva ali na plataforma de espera, além de Marcellus, contava com mais dois companheiros
da alta direção daquela cidade espiritual, e um treinando. Todos aguardavam os visitantes,
provenientes ds Aldebaran, estrela da Constelação de Taurus, onde sabidamente a evolução atingira
as raias da perfeição.
Marcellus nutria a esperança de que, com a orientação desses seres mais evoluídos, poderiam
encontrar meios que garantissem ao planeta terrestre um realinhamento em sua trajetória
evolutiva.
Urge salvar este orbe, que acolheu e viu ascender em evolução aqueles espíritos,, hoje habitantes
daquela cidade que vela por nós,
E preciso salvar o Homem... para salvar a Terra.
II. A chegada
A figura de Marcellus iluminou-se. Gigantesca nave materializava-se diante da plataforma.
Hermus, o treinando, inquietou-se com a surpresa, ao que o dirigente esclareceu:
- “Decerto você aguardava que a aeronave
chegasse deslizando através de nosso espaço. Ocorre, no entanto, que os irmãos de Aldebaran há
muito deixaram de utilizar a ‘locomoção contínua”; valem-se de conhecimentos que, ainda dentro do
nosso atual estágio, nos são insondáveis. Eles dominam o Espaço e o Tempo. Analise comigo, Hermus:
quando você encontrava-se
habitando a Terra sob a forma de encarnado, vivia num mundo de três dimensões, correto?”
Hermus confirmou com um aceno de cabeça.
- “No entanto você sabe que nós outros, que hoje vivemos no piano espiritual, contamos com um
espaço tetradimensional, ou seja, de quatro dimensões. O que ocorre é que os átomos espirituais
deformam-se em proximidade com a matéria, ajustando a parte etérica à massa física, limitando o
Espírito a um mundo limitado de três dimensões. Quando libertos do corpo físico pela morte,
resgatamos a tetradimensionalidade. À medida que evoluirmos, adentraremos espaços com mais e
mais dimensões. Isto é a Evolução.
Um dia, através de nossas pesquisas, adquiriremos esclarecimentos tais que nos alçarão rumo a
outros planos e ao Infinito. Porém, a conquista que realizarmos através das ciências será herança
dos seres humanos, pois, antes que prossigamos em nossa caminhada, caber-nos-á a tarefa de abrir
aos homens a trilha para essas descobertas.”
Logo a atenção da comitiva se voltava para a passagem que se abria na nave luminosa. Nela surgiu
um foco de luz. Atrás, outro.
Hermus, que até então jamais vira seres que não de aspecto semelhante aos terráqueos (já que,
apesar .da fluidez, os habitantes de sua cidade ainda mantêm os traços humanos), perguntou com
discrição:
- “É isso? quero dizer... são eles?”
Marcellus limitou-se a sorrir, enquanto ambos os focos luminosos deslizaram em sua direção.
O dirigente da cidade onde aportaram os visitantes cerrou os olhos... e pôde-se perceber que
entrara em comunicação com os representantes da distante estrela. A luz intensa que emanava dos
focos radiantes passou a aiterar-se na cor e frequência de suas vibrações. Estavam dialogando.
Apesar do pequeno grupo, exceto por Marcellus, não captar a conversação, só a presença
daqueles seres espargia no ar um bem-estar indescritível.
Os acompanhantes de Marcellus ainda não dominavam a técnica da comunicação puramente
mental, mas sabiam que, em planos mais elevados, a comunicação é feita exclusivamente por essa via.
Em instantes a nave que lhes servia de cenário desvaneceu-se. Desmaterializou-se.
Hermus que, em sua última encarnação terrena, fora eminente biólogo, encontrava-se extasiado.
E mais ficou quando Marcellus dirigiu-se ao grupo e traduziu o diálogo que tiveram:
- “Nossos irmãos em Universo, dentro da humildade e nobreza que os caracterizam, apreciariam
não transmitir o grau evolutivo que hoje os faz assemelharem-se a pequenos sóis. Assim, desejam
transfigurar-se em nosso biotipo, ou seja, assumir nosso aspecto, ao mesmo tempo que registram a
necessidade de assimilar nosso vocabulário. Acreditam que apresentando-se de forma similar a nós,
habitantes de Alpha I, terão livre trânsito, sem motivar constrangimentos.”
Ao que pediu:
- “Hermus, seja você o modelo: poste-se aqui para que nossos visitantes possam proceder a
copiagem de nossa estrutura.”
O biólogo, que quando de sua última passagem pela Terra recebera diversos prêmios pelas
descobertas científicas (esforço esse inclusive que lhe valeu entrada em Alpha I, aquele avançado
posto de estudos), sentia-se agora atônito: ser ele o modelo para aqueles seres superiores que, em
sua grandeza, não se constrangiam em minorar de nível.
Antes que ele pudesse dizer palavra, delinea- ram-se no espaço duas figuras resplandecentes.
Com traços humanos e habilitados a falar, eliminaram a barreira dos limites da comunicação mental,
linguagem corrente de Aldebaran, já que em Alpha I só o dirigente, os mestres e os habitantes mais
antigos se capacitaram para a “comunicação-imediata”, ou seja, por via do pensamento.
Satisfeitos com o arranjo, Marcellus convidou a todos a rumarem para o Centro de
Processamento, junto à sede da alta cúpula.
Voltaram naquela direção.
IV. O intercâmbio
Agradável som melodioso, qual suave sineta, interrompeu a palestra.
Marcellus, valendo-se de um aparelho semelhante a um interfone de pulso, acionou o contato:
- “Gregório, recepcione nossos aprendizes, por favor, e conduza-os ao pátio central, onde
faremos a prece coletiva”.
Marcellus, percebendo a dúvida no semblante dos visitantes, esclareceu:
- “A esta hora recebemos a visita dos irmãos encarnados que habitam o Leste do globo ter-
restre. São Espíritos que se afinam com nossos propósitos. Temos alguns turnos desse tipo de
atividade para atender os fusos horários da Terra.
Aqui esses irmãos dividem-se em diferentes grupos, de acordo com seu estágio evolutivo. Assim,
temos os INICIANTES - que, na Terra, são aqueles que estão descobrindo as verdades universais,
não apenas através das diversas religiões espiritualistas, mas que foram além, buscando a luz do
CONHECIMENTO; a seguir temos os INTERMEDIÁRIOS, que são os que já atuam na esfera carnal,
disseminando o aprendizado que aqui angariam. Esse é o maior grupo. E, finalmente, temos os
AVANÇADOS, que formam grupos especializados, de acordo com os interesses específicos dentro
da vasta gama de opções que a Ciência oferece; são eles que desenvolvem novos medicamentos, são
os teóricos que criam inéditas teorias científicas, enfim, que puxam a evolução. Todos aqui vêm,
noturnamente, buscar mais solidez nas suas idéias.
Francis esclareceu então uma curiosidade:
- É devido a reunirmos aqui renomados cientistas de todos os pontos do planeta que, tendo a
chance de aqui discutirem entre si planos e idéias, inúmeras vezes provocam o fenômeno da
descoberta quase simultânea de teorias, remédios, vacinas etc. em diferentes pontos do mundo!”
Lunk questionou, intrigado:
- “Mas o terráqueo possui nave apropriada para atravessar diferentes planos astrais, saindo de
seu espaço tridimensório para este, tetradimensional?”
Glaucius foi quem elucidou:
- “Não absolutamente. A ciência da astronáutica humana só produz naves para percorrer o
espaço local... chegando ao ápice hoje com os aviões 34
supersônicos - que viajam à velocidade do som - e com foguetes que já chegaram à Lua. Porém, nada
que lhes permitisse sair do espaço tridimensório”.
- “Mas então, como chegam a esta cidade espiritual?”, insistiu Lunk.
- “Oh sim”, atinou Glaucius, “chegam pelo desprendimento temporário do corpo astral, durante o
sono físico. Como poderão observar dentro em pouco, todos trazem um cordão prata-azulado a
partir da nuca, qual filete delicado; esse fio os une aos seus corpos físicos, que no momento estão em
profundo sono na Terra.
Francis complementou a informação:
- “E bem verdade que ao despertarem não se recordarão com precisão de tudo que aqui
presenciaram - já que o cérebro físico não possui meios para interpretar certas peculiaridades. No
entanto, o que aqui aprendem chegará às suas consciências por via da intuição".
Marcellus tomou a palavra para ampliar os esclarecimentos sobre o INTERCÂMBIO:
- “Em verdade, temos vários representantes espalhados pelo planeta. No geral são Espíritos
elevados, de grande nobreza moral e alto nível intelectual que voluntariamente se oferecem para
encarnar, por vezes em até difíceis condições. Desta forma galgam elevados degraus, através do
sacrifício pessoal, no trabalho em prol da raça humana. Todos merecem de nós grande respeito... e a
todos acompanhamos com devotado carinho.
Flênai e Lunk denotavam estar impressionados com o trabalho ativo desenvolvido em Alpha I e,
apesar de não haverem questionado, por certo tinham dificuldade em compreender o porquê da
apreensão geral daquele posto de estudos, em relação ao planeta Terra.
O silêncio foi quebrado pelo convite de Marcellus, que pediu:
- “Dêem-nos a honra da presença na abertura da reunião de hoje”.
Em instantes a alta direção de Alpha I, seguida dos ilustres visitantes de Aldebaran, dava
entrada no vasto pátio interno onde inúmeros irmãos, de traços humanos, conversavam
animadamente.
De fato, de todos pendia da nuca o curioso cordão prata-azulado.
O vozerio fazia perceber a afinidade que os unia.
Ao que uns e outros registraram a presença dos dois fulgurantes visitantes, aquietaram-se
extasiados: mantinham os olhos arregalados, como se observassem duas divindades.
Marcellus, que habitualmente abria as reuniões de estudos com uma prece, adiantou-se em meio a
solene silêncio e, cerrando os olhos, orou:
Senhor Supremo, a comunhão de nossos corações é a mensagem de agradecimento pela oportunidade
que Tu e Tua benevolência infinita nos concedem.
Permita possamos levar, através destes irmãos que aqui buscam a Luz de Tua Verdade, a semente da
Paz à Terra.
Confiaste a esta Comunidade
o amparo e a orientação
aos irmãos que vivem no planeta.
Concede, pois,
que nós outros, hoje na posição de Mestres,
também recebamos de Teus enviados, nossos irmãos maiores, o auxílio do conhecimento de que ainda
não dispomos.
Faze de nós, Senhor, os mensageiros de Tua Sabedoria.
A curta distância Flênai e Lunk, em profunda concentração, emanavam de suas auras jatos de luz
cintilante que, em expansão, douraram todo o ambiente, transformando-o em algo tal que as palavras
humanas não conseguiriam descrever.
Hermus, muito emocionado, comentou com Francis:
- “Ao despertarem em seus corpos físicos ao amanhecer, nossos irmãos encarnados pensarão que
visitaram o paraíso!”
V. Finalmente, o espirito
A comitiva retornou à sala de reuniões para dar prosseguimento às explanações. Era impres-
cindível esclarecer a Flênai e Lunk acerca de como surgiu a Vida na Terra e como esta evoluiu até seu
exemplar mais elevado: o Homem.
Flênai reiniciou o diálogo:
- “Vocês nos falavam que alguns estudiosos terrenos já constataram, cientificamente, a
existência do CAMPO BIOMAGNÉTICO como função estrutural da Vida”.
- “Com implicações no MOB-Modelo Organizador Biológico”, completou Lunk.
- “Sim”, confirmou Glaucius. ‘A ciência da Terra esbarra na confirmação de que o ser humano
não é feito de pura matéria física, e sim composto por um campo energético, sinônimo de Vida.
Aliás, a tese de Albert Einstein nos auxiliou deveras ao propor a equivalência entre MASSA e
ENERGIA; conclui-se com isso que, depois das assertivas de Einstein, sequer o corpo físico pode ser
considerado puramente <material>.
Porém o progresso por via das comprovações científicas é lento, já que os cinco sentidos da
percepção humana são deficitários para que possam apreender uma realidade mais ampla; e a des-
coberta de equipamentos que lhes possibilitariam alargar esses limites encontra-se atrelada a uma
evolução moral que, infelizmente, quase não ocorre, sobretudo nas últimas décadas.
Mas o que lentamente descobrem pelas vias da razão o Supremo Senhor permite seja
pressentido pelo coração. Assim é que diversas religiões fazem perceber ao homem comum a
existência de algo além da matéria, algo que sobrevive à morte física do corpo e que recebe
diferentes nomes, como por exemplo: alma, espírito, princípio vital, corpo bioplásmico, perispírito,
etc.”.
- “Porém apenas pelas diversas religiões” , disse Marcellus, “é pouco enfática a repercussão a
nível global; eis por que nos empenhamos em levar as mesmas verdades, porém embasadas em
investigações científicas.
O fato é que o Homem, hoje, não está atento para observar sua natureza divina. Receamos que tal
desinteresse, gerado pelo materialismo que se agiganta sobre a Terra, desvie nossos irmãos
encarnados do aprimoramento que lhes cabe.
O materialismo, ou seja, o apego a tudo que é material, deriva para a cobiça, que é irmã da inveja,
mãe do autoritarismo, filha da sede de poder e do egoísmo.
Esse conjunto perfaz a realidade típica da atualidade do mundo.
O materialismo em si sempre foi a tônica do planeta, até pela sua constituição grosseira - ou seja,
pela aproximação do espírito com a vida densa. Porém, tal característica vem florescendo a níveis
descomunais”, e, esboçando um sorriso, informou:
- “Por ironia, esse grave problema, alojado mais amplamente no ocidente do globo, tem suas
origens na própria igreja, cuja religião, implantada há muitos séculos, vigorou sob o despotismo e o
fanatismo, de permeio com torturas e corrupção, características de épocas como a da Inquisição,
quando inescrupulosamente confiscou bens e propriedades que lhe valeram a fortuna e o império
econômico que mantém até os dias de hoje.
Foi pela conscientização gradual da plebe contra essas atrocidades que o Homem viu-se impelido
a desprender-se dos conceitos religiosos, valorizando a razão - eclodindo em época que deno-
minou-se lluminismo, com o surgimento do Racionalismo e do Positivismo. A partir dai, o Homem
descobriu a desnecessidade de um Deus que a Igreja ao longo dos séculos transformou em tirano;
percebeu que sua razão era mais e mais capaz de desenvolver tecnologias, descobrir remédios, curar
as moléstias, trazer-lhe o conforto, dar-lhe o alívio que a Igreja lhe roubara com ameaças e
impostos. Isso acentuou o progresso dos últimos séculos, já que, também por interesses da Igreja, a
evolução da Ciência se estagnou por longos séculos. Em repúdio a tudo isto o Homem afastou-se da
religião. Tornou-se cada vez mais materialista, num processo que se acentuou perlgosamente nas
últimas décadas.
No leste do globo, por exemplo, governos autoritaristas impuseram sobre certos povos a doutrina
marxista que, em seus princípios, nega a existência de qualquer entidade superior - e a religião foi
banida de sua sociedade, qual fosse praga malévola que desafiasse o poder. E toda uma geração cres-
ceu sob tal linha de pensamento. Assim, enquanto lá a origem do materialismo é política, no oeste a
origem, poder-se-ia dizer, é econômica. Nesse outro lado do globo potências que detêm a hegemonia
fazem dos demais povos, tanto quanto podem, seus dependentes - gerando nesses últimos a
necessidade de salvaguardar o que quer que lhes seja possível, tornando o Homem agarrado a
preocupações com a sua sobrevivência, rendimento salarial, aquisição de bens, enfim, tudo que lhe
sugira impressão de segurança...
E o consumismo disseminado em todos os seus matizes.
Diríamos até que, nesse lado do mundo, os que possuem muito lutam para manter tal status - e os
que possuem pouco protestam pela posse. Esse é o verbo de conjugação mundial: todos querem TER.
E este é o motor gerador da atual realidade humana. Tudo mais deriva como conseqüência”.
Após breves segundos em silêncio, Lunk questionou:
- “Como lhes parece possível combater o <materialismo>?
Hermus foi quem respondeu:
- “Temos contra-atacado com ação à altura, na tentativa de debelar esse monstro que cega a
razão. Porém, reconhecemos que nossos <ampa- rados> não se debatem dentro dos sentimentos
gerados pelo materialismo, como a <angústia> etc., sozinhos. Em tudo isto ainda contamos com um
agravante: infelizmente, dentro do atual padrão vibratório que o Homem emana, correntes
fortíssimas de irmãos desencarnados, sem esclarecimento, que habitam zonas inferiores junto à
crosta, são atraídos pela sintonia, produzindo simbiose tal que exige de nós o DOBRO do esforço”.
Interessado, Flênai perguntou:
- “Que tipo de ação tem Alpha I praticado para auxiliar os irmãos terrenos?”
- “Tentamos fornecer-lhes provas CONCRETAS da sobrevivência do Espírito”, informou
Glaucius. “No dia em que assumirem essa realidade incontesté pensarão bem mais antes de praticar
qualquer má ação. Reconhecer a ineqabilidade de que a vida continua depois da morte física,
esperamos, é o que poderá levá-los à retomada do caminho da elevação moral”.
! “Nossa forma de ação", complementou Francis, “é sempre através da razão, da lógica, ou seja, da
Ciência, já que as religiões, que pela fé tocam somente o coração, não atingem nosso alvo: os
materialistas”.
E paulatinamente vimos levando nossa ação nesse sentido, viabilizada pelo intercâmbio de nossos
pesquisadores, que em suas sucessivas reencarnações na Terra fazem-na gradativamente sair da
obscuridade do desconhecimento.
Ainda que a Ciência terrena não consiga equacionar e desvendar detalhadamente os segredos que
regem a Vida, inúmeros pesquisadores vêm registrando vasta coleção de casos que comprovam,
experimental e cientificamente, a existência de <algo> que sobrevive à morte física do corpo”.
Fazendo breve pausa, Francis prosseguiu:
- “Um exemplo dessas pesquisas são as realizadas com os, lá chamados, <VIAJORES AS- TRAIS>.
Trata-se de irmãos que já desenvolveram a capacidade de desprenderem-se do corpo 44
físico, conscientemente. Assim, embora sempre sob o amparo e proteção de abnegados benfeitores
desencarnados, que se dedicam a esse tipo de treinamento, muitos se fazem habilitados a sair do
corpo físico adormecido e transitar por onde desejam; assim, visitam locais ou pessoas durante a
noite e são capazes de narrar, descendo a detalhes, tudo o que viram.
Esse tipo singular de faculdade oferece a vantagem de possibilitar a comprovação laboratorial,
como por exemplo: é possível isolar o médium em determinado local e solicitar-lhe qüe ao desdo-
brar-se durante o sono dirija-se até o local “x", onde deverá observar e registrar em sua consciência
detalhes a serem conferidos.
Um médium de desdobramento, ou viajor astral, pode aperfeiçoar suas habilidades e tornar- se
capaz de informar minúcias do local visitado, como dar a hora visualizada em algum relógio do local,
informar a cor da roupa das pessoas visitadas, e até repetir tópicos de conversações ouvidas,
estando o corpo físico do médium adormecido em seu leito, imperceptível no local visitado."
Lunk acenou positivamente, a concordar com a conquista que a permuta de conhecimentos dos
irmãos de Alpha I e o planeta Terra tem produzido.
Hermus, para complementar as informações, lembrou-se de suas experiências na área da Biologia
e da Medicina:
- “Outro tipo de comprovação são os depoimentos de médicos e enfermeiros que acompanham
pacientes terminais. Farta literatura nesse sentido vem sendo organizada por dedicados amigos,
como o nosso Moody Jr (8). Em suas pesquisas ele tem somado numerosos casos de pessoas que,
próximas do desencarne, descrevem visões... normalmente de parentes já falecidos, com quem
chegam até a dialogar; isto é o lado captado pelos médicos - no entanto, o que se passa
verdadeiramente com os irmãos próximos do desenlace, é que são visitados realmente por entidades
amigas ou parentes que se achegam para facilitar o trânsito do irmão que deixará o corpo físico.”
Fez breve pausa e prosseguiu:
- “Ainda nessa linha existem depoimentos de pessoas que passaram pelo fenômeno, lá deno-
minado de “quase morte”. Trata-se de casos em que ocorre a morte clínica por alguns minutos,
porém, com retorno à vida. Registros preciosos relatam grande semelhança entre as experiências
vividas por essas pessoas, sendo mais uma prova de que o espírito manteve a consciência indepen-
dentemente dos problemas orgânicos - ou seja, o corpo físico morreu clinicamente, mas a “cons-
ciência", ou o espírito, continuou VIVO.”
Marcellus lembrou-se de citar, então, alguém que para ele era muito especial:
- ‘Em benefício de nossa causa, por vezes contamos com devotados colaboradores... os médiuns,
que recebem esse nome porque intermediam nosso plano (astral) com o plano local (físico).
Exemplo notável é o de um irmão ainda na Terra, que vem deixando preciosa obra psicografada. Lá
é conhecido como Chico Xavier
(9). Com elevado padrão moral e alto desenvolvimento mediúnico, permite irmãos desencarnados,
engajados em altas tarefas doutrinárias, transmitirem, principalmente por via da psicografia
(escrita automática), mensagens e ensinamentos de e sobre nosso plano espiritual, de valia
inestimável.
Um estudo minucioso da obra completa desse grande médium apontará para a conclusão de que,
inegavelmente, todos os seus escritos procedem de DIFERENTES AUTORES, e que um único
escritor jamais poderia escrever tão vasta literatura, mais de trezentos livros em tão diferentes
estilos, se não fosse realmente resultado da interferência espiritual.”
- “Bem, essas são apenas algumas das evidências que nossos irmãos encarnados vêm
constatando”, disse Glaucius. ‘Outra forma de contato, sólida e eloqüente, que evidencia a
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIÈR (Chico Xavier). Suas descrições acerca do Mundo Espiritual sio, sem
dúvida, as maia completas e precisas que se conhecem. A série psicogralada que se inicia com o livro Nosso Lar
é um precioso manancial de informações, escrito em linguagem altamente didática.
sobrevivência post-mortem, são as GRAVAÇÕES MAGNÉTICAS DIRETAS."
Lunk interrompeu com interesse:
- “Gravações diretas? De que forma isso ocorre?"
Glaucius esclareceu:
- “Tratam-se de ocorrências lá conhecidas como FENÔMENO DAS VOZES
ELETRÔNICAS, fenômeno este amplamente pesquisado por um sem- número de investigadores,
porém mais profundamente estudado por Jurgenson (10), assim como por Raudive (11), que registrou
e analisou mais de setenta mil sentenças gravadas em fitas magnéticas, que cuidadosamente
colecionou ao longo de muitos anos.”
- “De que forma se produzem as gravações?”, perguntou Flênai.
- “Fazendo breve histórico, podemos informar que há cerca de quinze anos nosso amigo
Jurgenson tentava captar em seu gravador, despretensiosamente, o gorjeio de pássaros, deixando,
assim, seu aparelho na janela.
Foi essa a primeira oportunidade utilizada por nossos irmãos desencarnados para inserirem a
INTERFERÊNCIA... resultando, para surpresa de Jurgenson, na gravação de palavras. Obviamente
que ele, inicialmente, pensou ter registrado a interferência de alguma emissora de rádio próxima;
mas nossos irmãos desencarnados foram insistentes, conseguindo aprimorar a forma de
KONSTANTIN RAUDIVE que captou pelo processo cerca de 70.000 frases provenientes dos Espíritos,
também menciona, em sua obra traduzida do alemão para o inglês: Breakthroug, várias espécies de veículos
coletivos usados no Além.
de suas vozes dentro de um tubo refratário, com formas geométricas piramidais em seu interior,
cuja finalidade é intensificar as vibrações sonoras emitidas exatamente sobre a referida célula
fotoelétrica, tornando audível as vozes na fita magnética do aparelho.”
Lunk e Flênai entreolharam-se satisfeitos. Constatavam o esforço dos irmãos de Alpha I na busca
da tentativa de contato real com os irmãos terrenos.
Permaneceram olhando-se mutuamente, mas pela radiância que os tomou percebia-se que
travavam diálogo a nível mental. Por fim, Lunk disse:
- “Grande trabalho é o que vocês realizam no cumprimento acertado da missão dada a esta cidade
espiritual. Todo o empenho que vocês desenvolvem é digno de louvor.
Podemos entender que com esse intercâmbio ativo entre Alpha I e o plano terreno o materialismo
está sendo vencido, o Homem vem crescendo em espiritualidade, elevando seu nível moral, habilitan-
do-se para um futuro mais promissor. Com tantas provas oferecidas a ele, quer seja através do irmão
Chico Xavier, quer pelos testemunhos médicos, quer pelos registros de <quase-morte>, quer pelos
estudos das gravações de vozes, enfim, a Terra está suprida de evidências da sobrevivência do
espírito post-mortem”, e Flênai complementou:
- “Tudo para benefício do ser humano, pois esses conhecimentos por certo lhes hão de guiar as
ações na Terra."
Marcellus viu-se subitamente embaraçado.
A dedução dos visitantes procedia da lógica, mas, infelizmente, estava longe de corresponder à
realidade.
Francis, percebendo a situação constrangedora, propôs:
-“Penso que talvez devêssemos conduzir nossos respeitáveis visitantes à nossa biblioteca- sede”,
e dirigindo-se especificamente aos dois, explicou: “tai departamento fica junto à central de
captação, onde registramos tudo o que ocorre no planeta. Esses registros são arquivados em
holofilmes de hiper-rotação. Aliás, essa é uma conquista nossa que ainda não foi levada à Terra! Aqui
nos aperfeiçoamos em registrar tridimensionalmente as imagens sob grande redução de tempo, de
forma que toda a história do planeta, por exemplo, fica contida em pequeno box de filme gravado;
sua decodificação portanto não é possível a nível dos olhos, mas sim da consciência.
Esse aprimoramento se fez necessário dado o volume de dados coletados continuamente durante
alguns séculos.”
Marcellus concordou:
- “Doutora, sua idéia é muito boa, pois daria
aos nossos visitantes uma idéia de certos detalhes acerca da vida de nossos irmãos terrenos,
imprescindíveis para que ambos se aproximem da realidade."
- “Mas, ainda mais elucidativo do que SABER do Homem, seria VIVER o Homem. Proponho o
conhecimento in loco”, afirmou Flênai.
Hermus, Glaucius e Francis entreolharam-se inquietos. Como conduziriam seus ilustres visitantes
a região tão densa como aTerra?
Se considerassem o nível de um habitante de Aldebaran em relação ao de um terráqueo des-
cobririam um abismo evolutivo de alguns milhares de anos. Não se sentiriam eles constrangidos?
Hábeis em leituras mentais, Lunk e Flênai captaram os pensamentos dos companheiros e
responderam com um doce sorriso:
- “Quando partimos?”
O alívio e alegria estamparam-se no semblante dos irmãos de Alpha I. Reconheciam que
realmente estavam diante de iluminados representantes do Todo Poderoso.
- “Imediatamente”, confirmou Marcellus com um sorriso.
VI. Alpha I
Sem necessitar de repouso ou ingestão de alimentos, a ação nas esferas mais elevadas é sempre
contínua.
Em Alpha I, movidos por uma contagem de tempo diferente da terrestre, os hábitos são outros:
distanciados da matéria grosseira, pos
suem estrutura física extremamente rarefeita, ainda que a aparência lembre perfeitamente as
formas humanas. De textura diáfana e muito luzidia, mantêm maior densidade apenas na região do
tórax para cima. Pernas, no sentido que entendemos, não possuem, já que volitam e não necessitam
caminhar - simplesmente deslizam.
Em evolução posterior, esses ex-humanos perderão mais e mais essas formas e se transformarão
em <sóis>, tal qual os ilustres visitantes de Aldebaran.
Essa é a evolução de todos. E será a nossa também, um dia.
Marcellus naquele instante organizava a partida.
- “Alguém de vocês possui impedimentos, por tarefas, que não o permitam participar da
missão de visita à Terra?"
Glaucius e Francis responderam positivamente. Ambos tinham obrigações inadiáveis, de forma
que deveriam, necessariamente, permanecer na estação.
- “Então, Hermus, para que nos façamos bem preparados, convoque Gregório e solicite a
nave DR 25. Encontrar-nos-emos no posto de decolagem”.
Hermus retirou-se, deixando seu orientador em conversa com os visitantes.
- “Fizemos uma análise intra-aura”, disse Fiênai a Marcellus, “e constatamos que seu nível
já satisfaz as exigências para galgar postos mais elevados. Estamos considerando a possibilidade de
interceder pela sua transferência para nossa esfera. Aldebaran hoje ser-lhe-ia fonte de inesgotável
aprendizado.”
Marcellus ergueu os olhos, um tanto apreensivo, respondendo rapidamente:
- “Estou impossibilitado, porém agradeço de iguai forma por cogitarem tal gentileza.”
Lunk fixou-o profundamente por alguns instantes e perguntou:
- “Quem é a jovem a quem você se vê atado? Habita ela a Terra?”
Marcellus, desconcertado, viu-se tal qual um livro aberto diante daqueles espíritos superiores
que tudo sondam, captam e pressentem, para quem ninguém possui segredos.
- “Sim, habita", e baixando os olhos, concluiu: “é quem escolhi para ser minha mãe.”
Flênai e Lunk iam sondar novamente o âmago de Marcellus, mas não foi necessário, ele
adiantou-se:
- “Há algumas décadas tomei o encargo de acompanhar pessoalmente todos os reencarnes de
nossos cientistas e estudiosos que daqui partem para a Terra.
Sigo-lhes atentamente a evolução que lá fazem, porém, infelizmente, raros cumprem a missão em
sua amplitude. São irmãos que vivem muitas vezes com honras de gênios, cercados de prêmios, e no
mais das vezes se vêem corroídos pelos estreitos limites da lógica humana, raramente abrindo o
caminho entre a ciência e a espiritualidade. É por isso que eu vou descer à Terra. Vou reencarnar.”
Lunk e Flênai reconheciam a grandeza desse esforço. O Orientador de Alpha I já alcançara
altíssimo grau evolutivo; um reencarne agora seria, por analogia, o mesmo que lançar um lírio à lama.
Diante do silêncio dos visitantes, Marcellus esclareceu:
- “Já solicitei pessoalmente às hierarquias superiores de nossa estação a oportunidade de
tentar vencer essa tarefa”, e erguendo os olhos, que atravessaram a janela atingindo as infinitas
estrelas, prosseguiu, como que sonhando:
- “A jovem de quem serei filho é simples, porém grande colaboradora de nossa seara.
Possibilitar- me-á os cursos elementares da Terra, como universidades e outras graduações, enfim,
tudo o que me habilite credibilidade.”
- “Seria uma experiência sufocante para o seu atual estágio”, disse Flênai.
- “Porém necessária”, arrematou Marcellus com firmeza.
Algo pensativos rumaram os três para o posto de atracagem, onde Hermus já os aguardava.
Marcellus, refazendo-se, apresentou sorridente:
- “Este é Gregório, nosso responsável pelo Departamento de Comunicações.”
Os habitantes de Aldebaran saudaram-no com especial apreço, talvez antevendo algo que aos
demais não era possível captar. Lunk questionou:
- “Dentro da forma de contagem do tempo terreno, em que ponto estamos?”
- “A Terra registra atualmente o ano de 1970 DC”, informou Hermus.
Flênai, irradiando de forma mais intensa, profetizou com segurança:
- ‘Antes que uma terceira década seja atingida a missão prioritária de Alpha I estará
cumprida.
O materialismo será vencido pela Ciência do Espírito.”
Marcellus oihou-o com surpresa. Subitamente desejou ter a capacidade deles de sondagem
intramente para adivinhar o sentido daquela afirmação.
Hermus, satisfeito com a notícia ouvida, parecia até mais energizado, de forma que se apressou
em conduzir os visitantes ao interior da nave.
Estando todos acomodados, o navegador questionou:
- “Qual a rota, senhor?”
- “Esta missão dirige-se à Terra, Andreye, porém conduza-nos antes ao nosso satélite
de checagem AC2", pediu Marcellus com delicadeza.
O operador da nave digitou os códigos do rumo e, em instantes, a nave silenciosamente se afas-
tava em alta velocidade.
Alçaram vôo na direção da pequena esfera luminosa, que só bem próxima pode ser identificada
como satélite.
Estacionaram e, a convite do dirigente, desceram para apreciar a visão.
Lunk e Flênai, ao darem com a magnitude do cenário que se desvendava mais abaixo, englobando toda
a cidade de Alpha I, e ao fundo o globo terrestre, quedaram-se silenciosos, como se a beleza natural
do universo, de alguma forma, lhes servisse de alimento. Era a tradução da irmanação com o
observado.
VII. Em viagem
Iniciada a viagem, Hermus informou a Marcellus:
• “Os irmãos do setor de equipagem já estão nos esperando.”
- “Excelente,” respondeu o Orientador.
Flênai e Lunk não compreenderam a que se
referira o ex-biólogo, porém registraram a observação de que a nave viajava naquele momento em
sentido vertical descendente.
Subitamente pararam e Marcellus adiantou:
- “Sempre que nos dirigimos à Terra pousamos neste habitat, localizado abaixo de Alpha I, o
que significa ser área mais aclimatada em relação à Terra. Esta plataforma tem duas finalidades
principais: servir de base para colocação de vestimentas com densidade quando viajamos em direção
à crosta terrestre, e de repouso e retirada das <roupas-guardas> quando voltamos da Terra para
nossa cidade”.
Flênai e Lunk permaneceram atentos, dando a entender que aguardavam maiores explicações.
Gregório adendou:
- “Nossa estrutura, por demais rarefeita em relação à matéria densa da crosta, gera dificul-
dades extras para o nosso acesso e permanência, ou seja, nossa composição vibracional de freqüên-
cia mais elevada não se enquadra nos limites da freqüência da crosta planetária, o que dificulta,
inclusive, nossas comunicações diretas. Além disso temos que atravessar campos de cargas negativas
intensas, o que tornaria a viagem extremamente exaustiva”.
Nesse momento atendentes do posto de equipagem traziam quatro estranhas vestimentas.
- “As roupas-guardas, senhor”, anunciou um deles, dirigindo-se ao Orientador. Este esclareceu
aos visitantes:
- “Sendo a atmosfera de Aldebaran extremamente quintessenciada, certas áreas do planeta
Terra com características de baixa vibração, devido à baixa espiritualidade, seriam para vós outros
intransponíveis e sufocantes. Queiram, por gentileza, vestir esses trajes de abrigo. Quando na
Terra perceberão o porquê da necessidade delas.”
Logo os quatro viajores fizeram-se prontos e a partida do posto de equipagem foi autorizada peio
Orientador.
Cruzando os espaços, a viagem transcorreu em meio a profundo silêncio. Todos mergulhados em
si, fortalecendo o desejo interior de contribuir em tão nobre causa.
Quando a nave se aproximou o suficiente para delinear, à yisão dos passageiros, o vasto conti-
nente, o piloto perguntou:
- “Qual a rota local, senhor?
Marcellus orientou-o:
- “Nossa vinda à Terra, Andreye, obedece a duas intenções: primeiro, familiarizar os nobres
visitantes com relação aos nossos tutelados, isto é, nossos irmãos encarnados; segundo, apresentar
a eles alguns de nossos pesquisadores, atualmente em missão encarnatória na crosta. Rumemos em
direção ao Leste. O impacto os colocará cruamente dentro da realidade terrena”.
À baixa altura a nave passou a deslizar em paralelo ao solo, mostrando bela região, ainda que
deserta. Hermus, observando a rala vegetação dentre cascaihos e rochas, comentou:
- “A vida luta peia evolução, adapta-se ao que se lhe oferece; isto tipifica a natureza que flui
diretamente da Ordem do Universo."
O breve silêncio foi interrompido por Marcellus:
- “Observem abaixo a construção de uma usina nuclear. Esta região chama-se Chernobyl e
abriga dois de nossos cientistas.
Lamentamos que os conhecimentos que trouxeram de nossa esfera astral estejam sendo mal
utilizados pelos líderes governamentais.
Esta usina representa para o mundo não só a coroação de um avanço da Ciência, mas constitui
perigoso brinquedo em mãos de crianças.”
- “Mas o manuseio de processos nucleares, tanto da fusão quanto da fissão, requerem aguçados
conhecimentos, do contrário pode constituir verdadeira ameaça a toda a raça humana”, afirmou
Lunk, denotando certa preocupação.
- “Acaso as autoridades mundiais não estão advertidas do perigo?"
Fixando-o com pesar, Marcellus limitou-se a concisa resposta:
- “Estão”.
Para suavizar o clima gerado, Gregório esclareceu:
- “Nas últimas décadas duas potências governamentais lideram o mundo. Uma, sediada a Oeste,
de nome Estados Unidos, e outra, sediada nesta região do Leste, denominada Rússia. Ambas vêm-se
valendo da Ciência - o que vem gerando grandes progressos em diversos campos - para benefício do
Homem.
Porém, na luta pela supremacia, ambas duelam às cegas, movendo-se na direção da autodefesa e
investindo todo o seu potencial de pesquisadores para esse fim. Importa a cada um superar o outro
e para isso ordenam e exigem produção.
Não importam riscos ou custos. Representam a característica exacerbada da sede de poder.
Nesses tempos de materialismo intenso, onde a noção da existência do espírito não encontra
vaga, hordas de irmãos da obscuridade, que rondam e fazem sintonia com as intenções humanas,
vêem nesses líderes encarnados seu canal aberto de manifestação.
Por conclusão, o Homem genérico que habita o planeta é joguete nas mãos de humanos encarnados
de ambição desmesurada, reforçados pela força brutal das falanges de desencarnados que se afinam
com essas loucuras”.
Hermus complementou as informações:
- “Através de nossas sondas vimos registrando todas as atitudes tomadas por ambos os compe-
tidores. Assim é que constatamos que este país que ora sobrevoamos, a Rússia, aliou-se a pequena
ilha no Oeste, denominada Cuba, tendo transferido para lá poderosíssimos armamentos, todos
apontados para o seu suposto adversário: os Estados Unidos. Este, através de custosa espionagem,
já detectou tal desafio e já providenciou a revanche, num momento de grandes problemas internos,
a começar pelos conflitos raciais”.
Fiênai fixou-o, como se pedisse para prosseguir.
- “E que nos Estados Unidos os brancos não aceitam que seus irmãos, que descendem de outra
raça e têm a coloração da pele negra, possam 72 dividir os mesmos ambientes. Lá, a população
branca, com conivência das autoridades, segrega e agride os negros, humilhando-os a nível de
animais”.
Lunk, algo atônito, questionou:
- “Porém, todos os seres na Terra não se encontram aqui para a evolução, independentemente
de sua aparência?”
Marcellus, novamente, limitou-se a concisa resposta:
- “Sim”.
Lunk, quase confuso, perguntou:
- “De que forma, em meio a esse ilogismo, Alpha I consegue fincar raízes?”
Marcellus informou:
- “Oh sim, temos, na Terra, muitos irmãos que lutam por resgatar a lucidez a esses que se fazem
cegos.
No lado Oeste, junto dos americanos, tínhamos um grande colaborador, que reencarnou
representando nosso grupo dos ecossistemas. Atuou de forma notável, tendo até conseguido
organizar, recentemente, ampla passeata que reuniu mais de cem mil manifestantes e que recebeu o
nome de MARCHA PELA PAZ. O nome desse pacifista, que já se encontra de regresso a Alpha I, é
Martin Luther King, que entrará para a História com a glória de ter alertado o mundo para a
necessidade do equilíbrio e da paz. Grande espírito, reencarnado na raça negra, cumpriu com
galhardia a tarefa que lhe coube. Por sua própria decisão optou por ser assassinado, para que isto
desse ainda mais força à sua luta”.
As feições de Lunk iluminaram-se, mas por pouco tempo.
Em alguns instantes densa nebulosidade encobria o solo, cheia de carga elétrica negativa.
Gregório apressou-se em esclarecer, para que o choque não fosse tão intenso:
- “Nesta região oriental uma grande guerra está deflagrada já há alguns anos. O que
percebemos abaixo é a exalação pesada da região denominada Vietnan".
Marcellus auxiliou:
- “Aqui os pobres habitantes são vítimas dos interesses de outras nações que almejam o domínio
local.
Tudo começou quando os vietnamitas desejaram libertar-se do jugo da nação de quem eram
colônia.
Ao sonhar çom a liberdade complicaram as intenções dos americanos. O governo dos Estados
Unidos decidiu então não permitir a libertação do Vietnan, pois isso prejudicaria seu comércio no
oriente. Mais recentemente, após essa pobre nação haver se dividido em duas facções, norte e sul,
os americanos viram a possibilidade de garantirem para si a chance da 74 penetração na região,
através da aliança que fez junto aos vietnamitas do Sul.
Infelizmente, a progressão dessa luta sem sentido já atingiu milhares de vidas, pois os
bombardeios ocorrem sobre as aldeias e vilas, sobre escolas ou hospitais, sobre qualquer lugar. E a
perda não é só desses pobres habitantes, que nada fizeram a não ser terem nascido nesse solo”.
Gregório, motivado por abordar a contribuição dada pelo seu setor de responsabilidade em Alpha
I, tomou a palavra:
- “Com vistas a aplacar esse fato hediondo, que talvez entre para a História terrena como a
mais cruel ação de um país sobre outro, em Alpha I agilizamos nossa área de comunicações”.
Com leve sorriso de vitória, acrescentou:
- “Vimos atuando junto aos americanos, que recentemente conquistaram a liberdade de
imprensa, e através dessa conquista estamos fazendo saber aos quatro cantos do mundo o que
verdadeiramente ocorre por aqui. Isso tem provocado um verdadeiro levante das demais nações
contra a ação americana sobre o Vietnan.
Hoje seu presidente, Nixon, já se sente de tai forma pressionado que não vê outra saída a não ser
abandonar a região”.
E, após breve pausa, arrematou:
- “No momento irmãos de nossa cidade atuam na Terra, acionando a ONU - Organização das
Nações Unidas, uma unidade com poder suficiente para influir nas decisões do presidente Nixon
para que este retire suas tropas daqui da Indochina. Temos certeza de que conseguiremos essa
vitória".
Na nave a visão que agora se obtinha era dificultada pelas vibrações fortes, turvas e extre-
mamente densas.
Marcellus, já habituado a expedições de amparo àquela região, identificou:
- “Estamos sobre o hospital de campanha de Hanói”, e pediu: “Andreye, paremos por alguns
instantes”, e dirigindo-se aos visitantes, esclareceu:
- “É que nos arredores dos campos de bombardeios as vibrações são menos pesadas, mormente
sobre o hospital aqui abaixo improvisado onde inúmeros irmãos desencarnados prestam auxílio
abnegadamente".
- “São esses irmãos também habitantes de Alpha I?”, perguntou Flênai.
- “Não. Nossa estação responsabiliza-se exclusivamente pelo intercâmbio de estudiosos, irmãos
que, de alguma forma, querem ou podem trazer alguma contribuição a nível de Ciência. Digamos que
somos os encarregados de promover a evolução da Terra, de dar orientação ao seu rumo.
Para os trabalhos de <manutenção>, em todos 76 os níveis, outras esferas de irmãos
desencarnados se fazem responsáveis. Formam um conjunto amplo de diversas cidades espirituais
para diversos fins. Temos aqui nestes sítios, na região do Vietnan, um contingente imenso de irmãos
desencarnados atuando no auxílio aos acidentados, feridos, inutilizados, companheiros esses
procedentes de diferentes sedes espirituais. Aqui unem-se na tarefa sem trégua”, e ponderando por
alguns instantes, concluiu:
- “Inúmeras vezes nós outros necessitamos da colaboração desses especialistas medianeiros,
que atuam com bastante prática em consultas, atendimentos e curas, quando é de nosso desejo ou
necessidade auxiliar algum de nossos representantes ou tutelados.
Assim é bastante freqüente o contato de Alpha I com outras cidades espirituais, já que, por fim,
o objetivo é o mesmo: auxiliar os encarnados”.
Satisfeito com a explanação, mas inquieto com relação ao que visualizava abaixo da nave, Lunk
retomou o assunto:
- “Quer dizer então que por motivo de origem ECONÔMICA um país, alheio a este povo,
infiltrou- se nessa guerra, transformando essa região em campo infernal”?
- “Sim”, respondeu Marcellus pesaroso. “O materialismo desmesurado que toma conta do
raciocínio do rico país americano o faz ignorar a profundidade da descida a que estão se submetendo.
Porém, por lei de retomo, não ficarão impunes, infelizmente pagarão por essa irresponsabilidade,
vendo seus filhos sofrerem o que eles plantaram. O sonho americano de riqueza, glória e poder não
durará muito, e os milhares de jovens soldados que foram obrigados a deixar suas famílias, seus
estudos, quando retornarem serão o quadro vivo do erro cometido: mutilados, loucos, drogados".
Refletindo, prosseguiu:
- ‘Isso é apenas parte do saldo dessa brincadeira de irresponsáveis. A morte dos jovens
americanos é apenas parcela. Apesar do empenho de irmãos de nosso plano na tentativa de auxílio ou
recuperação desses soldados, quase mai saídos da adolescência, mais de quarenta mil deles já
pereceram nesses campos. E os que retornarem jamais conseguirão ser humanos normais. A droga,
de nome heroína, é para eles o único alívio e por isso é amplamente patrocinada pelo seu próprio
governo, criando, assim, um irreparável débito: toda uma geração de desequilibrados”.
Com pesar no semblante, continuou:
- “Como outro retorno inevitável, os jovens que regressarem levarão com eles a dependência da
droga e disseminarão esse hábito em sua região de origem. Em futuro breve os Estados Unidos se
debaterão com mais esse problema interno.
Os americanos hão de se envergonhar da destruição que causaram neste lado do mundo, através
dos quadros de horror a que serão submetidos a ver diariamente nos próximos anos, quer seja por
ter que conviver com os aleijados, com os dementados, ou com os drogados*.
Calaram-se por alguns instantes, até que Lunk concluiu:
- “Isso atrasa em muitos anos qualquer avanço em benefício do homem”.
- “Sim, pois os investimentos feitos no setor bélico são e serão, por muito tempo, a preocupação
básica dos dois governos. E bem verdade que essa corrida, essa competição, traz alguns parcos
frutos bons, pois muitos de nossos irmãos de Alpha I, encarnados, tentam prosseguir nas tarefas
que lhes cabem. Nesse sentido podemos observar que há três anos a Rússia colocou no espaço uma
nave que chegou a Vénus! Esse planeta está a trezentos e vinte milhões de quilômetros da Terra - foi
uma grande conquista; em contrapartida os americanos no ano passado levaram o homem à Lua”,
esclareceu Hermus.
☆ ☆ ☆ ☆ A ☆ TJT
A conversação foi entrecortada subitamente.
Na região imediatamente abaixo ouvia-se a intercessão de socorro.
Passageiros e tripulantes da nave puseram-se à escuta.
Logo detectaram a mensagem enviada por uma equipe de irmãos desencarnados, trabalhadores do
hospital abaixo da nave, que mentalizavam sua esfera de origem a pedir reforço.
Informavam, na mensagem, que violento ataque de sul-vietnamitas/americanos atingira pequena
vila rural de civis. Haviam chegado ao hospital seis crianças e dezessete adultos, atingidos por
granadas. A luta pelo auxílio já se iniciara, mas necessitavam de reforço premente, e que enviassem,
também, veículo de transporte para os que fatalmente não resistiriam e teriam que ser conduzidos
às esferas espirituais mais distantes, já que as das proximidades já estavam superlotadas, tal o
número de mortos nas últimas vinte e quatro horas.
- “Nós vamos descer", afirmou Flênai, surpreendendo a todos e enchendo de satisfação os
companheiros de bordo.
O transporte ao solo foi imediato. Ao surgirem diante da equipe espiritual que ainda concluía o
chamado de auxílio foram recebidos como uma bênção dos céus.
Flênai tomou o comando e solicitou informes sobre os feridos recém-chegados. Rumou
imediatamente para eles, seguido por Lunk; os irmãos desencarnados limitaram-se a dar-lhes
passagem. Iriam ver o que não poderiam imaginar.
Concentrando-se sobre as pernas de uma menina que gemia desesperadamente pôde-se ver que
os estilhaços da granada desapareceram, desmaterializaram-se, os cortes fecharam-se e a
pobrezinha, sob poderosa atuação de fluidos anestésicos, adormecia. Ao acordar estaria com-
pletamente sã.
Os dedicados trabalhadores desencarnados daquele posto de serviço viram rolar sobre suas
faces as lágrimas de agradecimento.
Lunk, junto de um velho aldeão cujo pé direito fora decepado, em estado lastimável de
resistência pela perda de sangue, fixou por muitos segundos a região atingida, voltou-se para a parte
superior da cabeça do ancião, que se contorcia de dor, e mentalizando que o duplo etérico do pé
fosse reconstituído pela própria vontade do velhinho, conseguiu em alguns minutos ver as células do
tornozelo multiplicarem-se rapidamente e dar forma a um pé que, se não perfeito, ao menos lhe
serviria de apoio, garantindo a cessação da hemorragia. E a dor estava vencida.
Um médico da Cruz Vermelha, humano de alto padrão moral, fora informado sobre os novos
feridos e sendo o plantonista pôs-se rapidamente em ação.
Tomou a folha de anotações com o registro dos enfermos. Localizou a informação de entrada de
um idoso, identificado apenas como sendo <paciente de alto risco>, por perda de membro inferior e
intensa hemorragia.
Não havendo encontrado ninguém com tais especificações, riscou-o simplesmente, admitindo que
o engano fora causado por excesso de trabalho.
Correu com o dedo a lista de chegada à procura dos casos graves.
- “Ah... esta aqui”, balbuciou para si. Percorrendo com os olhos o salão repleto de macas,
exclamou baixinho: - “Oh céusl onde estará?"
Passou a caminhar entre os que gemiam, rogavam auxílio ou aguardavam medicação.
Nesse curto período de tempo Flênai já se encontrava ao lado da gestante que, agora, o médico
humano tentava focalizar.
O caso era gravíssimo; além de encontrar-se em gravidez avançada a jovem, com não mais de
vinte anos, trazia a nuca entumecida e com vários cortes.
Flênai auscultou-a:
- “Pulsação lenta demais, sudorese, estado de inconsciência, pressão arterial baixando”.
Colocando-lhe a destra sobre a fronte descorada captou em sua tela mental os últimos acon-
tecimentos: viu-a correndo para fora de um barraco onde se abrigara, quando se iniciou o
bombardeio na região; tendo percebido que uma bomba cairia a poucos metros de onde se protegera
arrancou em corrida desesperada, tentando abrigar o ventre, dando as costas aos estilhaços, farpas
e tudo quanto voou pelos ares com a explosão.
Fora atingida na região da coluna dorsal por largo pedaço do barraco que minutos antes lhe
servira de proteção.
Flênai cessou as investigações, pois a situação urgia providências e já conhecia o suficiente da
origem do problema.
Passou a outras investigações: o bebê estava vivo. íntegro. Apenas em estado traumático. Ins-
pecionou a coluna da jovem: duas lesões.
Lunk, que acompanhava mentalmente as perquirições do amigo, informou a Marcellus e aos demais
companheiros que, à retaguarda, ansiavam por notícias:
- “A jovem traz a coluna vertebral fraturada em dois pontos”.
Marcellus viu seus olhos umedecerem, pois a conclusão do diagnóstico apontava para o
<irreversível>: a moça jamais voltaria a andar, tetraplégica... ficaria inerte numa cama para sempre.
Flênai, absorto em sua tarefa e alheio ao que ocorria ao redor, pediu:
- “Como nós outros tivemos nosso desenvolvimento fora do seu sistema solar e jamais habi-
tamos um corpo humano, necessitamos da intermediação de algum de vocês para manobrar o médico
encarnado que, sob nosso domínio, prestará o atendimento material de que necessitamos para salvar
o bebê*.
Hermus ofereceu-se.
Só depois de ter-se aproximado da maca é que se dera conta de que não sabia, em verdade, como
proceder para <incorporar> no médico. Jamais vivenciara uma atuação mediúnica. Decidiu ignorar tal
fato, realinhando a mente para o serviço a ser executado, e fez-se pronto para obedecer aos
comandos.
Gregório, por outro lado, dominava o assunto <comunicações>, de forma que ambos se uniram para
o auxílio. Instruiu:
- “Enquanto eu magnetizo o médico, você procurará encaixar-se ao seu centro áurico superior,
assumindo-lhe os comandos mecânicos das mãos”, e dirigindo-se aos irmãos mais afastados, pediu:
- ‘Auxiliem-me no reforço da magnetização. Nosso irmão está visivelmente cansado e isso nos
facilitará na tarefa de desprendê-lo do corpo físico; porém, trata-se de profissional devotado,
cônscio de seus deveres e poderá relutar em ceder as forças. Concentremo-nos todos para que ele,
sob nossa forte ação magnética, liberte seu corpo a fim de que Hermus lhe assuma os comandos
físicos”.
A ação de ordem foi imediatamente obedecida e o médico encarnado que, ainda às tontas, tentava
fazer um diagnóstico da jovem, vira-se subitamente perdendo as forças por profunda prostração.
Ainda obrigou-se mentalmente a reagir, mentalizando que <aquela não era hora de descansai, mas
lentamente sentiu-se como que desfalecendo e pouco a pouco seu veículo astral fora se fazendo
liberto.
Em alguns segundos o duplo do Dr. Johnson estava fora do corpo.
Pasmo, confuso e amedrontado. Tinha sua consciência conturbada. Avistava uns “anjos” de
feições sublimes. Chegou a concluir que morrera, la mesmo se convencendo disso caso não olhasse
para baixo e visse a si próprio atuando sobre uma enferma com uma habilidade que jamais tivera.
Gregório, sorrindo, explicou:
- “Necessitamos de seu veículo físico para salvar o bebê e, se for possível, a mãe condenada.
Repouse seu espírito fatigado por esse trabalho exaustivo que aqui realiza com tanta dedicação e
aceite nosso auxílio em benefício dessas duas vidas; permita que nossos irmãos possam valer- se de
seu corpo físico nessa nobre missão, que também é sua”.
Dr. Johnson, sem dizer palavra, mal podia crer no que via e ouvia.
Mas, que importava? Sentia-se bem, como talvez jamais se sentira.
Sempre crera na existência de um Deus-Pai que não abandona seus filhos, e vivendo em meio
àquele inferno terreno apegara-se ainda mais aos seus conceitos de católico que era.
Relaxou seu espírito, amparado por Gregório, que o conduziu até à nave que estacionada alguns
metros acima do hospital de campanha consistia em reduto totalmente impermeável às pesadas
vibrações da área.
&&&&&&&
Hermus, triplicando seus esforços para dominar o corpo denso dp médico, notou subitamente que
sua mente se iluminara. Percebeu, então, que Lunk atrás de si atuava sobre sua consciência para que
ele, Hermus, atuasse nos comandos físicos do médico encarnado.
Flênai, que assumira o comando geral, constatou que necessitavam de mais auxílio físico.
Perpassou seus sensores pelo alojamento e localizou uma enfermeira com aptidões para o serviço.
Atuando de consciência para consciência, fez com que Hermus articulasse a boca do médico, que
chamou imperativo:
- “Christiane, aproxime-se. Vamos fazer este parto."
A moça, surpresa, sem conhecimento do que ocorria, ainda comentou:
- “Finalmente doutor! finalmente aprendeu meu nome!”
Indiferente ao comentário, totalmente concentrado na urgência não pressentida pela
enfermeira, Dr. Johnson/Hermus ordenou:
-“Prepare-a e traga os instrumentos".
A moça agilmente obedeceu, já começando a sentir-se envolvida pela influência dos irmãos
desencarnados, que passaram a atuar também sobre ela.
Com rapidez bem maior do que a habitual, Christiane agilizou o rudimentar material disponível.
-“Tudo pronto, doutor!”
Hermus, sobrepondo suas mãos sobre as mãos físicas do Dr. Johnson, fizera-se à disposição de
Link que por detrás orientava os comandos.
Eram três mentes imersas num só propósito. Estavam fundidos no auxílio à jovem, cuja vida agora
dependia da agilidade daquelas mãos.
Christiane, percebendo que o médico ia dar início às incisões, perguntou de olhos arregalados:
-“Mas... mas doutor! não vamos anestesiá-la?”
Dr. Johnson/Hermus/Lunk não lhe respondeu.
Já havia feito o corte na região ventral, de
onde, para surpresa da enfermeira, não verteu sequer uma gota de sangue.
Flênai, à cabeceira, dominava todos os comandos vegetativos da jovem mãe para que ela não
desencarnasse durante a cirurgia.
Controlava-lhe as pulsações, temperatura, pressão, dor e movimentos.
A operação foi rápida.
Logo, um menino se fazia suspenso pelos pezinhos nas mãos do Dr. Johnson, para júbilo de todos,
enquanto Hermus conduzia o médico, caminhando alguns passos sem a habilidade que lhe era natural,
para depositar o recém-nascido na bacia improvisada. Flênai fixou a região do corte e desprendendo
raios de altíssima frequência fê- lo cerrar-se sem deixar nenhum vestígio.
Christiane, atônita e muda, então ouviu:
- ‘Não fique aí parada, menina, faça a sua parte!”, ao que ela obedeceu prontamente.
Lunk e Flênai trocaram informações mentalmente - o que não se tornou acessível aos demais
companheiros.
Hermus afastou-se ligeiramente do corpo do Dr. Johnson, ao qual estava acoplado pela incorpo-
ração mediúnica, e perguntou a Flênai se o trabalho estava concluído.
- ‘Não, necessitamos do médico terreno para nos servir de < alavanca». Faça-o virar a jovem de
bruços.”
Hermus ajeitou-se novamente sobre o corpo denso do médico e ordenou:
- ‘Christiane, ajude-me a virá-la!”
- ‘Mas, doutor, ela acabou de fazer uma cirurgia cesariana!”
- “Viremo-la!”, insistiu, alheio ao comentário da moça, a quem só restou obedecer.
Com a moça já em decúbito ventral Dr. Johnson/Hermus afastou-se, dando espaço a Flênai, que
passou a fazer a inspeção por via mental, observando a configuração de cada vértebra, de cada
fibra, de cada célula.
Rapidamente diagnosticou:
- ‘Trinca com possibilidade de desligamento ósseo nas vértebras lombar e dorsal”.
Marcellus, que aguardava com expectativa, imediatamente viu suas esperanças empalidecerem.
Sabia que aquele diagnóstico era sinônimo de que <a jovem se tornaria tetraplégica para sempre>, ou
seja, incapaz de andar, movimentar braços ou fazer qualquer outro movimento físico. Se
sobrevivesse, ficaria numa cama. Em meio a tais conjecturas, de repente sentiu suas esperanças
reavivarem. Acabava de ouvir:
r:_- ‘Lunk, assuma-lhe os comandos vitais”, pediu Flênai.
O que se viu a seguir foi que, em profunda concentração, Flênai materializou duas agulhas
douradas, que foram delicadamente implantadas nas regiões lesadas. Fixando então forte
mentalização sobre ambas as pontas percebeu- se que serviam para canalizar a energia que Fiênai
emitia ao ponto fraturado.
Lunk, percebendo que os amigos não compreendiam o que se passava, esclareceu:
- ‘Com essas agulhas materializadas no plano físico, reforçamos o poder de fixação das energias
sutis que nessa área de carga elétrica predominantemente negativa poderiam sofrer evasão; através
de energia altamente potencializada estamos fazendo a micror- reconstituição das células nervosas,
e, a seguir, faremos a microfusão das células ósseas, com base no modelo do duplo etérico das
vértebras rompidas.”
Marcellus lembrou-se da reconstituição do pé decepado do velhinho e observou o quanto esse
conhecimento faz falta à medicina terrena; mais uma razão para premir o aporte das provas
científiças da sobrevivência do espírito e da eternidade de sua individualidade - como esperança de
que o Homem inicie pesquisas sobre esse duplo do corpo, graças ao qual Fiênai agora tentava a cura.
Alguns segundos de ansiedade ainda pairaram no ar até que o trabalho foi dado por concluído, com
a informação:
- “Totalmente reconstituídos: neurônios reativados e vértebras integralizadas."
Marcellus, que a tudo assistia com o coração ansioso, ergueu os olhos para o alto e orou sob a
comoção de todos:
- “Pai Celestial,
agradecemos a bênção da oportunidade do trabalho que nos incumbiste... sabemo-nos meros
instrumentos de Tua Paz
e simples aprendizes de Tua Sabedoria.
Ambicionamos nos seja concedido realizar o que é de Teu desejo.
Em nome dos nossos irmãos encarnados, que pela Tua Bondade
receberam o auxílio da cura e a chance de prosseguir na experiência carnal,
Te agradecemos, ansiando por mais servir-Te.”
Esse momento de congraçamento só foi interrompido pela chegada da equipe de reforço,
solicitada pelos desencarnados efetivos daquele posto de assistência, trazendo os veículos de
transporte para os que desencarnariam. No entanto, atônitos, só constataram o júbilo que reinava no
ambiente.
Os casos graves foram vencidos. E não mais haveria desencarnes.
Gregório, autorizado que fora, trouxe o espírito do Dr. Johnson e já providenciava o seu retorno
ao corpo físico, enquanto Hermus se afastava cuidadosamente.
Christiane, com o bebê nos braços, já protegido pelos parcos panos disponíveis, disse para o
médico, embalando a criança com especial ternura:
"E o primeiro bebê nascido neste hospital! E tudo devemos ao senhorl Ninguém aqui tinha
esperança de que a mãe aguentaria, pois chegou desacordada e até parecia ter fraturado a medula!
No entanto, graças ao senhor...”
Dr. Johnson, que se mantivera totalmente inconsciente durante toda a operação, fixou a
enfermeira, o bebê e a mãe.
Um sorriso esboçou-se em seus lábios, enquanto lágrimas turvavam-lhe os olhos.
XIII. Em Jaipur
Em breves instantes a nave cruzara o Atlântico, o norte da África, ingressava agora no
continente asiático, rumo à índia.
Cruzaram algumas cidades extremamente populosas, o que causou surpresa a Flênai:
- “Constato que esta região é populacionalmente mais densa, mas apesar disso a massa
vibratória não é tão pesada quanto a que sentimos na cidade de São Paulo, de onde partimos há
pouco.”
Marcellus elucidou:
- “Ambas as observações são corretas. A população da índia é, numericamente, extremamente
superior e ainda assim respira-se o ar da paz. O bem-estar vibra na atmosfera. Isto ocorre porque
toda a vida dos indianos é regida por seus princípios religiosos. Aqui, o aborto é condenado, e a
aceitação da prole numerosa é considerada uma bênção divina: vêem-se na posição de servidores do
Altíssimo, na medida em que servem de canalizadores para que outros irmãos da esfera espiritual
encarnem na Terra. E, devido a isto, por terem que repartir aquilo que já está partilhado, vêem-se
com muito pouco, em termos de posses materiais. Porém, sua doutrina lhes ensina que a vida é
transitória, que os bens materiais existem para serem UTILIZADOS e não para serem
ACUMULADOS.*
Lunk, com ar de aprovação, avaliou:
- “É deveras interessante a filosofia dos indianos.”
- “Em verdade”, informou Marcellus, ‘ela tem raízes remotíssimas, nos antiquíssimos
textos hindus, que datam de 1.500 anos AC, denominados Vedas, que já citavam a reencarnação como
meio obrigatório para o aperfeiçoamento da alma nas sucessivas vidas. Tais idéias sobreviveram
porque, crendo nessas leis naturais, os indianos rumaram por caminho oposto ao trilhado pelas
nações que seguiram na direção do materialismo, que hoje constitui a maior ameaça ao planeta. Eis
por que as vibrações locais são tão leves.”
Flênai, percebendo que a nave estacionara, inquiriu:
- ‘Nesta região, não poderíamos descer sem as roupas-guardas?”
Marcellus pediu informes ao piloto:
- “Andreye, dê-nos a posição das vibrações da crosta, por favor.”
O piloto consultou a aparelhagem do painel e digitou no teclado do computador de bordo, ao que
recebeu imediata resposta. Leu-a:
- “Vibrações rarefeitas, percentagem de 2T sobre 25. Local Jaipur, referência 3 metros
sobre o solo, senhor”.
- “Excelente!”, festejou Marcellus. “Poderemos descer sem a equipagem de proteção".
Pôde-se constatar certa aprovação nos semblantes de Flênai e Lunk que, por fim, sentiríam o ar
terreno. Fato tornado possível graças à forma de ver e sentir o mundo, daquele povo sofrido, que do
charco da miséria faz lembrar o símbolo de sua própria filosofia: a flor do lótus.
Enquanto Marcellus embebia-se na felicidade de saber desse ponto de luz sobre a Terra, Hermus
pensava, por sua vez, como é triste admitir a necessidade da proteção sempre que visitam a Terra...
e que são poucas as regiões onde o Homem não tem que temer o próprio Homem.
Ao tocarem o solo, Flênai estacou diante do antigo prédio da Universidade de Rajasthan, to-
talmente absorto. Seu companheiro, Lunk, penetrou-lhe a mente e ambos partilharam pensamentos
insondáveis para os demais.
Marcellus, não pretendendo invadir a privacidade dos ilustres visitantes, tomou a dianteira em
busca do Prof. Banerjee, enquanto o grupo permaneceu nos jardins.
Tendo já visitado, inúmeras vezes, seu amigo reencarnado, o dirigente da Estação Alpha I sabia
exatamente onde trabalhava o professor.
Chegando à sua sala encontrou-a vazia a nível físico. Apenas um irmão desencarnado, de elevada
estirpe moral, guardava a sala. Com a entrada do eminente dirigente imediatamente a entidade
dirigiu-lhe respeitosos cumprimentos:
- ‘Senhor! que agradável surpresa vê-lo em nossos sítios de estudos! Acaso posso ser-lhe
útil em algo?”
Marcellus, declinando da reverência, pediu informações:
- “Rajay, venho em busca de seu protegido, o professor Hemendra Banerjee. Pensei poder
encontrá-lo aqui.”
Com doce sorriso,' como quem conta boas novas, Rajay esclareceu:
- “Nosso irmão viajou para a Europa ontem. Participará do <V Congresso Internacional de
Medicina Psicossomática e Hipnose>, e foi convidado com muitas honrarias. Será o primeiro
expositor, isto é, fará a abertura dos trabalhos; estamos cumprindo nossa tarefa, senhor.”
Marcellus, sorridente, confirmou:
- “Por este motivo confiamos nosso Banerjee a vossas mãos! e nas de Gutara também)
Onde está nossa irmã?”
- “Acompanhou nosso palestrante até a Europa. Ela dará a necessária cobertura vibratória
para que nosso representante se saia bem nas palestras que fará, enquanto eu permaneci aqui para
guardar nosso espaço.”
- “Excelente! E onde ocorrerá o Congresso?”
- “Na cidade de Mainz, na Universidade de Gutemberg, Alemanha Ocidental, senhor”.
Marcellus, agradecido, retirou-se.
Ao reencontrar sua comitiva expôs sobre a localização do professor e opinou favoravelmente pela
viagem à Europa, buscando a oportunidade de ver e ouvir Banerjee em seu trabalho ativo de
divulgação.
Com a concordância de todos a nave seguiu rumo ao norte.
Em velocidade sônica, os minutos que ligaram os dois pontos geográficos passaram céleres. Logo a
nave sovrevoava a Europa e Marcellus solicitou ao piloto:
- “Andreye, localize no mapa eletrônico a Universidade de Gutemberg, por favor.”
Com habilidade o comandante da nave digitou no painel o nome do local e no monitor de vídeo uma
seqüência de imagens apontava para o rumo a ser seguido. Andrey transferiu os comandos para o
controle termo-sensível e aguardou que a nave se aproximasse do local apontado.
Em breves segundos estacionaram.
' - “Dê-nos a hora local, Andreye."
- “São 6 horas, 34 minutos e 27 segundos, senhor".
- ‘Ligue a sonda espectrográfica sobre a Universidade e localize o auditório.”
Os viajantes mantiveram-se atentos ao painel de captação de imagem, enquanto o piloto varria
com a sonda as diversas salas do edifício.
- “Ei-lo, senhor”.
• “Bem, apenas amanhece. Busquemos nosso Banerjee em algum hotel das proximidades".
Hermus, no intento de colaborar, sugeriu:
- “Podemos nos valer da «transferência de dados>. Dê-me o «quadro sensível», Andreye,
eu tentarei transmitir a imagem”.
O piloto passou às mãos do biólogo pequena caixa, semelhante a uma máquina fotográfica.
Hermus, colocando-a à altura da fronte, cerrou os olhos e entrou em profunda concentração. Ao
findar a operação pressionou pequeno botão do aparelho, que expeliu uma imagem impressa numa
película algo parecida com uma fotografia.
Marcellus avaliou-a, sorrindo:
- “Ahn, seu pensamento reproduziu nosso professor razoavelmente,” e entregando-a ao
piloto, solicitou:
- ‘Coloque-a no decodificador, por gentileza, Andreye."
O piloto tomou a “foto-pensamento” e a introduziu no painel.
Automaticamente a tela que emitia visão geral da cidade passou a ser varrida pessoa a pessoa,
com incrível rapidez, até que em certo momento a imagem travou. Era Banerjee localizado. Dormia
ainda.
Identificado o endereço, seguiram até lá.
Durante o percurso Marcellus pediu que a sonda verificasse o estado geral do visitado.
Andreye, utilizando-se dos avançados equipamentos da nave, interpretou:
- ‘Estado físico harmonioso. Apenas esgotamento do sistema nervoso, ao nível de 12%.
Pensamento a bom nível, de 1 por 8, estado de relaxação. Captamos pequena tensão nos músculos
junto da coluna vertebral, o que lhe provocará ligeira dor de cabeça ao despertar”.
A nave estacionara e todos se prepararam para descer, desta vez protegidos pelas
roupas-guardas.
XIV. Novos rumos
No quarto do hotel familiar, o corpo físico do professor descansava, enquanto o fiuídico cordão
de prata a estender-se a partir da nuca indicava que seu espírito se ausentara.
Marcellus aproximou-se do leito e com o espalmar da destra fez uma sondagem na glândula timo.
Ainda que a medicina terrena não lhe atribua o valor inerente, o plano espiritual elevado define- a
como <o ponto de equilíbrk», ou seja, através dela pode-se avaliar a harmonia, ou não, do todo
orgânico.
- “Hermus, sabe com quantos anos conta hoje na Terra o nosso irmão?”, perguntou o dirigente,
referindo-se ao Prof. Banerjee.
- “Bem, ele partiu de Alpha I em 1928, tendo vindo à luz na Terra em 1929. Hoje conta,
portanto, com 41 anos.
- “Você tem informes da programação de vida dele?”
- “Sim, este assunto foi debatido por nossos especialistas do departamento de bioengenharia,
recentemente, em reunião da qual participei. Nosso Banerjee teve seu MOB-Modelo Organizador
Biológico planejado para dar vida ao seu corpo terreno durante 46-47 anos. No entanto, por falta de
quem prossiga com firmeza o que ele amealhou, o plano superior rogou a ele a extensão da
permanência. Assim, ele ficará encarnado pelo menos mais dez anos. De acordo com o novo plano, ele
deverá desencarnar por volta de 1986, sem nenhum sofrimento físico - simplesmente a obstrução de
uma artéria, que provocará rápido ataque cardíaco.”
- ‘Acertada providência. Ele vem desenvolvendo excelente trabalho e o planeta necessita dele
aqui.”
Nesse ínterim, o espírito do professor retornava para acoplar-se ao corpo e despertar. Vinha
acompanhado de belíssima entidade espiritual, nimbada de luz sulferina. Surpresa da presença dos
visitantes, Gutara ajoelhou-se aos pés de Marcellus, rogando sua bênção:
- “Mestre!”
O dirigente de Alpha I ergue-a afetuoso, fazendo-a, modestamente, dispensar as reverências.
Gutara, em tom jubiloso, informou:
- ‘Acabamos de retornar de Alpha I. Meu tutelado atualmente freqüenta o nível 5aB do grupo
dos <cientistas encarnados>.
Marcellus sorriu com a notícia e apresentou a linda moça:
- “Esta é Gutara. Quando do reencarne do professor, ela foi apontada para ser sua mentora no
plano terrestre”, e abraçando-a patemalmente, informou: ‘indicação essa muito acertada, haja visto
a trilha impecável que segue nosso professor!”
Baixando os olhos úmidos, pela felicidade do trabalho reconhecido, Gutara achegou-se para junto
de seu protegido. Sabia ela que Banerjee, na sua condição de encarnado, mesmo liberto do corpo
físico pelo sono, como agora se encontrava, não divisava exatamente a presença da comitiva. A
mentora tocou levemente a fronte do professor para ampliar-lhe as faculdades da visão e subi-
tamente ele pôde identificar Marcellus, o amigo que não via há muitos anos, já que em suas
freqüentes visitas o dirigente de Alpha I nunca se fazia pressentir.
Abraçou-o saudoso e comovido; com a voz embargada comentou sensibilizado:
- “Ah, meu irmão querido, como tenho sofrido neste plano material; quanto sofrimento grassa
por esta Terra. Devoto-me o quanto posso aos nossos propósitos, porém não sei se os cumpro a
contento”, falou com humildade o professor.
Marcellus abraçou-o com ternura, dizendo:
- “Estamos imensamente orgulhosos de você. Tanto que hoje trazemos dois amigos interessados
em conhecê-lo, bem como ao trabalho a que você se dedica com especial esforço.”
Gutara ampliou-lhe ainda mais a percepção, possibilitando que divisasse os contornos de Lunk e
Flênai. O professor estacou: percebera que não se tratavam de seres de evolução terrena.
Confuso, tentava debalde analisar o que se passava. Atordoado, não identificava mais onde se
encontrava. Gutara, percebendo o inconveniente da ampliação excessiva da sua capacidade visual,
apressou-se em recolocá-lo de volta no corpo físico. Era melhor que ele despertasse.
Lunk perguntou à mentora:
- “Ao acordar, lembrar-se-á de nos ter visto?"
- ‘Com certeza não. Em primeiro lugar, sua visão foi rápida, não lhe permitindo tempo para fixar
nenhum detalhe; em segundo, o cérebro humano não possui possibilidades de registrar o que não tem
elementos comparativos.”
De fato, aos poucos o professor retomou a consciência e abriu os olhos. No quarto solitário
sentia-se algo eufórico, um misto de sensações que jamais tivera. Teve um lampejo de recordar que
sonhara com um velho amigo, mas não se recordava de sua face.
- “Ah, que bobagem! foi só um sonho”, e rindo- se observou que o relógio já lhe apontava horas
de saltar da cama.
Enquanto Banerjee, alheio à comitiva de amigos, cumpria o -ritual de higiene matinal, o grupo
continuava a conversação:
- “Gutara, sobre o que falará seu tutelado no congresso de hoje?”, perguntou Gregório.
- “Inicialmente falará sobre o tema <REENCAR- NAÇÃO, UMA REALIDADE CIENTÍFICA>, e,
a seguir, exemplificará com o curioso caso do menino Gopal.”
- “E que tipo de platéia terá ele?"
- “Sei que foram convidados pesquisadores de todo o mundo. Claro que, dentre eles, teremos os
<ACESSÍVEIS> que, diante das provas irrefutáveis, se afeiçoarão à idéia, e os <INACESSÍVEIS>,
que já vêm predispostos a negar qualquer evidência. Os céticos constituirão o problema de sempre”,
informou Gutara sorridente.
Gregório, rindo-se, lembrou-se do caso vivido por Flammarion (19), que certo dia, numa sessão da
Academia de Ciência, passou por um fato deveras hilariante. Contou:
- “O físico, Dr. Du Moncel, apresentou o fonógrafo de Edison à douta assembléia.
Feita a apresentação, pôs-se o aparelho docilmente a recitar a frase registrada em seu respec-
tivo cilindro. Viu-se, então, um acadêmico de idade madura, de espírito compenetrado,
representante perfeito das tradições da cultura clássica, nobremente revoltar-se contra a
<audácia> do inovador, precipitando-se sobre Du Moncel e agarrá-lo pelo pescoço, gritando :
<Miserável! nós não seremos ludibriados por um ventríloquo!>
Isto foi a 11 de março de 1878. E mais curioso ainda é que, seis meses após, a 30 de setembro, em
uma sessão análoga, sentiu-se o agressor muito satisfeito em declarar que <após maduro exame, não
constatara no caso nada mais do que simples ventriloquia, mesmo porque não se pode admitir que um
vil metal possa substituir o nobre aparelho da fonação humana!> Segundo esse acadêmico, o
fonógrafo não era mais do que uma cilusão de acústica>".
Todos riram e a conversação prosseguiu até que o professor, algo tenso e com ligeira dor de
cabeça, deixou o quarto.
Nesse momento os visitantes de Aldebaran confabularam mentalmente e, por fim, pediram:
- “Interessa-nos, sobremaneira, conhecer os demais cientistas que estarão presentes a esse
congresso. Nós outros fomos chamados a vir de nossa longínqua constelação com o fito de trazermos
uma solução. Temos algo em mente. Para isso necessitamos iniciar contactos com a comunidade
científica encarnada e percebemos ser esta a oportunidade ideal.“
Marcellus, exultante com a notícia, propôs então que seguissem imediatamente para o auditório,
reencontrando, depois, Gutara e o professor.
Por ser pequena a distância entre o hotel e a Universidade, optaram por usar a volitação.
No percurso Lunk e Flênai permaneceram em comunhão de pensamento, já que, visualmente, um
anel de luz unia ambas as cúpulas mentais.
Hermus, intrigado, perguntava a si próprio: <Qual seria a razão daquele anel? Que estariam eles
planejando?>, mas nenhuma pista lhe ocorreu.
Ao chegar ao auditório do congresso a comitiva postou-se à entrada.
Marcellus, fixando os primeiros congressitas que chegavam, lembrou-se que, considerando sua
decisão de reencarnar na Terra, dentro de uns trinta anos ele seria colega desses que agora sequer
o percebiam. <lrei reencontrar, ainda que envelhecidos, muitos desses irmãos - eu, distante da
condição que hoje envergo, estarei então dentro das amarras da carne>.
Subitamente seu semblante nimbou-se de tom acinzentado, revelando seu pesar, porém concen-
trou-se na importância de tal experiência e o cinza rapidamente transmutou-se em luz prata
radiante.
Flênai, que lhe captara os pensamentos, adiantou:
- “Você não reencarnará na Terra. Temos outra proposta, uma solução bem mais forte, e cremos
que se pudermos contar com alguns desses congressitas que hoje conheceremos, ao invés de você
descer à Terra, tão logo todos nós, em conjunto, tenhamos implantado nosso projeto, subiremos para
Aldebaran. Você virá conosco. Uma promoção deveras merecida.”
Marcellus, confuso entre a felicidade de saber de uma proposta para solucionar o problema da
Terra e o embaraço de abandonar seu posto e responsabilidades em Alpha I, permaneceu estático,
ensaiando um sorriso.
Lunk, sondando-o, asseverou:
- “Marcellus, você já cumpriu seu trabalho. Dirigiu aquela estação estelar durante mais de
duzentos e cinquenta anos. Lutou pelo progresso científico do planeta e trouxe para ele, através de
seus aprendizes, o que há de mais avançado em termos de tecnologia. Quando a Bondade Divina o
orientou na direção da busca de nosso auxílio em Aldebaran, já se lhe abriam as portas para a
ascensão individual. A meta de todos os Espíritos, quer os de evolução terrena, como você, quer os de
qualquer astro no universo, será sempre o progresso. Essa é a lei. Quando iniciamos contato com
Alpha I, uma nova era se iniciava em sua história, assim como para a Terra. Já é hora de passar a
direção da estação de estudos às mãos de outro Espirito. E você, pelos merecimentos conquistados,
seguirá conosco rumo à evolução que, aqui, tem pouco campo para expandir-se.” Marcellus cerrou os
olhos e, elevando sua mente até o Altíssimo, reconheceu que seus esforços de duzentos e cinquenta
anos valiam, valiam sim aqueles inesquecíveis segundos. Baixando a fronte, agradeceu:
- ‘Sim, sim, eu seguirei para Aldebaran se esse é o desejo de meu Criador. ESTOU e SOU para
servi-LO.”
Gregório e Hermus abraçaram, felizes, o grande dirigente, e todos congraçados captaram que o
anel luminoso, que unia Fiênai e Lunk, agora abraçava igualmente a cúpula mental de Marceilus.
À entrada do auditório a comitiva analisava os congressistas que se aproximavam.
A maioria deles vinha acompanhada de elevadas entidades, o que denotava o nível evolutivo
desses encarnados.
- “Muitos deles procedem de nossa cidade”, elucidou Gregório aos visitantes de Aldebaran. E
dirigindo-se a Hermus, apontou:
- “Veja quem vem lá.”
Todos sorriram ao rever o colega que hoje habita o planeta sob o nome de George Meek (20).
Marceilus esclareceu:
- “Esse é um grande amigo. Nascido nos Estados Unidos, graduou-se como engenheiro, e
procede de nossa estrela. Veio à Terra com a missão de pesquisar e divulgar os fenômenos
paranormais, e o faz com determinação. Eis por que se encontra aqui hoje. O nosso querido Meek
tenta estar sempre a par de todas as pesquisas, dentro do tema que lhe compete desenvolver na
Terra."
Lunk e Flênai fixaram-no com especialíssimo interesse. Pareciam mergulhar no seu passado,
presente e futuro.
- “Eis lá Friedrich Juergenson (10); que bom revê-lo aqui. Ele é quem primeiro registrou as
vozes em gravador, fenômeno esse conhecido como EVP - Eletronic Voice Phenomenon, há mais de
dez anos. Graças a essa novidade introduzida por ele já se programa na Terra a criação de diversas
sociedades ou <postos de escuta> para registrar vozes em gravadores, em diferentes pontos do
planeta”, esclareceu Gregório.
- “Quem são aqueles que acompanham o Engenheiro Meek?”, perguntou Lunk.
- ‘Ah sim, à sua direita estão Hans Heckmann e Willard Cervey; à esquerda, está seu grande e
constante companheiro de pesquisas, o Engenheiro Ernest Senkowski, alemão, nascido nesta cidade.”
- *E aquele que segue imediatamente atrás, quem é?”, insistiu Lunk.
- ‘Aquele é William John O’Neil, técnico eletrônico que trabalhou até recentemente para o go-
verno americano, mas não faz parte do grupo de Meek.”
- ‘Mas fará”, profetizou Lunk com um sorriso, ao que Flênai comentou:
- ‘De fato, ele atende aos nossos interesses.”
Para surpresa de todos, Flênai pediu licença
para ausentar-se por instantes, indo postar-se junto ao americano Meek. Com a destra espalmada
sondou-lhe os pensamentos; Lunk fez o mesmo com O’Neil, que se sentara mais à frente. Os dois
representantes de Aldebaran criaram um elo de ligação entre as mentes de ambos os cientistas,
gerando um sentimento tão forte de mútua cooperação que a reação foi imediata: O’Neil virou-se
para trás, dando com Meek encarando- o igualmente. Sem graça pela <coincidência>, sorriram
embaraçados com üm aceno de cabeça.
Lunk e Fiênai retornaram com expressão de felicidade no semblante.
Hermus, ainda mais inquieto, perguntava-se: “Oras, por que será que se dirigiram ao Meek e ao
O’Neil?"
Esses pensamentos foram cortados pela constatação da chegada de Banerjee, acompanhado de
Gutara. A comitiva de Alpha I ia dispor-se a acompanhá-lo também, ao que Lunk estacou: entrava
também no auditório um casal.
Percebendo-lhe o interesse, Marcellus esclareceu:
- ‘Ele é um pesquisador de EVP, mas sua senhora é apenas simpatizante.”
- “Mas é excelente médium”, afirmou Lunk, “portadora, aliás, de uma capacidade mediúnica que
nos interessa sobremaneira!”
Flênai aproximou-se da senhora e, sondando- lhe a mente, ampliou-lhe a percepção. Subitamente
a esposa de Hard-Fischbach sentiu-se envolvida por cândida luz, algo inexplicavelmente bom. Lunk
concentrou-se sobre o alto da cabeça da senhora, depositando-lhe um círculo dourado que manipulou
adequadamente.
Hermus observava com atenção, questionando- se quanto ao significado de tudo aquilo.
Sem resposta, seguiu atrás da comitiva que se dispôs a acompanhar Banerjee. Em breve ele
subiria à tribuna, levando os resultados de árduo trabalho, conforme sua missão estabelecida na
estação.
Prof. HEMENDRA NATH BANERJEE. Nasceu em Abu Road, Rajasthan, India, no dia 31/10/1931.
Faleceu nos Estados Unidos, dia 19/05/1985. Foi Diretor de Pesquisas do Indian Institute of
Parapsychology, filiado ao Research Institute of Varaneseya Sanskrit University. O Dr. Banerjee esteve três
vezes no Brasil, sob os auspícios do IBPP, em dezembro de 1970, agosto de 1971 e 19 de novembro de 1981.
XVII. O futuro
Lunk, que se afastara, agora retornava do interior do auditório acompanhando o casai Hard-
Fischbach que vinha para um cafezinho no haii do saguão. Valendo-se da sensibilidade da Sra. Maggy,
fê-la esbarrar em Meek que, imediatamente, desculpou-se, dando início a um diálogo.
Iniciava-se a ampliação do elo: não eram mais três os <colaboradores> apontados; já eram cinco,
todos irmanados nos mesmos objetivos.
Válido o primeiro contato, o casal retirou-se para assistir ao prosseguimento da palestra, dei-
xando os três pesquisadores conversando, tal qual fossem velhos conhecidos, sob a supervisão dos
amigos espirituais.
- “Com o entusiasmo de Meek tudo se tornará fácil para nós”, esclareceu Flênai. “Agora é hora de
darmos início ao nosso plano”.
Flênai, impondo as mãos sobre a fronte do animado e eloquente Meek, inspirou-o de forma que,
subitamente, afirmou seguro:
- “Amigos, querem saber de uma coisa? Para melhor executarmos nossas experiências
necessitamos nos desvencilhar de preconceitos e limites. A começar pelos impostos pelas ciências
oficiais. Isso dificulta nossas pesquisas porque nos vemos frequentemente avaliados e temos
receio de ser encarados como doidos”, e, algo pensativo, completou: “vamos fundar uma
sociedade? Que tal chamá-la... unh... METASCIENCE... METASCIENCE ASSOCIATES?
Demonstrando ampla satisfação, e envolvidos pelos mentores da idéia, Lunk e Fiênai,
confraternizaram-se animadamente.
Já se sentiam, ali, membros da referida sociedade que acabavam de batizar.
- “Claro”, disse O’Neil, “com essa sociedade não teremos algemas. Exploraremos
matérias como o corpo etérico, os campos de energia, os mundos paralelos e iremos além,
avançaremos dentro do precioso território das comunicações interespaços astrais.”
Fiênai, observando a possibilidade de interferir através da sensibilidade desse técnico em
eletrônica, valeu-se da mediunidade dele para completar seus planos. Fez O’Neil dizer:
- “Com isso é de se esperar alteração tal que, com toda certeza, novos tempos surgirão
para nós na Terra! Tempos de paz, com o Homem despertando para o rumo superior que lhe cabe, se
desarmando como ser. Descobrirá que seu “inimigo” não é um outro ser humano, mas sim sua própria
inferioridade que ele terá que vencer.”
Sensibilizados com a perspectiva grandiosa que o “acaso” lhes possibilitara, marcaram encontro
para a mesma noite, quando traçariam os primeiros planos.
áááááAá
Marcellus, não contendo a curiosidade, inquiriu:
- ‘Mas, mas nossos mais apurados cientistas de Alpha I não saberíam como vencer as
barreiras dos espaços; penetrar um e outro campo, atravessando da 4a. para a 3a. dimensão é tarefa
para o que não temos conhecimento.”
- ‘Sabemos disso”, afirmou Lunk. “Porém, ainda hoje telepatizaremos mensagem para
Aidebaran rogando o envio de alguns de nossos mestres em engenharia universal; eles aportarão
brevemente em nossa querida Estação Alpha I e darão início à formação e treinamento de seus
cientistas.
Vamos nos valer também do intercâmbio que Alpha I promove noturnamente, quando recebe os
pesquisadores do mundo físico para lições e esclarecimentos. Alguns encarnados serão selecionados
para fazerem parte desse avançado grupo e através deles fincaremos na Terra nossas raízes para o
intercâmbio efetivo.
O primeiro eleito já é essa figura prestimosa o engenheiro Meek; ele, com seu entusiasmo, puxará
a seqüencia dos fatos.
Através da fundação Metascience, que terá sede nos EUA, ele criará os primeiros aparelhos sob
nossa supervisão, apoiado pelos conhecimentos de Heckman e facilitado pela mediunidade de O'Neil,
cuja vidência e clariaudiência aguçaremos para melhor nos atender. Este trio ser-nos-á o apoio
incansável de que necessitamos.
Tomaremos o globo qual tentáculos de amor.
Cremos que no curto espaço de vinte e cinco anos a comunicação terá se tornado uma realidade
mundial.
Talvez pareça muito tempo para os terráqueos, mas se nos últimos oito mil anos de história
nenhum tipo de comunicação direta foi mantida, esse tempo é até curto para nos equiparmos.
Temos em mente que tudo será feito através dos conhecimentos de nós outros, de Aldebaran,
com a colaboração dos irmãos de Alpha I. Os terráqueos serão apenas a ‘ponta receptiva”, já que os
aparelhos terrenos são por demais primitivos para o alcance de que necessitamos, para a
interpenetração espacial. Caberá a nós outros suprir todas as deficiências de conhecimentos e
equipamentos dos humanos.
Ainda esta noite acompanharemos o desligamento temporário de Meek durante seu sono físico e
o conduziremos até Alpha I, onde ele será instruído com relação ao primeiro aparelho a ser
construído. Nossas primeiras comunicações diretas se farão via ondas de rádio - e o primeiro
aparelho chamàr-se-a MARK R*
Flênai, sorrindo, deduziu:
- “Porque será o primeiro marco da Nova Era."
Com um sorriso de concordância, Lunk prosseguiu:
- “Faremos tantos intentos quantos necessários. Prevemos que na década de 70
efetivaremos as comunicações via rádio, que chamarão de Spiricom, na de 80 nos aprimoraremos
suficientemente para entrar nas ondas de TV; a isso chamarão de Vidicom, e para essa fase já nos
valeremos da mediunidade da Sra. Maggie, que terá esses anos anteriores para o devido preparo.”
No início dos anos 90 já teremos nos aperfeiçoado para partir para a expansão, fase em que nos
valeremos do Hernani e seu IBPP em São Paulo.”
Marcellus estava exultante e, não se contendo, ajoelhou-se humilde aos pés daqueles dois seres
iluminados.
A comoção era geral: Hermus e Gregório imitaram o seu dirigente.
Lunk, espalmando a destra para o alto, abençoou com raios dourados os três amigos de Alpha I.
Erguendo carinhosamente Marcellus, planejou:
- “Como vê... você não mais terá que reencarnar na Terra. Nós todos, em conjunto, atuaremos
sobre os irmãos terráqueos, para efetivar nosso plano.
FLênai, sorrindo para Gregório, comentou:
- “Os anos 90 representarão o momento da divulgação das pesquisas, e aí... quem sabe... Gregório,
responsável pelo Departamento de Comunicações se associe a algum encarnado para registrar num
livro o histórico dessa nova era para a Terra, que hoje está se iniciando?”
BIBLIOGRAFIA
(1) • Pasteur - de Carles, J. - ‘As Origens da Vida*
São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1956, pg. 23-24.
(2) - Toben, B. - ‘Space, Time and Beyond” Ed. Pensamento
(3) - Prigoggine, Prof. Ilya - ‘Can Thermodynamics Explain Biological Order?” Impact, vol.
XXIII, n* 3, pg. 159.
(4) - Bertalanffy, L. von - “Teoria Geral dos Sistemas* Petrópolis: Ed. Vozes, 1987, pg.
205
(5) - Aristóteles - “Da Alma" 413 b in “Os Pensadores” - S. Paulo: Abril Cultural, 1978 (6)
- Burr, Harold Saxton / 185
(7) - Northrop, F - "The Electro-Dynamic Theory of Life” Main Currents - vol. 19, 1962,
pg. 8. (8) - Moody Jr., Raymond - “Vida depois da Vida” trad. Rio: Nórdica, 1979.
(9) - Xavier, Chico - (entre outras obras) "Libertação” - psicografado; pelo espírito de
André Luiz - Rio: FEB, I949 “Missionários da Luz” - idem - Rio:FEB,1945
(10) - Juergenson, Friedrich “Telefone para o Além” Rb de Janeiro: Civilização Bras.,
1972, pg. 105
(11) - Raudive, Konstantin - “Breaktrough” New York: Taplinger, 1971 - pg.178
(12) - Shapley, Harlow - “O Futuro do Homem no Universo” Rio de Janeiro: Zahar
Editores. 1965.
(13) - Zollner, Johann C. - - “Physica Transcendental” ou “Provas Científicas da
Sobrevivêncià” S. Paulo: Edicel, 1966
(14) - Bozzano, Ernesto - “Desdobramento - Fenômeno de Bilocação” S. Paulo: Calvário,
1972
(15) - Sudre, René r “Les Nouvelles Énigmes de l’Univers” Paris: Payotr 1953.
(16) - Tizané, Emile - “Les Agressions de l’invisible” Monaco: Éditions du Rocher,
1980
(17) - Banerjee, Hemendra N. - “Vida Pretérita e Futura" trad. Sylvio Monteiro Rio de
Janeiro: Nórdica, 1986
(18) - “Lives Unlimeted” New York: Doubleday, 1974 187
(19) - Stevenson, lan - ‘20 Casos Sugestivos de Reencarnação” S. Paulo: Ed. Difusão
Cultural, 1970
(20) - Flammarion, Camille - ‘Os Desconhecidos e os Problemas Psíquicos” - Rio de Janeiro:
FEB
(21) - Meek, George - ‘Transcript of the cassete tape, Spiricom, its development and
potential* Franklin, N.C. Metascience Fundation, Inc. 1982
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