Diversos - Historia Do Violoncelo

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Violoncello

RAQUEL ALMEIDA LEMOS ROHR DE OLIVEIRA


Iniciou seus estudos de violoncelo aos onze anos na Escola de Música do Espírito Santo sob a
orientação do professor Sanny Souza. Cursa bacharelado em violoncelo na Universidade Fede-
ral de Minas Gerais(UFMG) sob a orientação do professor Cláudio Urgél. Participou de diversos
festivais como a Oficina de Música de Curitiba(2004), Ação Social pela Música- Mercosul (1996),
Festival de Juiz de Fora(2005/2006), Semana da Música de Ouro Branco (2005)entre outros. É
integrante da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG. Em 2003, atuou como solista
frente à Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. Nesse mesmo ano obteve terceira colocação
no concurso Furnas Geração Musical etapa Espírito Santo.

Violoncello
HISTÓRIA rák, Tschaikowsky, Saint’Saens, Lalo, a sonata solo de Kodaly, e
muitas outras obras e compositores.
O violoncelo émembro da família do violino. Surgiu na Itália,
na primeira metade do século XVI, como membro de uma CONSTRUÇÃO
emergente família de instrumentos d corda denominada viola
de braccio (viola apoiada no braço). O nome desta nova fa- Hoje em dia o violoncelo é composto de mais ou menos 70
mília de instrumentos os distingue da família já existente, da partes diferentes e tem um corpo de aproximadamente 76cm
viola da gamba (viola apoiada na perna). O baixo desta nova de comprimento. O tampo superior é esculpido, resultando
família, basso di viola da braccio, é o instrumento precursor do em um formato arqueado, quase sempre feito em duas partes
violoncelo. Andrea Amati foi um dos primeiros luthiers (cons- coladas, de madeira macia e leve com espessura média de 4,5
trutor de instrumentos) a construir o basso di viola da braccio mm dependendo da densidade e do peso da madeira escolhi-
(cerca de 1535). Com o aparecimento em Bologna e Modena, da. Os recortes em forma de f são cortados depois de cuida-
em torno de 1660, de uma nova técnica de fabricação de cor- doso estudo para encontrar a posição ideal, sendo simétricos
das graves, em que a tripa de carneiro era coberta com prata, em reação à linha média que divide o tampo em duas partes
foi possível diminuir o tamanho do baixo d família da viola da iguais. Os pequenos entalhes encontrados ao lado dos effes
braccio e pela primeira vez o nome violoncelo foi utilizado. O foram feitos para mostrar a posição do cavalete em cima do
novo nome dete instrumento é um diminutivo para Violone tampo. A qualidade da madeira é extremamente importante,
(precursor do contrabaixo) e seu primeiro registro está em pois dela resultará num instrumento de qualidade e som su-
uma partitura de 1665. Andrea Guarnieri foi um dos primeiros periores.
luthiers a construir o violoncelo (cerca de 1660). Até então, o O fundo (costas) do violoncelo é feito de madeira mais dura.
papel musical do basso di viola da braccio era de acompanha- O fundo pode ser bastante desenhado ou totalmente liso; fei-
mento, executando o baixo contínuo. Com a diminuição deste to em uma só peça ou, mais freqüentemente, de duas partes
instrumento e as novas cordas, começaram a surgir as primei- iguais (irmãs), coladas. Assim como o tampo, ele é abaulado
ras obras onde o violoncelo tem o papel de solista. e sua espessura varia de mais ou menos 6,4 mm no centro a
As primeiras obras escritas para o violoncelo foram as linhas 3,6 mm nas bordas, que excedem um pouco as laterais (faixas
musicais do baixo na música barroca, o chamado baixo contí- ou ilhargas) . Como mencionado anteriormente, a espessu-
nuo que tem um caráter de acompanhamento, sempre dobra- ra ideal vai realmente depender das propriedades físicas da
do por outro instrumento harmônico como o cravo, o órgão madeira. Alguns luthiers chegam a ela “afinando” o tampo e o
ou o alaúde. Foram os violoncelistas de Bologna (a mesma ci- fundo através de batidas na madeira com os nós dos dedos e
dade onde foi criada a técnica de cobrir a corda com a tripa de ouvindo o som resultante. Quanto mais grossa a madeira, mais
carneiro com prata). Que escreveram as primeiras obras para agudo o som produzido. É muito importante que o tampo e
o violoncelo como instrumento solista. Doménico Gabrieli é o fundo produzam sons com intervalo de pelo menos meio
considerado por historiadores um dos primeiros composito- tom, contrário do tampo, onde se iniciam as vibrações da caixa
res a escrever um obra para violoncelo solo, os Riccercaries acústica.
(1689). O filete geralmente consiste de três lâminas finas de madeira
Desde então, quase todos os grandes compositores do Barro- encrostadas, bem próximas das bordas, tanto no fundo quan-
co à Música Contemporânea, escreveram obras para o violon- to no tampo, que enfatizam a beleza do formato do violon-
celo, seja na música de câmara, orquestral ou solo. Entre todas celo, servindo também como proteção contra qualquer dano
as obras solo mais famosas estão as suites de Bach, as sonatas feito às bordas do instrumento. Normalmente as duas lâminas
e concertos de Vivaldi, os concertos de Haydn, as sonatas de externas são feitas de madeira tingida, e a central em madeira
Beethoven, Brahms, Schubert, Chopin, Prokofiev, Debussy, clara.
Hindemith, Anton Weber, os concertos de Schumann, Dvo- As faixas (laterais) são feitas em seis partes, com espessura

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aproximada de 2mm, e cortadas da mesma madeira usada
para o fundo. Isso faz com que os desenhos sejam semelhan-
tes e que, talvez mais importante, a faixa e o fundo apresen-
tam o mesmo índice de dilatação e contração, evitando assim
rachaduras. Depois de cortadas, as faixas são moldadas sobre
ferro quente para se obter a curvatura desejada, processo esse
que exige grande cuidado para que a madeira não queime,
nem seja danificada.
O braço, assim como a voluta, é esculpido de madeira maciça
do mesmo tipo da do fundo e faixas. O braço do violoncelo,
atualmente possui uma angulação maior, além de ser mais
comprido. A voluta, além de sua função estética, tem a função
de receber as 4 cravelhas onde serão presas as cordas. Entre o
braço e o entalhe da voluta são perfurados, lateralmente, 4 ori-
fícios e depois o luthier escavará um vão, em sentido vertical,
então formando a caixa de cravelhas.
O interior do violoncelo contém muitas partes que não são vi-
síveis. A barra harmônica e a alma são feitas da mesma madei-
ra do tampo e têm dupla função – acústica e estrutural. A barra
harmônica é colada no interior do tampo, passando debaixo
do pé esquerdo do cavalete, do lado das cordas mais graves.
Estruturalmente, serve para reforçar o tampo devidoà enorme
pressão sofrida pelo instrumento na área ocupada pelo cava-
lete. A alma é uma peça de madeira cilíndrica que se encaixa
(se ser colada) entre o tampo e o fundo, cortada de modo a
combinar exatamente com as suas superfícies internas, não
devendo ser muito comprida, forçando o tampo, nem muito
curta, caindo quando as cordas estiverem soltas. Ela é coloca-
da um pouco abaixo do é direito do cavalete, eqüidistante da
barra harmônica, depois do instrumento pronto, com o uso de
uma ferramenta especial.
Depois desse conjunto de peças montado, o violoncelo está
praticamente completo e pronto para receber o verniz, que é Já vimos como um violoncelo é construído e montado (cava-
feito em vários matizes de marrom, vermelho, laranja ou ama- lete, cordas, etc.), mas fica a pergunta – “como ele produz o
relo e que tanto pode ser à base de álcool (mais comum atual- som?”. Fazem-se necessárias algumas considerações sobre o
mente, por ter a propriedade de secar em menos tempo). No processo acústico do cello. O som é produzido quando uma
entanto, este último é mais quebradiço e menos flexível que ou mais cordas são postas em movimento, tanto com o us o
o primeiro. Um bom verniz não melhor um mau instrumento, arco (passando a crina sobre as cordas), quanto puxando-se
mas, certamente, um mau verniz pode arruinar um bom vio- as cordas com os dedos (pizzicato). A corda é a fonte vibrató-
loncelo. ria do som e suas vibrações são transmitidas ao tampo pelo
As cravelhas, o espelho, as duas pestanas e o estandarte ge- cavalete, que tem movimentação paralela (para frente e para
ralmente são feitos de ébano. As cravelhas são encaixadas trás) e transversal (de cima para baixo, como um martelo),
cuidadosamente nos quatro orifícios anteriormente perfura- sem, obviamente, nunca perder o contato com o instrumen-
dos na voluta (caixa de cravelhas) e servem para prender as to, nem alterar a sua posição. Uma surdina colocada sobre o
cordas e afiná-las. O espelho é colado no braço do violoncelo cavalete inibe ambos os movimentos. Com um cavalete de-
e sobre sua superfície o instrumentista pressionará as cordas. masiadamente pesado ou grosso ocorre o mesmo efeito. O pé
O estandarte tem a finalidade de servir de suporte às cordas. É (apoio) direito do cavalete tem menos movimento transver-
preso por uma peça resistente de tripa ou plástico, passando sal, devido à proximidade da alma, cabendo ao pé esquerdo a
por cima da pestana (que a mantém isolada do tampo), e dá função de transmitir as vibrações à barra harmônica, que, por
a volta em torno da base do espigão. Dependendo do tipo de sua vez, as conduz por toda a extensão do tampo. A alma, que
corda, usa-se até quatro afinadores de metal, que são coloca- influi no movimento do tampo e do fundo, é importante para
dos no estandarte, e nesse caso, seguram as extremidades das que o som produzido seja de boa qualidade. Ela transmite o
cordas. movimento total do tampo ao fundo, resultando em sua co-
O cavalete é feito de bordo e seus dois pés são apoiados na vibração.
parte central do tampo, ente os effes. Sua curvatura, na parte Em nossos dias, encontramos, entre outras, cordas feitas de
superior, acompanha a do espelho e permite que cada corda tripa, perlon ou metal, enroladas em alumínio, aço, prata, etc.
possa ser tocada separadamente ou duas a duas. O cavalete Se forem escolhidas cordas com o interior de tripa ou perlon
é seguro apenas pela pressão exercida pelas cordas e tem a (para as cordas mais graves), não há necessidade de afinado-
finalidade de transmitir as vibrações das cordas ao tampo. res, porém, se forem usadas cordas de metal, eles se fazem
indispensáveis para facilitar a afinação. A maioria dos violon-
FIGURA 1 (ALGUMAS PARTES DO VIOLONCELO) celistas atuais dá preferência a estas últimas, pois seguram

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(mantém) melhor a afinação e têm sonoridade mais potente. cabeça do parafuso (botão) é feita de ébano, ou marfim, com
O uso do espigão se generalizou no século XIX. Inicialmente o anéis (faixas) de outro ou prata. Não é raro que a encontremos
corpo do violoncelo era apoiado no chão e, posteriormente, feita de madrepérola. Serve para apertar ou soltar o parafuso
seguro pelos joelhos do artista que o apoiava nas panturrilhas. e, consequentemente, a crina. Exatamente à frente do talão,
Os primeiros espigões eram feitos de madeira, sempre desta- no local onde os dedos do instrumentista encostam na baque-
cáveis, mas atualmente são de metal (destacáveis ou entrando ta, há um proteção enrolada na madeira chamada faixatura,
no corpo do violoncelo), podendo ser retos (com o compri- feita de um fio de prata ou plástico (branco e preto) coberto,
mento de até 50 cm) ou com angulação. O espigão proporcio- bem junto do talão por uma faixa de couro.
na maior conforto ao artista, apoiando o violoncelo no chão. A crina é feita de rabo de cavalo e, geralmente, tem 60
Muito da qualidade e projeção do som depende do tipo de a 62 cm do talão até a cabeça (num arco de violoncelo) e é es-
madeira, do diâmetro e do posicionamento da alma. O corpo sencial para o funcionamento do arco. É de melhor qualidade
do violoncelo (incluindo o ar ele contido) é o amplificador ou quando naturalmente branca, sem ter passado por qualquer
caixa de ressonância. Os effes atuam como um sistema acús- processo de descoramento, o que enfraquece (contrabaixis-
tico secundário ou complementar, pondo o ar que vibra no tas, em geral, preferem crina negra, pois é mais áspera).
interior do cello em contato dom o ar exterior, propagando e
amplificando o som. TÉCNICA
O violoncelo possui quatro cordas, quais sejam, em ordem de-
crescente: lá, ré, sol, dó. O dó está duas oitavas abaixo do dó
central. Nunca se deve perder de vista as técnicas básicas, pois elas
são as fundações sobre as quais todo o resto é construído; mas
FIGURA 2 ( EXTENSÃO) também é preciso saber como usar a música que tocamos para
ampliar essas técnicas.
Um ponto importante a ser abordado é a tensão ao tocar. O
excesso de tensão, em qualquer parte do corpo, é extrema-
mente prejudicial ao desempenho do violoncelista como tam-
bém a sua saúde, pois ela pode gerar dores e até problemas
mais sérios. Por isso é necessário que a pessoa esteja “relaxada”
ao tocar. A expressão “tocar relaxado” nesse contexto não sig-
nifica que não haverá nenhuma tensão, mas somente a neces-
sária. A idéia é focar o esforço que será feito para que não haja
movimentos desnecessários, que gerariam essa tensão extra,
que é prejudicial.

COMO POSICIONAR O CELLO

ARCO O espigão deve estar posicionado preferencialmente perto


dos pés, mas isso varia de acordo com o tamanho da pessoa
O comprimento normal de um arco de violoncelo é de 72 a 73 e com a cadeira utilizada. O topo das costas do cello deve se
cm, com o peso aceitável variando de 80 a 86 gr. apoiar aproximadamente no meio do peito. O braço do cello
O arco vem se tornando mais pesado com o tempo, sendo que, fica à esquerda, com a cravelha da corda dó mais ou menos na
há 50 anos pesava cerca de 78gr (hoje considerado demasia- altura da orelha. O instrumento pode se ligeiramente rotacio-
damente leve). A baqueta é sempre elaborada em formato oc- nado para a direita a fim de facilitar o violoncelista a alcançar
togonal no início e, após, dependendo do desejo do artesão e as cordas mais agudas. Os joelhos devem encostar na lateral
também do instrumentista, pode ir se tornando arredondado, do instrumento. A postura também é importante, a pessoa
começando logo à frente do talão. Não há diferença entre um deve sentar ereta. Pode-se sentar tanto na ponta da cadeira
arco de baqueta redonda e um octogonal e termos de qua- como atrás (recostado).
lidade de resposta, etc. Ela deve ir afinando gradativamente
desde a extremidade do talão até a cabeça. MÃO DIREITA
A cabeça é uma parte muito característica do arco, é parte da
baqueta e possui curvatura para baixo, que termina na ponta. O arco tem uma direção diferente em cada corda, essa direção
Sua face pode ser chata ou ligeiramente curva e é reforçada é a direção na qual o arco vai se mover em linha reta sobre a
por uma chapa (ponteira) de marfim, ouro ou prata, estenden- corda, o que produzirá um som mais uniforme. Para achar essa
do-se em ângulo reto para proteger a ponta. direção deve-se colocar o arco sobre o cavalete e a corda em
O talão é uma peça geralmente feita de ébano. A base deste é questão. Quando o arco se move na direção correta da corda
coberta por uma fina lâmina de metal (chapa base) que serve percebe-se que em toda a sua extensão ele estará paralelo ao
par protegê-la, assim como da baqueta. A rosca, parafusada cavalete. A velocidade e a pressão do arco devem ser ajusta-
na base do talão, entra no vão da baqueta, fixando o talão ao das de maneira a produzir o som mais uniforme possível.
arco. A distância entre a crina e a baqueta é idêntica no talão Iniciantes tocam a maior parte do tempo no meio da corda (à
e na cabeça do arco. Nas duas laterais do talão, encontramos meia distância entre o espelho e o cavalete), mas é freqüente
duas incrustações circulares, ou algum outro desenho, de ma- a utilização de outras áreas para se tocar dependendo do tipo
drepérola (algumas vezes com um anel de metal em volta). A de som que se quer obter. Por exemplo, mais perto do cavale-

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te o som é mais aberto e mais brilhante, enquanto que perto rápido e curto.
do espelho o som é mais escuro. Essa variação de sonoridade Staccato – é uma sucessão de golpes curtos e claramente se-
ajuda a dar riqueza ao instrumento. Quanto mais agudo se parados com o arco.
toca, o arco deve estar mais perto do cavalete.
O movimento do arco é uma seqüência de movimentos, o MÃO ESQUERDA
braço e o cotovelo se movem primeiro, e depois o antebraço
continua o movimento. Uma idéia para saber a posição corre- Ao posicionar a mão esquerda no braço do violoncelo, o pole-
ta do pulso é imaginar uma linha ligando à mão ao cotovelo e gar geralmente fica na direção do segundo dedo (dedo médio)
pensar que essa linha não pode ser “quebrada”, ou seja, não se e encosta no braço do instrumento, porém não há necessida-
deve dobrar demasiadamente o pulso. É importante ressaltar, de de apertar o polegar contra o braço, pelo contrário, essa
porém, que em alguns momentos uma ligeira curvatura do prática é desaconselhada pois cria tensão e diminui a agilida-
pulso é desejada, mas nunca exagerada. Outro ponto impor- de da mão. Na primeira posição, o primeiro dedo (indicador),
tante a ser destacado é que os dedos da mão direita dever ter quando pressionado contra a corda lá, corresponde à nota si;
flexibilidade. na corda ré, corresponde ao mi; na corda sol, corresponde ao
Ao realizar mudanças de corda temos que ter em mente al- lá; e na corda dó corresponde ao ré. A distância entre um dedo
guns pontos, como não esquecer que cada corda tem sua di- e outro é de meio tom.
reção, portanto não basta mudar de corda, é preciso mudar Um tópico importante a ser abordado são as mudanças de
também a direção do arco. Outro ponto é que para cada corda posição. O movimento básico consiste em soltar o polegar do
o corpo tem uma posição diferente, como por exemplo, para braço do instrumento, deslizar a mão até a posição desejada
a corda lá é recomendado que se gire levemente o corpo para e, então, fixar novamente o polegar. É essencial que a mão
a esquerda a fim d que fique mais fácil alcançar a corda. Dê não esteja muito tensionada ou rígida durante esse movimen-
preferência a movimentos mais circulares e fluentes, em detri- to pois isso acarreta perda na velocidade de mudança, bem
mento de movimentos bruscos. como exigir um esforço maior do que o necessário por parte
Para saber qual a forma correta que a mão deve ter para se- do instrumentista. Lembre-se sempre de que não é somente
gurar o arco, uma boa analogia é se imaginar segurando um a mão que muda de posição, e sim todo o corpo. Assim que
objeto redondo. Um bom exercício que pode ser feito é fechar avançamos nas posições no sentido do corpo do instrumen-
a mão com os dedos encostando na palma da mão e depois to, nosso corpo também deve ir em direção ao cello, o que,
fechar o polegar por cima deles. Abra a mão devagar e seus na prática, se traduz em uma ligeira inclinação do corpo para
dedos estarão na posição correta. Mais uma vez ressalto que é frente. Quando avançamos nas posições no sentido contrário
importante estar relaxado ao segurar o arco. ao corpo do instrumento o movimento do nosso corpo deve
ser contrário ao descrito anteriormente, lembrando que na
GOLPES DE ARCO primeira posição o corpo deve estar ereto. Sobre este tópico
vale ainda acrescentar que um ponto crucial é a continuidade
Legato – como o nome sugere, consiste me ligar duas ou mais e a fluência do movimento, na prática, não se deve “perceber”
notas, tocando-as no mesmo arco. Há dois aspectos importan- que houve uma mudança de posição, ela deve soar natural.
tes para os quais devemos atentar afim de produzir um legato Algo que com certeza ajudará a conseguir essa fluência é pre-
de qualidade; o primeiro é que o movimento da mão esquer- parar antes a mudança de posição e não somente na nota an-
da não deve interferir no da direita. O outro é dar atenção es- terior, principalmente em trechos rápidos.
pecial à mudança de corda, para que esta seja feita de maneira Há, ainda, alguns pontos interessantes a serem ressaltados
suave. sobre vibrato. Antes de aprender o vibrato é importante que
Détaché Simples – usa-se um arco para cada nota e o golpe é se tenha desenvolvido um som expressivo com o arco e ´[e
macio e igual sem variação da pressão do arco. Não há inter- imprescindível entender que a fonte de todo som, e da beleza
rupção entre as notas, e cada golpe do arco deve, portanto, dele, está no arco. É prejudicial tentar tornar o som de uma
se continuado até que o próximo comece. Pode ser tocado pessoa melhor somente adicionando o vibrato, pois ele pode
em qualquer região do arco e com qualquer comprimento de facilmente se tornar inexpressivo além de inibir o cultivo da
arco. técnica para se ter um arco expressivo. Isto posto, seguem al-
Détaché Acentuado ou Articulado – é similar ao détaché sim- gumas considerações.
ples, porém cada golpe do arco inicia com um acento, ou ar- A velocidade e a abertura do vibrato variam tanto por motivos
ticulação, produzido por um aumento da pressão e da veloci- técnicos quanto musicais. Nas cordas mais graves ele deve ser
dade do arco. mais lento e aberto do que nas cordas mais agudas, onde deve
Martele – consiste em um acento numa nota com uma “pausa” ser mais rápido e estreito. O volume do som também influen-
entre essa e outra nota. O arco deve ser aderido à corda, com cia no vibrato, à medida que aquele aumenta, este se torna
a pressão necessária, e logo após, o movimento é iniciado. De- mais aberto e rápido. O vibrato também varia de acordo com
pois da nota ser tocada, cessa o movimento do arco, contu- o contexto musical no qual será inserido.
do ele deve continuar aderido à corda. Pode-se ainda traçar
o paralelo de que o martele é uma espécie de pizzicato com COMENTÁRIOS GERAIS
o arco.
Spiccato – o arco, que se encontra suspenso, vai de encontro A respiração, bem como o movimento do corpo, não devem
à corda, deixando-a logo após a execução de cada nota. Esse ser esquecidos quando tocamos. São eles que nos auxiliam
golpe geralmente é executado próximo ao talão quando é a realizar os movimentos da maneira mais natural possível, a
mais lento e longo; próximo ao meio do arco quando é mais “sentir” a música e a interpretá-la mais corretamente, dentre

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muitas outras coisas. Por isso tenha sempre em mente que
ninguém toca parado e sem respirar. Mas, por outro lado, te-
nha cuidado para não exagerar nos movimentos.
O último ponto que desejo abordar é a importância de se es-
tudar escalas e estudos. As escalas são as fundações da música
e da técnica. Pratique escalas de duas, três ou quatro oitavas,
dependendo do nível em que você se encontra, com vários
golpes de arco, dedilhados diferentes e velocidades diferen-
tes. Praticar escalas auxilia bastante na melhora da afinação,
bem como em mudanças de posição. Os estudos são escritos
para trabalhar habilidades específicas, determine o propósito
de cada estudo antes de começar a tocar e pratique com esse
propósito em mente.

BIBLIOGRAFIA

PLEETH, William. Cello. 2 ed., Kahn & Averill: Londres, 1994.


Internet – http:/www.cello.org/
http://planeta.terra.com.br/arte/claudiourgel

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