Adpf 639 - Spu
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1 Instrumento de mandato
1
contra a orientação normativa da Secretaria de Patrimônio da União “ON-GEADE-002”,
aprovada pela portaria nº 162 de 21 de setembro de 2001:
I – DA LEGITIMIDADE ATIVA
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Cumpre salientar que o Partido Liberal - PL preenche os requisitos
exigidos pela Constituição Federal brasileira, pois, atualmente, a referida entidade política
conta com 39 Deputados Federais e 02 Senadores da República no Congresso Nacional. Desta
forma, é visível que o Partido está dotado de legitimidade para propor a presente ARGUIÇÃO
DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL - ADPF, com pedido de
medida liminar.
II – DOS FATOS
2
STF. ADI 1.407 – MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 24.11.2000
3 de 37
A referida orientação normativa decorre das atribuições conferidas à
Secretaria de Patrimônio da União (SPU) pelo artigo 9º do Decreto-lei nº 9.760, de 5 de
setembro de 1946.
3
Informações retiradas do site: http://www.planejamento.gov.br/orientacoes-normativas-arquivos-
pdf/on_geade_02_terrenos_marinha.pdf no dia 04 de novembro de 2019 às 12:41.
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Contudo, antes de entrarmos no debate sobre a constitucionalidade ou
não da “ON-GEADE-002”, se faz necessário conceituarmos o que eram as “Marinhas” e
como passou a ser entendido, à luz da doutrina, o instituto jurídico dos “Terrenos de
Marinha”, antes de se discutir a recepção desse instituto arcaico no presente ordenamento
jurídico constitucional a partir do entendimento consolidado enquanto “faixa de fronteira
terrestre e zona de segurança da costa banhada pelas águas do Mar Territorial Brasileiro”
enquanto bem de domínio eminente da União.
4 GUERRA, A.T. & GUERRA, A.J.T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico. 9ª ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil. 2011.
5
Lei 7.661/88 Art. 10, § 3º - Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas,
acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos, até o limite
onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro ecossistema.
6
Marinha está definido na página 1122 de Caldas Aulete (1881): Dicionário Contemporâneo Da Língua
Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional.
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O jurisconsulto Teixeira de Freitas deixa documentado7 em 1876 que
“marinhas” designava os lugares da praia, onde se faziam salinas, de que a Coroa tirava
rendas com base no que se entendia das Ord. L. 1º T. 62 § 46, e L.2º T. 26 § 15.
Segundo ele, essas “marinhas de sal” não tinham analogia com que se
passou a chamar “terrenos de marinha” no Brasil, pelo simples fato das verdadeiras serem
objeto de sesmarias e de aforamento sob o nome de “salgados régios” e “sapais”, como se
pode observar em inúmeras Decisões Régias com base no Alvará de 17 de Julho de 1769.
7
Notas de rodapé de nº 16 (pág. 53) da 3ª edição de sua obra de Consolidação (Autorizada) das Leis Civis,
redigido a pedido formal do Governo Imperial, ao comentar sobre “terrenos de marinha” enquanto bem
pertencente ao domínio nacional (art. 52), enquanto coisa de domínio (imobiliário) do Estado Imperial (§ 2º),
diferente das coisas de uso público (§ 1º) e dos bens Coroa (§ 3º); que não devolutas (art. 53).
8
COSTA LIMA, P.M. Coleção de Leis, Provisões, Decisões, Circulares, Portarias, Ordens, Ofícios, e Avisos
sobre Terrenos de Marinhas. Rio de Janeiro: Typografia Nacional, 1865.
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atracação, motivando seu apossamento fazendário e aforamentos aos armadores privados e
exportadores na forma da Lei Orçamentária de 15 de novembro 1831, art. 51, § 14, que deu
origem a Instrução (Expropriante) da Fazenda de 14 de novembro de 1832.
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Os Estados tinham por argumento a perda de finalidade e o comando
constitucional positivada pelo constituinte da primeira Carta da República de 1891, art. 64, in
verbis:
Art. 1 (...)
§ 1º São terrenos de marinha todos os que banhados pelas águas do
mar ou dos rios navegáveis vão até a distância de 15 braças
craveiras (33 metros) para a parte de terra, contadas desde o ponto a
que chega o preamar médio.
Este ponto refere-se ao estado do lugar no rio tempo da execução da
lei de 15 de. Novembro de 1831, art. 51 §14 (Instrucções de 14 de
Novembro de 1832 art. 4º).
9
Código das Águas. Art. 13. Constituem terrenos de marinha todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos
rio navegáveis. Vão até 33 metros para a parte da terra, contados desde o ponto a que chega o preamar médio.
Este ponto refere-se ao estado do lugar no tempo da execução do art. 51, § 14, da lei de 15/11/1831.
10
Código das Águas. Art. 15. O limite que separa o domínio marítimo do domínio fluvial, para o efeito de
medirem-se ou demarcarem-se 33 (trinta e três), ou 15 (quinze) metros, conforme os terrenos estiverem dentro
ou fora do alcance das marés, será indicado pela seção transversal do rio, cujo nível não oscile com a maré ou,
praticamente, por qualquer fato geológico ou biológico que ateste a ação poderosa do mar.
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que não possuíssem qualquer título firmado com a União de
aforamento, arrendamento, venda ou doação.” 11
11
Rodrigues, Rodrigo Marcos Antonio. Curso de Terrenos de Marinha e seus acrescidos / Rodrigo Marcos
Antonio Rodrigues. – São Paulo: Nelpa, 2012. P. 39.
12
Idem ao item 6.
13
Primeira Estrutura criada por Getúlio Vargas, mediante o Decreto nº 22.250/32, substituindo a DPN.
14
Diretoria do Ministério da Fazenda criada em 1909 para substituir a RGTP.
15
Rodrigues, Rodrigo Marcos Antonio. Curso de Terrenos de Marinha e seus acrescidos / Rodrigo Marcos
Antonio Rodrigues. – São Paulo: Nelpa, 2012. P. 44.
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Ocorre que o novo marco durou pouquíssimos anos, pois o ainda
vigente Decreto-lei 9.760, de 5 de setembro de 1946, voltou a utilizar a linha preamar média
de 1831 como marco delimitador dos terrenos de marinha.
O problema do “novo” marco de 1942 era que ele adentrava muito nas
áreas privadas, e, como não era esse o objetivo dos terrenos de marinha, em 1946 acabou-se
retornando ao marco do ano de 1831.
Uma Nação Terrestre, que tem soberania sobre sua porção territorial
continental com suas zonas fronteiras a serem delimitadas na forma do art. 2º, alínea “a”, in
verbis:
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Ora, uma Nação com pretensões marítimas sobre ilhas adjacentes, que
se queria reconhecer soberania e povoação, e para tanto estabelecer zonas de fronteira em seu
contorno insular quando externas ao mar territorial continental, na forma da alínea “b”, in
veribis:
O parágrafo único não foi escrito para operadores do direito, mas sim
para especificar sem dúvida razoável o serviço de medição a ser demarcado por engenheiros
na forma in litterris:
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Não haveria dúvida de como se demarcar terrenos de marinha se os
domínios marítimos brasileiros não tivessem sido ampliados e a linha de preamar mar de 1831
não estivesse submersa em águas interiores dos estados da federação, quando urbanas.
O mesmo assunto não pode ser disciplinado por mais de uma lei,
exceto quando a subsequente se destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se
a esta por remissão expressa17.
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efeitos e modulações requeridas pela recepção no ordenamento jurídico nacional da
Convenção das Nações do Direito Mar.
19
Uma das quatro Convenções que o Congresso Nacional autorizou ao Presidente da República a aderir em 15
de outubro de 1968, por meio do Decreto Legislativo nº 45, de 1968.
20
CMTZC ARTIGO 3 Salvo disposição contrária aos presentes artigos, a linha de base normal que serve para
medir a extensão do mar territorial é a linha da baixa-mar ao longo da costa, tal como se acha indicada nas cartas
marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Estado ribeirinho
21
CMTZC ARTIGO 4 Nas regiões onde a linha costeira apresenta reentrâncias profundas e saliências, ou onde
existe uma série de ilhas ao longo da costa e em sua proximidade imediata, o método das linhas de base retas,
ligando pontos apropriados, pode ser adotado para o traçado da linha, a partir da qual é medida a extensão do
mar territorial. § 1º O traçado destas linhas de base não pode afastar-se de maneira apreciável da direção geral da
costa; e as zonas de mar situadas aquém dessas linhas, devem estar suficientemente ligadas ao domínio terrestre
para que sejam submetidas ao regime de águas internas. § 2º As linhas de base não são traçadas em direção ou a
partir das elevações de terreno descobertas na maré baixa, a menos que faróis ou instalações similares, que se
achem permanentemente acima do nível do mar, tenha sido construídos sôbre tais elevações. § 3º No caso em
que o método das linhas de base retas se aplique conforme as disposições do parágrafo 1, pode-se levar em
conta, para a determinação de certas linhas de base, os interesses econômicos próprios da região considerada e
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Adotado o método de linhas de base reta, as águas situadas do lado da
linha de base do mar territorial, que faz frente à terra, passou a ser considerada, na forma do
art. 5º do CMTZC parte das águas INTERNAS22 do Estado (Domínio Continental ou Insular)
e não mais parte do domínio marítimo (Águas MARÍTIMAS), mesmo que salgadas.
cuja realidade e importância sejam claramente atestadas por longo uso. § 4º O sistema de linhas de base retas não
pode ser aplicado por um Estado de maneira que venha a separar do alto-mar territorial de outro Estado. O § 5º
Estado ribeirinho deve indicar com clareza as linhas de base retas nas cartas marítimas, assegurando-lhes a
suficiente publicidade.
22
ARTIGO 5 As águas situadas do lado da linha de base do mar territorial, que faz frente à terra, consideram-se
parte das águas internas do Estado.
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O fato relevante é que pela primeira vez, golfos, bahias, enseadas e
portos deixavam de ser obrigatoriamente parte do Mares Territoriais de domínio eminente
marítimo da União e podiam fazer parte das águas continentais estaduais se adotado nas novas
cartas náuticas brasileiras o método de base reta, introduzido no paragrafo único do art. 1º
acima23.
23
Art. 1º Parágrafo único. Nos lugares em que a costa, incluindo o litoral das ilhas, inflete formando baías,
enseadas e outras reentrâncias, as seis milhas acima referidas serão contadas a partir da linha que,
transversalmente, una dois pontos opostos mais próximos dos de inflexão da costa e que distem, um do outro,
doze milhas ou menos.
24
Este chegou a duzentas milhas pelo Decreto-Lei nº 1.098, de 1970; revogado pelo art. 16 da Lei 8.617/93.
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imobiliário da União, mesmo essa sabendo que essas se encontram em domínio eminente
continental e interior dos entes estaduais, quando não inseridos em perímetros urbanos.
Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até
um limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir
de linhas de base determinadas de conformidade com a presente
Convenção.
25
Celebrada em Montego Bay, a 10 de dezembro de 1982, aprovada na versão comum a todos os Países de
Língua Portuguesa pelo Decreto Legislativo nº 5, de 1987, antes de ser promulgada pelo Decreto nº 99.165, de
1990
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Para um ENTE FEDERATIVO que recebeu do constituinte uma
Amazônia Azul de águas marítimas, e se comprometeu internacionalmente a considerar as
águas salgadas de golfos, baias, enseadas e lagunas como ÁGUAS INTERIORES
(continentais e insulares) na forma literal do art. 8 da CNUDM:
A SPU tem que entender que não é mais o Código das Águas que
dispõe sobre o Mar Territorial, naquilo que conflita com o CNUDM, mas sim a Lei Federal nº
8.617, de 1993 que dispõe sobre todos os espaços marítimos nacionais de soberania plena
(Mar Territorial Brasileiro), mas também os de jurisdição brasileira nos termos da Convenção
das Nações Unidas dos Direitos do Mar, substituindo os antigos Decretos Lei do regime
militar.
18 de 37
Nesse segundo caso, a União devolve aos Entes Estaduais originários
e confrontantes, uma vasta área superficial de águas continentais salgadas (interiores), que
passam a fazer parte do domínio eminente hídrico pelo que dispõe o art. 26, inciso I da CRFB.
Este fato não pode ser novidade, visto que ao regulamentar a Lei nº
7.661, de 1988, para instituir o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) e dispor
regras de uso e ocupação da zona costeira, a União soube reconhecer os seus limites de doze
milhas de domínio federal na redação dada a figura da faixa marítima26 pelo Decreto nº
5.300, de 2004, art. 3º, inciso I.
26
Decreto nº 5.300/04 Art. 3º A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela Constituição de
1988, corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis
ou não, abrangendo uma faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes limites: I - faixa marítima:
espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido a partir das linhas de base, compreendendo, dessa
forma, a totalidade do mar territorial;
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merecem demarcação dos domínios imobiliários da União na forma que o constituinte soube
respeitar a decisão do Supremo Tribunal Federal de 1904/1905.
Não pode por razões imobiliárias ficar preso a uma linha proposta por
comissão imperial a revelia do que o Estado Brasileiro entende hoje ser seus domínios
marítimos e seus bens marítimos, inclusive nestes seus terrenos de marinha.
20 de 37
nem o Sistema Métrico Internacional tinha ainda sido acordado entre as nações, quiçá as
linhas de base dos domínios marítimos atuais.
Pode-se tanto chegar a essa linha pela média das preamares de sizígia
e de quadratura encontradas nas informações de cartas náuticas atuais, retroagindo até 1831 a
elevação média do mar; como por meio de fórmulas matemáticas e programas de computador
alimentados por abundantes dados oceanográficos existentes atualmente.
Era por isto que os golfos, bahias, enseadas e portos (braços do mar)
eram incluídos na figura jurídica (plural) denominadas Mares Territoriais, também
denominado de Mares Adjacentes, águas públicas de uso comum na forma do art. 2º da alínea
“a” do Código de Águas imposto a República dos Estados Unidos do Brasil por Getúlio
Vargas por meio do seu Decreto Presidencial nº 24.643, de 10 de julho de 1934.
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O termo MAR era genérico. Se entendiam federais todos os mares,
bem como o seu álveo/leito, enquanto domínio eminente da União, mesmo que entendidos
como águas públicas de uso comum, na forma do art. 29, inciso I, alínea “a” do Código de
Águas27 de 1934.
Ressalta-se que estamos falando de um domínio marítimo relativo de
três milhas náuticas, no qual a soberania nacional se tornava plena nos terrenos de marinha.
27
Código das Águas Art. 29. As águas públicas de uso comum, bem como o seu álveo, pertencem: I – A União:
a) quando marítimas;
28
IPCC [Church, J.A. et al.]. "Sea Level Change". In: [Stocker, T.F. et al. (eds.)]. Climate Change 2013: The
Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the
Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, 2013
22 de 37
Figura 1 – Taxas de Elevação do Nível do Mar – Prova de
Transgressão Marinha
23 de 37
nacional, mas sim uma Linha Arbitrada por Conveniência de Comissão Demarcatória em sua
Missão de Garantir o Maior Monopólio Imobiliário Contínuo da História da Humanidade
que alguma República tornou pública tacitamente se observado o que dispõe a GEADE nº
24 de 37
É por isto que não há muita discussão jurídica a respeito do art. 3º do
DEL 9.760, de 1946, in verbis:
25 de 37
A SPU afirma em suas cartas fruto da “ON-GEADE-002” existir outro
cenário histórico e geomorfológico.
26 de 37
Os atos demarcatórios são tão eivados de vícios de verdade
cartográfica, que se acredita surgir para que engenheiros e arquitetos, Servidores Públicos
Civis do Poder Executivo possam faltar com a verdade cartográfica e oceanográfica com base
em alguma norma federal, sob pena de serem cobrados por algum Código de Ética pela
simples citação da regra oitava, in verbis:
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-
la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa
interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro,
da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a
dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
Destaca-se que esta ADPF tem por objetivo analisar a afronta aos
princípios constitucional que a Orientação Normativa “ON-GEADE-002” teria infringido ao
extrapolar o poder regulamentar criando um novo marco demarcatório para os terrenos de
marinha. Importante ressaltar que não há outro mecanismo jurídico disponível para
debatermos a constitucionalidade ou não de normas secundárias.
27 de 37
O Supremo Tribunal Federal já consolidou posicionamento no sentido
de que não cabe ADI quando estivermos tratando de normas secundárias, ADI 6.111/DF,
Relator Ministro Edson Fachin:
I - Não aceitar esse caráter subsidiário, por entender que o art. 102, §
1º, da Constituição não autorizou que o legislador restringisse o
conteúdo da arguição;
28 de 37
III - Não caberia a arguição quando fosse possível a utilização de
outra ação objetiva de controle de constitucionalidade, de forma que o
cabimento de processos ordinários ou recursos extraordinários não
impediriam, a priori, a utilização da ADPF.
29
STF. ADPF 33 MC / PA. Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 29/10/2003. Órgão Julgador:
Tribunal Pleno. Publicação: DJ 06-08-2004 PP-00020; EMENT VOL-02158-01 PP-00001. Decisão: “O
Tribunal, por unanimidade, referendou a decisão monocrática que determinou a suspensão de todos os processos
em curso e dos efeitos das decisões judiciais que versem sobre a aplicação do dispositivo ora questionado, até o
julgamento final da ação”. Fonte: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2030720. Acesso:
02/12/2019.
29 de 37
A) Separação dos Poderes:
No que tange a violação do preceito fundamental referente a separação
de poderes, entendemos que a orientação normativa “ON-GEADE-002” extrapolou o seu
poder regulamentar criando um novo marco demarcatório que adentrou e muito sobre terrenos
dos particulares, mas, além disso, entendemos que terrenos de marinha são bens da União,
desta forma, deve ser considerado inconstitucional qualquer norma que o altere sem que esta
tenha sido aprovada pelo Congresso Nacional.
30
MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios Gerais de Direito Administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1979, p. 353. v. I
31
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 87.
30 de 37
Faz-se necessário destacar que neste caso específico estamos tratando
de bens da União, ou seja, o instrumento regulamentador não poderia extrapolar nem um
centímetro dos ditames da lei, porque senão estaria o Executivo tratando de matéria exclusiva
do Congresso Nacional. A afronta constitucional estaria presente não só pela extrapolação do
poder regulamentar, mas também pela União “legislar” por decreto sobre bens da União.
32 LIMA, Obéde Pereira de. Localização geodésica da Linha da preamar média de 1831, com
vistas à demarcação dos terrenos de marinha e de seus acrescidos. Florianópolis, SC, 2002.
Xx, 25 1p. Tese (Doutorado em Engenharia)- Pós Graduação em Engenharia Civil, UFSC,
2002
31 de 37
erroneamente como acrescidos de marinha, sem qualquer
preocupação de demonstrar a situação fática em 1831,
contrariando toda a legislação sobre “terrenos de mangue da
costa” acumuladas até 1946, quando eliminadas dos bens listados
como da União.
Redação da SPU
Art. 2º (...)
b) os que contornam as linhas [ilhas] situadas em zonas onde se
faça
sentir a influência das marés. (grifo e parênteses nossos)
32 de 37
Faz-se necessário relembrar que o papel do poder regulamentar é
editar normas complementares respeitando sempre os ditames da lei regulada e não criar
novos textos que acabem por demarcar áreas que não eram o objetivo principal da lei.
33MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 15. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003. p. 309.
33 de 37
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução; (grifo e sublinhado
nosso)
B) Do direito à propriedade:
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Vossas Excelências, o que desejamos demonstrar é que se a Secretaria
de Patrimônio da União obedecesse aos parâmetros que o Decreto-Lei 9.760/1946 preconiza
os terrenos de marinha não adentrariam tanto aos terrenos particulares. De fato, se respeitado
o art. 2º do referido decreto praticamente não teríamos terrenos de marinha, uma vez que com
o passar dos anos o mar avançou sobre parte das terras brasileiras deixando a linha preamar
média de 1831 longe da atual linha de areia (praias).
IV – DA MEDIDA LIMINAR
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O fumus boni iuris deste pedido de liminar reside nas claras
inconstitucionalidade demonstradas neste ADPF e praticadas pela Secretaria de Patrimônio da
União que já lesaram, indevidamente, milhares de brasileiros.
V – DOS PEDIDOS
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e) solicitar informações à Secretaria de Patrimônio da União, ou
demais órgãos que Vossa Excelência entender prudente, de acordo com o estabelecido no §2º,
art. 5º e art. 6º da Lei 9.882/1999;
Pede Deferimento.
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