Histórico de Xapanã

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 9

HISTÓRICO DE XAPANÃ

O INÍCIO

Como começar uma história? Como fazê-lo diante dessas condições? Estou
amarrado, trancado neste círculo, preso a este corpo cuja alma desapareceu. Cuja
alma fora destruída e despedaçada diante de minha cólera. Cólera esta que cultivei
durante eras trancado em uma prisão onde minha vontade, minha dor, se misturou a
tantas outras... “Conte sua história” você diz... Por quê? É isso que deseja? Acha que a
minha história vai trazer algum alento a tua existência? Talvez minha história seja
incognoscível vista do teu ponto de vista. É provável que sua mente não suporte algo
que beira a perfeição. Algo que vocês inicialmente eram capazes de conceber...

Eu tive muitos nomes, tantos que alguns me fogem a memória. Atribuo a culpa
ao meu hospedeiro, essa casca de barro que vês em tua fronte. Dada as peculiaridades
da mente singular dele, pode me chamar de Xapanã. Outrora, no início da Criação, eu
era chamado de Mahasiah, o Vento Inexorável, cuja vontade era reta e imutável,
existindo em duas realidades distintas. Numa, tinha a forma de um vento primaveril
que sempre soprava em um único sentido, trazendo os bons ares e espantando o calor
sufocante da estrela da aurora, trazendo alento a todos os seres vivos conscientes ou
autoconscientes. Noutra, era apenas uma fumaça cuja função era dotar a todas as
coisas que rastejavam no barro o sopro da vida. Invisível e intocável, eu voava pela
Criação, contemplando-a em todo o seu esplendor, em toda a sua glória. O único sinal
de minha existência era o som que provocava em minha passagem entre os
incontáveis vales e penhascos que rasgavam a terra naquela época e o abraço dos
meus ventos. Não há muito que dizer, visto que saibas como era nossa existência em
outrora. Não é? Seres investidos de autoridade para, em nome do Criador, reger a
Criação a Sua Vontade, a Sua Visão. Éramos isso, apenas mensageiros, apenas
artesãos, apenas isso...

A REBELIÃO

Novas ordens correram o cosmo. Lúcifer, a Estrela da Aurora, o mais poderoso


entre nós, o mais próximo Dele, fez conhecer sua vontade de se apresentar aos
homens e lhe conferir a consciência. Abriu os olhos do Primeiro Homem e da Primeira
Mulher para a Criação que os cercava. Fez conhecer aqueles que regiam a Criação para
a contemplação e préstimos deles. Eu, como anjo da Segunda Casa, abracei a rebelião
com regozijo em minha essência. Sempre trabalhei próximo a eles, mesmo que em
planos distintos, amava a minha criação mais sublime. Digo minha, mas é sabido que
cada homem e mulher tinham em sua essência um pouco de cada Casa que dava
forma ao Todo. Foi a minha vontade que deu ao homem o anima para ser completo.
Em minha húbris, abracei a causa e me apresentei aos meus filhos, ávido para lhe
mostrar meu amor, recebendo deles o mesmo amor. Lembro como se fosse ontem...
Lágrimas brotaram da minha face. Fui acometido por um sentimento tão sublime que
por um momento não tive dúvidas quanto a minha escolha. Escolhi amar a
humanidade mais que a mim mesmo, mais que o próprio Criador. Não vi pecado na
minha transgressão, não vi minha ação como uma afronta às ordens do Criador. Do
fundo de minha essência, vi que era justamente o que o Criador queria de nós, vi que o
amor da humanidade não deveria ficar restrito a Ele... Como eu era inocente...

Quando Miguel rompeu a alvorada daquela noite que duraram mil anos, eu
estremeci. Miguel e sua hoste avançavam com fúria e autoridade. Simplesmente me
abracei em meus filhos. Minhas asas os protegiam como a águia protege seus filhotes
dos predadores. Quando Lúcifer alçou vôo em direção a Miguel e o embate começou,
meu coração estava na Estrela da Manhã. Quando Miguel fora vencido, minha essência
vibrara como nunca antes. Toda a Criação brilhava de forma cósmica em regozijo ao
seu feito.

Foi então que Miguel, investido em poder, proferiu a maldição. Junto de meus
irmãos, senti a glória do Criador me abandonar. Senti o Seu amor desfalecer em mim.
Senti-me pequeno, mas ao mesmo tempo imerso em fúria. Brandia de forma blasfema,
“Maldito sejas Tu, Ó Criador, maldito sejas” urrava. Meus filhos, outrora acariciados
pelos ventos da Virtude, viram-se dentro de um vendaval furioso. A cortesia ordeira e
pragmática me abandonara e, mesmo sem chance contra o Senescal do Céu, investi,
junto com tantos outros. E assim como tantos outros fui impedido pelos meus irmãos.
“Aceite com dignidade o peso de suas escolhas, Mahasiah” foi o que eu escutei... E
assim o fiz...

O tempo passou e, mesmo com o Paraíso despedaçado e nossa autoridade


limitada, nós continuamos. Lúcifer era agora o nosso Pai. Tomou o lugar do Criador em
nossos corações. E assim foi...

Lutamos contra nossos irmãos legalistas. Lutei na frente de batalha à sombra


de Lúcifer, junto com os meus comandantes na Legião de Ébano, como Legionário.
Com dor no coração, subjuguei cada irmão que se colocava no meu caminho. As
batalhas eram ordeiras, ainda seguindo os hábitos de outrora. Mas em verdade vos
digo, era preciso a intervenção de outros irmãos para que minha fúria não acarretasse
em tragédia. Eu era novo, mesmo tendo nascido junto com a Criação. Era jovem,
imaturo e passional. Não se confunda: Não sentia ódio de meus irmãos legalistas, pelo
contrario. Os admirava do fundo de minha essência. Minha “bronca” não era com eles,
mas sim com o próprio Criador.

A ERA DOS PRODÍGIOS

Quando Lúcifer dividiu as Hostes rebeldes e as mandou para cada canto do


recém destruído Paraíso, a Legião de Ébano marchou em direção as terras áridas do
Deserto de Duadel. Lá nós conduzimos os filhos de Adão e Eva rumo à conquista desta
terra. Ensinei aos meus filhos o uso das ervas para a cura de moléstias que os
acometiam. Ensinei-os a reconhecer os frutos que poderiam comer e àqueles que não
poderiam. Ensinei a adestrar os animais dóceis para que pudessem fazer uso de sua
força e também a criá-los para consumo de sua carne. Meu vento também trouxe
alento ao sol escaldante que castigava o deserto. Mesmo sob a liderança de Abadon,
eu, junto com tantos outros, seguimos a nossa sina. Abadon havia deturpado o
significado da rebelião. A sabedoria e o seu gosto pela estética haviam sido
deturpados. O amor pelo homem o havia abandonado. Abadon havia se tornado um
ícone, o exemplo de como nós, os anjos rebeldes, havíamos caído tanto... Mesmo
seguindo as ordens de Abadon, um grupo muito distinto e diminuto em comparação a
totalidade da Legião, cultivamos o nosso amor pela humanidade. E não eram só anjos
da 2ª Casa. Todas as Casas estavam representadas nesse grupo. Nós escolhemos
cumprir nosso papel antes da Queda. Nós juramos proteger a humanidade.

A CISÃO DA LEGIÃO DE ÉBANO – PARTE UM

Alguns séculos se passaram. Nós continuávamos a proteger um pequeno nicho


da humanidade nesse canto da Criação. Nós nos denominamos Orixás. Nos tornamos
deuses nesse pequena parte da Criação. Os humanos, nossos filhos e filhas eram os
mais perfeitos dentre os filhos e filhas de Adão e Eva. Nosso senso estético e nossos
conhecimentos da Criação eram singulares. Isso permitiu realizar diversas
experiências, mesmo com a realidade se tornando cada vez mais estagnada.
Moldamos os homens e mulheres para suportar diversos cenários. A pele negra do
homem o ajudou a suportar o sol escaldante do deserto. Sua altura e seus músculos
conseguiam subjugar todas as criaturas da escuridão. Nosso aperfeiçoamento da
espécie humana fora sublime. Nós, os Orixás, escolhemos dentre eles, reis e rainhas e
os investimos em glória e poder. Todos sabiam o seu lugar para a prosperidade da
Nação. Templos foram erguidos em nossa homenagem. Sacrifícios e todo o tipo de
adoração alimentavam nossa essência. As guerras que por ventura assolavam essa
nova Nação nada mais eram do que oportunidades que criávamos para o
aperfeiçoamento dos homens e mulheres. Porém, mesmo sendo absolutos dentro
desse pequeno espaço no Deserto de Duadel, nós ainda estávamos sob a tutela de
Abadon. Com pesar, nós atormentamos os humanos sob a tutela de dele. Eu
disseminei doenças e mortes. Matei e deformei a carne divina advinda do barro
primordial. Os humanos capturados dos domínios dos Legalistas serviam de deleite
para a perversidade de Abadon e seus mais próximos asseclas. Mesmo naquela época,
sentia-me envergonhado com as coisas que era obrigado a fazer. Nós, os Orixás,
sentíamos vergonha de servir na Legião de Ébano sob a liderança de Abadon. Foi então
que o maior de nós, Xangô, decidiu que era hora de romper com a Legião e tornarmos
independentes.

A CISÃO DA LEGIÃO DE ÉBANO – PARTE DOIS

Abadon tomou conhecimento de nossa deserção assim como de nossas


experiências. Ele não tardou em tomar uma posição e um pequeno pelotão de
Legionários fora designado para nos destruir. Porém, eles foram surpreendidos com o
tamanho do nosso poder. Durante séculos nós aperfeiçoamos a captação da fé dos
nossos protegidos. Isso permitiu criar um constructo a nosso favor dentro desse
pequeno plano onde as regras eram estabelecidas por nós e autorizadas pelos nossos
protegidos. E o consenso era bem claro: nós éramos os únicos deuses dentro desse
constructo. Levas de Legionários faziam filas intermináveis tentando, em vão,
atravessar nossa fronteira e muitos caiam, pois a realidade não suportava a presença
deles. E o nosso poder era cada vez maior. Foi então, que justamente nesse momento,
um Orixá, Bará, viu nas estrelas a queda de nossa Nação. Sempre atento as previsões,
nós agimos. Porém, Xangô simplesmente deu as costas e partiu sem pronunciar
nenhuma palavra. Abadon abandonou durante algum tempo as batalhas contra as
Hostes Celestiais e investiu contra nós pessoalmente. Ele liderou a Legião contra nós
com fúria. Muitos Orixás tombaram diante da espada de Abadon e sua Legião. Porém,
nós estávamos determinados e a fé de nossos filhos e filhas só fortaleceu nossa
vontade de lutar. Quando finalmente Abadon conseguiu vencer nosso paradigma e
romper nossas barreiras, o massacre começou. Ogum, um famoso Guerreiro da
Primeira Casa, investiu contra Abadon e uma grande batalha teve início. O poder de
Ogum era tamanho, porém a força de Abadon era superior. Ogum lutou bravamente e
se recusou abandonar a batalha e também impediu que qualquer outro Orixá
interferisse. Porém, mesmo sabendo do orgulho ostentado por Ogum, eu intervi.
Minha vontade ressoou nos céus da Nação na forma de uma brisa. Essa brisa
circundou Ogum que em fúria tentou dispersá-la. Porém, quando mais ele ardia em
chamas, mais o meu vento alimentava o seu poder. Tive medo ao interferir, mas não
podia recuar do meu primeiro juramento: proteger a minha criação. Ogum então
igualou em poder com Abadon e simplesmente a batalha que desenrolava
paralelamente em nossa morada cessou. Todas as atenções se voltaram para Ogum e
Abadon. Nenhum dos dois aceitava recuar e a batalha durou centenas de anos. Foi
então, que rompendo a alvorada. Xangô adentrou nossos domínios na forma de um
poderoso trovão. E ele não estava sozinho... Lúcifer, a Estrala da Manhã o
acompanhava. Nesse momento, Abadon e Ogum abandonaram as armas e
reverenciaram o Príncipe dos Caídos. Durante dias, Lúcifer discursou sobre a Rebelião
e seu significado. Sobre nosso sacrifício e sobre a Ira de Deus. Anjos e homens
comtemplavam a Estrela da Manhã a cada movimento. Finalmente, Lúcifer fez valer
sua vontade e decretou que o povo da Nova Nação não deveria ser tocado. Que a
Legião de Ébano deveria entregar préstimos ao que fora feito. Em contrapartida, A
Estrela da Manhã solicitou um dízimo de nossa parte para que os homens e mulheres
criados por nós. Ainda ordenou que Os Orixás já não faziam mais parte da Legião de
Ébano e sim da Legião Carmesin e que a Nova Nação seria um posto avançado de Gen-
Hinnon. Que qualquer ataque a Nova Nação seria um ataque aos próprios domínios
dele. Abadon, com pesar e fúria acatou as ordens do Príncipe de todos. Nós também
aceitamos sem pestanejar seus decretos. Abadon se retirou da batalha envergonhado.
Sem dizer uma palavra, ele jurou vingança...

O NASCIMENTO DO OXALÁ NOVO

Depois daqueles dias, Lúcifer vagou durante algum tempo sobre nossas terras.
Ele viu as coisas que criamos e os prodígios dos nossos homens e mulheres. Os maiores
de nós explicaram para a Estrela os nossos planos e nossas metas. Explicamos as regras
e como as coisas se processaram nesse canto da Criação. Foi então que Lúcifer, em
toda a sua humildade, ajoelhou diante de nossa Nação e, se dirigindo a nós, disse:

- Vocês, Orixás, tens a minha permissão e minha benção para continuar com seus
propósitos. A Criação aqui é distinta e perfeita. Longe da minha perfeição e da
perfeição Dele. Vejo que aqui, o amor pela humanidade é sublime e assim há de
continuar. Sempre estarei olhando por vós. Porém, nem minha mão e nem a Dele deve
tocar esse solo. Sois deuses agora e sempre, e que toda a Criação tenha conhecimento
disso. Tuas obrigações com a Causa ainda permanecem e assim há de ser, pois não
serei eu a destruir algo tão sublime e sim Ele.

E nesse momento, nós nos ajoelhamos diante da Estrela da Manhã e Xangô,


com nossa autoridade chamou a Estrela da Manhã de “Oxalá Novo”. E a Estrela da
Manhã aceitou com honra o novo título.
ACONTECIMENTOS VINDOUROS DA CRIAÇÃO DA NOVA NAÇÃO

- Depois da autorização de Lúcifer, é oficializada a Nova Nação, tendo com protetores


e senhores os Caídos chamados Orixás.

- A Nova Nação chama a atenção dos Céus e o Arcanjo Gabriel é recebido. Gabriel
propõe aos Orixás que se arrependam e voltem a presença de Deus para serem
julgados e condenados. Os Orixás assumem o arrependimento mas negam a voltar a
presença de Deus.

- Gabriel propõe para Xapanã que sejas um Espião de Deus, pois Gabriel recebeu
ordens expressas para destruir a Nova Nação. Xapanã aceita a proposta, em troca, a
Nova Nação não poderá ser tocada.

- Xapanã trabalha para o Céu como espião, passando informações da Legião Carmesin.

- O Ceú ganha a batalha e todos os anjos são capturados e levados a presença de Deus.
Miguel afronta Xapanã na frente de todos dizendo que o seu lugar não era com os
rebeldes, e sim com os legalistas pelos serviços prestados. Os outros Orixás assistem
com surpresa as palavras proferidas por Miguel. Lúcifer olha para Xapanã, sem
nenhuma surpresa e com um olhar de pena. Depois de Malakh, Xapanã pula em
direção ao Fosso.

ERAS NO FOSSO

- Xapanã é convidado a se explicar perante a corte dos Orixás sobre suas ações. Lá ele
relata toda a sua história. Xangô o saúda pelo sacrifício e o julga culpado de traição.
Xapanã vive recluso em um ponto do fosso junto com sua dor interminável.

- Ele é visitado algumas vezes por Gabriel, que diversas vezes chorou junto dele pelo
sacrifício prestado. Dado um tempo, Xapanã se perde em dor a agonia, fúria e
desespero.

- Algumas eras se passam e Gabriel o visita pela última vez... Xapanã não compreende
as palavras de Gabriel nem suas intenções.

SAÍDA DO FOSSO

- Xapanã é invocado por um grupo de escravos africanos na cidade de Salvador, Bahia,


no ano de 1865. Imerso em fúria, ele acaba matando todos os envolvidos no ritual.
- O hospedeiro de Xapanã se chama Ozunlele Okizi Erupê, um príncipe africano exilado
no Brasil. Ele acaba adotando o nome de Custódio Joaquim de Almeida.

- Xapanã, ainda na Bahia, é visitado por um Terrestre. Uma entidade que há muito
tempo não era vista. Bará. Ele acaba dizendo para Xapanã que acabou se escondendo
onde as Hostes não ousavam se aproximar. Disse que ele acabou assumindo uma
forma distinta e que não precisa de um corpo para atuar no plano terrestre. Porém
suas ações são limitadas. Ele acaba dizendo para Xapanã que os Orixás ainda
mantinham a mesma vontade de proteger àqueles que estavam sob sua tutela e que
hoje é conhecido como Africanos. Os Orixás ordenaram que Xapanã cumprisse com o
seu propósito em troca de perdão. Xapanã aceita a proposta.

- Xapanã vai para o Rio Grande do Sul, a pedido de Bará, passando por diversas cidades
e angariando aliados entre os mortais. Sua fama corre o país como um curandeiro
poderoso. Políticos e empresários poderosos o procuram por seus conselhos e poderes
milagrosos. Xapanã fecha vários pactos.

- Ele finalmente se estabelece junto com sua família mortal em Porto Alegre. Ele
recebe um generoso auxílio financeiro da Coroa Britânica para manter sua corte na
capital. Durante as décadas, ele reforça as antigas tradições dos orixás, que ainda
estavam vivas entre os descendentes de seus filhos. Organiza a religião e o povo
africano oriundo do sistema escravagista que imperava.

- No ano de 1901, ele é visitado pelos líderes da Corte Negra em Porto Alegre.
Reconhece o Diabo Meliah, líder dos Reconciliadores. Xapanã acaba se filiando aos
Reconciliadores como o segundo em comando.

- Em 1930, a religião africana está no auge de seu desenvolvimento social no Rio


Grande do Sul. Durante esse tempo, não há perseguições por parte da sociedade aos
negros africanos.

- Xapanã toma conhecimento da relíquia “Espada de Miguel” e do aprisionamento do


Terrestre chamado (X).

- Xapanã e Bará realizam o ritual “assentamento de Bará”. Esse ritual visava proteger
Porto Alegre de qualquer perigo sobrenatural dos Terrestres que estariam soltos.

- Com a ajuda do Triunvirato, Joaquim Custódio morre em 1935. Custódio perde o


benefício recebido da coroa britânica. Com alguma soma de réis, ele adquire uma
propriedade na restinga. Apenas alguns poucos membros importantes da família de
Joaquim e alguns políticos e empresários que possuem pactos com ele sabe que ele
está vivo.

- Nos anos 50, os demônios de Porto Alegre ficam cientes de um conjunto de


documentos do Triunvirato a respeito de uma intrigada mensagem supostamente
advindas do Céu. O Faustiano e o Luciferiano, membros do Triunvirato negam
existência de tal documentos. Porém, é o Reconciliador que confirma os rumores. Os
outros dois triúnviros acusam o Reconciliador de traição.

- Misteriosamente, em 23 de maio de 1951, o Triunvirato some de orbe terrestre.


Várias ações foram tomadas na tentativa de traze-los de volta. Alguns demônios
conheciam parte de seus Nomes Verdadeiros, outros conheciam seus Nomes
Celestiais. Eles somem sem deixar nenhum resquício de sua existência. O caos assola
Porto Alegre. Outrora os demônios se escondiam nas sombras e suas ações eram
discretas (exceto por Xapanã na época de Joaquim Custódio). Agora eles atacavam uns
aos outros usando sua influência no mundo mortal para minar o poder do outro.
Xapanã percebe que a única maneira de descobrir o que ouve com os Triúnviros era ir
atrás desses documentos.

- Durante mais de 10 anos, Xapanã investiga o paradeiro desses documentos. E


finalmente, junto a um ponto estratégico em Porto Alegre, em um monastério no
morro Santana (Glauber, eu não sei ao certo as informações sobre o que conversamos,
se tu puder complementar essa parte e passar para o Pablo  e pra mim tb) ele
consegue ter acesso as cartas do Triunvirato e uma conceituação abstrata do teor do
Documento. Ele não lembra muita coisa. Porém, os conceitos “Perdão” e “Voltar a
Presença” são o suficiente para trazer à tona toda a amargura das escolhas de Xapanã.
O sentimento no dia da Queda assolam a alma de Xapanã que mais uma vez sente o
remorso do posso. O sofrimento é tanto que a por pouco Xapanã não teve seus
hospedeiro destruído, tamanha a dor que lhe afligia. Xapanã foi para Benin, atual
Nigéria. Lá, ainda sob o efeito do “documento”, sentiu todo o arrependimento que
antes não sentira quando se rebelou. Isso fez com que Xapanã se manifestasse na
forma de alto tormento. Durante 20 anos, Xapanã se perdeu em dor e angústia,
descontando nos descendentes de seus protegidos todo o rancor que guardara
durante eras no fosso. Muitas mortes, guerras, doenças assolaram essa parte da
África. Lutou contra espíritos antigos, mas todos tombaram tamanha era sua fúria.
Durante essas duas décadas os africanos sofreram.

- Em abril de 1983, ainda imerso em fúria, Xapanã fora derrotado por Nuriel, Diabra
líder dos Reconciliadores a nível Global. Durante um dia e uma noite eles debateram e
lutaram. Nuriel poderia destruir facilmente Xapanã. Porém, a tristeza e a fúria eram
singulares, diferente do “mal” conhecido. Eles conversaram, porém Xapanã não falou o
motivo de seu frenesi para não incitar Nuriel ao mesmo estado. Nuriel pareceu um
pouco desapontada, mas aceitou a escolha de Xapanã. Durante a conversa, Xapanã
compartilhou suas memórias com Nuriel. Narrou os Primeiros Dias, assim como a
história da Nova Nação e a nossa rebelião contra Abadon. Durante alguns dias
conversamos tranquilamente. Relatei sobre a situação da Corte Negra em Porto
Alegre. O rancor ainda era forte em Xapanã, mas ele já conseguia se controlar.
Finalmente, Xapanã se despede de Nuriel com uma missão: Liderar os Reconciliadores
em Porto Alegre.

- Xapanã volta a Porto Alegre disposto a liderar os Reconciliadores. Porém, ele acaba
encontrando imposição. Metuzelah, um Devorador assecla de Abadon nos Primeiros
Dias é agora o líder dos Reconciliadores. Xapanã apresenta um documento,
legitimando-o como líder dos Reconciliadores. Metuzelah não reconhece o documento
e afirma ser o legitimo líder. Xapanã acaba o desafiando para um duelo. Com
dificuldade Xapanã vence e o Metuzelah é banido para Fosso. Xapanã sabe que isso
anda não acabou...

- Logo que Xapanã assume a liderança dos reconciliadores, ele descobre que
Metuzelah seguia ordens do líder Rapinantes. O propósito dos Reconciliadores fora
deturpado.

- Os Reconciliadores voltam ao seu propósito. Xapanã volta a residir em seu sítio na


Restinga, que se tornou um grande centro espiritual. Ele continua usando seus poderes
para curar as moléstias de seus protegidos, que incluem aqueles que são descendentes
dos primeiros africanos e os pobres de todas as raças. Ele ainda atende os ricos e
poderosos, cobrando caro pelos seus serviços. E não é só dinheiro a moeda de troca.
Favores e pactos entram na barganha. O dinheiro que ele recebe das curas são
destinados à ações de caridades promovidas pelas religiões umbandistas da qual
possuem bastante influência. Os principais pais e mães de santos de Porto Alegre
juraram lealdade a Xapanã e o reconhecem como um Orixá vivo.

Você também pode gostar