Colossensses 2.16 - Um Calcanhar de Aquiles para Os Adventistas - CACP - Ministério Apologético PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 39

Colossensses 2.

16 – Um
calcanhar de Aquiles para
os Adventistas
por Enviado por email - qua set 05, 11739 pm

“Ninguém, pois, vos


julgue pelo comer, ou
pelo beber, ou por
causa de dias de
festa, ou de lua nova,
ou de sábados que
são sombras das
coisas vindouras; mas
o corpo é de Cristo.”

Se os ASD aceitassem
que a palavra sábados do texto em tela se aplica
corretamente ao sábado semanal, então não haveria
prova bíblica de sustentar a guarda do sábado no Novo
Testamento. E eles sabem muito bem disso. Por isso,
quando em polêmicas levantadas sobre o assunto,
querendo sustentar a obrigatoriedade da guarda do
sábado, explicam que a palavra sábados de Cl 2.16 se
aplica aos por eles intitulados sábados cerimoniais ou
anuais de Levítico 23.

É a resposta óbvia que dão quando alguém aponta


Colossenses 2714-17 como apoio bíblico da abolição do
sábado semanal. Dizem, “Então você não sabe que
existem dois sábados nas Escrituras? O sábado semanal,
que é de caráter moral e o sábado cerimonial ou anual?
Este – sim – foi abolido na cruz, mas o sábado semanal
continua obrigatório”.

Vejamos se os sabatistas têm razão no seu raciocínio:

A mutação na teologia adventista quanto ao texto em lide


é deveras embaraçosa, pois Paulo só menciona o sábado
esta única vez em suas epístolas e mesmo assim para
dizer que ele é apenas uma sombra que já passou.
Antigamente tentavam sair deste embaraço das
seguintes maneiras:

1. A palavra sábbaton – Apelando para o fato de que a


palavra “sábbaton” estava no plural e por isto diziam que
se referia às muitas festas anuais chamadas de “sábados
cerimoniais”. Mas este sofisma não só não suportava uma
análise gramatical correta como também distorce e
ignora versículos bíblicos no original grego tais como:
Mat. 1275,12 – Mc. 1721 – Lc. 4731; 672,9 – At. 13727; 1772;
1874 e Col. 2716 transcritos como o sábado semanal, mas
entrementes, flexionados no plural. Hoje este argumento
esfarrapado não é mais usado, salvo pelos mais incautos.
Sabbaton é uma das palavras gregas que são plural na
forma, mas às vezes singular no significado. Nenhum
estudante da Bíblia bem informado pode ainda
considerar o argumento de que “sabbaton” de
Colossians 2716 é plural e então tem que forçosamente
recorrer aos sábados sagrados cerimoniais de Levítico
23. “Várias explicações têm sido apresentadas para esta
peculiaridade da língua grega, porém a que mais nos
satisfaz é a do eminente estudioso A. T. Robertson em A
Grammar of the Greek New Testament in the Light of
Historical Research, págs. 95, 105. Sugere ele que as
duas formas sábbaton e sábbata, conquanto
aparentemente sejam o singular e o plural da mesma
palavra, em realidade são o singular de palavras
diferentes. Defende ele que o termo hebraico shabbath,
“sábado”, é a fonte lógica do termo comum grego
sábbaton. Nos tempos pós-exílicos, porém, o aramaico
era generalizadamente usado na Palestina, e seu termo
para “sábado” é shabbethá, palavra que bem poderia
haver sido introduzida no grego como sábbata. Assim
sábbaton foi sempre um termo singular, ao passo que
sábbata poderia ser singular ou plural, dependendo se
era usada como derivada do aramaico ou como o plural
de sábbaton.”

2. Meus sábados x Vossos sábados – Após terem


abandonado este tolo raciocínio enveredaram em dizer
que há uma substancial diferença quando Deus diz
“meus sábados” e “vossos sábados”. Os primeiros são
denominados de Deus, o sábado da criação, semanal,
proclamado antes da queda do homem, portanto não tido
como sombra de Cristo e não abolido, pois faz parte da
lei moral do decálogo que foi escrita em pedras. Já o
segundo é os denominados sábados cerimoniais ou
anuais, dado no Sinai, depois da queda, escrito em livro,
portanto, tido como sombra e cravado na cruz. Este
raciocínio é ensinado no livro “Subtilezas do Erro…erros
de Christianini”. Vejamos se tal raciocínio agüenta um
exame das escrituras. Na verdade, para uma pessoa
normal e sensata não há necessidade de se desgastar
com uma exegese profunda para desmascarar
argumentos fraudulentos como estes, basta apelar para
o raciocínio tendo como base apenas uma vista
panorâmica dos textos.

Vejamos:

Se Sábado é prescrição moral da lei por ser chamado


“meus sábados”, então os sabatistas têm de admitir
situação de igual valor para os sábados dos 7 anos e 50
anos. O Sábado anual era um Sábado do Senhor (Lv.2571-
4,10-12). Para serem coerentes deveriam guardá-lo por
haver sido chamado por Deus de “meus sábados”
(compare: Lv.2672,43,35). Jo.20717 – Aquele Pai,
mencionado por Jesus como “meu Pai” é diferente do Pai
também chamado por Jesus de “vosso Pai”? Só por que
mudou o pronome possessivo também mudou o Pai?
Vejam outro exemplo: Is.5677 comparado com Mt.23738,
onde os sacrifícios são chamados “meus sacrifícios” e
“vossos sacrifícios”. Em Is.43723,24 aparece o possessivo
“teus holocausto”, “teus sacrifícios”. Mais uma vez é
infantil e sem fundamento o argumento adventista. Falta
sentido e só revela desespero de causa.
3. Sábados Cerimoniais – Na malograda busca por
apoio em Colossenses 2716, os sabatistas pareciam ter
encontrado-o no argumento dos chamados sábados
cerimoniais. Dizem que o versículo de Cl.2716 não refuta a
tese adventista pois ali o que se encontra são os sábados
cerimoniais e não semanais (Carlyle B. Haynes, ‘Do
Sábado para o Domingoʼ, pág.31) . Mais uma vez
lançaremos mão da Bíblia para refutá-los.

a) A expressão de Cl 2.16 “dias de festaʼ se relaciona com


os feriados anuais ou sábados cerimoniais que eram
denominados dias de festa, “São estas as festas fixas do
Senhor, que proclamareis para santas convocações, para
oferecer ao SENHOR…” (Lv 23.37). Logo os sábados
cerimoniais ou anuais já estão incluídos nessa frase,
restando à palavra sábados o sentido diferente de
sábados semanais, “Além dos sábados do Senhor…” (Lv
23.38).

Eram sete as festas anuais judaicas mencionadas em Lv


23:

1.Festa dos Asmos – v. 6

2.Festa da Páscoa – v. 5

3.Festa de Pentecostes – v. 15, 16

4.Festa das Trombetas – v. 24

5.Festa da Expiação – v. 27, 28


6.Festa dos Tabernáculos (primeiro dia da festa)- v. 34

7.Festa dos Tabernáculos (último dia da festa) – v. 36

b) A fórmula ‘dias de festa, luas novas e sábadosʼ é a


fórmula consagrada para indicar os dias sagrados anuais,
mensais e semanais ou inversamente, semanais, mensais
e anuais.

Exemplos bíblicos da fórmula:

No. 1:

Em Números 28 encontramos os holocaustos para os


dias de sábados (semanais), para as luas novas
(mensais) e dias de festa (anuais) nos seguintes
versículos: “… no dia de sábado dois cordeiros de um
ano, sem mancha… Holocausto é do sábado em cada
semana…” (v. 9,10)
“E as suas libações serão a metade dum him de vinho
para um bezerro… este é o holocausto da lua nova de
cada mês, segundo os meses do ano.”(v. 14)

“Porém no mês primeiro, aos catorze dias do mês, é a


páscoa do Senhor; E aos quinze dias do mesmo mês
haverá festa; sete dias se comerão pães asmos.” (v.
16,17)

Exemplo n. 2:

1 Cr 23.31: “E para cada oferecimento dos holocautos do


Senhos, nos sábados (cada semana), nas luas novas
(cada mês) e nas solenidades (cada ano) por conta,
segundo o seu costume, continuamente (o parêntese é
nosso).

Exemplo n. 3:

2 Cr 2.4: “Eis que estou para edificar uma casa ao nome


do Senhor meu Deus, para lhe consagrar, para queimar
perante ele incenso aromático, e para o pão contínuo da
proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde
(cada dia), nos sábados (cada semana) e nas luas novas
(cada mês) e nas festividades do Senhor nosso Deus…
(cada ano).” (o parêntese é nosso)

Exemplo n. 4:

2 Cr 8.13: ” E isto segundo o dever de cada dia,


oferecendo segundo o preceito de Moisés, nos sábados
(cada semana) e nas luas novas (cada mês), e nas
solenidades (cada ano), três vezes no ano… (o parêntese
é nosso)

Exemplo n. 5:

2 Cr 31.3: “Também estabeleceu a parte da fazenda do


rei para os holocaustos, para os holocaustos da manhã e
da tarde, e para os holocaustos dos sábados (cada
semana), e das luas novas (cada mês), e das solenidades
(cada ano), como está escrito na lei do Senhor.”(o
parêntese é nosso)

Exemplo n. 6

Ez 45.17: “E estarão a cargo do príncipe os holocaustos,


e as ofertas de manjares, e as libações, nas festas (cada
ano), e nas luas novas (cada mês), e nos sábados (cada
semana), em todas as solenidades da casa de Israel.”(o
parêntese é nosso)

Exemplo n. 7

Os 2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas,


as suas luas novas e os seus sábados; e todas as suas
festividades.”

Voltemos agora a Cl 2.16 ” Portanto ninguém vos julgue


pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de
festa (cada ano ) , ou da lua nova (cada mês), ou dos
sábados (cada semana), Que são sombras das coisas
futuras, mas o corpo é de Cristo.” para verificarmos que
as expressões para a indicação dos dias sagrados
semanais, mensais e anuais ou inversamente, dias
sagrados anuais (dias de festas), mensais (luas novas) e
sábados (semanais) estão indicados sempre pela mesma
expressão. O contrário seria incorrer numa enumeração
desprovida de ordem lógica.

Sinomizarem-se ou confundirem-se os “sábados” das


perícopes de Oséias 2711 e Cl. 2716 com as solenidades
ou festas anuais é incorrer-se num pleonasmo sem
sentido. Um pleonasmo e inconseqüente descabido
sintoma de escandaloso sofisma. Com efeito, os dias de
sacrifícios anuais, então, seriam apresentados duas
vezes: uma sob a palavra FESTA e a outra sob o nome de
SÁBADOS, incorrendo-se em desacordo com Levítico
2373.

4. Julgar – Alguns adventistas ao que parece, passaram a


apreciar outros termos no trecho em pauta e agora
apelam para a questão do verbo “julgar”. Dizem que o
apóstolo não está de fato dizendo que o sábado foi
abolido, mas que ninguém deve “julgar” o outro por isso.

Paulo está dizendo para ninguém julgar os cristãos


porque não guardam estas coisas, porque era apenas
sombra que apontavam para o corpo, ou seja, isto é coisa
do passado, apontava para Cristo. Mas agora que o
original que é Cristo (metaforicamente chamado de “o
corpo”) já veio, não precisamos mais da sombra, do aio
(cf. Gl.3724,25). A quem você daria mais valor; ao seu pai,
ou a sombra dele? O que passar disso é animus
decipiendi. Demais disso, saberia alguém dizer qual a
denominação religiosa que mais julga os cristãos por não
guardar o sábado? Quem disse Igreja Adventista do
Sétimo Dia, acertou. São eles mesmos quem mais julgam
os cristãos por causa do sábado, são eles que afirmam
que quem não guarda o sábado está debaixo do juízo de
Deus; que a pessoa que guarda o domingo tem a marca
da Besta e outros impropérios mais. Todavia, Paulo diz
para ninguém julgar o seu próximo por causa de coisas
que já passou, que eram apenas sombra.

5. A heresia colossenses – A última novidade


apresentada pelos sabatistas vem da pena de Samuele
Bacchiocchi, um teólogo da IASD. Sua concepção sobre
CL. 2716, revolucionou totalmente o debate em torno da
questão do sábado. Ele não só contraria a opinião
tradicional do adventismo, como sugere uma nova
interpretação para a polêmica do sábado. Vejamos a
opinião de Bacchiocchi sobre Cl. 2716:

“O sábado em Colossenses 2.16: O tempo sagrado


prescrito por falsos mestres referem-se como sendo ‘um
sábado festivalʼ ou a lua nova ou um sábado. – ‘eortes e
neomnia o sabbaton.ʼ (2.16). O consenso unânime de
comentaristas é que estas três expressões representam
uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e
semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência
desses termos… Um outro significativo argumento contra
os sábados cerimoniais ou anuais é o fato de que estes já
estão incluídos nas palavras ‘dias de festa…ʼEsta
indicação positivamente mostra que a palavra
SABBATON como é usada em Cl 2.16 não pode se referir
aos sábados festivais, anuais ou cerimoniais.”
Determinar o sentido de uma palavra baseando-se
exclusivamente em conceitos teológicos em prejuízo de
evidências línguísticas e contextuais é estar contra as
regras de hermenêuticas bíblicas. Ademais, a
interpretação que o Comentário Adventista dá à palavra
‘sábadosʼ de Cl 2.16 é difícil de ser sustentada, desde
que temos visto que o sábado pode legitimamente ser
tido como ‘sombraʼ ou símbolos preparatórios de
bênçãos da salvação presente e futura.” ( Samuelle
Bacchiochi – From Sabbath To Sunday, p. 358-360)

Veja que a interpretação de Bacchiochi choca


frontalmente com o que ensinou o adventismo até hoje,
qual seja, que o sábado de Colossenses 2716 se refere ao
sábado cerimonial. Agora compare com as declarações
de Arnaldo Christianini, que gastou cinco páginas inteiras
no intuito de provar que os sábados ali mencionados
eram de fato os “sábados cerimoniais”. Pobre coitado!
Nem imaginava ele que mais tarde viria outro adventista e
desmantelaria todo o árduo trabalho do seu castelo de
areia! É, parece que tal tese a dos “sábados cerimoniais”
foi juntamente com ele sepultada. Mas vejamos o que
afirmavam as “subtilezas” de Christianini na década de
sessenta:

“Estes sábados estão incluídos entre instituições que


eram “sombras das coisas futuras” – prefigurações de
fatos que ainda estavam por vir. O sábado do decálogo é
comemorativo de um fato passado: a Criação. Não era
sombras de coisas futuras. Sem dúvida, o texto se refere
aos sábados cerimoniais.” e ainda prossegue afirmando ”
Mas – objetará alguém – SE Paulo menciona dias de
festa, não haveria necessidade de acrescentar “sábados”
se estes, afinal são os mesmos dias de festas.” E
finalmente dispara uma fulminante asseveração, “ISTO É
UM SUBTERFÚGIO” (ênfase acrescentada) (Subtilezas
do Erro, pág. 124,126,127)Bem, parece então que os
anátemas de Christianini recaiu sobre o senhor
Bacchiochi. Ao que tudo indica, ele armou um tremendo
subterfúgio para os adventistas!

Contradições

As contradições são gritantes veja como cada intérprete


adventistas considera os ´sabados de Colossenses 2.16:

CHRISTIANINI = São sábados cerimoniais

BACCHIOCHI = São sábados semanais

CHRISTIANINI = Não é sombra

BACCHIOCHI = É sombra

Bom, agora resta saber de que lado vai ficar os


adventistas! Vai sustentar ainda o ponto de vista do
adventismo tradicional, ou vai mudar para a nova tese de
Bacchiochi?

É verdade que Bacchiochi vai além da interpretação


tacanha adventista. Mas se você espera que ele irá
concordar com nossa tese, está muito enganado. Na
verdade, ele criou uma nova tese para o adventismo, que
em meu ponto de vista, não é melhor do que a anterior,
pois carece de respaldo bíblico. Sua nova tese traz sérias
complicações exegéticas e fica muito aquém do que se
esperava de um homem que alardeia ter recebido das
mãos do papa – o qual a sua igreja considera como ‘o
anticristoʼ- seu “doutorado”. Samuelle, definitivamente
não conseguiu dirimir o problema de Cl. 2716, o que ele
fez foi criar uma apagogia.

Apesar de defender a idéia de que os sábados de


Colossenses é o sábado semanal (vindo de um
adventista isto já é um grande progresso), ele desvia a
problemática toda para a questão da heresia
colossenses. Afirma ainda que a condenação de Paulo
recai não sobre o sábado em si, mas sobre a deturpação
do sábado feita pelos líderes heréticos. O único problema
com esta interpretação é que não tem respaldo Bíblico.
Se porventura, Paulo, estivesse apenas alertando os
crentes colossenses sobre uma perversão a respeito dos
dias sagrados e não sobre os dias em si, então devemos
supor que aquela trilogia ainda está em vigor para os
crentes do NT. Imaginamos por um instante que Samuelle
esteja correto; vale ressaltar aqui que Paulo não somente
declara para os Colossenses que foram pregadas na cruz
as práticas e regulamentos pervertidos pelos falsos
mestres, como tira toda a base de debaixo dos seus pés
por dizer que até mesmo foram cancelados os decretos
divinos com respeito ao Sábado e as festas.
Parafraseando, é como se Paulo estivesse dizendo aos
Colossenses mais ou menos assim: “Se Deus cancelou
os regulamentos do escrito de dívida, você não tem que
submeter supostamente aos regulamentos imposto por
anjos ou por qualquer pessoa”. Além disso, é o sábado
semanal do VT em lugar da “perversão do sábado” dos
mestres heréticos que são “uma sombra das coisas
futuras”. Paulo não só afirma que as perversões judias
quanto ao sábado não estão mais vigentes na
consciência do cristão como também que estes próprios
festivais eram verdadeiras “sombra de Cristo”. Apesar de
Bacchiochi concordar que aqueles sábados eram
“sombras”, todavia, ele forjou uma nova explicação para
fugir do dilema, saindo com a seguinte explicação:

“Além disso, notamos que o termo sombra é usado não


em um sentido pejorativo, como um rótulo para
observâncias inúteis cuja função cessou, mas para
qualificar o seu papel em relação ao corpo de Cristo…”
(ibdem)

Infelizmente ele está redondamente enganado, pois


todas as vezes que o termo sombra é usado em relação à
lei é para dizer que a sombra acabou, mas o original, que
neste caso é o corpo, permanece. Em Hebreus 875 o
sistema mosaico inteiro é chamado de sombra. Em
Hebreus 1071 a lei é chamada de sombra. Em nenhum
destes casos alguém vai objetar dizendo que a sombra
ainda permanece depois que Cristo veio.Percebemos a
mesma linguagem em Colossenses 2716,17, onde os dias
sagrados judaicos são uma sombra em contraste com
Cristo que é o corpo. Ora, se esta sombra ainda
permanece válida depois que Cristo veio então devem
ser válidas todas aquelas outras festas “cerimoniais” que
estão juntas no mesmo verso. Os sabatistas tradicionais
contestam dizendo que o sábado de Cl.2716 não pode ser
o Sábado semanal porque estes “sábados” estão
incluídos entre instituições que eram ‘sombras das coisas
futurasʼ – prefigurações de fatos que ainda estavam por
vir. O sábado do decálogo é comemorativo de um fato
passado – a criação. Não era sombra de coisas futura,
dizem eles. Sem dúvida, o texto se refere aos sábados
cerimoniais. (Subtilezas – pág. 124)
Perguntamos então: a saída dos israelitas do Egito não é
um fato histórico? Mesmo assim não deixa de ser sombra
da libertação que Cristo veio trazer a nós. Adão
certamente é um fato histórico do passado até mesmo
antes da queda, no entanto, ele apontava como uma
figura para frente, em Cristo mesmo, Romanos 5714.
Claro que o sábado como todos os grandes festivais do
VT foi instituído para apontar para os feitos poderosos de
Deus encontrados na criação ou no Êxodo. Mas eles não
só apontavam para trás como também para frente, para a
nova criação de Deus. Era comum os judeus falarem do
sábado do decálogo como um antegozo do sábado
(descanso) eterno escatológico que havia de vir. Hebreus
cap. 4 reflete bem esta concepção quando une
tipologicamente o sétimo dia com o descanso que temos
em Cristo através da pregação do Evangelho (cf. Mt.
11728-30).

Demais disso sempre que o VT une a festividade da Lua


Nova com o Sábado como acontece em Cl. 2716, está
recorrendo ao sábado semanal (conf. 2 Reis 4723; 1
Crônicas 23731; 2 Crônicas. 274; Neemias 10733; Isaías
1713; 66723; Ezequiel. 45717; 4671; Oséias 2711; Amós 875).
É importante frisar que quando Deus vai anunciar suas
festas santas, suas convocações que os sabatistas,
mormente chamam de “cerimonial” e dizem que foi
abolida, está justamente o sábado semanal em primeiro
lugar. Assim reza o texto em Levítico 23: 1,2,3: “As festas
do Senhor que proclamareis como santas convocações
São Estas:” então o escritor passa a enumerá-las, e a
primeira delas a encabeçar a lista é justamente o sábado
semanal. Mas como bom adventista acostumado a
esgrimir sofismas, Christianini apela para o fato de que o
sábado semanal era totalmente distinto dos sábados de
festas. Apelando para a vulgata de Jerônimo que reza:
“Exceptio sabbatis Domino…” ou seja, “além dos sábados
do senhor”. Ele quer ver nisto uma distinção. Todavia, há
de se esclarecer que a vulgata é uma tradução que não
merece muito apreço pelos críticos. Os estudiosos
Geisler & Nix, em sua “Introdução Bíblica” pág. 216 nos
diz que: “A coerência do texto da Vulgata é muito pouca
desde o século VI, e seu caráter geral é algo imperfeito.”
Destarte, as traduções de Matos Soares e Figueiredo,
que Christianini quer se apoiar tanto neste particular,
chegando a dizer que “seguem melhor o original”, é um
ato um tanto suspeito. Suspeito porque tais autores
católicos fizeram suas traduções de uma outra tradução
e não do original como fez João Ferreira de Almeida.
Portanto, com qualidade inferior. Em nossas traduções
mais conhecidas (pelo menos 5 que verifiquei) e
tradicionais não aparece a frase “além dos sábados do
Senhor”, o sábado é englobado juntamente com as
festas.

Entrementes, havia, no entanto, uma diferença entre o


sábado semanal e as festividades que os adventistas
chamam de “sábados cerimoniais”. Há de se notar que o
descanso do sábado semanal era mais completo do que
as festividades, enquanto aquele proibia fazer todo tipo
de obra, estes, porém, proibiam apenas as “obras servis”,
bem como pelo fato de ser celebrado semanalmente ao
passo que estas “festas”eram anuais. No sábado era
sacrificado dois cordeiros ao contrário dos outros dias
(Nm.2879), ainda doze pães da proposição eram
apresentados no tabernáculo no sábado (Lv. 2475-8).Mas
todos eram “moʼedh” (festa) que vem do verbo yeiʼed
“reunir por pacto” ou “hag” “solenidades”, “santa
convocação” mostrando assim o caráter puramente
cerimonial do sábado. Concluímos que o sábado semanal
fazia parte das “solenidades” de caráter cerimonial, e
tendo em vistas, que era ele mesmo, o sinal do pacto de
Jeová com Israel. Não tem por onde fugir, se se pretende
dizer que os sábados de Cl.2716 são os sábados
cerimoniais e estão incluídos nas festividades como faz
Christianini, então terão igualmente de levar junto o
sábado semanal, pois ele também estava incluído nas
“solenidades do Senhor” como já demonstramos.
Quanto a isso diz o renomado dicionarista John D. Davis
debaixo do verbete “festas”:

” Tempo marcado pelas regras eclesiásticas destinado a


festividades religiosas, Lv 23.2, incluindo o sábdo
semanal, a festa do primeiro dia do sétimo mês e o dia da
expiação, Lv 23. 3,24.27.” (p. 225)

Mas tudo indica que Cl. 2716 está se referindo mesmo à


divisão bíblica destas festas em anual, mensal e semanal.

Havia basicamente três coisas que separavam os judeus


dos outros povos e conseqüentemente trazia o escárnio
destes sobre eles, a saber: a circuncisão, o sábado e as
dietas alimentares. O interessante é que exatamente
estas três coisas era o pivô das cartas de Paulo. O
apostolo alertava os cristãos dizendo que não estavam
mais sujeitos a dias santos, a comidas ou circuncisões.
Este é o assunto de Romanos, Gálatas e Colossenses. Em
Colossenses 2714, Paulo diz que Cristo cravou na cruz
nosso escrito de divida que era as ordenanças que é a
mesma lei dos mandamentos de Efésios 2: 14,15. Qual
era mesmo a lei dos mandamentos? Ora, não era o
decálogo? Sendo assim, o sábado fora realmente abolido
por Cristo, segundo Col. 2716.

Mas não se dando por vencidos eles apelam para o


contexto dizendo que a palavra “cheirographon” – que
em algumas versões é traduzido por “escrito de dívida”
ou em outras como “código ou documento escrito”, ainda
outras traduzem como “cédula de dívida” – nada mais era
do que “o instrumento para a recordação dos pecados”
ou “o registro de nossos pecados” e não a lei de Moisés
(Balchiochi – ibdem pág. 350,351). É verdade que
estudiosos descobriram exemplos extrabíblicos onde a
palavra cheirographon era antigamente usada para
recorrer a uma conta assinada, uma espécie de duplicata.
Porém, deveria ser mostrado também que a maioria dos
estudantes que sugestionam esta interpretação
reconhece que o documento de obrigação e os
regulamentos da lei são o mesmo. Bacchiocchi
reconhece a possibilidade de que se esta passagem de
Paulo recorre realmente à lei de Moisés, existe então uma
possibilidade legítima de que o Sábado semanal poderia
estar incluído entre as ordenações pregadas à cruz
(ibdem pág. 348). Porém, há uma fraqueza séria no
argumento de Bacchiocchi sobre a palavra
cheirographon. O significado de cheirographon como um
documento de obrigação é só um dos significados da
palavra em escritos gregos antigos.

Outro estudioso, R. C. H. Lenski em sua “Interpretação


das epístolas de São Paulo” pág. 114, mostra que
cheirographon pode recorrer a um contrato de trabalho,
para um documento que dá autoridade para agir ou até
mesmo para acordos empresariais. Portanto, está
enganado então Samuelle, ao dizer que cheirographon
significa apenas um instrumento para se lembrar ou
registrar uma dívida. Significa sim, um documento escrito
simplesmente. O referido documento registrado no v.14
deve ser determinado pelo contexto. Diz Paulo que
cheirographon consiste em “regulamentos”,
“ordenanças”, “decretos” (da palavra dogmasin no
grego). Colossians 2714, portanto, não descreve pura e
simplesmente um documento que nós assinamos, mas
algo que foi escrito em decretos divinos. Essa mesma
palavra “dogmasin” aparece em Efésios 2715, onde Paulo
discute sobre a lei mosaica obviamente. Colossenses
2714 e Efésios 2715 estão falando do mesmo documento,
veja a seguinte comparação:

Efésios 2714,15 – “na sua carne desfez a inimizade, isto é,


a lei dos mandamentos contidos em ordenanças…”

Colossenses 2714 – “e havendo riscado o escrito de


dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual
nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o
na cruz.”

Quando nós examinamos o contexto de Colossenses


2714, vemos que é precedido por uma referência à
circuncisão e é seguido por uma referência sobre festas,
luas novas e sábados. Paulo chama isto de “stoicheia”, ou
seja, “de princípios de regulamentos deste mundo” (Col.
2720), da mesma maneira que ele fez em Gálatas 4. Além
disso, Paulo estava escrevendo para combater certos
cristãos judeus que estavam impondo a lei mosaica aos
cristãos gentios.
Bacchiocchi vê uma objeção a esta interpretação de
Colossians 2714 arrazoando da seguinte maneira: “Como
Deus pôde pregar na cruz a lei, sendo que ela é santa
(Rom. 7712)? Como isto ajudaria na remoção da culpa
destruindo a lei?”. Com tal questionamento Bacchiochi
permite que suas pressuposições teológicas anule a
clareza da passagem. Porém, nós sugeriríamos que o
problema seja resolvido, não adaptando o pensamento
do escritor às nossas premissas de éticas teológicas e
por conseguinte, distorcendo o que o apóstolo diz, mas
deixando que a escritura fale por si, independente se ela
vai ou não de encontro com nossas pressuposições. Pois,
a verdade da coisa não muda pelo nosso afirmar ou
negar…Veritas rei nostro affirmare vel negare non
mutatur.

Em um debate on-line com John Lewis, Bacchiochi


arremata dizendo: “À luz das indicações anteriores,
concluo eu que os que Paulo chama “uma sombra” não é
a lei de Moisés ou o sábado sagrado, mas os ensinos
enganosos da filosofia dos Colossenses que promoveu
práticas dietéticas e a observância de tempos sagrados
como ajudas auxiliares à salvação”.
O problema com este raciocínio é que em nenhum lugar
da Bíblia encontramos “perversões” ou ensinos heréticos
como “sombra” de Cristo. Biblicamente falando isto é
inadmissível. Torno a repetir: se Paulo não está
condenando os dia em si, mas somente suas perversões
impostas pelos mestres heréticos, então, para sermos
coerentes, tudo isto deve ser aplicado também para a
vigência dos dias de festas e da Lua Nova. Demais disso,
a leitura atenta do texto também nos convence de referir-
se a palavra “ordenanças” à lei inteira. Note-se, com
efeito, o verso 13: “e a vós, quando estáveis mortos nos
vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos
vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os
delitos” As ofensas procediam contra as disposições
morais do decálogo. Se se tratasse aí de ordenanças
puramente cerimoniais, como de resto querem os
adventistas, o texto teria se valido do termo “dikaioma”
aplicado no plural “dikaiomata” com este sentido ao
aludir a cerimônias judaicas em Heb. 971,10, e não a forma
verbal “dogmatizomai”. Ou ter-se-ia valido do vocábulo
“ethos” que significa rito e costumes, encontrado em Lc.
179; Jo.19740; At. 6714; 1571;16721; 21721;25716;2673;28717
e Heb. 10725.

Sim, “cheirographon” é uma metáfora da lei mosaica


inteira, mas, sobretudo em seu aspecto moral, que nos
fazia grandes e insolventes devedores, porquanto, ao
proibir o pecado, fazia-o contudo, mais abundante,
escravizando-nos e levando-nos à morte (cf. Rm. 5720;
775-13,25; IICo. 376; Gl. 571).

COMPREENDENDO O CONTEXTO DA ÉPOCA

Para entendermos a epístola aos Colossenses – e de


modo geral toda a Bíblia – devemos nos ater não
somente na investigação textual, mas de modo global,
atentar mais para uma pesquisa abrangente, levando em
conta os princípios da metodologia científica. Segundo
os eruditos bíblicos, Colossenses é uma das epístolas
escritas da prisão, e segundo estes mesmos estudiosos,
essa prisão foi na cidade de Roma. Efésios é uma epístola
“irmã” de Colossenses, pois assemelha-se muito àquela.
Encontramos a maioria das idéias de Efésios contidas em
Colossenses.Há realmente dificuldades para se
identificar o que era a “Heresia Colossense”, ou quem
eram, “os mestres heréticos” que estavam introduzindo
tais heresias. Não obstante, é quase impossível não ver
uma infiltração de costumes judaizantes na igreja de
Colossos. Nessa região, Antioco III, instalou cerca de 210
a.C., uma colônia militar judaica de 2.000 famílias. Isto é
atestado por Flávio Josefo em “Antiguidades Judaicas,
XII, 147-153” e também por Cícero (Pro Flacco 28) que
na época constava aproximadamente com 66.000 mil
judeus. A influencia de práticas judaicas é inegável e
muito compreensível, visto que os judeus se fixaram, de
longa data, na região e formavam uma comunidade
influente. Mas se admitirmos a teoria do judaísmo resta
saber que tipo de judaísmo era esse. Um judaísmo
ortodoxo ou um judaísmo helênico sincretista?

Assinalemos primeiro as práticas que denunciam


explicitamente as doutrinas e práticas das heresias.

• (278) Filosofias – caracterizada como simples


“paradosis” tradição humana, é a mesma palavra usada
para identificar a reprimenda de Jesus às tradições dos
judeus em Mt. 1572,3,6. Essa filosofia dizia respeito aos
“stoicheia tou kosmou”, ou seja, os elementos do mundo.
Salta aos olhos de qualquer estudante bíblico que está se
referindo à mesma palavra que Paulo usou em Gl.473,9
para taxar de forma depreciativa as práticas do judaísmo.

• (2;16) Alimentos e calendários das festas – aqui atinge


em cheio as práticas judaicas.

• (2718) Culto aos anjos – Antes de qualquer coisa, não


devemos ignorar que o papel dos anjos era de suma
importância na literatura judaica apocalíptica (cf. Livro de
Daniel, Enoc, Assunção de Moisés, etc.). O papel dos
anjos – guardiães da lei – revive concepções judaicas.
Pois segundo tais concepções, os anjos haviam
participado da promulgação da lei no Sinai (cf. At.
7738,53 e Gl. 3719). O Concilio de Laudicéia (cidade
vizinha de Colossas) em meados do século IV, vai
anatematizar os cristãos que ainda veneravam estes
seres. Isto é uma prova histórica de que esta prática
ainda estava fortemente arraigada na Ásia Menor.

• Termos gnósticos – Paulo usou alguns termos que mais


tarde iriam ser encontrados nos sistemas gnósticos do
século II (cf. Evangelho de Tomé) e que foram
veementemente refutados por apologistas como Irineu
(Contra Heresias I, 11,1), são eles: Pleroma e eon. Isto fez
alguns suporem que a heresia colossense era uma
mistura de gnosticismo com judaísmo essênio. Podemos
descartar desde já uma supremacia gnóstica na heresia,
pois tal seita era completamente anti-judaica, a título de
ilustração temos o herético Marcion e seu dualismo
gnóstico anti-judaico no séc.II.

Todas as evidências apontam para o fato de que a


“heresia colossense” era realmente de procedência
judaica. Apesar da palavra “lei”, não está inclusa na carta,
como alardeiam os apologistas do sábado, todavia,
indubitavelmente, o conteúdo aponta para controvérsias
em torno desta. Caso contrário, os sabatistas terão de
admitir igualmente que aqueles elementos também não
fazem parte da lei cerimonial, pois a palavra lei não é
mencionada.

Os advogados de uma causa fracassada se arriscam a


ridícula incongruência e à extrema cegueira precedendo
assim com tais argumentos. Conquanto, eles admitem
que ali foi cravada a lei cerimonial, também podem
admitir que foi cravado o decálogo, sendo que Paulo não
fazia distinção alguma entre uma e outra lei, como
insistem fazer os adventistas. Para se salvarem da
derrocada exegética alegam que não pode ser o sábado
(da lei moral) que foi cravado na cruz (v.14), pois a
palavra lei não é mencionada, mas contradizendo-se
afirmam que Paulo está falando da lei cerimonial. Mas
Como se a palavra lei nem é mencionada? Por ai
percebe-se a incongruência dos advogados do sábado. É
bom frisarmos que esta epistola foi escrita de Roma,
onde Paulo teve de combater as heresias judaizantes. É
claro que Paulo ao escrever suas duas epístolas,
praticamente gêmeas, Efésios e Colossenses, tinha em
mente tais heresias. Demais disso, as três coisas
principais que caracterizavam a fé judaica eram: a
circuncisão, o sábado, e as leis dietéticas. Desde que
estas eram a herança dos judeus e cristãos-judeus, nós
não deveríamos nos surpreender por achar que Paulo
não tivesse conflitos sobre a circuncisão (Gal. 572-3; Fl.
372-3), e o sábado (Rom. 1475-6; Gal. 4710; Col. 2716-23;
e Tim. 471-5) onde quer que os judaizantes tivessem
penetrado com suas doutrinas.

“De fato, embora houvesse outras práticas judaicas que


distinguiam os judeus de outros povos no mundo heleno,
a importância das leis dietéticas e a observância de
certos dias santos tinham aumentado de importância nos
períodos macabeu e pós-macabeu, quer dizer, os
períodos imediatamente precedentes à época em que
Paulo escreveu (cf. Dunn). A preocupação sobre dias
santos é vista nas disputas calendáricas que ocorriam na
datação formal das festas judaicas (e.g., 1 Enoque 74.10-
12/Jubileu 6.32-35/ Normas da comunidade 1.14,15). De
fato Josefo nos fala que mesmo antes da era dos
macabeus, “comer alimentos imundos e violar o
sábado”eram considerados os dois atos primários de
desobediência ao concerto (Antiguidades judaicas).

“É óbvio que para a maioria dos gentios não tinham nem


relevância cultural nem peso teológico. A recusa dos
cristãos gentios, que se viam como pessoas livres em
Cristo, em observar as práticas judaicas tinha o apoio do
apóstolo Paulo.”

“Com relação a guardar as leis dietéticas, a observância


de certos dias santos era amplamente praticada entre os
judeus – não apenas na Palestina, mas também fora da
região – como expressão de identidade. A disputa na
comunidade crista em Roma pode ter tido a ver com
guardar o sábado ou as festas judaicas, ou ambos.
Qualquer que seja a situação, a guarda de certos dias
sobre outros evitou a barreira à comunhão com os
crentes gentios que não tinham inclinação para celebrar
os dias santos judaicos”. (Comentário Bíblico Pentecostal
– Novo Testamento – págs. 904,905, vários autores ed.
CPAD 1 ed.)

Dado a situação histórica precedente, é difícil não admitir


que as escrituras seguintes não estejam se referindo
sobre este conflito com respeito ao dia do sábado, veja:

“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio


senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque
poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença
entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada
um esteja inteiramente convicto em sua própria
mente.Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E
quem come, para o Senhor come, porque dá graças a
Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá
graças a Deus.” (Rm. 1474-6)

“agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor,


sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a
esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo
quereis servir?Guardais dias,(sábado) e meses (lua
nova), e tempos, e anos (festas) .Temo a vosso respeito
não haja eu trabalhado em vão entre vós.” (Gl. 479-11)

“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou


por causa de dias de festa (anos), ou de lua nova
(meses), ou de sábados (dias), que são sombras das
coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.” (Col. 2716,17)

AUTORES CITADOS POR CHRISTIANINI

Em “Subtilezas do Erro”, Arnaldo Christianini cita vários


autores protestantes tentando angariar apoio à sua teoria
de que o sábado de Colossenses 2.16 não fora abrogado.
Verificando-se, porém, com um pouco de atenção,
constatar-se-a a fragilidade do sofisma.

1ª Citação: Adam Clarke – Ao contrario do que se


evidência, o que este autor diz é que tudo foi abolido, até
mesmo o sábado semanal. O autor de “Subtilezas”, em
sua miopia, não percebeu que dentro do pacote das
cerimônias Clarke parece jogar o sábado semanal junto,
veja com mais atenção, ele diz que “…aqui se refere a
algumas particularidades do escrito de ordenanças, que
foram abolidas, a saber,…e sábados particulares ou
aqueles que deviam ser observados com incomum
solenidade…” Veja que ele faz uma nítida distinção entre
dois tipos de sábados; um ele chama de “particulares”
certamente uma referencia ao sábado do decálogo, e o
outro ele chama de “solenidades”, certamente falando
aqui dos “cerimoniais”. Ele os diferencia usando o
pronome demonstrativo “aqueles”, e arremata dizendo;
“todos eles foram abolidos e cravados na cruz” E
Christianini ainda expõe sua falta de competência como
pesquisador e dispara: “Aí está uma interpretação
insuspeita e valiosa” (ibdem pág. 121)

2ª Citação: J. Skinner – Também este escritor não apóia


em nada a tese sabatista, pois aponta o que nós já
sabemos, isto é, que havia uma distinção entre lua nova e
sábado. Só que com o detalhe de jogar o sábado, quando
este aparece junto à lua nova, dentro das festividades
mensais. Este pensamento é agora rechaçado até
mesmo por Bacchiochi, “O consenso unânime de
comentaristas é que estas três expressões representam
uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e
semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência
desses termos”

3ª Citação: Alfred Edersheim – Ele frisa que tal escritor é


de nacionalidade judaica e profundo conhecedor das leis.
Mas este autor só afirma o que já está patente, qual seja,
que as festividades às vezes são chamadas de
“sábados”, e só isto. Mas se a importância recai na
nacionalidade judaica querendo com isso julgar de mais
peso a interpretação, podemos da mesma maneira citar
um teólogo também de descendência judaica a favor de
nossa tese, o apologista Archer: “O próposito geral de
Colossenses 2716 é ensinar que os dias santos distintivos
do AT não devem mais ser observados pelos crentes do
NT…Daí entendermos que o V.16 parece referir-se
primordialmente ás estipulações obsoletas do AT, uma
das quais é o sábado, como sétimo dia da semana, e
outra a festa chamada sábado” (Gleason Archer,
Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, pág. 129)

4ª Citação: Albert Barnes – Realmente Barnes se


referindo a Col. 2716 afirma: “pois não há a mais leve
razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos dez
mandamentos havia cessado de ser obrigatório…” e
“Nenhuma parte da lei moral – nenhum dos dez
mandamentos – poderia ser referido como sombra das
coisas futuras… são de obrigação perpétua e universal”.
Há de se fazer, entretanto, uma ressalva aqui. Temos de
entender que Barnes não apóia a causa adventista ipsis
litteris. Simplesmente porque a crença presbiteriana é
que o princípio moral do mandamento do sábado não foi
abrogado (cremos também assim). Eles crêem que o
primeiro dia da semana tomou o lugar do sábado (cf.
Breve catecismo de Westminster). É mais ou menos
como se o princípio moral deste mandamento fosse
despido de sua roupagem judaica e vestido sob as
condições da Nova Aliança. Eles até chamam o domingo
de “sábado cristão”! Tendo este pano de fundo teológico
podemos entender a declaração de Barnes e por fim
todas as citações de resto dos autores reformados que
seguem o mesmo pensamento. Se ele estivesse
defendendo o sábado, cairia numa flagrante contradição,
pois estaria defendendo a vigência de um dia e
guardando outro. Novamente salta aos olhos a hipocrisia
de Christianini ao dizer, “Até parece um adventista
falando…É forte a força da evidência.” Perguntamos: que
evidência?!

5ª Citação: Strong – É idêntico ao caso acima citado,


Strong afirma que o sábado não foi abrogado pelos
mesmos motivos. Desta vez porém, Christianini foi mais
honesto ao admitir a real posição desse teólogo quanto
ao dia, mesmo citando de maneira camuflada em letras
minúsculas. Na página 128 ele finalmente admite:
“Verdade é que Strong admite a mudança do sábado
para o domingo”.

É claro que existem vários estudiosos que não adotam o


ponto de vista dos adventistas quanto à lei e o sábado.
Entre eles estão:

1. Os pais da Igreja: Clemente, Orígenes, Ireneu,


Tertuliano, Justino, Eusébio Ad infinitum…

2. Os reformadores e outros: Calvino, Lutero, Zuínglio,


Bunner, Wesley, Moody etc…

3. Grandes estudiosos como Roberty H. Gundry, Josh


Mcdowell, F.F Bruce, John Davis etc…

Relacionamos abaixo o que nos foi enviado através de e-


mail por um adventista sobre a posição de renomados
teólogos protestantes quanto a interpretação desta
passagem. Diz ele:

“Russell Norman Champlin apresenta extenso comentário


para este verso visando provar que o vocábulo “sábados”
se refere ao sábado do quarto mandamento. Segue-se
uma pequena parte:

“… ou sábados … O plural com freqüência representa o


singular, talvez por analogia com ‘dias de festaʼ (plural).
Alguns eruditos pensam que o sábado normal está
particularmente em foco, neste ponto ou pelo menos,
que o mesmo não é excluído… Mas parece certo que está
mesmo em foco o sétimo dia da semana (e que o plural é
usado em lugar do singular)”. – O Novo Testamento
Interpretado, vol. 5, pág. 124.

Walter R. Martin no livro The Truth About Seventh-day


Adventism se valeu da mesma dialética e textos bíblicos
usados pelas igrejas tradicionais para refutar algumas de
nossas crenças, como a vigência da lei e do sábado na
dispensação cristã. Como prova de que os cristãos não
necessitam mais de guardar o sábado ele menciona Col.
2713 a 17.

“Primeiro, nós que estávamos mortos temos sido


vivificados em Cristo, e foram-nos perdoados todos os
nossos pecados e transgressões. Somos livres da
condenação da lei em todos os seus aspectos, pois
Cristo assumiu nossa condenação na cruz. Como já foi
observado, não há duas leis, moral e cerimonial, mas
apenas uma lei contendo muitos mandamentos, todos
perfeitamente cumpridos na vida e morte do Senhor
Jesus Cristo”.

Na página 162 ele afirma:

“De todas as declarações do Novo Testamento estes


versos são os que mais fortemente refutam a
reivindicação sabatista para observar o sábado judeu”.
Declara ainda que “o sábado como lei se cumpriu na cruz
e não é mais obrigatório para os cristãos”.

Inconsolável murmura o adventista: “Crê ele que estamos


desobrigados de guardar a lei, porque ela é contra nós e
foi pregada na cruz. Afirma que suas declarações são
irrefutáveis porque se baseiam em leis da gramática e no
contexto.”

E ainda sobre Martin, acrescenta o sabatista: “Em sua


defesa de que o termo “sábados” de Col. 2716 se refere
ao sétimo dia da semana, Walter R. Martin cita Vine,
Alford, Vincent como autoridades que defendem a
conveniência de traduzir a palavra “sábados” pelo
singular sábado. Acrescenta ele que “a erudição
moderna e conservadora estabelece a tradução singular
de sábado”. (Até aquí o sabatista)

MAIS TESTEMUNHOS

Várias Confissões – Ainda outros comentaristas como é o


caso de “O Novo Comentário da Bíblia”, composto por
uma vasta classe de eruditos em teologia, declara que a
interpretação correta sobre os sábados de Cl. 2716 é que
são sábados semanais. Vejamos o comentário destes
eruditos sobre o texto em pauta:

“… esta regra ascética provavelmente tinha uma intima


relação com o judaísmo, particularmente quando
associada como aqui, com a observância de dias santos,
luas novas, dias de sábado, e as cerimônias anuais,
mensais e semanais do judaísmo”.(pág.1292)

Fritz Rienecker – estudioso da língua grega, em sua obra


“Chave Lingüística do Novo Testamento Grego”
interpreta Colossenses 2716 da seguinte maneira: “…lua
nova. Descreve a festa mensal e a palavra seguinte
sábado, “sábado”refere-se ao dia santo semanal
(Lightfoot)” (pág. 426)

Lothar Coenen e Colin Brown – em sua obra de peso


“Dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento”, comentando sobre o sábado afirma:

“(c) Cl 2716. Aqui Paulo argumenta que a lei judaica (as


exigências legais) foi cancelada na morte de Cristo (v.14),
e, portanto, que os regulamentos dietéticos e o
calendário religioso dos judeus não eram obrigatório para
o cristão. Este ritual incluía a observância do sábado,
Paulo indica que estas observâncias indicavam uma
realidade espiritual cumprida em Cristo”.(pág.2163)
Batistas – “Está claro, no entanto, que o aspecto
permanente da lei é o ético, e não o cerimonial…Assim,
ele pode recomendar os entolai theou aos gentios, e
ainda rejeitar inflexivelemnte os entolai cerimoniais, tais
como a circuncisão, a comida, as festas, e até a guarda
do sábado (Col. 2.16), pois estes são nada mais que uma
sombra da realidade que chegou com Cristo.” (Teologia
Sistemática – George Eldon Ladd pág. 473-474 ed. Juerp
2ª edição)

Assembléia de Deus – No rodapé da recente “Bíblia de


Estudo Aplicação Pessoal” está escrito, “A frase ‘pelo
comer ou pelo beberʼ provavelmente refere às leis
judaicas relacionadas aos alimentos. As festas
mencionadas são os dias santos judaicos celebrados
anual, mensal (lua nova) e semanalmente (o sábado).
Essas cerimônias distinguiam os judeus de seus vizinhos
pagãos.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, pág. 1678 –
1ª ed. edit. CPAD)

“As leis, os dias santos e as festas do AT apontavam para


Cristo. Paulo os chama de ‘sombrasʼ da realidade que
estava por vir – o próprio Cristo. Quando Cristo veio,
dispensou as sombras. Se temos a Cristo, temos o
necessário para conhecer e agradar a Deus”. (ibdem)

“Mas não há duvida de que pela vinda do Senhor [Jesus]


Cristo haja sido abolido [o] que era aqui cerimonial. Pois
Ele é a verdade, pela presença de Quem se desvanecem
todas as figuras; o corpo, a cuja visão são deixadas para
trás as sombras. Ele é, digo [-o] o verdadeiro
cumprimento do sábado.”

Calvino – “Ora, como na ressurreição do Senhor esteja, o


fim e cumprimento daquele verdadeiro descanso que o
antigo sábado adumbrava, os cristãos são advertidos
pelo próprio dia que pôs termo ás sombras a se não
apegarem ao cerimonial obumbrante.” (Institutas da
Religião Cristã – Calvino vol. II livro 2 cap. VIII p. 33 – CEP)

Pentecostais – “As referências no versículo 16 à


manutenção das festas religiosas, das celebrações da lua
nova e dos dias de sábado, sugerem que os ensinos
problemáticos em Colossos tinham uma forte influência
judaica” (Comentário Bíblico Pentecostal – Novo
Testamento, pág. 1343 – vários autores ed. CPAD)

“O primeiro conjunto de preocupações abordado por


Paulo, está relacionado à imposição de leis sobre a
alimentação (“pelo comer, ou pelo beber”) e à
observância de certos dias considerados como
santificados (“dias de festas, ou da lua nova, ou dos
sábados”). O apóstolo encoraja os colossenses a não
deixar que ninguém os ‘julgueʼ com respeito a estas
coisas….A razão pela qual os regulamentos não têm
nenhuma relevância é que são apenas ‘sombrasʼ das
‘coisas futurasʼ, porém o corpo é de Cristo…”. E conclui
finalmente, “Submeter-se a tais práticas seria sujeitar-se
novamente a uma forma de escravidão, o tipo de
escravidão da qual foram libertos…” (ibdem pág.
1347,1348) D. M Canright ex-pastor adventista em sua
obra “O Adventismo Renunciado” discorrendo sobre
Colossenses 2.16 cita várias autoridades teológicas no
assunto, que vem confirmar sem sombra de dúvida que o
sábado neste verso é realmente o sábado semanal que
fora ab-rogado. Entre eles está vultos como Johnh
Bunyan, o conhecidíssimo ‘Comentário do Púlpitoʼ, John
Wesley, os metodistas: Dr. Scott, Dr. Lee e muitos outros.

Verso 14

…e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra


nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário,
removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz;

…escrito de dívida …

Quanto a isto o comentarista afirma enfaticamente: “Isto


é uma referência ao Decálogo e à Lei de Moises inteira.”

“Sobre a suposta distinção entre as leis ele assegura:


“Distinção entre Lei moral e cerimonial não tem nenhum
significado para Paulo. A Lei é uma unidade….Para Paulo,
o caráter hostil da Lei é peculiarmente associada com
seu lado moral.” ainda diz que a Lei aqui “é representada
pelos 10 Mandamentos”

cravando-o na cruz…

“Esses termos indicam o cancelamento absoluto e ab-


rogação da Lei de Moises. Também, não deveríamos
perder vista o fato de que a heresia dos Colossenses
estava envolvida fundamentalmente na Lei de Moises…”

Citando outro erudito ele diz: “A aplicação especial deste


verso, inclusive da parte moral da Lei de Moises, foi
discutido assim por Macknight:

Os preceitos morais da Lei de Moises são chamados de o


Chirograph, ou manuscrito de ordenanças, porque a
maioria essencial destes preceitos foram escritos pela
mão de Deus em duas tábuas de pedra; e Moises foi
direcionado a escrever isto em um livro.”

Verso 16

Comer … beber … dia de festa … lua nova… dia de sábado


“De importância particular é o aparecimento do


mandamento do sábado. Embora o artigo o não esteja no
Grego, isto esclarece o seu significado; Paul estava
resistindo aos Judaizantes que estava insistindo na
observância legalística do sábado.” Como F. F. Bruce
expressou, ” Paulo está avisando seus leitores contra
aqueles que estavam tentando impor a observância do
sábado Judaico sobre eles.” E conclui: “A observância do
sábado é aqui colocada sobre o mesmo nível das outras
coisas abolidas…”

(James Burton Coffmanʼs Commentaries: New Testament


(Dr. Coffman presents a verse by verse look at Godʼs
Word.)

“ou “sábados”; significando o sábado do jubileu, que era


um ano em cinqüenta; e o sábado da terra, que era um
ano em sete; e o sábado do sétimo dia, em algumas
cópias lê-se o número singular, “ou do sábado”; que era
peculiar aos Judeus, não se relacionava aos gentios…os
Gentios não são forçados a guardar seus sábados…”

Após citar algumas autoridades sobre o assunto conclui:


“…o sábado foi peculiarmente dado aos Filhos de Israel; e
que os gentios, estranhos, ou outros, nunca foram
punidos ao negligenciar e quebrar isto…”

John Gillʼs Exposition of the Entire Bible

Cada autor é responsável pelo conteúdo do artigo.

Você também pode gostar