O Principio Da Supremacia Do Interesse Publico

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O princípio da supremacia do interesse

público
*Isabella Campos
( SALA H 202)

 DIREITO ADMINISTRATIVO

O princípio da Supremacia do Interesse Público conduz o Direito


Administrativo, ao lado dos princípios do Art. 37, CF/88, quando
impõe que a coletividade sobrepõe o particular. Dessa forma
confere uma interferência direta nas relações jurídicas e em
todos

INTRODUÇÃO
A Constituição de 1988 dedicou o Capítulo VII à Administração Pública, em
seu Art. 37, caput, dispõe sobre seus princípios norteadores, sendo eles os da:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Entretanto, tais
princípios não são os únicos a guiar o Direito Administrativo, existem também os
princípios implícitos, que apesar de não existirem de maneira expressa, tem função no
sistema constitucional.

O presente artigo visa abordar um princípio que, apesar de implícito, é basilar


do Direito Administrativo, o da Supremacia do Interesse Público. É por meio desse
princípio que se define a superioridade do Estado em relação ao indivíduo, priorizando
o interesse da coletividade.

Cabe ao administrador estabelecer um equilíbrio entre o interesse público e o


privado, por meio dos princípios presentes na Carta Magna, sejam eles implícitos ou
explícitos para que assim possamos chegar o mais próximo possível de um Estado onde
os interesses dos dois polos coexistam de maneira mais harmoniosa.

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

A PREVALÊNCIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O


INTERESSE PRIVADO

O princípio da Supremacia do Interesse Público amargou duras


críticas, alguns doutrinadores acreditam que ele fere os direitos
fundamentais por priorizar o interesse público sobre o privado.
Apesar de haver um entendimento de que o conceito jurídico de “interesse
público” é elástico, Celso Antônio Bandeira de Mello mostra um pensamento
interessante quando dispõe:

“ao se pensar em interesse público, pensa-se, habitualmente, em uma categoria


contraposta à de interesse privado, individual, isto é, ao interesse pessoal de cada um.
Acerta-se em dizer que se constitui no interesse do todo, ou seja, do próprio conjunto
social, assim como acerta-se também em sublinhar que não se confunde com a
somatória dos interesses individuais, peculiares de cada qual. Dizer isto, entretanto, é
dizer muito pouco para compreender-se verdadeiramente o que é interesse público”.
(MELLO, pág 59.)
Sobre a mesma matéria, Maria Sylvia Zanella Di Pietro preleciona:

“as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse


individual, tem o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar
coletivo. Além disso, pode-se dizer que o direito público somente começou a se
desenvolver quando, depois de superados o primado do Direito Civil (que durou muitos
séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive a
do Direito, substituiu-se a ideia do homem com fim único do direito (própria do
individualismo) pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público
e que vincula a Administração em todas as suas decisões: o de que os interesses
públicos tem supremacia sobre os individuais”. (PIETRO, pág 69)
O direito público trata das relações estatais e sociais, condicionado à CF, e tem
amplo caráter organizacional da coletividade. Apesar da pluralidade de conceitos
disposta pela doutrina, entende-se que o Direito Público é regido pela Administração
Pública, e esta tem como obrigação cuidar dos interesses da sociedade. A coletividade se
sobrepõe ao interesse individual. É como se você abandonasse um pouco do seu direito
pessoal em prol do direito do todo, do direito social. É o direito que dispõe sobre
interesse ou utilidades imediatas da comunidade.

Já o Direito Privado, por sua vez, tutela o direito individual. Geralmente segue
as disposições do Código Civil, disciplinando as relações entre os indivíduos em
igualdade de posição, ou seja, na qualidade de particulares. Enquanto o Direito Privado
garante as partes uma maior liberdade, pela autonomia de vontade, o Direito Público é
muito mais rígido, caracterizando-se pelo estrito cumprimento da norma.

O fato é que o interesse público assume uma posição de primazia por cuidar da
vontade da maioria, sendo assim, é colocado em um patamar superior ao direito
individual. Essa relação tem como objetivo exercer o direito em si de maneira mais justa
e eficaz, zelando pela justiça social.

A CORRELAÇÃO ENTRE O PRINCÍPIO DA


PROPORCIONALIDADE E O PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO
INTERESSE PÚBLICO
Além do princípio da supremacia do interesse público, há também outros
princípios implícitos no texto constitucional que são instrumentos do Direito
Administrativo, como é o caso do princípio da proporcionalidade. Nas palavras do
mestre Dirley da Cunha Júnior:

“é um importante princípio constitucional que limita a atuação e a


discricionariedade dos poderes públicos e, em especial, veda que a Administração
Pública aja com excesso ou valendo-se de atos inúteis, desvantajosos, desarrazoados e
desproporcionais”. (CUNHA JÚNIOR, pág 50)
O princípio da proporcionalidade preceitua que apesar de caráter pleno, as
garantias constitucionais não são capazes de aniquilar outras de grau equivalente. Esse
raciocínio visa proteger o cidadão de possíveis arbítrios do Estado.

O princípio da supremacia do interesse público coloca nas mãos de seu titular


muito poder, sendo assim, é necessário algum regulador para coibir possíveis abusos.
Deve-se ter em mente que a supremacia do interesse público não se cria a partir da
identidade de seu titular, não se confunde com interesse estatal, nem com o interesse do
aparato administrativo. A fim de proteger a população de eventuais abusos de poder, os
dois princípios devem andar juntos.

Para garantir que o interesse público seja, de fato, resguardado nos atos em que
foi aplicado, deve estar concatenado à proporcionalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os princípios elencados na CF/88 objetivam garantir os
direitos fundamentais do cidadão, estejam na forma implícita ou
explícita. Entretanto, os princípios não são absolutos e em
certos casos devem ceder para que outros sejam aplicados, a
depender do caso concreto.

Pelo princípio da supremacia do interesse público


conseguimos verificar uma preocupação com a coletividade. O
direito público se sobrepõe ao privado por visar o bem comum.
Porém, ao estabelecer uma rede de proteção de garantias
fundamentais e da coletividade como item essencial para a
composição de um Estado de Direito mais harmonioso, não se
pode considerar colocar em risco os direitos e garantias
individuais. O princípio da supremacia do interesse público tem
como objetivo salvaguardar o comum, não gerar um poder
desmedido.

Para controlar os atos baseados na supremacia do


interesse público temos principalmente o princípio da
proporcionalidade, que pede um equilíbrio entre os direitos
individuais e os anseios da sociedade.

Podemos concluir então que a melhor forma de aplicar o


princípio da supremacia do interesse público é relacionando-o
diretamente ao princípio da proporcionalidade. Os atos devem
ambicionar o bem comum, mas não a custo das garantias
fundamentais individuais. A pretensão é de atingir o que for, de
fato, necessário para a comunidade, não deixando passar para o
agente público ou para o interesse apenas do Estado.

REFERÊNCIAS
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
Administrativo. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2005.

PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo.


19. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito


Administrativo. 7. ed. São Paulo : Podium, 2009.

*https://jus.com.br/artigos/34794/o-principio-da-supremacia-do-interesse-publico.
Captura em 03/11/2019.

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