Texto Escola de Mulheres
Texto Escola de Mulheres
Texto Escola de Mulheres
(Musica “Tá caindo fulô” Entrada dos cantores.)(Alguns paletes já estão no palco.
Uns três estão sendo puxados junto com a carroça)
La no céu, cá na terra
Meu irmão tá caindo flor
Lá no céu, cá na terra
Meu irmão tá caindo flor
Eu sou carreiro
Eu vim pra carrear
Eu sou carreiro
Eu vim pra carrear
Minha boiada é nova
Sobe o morro devagar
Minha boiada é nova
Sobe o morro devagar
Tá caindo flor
Tá caindo flor...
Me dá a mão que eu te passo na pinguela
A pinguela é de imbaúba
Pode ter caruncho nela
A pinguela é de imbaúba
Pode ter caruncho nela
Tá caindo fulô...
CANTOR1- Senhoras, senhores! Olha aí, gente! Todo mundo querendo demais e
ninguém querendo de menos...
CANTOR2- A vida é mesmo um jogo,. As vezes se ganha, as vezes se perde.
CANTOR4- E estamos aqui para apresentar a mulher que virou o jogo! A vida como
num grande espetáculo..
La no céu, cá na terra
Meu irmão tá caindo flor
Lá no céu, cá na terra
Meu irmão tá caindo flor
CANTOR 12- Que é isso minha gente? Chifre é adorno infalível só em quem não sabe
amar.
CANTOR 3- E nosso Arnolfo é muito melhor! Corre dos cornos mas os cornos vem
atrás.
CANTOR 4- E gosta! Como ele gosta de transformar em risos os cornos dos outros
casais
CANTOR 5- Olha o Arnolfo ai, gente! Vem chegando pro casório dele mesmo.
(Levantar dois paletes laterais. Formar o boteco. Trazer a roda para ser a
mesa)(Quatro atores ficam sentados de costas, tentando escutar o que Crisaldo e
Arnolfo vão falar)
ARNOLFO-. E eu num sei?. Casamento é um ato temeroso. Mas comigo vai dar
certo.Tenho lá minhas precauções. Já vi cornudos demais. E como espectador eu rio de
todos mesmo. E não devo rir dos tolos que se deixam ser corneados?..
CRISALDO - Eu num gosto disso não, o senhor delira com detalhes da vida alheia.
Ninguém nunca me viu rir, ou comentar essas coisas. Mas com senhor, meu cumpadre,
a coisa é diferente. Te digo uma vez mais – arriscas o diabo. Como sua língua num pára
de ridicularizar maridos suspeitos de tolerância, o senhor se transformou num demônio
solto entre os casais. O senhor tem que andar bem reto ou te matam de ridículo.
ARNOLFO -Deus do céu, amigo, não se atormente tanto! Tem que ser bem esperto
quem me pegar em falso. Conheço todos os truques, malicias e artinhas das mulheres.
Sei muito bem como elas nos enganam com destreza.
CANTOR 9- Não! Não! A gente tem que interromper a história, porque aqui carece
umas explicações. Arnolfo, nosso herói torto, sempre tomou suas precauções quanto ao
casamento.
CANTOR 10- Ele prefere morrer que perder a vida. Vai casar sim. Mas...A moça dele é
pura e inocente . E nesta testa (mostra a testa dele) nunca vai ter o desenho de um chifre.
ARNOLFO - Tô me casando com uma tola pra não bancar o tolo, CE num entende
cumpadre?Uma mulher esperta é mau presságio; Mulher que escreve, sabe mais do que
é preciso! Mulher minha tem que ser ignorante, apagadinha! Pra ninguém se interessar.
Que já seja demais ela saber rezar, me amar, cozinhar, lavar e limpar a casa!
CRISALDO - Mas como o senhor espera que uma mulher estúpida saiba o que é ser
honesta? Além disso, compadre, deve ser cansativo um homem arrastar consigo a vida
inteira uma pobre idiota. E você acha mesmo que, agindo assim, a segurança de sua
fronte estará garantida?
CANTOR 2- O que ele não sabia era que seria muito dificil mantê-la tolinha, afastada
das pessoas da cidade..
CANTOR 2- Ines, pois esse era o nome da escolhida, tinha apenas 06 meses (Atores
formam um berço com os paletes)
quando Arnolfo pediu a menina pra mãe dela. Mãe muito pobre nem ligou quando ele
levou a menina. Era uma boa senhora, mas num dava conta de alimentar a menina. Ela
foi criada num pequeno convento, afastado do mundo.
CANTOR 3- Arnolfo pediu que só lhe ensinassem aquilo que pudesse tornar a menina o
mais estúpida possível. Graças a Deus, agora, crescida, ela era totalmente inocente.
CANTOR 4- E ele a escondeu numa casa bem distante...(Formar a casa ) longe dos
olhares alheios. Ela ia ficar ali até o dia do casamento.( Um ator puxa o palete que
está Inês e ela vem com ele pro outro lado)
CANTOR 5- Assim ele esperava que a inocência nunca seria afetada. E para ajudar a
moça na lida, ele arrumou duas criaturas ...simples... do campo, tão simples quanto ela
mesma. (Aparecem as duas criaturas, Georgete e Alain)
CANTOR 6- E agora Arnolfo veio ..ta morando noutra casa, por causa das más línguas,
mas veio pra se casar com a donzela.
Xô meu sabiá, xô meu zabelê, toda madrugada eu sonho é com você (BIS)
Se você não acredita eu vou sonhar pra você ver.
Xô meu sabiá, xô meu zabelê, toda madrugada eu sonho é com você (BIS)
Se você não acredita eu vou sonhar pra você ver.
CANTOR 7 Coisinha! A moça fez sucesso. Todo mundo encantado com a inocência da
donzela. Arnolfo não parava de elogiar a moça pro amigo.
ARNOLFO-. A realidade ultrapassa o que eu disse. Ela Tem tais simplicidades que me
deixam às vezes admirado; e outras nem consigo segurar o riso. Noutro dia − você não
acredita! − estava toda preocupada e veio perguntar, com uma inocência que nunca vi
em ninguém, se as crianças podiam ser feitas tomando banho com o sabonete usado por
um homem.
CRISALDO - Desculpe, saiu sem querer. A vida inteira te chamei de Arnolfo e agora o
senhor vem com essa de comendador!!!!
Se a perpétua cheirasse
Seria a rainha das flores
Mas como a perpétua não cheira
Não é a rainha das flores
Tim tim tim ô lala la
Quem não gosta dela de quem gostará (BIS)
CANTOR 9- E dizem que Arnolfo chegou da viagem, louco de saudade da sua tolinha.
Chegou e foi logo perguntando a criadagem
ALAIN –Patrão, nós nos... Senhor, nós nos por... Graças a Deus, nós nos... (Três vezes
seguidas Arnolfo tira o chapéu da cabeça de Alain).
GEORGETTE - Que eu morra aqui mesmo se num é verdade; ela esperava o patrão a
todo instante; cada cavalo, burro ou mula que passava ela pensava que era o senhor
voltando.
CANTOR 10- As más línguas dizem que Ines já não aguentava mais aquele lugar...todo
dia na lida, limpando e escovando e fazendo faxina.
ARNOLFO- Num é bem assim, não! Contem essa história direito. Eu não fiz a moça de
escrava.
CANTOR 11– E foi nesse dia que Arnolfo conheceu Horácio, um jovem bonito, bem
apessoado que chegou a cidade com ares de bonachão.
ARNOLFO Deixa, que agora eu serei o Arnolfo. Essa parte eu sei bem. E o Arnolfo ia
descendo a rua e deu de cara com o moço. Que vejo eu? Será que...? É sim! Não, eu me
engano. Ué, é ele mesmo! Ora!...
ARNOLFO -Horácio!
ARNOLFO -Oh, como esses meninos crescem em poucos anos. Estou admirado de ver
esse moço assim tão alto; quando eu o conheci não era mais que isto.
ARNOLFO -Mas, e Oronte, seu pai, esse bom e caro amigo que estimo e reverencio;
que faz ele? Que diz ele? Inda está forte? Você sabe que me interessa tudo que se refere
a ele. Mas não nos vemos há mais de quatro anos, e, o que é pior, nem mesmo nos
comunicamos.
HORÁCIO - Meu pai, Sr. Arnolfo, está mais vivo do que nós. Aliás, trago aqui uma
carta que ele lhe mandou informando que vem cá, não sei pra quê. O senhor por acaso
conhece um conterrâneo seu que depois de viver catorze anos na América está voltando
agora trazendo uma fortuna?
CANTOR 12– Bão....teve bão. Õ diacho de mundo pequeno! Arnolfo encontrou o filho
do maior amigo de infância !ficou feliz que ofereceu seus préstimos e dinheiro ao rapaz,
caso ele precisasse.
CANTOR- E Horacio num foi bobo não. Foi logo aproveitando a decha pra pedir ajuda
pro Arnolfo... mil reais
CANTOR 2 - (Arnolfo ainda ficou contente porque tinha esse dinheiro e podia ajudar o
filho do amigo. O moço fez cara de envergonhado, mas o Arnolfo ainda lhe deu a
carteira também.
CANTOR 3-Nada de cerimônias, leve tudo. Que tal a nossa cidade? Ele perguntou.
ARNOLFO –É...Aqui tem divertimento para todos os gostos. Essa cidade é um sonho.
Se acha o que se quer – morenas, louras –, todas amistosas, gentis, dadas. E os maridos
– não há no mundo maridos mais bonzinhos! nas rodas que frequento... é uma comédia
constante. Estou falando e, quem sabe, o amigo já pegou alguma. Já não lançou na praça
o seu anzol? Nascer bonito assim vale mais que dinheiro. Se eu tivesse seu corpo faria
mil cornudos.
CANTOR 4 - Foi nessa hora que as coisa desandou. Deixa eu fazer o papel do Horacio
agora, sô!
(UMA ATRIZ VIRA INÊS)
HORÁCIO - Para lhe dizer a verdade, eu já tive também, nesta cidade, uma pequena
aventura de amor: a amizade obriga que lhe conte.
ARNOLFO (À parte).
Com certeza mais um otário foi chifrado!!!.
ARNOLFO -Oh!
HORÁCIO -O senhor bem sabe que nessas ocasiões, se a coisa espalha, estamos
perdidos. Confesso com total franqueza que meu coração foi literalmente estraçalhado
por uma bela jovem que vive aqui. Ce num vai acreditar mas já consegui ate acesso ao
quarto onde ela dorme. Sem querer me gabar, e sem injuriá-la, eu posso lhe dizer que as
coisas já vão mais longe do que eu sonharia...
ARNOLFO (Rindo).
E ela é?...
HORÁCIO -Quanto ao homem, o chamam de comendador ... eu não sei bem. A mim
que importa o nome? Disseram-me que é muito rico, mas é um bobão.. Me fizeram um
retrato do ridículo. É um imbecil que tranca a menina naquela casinha pra não falar com
ninguém. Por acaso o senhor o conhece? Mas como ele é? Não me diz nada?
ARNOLFO -Eh!...
Morena! Morena!
Bonitinha como a flor de Manacá
Eu quero dormir, ajeita morena
O colo para mim deitar
CANTOR 6- esse é o Arnolfo do Moliere. O nosso Arnolfo era Arnolfo era “come
quieto”. Chamou Ines para um passeio (Grupo de atores sai da carroça e se ajuntam
no outro lado) e foi conversando devagar... para descobrir tudo direitinho.
(Música dos cantores de fundo “SE ESSA RUA FOSSE MINHA”. Cantores vão
atrás do casal cantando e param sempre quando ele faz o gesto de interromper a
música- Paletes no chão)
INÊS -Lindíssimo.
ARNOLFO -E o que é que há de novo?
ARNOLFO -Coitado! Mas, enfim, somos todos mortais, cada um morre em sua vez.
Enquanto estive fora choveu muito?
Música:
ARNOLFO -Que é que você fez, então, esses nove ou dez dias?
INÊS -Seis camisas, eu acho, e seis calças também. (Começam a andar novamente e
os cantores atrás)
Música:
Para para para ê a ô (bis)
Inezinha de jesus deu uma queda foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão
O primeiro foi seu pai
O segundo seu irmão
O terceiro foi aquele
Que inezinha deu mão
Para para para ê a ô (bis)
ARNOLFO (Um pouco pensativo). -O mundo, cara Inês, que coisa estranha é o mundo!
A maledicência geral, por exemplo. Como todo mundo gosta de falar dos outros! Uns
vizinhos me disseram que um homem jovem penetrou lá em casa em minha ausência e
que você não só o viu, como ouviu também, com agrado, os seus... discursos. Mas é
claro que não acreditei nessas línguas ferinas e apostei até na falsidade de...
INÊS -É certo, é certo! Mais até do que isso: quase não saiu daqui da nossa casa o
tempo todo.
ARNOLFO (Baixo, à parte). Essa confissão, que faz com tal sinceridade, me prova pelo
menos sua ingenuidade. (Alto). Mas me parece, Inês, se estou bem lembrado, que proibi
você de ver qualquer pessoa.
INÊS -Sim, mas você não sabe por que resolvi vê-lo. No meu lugar teria feito o
mesmo.)
INÊS -No dia seguinte, eu estava na porta, uma velha se aproximou e disse assim:
"Minha filha, que Deus te abençoe e mantenha tua beleza durante muitos anos. Mas
você não pode usar a sua beleza para ferir as pessoas. Você feriu um coração que está
sofrendo demais. ".
CANTOR 10- Ô alma danada! Tem parte com a mulher de sete metros?
INÊS Foi assim que ele veio me ver, e ficou logo curado. Agora, me diga francamente,
eu não tinha razão? Eu podia arriscar o remorso de deixar ele morrer sem amparo? Eu,
que não posso ver ninguém sofrer.
CANTOR 2- A culpa é toda de Arnoldo. Quem mandou ele querer que ela fosse
ingênua?
CANTOR-3- Viu só? E Ines contou tudo. E disse que ficava feliz de ver o moço curado
quando ele conversava com ela.
CANTOR 5- E pensar que foi com o dinheiro de ARNOLFO que Horacio subornou o
caseiro e a mulher dele,Georgett! E o dinheiro ainda sobrou para comprar um estojinho
lindo pra Ines.!
ARNOLFO- Não, não conte essa parte da história. A minha burrice, meu sofrimento!!!
Saber que aquele moço beijou as mãos da minha menina.... e sabe se sei lá mais o quê!
CANTOR7- Nananinanão! Vamos continuar a história sim.(bate palma para
continuarem) (joga o diadema para Ines. Ines e Arnolfo sobem nos paletes e o
pessoal em dois blocos laterais ficam em baixo)
ARNOLFO-E, diz aqui, Inês, ele não quis mais nada... não foi... mais... adiante?
(Vendo-a confusa).
ARNOLFO -O quê?
ARNOLFO -Ha?
INÊS -Ele me tirou a... (Coro: tirou a...)Você vai ficar furioso!
INES- fica!
ARNOLFO -Não fico, não fico, não fico, não fico! Diabo de mistério! Que foi que ele
tirou...?
INÊS -Ele me tirou a fita que você me deu.(Coro: ahhhhhhhh) Mas eu não pude
evitar.
ARNOLFO (Respirando fundo). -O laço é o de menos, Quero saber se ele não foi além
de lhe beijar os braços
.
INÊS -Além de quê? Ainda tem outras coisas?
ARNOLFO –Claro que não! Mas pra curar o que dizia estar sentindo, ele não pediu
algum outro remédio?
INÊS -Não. E você já percebeu que eu faria tudo ao meu alcance para vê-lo curado.
Bastava ele pedir.
ARNOLFO – ele queria era abusar dos teus encantos; e, depois, rir de você,
tolinha!(Dois blocos se juntam em frente aos paletes)
INÊS -Ah, isso não! Ele me repetiu mais de mil e quinhentas vezes.
CANTOR 8- E louco de ciúme Arnolfo falou pra Inês que receber presentes, deixar os
galanteadores beijar as mãos e deixar o coração estremecer com falas macias era um
pecado mortal. Era coisa feita da mula sem cabeça!
CANTOR 10–E ela ficava confusa... como uma coisa tão boa era pecado? Era coisa do
diabinho?
CANTOR 12– e que ele é que ia se casar com ela. Mas com ele ela não gostava!
CANTOR 1- E Arnolfo ficou doido de raiva! E gritou com Inês e disse que quando o
moço fosse lá outra vez os empregados iam dar com a porta no nariz dele. E da janela
ela devia atirar-lhe uma pedra pra ele entender de vez que não podia mais conversar
com ela.
CANTOR - Inês ainda questionou: por que jogar pedra num moço tão bonito.?
CANTOR 3- E assim Arnolfo aconselhou a moça dizendo que Horácio era um esperto,
um aproveitador da inocência dela.
CANTOR 4–E que Inês estava sendo explorada e que se não fosse ele ela iria direto pro
caminho da perdição e do inferno.
CANTOR 5- E quando o moço voltou, Inês agiu direitinho jogando a pedra nem
Horácio.
CANTOR 6- E os empregados, Alain e Georgett juraram que nunca mais iam deixar o
malandro entrar na casa de novo.
CANTOR - E Arnolfo começou a dar aulas pra Inês...uma escola pras mulheres
(Um ator vai para cima da pilha de paletes com violão e o restante dos atores vão
para as laterais divididos em dois grupos)
ARNOLFO (Sentado em cima dos paletes centrais) - Inês, pra me escutar, põe-te mais
a meu gosto, levanta um pouco a testa e vira um pouco o rosto. (Colocando o dedo na
fronte). Agora, olha bem para mim enquanto falo e presta atenção às menores palavras.
Vou me casar com você, Inês; cem vezes por dia você deverá agradecer esta honra
bendita. Lembra sempre da pobreza de onde você veio e da minha bondade ao acolhê-
la.,Agora você vai ter uma cama chic e os abraços de um homem que já recusou outras
mulheres, só para ficar com você.. Você jamais deverá esquecer, repito, quão
insignificante seria sem essa gloriosa ligação conjugal. As mulheres, hoje em dia, não
compreendem isso.
CANTOR 8- Estas mulheres que estão aqui não compreendem isso! Acham isto um
desaforo!
ARNOLFO- Mas não se deixe levar pelo exemplo dessas ai. No inferno há caldeirões
imensos fervendo eternamente.
CANTOR 10 Inventou até uma cartilha com as lições do casamento e da boa esposa.
CANTOR 11-Ela tinha que ler a cartilha todos os dia em hora marcada.
CANTOR (Ator que estiver fazendo papel de Arnolfo canta no tom de “Se a
Pérpetua cheirasse”)
Primeira lição
Segunda lição
Quarta lição
Mulher esconde o rosto
e mostra só pro marido
Beleza não é virtude
E não se mostra pros outros
Tim tim tim ô lala la
Quem não gosta dela de quem gostará
Quinta lição
Dos homens, qualquer presente
Recuse se for preciso
Mulher que chora por homem
Não tem vergonha na cara
Tim tim tim ô lala la
Quem não gosta dela de quem gostará (BIS)
CANTOR 9–Mas uma mulher esperta vem de nascença! Ninguém segura, rapaz!
CANTOR 11- E novamente o moço se abriu com o rival. E lhe contou que o dono da
menina tinha chegado e que tinha descoberto a aventura amorosa dos dois.
CANTOR 12-E contou que os empregados do cornudo enxotaram ele da casa de Ines. E
que eles bateram a porta no nariz dele, com muita força.
HORÁCIO -Não.
CANTOR 2- E contou também que Ines apareceu na janela e que não só o mandou
embora aos gritos como também lhe atirou uma pedrada.
CANTOR-3- Mas a historia não ficou por ai. Horacio contou uma coisa
inesperada.(coro: não!!!!)
HORÁCIO - Mas o que mais me surpreendeu, Arnolfo, vai ficar boquiaberto, foi um
outro incidente, um golpe de audácia de minha jovem amada que, juro, ninguém
esperaria da ingenuidade dela, Aconteceu um milagre. Inês, estava, gritando furiosa da
janela: "Vai embora, não quero nunca mais suas visitas; e aí, vai minha resposta", ela
me atirou aquela pedra espantosa de que lhe falei. Só que quando caiu a meus pés vinha
embrulhada num bilhete...um bilhete com um recado e urna pedrada. Não foi brilhante a
ideia? Não foi demais? Que diz o senhor do golpe e do bilhete? Não está embasbacado
com a inteligencia dessa menina? Não acha engraçadíssima a figura ridícula do homem
que prendeu Inês? Fala!
HORÁCIO –Então por que não rir? Mas parece que o senhor não acha tão engraçado!
Mal e mal deu um risinho.
Música:
Morena! Morena!
Bonitinha como a flor de Manacá
Eu quero dormir, ajeita morena
O colo para mim deitar
CANTOR 4 -AH não. Agora vamos contar até o fim. E ai, gente! (para a plateia) Vocês
querem saber o que aconteceu não querem? Esse Horácio! Acreditam se
quiserem...Horácio deu a carta amorosa para o Arnolfo ler!....uma carta linda, cheia de
inocencia, carinho e ternura.
CANTOR 5- E nessa carta Ines dizia que estava sendo obrigada a fazer com ele o que
ela não queria! E que ela acreditava nele. Sabia que ele não estava enganando-a. E que
ficava emocionada com a presença dele.
CANTOR 6 -Ah, canalhinha, para isso te serve o alfabeto! Bem que ele não queria
ensinar a moça ler.
HORÁCIO -O senhor já leu uma carta tão doce assim? Que ternura! Apesar de todas as
violências de um poder maldito, já conheceu alguma alma que se conservasse tão pura?
Quem será esse bruto, canalha, carrasco, esse lepra, esse imundo animal... ????
ARNOLFO
Até logo.
HORÁCIO
Como? Já vai?
ARNOLFO
Lembrei-me agora de um negócio urgente.
Música:
CANTOR 8- Pára de novo a história! Minha gente!! Arnolfo num perde um trem... mas
o trem tá difícil.
CANTOR 9- Mas Horacio é muito sonso! Nem percebeu que Arnolfo era o tal
comendador! Num é de vê que ele ainda contou o plano de fuga que ele combinou com
a Ines? Contou tudo..tudinho. nos mínimos detalhes.....direitinho para o seu confidente e
inimigo. Cinco horas da manha, Ines vai tossir, abrir a Janela..e ele vai subir por uma
escada até o quarto dela... e os dois vão fugir.
CANTOR 10- E foi aquele desespero. Arnolfo chamou os empregados de novo e falou
que gostava demais deles e da obediência deles.. e avisou: “o moço que vocês conhecem
vai tentar entrar nesta casa esta madrugada. Mas nós não vamos deixar!”
CANTOR 11- E ele ainda disse: “Cada um de vocês vai pegar um cacete bem grosso e,
quando ele estiver no alto da escada (pois no momento certo, eu é que vou abrir a
janela, fingindo ser Inês), vocês caem de pauladas em cima do patife.”
ALAIN – Se é só bater patrão, deixa conosco. O senhor verá, quando eu baixar o pau,
que pontaria!
GEORGETTE – Quanto a mim, já que não posso bater com a mesma força, levarei um
cacete maior.
CANTOR 1- E dizem que na hora H quando Arnolfo abriu a janela no lugar de Inês, ele
jogou Horácio escada abaixo. Os dois empregados encheram de pauladas o pobre do
Horácio. (cena nos paletes. Formar janela com paletes e Horácio caindo da
varanda )
CANTOR 2-E os desgraçados bateram no homem com tanta violência que ele ficou lá
estirado no chão. Morto!
ARNOLFO -A ordem era surrá-lo; não matá-lo. Era bater nas costas, nunca na cabeça.
Deus do céu! que encrenca terrível acabam de arranjar. Agora o que é que eu vou fazer
com esse homem morto? E o pai dele vai chegar de viagem. Aí, o que vai ser de mim?
CANTOR 4- E Arnolfo saiu pra rua desesperado tentando pensar num plano.
CANTOR 7– E Horacio disse que estava numa enrascada. Contou a tentativa de fuga.. a
sua morte.. que não foi uma morte...a Ines correndo para lhe abraçar e pedir para ir
embora com ele...do desespero do velho e dois empregados que pensaram que tinham
matado o Horácio.
.
CANTOR 8- Deixa que o resto conto eu. Esse final me deixa louco. Foi ai que Horacio
pediu a Arnolfo para, em nome da amizade, cuidar da moça pra ele.
CANTOR 9- Em nome da amizade! O trem tava é bão demais pro Arnolfo, uai!Ines
não podia mais ficar com aquele animal. E Horacio também não podia ficar com a moça
na casa dele por causa das más línguas. E ela não queria mais voltar pra casa do velho.
CANTOR 10- Assim Horacio pediu ao seu confidente (e inimigo) para ficar com Ines
apenas dois dias. Só ate o pai dele chegar de viagem com o tal Henrique.
CANTOR 11- E assim o próprio Horácio levou Inês, o seu tesouro amoroso, de volta
pras mãos do inimigo .
CANTOR 1- Horacio entregou a moça pra Arnolfo e saiu correndo dizendo que voltaria
para busca-la. Apesar de Arnolfo estar com uma capa cobrindo seu rosto, Ines logo
reconheceu o velho.. Mas tudo que fez foi em vão. Ela voltou pra casa da varanda.
CANTOR 3- se fosse minha essa história terminaria logo, mas Moliere tinha tempo de
sobra. As histórias iam longe... demoravam horas...
CANTOR 4- Mas vamos abreviar o final. Meninos do grupo TUPAM, vamos abreviar.
Com a chegada do pai de Horacio tudo foi esclarecido. O tal Henrique enricado era pai
da Inês e cunhado de Crisalvo. Descobriram o paradeiro da menina e tinham ido buscar
a menina.
CANTOR 8- E você, Arnolfo, ainda está aí? Tem algum Arnolfo por ai? Outro
Arnolfo? Não fique triste não. A sorte é sua. Para quem acha os chifres uma suprema
vergonha, não casar é a única maneira de estar seguro.
(musica. Atores dançam)