A Cultura Do Cinema

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ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA IBN MUCANA

História da Cultura e das Artes – 11ºF – 2012/2013


Ficha formativa 5
_________________________________________________________________________________________
Módulo 9 – A Cultura do Cinema
1. Descreve a evolução política, económica e cultural entre 1905 e 1960.
O início do século XX marcou o fim da “Belle Époque” e a emergência de rivalidades territoriais,
económicas e imperialistas entre as principais potências europeias, acabando por conduzir à 1ª Guerra
Mundial. O fim da guerra trouxe um novo mapa político europeu, com o desmembramento dos
grandes impérios centrais e o aparecimento de novos países. Para além das grandes perdas humanas,
a guerra provocou uma grave crise económica na Europa e o endividamento dos estados europeus
face aos EUA para fazerem face à necessidade de reconstrução. Ao mesmo tempo cresce a agitação
social e a instabilidade política.
Enquanto isso, os EUA atravessam um período de grande prosperidade económica, conhecida pelo
nome de “Loucos Anos 20”. Surge um ritmo moderno e alucinante na vida urbana, na moda, nas artes
e nos costumes. Devido à adopção de novos métodos de organização do trabalho
(taylorismo+fordismo), a produção industrial aumentou, os preços baixaram, os salários subiram,
conduzindo a um aumento do poder de compra. Surge o chamado “American way of life”. Os EUA
afirmam-se como grande potência económica do mundo.
Em 1929 deu-se o crash de Wall Street, conduzindo a uma grave crise financeira, falências e
desemprego. É a época da Grande Depressão que, proveniente da América, atingiu todos os
continentes, comprovando a mundialização da economia.
A crise e a agitação social consequente (nomeadamente greves e ocupações de terras e de fábricas por
parte dos camponeses e dos operários) abriu caminho à afirmação dos partidos autoritários e a sua
chegada ao poder, como foi o caso de Itália, com Mussolini, da Alemanha, com Hitler, da Espanha, com
Franco, e de Portugal, com Salazar. Profundamente nacionalistas, a Alemanha e a Itália adoptaram
uma política ofensiva que rompeu o equilíbrio internacional e provocou a 2ª Guerra Mundial,
antecedida pelo sangrento episódio da guerra civil espanhola (1936-39), entre os republicanos e as
forças franquistas.
O fim da 2ª Guerra Mundial marcou um novo clima de tensão internacional – a Guerra Fria – entre dois
blocos políticos e militares: o bloco ocidental, capitalista, liderado pelos EUA; o bloco comunista,
liderado pela URSS.
Esta primeira metade do século XX foi marcada também por uma renovação cultural e das
mentalidades para o qual as artes contribuíram. Devido ao caos gerado pela guerra, o pensamento
racionalista, optimista e positivista do século XIX já não faziam sentido. A ciência e a tecnologia,
encaradas até então como geradoras de progresso, mostraram pela primeira vez o seu carácter
destrutivo, o que, conjuntamente com os horrores praticados pelos homens, gerou o relativismo, a
crise de valores e a contestação aos valores tradicionais. Estas alterações registaram-se num contexto
novo, o da cultura de massas, onde a publicidade e a propaganda pretendiam manipular no seu
interesse. Os novos veículos de comunicação – o cinema e a rádio - entram num período de expansão.
Neste novo contexto, a arte reivindicou autonomia e liberdade em relação à sociedade ou a qualquer
programa. No entanto, pretendia intervir na sociedade, questionando-a. Os artistas acabam por
questionar o próprio conceito de arte e a relação entre artistas e público.
2. Descreve a mudança do eixo político, económico e cultural da Europa para os EUA.
Até à 1ª Guerra Mundial, a Europa dominara o mundo: possuidora de impérios coloniais, impunha os
seus produtos industriais a todo o mundo. As guerras castigaram duramente a Europa, pelas perdas
humanas e materiais que representaram. Neste período, muitos foram os europeus que, oriundos da
classe média e média-alta, abandonaram a Europa e rumaram em direcção aos EUA, país que, nos
anos 20, conheceu uma grande prosperidade económica nos anos 20, foi capaz de reagir à Grande
Depressão ( New Deal) e cuja economia saiu reforçada após a 2ª Guerra Mundial. Os EUA afirmam a
sua hegemonia político-militar, a prosperidade económico-financeira, o desenvolvimento científico-
técnico e a dinamização cultural. Pela primeira vez, os EUA serão o berço de novas tendências
artísticas pelo que deixa de fazer sentido falar de cultura europeia. Doravante, o espaço geográfico é
mais abrangente, pelo que se fala de cultura ocidental.
3. Apresenta a evolução do cinema como uma nova linguagem.
O cinema surgiu como sequência do aparecimento da fotografia, na procura da fidelização da realidade,
através do movimento. A sua invenção é atribuída aos irmãos Lumiére que, em 1894-95, filmaram A Saída
dos Operários de uma Fábrica e O Grande Café de Paris. O seu antecessor foram Muybridge que, em 1877
e 1880, construiu um enorme aparelho que lhe permitiu fixar imagens de um cavalo em movimento.
Estas primeiras imagens foram de pequenos episódios da vida quotidiana, captados de forma realista,
usando como protagonistas operários e gente comum.
A primeira ficção foi realizada por Méliès, com a “Viagem à Lua”. Apareceram também as reportagens,
com imagens da 1ª Guerra Mundial ou de grandes viagens. Inicialmente, o cinema era mudo. Desde logo
afirmaram-se as primeiras vedetas, Rudolfo Valentino e Charlie Chaplin.
Com a invenção do sonoro por Edison, o cinema tornou-se uma indústria mas, ao mesmo tempo,
acompanhou os grandes movimentos estéticos e constituiu testemunho social do século XX.
4. Descreve a importância da obra de Charlie Chaplin.
A polivalência de Charlie Chaplin permitiu-lhe dar um grande contributo ao cinema, como ator, autor,
realizador e compositor musical. É mais conhecido por ter criado Charlot, personagem cómica do
cinema mudo. Chaplin registou uma evolução da sua produção cinematográfica no sentido de uma
crescente crítica social e política, contra as desigualdades sociais e os regimes ditatoriais. Chaplin
também faz uma crítica à mecanização e à estandardização do trabalho (taylorismo e fordismo),
nomeadamente no filme “Tempos Modernos”. Chaplin explora a linguagem mímica e o teatro cómico,
adaptados ao cinema, como meio de denúncia das desigualdades e das injustiças sociais.
5. Justifica a importância da Psicanálise e de Freud para a compreensão do Homem.
O pensamento de Freud corresponde a uma viragem científica, que coloca em relevo o conhecimento
mais profundo do «eu» e o papel do inconsciente no comportamento humano. Freud, neurologista e
psiquiatra, contribuiu, com a criação da psicanálise, para o aprofundamento desta problemática,
demonstrou a importância do inconsciente na compreensão da complexidade da personalidade e do
comportamento humanos, através da utilização de técnicas como a livre associação de ideias e a
interpretação dos sonhos.
Freud concluiu que o comportamento humano também é comandado por impulsos inconscientes,
escondidos na profundidade da mente humana, que se manifestavam através de neuroses e psicoses,
criadas por traumas e recalcamentos.
A psicanálise freudiana e a descoberta do inconsciente contribuíram para o entendimento de certas
tendências na arte, aparentemente incompreensíveis, incongruentes e absurdas, e inspiraram várias
correntes artísticas, que encaram a arte como libertação (catarse). 
6. Descreve os reflexos da emergência dos autoritarismos sobre a arte.
A primeira metade do século XX foi um tempo de excessos, rivalidades, guerras e carnificinas muito
devido à afirmação de regimes autoritários, nacionalistas e imperialistas. As artes do século XX
mostraram-se ora ao serviço do poder, ora denunciando-o e clamando pela liberdade. Nos regimes de
ditadura, as artes e os artistas tornam-se nos seus porta-vozes, integrando-se em modelos-tipo que
corporizavam uma arte nacionalista e propagandística, condenado os vanguardismos e os
modernismos ou utilizando-os como linguagens.
7. Relaciona a descoberta e o uso da penicilina com a situação da Europa e da América na primeira
metade do século XX.
Durante a 1ª Guerra Mundial, investiga a eficácia dos anti-séticos no tratamento dos soldados feridos,
provando que debilitavam o sistema imunitário. Depois da guerra, continua as suas pesquisas
procurando identificar as substâncias que combatessem as bactérias sem danificar os sistemas de
autodefesa do organismo. Em Setembro de 1928, descobre um fungo que crescera espontaneamente
numa das placas. Estava encontrada a penicilina. Com a 2ª Guerra Mundial e a necessidade de tratar
milhares de feridos, os seus estudos foram continuados por outros cientistas, que descobriram o
método de purificação da penicilina, permitindo a sua síntese e produção em larga escala.
8. Justifica a importância da descoberta da penicilina.
A descoberta da penicilina foi uma das maiores conquistas da ciência moderna pois inicia a época dos
antibióticos e permite a terapia de um largo espectro de patologias, aumentando a esperança de vida.
9. Caracteriza os movimentos vanguardistas.
Os vanguardismos surgem pela recusa dos conceitos estéticos tradicionais e pela adoção de novas
linguagens artísticas, desligando-se da representação da realidade concreta, dando livre curso aos
impulsos e sentimentos individuais dos artistas. Surgiu, portanto, uma nova sensibilidade criadora,
caracterizada pela originalidade, a rutura, o experimentalismo e a provocação. A constante
experimentação e rutura provocaram, por um lado, a duração efémera dos movimentos e o
“divórcio” com o público: a arte torna-se elitista.
10. Qual a origem e o significado do termo “fauve”?
Na exposição de pintura no Salão de Outono, em Paris, em 1905, o crítico de arte Louis Vauxcelles fala
em “fauve” (fera) para se referir à violenta expressão cromática das telas.
11. Indica o nome de três artistas cujas obras tenham influenciado directamente o fauvismo.
Os Fauvistas foram influenciados por Cézanne, Van Gogh e Gauguin mas reagiram contra o
impressionismo e efeitos opticos ilusórios, procurando transmitir ao espetador emoções estéticas
através da exaltação das cores.
12. Descreve as características formais do Fauvismo.
As características do Fauvismos são as seguintes:
- Rejeição da tradição académica:
• recusa do convencionalismo académico da pintura tradicional;
• destruição dos conceitos e dos valores estéticos e criação de novas linguagens artísticas;
• autonomia da obra de arte em relação à realidade concreta;
• progressivo abandono da tridimensionalidade.
- Inovação temática, formal, cromática e técnica:
• temática sem preocupações com questões de índole psicológica ou social; o objetivo é transmitir
sensações de alegria ou tristeza.
• transmissão de sensações e de emoções profundas, através da utilização expressiva da cor;
• «primitivismo» das formas, simplicidade do traço e distorção dos volumes;
• exaltação da cor, com recurso a cores fortes e puras, usadas em tonalidades arbitrárias e
contrastantes; a cor é utilizada como elemento plástico autónomo, como elemento estruturante do
espaço do quadro
• aplicação de pinceladas livres, intuitivas e emotivas e de grossos empastes;
• ausência de modelado.
13. Identifica os principais representantes do Fauvismo.
- Henri Matisse, o fundador do grupo: pintura como forma de comunicar emionalmente com o
espetador, através da cor.
- André Dérain - exploração dos contrastes cromáticos em paisagens e retratos de cores
antinaturalistas, à maneira de Gauguin
- Maurice Vlaminck – pintor de expressão exagerada e dinâmica pela utilização de cores gritantes e
antinaturalistas, à maneira de Van Gogh; pinceladas pastosas e matéricas
- Albert Marquet - pintou sobretudo robustos retratos e nus, numa expressão turbulenta
14. Refere as razões da extinção do fauvismo .
O Fauvismo não foi uma escola organizada, consistiu numa união temporária de alguns artistas. O
movimento desfez-se em 1908 porque o excessivo experimentalismo permitiu a abertura a novos
percursos.
15. Integra o aparecimento do Expressionismo no contexto da época.
O Expressionismo nasceu na Alemanha, difundindo-se depois pelos países do Norte da Europa, na
primeira década do séc. XX (c. 1905 – c.1930) e foi simultâneo do Fauvismo francês. O Expressionismo
é o reflexo dos tempos conturbados anteriores e contemporâneos à primeira grande guerra e da
renovação cultural e das mentalidades que então se operou. O movimento representa as realidades
invisíveis, executando uma arte de dentro para fora – ao contrário do impressionismo que procura
representar a realidade visível de fora para dentro. Surgiu como reação contra o sentido cientista do
Impressionismo e a vocação decorativa da Arte Nova e caracterizou-se pela procura de formas
artísticas que exprimissem mais livre e subjectivamente os sentimentos do artista em relação à
realidade. Deu, portanto, mais importância à expressão de sentimentos, sensações, emoções, ideias…
à expressão da interioridade.
16. Identifica as principais influências do movimento.
- Conceito de Einfühlung (empatia, intuição)de Wilhelm Worringer – a obra deve explicar-se pelas
sensações que as formas despertam em nós, de modo intuitivo e empático
- As perturbações político-económicas que se viveram na viragem do século.
- Inspiração na arte negra e tribal, genuína, isenta da influência da civilização moderna.
- Formas e cores de Paul Gauguin e Van Gogh
- Cores violentas e fortes dos fauvistas
- James Ensor (pintor de máscaras e do macabro, com fisionomias deformadas e caricaturas tratadas
com cor vibrante e matérica, de grande brutalidade e sentido satírico);
- Edvard Munch - pintura dramática, solidão e desespero emocional, numa pincelada ondulante,
formas e cores fortes, simbólicas e emotivas; exploração da força expressiva da cor, traduzindo
estados da alma (comoção ou angústia) através da deformação das linhas e da acentuação dos
contrastes cromáticos.
17. Descreve as características da linguagem estética do grupo Die Brucke e do grupo Der Blaue Riter.
Na Alemanha vão existir dois grupos principais de expressionismo:
1 - Die Brucke (A Ponte)
- procurava “a ponte que leva do visível para o invisível”, tentando ultrapassar os objectivos do
fauvismo, meramente estéticos e plástico e pretendendo expressar os sentimentos e traumas da alma
humana com vigor, dramatismo, coragem, angústia e violência, com crítica social e política (a
prostituição, a miséria, a opressão, injustiça).
- Formado em Dresden em 1905, por Ernst-Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff, Emil Nolde (1867-
1956) e sob a liderança de Max Pechstein (1881-1955)
–– Posicionamento face ao contexto político, social e cultural:
- vanguardismo do grupo, rejeitando o academismo e o gosto estético dominante;
- apologia da inovação e da originalidade;
- oposição ao artificialismo da sociedade burguesa;
- crítica às desigualdades sociais estimuladas pelo rápido desenvolvimento industrial e
capitalista do império alemão;
- defesa do espírito comunitário e da proximidade dos artistas com a classe trabalhadora.
–– Aspetos técnicos, formais e temáticos:
- desenho simplificado e anguloso dos ambientes e das figuras, sob a influência de Van Gogh e
do fauvismo;
- aplicação das cores, em pincelada larga e intensa, expressando, essencialmente, o espírito
angustiado dos autores;
- linguagem pictórica dominada pela deformação intencional das figuras;
- predomínio temático de cenas de rua e de retratos que expressam a miséria social, a angústia,
os sentimentos, as emoções e os dramas interiores vividos pelo Homem;
- exploração de técnicas antigas de representação da imagem, como a xilogravura ou a gravura
sobre metal.
- execução espontânea e temperamental, desenfreada e irreflectida, fazendo com que as obras
parecessem esboços inacabados, com espaços da tela por pintar
- Principais artistas:
- Ernest Ludwig Kirchner - O impulsionador do grupo; mostra a vida que pulsa nas grandes
cidades alemãs.
- Emil Nolde - Procurou a essência primitiva da vida, inspirando-se na figuração dos povos
primitivos.
- Schmidt-Rottluff - transparece nas suas paisagens a emoção e o mistério, dados pela violência
cromática.
- Eric Heckel - Praticou a xilogravura, onde sobressaem as linhas e formas simplificadas.
- Otto Müller - muito influenciado por Gauguin, na figuração e na cor antinaturalista e
planificada.
2 - Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).
- Nasceu em 1910 na cidade de Munique, impulsionado pelo artista russo Wassily Kandinsky,
juntamente com Franz Marc, a quem se juntariam outros: Auguste Macke, Franz Marc, Paul Klee
- objectivo: unir sob o mesmo ideal artístico artistas de várias nacionalidades
- ideiais publicados no almanaque do grupo, O Cavaleiro Azul (1911)
- concebiam a arte como o produto da unidade existencial entre o Homem e a Natureza e as obras de
arte como construções a partir das experiências, dos sentimentos subjectivos e das sensações de cada
um, atribuindo-lhes um sentido global, de modo a ser compreendido por todos. Pretendiam criar uma
arte livre, não dirigida a nenhum público em especial, que nascesse da meditação e da necessidade
interior de cada artista, na procura pessoal da harmonia espiritual
- Aspetos técnicos, formais e temáticos:
- Preferência por temáticas naturalistas (irreais e alegóricas), por vezes com cenas sociais ou da
vida animal
- Execução refletida e pensada (menos intuitivo do que o grupo Die Brücke)
- Simplificação/geometrização das formas (tendência para uma crescente abstratização)
- Valorização da mancha cromática na construção das formas: utilização de cores antinaturais,
arbitrárias, mas claras e líricas, com sentido de complementaridade
- Composições equilibradas, orientadas sobretudo por linhas circulares e sinuosas, segundo
ritmos musicais
- Exploração mágica e mística dos conteúdos, próxima da musicalidade: expressividade lírica e
emotiva
- Influências:
- Cézanne: procura de autonomia do quadro em relação à natureza e tratamento do espaço
- Matisse: tratamento mágico e lírico da cor
- Principais artistas:
- Franz Marc - cenas naturalistas com a presença animal; composições rítmicas e abstractas;
procura de arte espiritual liberta de toda a ligação com a fachada estilizada da natureza;
utilizou o cavalo, em perfeita sintonia com o mundo, onde a cor se liberta de qualquer
conotação ou dependência naturalista, para exprimir apenas emoção da mais elevada
espiritualidade
- August Macke - utilização de uma linguagem figurativa: paisagens animadas por cenas sociais;
conotação espiritual e lírica devido à harmonia do colorido
- Paul Klee - a pintura é reveladora de uma arte muito pessoal, baseada num desenho muito
elaborado, situado entre a figuração e a abstracção.
- W.Kandinsky - “Não é a questão da forma que interessa mas o conteúdo, o espírito, o tom
interior” - concluiu que a pintura pode viver sem objecto. Em 1910 pintou a primeira obra
abstracta, sendo o criador do Abstraccionismo lírico. No ciclo das composições, a harmonia é
conseguida com as cores primárias, diluindo ou difundindo deliberadamente a forma(apesar de
utilizar o contorno a negro).
- Características comuns dos dois grupos:
· O realismo e as proporções são distorcidas pelas emoções do artista
· Arte surgida de reacções subjectivas à realidade e não directamente da realidade
· Emotividade e introspecção
· Expressão de sentimentos humanos, com vigor, dramatismo e angústia
· Prevalência da cor sobre o desenho
· Esboço tosco, inacabado
· Linguagem arcaizante, primitiva, infantil; simplificação das formas
18. Onde e quando surgiu o Dadaismo?
Movimento cultural, artístico e filosófico abrangente, tendo abarcado o Cinema, o Teatro, a
Fotografia, a Pintura e a Escultura. Surgiu em 1916, em plena 1ª Guerra Mundial, em Zurique e Nova
Iorque (quase em simultâneo), por iniciativa de vários artistas refugiados da guerra.
19. Qual a importância do café Voltaire?
Foi em 1915-16, na cidade de Zurique, no Cabaret Voltaire que Tristan Tzara (1896-1943) estabelece o
nome do movimento pelo mesmo acaso e ironia que haveria de presidir às suas criações,Jean Arp,
Hugo Ball, Richard Husselbeck.
20. Relaciona o nome Dada com os objetivos do movimento.
O nome Dadaísmo deriva da palavra “dada”, que significa, caricatamente, os primeiros balbucios
proferidos por bebés e que é a metáfora da intenção do movimento.
O termo revela a intenção dos seus autores: impressionados com o clima de guerra e caos, os artistas
negavam o conceito de arte e de objecto, ou seja, anulação do conceito de arte. A arte verdadeira
seria, portanto, a anti-arte.
O Dadaismo, conceptualmente revela-se como uma reação / provocação às sociedades burguesas e
capitalistas da época. Proclamavam o vazio espiritual e o sentimento do absurdo que a guerra criara –
tornando obsoleta a cultura tradicional. Acreditavam que para construir uma nova sociedade, era
preciso destruir a antiga: “Pela destruição também se cria!” Assumiram por isso atitudes paralelas ao
negativismo proclamado por Schopenhauer e às teorias niilistas de Nietszche.
21. Indica os principais representantes do movimento.
- Zurique: Tristan Tzara; Jean Arp; Hugo Ball; Richard Hüsselbeck
- Nova Iorque: Marcel Duchamp, Man Ray, Francis Picabia, Marius de Zayas, Arensberg
22. Descreve as características técnicas, formais e temáticas do movimento e as técnicas.

- temáticas provocatórias, conteúdos insólitos e incongruentes, aparentemente sem sentido


(nonsense)
- Execução plástica baseada no cubismo sintético, mas adicionando técnicas inventadas:
- na pintura - a mistura de colagem com objetos encontrados (objects-trouvé), fotomontagens,
merzbilders;
- na fotografia - fotomontagens e os rayographs
- na escultura – ready-made (urinol) – neste caso pretendiam demonstrar que o que determina
o valor estético de algo, é um ato mental. Conduz a uma dessacralização do objecto artístico
pela apropriação e pela descontextualização de objectos de uso comum;
- Intencionalidade: as obras pretenderam inquietar, provocar o público, promovendo a
consciencialização do vazio e do absurdo, contestando a ideia de arte e levando à sua própria negação.
- libertação da arte de valores pré-estabelecidos
- procura de experiências e formas expressivas mais apropriadas à expressão do homem moderno e da
sua vida, defendendo-se a espontaneidade e o carácter anárquico e individualista da criação artística
- Defesa da ideia de que o artista deve voltar a artesão ou operário especializado, contribuindo de
modo útil para o bem estar da sociedade
- Influência sobre outros movimentos: Surrealismo, Bauhaus, New Dada(após 1945), Artes
Conceptual, Povera e Comportamental ou Euvironement
23. Explica o aparecimento do Cubismo.
George Braque e Pablo Picasso procuraram novas formas de representação formal e espacial,
realizando uma série de pesquisas para encontrar novos métodos e técnicas de representação formal
e espacial, de forma a ultrapassar as regras clássico-renascentistas . Conseguem esse objetivo quando,
em vez de representarem o motivo (objeto, paisagem), tomado de um só ponto de vista (como na
representação tradicional), conseguem fazê-lo sob vários pontos de vista na mesma representação –
as perspetivas múltiplas – associando às três dimensões uma quarta : o tempo. O processo de
execução, a procura dessa linguagem, torna-se mais importante do que o próprio resultado.
Como resultado, derrubam os conceitos tradicionais de forma e espaço – abrindo caminho à arte
abstracta. Procuram substituir uma imagem real, por uma mental; “eu não pinto as coisas como as
vejo, mas sim como as penso”(Picasso)
24. Caracteriza o movimento cubista, distinguindo as três fases em que se divide.
1ª FASE - FASE CEZANNISTA OU CEZANNIANA - 1907-1909
- Influências: Cézanne, Escultura africana, Teoria relativista de Einstein - redução da realidade a
estruturas simples e elementares
- temáticas: paisagem e figura humana em atelier
- Representação racional e geométrica das formas: geometrização das formas e dos planos; figuras
distorcidas pela perspectiva
- Contorno quebrado
- Manutenção dos volumes; respeito pelas volumetrias
- Início do desdobramento de planos: figuras e fundo confundem-se; planos sobrepostos+ eliminação
da profundidade; fundo fragmentado; espaço pictórico decomposto
- Rostos simplificados ou em máscara (influência da escultura africana)
- Redução da paleta cromática
- ausência de claro-escuro
2ª FASE - FASE ANALÍTICA OU HERMÉTICA - 1909-1912 - a fase mais característica do Cubismo
- Temas: natureza-morta, objetos do quotidiano, retrato
- Multiplicação dos motivos, sendo difícil distinguir por vezes os elementos figurativos
- Infinidade de planos geométricos, totalmente achatados
- Total bidimensionalismo
- Completa bicromia: a paleta reduz-se a cores sóbrias, quase monocromáticas (terras ou cinzas
esverdeados)
- Estaticidade: a sugestão de movimento desaparece da tela, passando para o olhar do observador
Acentua-se a ideia de que a pintura é uma realização plástica que obedece a regras próprias. O artista
representa uma idealização do objeto: não representa aquilo que vê, mas o que dele conhece. É
irreconhecível, hermético. O que está representado na tela afasta-se do modelo que lhe deu origem.
Com a ajuda do título, o espectador é convidado a um jogo de identificação visual, combatendo a
abstração pura que algumas pinturas poderão sugerir. A teorização do Cubismo foi feita nas tertúlias
realizadas no Bateau Lavoir, nome dado por Picasso ao seu atelier. Será evidente a identidade de
princípios e de processos entre Picasso e Braque
3ª FASE - FASE SINTÉTICA - 1912-1914 - Retorno à realidade, isto é, ao objeto
- Sintetização dos planos; redução do número de planos
- Os elementos figurativos são nítidos
- Simplificação dos objetos
- A paleta altera-se, ganhando maior variedade cromática.
- Braque e Picasso introduziram objetos reais e tridimensionais: colagem de recortes de jornais, papel
de música, alfinetes, areias … Surge um novo conceito de obra de arte pictórica: diminui a fronteira
entre pintura e escultura, tornando-se a pintura Cubista uma Pintura-objeto; a pintura encarada, não
como decoração ou expressão, mas como construção de uma obra.
- Juan Gris - fundador do Cubismo Sintético, transparecendo uma maior intelectualização, um
verdadeiro “cubista de régua e esquadro”(“cubismo científico”); obras com contornos nítidos, formas
planificadas e geometrizadas, racionalmente construídas
25. Descreve as influências exercidas pelo Cubismo.
- Orfismo: acrescentar um novo elemento de lirismo e cor ao austero cubismo intelectual, fazendo da
cor o principal meio de expressão artística
- Purismo: pintura sem valores emocionais, racional e rigorosa; simplificação das formas,
geometrização; representação da natureza morta sem volume, somente com as duas dimensões
- Abstracionismo: não representa objetos próprios da nossa realidade concreta exterior, utilizando as
relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira
"não representacional".
- Futurismo: suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos
do final do século XIX
26. Integra a obra “Guernica” no contexto político da época.
A Guerra Civil de Espanha (1936 – 1939) opôs as forças republicanas às forças franquistas. O regime
nazi apoiou militarmente as forças franquistas. Nessa sequência, a Legião Condor experimenta nova
tática de guerra: bombardeamento aéreo a cidades. O primeiro “palco” de experiências foi a cidade de
Guernica, no Norte de Espanha, que ficou completamente arrasada. A intenção de Picasso foi
representar a destruição da cidade, o sofrimento e a morte dos habitantes da cidade.
27. Justifica a importância da obra no contexto do movimento cubista.
- Significado formal: é a obra mais representativa do Cubismo pela sua geometrização estruturante,
pela sobreposição e interceção de planos e pela diversidade de pontos de vista. Está patente a
distorção expressiva das figuras (mãe com o filho morto nos braços, um guerreiro destruído pelos
estilhaços, corpos destroçados, a agonia de um cavalo, casa em chamas), aliando o símbolo pintado
com a realidade histórica. Picasso optou pela renúncia da cor, limitada à paleta mínima: branco, preto
e cinzento.
- Significado temático: simboliza o terror injustificável provocado pela guerra e prova o poder da arte
como denúncia de um ato premeditado de crueldade.
28. Descreve as ideias defendidas no “Manifesto Futurista” e no “Manifesto dos Pintores Futuristas”.
Em 1909 foi publicado o Manifesto Futurista, escrito por Marinetti e publicado no Le Fígaro, onde se
declara o combate à arte tradicional e se exalta a civilização industrial e da vida moderna a civilização
industrial (a cidade, a maquina e a velocidade). Foi inicialmente um movimento puramente literário,
que pretendia libertar-se das regras da gramática e da sintaxe na celebração dos sons e sensações de
um mundo tecnológico futuro. O movimento difunde-se depois para as artes plásticas a partir do
Manifesto dos Pintores Futuristas, publicado em 1910.
29. Caracteriza a linguagem estético-formal do Futurismo.
- Multiplicidade de planos (à maneira cubista)
- Dinamismo e movimento, transmitindo estados de alma (aproximação ao expressionismo); a apologia
do dinamismo é criado através do uso de múltiplos planos, exprimindo a continuidade do movimento
no espaço.
- Temas relacionados com modernidade, velocidade e dinamismo
- Decomposição geométrica das formas (linhas quebradas em ângulo agudo) e/ou em curvas sinuosas
- Planos simultâneos e interpenetrados para obter o efeito de movimento no tempo (4ª dimensão)
- Linhas de cor pura, ortogonais, angulares ou espiraladas à semelhança de raios luminosos, simulando
movimento ou a decomposição da luz
- Valorização da cor e da luz
Pintores: Boccioni, Giacomo Balla, Carlo Carrá, Gino Severini,
30. Apresenta as correntes artísticas derivadas do Cubismo e do Futurismo.
- Cubismo da Secção de Ouro (ou Secção Áurea)
- Albert Gleizes e Jean Metzinger
- Objetivo: racionalização do Cubismo através da aplicação da teoria renascentista da visão
piramidal do olho humano, acabando por introduzir movimento e dinamismo
- Orfismo: aliança entre a técnica cubista e a cor e o movimento futuristas

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