Cancer de Boca
Cancer de Boca
Cancer de Boca
de boca
Manual de detecção
de lesões suspeitas
Sumário
APRESENTAÇÃO
1. EPIDEMIOLOGIA 09
2. CARCINOGÊNESE 15
2.1. História da carcinogênese 16
2.2. Definições de tumor, neoplasia e lesões cancerizáveis 17
2.3. Diferença entre as neoplasias benignas e malignas 17
3. COMPORTAMENTOS DE RISCO 19
3.1. Alcoolismo 19
3.2. Tabagismo 19
3.3. Dieta 20
3.4. Agentes biológicos 20
3.5. Radiações 20
3.6. Irritação mecânica crônica 21
3.7. Fatores ocupacionais 21
4. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO 22
4.1. Exame clínico 22
4.2. Teste azul de toluidina a 2% 24
4.3. Citologia esfoliativa 24
4.4. Auto-exame 25
5. LESÕES CANCERIZÁVEIS 27
5.1. Aspectos clínicos das lesões 27
5.2. Hiperceratose focal 27
5.3. Nevo pigmentado 27
5.4. Queilite actínica 28
5.5. Líquen plano 28
5.6. Leucoplasia 29
5.7. Eritroplasia 29
5.8. Ulceração traumática crônica 29
6. CÂNCER DE BOCA 30
6.1. Carcinoma espinocelular 30
6.2. Sarcoma 32
6.3. Melanoma 32
6.4. Neoplasias de glândulas salivares 33
6.5. Carcinoma Baso-celular 33
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
9
••••••••••••••••••••••••••• I •••••••••••••••• , ••
Milnual
de Câneer
de 60ça
1.EPIDEMIOLOGIA
35
30
25
20
15 12,5
10
o
Aparelho Causas Aparelho Infecções
Neoplasias Outros
Circulatório Externas Respiratório Parasitárias
10 11
, •• , ••• I , • , •• , ••••••••••••••••••••••••••••••••
Manual Manual
do Câncer do Câncer
de Boca de Boca
Tabela 1.1. Estimativas para o ano 2005 das taxas brutas de incidência Tabela 1.3. Estimativas para o ano de 2005 das taxas brutas de
por 100.000 e de número de casos novos de câncer, em homens e incidência por 100.000 e de número de casos novos de câncer, em
mulheres, segundo região. mulheres, segundo localização primária.
Tabela 1.4. Estimativas ano 2005 casos novos de câncer por região. A distribuição geográfica das neoplasias apresenta uma variação que
depende da realidade local, peculiaridades culturais, hábitos, vícios
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_.__.~~__ e costumes de seu povo. Na Ásia e, principalmente, na índia, o cân-
Pele não Melanoma 4.400 22.470 8.320 23.270 54.560
cer de boca mostra-se muito freqüente devido ao hábito de mascar o
Mama Feminina 1.110 7.090 2.480 9.650 29.140
betel (planta originária da índia) associado ou não ao fumo. Nas
Traquéia, Brônquio regiões do Baixo Reno, Alto Reno e Calvados, na França, a propor-
e Pulmão 920 3.100 1.520 6.930 13.320 ção de 40 a 50 casos por 100.000 habitantes faz com que esta área
Estômago 1.205 3.550 1.290 4.760 12.340 seja a campeã do mundo em incidência de câncer de boca nos ho-
Próstata 1.510 8.460 2.980 9.160 24.220 mens. Já nas mulheres, as maiores incidências estão nas regiões da
Colo do Útero 1.680 4.700 1.490 4.180 8.640 índia e Filipinas, com 18 a 28 casos e 15 casos por 100.000 habi-
Cólon e Reto 500 2.390 1.330 5.860 15.970 ta ntes, respectiva mente.
Esôfago 190 1.190 560 3.210 5.440
De forma geral 10% das neoplasias que ocorrem no corpo humano
Leucemias 460 1.760 620 1.790 4.560
acometem a região da cabeça e pescoço sendo que, desse percentual,
Cavidade Oral 380 2.100 660 2.550 8.190 30% a 40% atingem a cavidade bucal.
Pele Melanoma 90 420 240 1.830 3.240
Outras Localizações 4.095 15.490 5.750 27.640 70.490 Embora a Odontologia brasileira esteja entre as mais avançadas em
80
68,5
70 - 64,3
60~
57,7
54,5 53,5
60,2 60,3 61,8
o que é câncer?
50 ~ É uma alteração do controle intercelular, especialmente da membrana,
40- relacionada com a perda da sua regulação metabólica, possivelmente, por
30 modificação do nível molecular.
Neoplasias
Eritroplastia
2.3.diferença entre as neoplasias benignas e malignas
Características
Hiperemia difusa da mucosa I Alterações BENIGNO MALIGNO
vasculares I Leucoplasia I Eritropla I Leucoplasia crescimento lento e progressivo rápido e infiltrativo
mosqueada I Eritroplasia nodular I Úlcera rasa delimitação nítida imprecisa
destruição tecidual fraca intensa
necrose rara freqüente
hemorragia rara freqüente
Lesão ulcerada única Carcinoma in situ metástase ausente presente
com borda em pique Carcinoma superficialmente invasivo caquexia ausente presente
e fundo granuloso Carcinoma invasivo
diferenciação células diferenciadas células pouco diferenciadas
mitose atípica ausente numerosa
recidiva ausente freqüente
J.~L- ~ ~ ~~ _
18
, , , .. " , . 19
Manual Manual
doC~ncer do Câncer
de Bota de Boca
LESÕESpotencialmente malignas
3. COMPORTAMENTOS DE RISCO
Ulceração Traumática Persistente, Líquen Plano, Nevo Pigmentado, Queilite
Actínica, Leucoplasia, Eritroplasia (carcinoma invasivo).
Princípios gerais do tratamento das lesões Entende-se por fatores de risco condições favoráveis ao desenvolvimento de
certa doença, ou seja, aqueles que relacionam maior probabilidade de
lesões benignas> Tratamento conservador - Remoção apenas da lesão.
I desenvolvê-Ia. Essesfatores podem ser ambientais ou do próprio indivíduo,
externos ou internos. A sua conjugação com a variável tempo é responsável
Lesões malígnas > Tratamento radical - Remoção da lesão com margem de pela gênese dos tumores malignos que acometem a boca. Em relação ao
segurança tecidual, tanto em profundidade quanto em extensão (Radiotera- câncer de boca, apresentam-se como fatores de risco:
pia, Quimioterapia).
3.1. Alcoolismo
Relacionado, sobretudo, com os tumores do assoalho bucal e da língua. As
seguintes possibilidades de mecanismos de ação são estudadas:
3.2. Tabagismo
o tabaco é um dos mais potentes agentes cancerígenos conhecidos que o ser
humano introduz, voluntariamente, no organismo, quer seja, fumado, mascado
ou aspirado (rapé). No tabaco e na fumaça que dele se desprende, podem ser
identificadas mais de 60 substânciastóxicas que apresentam ação carcinogênica.
Fora mais de 2.000 outras substânciasnão estabelecidas.Existeuma forte relação
entre a quantidade de tabaco usada por dia e a duração do período de exposição,
relação dose - resposta, diminuindo o risco com a cessaçãodo uso do fumo. O
20 ............................................... , , .
Manual
......... ....... . 21
do Câncer Manual
de Boca do Cêncer
de Boca
tabaco sem fumaça, que inclui o rapé e tabaco para mascar, está bem estabelecido
como causa do câncer bucal. Esta forma de consumo de tabaco permite um contato
3.6. Irritação mecânica crônica
mais prolongado de resíduos entre a bochecha e a língua (superfície epitelial), favore-
cendo a ação das substâncias cancerígenas sobre a mucosa bucal. ~m dos mai~res problemas de ordem odontológica relaciona-se aos
raumas mecarucos que podem ser produzidos por próteses mal ada _
As úlceras bucais, mesmo que transitórias, proporcionam o contato direto tadas, dentes fraturados (com ponta cortante) cotos d' I h~
bitos t '1' E r ra ICU ares e a-
das substâncias cancerígenas. com o conjuntivo, otimizando as agressões rauma ICOS. sses fatores iatrogênicos que tornam-se irritantes
mais profundas e extensas sobre toda a mucosa. Este fato sugere existir um quando constantes, podem provocar lesões que podem d .. '
ca ter! ti . a quinr uma
risco ainda maior de câncer de boca para tabagistas que usam próteses mal rac ens rca potencialmente maligna e esta quando . d
tros fat de ri "associa a a ou-
adaptadas. . _ ore: e nsco. como álcool e tabagismo, aumentam a predi _
stçao ao cancer de boca. ISpO
Além da ação das substâncias cancerígenas, a exposição contínua ao calor
gerado pela combustão do fumo potencializa as agressões sobre a mucosa Ressaltamos que, todo paciente usuário de prótese dentária deve submeter-
bucal, pois a temperatura na ponta do cigarro aceso varia de 835 graus a se a exame da cavidade bucal, anualmente, com o cirurgião-dentista.
8.884 graus centígrados. Dependendo do tipo, da quantidade e da qualida-
de do tabaco usado, os tabagistas apresentam uma probabilidade 4 a 15 3.7. Fatores ocupacionais
vezes maior de desenvolver câncer de boca do que os não tabagistas.
Estudos in~icam haver relaçã~ :ntre a exposição continuada a certos
3.3. Dieta agentes_ qurrmcos e a alta Incldencia de câncer de boca entre eles
exposrçao aos produtos químicos agrícolas, da industria' de tecidos:
Estudos têm revelado que deficiências nutricionais e dietas inadequadas fun- me,tals. Em Pernambuco, tais fatores destacam-se em virtude das carac-
cionam como fontes dos chamados radicais livres, responsáveis por altera- terlsticas locais, como clima e atividade econômica Como I
observa-se q I . . exemp o,
ções do ADN, tornando o indivíduo mais vulnerável.ao câncer. Por outro . ue as cu turas açucarerra e pesqueira expõem os indivíduos
lado, o baixo risco de desenvolvimento do câncer de boca verificado entre os e~cesslvam~nte aos raios solares, favorecendo o desenvolvimento do
cancer de lábio
indivíduos que consomem altos índices de frutas cítricas e vegetais ricos em
beta-caroteno é outro ponto que enfatiza a importânciá dos fatores
nutricionais. O beta-caroteno é precursor da vitamina A. encontrado na ce-
noura, mamão, abóbora e batata doce.
Em resumo, podem ser considerados integrantes do grupo de risco os paci-
entes que possuam: I
4. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO São realizados os exam:s EXTRA e INTRABUCAL, através de palpação bi-digital e
bl-ma~ual, para detecçao dos estados de elasticidade, consistência ou presença
de lesoes nodulares na face e cavidade bucal.
O estímulo à realização do auto-exame é indicado como essencial para o diag- b) Exame intra-bucal:
nóstico precoce do câncer de boca, pois permite o conhecimento do estado de
Com a ,utdização de afastadores de bochechas e/ou abaixadores de língua
normalidade da cavidade bucal pelo próprio indivíduo, fazendo com que sinais
e sintomas sejam percebidas, rapidamente.
descartávek, para propiciar melhor campo visual e, auxílio de odontoscópio
e gaze, devemos observar: .
O estabelecimento do diagnóstico baseia-se na dualidade: EXAME CLíNICO +
• Comissura labial
EXAMES COMPLEMENTARES (entre eles a biópsia) e, em lesões com
• Fórnices gengivo-jugal
envolvimento ósseo, RADIOGRAFIA. Em alguns casos, como por exemplo
• Exame do Lábio
suspeita de leucemia, fazem-se necessário exames hematológicos. O Cirur-
• Superfícies vestibulares das gengivas
gião-Dentista adquiriu os conhecimentos necessários gerais e específicos e
deve estar capacitado em identificar os vários aspectos da morfologia nor-
mal da cavidade bucal e, assim, distinguir o anormal ou alterado. Figura 4.1. Mucosas jugal direita e esquerda (observar o conduto de
Stensen)
Portanto, deve-se observar manifestações clínicas no paciente como:
• Dor • Sangramento
• Perda de peso • Anorexia
• Mobilidade dental • Inflamação gengival severa
• Aumento de volume • Parestesia
• Alteração de cor
4.3. Ungua (ventre, dorso e bordas laterais) que 20% dos seus resultados podem ser falsos-negativos, o profissional deve
sempre eleger a biópsia como o mais confiável exame de diagnóstico.
4.4. Biópsia
Figura 4.5. Palatos (mole e duro), Pilares amígdalianos e úvula.
Constitui-se na comprovação definitiva (padrão de excelência) da ausência ou
presença de uma lesão maligna, sendo uma manobra cirúrgica simples com
finalidade de diagnóstico, onde se remove uma parte ou toda a lesão a ser
analisada pelo exame histopatológico. O material removido deve ser acondici-
onado em recipiente limpo, contendo formol a 10%, totalmente submerso.
Fonte: www.infocompu.com
4.5. Auto-exame
Importante aliado ao diagnóstico precoce do câncer de boca, o auto-exame
4.2. Teste Azul-de-Toluidina 2% da cavidade bucal é um procedimento extremamente fácil, que não requer
nenhum instrumento sofisticado, necessitando apenas de um ambiente ilu-
Esteteste é realizado com o corante básico Azul-de-toluidina sendo fixado pelos
minado e um simples espelho para sua realização. Pode ser feito na própria
ácidos nucléicos presentes nas células. Como o número de células tumorais por
residência do paciente, numa periodicidade semestral e observando os si-
centímetro cúbico é maior que o das normais, a área da lesão se cora mais em nais de alerta abaixo descriminados:
azul do que asoutras. Muito importante para orientar a áreaque deveserbiopsiada.
Diferença na cor e volume da pele e mucosa
End urecimentos
4.3. Citologia Esfoliativa
Ulcerações que não cicatrizam por mais de duas semanas
Exame feito com esfregaços espatulares da superfície da mucosa bucal, de- Dentes fraturados
vendo ser realizado com o auxílio de uma espátula de madeira descartável. Sangramentos
Apresenta boa eficácia nas lesões superficiais ulceradas, mas considerando Áreas dormentes
...
26
M~nyª1
I , •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 27
Manual
ee çªn~~f
ee 8Çlçô do Câncer
de Boca
5- Puxar com o dedo o lábio inferior, deixando visível a face interna, para
I111
Figura 4.7. Ilustração do Auto-exame bucal 3. Tratamento: Remoção dos agentes irritantes.
3. Tratamento: Cirúrgico
-,
~ "'"'" ~
.".:
Fonte: INCA- 2001
28 29
. . . . .. . .
Manual Manual
do Câncer do Câncer
de Boca de Boca
6.1.5. Carcinoma Espinocelular de Assoalho de Boca (Câncer de Região 6.4. Neoplasias de glândulas salivares
de Assoalho de Boca)
Essestumores podem ser encontrados em qual-
1. Localização mais freqüente: região anterior do
quer região da boca, mas aparece com maior fre-
assoalho da boca
qüência no palato mole e no lábio superior por se-
2. Sinais e Sintomas: inicialmente como placas rem regiões que tem maior número de glândulas
salivares menores. Sua progressão é lenta e
leucoplásicas ou eritroplásicas. Com o prosse-
assintomática e quando atinge um grande volu-
guimento da lesão, forma-se uma lesão de for- Fonte: lnca- 2001 me pode ulcerar-se.
ma ulcerada de margens arredondadas e ba-
ses endurecidas. o carcinoma mucoepidermóide e o carcinoma
adenóide cístico são as neoplasias malignas de
3. Tratamento: cirúrgico
glândula salivar mais comuns.
6.2. Sarcoma
São tumores raros na boca, de origem 6.5. Carcinoma Base-celular
mesenquimatosa. Apresentam-se muito
vascularizados e de evolução rápida. Ao contrá- Ocorre especialmente no tegumento cutâneo da
rio dos carcinomas, ocorrem com maior freqüên- face, principalmente nas pregas naso-Iabiais. Tra-
cia em crianças e nos adultos jovens. São tumo- ta-se de um tumor dos mais comuns da pele. Para
res de extrema gravidade, que se metastatizam
alguns autores, essa forma de carcinoma nunca
Fonte: lnca- 2001 por via hematogênica, alcançando principalmen-
ocorre na mucosa bucal. O que é encontrado é a
te os pulmões.
extensão de uma lesão cutânea por infiltração.
A Secretaria de Saúde de Pernambuco tem trabalhado para organizar o sistema de 1. BARIC JM, et aI. Influence of cigarette, pipe and cigar smoking, removable
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deradas como "porta de entrada do sistema", uma vez que devem possibilitar o 2. BUCHNERA, HANSEN LS.Pigmented nevi of the oral mucosa: A clinicopathologic
diagnóstico precoce de lesões suspeitas. A partir daí, os pacientes serão encami- study of 36 new cases and review of 155 cases from the literature: Part I:
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Manual de detecção
doe, lesões suspeitas