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PROCESSO Nº 1073883-90.2019.8.26.0100
I – DAS ALEGAÇÕES DA RÉ
O valor correto a ser recolhido pela Ré é de R$ 23,27, sendo certo que o recolhimento
contínuo a menor, ou a ausência de recolhimento, ao longo do tempo, causará enormes prejuízos ao
Erário, o que não se pode admitir.
Deverá ser intimada a efetuar o recolhimento da taxa de mandato, no valor correto, sob
pena de não ser recebida a procuração juntada e, consequentemente, ausente a representação
processual, ser decretada sua REVELIA quanto aos termos da ação.
Não obstante, ver-se-á que melhor sorte não assiste aos argumentos apresentados
pela Ré, senão vejamos:
II – PRELIMINARMENTE
II.1 – DO USO INDEVIDO DO SELO “EMPRESA AMIGA DA JUSTIÇA” NAS
DEMANDAS JUDICIAIS
Data maxima venia, Excelência, há, de fato, processo disciplinar em trâmite, fato
TOTALMENTE alheio à relação discutida na presente demanda, cujo Juízo competente é outro,
pelo que de rigor DEVE SER DETERMINDO O IMEDIATO DESENTRANHAMENTO E
DESCONSIDERAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS ÀS FLS 159-717, POR SER
PROCESSO SIGILOSO E QUE NADA CONTRIBUI COM A RESOLUÇÃO DO PRESENTE
PROCESSO!!!!!
Se formos citar fatos periféricos, como pretende a Ré, podemos trazer à tona uma
grande quantidade de Ações Civis Públicas que o Ministério Público de São Paulo promoveu e
promove contra a Ré, mas como isso não é objeto da presente ação, não convêm discutirmos a
fundo, pois o que se espera aqui é o reestabelecimento do equilíbrio contratual, na relação entre
Autora e Réu.
Vale destacar, que a cada caso caberá uma sentença e, se a Ré entende ter tanta razão
em suas alegações, que aguarde a vinda das decisões.
Inclusive, a Autora destaca sentenças lançadas contra a Ré, mostrando que o direito
pleiteado na presente demanda é totalmente verídico, sendo a posição firme e correta do Poder
Judiciário o afastamento dos abusos e desmandos que a Ré impõe a seus consumidores:
Processo 1054433-64.2019.8.26.0100
Processo 1054834-63.2019.8.26.0100
Processo 1057287-31.2019.8.26.0100
Processo 1061322-34.2019.8.26.0100
Excelência, a Autora tem ciência de que as questões referentes a esse tema são
periféricas, e que, segundo informado pela própria Ré, a discussão acerca da postura do patrono
da Autora já está sendo discutida junto ao órgão competente, qual seja, a ORDEM DOS
ADVOGADOS DO BRASIL.
A Ré, sabendo que pouca razão possui em suas alegações, busca tumultuar o
processo, trazendo alegações impertinentes e que já estão sendo discutidas onde há competência
para isso, numa busca incansável de retirar o foco da demanda e deturpar o direito dos
consumidores.
Por essa razão a Autora trouxe o resultado de outras demandas apenas para mostrar
que o entendimento majoritário do PODER JUDICIÁRIO é exatamente no sentido que está
sendo demandado no presente feito, reconhecendo-se a abusividade das cláusulas impostas pela
empresa “amiga da Justiça”.
III – DO MÉRITO
III.1 – DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a
natureza e a finalidade do negócio.
Art. 51 -São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
produtos ou serviços que:
I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
natureza dos produtos e serviços ou implique em renúncia ou disposição de direitos. (…);
II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III – transfiram a responsabilidade a terceiros;
IV – estabeleçam prestações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
...
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do
contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao fato.
Tanto porque, a Ré tem como politica doar os lotes para quem constrói,
mostrando claramente que lote sem edificação possui valor econômico no tocante à sua
ocupação, de acordo com a jurisprudência dominante, para casos análogos.
“Quanto à taxa de fruição, apesar do disposto na parte final da Súmula nº 1 deste Egrégio
Tribunal (...) quando o compromisso de compra e venda envolve terreno sem edificação, no qual
não foi erigida benfeitoria, indevida a indenização por tempo de ocupação e abusiva a cobrança
de taxa de fruição, tendo em vista que o imóvel não possui valor econômico imediato no tocante
à sua ocupação.”
Não há pretensão de restituição integral das parcelas pagas, mas sim a devolução de
90% (noventa por cento) do montante desembolsado a título de parcelas contratuais e 100% (cem
por cento) das Taxas de Melhoramento pagas.
Como dito, há apenas pedido de restituição de 90% dos valores pagos a título de
parcelas contratuais e parcela de entrada (item e) e 100% do valor pago a título de Taxa de
Melhoramento (item f), em parcela única e devidamente atualizado desde cada desembolso,
acrescido dos juros legais desde a citação até o efetivo pagamento. Resta, portanto, impugnado
qualquer menção na contestação que faça crer que a Autora pretende a restituição de qualquer
outro desembolso (como comissão de corretagem, taxa de conservação ou fundo de transporte)
além daqueles expressamente requeridos em sede de inicial.
Vale lembrar que NÃO é debatida a vontade da Autora, ou seja, NÃO SE DISCUTE
AQUI O MOTIVO QUE DEU ENSEJO À RESCISÃO, visto que o polo ativo não mais detém
condições de manter o contrato, de modo que pretende vê-lo rescindido, essa vontade é lícita,
razoável, e, assim sendo, deve ser respeitada.
Portanto, repita-se, mesmo nos casos em que o adquirente esteja inadimplente, este
fará jus à rescisão do contrato, devendo as partes ser reposto ao status anterior à celebração do
contrato.
IV – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, uma vez refutados todos os argumentos da Ré, espera a
Autora sejam acolhidos integralmente TODOS OS PEDIDOS formulados na peça vestibular,
uma vez que inexiste causa impeditiva, modificativa ou extintiva ao pleito formulado, quiçá prova
idônea; condenando a Ré, ao final da lide, ao pagamento da verba integral de sucumbência.
Termos em que.
Pede deferimento.
São Paulo, 13 de dezembro de 2019.
Alexandre S. M. de Souza
OAB/SP nº 260.904