288 As Cartas Pastorais - Norbert Lieth
288 As Cartas Pastorais - Norbert Lieth
288 As Cartas Pastorais - Norbert Lieth
Norbert Lieth
1TIMÓTEO 1
Saudação
A unidade Deus-Pai e Deus-Filho
Timóteo
Diferença entre ensino e doutrina
Doutrinas falsas
A sã doutrina
O evangelho de Paulo
O Deus bendito
O testemunho de Paulo
Um mandamento para a Igreja
1TIMÓTEO 2
Lista de prioridades espirituais
1TIMÓTEO 3
A liderança na Igreja
A essência da Igreja
1TIMÓTEO 4
Doutrina falsa e verdadeira com vistas ao futuro
Regras de conduta corretas
1TIMÓTEO 5
Orientações para a vida prática na Igreja
Indispensável
1TIMÓTEO 6
Lidando com patrões
Lidando com finanças
Lidando consigo mesmo
Lidando com estas verdades
PARTE II - A 2ª CARTA A TIMÓTEO
Introdução
2TIMÓTEO 1
Força, segurança e mansidão
Encorajamento para jamais desistir
Empenho total pelo Evangelho
2TIMÓTEO 2
Sete designações para os cristãos
Inserção: aplicação prática da Palavra de Deus
Obreiro
Vaso
Servo / escravo
2TIMÓTEO 3
O que precisamos saber sobre o fim dos tempos
De volta ao presente
Verdadeiro discipulado
O desafio para Timóteo
2TIMÓTEO 4
A “autenticação” da profecia
1. A certeza da Sua Volta
2. As mudanças da época
3. Recompensa
A paixão de Paulo pela Volta de Jesus
O serviço na perspectiva da Volta de Jesus
Utilidades e inutilidades
O poder e a fidelidade de Deus
Aprendendo com palavras de despedida
Concluindo
TITO 1
A salvação “três vezes três”
Instruções para a liderança
O contraste à sã doutrina
TITO 2
Seis recomendações para seis partidos
O poder transformador da graça de Deus
TITO 3
A prática das boas obras
Não se envolver com inutilidades
Últimas recomendações urgentes
Sete nomes e sua mensagem
NOTAS
INTRODUÇÃO
Até o ano de 1726 elas não haviam recebido essa denominação, quando Paul
Anton se referiu a elas com esse título em uma série de mensagens que foram
publicadas após o seu falecimento. Muitos argumentaram que nem Timóteo, nem
Tito eram pastores no sentido exato como essa função é conhecida atualmente.
Eles serviam mais como representantes apostólicos que, imbuídos de autoridade
conferida por Paulo, falavam às igrejas a que pertenciam sobre questões e
práticas doutrinárias. Apesar dessas contestações, os títulos das cartas se
mantiveram porque elas foram escritas para homens que desempenhavam
especialmente as funções pastorais e supervisionavam as igrejas de Éfeso e de
Creta. Através das gerações, muitos pastores líderes de igrejas encontraram
orientações e entendimentos especiais nessas cartas. É certo que todas as cartas
apostólicas – sim, toda a Escritura Sagrada (ver 2Tm 3.16-17) – proporcionam
ensinamentos aos pastores, no entanto, estas três são únicas ao apresentarem
questões com as quais os pastores são confrontados em seu ministério. Por isso,
o título de “cartas pastorais” é adequado.(NOTA 1)
A casa de Deus;
A Igreja do Deus vivo;
Coluna e alicerce da verdade.
A 1ª CARTA A TIMÓTEO
Introdução
Provavelmente Paulo tenha escrito esta carta a partir da Macedônia, por volta
de 62-64 d.C., enviando-a para Timóteo que se encontrava em Éfeso. Ao
iniciá-la, Paulo lembra a Timóteo: “Quando eu estava de viagem, rumo da
Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a
certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina” (1Tm 1.3).
O tema central da carta é referente à sã doutrina dentro da Igreja. Esse
tema percorre toda a carta, como se fosse uma linha vermelha. Se
observarmos quantas vezes é mencionado o termo “doutrina”, ou “ensino”,
então reconhecemos automaticamente qual a ênfase que o Espírito Santo dá
ao tema dentro da Igreja Cristã.
Saudação
“1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador,
e de Cristo Jesus, nossa esperança, 2a Timóteo, verdadeiro filho na fé,
graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso
Senhor” (1Tm 1.1-2).
A unidade Deus-Pai e Deus-Filho
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e
de Cristo Jesus, nossa esperança” (1Tm 1.1). O primeiro versículo é uma
clara alusão à unidade entre Pai e Filho. O versículo 17 fala dela novamente.
No primeiro versículo de 1Timóteo Deus é definido como Salvador (em
grego: soter). Já no Antigo Testamento Deus Se apresenta dessa maneira:
“Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador...” (Is
43.3).
Na 2ª Carta de Timóteo essa mesma denominação é dada ao Senhor Jesus
Cristo: “e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador [soter]
Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a
imortalidade, mediante o evangelho” (2Tm 1.10). Na Carta de Tito consta
também: “...graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso
Salvador [soter]” (Tt 1.4). O próprio Senhor Jesus havia evidenciado essa
unidade diante dos judeus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).
Timóteo
“A Timóteo, verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de
Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor” (1Tm 1.2).
9Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os
transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os
profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas,
10para os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os
sequestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para
todo aquele que se opõe à sã doutrina. 11Essa sã doutrina se vê no
glorioso evangelho que me foi confiado, o evangelho do Deus bendito”
(1Tm 1.3-11 – NVI).
“7querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem
nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas.
8Sabemos que a lei é boa, se alguém a usa de maneira adequada.
9Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os
transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os
profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os
homicidas” (1Tm 1.7-9 – NVI).
Uma característica típica dos falsos mestres é que eles consideram uma lei
como o ponto básico, sem levar em consideração o seu cumprimento. Outra
atitude típica é que eles se manifestam com muita firmeza e apresentam sua
doutrina como verdadeira sem, no entanto, terem realmente compreendido a
doutrina da justificação.
Uma pessoa que tenha sido justificada através do Evangelho do Senhor
Jesus não está mais sujeita a qualquer lei. As instruções do Novo Testamento
atendem a todos os requisitos e o cumprimento dessas instruções é um sinal
para a justiça. Nesse sentido, encontramos mais de 30 recomendações
pessoais em 1Timóteo.
A lei é boa (ver Rm 7.12) quando ela for aplicada legalmente, isto é, se ela
for considerada e aplicada da maneira para qual ela realmente foi promulgada
(ver Gl 2.16,21; 3.10-13,23-25; Rm 3.20). A lei...
Nesse aspecto, a lei é boa e quem a aplica desse modo e alcança a graça de
Jesus Cristo através dela, é justificado. Assim, por ter sido justificado, a lei
perdeu o efeito sobre ele – ela perdeu a validade. A lei foi dada
principalmente para o convencimento dos que viviam sem lei. Alguém certa
vez disse: “A lei ensina três coisas: a) Nós devemos; b) Nós não temos; e c)
Nós não podemos”.
“9Também sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os
transgressores e insubordinados, para os ímpios e pecadores, para os
profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os homicidas,
10para os que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os
sequestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para
todo aquele que se opõe à sã doutrina” (1Tm 1.9-10 – NVI).
O Deus absolutamente bendito (1Tm 1.11) existe por Sua própria vontade, é
autossuficiente, não necessitando de qualquer auxílio ou de alguém que O sirva.
De fato, Ele é amor e o amor necessita impreterivelmente de um amado, um outro
eu ao qual o amor é dedicado. Este outro eu, no entanto, já havia sido
providenciado por Deus. O amor de Deus já alcançou plena e infinita
manifestação em Seu Filho, outorgando a perfeita paz. “...porque me amaste
antes da fundação do mundo” (Jo 17.24).2(NOTA 2)
O testemunho de Paulo
“12Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso
Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, 13a
mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas
obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade.
14Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há
em Cristo Jesus. 15Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo
Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o
principal. 16Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia,
para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa
longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a
vida eterna.
17Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória
pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Tm 1.12-17).
“Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas
que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência,
por palavra e por obras” (Rm 15.18).
“Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso
Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1Tm
1.12).
“Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em
mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa
longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a
vida eterna” (1Tm 1.16).
Paulo aproveita seu testemunho para demonstrar que não há nenhum caso
sem esperança. Ao se classificar como o maior de todos os pecadores (ver
v.15), ele afirma que não é possível para alguém ser excluído do Reino de
Deus, pois ninguém pode ser maior pecador do que o apóstolo Paulo.
Nesse aspecto é interessante observar que a conversão de Paulo aconteceu
imediatamente após a oração de Estêvão, enquanto este era apedrejado:
A oração deve estar em primeiro lugar, antes de qualquer coisa que se faça,
antes de qualquer tarefa ou trabalho. Partindo do princípio que a Carta a
Timóteo é uma carta pastoral, temos aqui uma instrução para a vida da Igreja.
É interessante observar a sequência das quatro etapas da oração: súplicas,
orações, intercessões e ações de graças. Observa-se em muitas igrejas que
essa sequência não é mantida e, com isso, as prioridades não são colocadas na
ordem adequada. Paulo considera as ações de graças (louvor) como parte de
um “pacote geral”. Em muitos cultos, no entanto, o “louvor” é praticamente o
único a tomar lugar.
Já que temos definido tudo o que Deus quer e o que Ele não quer, como é
possível afirmar que Ele, antecipadamente escolhe conscientemente alguns
para serem salvos e outros para a perdição? Assim, nossa postura de fé nunca
deveria considerar a predestinação e a consequente determinação de limites.
Se tudo já estivesse predeterminado, não seríamos exortados a orar por todas
as pessoas, conforme pede o versículo 1, pois já estaria tudo resolvido. Deus
não nos conduz com uma argola no nariz. Devemos orar por todas as pessoas,
pois a Sua vontade é que todas as pessoas sejam salvas. O versículo 6
também se refere a isso: “a si mesmo se deu em resgate por todos”.
Uma carta pastoral nos coloca com muita clareza que a Doutrina da
Predestinação não deve entrar nem ser defendida na Igreja. Provavelmente
ela seja uma das doutrinas falsas e insanas mencionadas no texto bíblico.
3. Jesus tem primazia em tudo
Observemos que o texto não diz que Ele não foi dado ou foi sacrificado,
mas que “a si mesmo se deu”, ou “se entregou a si mesmo” (NVI). Nossa
salvação está apoiada única e exclusivamente sobre a iniciativa e a ação de
Deus. É a execução do Seu Plano de Salvação para nós. O Senhor Jesus – Ele
sozinho – pagou o preço integralmente; ninguém conseguiu colaborar, não
havia nada a esperar da parte de alguma pessoa, nada que pudéssemos fazer.
Jesus Se entregou em resgate – não apenas uma parte, não uma quantia
qualquer, mas se entregou totalmente. Entregou tudo o que Ele é. Não
reservou nada para Si. Ele pagou o preço total com toda a Sua vida.
O termo “resgate” possui três significados distintos, que nos ajudam a
reconhecer a abrangência da Obra redentora de Jesus. Primeiro: significa a
compensação da culpa através de um pagamento (indenização). “Caso,
porém, lhe peçam um pagamento, poderá resgatar a sua vida pagando o que
for exigido” (Êx 21.30 – NVI). Segundo: o resgate era usado para comprar a
liberdade de um escravo (ver Lv 25.51-55). Terceiro: o resgate era pago para
recuperar uma vida, isto é, para salvar a vida de alguém que deveria morrer
ou indenizar por alguém que morreu (Nm 3.44-51; Êx 21.32).
Esta última passagem relata que, se um boi chifrava um escravo a ponto de
matá-lo, deveriam ser pagos “trinta siclos de prata” como reparação. Isso
nos lembra das 30 moedas de prata com as quais Jesus foi traído (ver Zc
11.12; Mt 26.15). Sabemos, no entanto, que o Senhor Jesus não saldou o
preço do resgate com prata e ouro, mas com o Seu precioso sangue (1Pe
1.18-19).
Este resgate foi pago por todas as pessoas e não apenas para alguns
escolhidos (ver v.6). Todas as pessoas são beneficiárias do Plano de Salvação
divino, ninguém é excluído dele. A ligação aos versículos 1 e 4 (“todos”)
torna isso bastante claro. Somos convocados a orar por todos os homens
porque todos os homens são o alvo da salvação. Deus deseja que todos os
homens sejam salvos, por isso Ele pagou o resgate por todos.
Como, porém, podemos conciliar isso com a afirmação em Marcos 10.45:
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir
e dar a sua vida em resgate por muitos” ? O preço do resgate foi pago para
todos, no entanto, ele terá efeito apenas para aqueles que aceitarem
pessoalmente essa salvação. Vejamos um exemplo a respeito: li,
recentemente, que na loteria da Itália havia um prêmio disponível de 135
milhões de euros. Quem poderia se habilitar a ganhá-lo? Todos que
preenchessem um cartão de apostas. No entanto, estava disponível também
para todos os demais, sendo que qualquer pessoa poderia preencher o cartão,
porém, os que não o fizeram ficaram excluídos, apesar da disponibilidade.
Havia pessoas viajando da Alemanha para a Itália, preenchendo o cartão e
voltando novamente para casa. Trata-se de um exemplo banal, totalmente
insuficiente, pois a Salvação não é uma loteria. No entanto, isso, de certo
modo, nos mostra uma verdade.
Temos ainda outras citações sobre o sacrifício de Jesus e os efeitos sobre
os diferentes grupos:
“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que,
agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20).
“9Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as
nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos
foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, 10e manifestada,
agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só
destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o
evangelho, 11para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre”
(2Tm 1.9-11).
“Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios” (Rm 5.6).
Temos o privilégio de viver nessa época tão especial, na Era do
Evangelho, da Graça e da Igreja. Agora, porém, temos a incumbência de
otimizar o aproveitamento dessa era e estabelecer prioridades, “remindo o
tempo” em oração por todos os homens e proclamando esses ensinamentos.
Nesse contexto, Paulo reafirma a importância de apoiar essa doutrina com fé
e em verdade. Ela, portanto, precisa preencher nosso coração completamente
e, quando a proclamamos ou compartilhamos, devemos fazê-lo seguindo a
verdade daquela doutrina – de acordo com a sã doutrina (ver 1Tm 1.10; 4.6).
4. A ordem para os homens
“Quero, portanto” é uma ordem dada com bastante firmeza. Ele não diz: “Eu
gostaria”, “Eu desejo que...”, “Por isso peço a vocês”, “Seria bom se...”,
“Não seria bom se fizéssemos...?” ou, ainda, “O que vocês pensam a
respeito?”. Não! Trata-se da absoluta e santa vontade de Deus que os homens
orem, em todo o lugar.
Por que apenas os homens são convocados a orar? A ordem não inclui as
mulheres? Acontece que os homens são mencionados especialmente porque
os assuntos abordados no versículo são exatamente os pontos fracos dos
homens. A maioria dos homens não é tão orientada para a oração como as
mulheres. Em muitos lugares, as mulheres são a maioria dos participantes das
reuniões de oração. Os homens desistem mais facilmente de um projeto do
que as mulheres. De um modo geral, as mulheres são mais assíduas do que os
homens em trazer seus pedidos diante de Deus, durante o dia. Os homens
normalmente carregam seus fardos de um lado para o outro. Eles deveriam
aproveitar melhor as oportunidades para orar em todo o lugar.
Além disso, o texto pretende incentivar os homens a participar mais
ativamente das orações, e a orar em voz audível e não silenciosamente. Os
homens também são convocados a dirigir reuniões de oração.
Os homens são chamados a levantar “mãos santas”. Trata-se menos de
atitudes exteriores do que do modo de vida do homem. Devem ser “mãos
santas”, limpas, sem máculas. Nesse sentido, o homem corre maior perigo do
que as mulheres.
“Sem ira”. Principalmente os homens são mais propensos à ira e a uma
postura agressiva do que as mulheres.
“Sem animosidade”. Isso é um outro problema que afeta mais aos homens
do que às mulheres. Por natureza, o homem é mais cético, mais racional e
quer ver tudo esclarecido e compreendido. O que é muito bom para a vida
prática pode ser um obstáculo na vida de fé e de oração. Os relatos do
Evangelho mostram que as mulheres aceitam a vida de fé mais facilmente.
Essa exortação está sendo levada a sério? É necessário que nos
examinemos e que venhamos a fazer uso ativamente da oração.
5. A ordem para as mulheres
“Da mesma forma, quero que...” (v.9 – NVI). Também as mulheres ouvem o
inconfundível “eu quero” de Paulo. Também para elas não se trata de algo
que se possa ver, fazer ou interpretar de uma maneira qualquer, mas de
declarações definidas que devem ser aplicadas na vida prática. Se, há pouco,
foram revelados os perigos e as fraquezas dos homens, agora são abordados
os perigos e as fraquezas das mulheres. Os versículos 9 e 10 não proíbem o
uso de vestimentas lindas e bem cuidadas ou recusa de qualquer adorno.
Como podemos saber? Isso está escrito na passagem paralela, em 1Pedro 3.3-
6:
Não se trata de contrariar a Bíblia se uma mulher deseja ter aparência atrativa. A
beleza, no entanto, se origina no interior da pessoa. Um caráter suave, modesto e
amoroso proporciona um brilho ao rosto impossível de imitar, mesmo com os
melhores recursos cosméticos e com as joias mais caras. Um exterior
cuidadosamente elaborado e brilhante torna-se artificial e frio quando lhe falta a
beleza interior.(NOTA 3)
A liderança na Igreja
Bispos e Diáconos
É uma verdade, selada por Deus, que a Obra redentora de Jesus vale
indistintamente para qualquer pecador e que não existe ninguém que tenha
pecados terríveis demais para que não pudesse ser salvo por Deus.
“9Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. 10Ora, é para esse fim
que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a
nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens,
especialmente dos fiéis” (1Tm 4.9-10).
Será que Paulo não exagerou? O ensino não deve abranger toda a Bíblia?
Parece que Paulo dá demasiado valor ao seu ensino. A sua doutrina ocupa o
maior espaço do Novo Testamento. Ele recebeu a maioria das revelações e
mistérios neotestamentários. Sua doutrina serve de parâmetro principalmente
para os gentios, referente à justificação, a santificação, a Lei, Israel, o
Arrebatamento ou a ressurreição. Os ensinos dos demais autores do Novo
Testamento são comparados aos de Paulo (ver 2Pe 3.15-16), por isso, trata-se
de todo o ensino do Novo Testamento. Paulo chega até a mencionar “meu
evangelho” ao falar de seu ensino (Rm 2.16; Gl 2.7). Ele classifica a
mensagem que transmitiu em Tessalônica, juntamente com Silas, como a
verdadeira Palavra de Deus (ver 1Ts 2.13). Agora, o apóstolo pressiona para
que essa doutrina seja transmitida à Igreja. Isso representa um tremendo
desafio para nós.
Além disso, o bispo deve ser “não dado ao vinho” (1Tm 3.3). Ele não
deve adquirir má-fama por causa de bebedeira, ele não deve ser alcoólatra.
“Não violento” é outra qualidade requerida do presbítero (não agressivo,
que não agrida outros). Ele precisa manter o autodomínio e não aceitar
provocações que o levem a praticar atos violentos. Essa recomendação era
muito importante àquela época, principalmente porque então muitos senhores
eram donos de escravos. Ele não deveria imitar a atitude do mundo, pois um
cristão não bate em seu escravo.
“Não cobiçoso de torpe ganância” (ACF). Ele não deve enganar outros
como forma de enriquecer ilicitamente. Também no aspecto financeiro ele
deve permanecer dentro da verdade. Um presbítero não deve agir
impulsionado por falsas motivações. Ele não deve dar prioridade para o
enriquecimento próprio ou da sua igreja.
“Cordato” ou “amável” (NVI) é a qualidade requerida do bispo, em
contrapartida à violência. Que características se incluem nesse conceito?
Agradável, amigo, brando, atencioso, misericordioso, pronto a perdoar e
indulgente.
Estas definições combinam com “inimigo de contendas”. Uma pessoa
que procura iniciar uma discussão negativa e sem fim em qualquer assunto,
que defende seus direitos de modo intransigente não serve para ser presbítero.
Ele não deve se importar com qualquer assunto insignificante que aparecer,
mas manter-se de forma moderada e ceder sempre que for possível.
“Não avarento” ou “que ama o dinheiro”. Anteriormente falamos sobre
ganhos desonestos. Aqui trata-se mais especificamente de ganância. Ele deve
se interessar menos pelo dinheiro do que pelo bem-estar espiritual da sua
igreja. Também no aspecto financeiro ele deve liderar a igreja, sendo um bom
exemplo para ela. O bispo não deve ser avarento, não fazendo girar seus
interesses ao redor de finanças.
O fato da Bíblia referir-se duas vezes ao dinheiro demonstra o verdadeiro
perigo que ele representa (v.3).
“4E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com
todo o respeito 5(pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como
cuidará da igreja de Deus?)”.
“Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a
fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (1Tm 3.7).
“22Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça. 23E não somente
por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, 24mas também por
nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós
que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso
Senhor, 25o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e
ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.22-25).
“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens
para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça
sobre todos os homens para a justificação que dá vida” (Rm 5.18). Do
mesmo modo que, através de Adão, todos se tornaram injustos, assim
também Deus nos declara justificados através de Jesus Cristo. Essa foi a
justificação programada por Deus e Jesus a recebeu como missão de vida
para que pudesse ser realizada. Em resumo, podemos mencionar algumas
palavras de Hannelore Lauble sobre esse tema:
“4Pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada
é recusável, 5porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado”
(1Tm 4.4-5).
Essa palavra traz um certo conforto em uma época em que tantas coisas
são questionadas: “...não manuseies isto, não proves aquilo, não toques
aquiloutro” (Cl 2.21). O homem tem a tendência de complicar aquilo que
Deus simplificou. Do mesmo modo, é comum considerar Deus como um
severo proibidor ao invés de ver nEle o Senhor que, em Seu amor por nós,
proporciona graciosamente tudo o que é bom.
Paulo enfrenta as falsas doutrinas demoníacas com a Verdade bíblica,
dizendo que tudo o que Deus criou é fundamentalmente bom e nada é
desprezível. Assim, Deus instituiu o matrimônio e criou todos os alimentos
para proveito das pessoas.
“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei
uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18).
“Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva
verde, tudo vos dou agora” (Gn 9.3; comparar Gn 1.30-31).
“4E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de
espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à
escravidão; 5aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para
que a verdade do evangelho permanecesse entre vós” (Gl 2.4-5).
“De velhas caducas” ...uma definição sarcástica que ocorria com frequência nas
divergências filosóficas e que transmitia a ideia de ingenuidade. Esse adjetivo de
desprezo e de humilhação considera os mitos nem santos, nem sensatos, mas
como imaginações insensatas que servem apenas de assunto para as rodas de
comentários de pessoas mexeriqueiras e senis.(NOTA 6)
“9Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. 10Ora, é para esse fim
que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a
nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens,
especialmente dos fiéis” (1Tm 4.9-10).
Somos exortados a observar com seriedade as verdades bíblicas, pois elas são
absolutamente confiáveis. A carta a Timóteo fala três vezes sobre a
confiabilidade da Palavra de Deus (1.15; 3.1; 4.9).
Podemos sempre nos basear com fé nas promessas de Deus. Podemos
fundamentar nossa vida sobre elas, sem a menor dúvida, e podemos sempre
aceitar a Palavra de Deus com plena certeza. A Palavra de Deus é mais
segura do que todas as teorias, conhecimentos e afirmações do mundo,
independentemente do assunto. A Palavra de Deus supera o entendimento
limitado do homem e abre novos horizontes. Por isso, ela deveria ser nosso
parâmetro e moldar toda a nossa vida.
Essa verdade de Deus é tão certa e confiável que não vale a pena somente
crer nela, viver ou agir por ela, mas empenhar toda a vida, se desgastar e
empenhar todas as suas forças. O sentido do termo no texto original é
“desgastar-se até o esgotamento”, abrangendo a estafa do espírito e do corpo.
A comparação do texto com outras traduções mostra isso claramente: “...se
trabalhamos e lutamos...” ou “...para isto lutamos e trabalhamos...” ou,
ainda “...trabalhamos incansavelmente e sofremos muito...”. Paulo assume a
verdade da Palavra de Deus com tanta seriedade que empenhou toda a sua
vida e energia por ela e se dispôs a absorver qualquer calúnia e qualquer dor.
Ele colocou toda a sua esperança no Deus vivo. Ele sabia para Quem estava
trabalhando: não para matéria morta ou esperanças vagas, mas para o Deus
vivo, que realmente existe e que de fato age.
Esse Deus vivo é o Salvador de todas as pessoas, principalmente para os
crentes em Cristo. Isso significa que, no sentido temporal, o Senhor é o
Salvador de todas as pessoas, pois, na atual Era da Graça, todas as pessoas se
encontram sob essa graça e a obra redentora de Jesus foi consumada para
todos. Ninguém foi excluído ou especialmente escolhido. Durante a Era da
Igreja, Deus não age como Juiz, mas como o Salvador.
No sentido eterno, porém, Deus é o Salvador daqueles que creem nEle,
pois estes já aceitaram a salvação e desde já aproveitam os efeitos dela, como
perdão, certeza de salvação, esperança e vida eterna. Talvez possamos
expressar isso da seguinte maneira: todas as pessoas atualmente têm as
bênçãos do Senhor à sua disposição, porém, os crentes já se beneficiam
dessas bênçãos.
No sentido profético, Deus também é o Salvador especial dos crentes em
Jesus, porque eles (quando terminar a Era da Graça) serão levados desta terra
antes que o Senhor venha para julgar.
A responsabilidade bíblica
Jacó orou: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú...” (Gn 32.11).
“De seis angústias te livrará, e na sétima o mal te não tocará” (Jó
5.19).
Davi orou: “SENHOR, Deus meu,...; salva-me de todos os que me
perseguem e livra-me” (Sl 7.1).
“...para livrar-nos do rei da Assíria!” (Is 20.6).
“...e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!” (Mt
14.30).
“...o Senhor enviou o seu anjo e me livrou...” (At 12.11).
“E foi assim que todos se salvaram em terra” (At 27.44).
“As minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me
aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, - que variadas
perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o
Senhor” (2Tm 3.11).
“O Senhor me livrará também de toda obra maligna...” (2Tm 4.18).
“E a oração da fé salvará o enfermo...” (Tg 5.15).
“...é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos...” (2 Pe
2.9).
“Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a
exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus
progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus”.
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria
casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente”.
Considerada verdadeiramente viúva é aquela que vive só, sem familiares que
se importem por ela (v.4,8) e que não receba assistência de ninguém mais de
fora (v.16). No entanto, elas ainda são ativas do ponto de vista espiritual: elas
colocam sua esperança em Deus, permanecem em oração e súplicas (não
apenas com orações, mas imploram com súplicas).
A verdadeira viúva teve uma vida cristã ativa. “9Não seja inscrita senão
viúva que conte ao menos sessenta anos de idade, tenha sido esposa de um só
marido, 10seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado
filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a
atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra” (1Tm 5.9-10). Uma
viúva deveria ser arrolada na lista apenas se tivesse 60 anos de idade, que era
a idade limite para ingressar na faixa dos idosos, tanto na concepção judaica
como no Império Romano. Paulo assumiu essa regra corrente.
Que “tenha sido esposa de um só marido”. Aqui é feita uma alusão à
fidelidade da mulher. É o mesmo sentido da recomendação para o presbítero,
no capítulo 3.2, que deveria ser marido de uma só mulher. Essa qualificação
ressalta o aspecto moral. Trata-se de uma limitação clara em relação aos
costumes praticados por uma sociedade pagã.
“...seja recomendada pelo testemunho de boas obras...”. Esse testemunho
é descrito em cinco afirmações:
Provavelmente havia o caso de viúvas que foram inscritas nas listagens para
auxílio, mas não estavam dispostas a cooperar na área espiritual das igrejas.
A posição delas era receber, mas não dar. Elas buscavam somente o benefício
próprio e a Bíblia nos adverte contra isso. A Bíblia diz que quem age assim
“mesmo vivo, está morto”, porque possivelmente seja crente, mas não vive
comprometido com a fé. Timóteo deveria denunciar isso publicamente. Por
quê? Para que as verdadeiras viúvas permanecessem irrepreensíveis e não
caíssem na tentação de também agir desse modo ou de pensarem
erradamente. Talvez alguma das verdadeiras viúvas pudesse pensar: “Vejam
só! Aquela recebe o mesmo auxílio como nós, mas não faz absolutamente
nada em retribuição. Nós trabalhamos, oramos e suplicamos e essa recebe
exatamente o mesmo apoio e é ajudada, porém, leva uma vida mansa”.
Não é isso o que às vezes acontece nas igrejas, que irmãos que cooperam
ativamente caem na tentação de pensar ou de até falar algo semelhante?
“Afinal, por que estou aqui me desgastando? São sempre os mesmos que
estão aqui para trabalhar e para puxar a carroça. São sempre os mesmos que
participam das reuniões de oração, que fazem as visitas, que convidam e
estão dispostos a executar as tarefas. Tudo depende sempre das mesmas
pessoas. Os outros se encolhem a uma vida tranquila, até participam de
alguma atividade, porém, quando se trata de usufruir algo, estão na ponta.
Trabalhar, no entanto, não entra em cogitação. Acho que vou fazer a mesma
coisa, afinal, não sou louco e também já perdi a vontade”. Essas palavras
foram escritas para que tais pensamentos e comentários não se criem.
3. Viúvas mais novas (v.11-15)
As viúvas jovens não devem ser incluídas na relação das que recebem
assistência. Para tanto, são mencionados dois argumentos:
Esses versículos dão início a um novo segmento. A vida cristã não deveria
ser exercida apenas na Igreja, mas também fora dela. Esses versículos
explicam que, apenas pelo fato do empregado ser cristão, a sua subordinação
ao seu patrão não foi abolida. Além disso, os empregados de uma empresa
não têm os mesmos direitos do seu patrão quando este também é um irmão
em Cristo. Justamente neste caso, os cristãos deveriam se submeter e se
empenhar ainda mais, servindo de testemunho aos outros colegas e patrões
incrédulos. Suas ações, sua lealdade, seu empenho e obediência são um
reflexo de sua fidelidade a Jesus.
Diante do Plano de Salvação, não há diferenças entre empregados e
patrões, no entanto, no que se refere à ordem, essa diferença existe.
“Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
Nos dias atuais, há empregadores cristãos que enfrentam mais problemas com
empregados cristãos do que com incrédulos. Isso ocorre porque os
empregados não os consideram como sendo seus chefes, mas como irmãos
em Cristo e, por isso, lhes dedicam menos respeito. Pensam ter direitos iguais
do que os dos patrões e julgam que têm voz ativa em tudo. Conheço alguns
proprietários de empresas que, por essa razão, não empregam colaboradores
cristãos e afirmam que é mais fácil lidar com empregados incrédulos (ver
também Ef 6.5-9; Cl 3.22-4.15 e 1Pe 2.18-21).
Lidando com finanças
“3Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de
nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, 4é
enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de
palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas
malignas, 5altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e
privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. 6De fato,
grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. 7Porque nada
temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele.
8Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. 9Ora, os que
querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas
concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na
ruína e perdição. 10Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e
alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram
com muitas dores” (1Tm 6.3-10).
“26Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como
desferindo golpes no ar. 27Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à
escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser
desqualificado” (1Co 9.26-27).
“Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que
fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas” (1Tm 6.12). Devemos
nos apropriar e aplicar aquilo que já temos por sermos pessoas renascidas: a
vida eterna. Timóteo já estava arrolado para a vida eterna e não apenas
chamado. Ele já havia confessado sua fé e já era detentor da vida eterna. Se
fosse possível perder a salvação e se fosse necessário renová-la
constantemente, então essa exortação a Timóteo significaria que ele ainda
não a possuía, no entanto, isso é algo impossível.
O que Paulo tencionava fazer era incentivar Timóteo a aplicar em seu
viver diário essa vida concedida através do Espírito Santo. É possível que
tenhamos alguma coisa em nosso poder sem, no entanto, fazer uso dela como,
por exemplo: aparelhos eletrodomésticos, meios de locomoção, ferramentas,
computador, qualificações. Eu tinha um tio que era engenheiro. Ele tinha um
automóvel que praticamente não utilizava, porque era desajeitado para dirigi-
lo.
A posse da vida eterna deve ser usufruída na fé, devemos experimentar o
que ela proporciona em si, deve ser aproveitada, aplicada, utilizada. Um
cristão pode ter a vida eterna, mas não experimenta no dia-a-dia tudo o que
está envolvido, o que ela proporciona em bênção, bem-estar e transformação.
Por isso, em minha opinião, “tomar posse da vida eterna” deve ser
considerado equivalente a “buscar e pensar nas coisas lá do alto”.
“Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que
sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar
testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”
(Jo 18.37).
“1Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus
servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por
intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, 2o qual atestou a
palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.
3Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras
da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo”
(Ap 1.1-3).
“Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E
SENHOR DOS SENHORES” (Ap 19.16).
“Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes
aproximados pelo sangue de Cristo” (Ef 2.13).
Devemos lembrar novamente que não é proibido ficar rico. O versículo não
diz: “Exorta aos ricos do presente século que não mais sejam ricos...” No
entanto, a Bíblia mostra que a riqueza pode ser perigosa, por isso os ricos são
exortados a observar corretamente as prioridades espirituais. “Honra ao
SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3.9).
Em nossa escala de valores e diante de nossa cultura, somos “ricos”. Sob o
aspecto social, da medicina, seguros, etc., todos estamos bem servidos. Hoje
podemos alcançar coisas que, no passado, eram exclusivas da nobreza. É por
isso que, simultaneamente, corremos o risco de depositar nossa confiança
nessas coisas e não sobre o Deus vivo. Por esta razão, os versículos nos
chamam à plena confiança na Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Vale a
pena confiar plenamente neste Deus descrito nos versículos anteriormente
vistos, e seguir unicamente os Seus preceitos, pois, muitas vezes, é apenas no
leito de morte que se consegue avaliar o real grau de riqueza de uma pessoa.
A era em que vivemos certamente passará, no entanto, quem cumpre com
a vontade de Deus, permanece eternamente. O estado atual está em contraste
com o estado futuro. E como o estado atual desaparecerá, vale a pena viver
com vistas ao futuro, que permanecerá, agindo e vivendo no sentido de
alcançá-lo.
Talvez seja a falta de ação do Espírito Santo entre nós que tenha suprimido
a nossa disposição de compartilhamento? A mentalidade de equipe, a
cooperação mútua? Diz-se que o lema de vida de John Wesley teria sido:
“Faça todo o bem que você puder, com todos os meios que tiver disponíveis,
de todas as maneiras como puder, em todo o tempo possível, a todas as
pessoas que conseguir, e enquanto você puder”.(NOTA 15)
“Que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o
futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida” (1Tm 6.19). Para se
apoderar da vida eterna, veja o comentário referente ao versículo 12, onde
dissemos que devemos nos apoderar e aplicar na prática de tudo o que já
recebemos, na condição de pessoas renascidas, isto é, a vida eterna. “Toma
posse da vida eterna”.
A posse da vida eterna deve ser usufruída na fé, devemos experimentar o
que ela proporciona em si, deve ser aproveitada, aplicada, utilizada. Um
cristão pode ter a vida eterna, mas não experimenta no dia a dia tudo o que
está envolvido, o que ela proporciona em bênção, bem-estar e transformação.
Por isso, em minha opinião, “tomar posse da vida eterna” deve ser
considerado equivalente a “buscar e pensar nas coisas lá do alto” (ver Cl 3.1-
4).
Gostaria de complementar, acrescentando 2Pedro 1.10: “Por isso, irmãos,
procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e
eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum”.
Ao aplicarmos a Palavra de Deus na prática, “procedendo assim”
confirmamos nossa vocação e eleição e, através disso, somos firmados em
segurança. A insegurança ocorre muitas vezes por não sermos praticantes da
Palavra de Deus pela fé.
“Que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o
futuro...” (1Tm 6.19). Observemos as palavras: “acumulem para si mesmos
tesouros”. A ideia sempre envolve a bênção e transformação da nossa própria
vida pessoal. Quem se preocupa de modo egoísta apenas consigo mesmo
pode perder muita coisa, ao passo que aquele que se preocupa com o bem-
estar comum, de acordo com o versículo 18, será favorecido.
Esse “sólido fundamento” para o futuro certamente terá influência no
também futuro julgamento do Senhor: “Porque importa que todos nós
compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5.10). A
expressão do apóstolo Paulo: “acumulem para si mesmos tesouros”, também
pode ser interpretada como o acúmulo de tesouros materiais. Na versão NVI,
diz: “Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos...”, o que
acompanha as palavras de Jesus, em Mateus 6.20: “...mas ajuntai para vós
outros tesouros no céu...”. Paulo escreve sobre esse sólido fundamento, em
1Coríntios 3.10-15:
Um dos critérios mais importantes a observar para uma explanação bíblica é ler e
estudar a Escritura Sagrada em seu contexto. Essa primeira chave – e a mais
importante – é encontrada em 2Pedro 1.20-21: “20sabendo, primeiramente, isto:
que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; 21porque
nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens
santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.
Nenhuma profecia, por si só, já é suficiente para que se compreenda o seu
sentido completo e verdadeiro. Ela não é autoexplicativa, mas deve ser
considerada como parte de um todo maior...(NOTA 17)
A 2ª CARTA A TIMÓTEO
Introdução
Juntamente com a 1ª Carta a Timóteo e a subsequente Carta a Tito, estamos
tratando com as três Cartas Pastorais, escritas pelo apóstolo Paulo. A presente
carta contém o relato mais detalhado de Paulo sobre as situações que estarão
vigentes no mundo diante da aproximação do fim dos tempos (ver 3.1-9; 4.1-
4). Esta carta tem um tom ainda mais pessoal do que as outras duas. Isso é
algo notável já que esta foi a última carta escrita pelo apóstolo enquanto se
encontrava na prisão romana pela segunda vez (ver 1.8; 2.9) e a sua execução
era iminente (ver 4.6). É o chamado “testamento espiritual” que ele envia
“...ao amado filho Timóteo...” (2Tm 1.2). Todos sabem o significado de um
testamento e o valor que é dado ao último desejo de uma pessoa. A carta
permite um olhar no coração do apóstolo, mas também sobre suas
prioridades. É um apelo insistente em prol daquilo que, ao final, realmente
permanece e tem valor.
Como versículo-chave eu destaco a passagem do capítulo 4.7: “Combati o
bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. Esses três assuntos se
estendem por toda a sua vida:
a persistência na luta;
a fidelidade do seguidor de Jesus;
a permanência na fé.
“Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em
ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1.6).
“13Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o
amor que está em Cristo Jesus. 14Guarda o bom depósito, mediante o
Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1.13-14).
“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende,
exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2).
“Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o
trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (2Tm
4.5).
“Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava
lavrando com doze juntas de bois adiante dele; ele estava com a
duodécima. Elias passou por ele e lançou o seu manto sobre ele” (1Rs
19.19).
“13Então, levantou o manto que Elias lhe deixara cair e, voltando-se, pôs-
se à borda do Jordão. 14Tomou o manto que Elias lhe deixara cair, feriu
as águas e disse: Onde está o SENHOR, Deus de Elias? Quando feriu ele as
águas, elas se dividiram para um e outro lado, e Eliseu passou” (2Rs
2.13-14).
A história da vida de Paulo e dos demais apóstolos nos ensina que não
existe um evangelho da prosperidade e que o sofrimento pode atingir a
qualquer pessoa, por mais piedosa que ela seja. Nem sempre o sofrimento se
afasta novamente. A Bíblia ensina que a dor nem sempre pode ser
relacionada com um relacionamento interrompido com Deus ou com a falta
de fé e confiança. A história de Paulo também nos ensina que, do ponto de
vista humano, não conseguimos entender, imaginar ou classificar muitas
ações de Deus. Ela também nos ensina que nem temos necessidade disso e
que – independentemente da situação – simplesmente devemos continuar
confiando que o Senhor está conosco, mesmo que não sintamos a Sua
presença. Paulo não foi resgatado daquela situação, nem houve qualquer
alívio para ele. Ele teria todos os motivos para duvidar e perguntar,
desesperado: “Senhor, onde estás?” Ao invés disso, ele afirmou, cheio de fé:
“17Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu
intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a
ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18O Senhor me livrará também
de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele,
glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (2Tm 4.17-18).
(Hermann Engelhardt)
2TIMÓTEO 1
É bem possível que Timóteo estivesse passando por uma crise em que estava
desanimado e até ameaçava desistir de tudo. Ele era vulnerável a ataques
intensos. Timóteo era relativamente jovem, porém, suas tarefas eram
enormes. Ele tinha um trabalho pioneiro a realizar, precisava difundir uma
nova doutrina em uma cultura diferente, além do que o seu relacionamento
com Paulo não necessariamente lhe proporcionava alguma vantagem. Por
natureza, provavelmente Timóteo era uma pessoa sensível, um pouco
temerosa e com problemas estomacais. Ele não tinha condições de
acompanhar diretamente o caráter e a energia de Paulo. Subitamente Timóteo
cansou, diminuindo o entusiasmo e a dedicação. A chama estava quase
extinta, quando Paulo o convocou para reativá-la e para que novamente
utilizasse os dons que ele havia recebido.
Todos nós estamos sujeitos às mesmas lutas e perigo de desistir, reduzir o
ritmo, de cansar e resignar. De repente desaparece o fervor pela Causa do
Senhor. As lutas são gigantescas, as decepções são enormes e os esforços
parecem não ter efeito algum. Passa-se a fazer somente o imprescindível,
ainda se acompanha as atividades e cumpre com o mínimo suas
responsabilidades, mas a chama está se apagando e os dons quase não são
mais utilizados.
Um ditado alemão diz: “Onde estão os seus dons, ali também estão os seus
compromissos”. Qual foi, então, a estratégia empregada por Paulo para
incentivar Timóteo? Ele fala da sua gratidão a Deus pela vida de Timóteo:
“Dou graças a Deus, ...porque, ...me lembro de ti...” (2Tm 1.3). Paulo não se
queixa, nem se lamenta e não faz um apelo dramático, pois havia muitos
perigos para Timóteo e, por isso, Paulo agradece a Deus pela vida dele. Ao
lado de todas as intercessões não deveriam faltar as orações de gratidão.
Paulo estava confinado a uma cela da prisão romana, com pena de morte
decretada, mas, apesar disso, seu coração estava repleto de gratidão.
Paulo encoraja utilizando a lembrança de sua própria constância e
persistência, já antes do seu encontro com Jesus. “...a quem, desde os meus
antepassados, sirvo com consciência pura...” (v.3). Paulo servia a Deus de
acordo com suas convicções, a exemplo de seus antepassados. O que ele
fazia, fazia por ignorância, mas com sinceridade e com consciência limpa.
Deus, em Sua grandeza, não o desprezou por isso. Apesar de todo o mal que
Paulo praticou e, por isso, necessitava de perdão, Deus observou a chama da
motivação que havia por trás de tudo. Na 1ª Carta a Timóteo, Paulo escreveu:
“13a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas
obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade.
14Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em
Cristo Jesus” (1Tm 1.13-14).
Paulo lutou contra o Nome de Jesus, perseguiu cristãos, apoiava as
execuções deles e os induzia a blasfemar através de torturas (ver At 26.9-11).
Mesmo assim, Deus ainda identificava nele uma fagulha de sinceridade e os
motivos que o moviam. Isso não transforma o mal em bem, pois o mal
precisa ser condenado, assim como o bem não é transformado em mal, e
ainda é considerado justo.
Para nós é um incentivo colossal saber que Deus vê os movimentos e as
motivações mais profundas em nosso coração, as identifica e as julga. Por
isso sempre vale a pena seguir e servir ao Senhor!
Paulo encoraja a Timóteo com a alusão a suas orações por ele: “...porque,
sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia” (2Tm 1.3).
Timóteo deveria ficar sabendo de que havia alguém orando constantemente
por ele. É algo muito fortalecedor saber que há alguém orando por nós.
Vemos, inclusive, como de fato é importante orar pelos outros. Quando
vemos que Paulo orava “sem cessar... noite e dia” por Timóteo, podemos
observar que não oramos o suficiente pelo nosso próximo e que deveríamos
levar isso sempre em conta. Orar sem cessar, noite e dia, não significa que
Paulo orava ininterruptamente por Timóteo, mas aponta para a regularidade
de suas orações por ele. Paulo não aproveitava os dias e as noites na prisão
para lamúrias, mas para orar. Sabemos que o apóstolo tinha uma imensa lista
de orações.
“Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu
transborde de alegria” (v.4). Paulo estava com saudades de um reencontro
com Timóteo. Certamente a menção das lágrimas refere-se provavelmente à
despedida por ocasião do último encontro que tiveram. Paulo lembra a
Timóteo sobre a amizade e o afeto que os ligava. No relato sobre a despedida
de Paulo dos cristãos de Éfeso, lemos: 36Tendo dito estas coisas, ajoelhando-
se, orou com todos eles. 37Então, houve grande pranto entre todos, e,
abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam” (At 20.36-37).
“Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento...” (2Tm 1.5). Se o
apóstolo fala em fé “sem fingimento”, significa que existe a fé fingida, que
afirma crer em algo, mas que, de fato, não crê. A fé de Timóteo não possuía
máscara, era pura, sem matizes, sincera e já apresentava provas. No entanto,
essa fé havia sido influenciada: “...a mesma que, primeiramente, habitou em
tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti”
(v.5). A mãe de Timóteo era crente em Jesus e a mãe desta (a vó de Timóteo),
por sua vez, também era crente em Jesus. Vemos assim do que as mães são
capazes, mesmo que estejam sozinhas na vida de fé. “Chegou também a
Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma
judia crente, mas de pai grego” (At 16.1). Provavelmente o pai era incrédulo
e, ao contrário do que ocorre com as mulheres, seu nome não é mencionado
na carta a Timóteo. Isso nos transmite uma mensagem de exortação: quem
não é convertido, “não tem nome”.
Vemos a importância de uma educação e instrução cristã, que é orientada
pela Palavra de Deus e vivida com sinceridade e sem falsa aparência. A mãe
e a vó de Timóteo o ensinaram a gostar da Palavra de Deus e elas não usaram
máscaras de piedade em sua vida. Também elas viveram essa fé não fingida,
a qual foi transmitida a Timóteo: “e que, desde a infância, sabes as sagradas
letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”
(2Tm 3.15). A antiga palavra grega, traduzida por “infância”, é brephos. Ela
corresponde ao termo “embrião” e que, na Alemanha, também é empregada
para indicar uma “criança não nascida” (feto) e também para bebê ou
“lactente”. Esta palavra é utilizada para descrever a criança que estremeceu
no ventre de Isabel (ver Lc 1.41).
Será possível começar cedo demais em instruir e abençoar as crianças com
a fé em Jesus Cristo? Timóteo recebeu o contato com o Evangelho
praticamente junto com o leite materno, provavelmente ouvindo a mãe
cantando salmos – em voz baixinha – enquanto o amamentava. Desse modo,
foi estabelecida a base para que, posteriormente, ele pudesse aceitar com fé a
mensagem da salvação. “Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o
dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1.6).
Paulo apresentou diversos motivos para que Timóteo não desistisse da sua
carreira na fé, como: sua gratidão pela vida de Timóteo, o exemplo de
firmeza do apóstolo, o olhar de Deus para os aspectos profundos do seu
coração, as orações regulares por Timóteo, a saudade do reencontro e a
menção da fé sem fingimento que ele herdou de sua vó e de sua mãe.
A chama deveria ser novamente reavivada e mantida acesa. Não havia
razão para deixar que ela apagasse ou que sua vida ficasse semelhante a uma
“chama-piloto espiritual”. Certamente isso é possível acontecer e deveríamos
ficar em alerta a respeito. Observamos como podemos gradativamente descer
de nível. Paulo havia exortado a Timóteo:
“Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi
concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério”
(1Tm 4.14).
“Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em
ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1.6).
“1Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. 2E o
que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm
2.1-2).
“8Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
9Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas
fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 10Pelo que sinto
prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições,
nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que
sou forte” (2Co 12.8-10).
Trata-se de uma mensagem forte para pessoas fracas. Muitas vezes Deus
não consegue utilizar o serviço de “cristãos fortes” porque estes se esquecem
de viver pela graça. “Cristãos fortes”, na verdade, não são uma bênção
porque tomam sua própria força como padrão e, assim, não têm compaixão
pelos outros. O que sabem fazer é exigir e não cooperar.
Nunca devemos esquecer que fomos salvos pela graça e não fizemos nada
para alcançá-la (ver Ef 2.8-9). Assim, devemos guiar diariamente nossa vida
a partir dessa graça. “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim
andai nele” (Cl 2.6). Em que situação estávamos quando O aceitamos? Foi
quando nos encontrávamos no ponto mais baixo da nossa vida, fracassados,
sem saber como continuar. Essa também é a base para seguir a Jesus. Nossas
fraquezas, nossas deficiências e limitações não devem nos fazer entrar em
desespero. Não precisamos nos tornar heróis e pensar que devemos trabalhar
para Jesus com nossas próprias forças. Podemos, sim, confiar plenamente no
poder de Deus e na Sua graça. Deus somente conseguirá ser nossa força total
quando não confiarmos em ninguém mais além dEle.
2. Pensar no futuro
“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2).
O termo “filho” indica que uma pessoa foi gerada, nasceu e é (ou foi) criada
por outra pessoa. Timóteo se tornou um filho de Deus através da confissão de
outros cristãos, ou de Paulo (ver 1Co 4.17; 1Tm 1.2,18; 2Tm 1.2), e teve no
apóstolo o seu pai espiritual que o educou e o encaminhou na doutrina cristã.
Agora era a vez de Timóteo, mesmo sendo ainda jovem (ver 1Tm 4.12),
incentivar os outros a encaminhar pessoas na vida cristã. “E o que de minha
parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens
fiéis e também idôneos para instruir a outros”.
A tradução literal desse versículo, a partir da Bíblia Boas Novas (alemã) é:
“Aquilo que eu lhe entreguei diante de muitas testemunhas, como sendo a
doutrina de nossa fé, isso transmite do mesmo modo a pessoas confiáveis que
estejam aptas a transmiti-lo a outros”. Isso quer nos ensinar que devemos
passar o bastão do ensino do Evangelho em tempo hábil para outros.
Reconhecemos que não conseguimos começar suficientemente cedo em
engajar outros nessa tarefa, para que a qualquer tempo haja a possibilidade de
promover a obra de Cristo.
No reino de Deus não pode haver espaço para o egoísmo. Os cristãos não
devem permanecer amarrados a uma determinada pessoa. Uma igreja ou
missão nunca deve ser direcionada a uma pessoa. Isso seria uma das
características de sectarismo. Nunca devemos agir de modo a imaginar que
haveria algum prejuízo sem nossa participação, e precisamos aprender a abrir
mão de tarefas o mais cedo possível. São muitos os bons trabalhos que
lamentavelmente desapareceram, tanto no mundo comercial como nos
círculos cristãos, por que não houve o envolvimento em tempo hábil de
outros, preparando-os para compartilhar as responsabilidades. É verdade, no
entanto, que é preciso tomar cuidado para não escolher quaisquer pessoas,
mas aquelas que se mostrarem dignas e capazes: “...isso mesmo transmite a
homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (v.2).
Além disso, vemos como o Espírito Santo continua dirigindo tudo, desde
os tempos apostólicos, através de homens cheios do Espírito e firmemente
arraigados na Palavra de Deus. A convocação de presbíteros, de
cooperadores, de missionários ou diáconos não ocorre mais pelo chamado
direto do Espírito Santo, como lemos em Atos 13.2-4, mas através de outras
pessoas que são direcionadas espiritualmente. Na prática, por exemplo,
ocorre que presbíteros convoquem outros presbíteros ou que distribuam as
responsabilidades inerentes às atividades das igrejas ou que os líderes de uma
missão distribuam as tarefas e nomeiem cooperadores.
Temos uma referência adicional nessa passagem de que a pregação do
Evangelho não encerrou com a Era dos Apóstolos ou com os cristãos da
Igreja Primitiva, mas deve ser passada de uma geração da Igreja à geração
seguinte. A Igreja deve continuar proclamando o Evangelho até à Volta do
Senhor Jesus.
Soldado
Suportando adversidades;
Executando as tarefas da guerra;
Não nos envolvendo com outras coisas;
Mantendo o olhar sobre Quem e para Quem fomos convocados;
Confiando que Ele providencia tudo para nós.
Atleta
A Antiga Aliança foi substituída pela Nova Aliança. Agora não é mais a
circuncisão (Lei) que vale, mas somente a nova criatura, a Lei de Cristo.
Viver de acordo com as regras da Sua Lei, proporciona paz e compaixão e
somente ela trará paz no futuro para Israel.
3. Ir ao encontro de Jesus com nova orientação e determinação.
“13Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa
faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as
que diante de mim estão, 14prossigo para o alvo, para o prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. ...16Todavia, andemos de
acordo com o que já alcançamos” (Fp 3.13-14,16).
Lavrador
“O lavrador que trabalha...”. “Que trabalha” vem de um verbo grego que significa
“trabalhar até o ponto de exaustão”. Os antigos lavradores trabalhavam
arduamente por longas horas sob todos os tipos de condição climática, com a
esperança de que o seu esforço físico fosse recompensado com uma boa
colheita. Paulo está insistindo para que Timóteo não seja preguiçoso nem
indolente, mas trabalhe com energia tendo em vista a colheita.
Benefício
“...deve ser o primeiro a participar dos frutos da colheita” (v.6 – NVI).
Quem trabalha arduamente também poderá usufruir, terá direito à produção
dos frutos.
“O que trata da figueira comerá do seu fruto; e o que cuida do seu senhor
será honrado” (Pv 27.18).
Refletir
“Reflita no que estou dizendo, pois o Senhor lhe dará entendimento em tudo”
(v.7). Não é suficiente apenas ler a Palavra de Deus. Somos exortados a
meditar seriamente nela, nos ocupar ativamente com ela e utilizar nosso
entendimento. Jesus certa vez perguntou aos Seus discípulos: “Também vós
não entendeis ainda?” Observemos a ordem: primeiramente somos
incentivados a nos ocuparmos com a Palavra, em seguida o Senhor concede o
entendimento. Deus Se liga ao nosso esforço: Ele concede a quem Lhe pede,
Ele é encontrado por aquele que O procura, Ele abre para aquele que bate e
Ele concede entendimento a quem estuda a Palavra de Deus.
Podemos observar essa verdade em especial na vida de Daniel. Daniel
estava empenhado com toda a sua vida em descobrir e obedecer à vontade de
Deus e o Senhor lhe deu o respectivo entendimento, o conhecimento e a
revelação de suas verdades atemporais.
“Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em
toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões
e sonhos” (Dn 1.17).
“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o
número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam
de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9.2).
“No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar,
porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão” (Dn
9.23).
“No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a
Daniel, cujo nome é Beltessazar; a palavra era verdadeira e envolvia
grande conflito; ele entendeu a palavra e teve a inteligência da visão”
(Dn 10.1).
“1Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando
também a Tito. 2Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o
evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que
pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter
corrido em vão. ... 6E, quanto àqueles que pareciam ser de maior
influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita
a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa
nada me acrescentaram; 7antes, pelo contrário, quando viram que o
evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da
circuncisão 8(pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o
apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com
os gentios) 9e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas
e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé,
a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles,
para a circuncisão” (Gl 2.1-2,6-9).
Tiago escreveu sua Carta aos judeus (ver Tg 1.1). Cefas igualmente
escreveu as duas Cartas de Pedro aos judeus (ver 1Pe 1.1; 2Pe 3.1). Judas
escreveu com base em Pedro.(NOTA 19) João foi o autor do Evangelho de João,
das três Cartas de João e do livro do Apocalipse, sendo também judaicas. A
Carta aos Hebreus, como o próprio nome já diz, é judaica.
Paulo escreveu aos gentios das nações. Esse é o motivo da diferença entre
as suas cartas com as demais. Por exemplo: “Vejam que uma pessoa é
justificada por obras e não apenas pela fé” (Tg 2.24 – NVI). “Concluímos,
pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”
(Rm 3.28). Tiago afirma “não apenas pela fé”. Paulo afirma justamente o
contrário: “justificado pela fé”. Essa contradição pode ser explicada somente
pelo fato de que uma carta é dirigida aos judeus e a outra, aos gentios. Os
judeus tinham a Lei e o manuseio da Lei era a expressão de sua fé. Os gentios
não tinham Lei, por isso podiam “somente” crer, ter fé. O Evangelho de
Paulo não contraria os Evangelhos dos outros apóstolos, mas os complementa
no que diz respeito aos gentios. Ao observarmos as incumbências dos judeus,
considerando as cartas de Pedro, Tiago e João, bem como a de Judas e a carta
aos Hebreus e, do mesmo modo, observarmos as incumbências dos gentios
nas cartas de Paulo, conseguimos compreender, diferenciar e estabelecer um
relacionamento entre elas. Verificamos que as supostas contradições nem
existem, mas que algumas cartas devem ser analisadas sob a ótica dos judeus
e outras sob a ótica dos gentios.
Tolerar
“Pelo qual sofro e até estou preso como criminoso; contudo a palavra de
Deus não está presa” (2Tm 2.9 – NVI). A prisão de Paulo e a consequente
limitação de suas atividades no cativeiro não foram suficientes para impedir o
avanço da Palavra de Deus. Nós estamos sujeitos a limitações e esbarramos
nos limites interpostos, porém o Evangelho opera sem qualquer barreira.
É muito consolador saber que não há divisas determinadas para o
Evangelho. Em muitos países os cristãos sofrem perseguições. Pessoas que se
convertem podem ser desprezadas no ambiente familiar e sofrer zombarias no
mundo. É possível que alguém seja rejeitado por isso durante anos ou
décadas. É possível que se enfrente pontos baixos, se derrame lágrimas, passe
por sofrimentos, não consiga sentir ou ver nada mais, porém, o Evangelho
continua a agir e a cumprir com a missão para a qual foi concebido.
Ainda hoje a verdade sobre Jesus alcança pessoas de todas as camadas e
culturas e vence os mais ferrenhos opositores. Não deveríamos permitir que
nossa fé no poder do Evangelho seja abalada por transtornos e sofrimentos.
O verbo “tolerar” contém ainda a ideia de “paciência”. Podemos continuar,
com paciência, a semear, orar, ter esperança e aguardar, pois o resultado
certamente virá. O próprio Paulo é um exemplo nesse sentido, quando o
vemos expondo seus pensamentos.
Suportar
“Por isso, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles
alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna” (2Tm 2.10
– NVI). Paulo suportou todos os sofrimentos com firmeza porque sabia que
haveria pessoas que invocariam o Nome de Jesus e, assim, seriam
acrescentadas aos eleitos da Igreja. Esses versículos deixam claro que nunca é
em vão quando um cristão sofre por causa do Evangelho.
O verbo “suportar” tem, em si, a ideia de eleição em Cristo Jesus. Somente
através dEle é possível ser escolhido para pertencer à Igreja de Jesus e o
Reino de Deus. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu
não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos” (At 4.12). Toda pessoa que invoca o Nome do Senhor Jesus
é predestinada para a salvação eterna (ver Ef 1.3-6). D. L. Moody teria
expresso isso de modo bastante simples: “Os eleitos são aqueles que querem;
os não eleitos são aqueles que não querem”.
Morrer
“11Esta palavra é digna de confiança: Se morremos com ele, com ele também
viveremos; 12se perseveramos, com ele também reinaremos. Se o negamos,
ele também nos negará; 13se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode
negar-se a si mesmo” (2Tm 2.11-13 – NVI). A expressão “esta palavra é
digna de confiança” é semelhante à expressão que Jesus usou diversas vezes:
“Em verdade vos digo...”. Trata-se de um alerta quanto à seriedade da
respectiva afirmação: “É exatamente isso”, ou “não há como desviar disso”.
a. “Se morremos com ele, com ele também viveremos...”. Todo aquele
que morreu com Jesus e, pela fé, com Ele foi crucificado, morreu, foi
sepultado e ressuscitou para uma vida renovada, esse viverá
eternamente. Somente poderemos viver espiritualmente se antes
tivermos morrido com Ele.
b. “...se perseveramos, com ele também reinaremos”. Esse “morrer com
Ele” deve ser comprovado diariamente. Aquele que está disposto a
seguir plenamente no caminho de Jesus, que toma sobre si e se ajusta
ao destino determinado por Ele, quem persevera em sua situação de
vida, profissão, determinação, missão ou em seu sofrimento, esse
receberá a recompensa correspondente. Quem não paga o mal com
mal, quem não revida quando é agredido, quem ama os seus inimigos,
quem abençoa aqueles que o amaldiçoam, esse também reinará com
Ele. Jesus é o nosso maior exemplo nesse sentido.
Para tanto, temos um exemplo impressionante no Antigo Testamento.
Quando Arão e seus filhos foram consagrados ao sacerdócio, Moisés
foi solicitado a trazer uma oferta de consagração. Foi imolado um
carneiro e o seu sangue foi posto sobre a ponta da orelha direita,
sobre o polegar direito e sobre o dedo polegar do seu pé direito (ver
Êx 29.20). Era um símbolo de que os sacerdotes eram totalmente
cobertos pelo sangue, que haviam morrido juntamente e estavam sob
o sangue do sacrifício. Somente depois disso eles poderiam ser
consagrados para servirem como sacerdotes (ver Lv 8.22-24).
Somente se estivermos totalmente de baixo do sangue de Jesus, se
morrermos com Ele e o comprovarmos em nossa vida diária,
poderemos realmente ter uma vida frutífera. Quem não morreu com
Cristo não se converteu e, assim, negará a Jesus. Quem de fato se
converte se entrega à morte com Jesus e passa a professar o
Evangelho. Assim, ele também viverá com Cristo.
c. “Se o negamos, ele também nos negará”. Esse “negar” não se refere
a um eventual momento de fraqueza no testemunho, mas à negação
fundamental do Evangelho como mensagem de salvação. Quem
negar isso, também receberá a negação do Senhor e Salvador, por não
ter aceitado a mensagem do Evangelho. A esses o Senhor dirá: “Em
verdade vos digo que não vos conheço”, pois eles anteriormente não
“morreram com Ele”. Isso esclarece a diferença para a infidelidade
mencionada no versículo seguinte: “...se somos infiéis, ele permanece
fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”. “Negar” e “ser infiel” não
seriam a mesma coisa? O texto esclarece que há uma diferença. Uma
pessoa convertida pode até ser infiel, fraca na fé, fraca em oração,
fraca no estudo da Palavra e também ser infiel em testemunhar da sua
fé, no entanto, ela não negará o Evangelho como a mensagem da
salvação e, assim, permanecerá salva, pois o Senhor não pode negar-
Se a Si mesmo. Essa é uma maravilhosa confirmação da certeza da
salvação.
Ninguém que negar a Jesus será salvo por Deus, mas, por outro lado,
Deus não consentirá que algum crente, mesmo infiel, se perca.
Vemos um exemplo clássico para isso em Pedro. Ele negou o Senhor
em certa situação, sendo infiel nesse momento, mas isso não
significou que ele de fato não cria em Jesus. Por isso Jesus, em Sua
fidelidade, não permitiu que Pedro caísse.
Testemunhar
“Continue a lembrar essas coisas a todos, advertindo-os solenemente diante
de Deus, para que não se envolvam em discussões acerca de palavras; isso
não tem proveito, e serve apenas para perverter os ouvintes” (2Tm 2.14 –
NVI). Hoje, muitas vezes se briga seriamente, ao invés de testemunhar
seriamente, que não se deve brigar. Em todas as épocas existem pessoas
piedosas esquisitas, cuja existência gira toda ao redor de uma frase mal
interpretada da Bíblia. Existem pessoas jovens que não assumiram um
ministério de tempo integral para o Reino de Deus porque, com frequência,
assistiram discussões entre missionários ou líderes de igrejas. Outros nem
tomaram uma decisão por Jesus porque, em casa, ouviam o quanto seus pais
eram tratados “injustamente” pelos presbíteros da igreja e sobre o que estes
faziam erradamente.
Devemos nos manter restritos aos princípios básicos mais importantes que
Paulo descreveu nos versículos anteriormente descritos e não ficar mantendo
discussões sobre palavras inúteis. Devemos nos ocupar com coisas que
promovam avanços e não nos manter ocupado com aquilo que nos impede de
prosseguir. Alguém disse certa vez: “É muito fácil se tornar um teólogo
carrancudo...”. As pessoas estão esperando pelo Evangelho claro e há filhos
de Deus brigando por causa de miudezas teológicas que não são necessárias
para a salvação. Isso lhes toma tanto tempo que não conseguem espaço para
proclamar ou ensinar o Evangelho.
Será que muitos dos “próximos” ao nosso redor não estão igualmente
inseguros e desorientados porque ouvem nossas brigas sobre assuntos sem
importância? Seria isso um motivo pra nossa estagnação espiritual?
Obreiro
“15Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. 16Evita,
igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam
passarão a impiedade ainda maior. 17Além disso, a linguagem deles corrói
como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. 18Estes se
desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e
estão pervertendo a fé a alguns” (2Tm 2.15-18).
“Para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram ditas
pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador,
ensinado pelos vossos apóstolos” (2Pe 3.2).
“O qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos
homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas,
no Espírito” (Ef 3.5).
A Teologia da Substituição;
Legalismo não espiritual (carnal);
Liberalidade e superficialidade;
Rituais eclesiásticos, cerimônias, liturgias e doutrinas incompatíveis
com o Novo Testamento;
Ênfase exagerada e irrealista a dons espirituais;
O Evangelho da Prosperidade;
Doutrinas falsas, acréscimos e sectarização, que não correspondem ao
conjunto de ensinamentos da Escritura;
Pessoas ficam dependentes dos líderes das igrejas e de suas
estruturas;
Mescla da Antiga com a Nova Aliança.
Vaso
“19Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece inabalável e selado
com esta inscrição: ‘O Senhor conhece quem lhe pertence’ e ‘ afaste-se da
iniquidade todo aquele que confessa o nome do Senhor’. 20Numa grande
casa há vasos não apenas de ouro e prata; mas também de madeira e
barro; alguns para fins honrosos, outros para fins desonrosos. 21Se
alguém se purificar dessas coisas, será vaso para honra, santificado, útil
para o Senhor e preparado para toda boa obra. 22Fuja dos desejos
malignos da juventude e siga a justiça, a fé, o amor e a paz com aqueles
que, de coração puro, invocam o Senhor” (2Tm 2.19-22 – NVI).
Vasos existem para serem usados, enchidos. O importante é cuidar com o que
eles são enchidos – com coisas que honram a Deus e que são úteis para o
ministério e para a Igreja, ou com coisas para a desonra. As virgens sábias
levaram óleo em seus vasos (ver Mt 25.4). A Bíblia nos exorta: “E não vos
embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”
(Ef 5.18). O critério que Deus usou para nomear Josué como sucessor de
Moisés, foi: “Chame Josué, filho de Num, homem em quem está o Espírito, e
imponha as mãos sobre ele” (Nm 27.18 – NVI). O Critério para a escolha de
diáconos foi o mesmo: “Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa
reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos
deste serviço” (At 6.3). No contexto geral, a intenção do apóstolo é que nos
mantenhamos afastados de qualquer tipo de iniquidade: “Entretanto, o firme
fundamento de Deus permanece inabalável e selado com esta inscrição: ‘O
Senhor conhece quem lhe pertence’ e ‘ afaste-se da iniquidade todo aquele
que confessa o nome do Senhor’”. (2Tm 2.19 – NVI). Essa afirmação
provavelmente está baseada na exortação de Moisés ao grupo da Torá: “E
disse à congregação: Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes homens
perversos e não toqueis nada do que é seu, para que não sejais arrebatados
em todos os seus pecados” (Nm 16.26). Não é possível servir a dois senhores.
Não se consegue conciliar um modo de vida de injustiças com a justiça de
Jesus. Para tanto, é necessário ser repleto do Espírito Santo e permitir que Ele
governe nossa vida. Isso também requer que, pessoalmente, nos afastemos
em santidade de todo o pecado e mantenhamos uma distinção clara entre
Espírito e carne. “Fuja dos desejos malignos da juventude e siga a justiça”
(2Tm 2.22a – NVI).
Tanto na Igreja como na vida pessoal, existem vasos para a honra e para a
desonra. Alguns são formados de ouro e prata (celestiais). São vasos limpos
que permitem ser usados no serviço do Senhor e ser repletos com o Espírito
Santo. E, por outro lado, existem vasos para a desonra, feitos de madeira e
barro (terrenos). “Numa grande casa há vasos não apenas de ouro e prata;
mas também de madeira e barro; alguns para fins honrosos, outros para fins
desonrosos” (v.20 – NVI). Temos uma passagem paralela interessante neste
aspecto: “11Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi
posto, o qual é Jesus Cristo. 12Contudo, se o que alguém edifica sobre o
fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha” (1Co
3.11-12). Somos chamados a nos mantermos afastados de tudo o que tiver
motivação terrena ou carnal, tanto na Igreja como também na vida pessoal –
somente desse modo conseguiremos ser vasos úteis. “Se alguém se purificar
dessas coisas, será vaso para honra, santificado, útil para o Senhor e
preparado para toda boa obra” (2Tm 2.21 – NVI). Para tanto, é necessário
manter uma iniciativa e disposição prática para a superação. “Fuja dos
desejos malignos da juventude e siga a justiça, a fé, o amor e a paz com
aqueles que, de coração puro, invocam o Senhor” (2Tm 2.22 – NVI).
Honra Desonra
Fuga Acompanhar a tendência carnal
Justiça Injustiça
Fé Incredulidade, dúvida, desconfiança
Amor Desamor
Paz Discórdia, brigas, guerra
Oração, Isolamento de comunhão espiritual, isolamento e
comunhão de abstenção de oração, ausência de oração
oração
É de grande valor que Paulo não determina: “Desse jeito você não serve
para nada. Acabou! Escolho outra pessoa”, mas aconselha: “Fuja, permita
que seja renovado, torne-se útil...”. Mesmo que até aqui a coisa não fluiu
bem, Deus nos concede a possibilidade de um novo começo.
Servo / escravo
“23Evite as controvérsias tolas e fúteis, pois você sabe que acabam em
brigas. 24Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável
para com todos, apto para ensinar, paciente. 25Deve corrigir com
mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o
arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade, 26para que
assim voltem à sobriedade e escapem da armadilha do diabo, que os
aprisionou para fazerem a sua vontade” (2Tm 2.23-26 – NVI).
“Fique longe das discussões tolas e sem valor, pois você sabe que elas
sempre acabam em brigas” (NTLH).
Todos me dizem que os tempos ficarão piores. Eu, porém, digo que não. Melhor
seria dizer: os tempos continuam como sempre foram, mas as pessoas se tornam
piores.(NOTA 21)
Quando sou solicitado a definir e resumir a principal tendência do Século 20, seria
incapaz de encontrar algo mais exato e marcante do que repetir: “As pessoas se
esqueceram de Deus”.(NOTA 22)
Avarentos
Aqui também podemos falar em “amor ao dinheiro” (v.2). Pessoas inclinadas
principalmente ao que é material e não mais ao espiritual. Podemos incluir o
atual sistema bancário, as bolsas de valores e a sonegação de impostos. De
acordo com 1Timóteo 6.10, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males que
podemos praticar. Através deles nos afastamos da fé e causamos muitas dores
a nós mesmos. “3Pois o perverso se gloria da cobiça de sua alma, o avarento
maldiz o SENHOR e blasfema contra ele. 4O perverso, na sua soberba, não
investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações” (Sl 10.3-4).
Presunçosos
Essa expressão significa: pretencioso, convencido, exagerado ou “boca
grande”.
Arrogantes
Esse termo inclui o orgulho. As pessoas colocam-se acima de todos os limites
morais, éticos e de sociabilidade, chegando a se tornar anarquistas.
Blasfemos (caluniadores)
São os que se exaltam ao mesmo tempo em que rebaixam os outros. Somente
os próprios argumentos são válidos, os outros são desconsiderados. Suas
calúnias se dirigem contra Deus, mas também contra as pessoas. A Bíblia, em
vários momentos, nos chama a dar atenção aos governantes, orar por eles e
submeter-se a eles. No entanto, o que acontece é justamente o contrário, nos
shows de comédias, os políticos são alvo de piadas, são ridicularizados e
caluniados.
Desobedientes aos pais
Isso inclui negar obediência. A família – a menor célula da sociedade – é
atacada. Os valores que regem a convivência no lar e na sociedade são
abandonados ou denegridos. Mostram desrespeito a Deus, à família e ao
próximo. A passagem de Provérbios 30.11-14 diz, acertadamente:
“11Há daqueles que amaldiçoam a seu pai e que não bendizem a sua mãe.
12Há daqueles que são puros aos próprios olhos e que jamais foram
lavados da sua imundícia. 13Há daqueles – quão altivos são os seus olhos
e levantadas as suas pálpebras! 14Há daqueles cujos dentes são espadas, e
cujos queixais são facas, para consumirem na terra os aflitos e os
necessitados entre os homens”.
Paulo retorna ao presente depois de ter feito suas predições sobre o futuro,
porque o caráter do fim dos tempos reflete em todas as épocas. De certo
modo, os mesmos métodos de sedução se repetem através de todas as eras. A
Igreja recebe as linhas básicas para o reconhecimento dessa modalidade.
1. Como eles procedem (ver v.6)
Trata-se daqueles que possuem as características negativas que foram
descritas anteriormente. Estão carregados de pecados e impulsionados pelos
prazeres. Eles se apresentam como piedosos e se infiltram sorrateiramente.
Seu alvo é alcançar as mulheres instáveis. Nesse modo de proceder nota-se
que eles se comportam iguais a Satanás, o que não é de causar estranheza já
que são dominados por ele (ver 2.26).
Obviamente temos o paralelo para isso: Satanás é o autor de todas essas
características mencionadas. Ele mesmo caiu em pecado. Ele se apresenta
como o “anjo da luz”. Ele se infiltrou em forma de serpente no Paraíso em
busca do seu alvo: Eva, a mulher de Adão. Foi assim que ele se aproximou da
primeira pessoa e assim ele segue através da História da Humanidade até o
seu final.
Certamente aqui não se trata das mulheres em si, mas refere-se muito mais
ao que elas representam. A mulher representa a alma do lar, a família, a
educação, a união e a influência. O destruidor, as seitas, ideologias nocivas,
movimentos e concepções mundanas e satânicas procuram invadir os lares, as
famílias, tentando introduzir seus planos anticristãos. Pretendem influenciar
as famílias, desestabilizando-as. Naturalmente o fazem utilizando argumentos
aceitáveis, seja através de seitas, de esoterismo, anarquismo, feminismo, entre
outros. Onde houver a possibilidade de convencer uma mulher (mãe)
ingênua, logo a família inteira a acompanhará. Quem exercia a maior
influência sobre Adão era Eva, mesmo que a responsabilidade final fosse
dele. Quando uma mulher é estável, toda a sua casa permanecerá estável;
onde ela for instável e facilmente influenciável, a casa toda ficará afetada.
Em contrapartida a essas “mulheres instáveis”, no capítulo 1, versículo 5,
são mencionadas a vó e a mãe de Timóteo. Apesar de que, provavelmente, o
pai de Timóteo tenha sido incrédulo (ver At 16.1), a sua mãe teve maior
influência sobre o filho.
2. O que eles geram (ver v.7)
Esses falsos mestres procuram difundir suas ideias próprias nos lares, quer
sejam antigas ou da moda; são doutrinas, orientações e opiniões que afastam
as pessoas de Deus. Conhecemos as seitas que difundem suas próprias
doutrinas, mas não levam à certeza da salvação. Isso também inclui todas as
concepções de mundo, tanto políticas como religiosas, que desviam dos
caminhos de Deus. O certo é que, quem não seguir o caminho através da
clara verdade bíblica, não chegará ao conhecimento da Verdade. Assim, já
que Jesus é a Verdade, é imprescindível que haja a pregação bíblica e
cristocêntrica.
3. Como eles agem (ver v.7-9)
Nesses versículos está descrita a maneira típica de agir e o posicionamento
interno dos sectários e dos falsos mestres (sedutores). Eles aprendem muito,
porém, sem se aprofundarem na verdade porque, na realidade, eles a rejeitam
e até reagem ativamente contra ela. Eles fazem uso da Palavra de Deus, mas
não da clara doutrina da Bíblia. A Bíblia classifica o posicionamento e
maneira de agir deles como “insensatez” e profetiza que, no final, também
isto será revelado. Todo aquele que age sinceramente pela verdade em Jesus,
reconhece a falsidade desses pervertedores.
Janes e Jambres são mencionados como exemplos. Provavelmente sejam
os líderes dos mágicos que se opuseram a Moisés. Eles se apresentavam de
maneira semelhante a Moisés, no entanto, eram apenas sedutores. Seus
bordões também se transformaram em serpentes, as quais, porém, foram
devoradas pelo bordão de Arão (ver Êx 7.11-12). Eles também
transformaram água em sangue (ver 7.22) e provocaram o aparecimento de
rãs por ocasião da segunda praga do Egito (ver 8.7).
Contudo, quando Arão, através do poder de Deus, transformou pó em
piolhos, os mágicos tentaram imitá-lo, porém não o conseguiram (ver 8.18).
Isso significa que o Diabo não tem poder para criar vida. Durante a sexta
praga, os magos também foram afetados por tumores, de modo que não
conseguiam comparecer diante de Moisés (ver 9.11). Eles foram
desmascarados e sua insensatez diabólica foi revelada.
Janes e Jambres se opuseram à verdade, mesmo agindo de modo
semelhante – porém, esse é justamente o aspecto demoníaco da questão. O
Diabo utiliza a Palavra de Deus para seduzir. No final dos tempos acontecerá
novamente que uma humanidade endemoninhada fará oposição à verdade e,
assim, estará aberta para a sedução e para a mentira.
“10E com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não
acolheram o amor da verdade para serem salvos. 11É por este motivo,
pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira, 12a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à
verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2Ts 2.10-
12).
Verdadeiro discipulado
“10Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento,
propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11as minhas
perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia,
Icônio e Listra, – que variadas perseguições tenho suportado! De todas,
entretanto, me livrou o Senhor. 12Ora, todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. 13Mas os homens
perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo
enganados” (2Tm 3.10-13).
Depois de ter falado dos falsos mestres e de seu modo de agir, Paulo elogiou
Timóteo por sua fidelidade. Timóteo não se deixou desviar, seduzir, ser
levado ao caminho errado. Paulo menciona nove aspectos, semelhantemente
às nove partes do fruto do Espírito, em Gálatas 5.22. Essas nove atitudes são
também a garantia de proteção para não seguir por caminhos e tendências
erradas.
“Tu, porém, tens seguido, de perto...”:
A “autenticação” da profecia
“1Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e
mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: 2prega a palavra, insta,
quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a
longanimidade e doutrina.
3Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo
contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças,
como que sentindo coceira nos ouvidos; 4e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, entregando-se às fábulas.
5Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o
trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.
6Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da
minha partida é chegado. 7Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé. 8Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas
também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.1-8).
“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende,
exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2).
Sobriedade
“Procura vir ter comigo depressa” (v.9). Existem situações na vida em que
os cristãos têm necessidades, e são úteis uns aos outros. Paulo estava sozinho
e abandonado, ninguém o apoiava (ver v.16), ele sentia frio em uma cela
úmida, faltava-lhe um agasalho contra o frio, livros para os estudos e
pergaminhos para escrever. Quase ao final do capítulo, ele repetiu: “Apressa-
te a vir antes do inverno” (2Tm 4.21) e, no capítulo 1.4, ele escreveu:
“Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu
transborde de alegria”. De acordo com a passagem de 2Timóteo 4.17, Paulo
era fortalecido internamente por Deus, porém, para esses aspectos e
condições externos ele pediu auxílio a outros cristãos e esperava ser atendido
sem delongas.
“Apressa-te”, que dizer, que Timóteo deveria se esforçar ao máximo e
tomar todas as providências necessárias para que chegasse rapidamente. A
Palavra de Deus não registra se Timóteo ainda conseguiu visitar Paulo; talvez
tenha realmente conseguido, mas também é possível que o apóstolo tenha
sido executado antes disso. E nós nos apressamos para apoiar, para consolar
os outros, colaborar visitando-os, ajudando-os e estendendo a mão a eles?
Cada cristão necessita comunhão, simpatia e compaixão. Em uma relação de
irmandade prática e em necessidades não se pode vacilar. Onde somos
chamados a ajudar e onde identificamos necessidades, deveríamos agir com a
devida rapidez.
“Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi
para Tessalônica” (v.10). Sempre é um acontecimento amargo quando
pessoas voltam para o mundo. É muito doloroso assistir quando filhos de pais
crentes, que os acompanharam durante vários anos, repentinamente se voltam
ao espírito da época. Quando membros de igrejas resolvem abandonar a
congregação e se ligam às coisas do mundo, isso causa muita dor e é de
difícil compreensão. O texto bíblico, no entanto, nos mostra que isso é algo
que já existiu desde os tempos passados.
Demas havia sido um eficiente cooperador no Reino de Deus, alguém que
esteve ao lado de Paulo durante vários anos, mas que resolveu voltar-se para
as coisas inúteis desse mundo. Paulo volta a mencioná-lo também em outras
passagens: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores” (Fm
1.24). “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também Demas” (Cl 4.14).
Deve ter sido um duro golpe para Paulo ser abandonado por esse cooperador.
Não se sabe se isso aconteceu por medo, por aborrecimento ou por
indiferença. A única referência feita é de que ocorreu por “amor ao mundo”.
Em alguns versículos anteriores, Paulo ainda falava em “amar” a
manifestação do Senhor. Agora ele usou a mesma palavra para referir-se ao
amor ao mundo. Esse contexto nos mostra por que corremos o risco de perder
o amor à Volta de Jesus: porque o amor às coisas do mundo ficou mais
intenso, porque o amor ao mundo se intrometeu. Jesus afirmou: “Nenhum
servo pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará outro, ou se
dedicará a um e desprezará outro. Vocês não podem servir a Deus e ao
Dinheiro” (Lc 16.13 – NVI).
O significado desse texto é: “Demas passou a amar o tempo presente...”. A
tendência novamente é dirigida ao presente, a pessoa nasce nessa vida, se
perde na existência momentânea e não se preocupa mais com o futuro, com o
Reino de Deus e com aquilo que nos espera e o que nos sobrevirá após esta
Era. “Amar o mundo” significa que a pessoa se sente bem nele, incluindo
seus pecados e sua perdição. Ela participa novamente do “jogo do mundo” e
se desloca através dele como todas as demais pessoas fazem. Tudo gira em
torno do bem-estar, poder, fama e desejos. Volta a agarrar as coisas das quais
havia se livrado. Acaba se perdendo naquilo que é inútil para o Reino de
Deus, pois está escrito:
Também aquelas coisas que nos confundem e para as quais não temos solução,
têm um objetivo determinado; elas são as pequenas peças do quebra-cabeça da
nossa vida. Deus sabe qual é o lugar exato delas. Na verdade, gostaríamos de
ver o painel pronto, no entanto, ele não se completa enquanto vivermos. É por
isso que compreendemos tão pouco de Deus. Mesmo que observemos os Seus
dedos movendo as peças, aqui na terra vemos somente as partes incompletas
sem ver o todo.
“...ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não
lhes seja posto em conta!” (v.16). O apóstolo Paulo viveu uma situação
semelhante à de Jesus, por ocasião da Sua prisão e julgamento: “Então, os
discípulos todos, deixando-o, fugiram” (Mt 26.56). Mas também a sua
postura espiritual se manteve totalmente de acordo com o sentimento de
Jesus. Ele se conscientiza do seu abandono, porém, não se mostra
amargurado por isso. Ele até expressou o desejo de que o Senhor não o leve
em conta.
Trata-se de uma afirmação bem diferente daquela expressa em relação a
Alexandre, o latoeiro, quando Paulo concluiu que o Senhor o recompensará
pelos seus atos. Logicamente há uma diferença considerável entre o fazer
alguma coisa ou deixar de fazê-lo. Alexandre o fez por maldade e para
prejudicar a igreja, mas talvez os amigos de Paulo o fizeram por temor ou
precaução. O primeiro caso foi chamado à responsabilidade, ao passo que o
segundo poderia ser coberto pelo amor (ver 1Pe 4.8).
Não devemos esperar que sempre teremos o apoio das pessoas em
situações de crise. Precisamos contar com decepções. Cada pessoa enfrentará
suas situações de solidão e abandono. Nós decepcionaremos e seremos
decepcionados. Assim, não deveríamos ser rancorosos, mas deveríamos
sempre apoiar nossa confiança em Jesus, do modo como Paulo o fez.
“Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças...” (2Tm 4.17). Mesmo
que as pessoas não sejam confiáveis ou sejam limitadas, podemos contar
sempre com o cuidado do Senhor por nós. Ele afirmou para os Seus
discípulos:
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes;
porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te
abandonarei” (Hb 13.5).
“24Pois não desprezou, nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o
rosto, mas o ouviu, quando lhe gritou por socorro” (Sl 22.24).
Prisca (ou Priscila) e Áquila eram amigos e cooperadores que Paulo conheceu
durante a sua segunda viagem missionária e que ele visitou algumas vezes,
posteriormente. Eles se destacavam por sua constante fidelidade. Em todos os
lugares em que se encontravam, eles trabalhavam abençoando outros,
orientavam pessoas em sua fé e chegaram até a arriscar suas vidas por Paulo
(ver At 18.1-3; Rm 16.3-4). É bom ver o relacionamento entre irmãos
solidificar, mantendo-se até o fim e, após o passar dos anos, ainda poder
olhar retrospectivamente com gratidão por isso.
Onesíforo se destacou prestando auxílio a Paulo quando este passava pelas
piores dificuldades. De acordo com a passagem de 2Timóteo 1.16-18, ele já
havia sido um cooperador exemplar de Paulo em Éfeso. Agora, durante esse
cativeiro, ele foi várias vezes levar o seu apoio, demonstrando que não se
envergonhava das correntes que aprisionavam o apóstolo, o que outras
pessoas aparentemente não faziam. Ele chegou a viajar até Roma e procurou
Paulo até encontrá-lo e o visitava regularmente, suprindo suas necessidades.
Assim, ele demonstrava ser um amigo perseverante, que não se desviou do
propósito de ser amigo de Paulo, tanto nos bons como nos maus momentos.
Ambas passagens falam da “casa de Onesíforo”. Provavelmente isso
significa que toda a família, ou até a igreja da sua casa, o acompanhava no
trabalho, através do qual Onesíforo apoiava outras pessoas.
Erasto vivia em Corinto e, de acordo com a passagem de Romanos 16.23,
era um alto funcionário da administração municipal, provavelmente o
responsável pelas finanças. Além de tudo, ele era um cristão sincero e,
juntamente com Timóteo, era um cooperador valioso (ver At 19.22). Também
os expoentes políticos podem ser cristãos íntegros e de grande valor para o
serviço do Senhor.
Trófimo permaneceu em Mileto, por estar enfermo. Paulo havia estado em
Mileto por ocasião da sua terceira viagem missionária (ver At 20.13-17).
Mileto ficava a aproximadamente 50 quilômetros de Éfeso. Aparentemente
Paulo esteve novamente em Mileto após sua libertação do primeiro cativeiro
e, pouco tempo após, foi aprisionado pela segunda vez (ver: “Introdução”). A
afirmação de Paulo, dizendo que deixou Trófimo – enfermo – em Mileto,
ensina-nos algo essencial. Com o fim da Era Apostólica, também os sinais
operados pelos apóstolos diminuíram (ver Rm 15.18-19; 2Co 12.12; Hb 2.4).
O apostolado e os respectivos sinais miraculosos apostólicos fizeram parte da
primeira hora da fundação da Igreja e, por isso, são acontecimentos únicos
(ver Ef 2.20), do mesmo modo que o alicerce de uma edificação é colocado
somente uma vez e que há somente uma pedra angular (Jesus Cristo). Agora,
com a morte dos apóstolos, as cartas apostólicas substituíram a função de
apóstolo. Os enfermos podem ser recuperados através da oração intercessora
e mediante o auxílio dos anciãos ou presbíteros (ver Tg 5).
Êubulo, Prudente e Lino provavelmente eram irmãos da Itália (Roma) e,
juntamente com Cláudia – uma mulher – acompanhavam Paulo e lhe
prestavam apoio. Trata-se de pessoas sobre os quais não há mais
informações. Além desses, havia ainda outros irmãos de Roma.
Vemos que realmente se trata das palavras de despedida de Paulo, ao
observarmos o quanto todas as pessoas mencionadas significavam para ele e
como é importante poder contar com amigos cristãos no fim da vida. As
amizades são uma grande dádiva e deveríamos nos esforçar ao máximo para
mantê-las.
A última frase, escrita por alguém que chegou ao fim de sua vida, diz: “O
Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco. Amém”
(2Tm 4.22 – ACF). Essa sentença mostra que a carta foi dirigida tanto para
Timóteo – “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito” – como também
para os cristãos de todas as épocas – “A graça seja convosco. Amém”.
Que perspectiva cheia de esperança para alguém que estava prestes a
morrer. Ele estaria saindo e Deus o chamaria ao Seu Lar celeste (ver v.18).
Jesus, no entanto, permanece junto àqueles que continuam a obra. A graça do
Senhor permanece firme e Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e na
Eternidade, mesmo quando grandes homens e mulheres seguem à nossa
frente. Quanta esperança viva contida nessa frase, em oposição à falta de
esperança das pessoas que não possuem nenhum relacionamento com Deus.
“Um pouco de trabalho, um pouco de descanso, um pouco de amor e tudo
terá terminado!” (Mary Roberts Rinehart). “Esta vida é uma bolha de sabão
vazia!” (Edmund Cooke). “Nunca conseguimos viver, porém, sempre
estamos na expectativa da vida!” (Voltaire). “A vida é uma sombra em
movimento” (Shakespeare). “A vida é um corredor empoeirado, que está
fechado nas duas extremidades” (R. Campbell). “Viver significa lembrar o
passado, queixar-se sobre o presente e tremer diante do futuro” (Rivarol).
(NOTA 33)
“Tudo é absurdo: nascer e morrer e, no intervalo entre ambos, o
desespero” (Jean Paul Sartre). “A vida é uma doença, o mundo todo é um
sanatório e a morte é nossa médica” (Heinrich Heine).(NOTA 34) “Durante toda
a vida tente-se mantê-la” (Ingeborg Bachmann). “Quem não enxerga um
sentido em sua vida, não é apenas infeliz, mas quase incapaz de vivê-la”
(Albert Einstein). Ao contrário, Paulo consegue dizer: a vida continua! Para
mim, na presença do Senhor em Seu Reino celestial (ver v.18) e para você, na
presença dEle e em Sua graça, aqui na terra.
Concluindo
Há exortações nas duas cartas a Timóteo de caráter bem pessoal, que
aparecem exatas sete vezes:
A CARTA A TITO
Introdução
A Carta de Tito, na sequência de 1ª e 2ª Timóteo, é a última das três Cartas
Pastorais de Paulo. Ela foi escrita quase ao mesmo tempo de 1Timóteo, por
volta de 62-64 d.C., e provavelmente entre o primeiro e o segundo cativeiro
de Paulo, em Roma, antes que Paulo escreveu a 2ª Carta de Timóteo.
Tito, de origem grega, era um pessoa ativa na Ilha de Creta e
provavelmente se converteu através do apóstolo Paulo e por isso foi chamado
de “verdadeiro filho, segundo a fé comum” (Tt 1.4). Por ter sido de
nacionalidade grega, ao contrário do que aconteceu ao semijudeu Timóteo,
ele não foi obrigado a submeter-se à circuncisão (ver At 16.1-3; Gl 2.3). Esse
fato torna-se importante, pois demonstra uma vez mais que os gentios não
estão subordinados à Lei Judaica (ver At 15) e, assim, não são obrigados a
celebrar os rituais judaicos.
O tema principal da Carta de Tito é o da continuidade da Igreja. O
versículo 5 do primeiro capítulo pode ser considerado como o versículo
chave: “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as
coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros,
conforme te prescrevi”. Entre as tarefas para dar continuidade ao crescimento
da Igreja encontra-se a edificação dos cristãos, individualmente, para torná-
los verdadeiros discípulos de Jesus. Quanto ao conteúdo, a Carta de Tito é
muito semelhante à de 1Timóteo, quando diz: “para que, se eu tardar, fiques
ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus
vivo, coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15).
Talvez não tenha sido pelo fato da sua libertação após o primeiro cativeiro,
mas talvez também por isso, que Paulo sentiu o quanto é importante e urgente
que sejam constituídos discípulos sucessores. Se o primeiro cativeiro serviu
para tanto, então só isso já é uma bênção em si e demonstra, sem dúvida, a
direção de Deus. A qualquer momento a missão do apóstolo estaria encerrada
e, por isso, era importante que houvesse cooperadores confiáveis disponíveis
em tempo, para continuarem com a obra.
Isso deveria ser um alerta também para nós. Em todas as igrejas, círculos e
obras cristãs se deveria dar atenção para a formação de cooperadores para, a
qualquer tempo, poderem assumir tarefas. “E o que de minha parte ouviste
através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e
também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2).
A trajetória de Tito serve de exemplo de como deveríamos nos
desenvolver no discipulado. Tito percorreu um verdadeiro processo de
discipulado, no qual Paulo é o parâmetro e o instrui, dando-lhe o devido
espaço para o seu desenvolvimento. Provavelmente a conversão de Tito tenha
acontecido através do apóstolo (ver Tt 1.4). Depois ele foi levado à escola de
Paulo, tornou-se seu acompanhante e, assim, foi constituído como seu
cooperador (ver 2Co 8.23), tendo dado continuidade ao seu desenvolvimento.
Em 2Coríntios 2.13, Paulo o trata como “meu irmão”. Posteriormente, Tito
foi apresentado aos conceituados apóstolos Pedro e João, assim como a
Tiago, o líder da igreja de Jerusalém (ver Gl 2.1-3,9). Ele foi utilizado como
mensageiro especial e confiável. Além disso, ele tornou-se um consolo para
as igrejas, para Paulo e seus colaboradores (ver 1Co 7.5-16; 8.6). Tito
cresceu, tornando-se um “entusiasmado” pela causa de Deus (ver 2Co 8.16).
Ele viveu com o mesmo espírito de Paulo e seguiu em suas pegadas (ver 2Co
12.18). Isso não significa que ele seguiu Paulo cegamente, no entanto, Tito
viveu com a mentalidade semelhante à de Paulo, a mentalidade do Novo
Testamento e de todas as diretrizes bíblicas. Finalmente tornou-se o líder da
Igreja de Creta (ver Tt 1.5).
Nesse ponto devemos nos examinar para verificar o quanto conseguimos
avançar no processo do discipulado, em que estágio estamos, se progredimos
e se continuamos dispostos a crescer.
TITO 1
1. Fé
Todo aquele que tem fé em Jesus Cristo como seu Salvador faz parte do
grupo dos eleitos por Deus. De acordo com Efésios 1.4-5,11,13, eles são
eleitos e predestinados em Jesus. Antes da fundação do mundo, Deus
determinou que todo aquele que tem fé em Jesus é um eleito por Ele.
2. Conhecimento
Através da fé alcançamos o conhecimento espiritual da verdade a respeito de
Deus. A fé é o meio que conduz ao conhecimento de Deus e não o contrário.
“...é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...”
(Hb 11.6). “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de
Deus...” (Hb 11.3). “E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivente” (Jo 6.69 – ACF).
3. Piedade
Através da fé chegamos ao conhecimento e, assim, alcançamos a verdadeira
piedade, ou seja, o temor de Deus. Temer a Deus não significa ter medo de
Deus, como foi o caso de Adão e Eva após sua queda em pecado, no Jardim
do Éden. Aquilo significou medo de Deus como consequência do seu pecado,
mas agora trata-se de temor a Deus pelo perdão recebido – o que é totalmente
diferente. “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o
medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é
aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18). Esse temor de Deus é demonstrado
através da preocupação de fazer ou deixar de fazer algo que desagrade a
Deus. O motivo que nos leva a essa atitude não é o medo, mas o amor, pois
se deseja agradar a Deus.
Esse temor de Deus ou a “piedade positiva” é mencionado pela primeira
vez, na Bíblia, quando Abraão se dispôs a sacrificar seu filho Isaque. “Então,
lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei
que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho” (Gn
22.12). A piedade é a busca constante e a disposição de fazer a vontade de
Deus em todas as áreas de vida, sem qualquer desconfiança perante Ele.
Duas vezes três: esperança – verdade – revelação
“2Na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu
antes dos tempos eternos 3e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra
mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso
Salvador” (Tt 1.2-3). A esperança e a certeza da vida eterna é tão real quanto
Deus é real – Ele, que não pode mentir. Deus, em todo o Seu ser, é Verdade
e, por isso, Ele é a fonte da verdade. Tudo o que provêm de Deus é
verdadeiro. Temos, assim, uma garantia confiável, sem igual, da salvação.
Por isso o renascimento espiritual se apoia totalmente na verdade da
Palavra de Deus. “Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas
de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente”
(1Pe 1.23). A Palavra de Deus é verdadeira e perpétua, o que torna a garantia
da salvação igualmente perpétua. O renascimento não pode ser cancelado, ele
nunca perde a validade, nem se deteriora.
A afirmação de que Deus não pode mentir se torna interessante porque
contraria ao costume dos cretenses – que tinham a mentira arraigada em sua
mentalidade e incluída em sua ordem do dia. “Foi mesmo, dentre eles, um
seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres
preguiçosos” (Tt 1.12). Vivemos em um mundo de mentiras, no qual as
promessas não são cumpridas. Pactos de toda natureza são descumpridos:
entre países, acordos de paz, comerciais e de casamentos. Não há garantias
confiáveis, o engano está inserido na ordem do dia e é quase impossível
confiar em algo.
A base da nossa confiança, no entanto, não está no caráter depravado do
homem, mas no caráter santo e verdadeiro de Deus. O Senhor prometeu a
verdade sobre a esperança da vida eterna já “antes dos tempos eternos”.
Contudo, a revelação plena dessa verdade aconteceu através da vinda de
Jesus a este mundo (ver Jo 1.14,17). Paulo foi escolhido para proclamar essa
mensagem aos gentios (ver Gl 2.7): “...por mandato de Deus, nosso
Salvador” (Tt 1.3). É uma ordem expressa de Deus que essa verdade
confiável seja proclamada às pessoas. A ordem missionária de Jesus continua
em vigor (ver Mt 28.18-20).
Três vezes três: graça – misericórdia – paz
“A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça, misericórdia, e
paz da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt
1.4 – ACF). Paulo recém havia falado sobre a sua convocação e ministério
que lhe foi confiado, de proclamar a mensagem da salvação dada por Deus.
Agora ele lembra a tarefa dada a Tito. Paulo e Tito estavam ligados pela
mesma fé “conjunta”. Era a fé na mensagem de esperança da vida eterna que
foi prometida pelo Deus da Verdade, juntamente com a ordem de proclamar
essa mensagem. Isso demonstra que a ordem missionária, que era executada
pelo apóstolo, não foi dada somente a ele, mas também para Tito e, a partir de
Tito, foi transferida para a Igreja (ver v.5). Continuamos na obrigação de
transmitir a mensagem de esperança da vida eterna, o Deus da Verdade e a
revelação de Jesus Cristo.
1. Graça
A Carta de Tito inicia com a palavra “graça” e termina com “graça” (ver
3.15). Antes de tratar de compromissos, antes de comunicar orientações e
ordens, antes que Tito seja alertado para suas responsabilidades, é
mencionada a graça. É a graça que nos carrega, é a graça que nos concede
forças, é a graça que nos possibilita cumprir nossas tarefas. É com a graça
que podemos contar hoje e em todos os nossos dias. É com e através da graça
que recebemos do Senhor que podemos enfrentar todos os desafios.
Para Timóteo já havia sido dito algo semelhante: “Tu, pois, filho meu,
fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” (2Tm 2.1). O apóstolo não diz
“fortifica-te na tua força”, mas diz “fortifica-te na graça”. Deveríamos estar
sempre construindo sobre a graça, contar com a graça pela fé e agir apoiados
na graça.
2. Misericórdia
A graça provém da misericórdia de Deus. A misericórdia é o sinal da
compaixão de Deus diante de nossas fraquezas, é o Senhor vindo ao nosso
encontro devido às nossas necessidades. O Senhor sabe das nossas
necessidades, daquilo que precisamos para cumprir nossas tarefas e vencer na
vida. Para tanto, podemos contar com a Sua misericórdia. Um dicionário
define “misericórdia” como: “sentimento de compaixão diante do sofrimento
de outros, acompanhado do desejo de aliviar esse sofrimento”.
3. Paz
Não precisamos executar nossas tarefas como se fossem um fardo, nem por
medo de Deus ou estressados, porém, podemos agir na paz que temos com
Deus através do nosso Senhor Jesus Cristo. Mediante a graça, a misericórdia
e a paz torna-se fácil trabalhar. É maravilhoso saber que podemos realizar
nossas tarefas auxiliados por esses ingredientes.
2x3=1. A palavra “Salvador” é mencionada 6 vezes na Carta de Tito,
sendo que, em três vezes, refere-se a Deus Pai e três vezes refere-se a Jesus
Cristo. Isso mostra a unidade entre o Pai e o Filho.
Deus, o Pai: “...mediante a pregação que me foi confiada por mandato de
Deus, nosso Salvador” (v.3). “...a fim de ornarem, em todas as coisas, a
doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2.10). “Quando, porém, se manifestou
a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos” (Tt
3.4).
Jesus Cristo: “Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai e da do
Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 1.4 – ACF). “...aguardando a
bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13). “...que ele derramou sobre nós ricamente,
por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.6).
Deus Pai e Deus Filho estão em total sintonia. Graças à Sua ação conjunta
é que nós somos salvos plenamente. Não há qualquer discrepância entre o Pai
e o Filho. Quem clama a Jesus, o Filho, é definitivamente salvo junto a Deus,
o Pai. A Carta aos Hebreus fala sobre essa concordância divina quanto à
salvação:
“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou
com o seu próprio sangue” (At 20.28; ver 1Ts 5.12).
“Digam a toda a comunidade de Israel que no décimo dia deste mês todo
homem deverá separar um cordeiro ou um cabrito, para a sua família, um
para cada casa” (Êx 12.3 – NVI).
Não acontece apenas com as pessoas, mas com frequência a Bíblia também é
raptada. Bible-Napping! É um delito que ocorre muito em igrejas. Alguém resolve
agarrar para si a autoridade da Escritura Sagrada, toma-a como refém, obrigando-
a a falar pelos seus objetivos, a fazer que sua campanha se torne conhecida, a
realizar os seus planos. Quando a Bíblia nos é apresentada num contexto desses,
é lógico que não confiamos nela. Ela apenas é um refém. Ela fala em nome de
outra pessoa, com voz desconhecida.
Um motivo importante, que muitas vezes torna a Bíblia em algo sem cor,
maçante e irrelevante é o “rapto da Bíblia”: ela já foi atrelada à frente de tantas
carroças que já ficou difícil reconhecer sua própria mensagem.(NOTA 35)
Algumas pessoas enxergam somente o que é bom ao seu redor, enquanto outras
veem apenas o que é mau. Qual é a causa dessa diferença? Nossas almas se
tornam filtros pelos quais percebemos o bem e o mal. Os puros (aqueles cuja vida
é governada por Cristo) aprendem a ver graça e pureza nesse mundo mau. No
entanto, as pessoas incrédulas e perdidas encontram algo mau em tudo, porque
suas mentes pervertidas e seus corações obscurecem até o bom que eles veem e
ouvem. Eles mesmos decidem com o que vão preencher suas ideias; essas
coisas, no entanto, fatalmente influenciam o seu modo de pensar e de agir. Se
dirigirem seus pensamentos a Deus e à Sua Palavra, então descobrirão mais e
mais coisas boas, mesmo nesse mundo pervertido. Um intelecto preenchido com
coisas boas possui pouco espaço para coisas más (ver Fp 4.8).
Jesus não veio apenas para uma determinada classe de pessoas, mas foi
manifesto para todos. Do mesmo modo como Deus permite que o sol brilhe
sobre todos os homens, assim o “sol” da graça de Jesus nasceu para todos. Do
mesmo modo que Deus permite que a chuva caia sobre todas as pessoas,
assim também as chuvas de bênçãos de Jesus caem sobre todos. Existe uma
referência, no Antigo Testamento, mostrando que a salvação se destina a
todos:
“6Também fez dez pias e pôs cinco à direita e cinco, à esquerda, para
lavarem nelas o que pertencia ao holocausto; o mar, porém, era para que
os sacerdotes se lavassem nele. 7Fez também dez candeeiros de ouro,
segundo fora ordenado, e os pôs no templo, cinco à direita e cinco à
esquerda. 8Também fez dez mesas e as pôs no templo, cinco à direita e
cinco à esquerda; também fez cem bacias de ouro” (2Cr 4.6-8).
Hoje a maioria das pessoas sofre entre seus concidadãos e por causa das
regras da sociedade. O sistema mundial está todo sob influência e domínio do
maligno (ver Jo 14.30; 16.11; Ef 6.12). Todas as coisas são comparadas entre
si, a vida cotidiana é dominada pelo ódio, a inveja, o egoísmo, a severidade, a
maldade e as rixas. Nessa sociedade de crescente crueldade e dureza somos
chamados a agir com mansidão para todas as pessoas, com a finalidade de
viver o Cristianismo e mostrar que Deus é diferente e que o Seu Reino é
diferente do reino de Satanás.
“Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados,
escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja,
odiosos e odiando-nos uns aos outros” (Tt 3.3). Esse versículo nos leva a
refletir sobre a época em que não éramos convertidos. Os cristãos, com muita
frequência, gostam de apontar com o dedo em riste para seus concidadãos,
censurar e julgá-los pelo seu modo de viver e de agir e ameaçá-los numa
atitude de reprovação. No entanto, lembremo-nos de quem éramos e o que
seria de nós se não tivéssemos sido alcançados pela graça de Deus? Seríamos
ignorantes, desobedientes, a caminho da perdição, servindo à lascívia e aos
prazeres, vivendo em maldade e inveja, odiados e odiando outros. No
entanto, mal a pessoa se converte e, imediatamente olha com altivez e
desprezo para os outros que ainda não encontraram a salvação.
“4Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador,
e o seu amor para com todos, 5não por obras de justiça praticadas por nós,
mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador
e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.4-5). Quando se pergunta a uma pessoa
sobre a imagem que ela faz de Deus, então ela responde: “Vejo-O como o
Santo e Justo, aquele que fica irado e pode condenar a pessoa ao inferno, um
Deus de quem normalmente precisamos ter medo...” No entanto, o que é
esquecido com muita facilidade é que Deus é bondoso, que Ele ama as
pessoas e, por isso, veio ao nosso encontro como Salvador.
Após ter realçado, nos versículos anteriores, o que nós éramos, Paulo
então chega ao “porém” de Deus. Esse “porém” refere-se à nossa salvação,
para o fato de que Deus interferiu em nosso favor, que Ele deu o passo para a
nossa redenção. Se não houvesse esse “porém” de Deus, estaríamos todos
perdidos em nossos pecados, sem esperança alguma. Ainda estaríamos presos
lá onde estávamos antes de termos conhecido ao Senhor.
Deus nos salvou através da Sua bondade (graça), amor aos homens e
misericórdia. Ele veio ao nosso encontro com Sua bondade e amor quando
ainda éramos Seus inimigos e não estávamos dispostos a sermos convencidos
(éramos desobedientes). Nossa vida era de acordo, pois não tínhamos obras
demonstrando melhoria para apresentar. No momento em que Ele tinha todos
os motivos para nos rejeitar, ficar irado conosco e nos abandonar ao destino,
Ele interveio para nos salvar. Paulo emprega esse exemplo para mostrar aos
cristãos sobre a atitude positiva que devem ter, indo ao encontro dos seus
concidadãos.
O grande “porém” surgiu com a manifestação de Jesus Cristo. Esse
versículo esclarece a passagem de Tito 2.13. Ela nos mostra que a
manifestação de Deus, nosso Salvador, seria através de uma Pessoa, isto é,
através do Senhor Jesus. Jesus Se manifestou, Ele é nosso Deus e nosso
Salvador e, juntamente com Sua manifestação, nos trouxe a salvação.
Novamente observamos o conjunto, a ação da Trindade: Deus, o Salvador
Jesus e o Espírito Santo.
“5...ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito
Santo, 6que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo,
nosso Salvador, 7a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus
herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.5b-7). Esse “lavar
regenerador” aponta claramente para o recebimento do Espírito Santo,
quando nos tornamos crentes. Naquele momento, cada pessoa renascida
recebeu o batismo com o Espírito Santo, que não pode ser separado da
conversão. Em Efésios 1.13 e 1Coríntios 12.13 lemos claramente: “Em quem
também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa” (Ef 1.13). A sequência que acontece é: ouvir, crer, ser selado pelo
Espírito Santo. “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um
corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi
dado beber de um só Espírito” (1Co 12.13).
O “lavar regenerador”, além da renovação espiritual, primeiramente
aponta para o batismo. É por isso que esse ato é mencionado separadamente
da renovação pelo Espírito Santo, na frase seguinte. Deveríamos manter vivo
na memória que, naquela época, a conversão estava diretamente ligada à
renovação espiritual. No mandato missionário dado por Jesus, Ele diz:
“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será
condenado” (Mc 16.16). A fé, o batismo e a salvação formam uma só
unidade. Em Atos dos Apóstolos havia o mesmo procedimento: “Arrependei-
vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão
dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38). O
arrependimento, o batismo e a renovação através do Espírito Santo formam
um conjunto. Por ser assim, a Bíblia às vezes fala mais de batismo do que de
salvação: “A qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo
a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência
para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1Pe 3.21; ver
também Rm 6.4; Ef 4.5; Cl 2.12). Assim, através da conversão, que era
imediatamente seguida pelo batismo, ocorria o renascimento, por isso consta
no texto: “o lavar regenerador e renovador”. Assim, a conversão, o batismo
e o renascimento formam uma espécie de trindade da salvação. No entanto,
isso não significa, de modo algum, que não se alcança a salvação sem o
batismo. Mesmo assim, o que era habitual naquela época também deveria ser
praticado no Cristianismo de hoje.
A “renovação do Espírito Santo” refere-se à renovação espiritual total.
Assim, o lavar regenerador e a renovação do Espírito Santo são assuntos
diferentes, mas que se combinam. O Espírito Santo age naquilo que as obras
não conseguem cumprir. Ele proporciona um novo pensar, um novo sentir e
um novo querer. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5.17). “...que ele
derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador”
(Tt 3.6). Em outra passagem consta que Deus não concede o Espírito por
medida, com limitações (ver Jo 3.34). O Senhor sempre concede além da
medida, fartamente. Do mesmo modo, também recebemos a salvação em
abundância, o que serve para reforçar a certeza da salvação.
O ponto básico e central sempre é Jesus Cristo, como o nosso Salvador.
Sem a Sua vinda ao mundo, sem o Seu sacrifício, sem a Sua ressurreição e
sem o Seu Evangelho, nada disso seria possível. O versículo de Tito 3.7
reforça isso claramente: “a fim de que, justificados por graça, nos tornemos
seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna”. A renovação espiritual
através do renascimento nos proporciona a esperança viva, a certeza de
podermos herdar a vida eterna e ela nos dá plena certeza de salvação. Outras
traduções expressam isso assim:
“Ele o fez a fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus
herdeiros, tendo a esperança da vida eterna” (NVI);
“E fez isso para que, pela sua graça, fiquemos livres de qualquer
culpa e recebamos a vida eterna que esperamos” (NTLH).
Discussões insensatas
“A palavra zetesis, traduzida por ‘discussões’ ou ‘questões’ é derivada de
zeteo (‘procurar’) e significa literalmente ‘sequência da consulta’, ou seja, um
‘debate’”.(NOTA 41) Trata-se, assim, de realizar uma discussão sobre um
determinado tema. Na maioria das vezes, isso é algo inútil.
Genealogias
Diz-se que foram atribuídas inúmeras interpretações alegóricas, especulações
e fantasias aos registros genealógicos mencionados no Antigo Testamento.
Assim, devemos estar conscientes de nos mantermos fiéis à Palavra de Deus
e aplicar comparações somente se elas puderem ser apoiadas diretamente na
Bíblia ou se, a partir do contexto de outras passagens, for possível chegar a
um significado simbólico mais profundo. Fora disso, deveríamos tomar o
cuidado de não inserir mais interpretações ao texto do que realmente constam
nele.
Contendas
Aqui o assunto é sobre desavenças, rivalidade e disputa de posições. Busca-se
unicamente a indispensável razão, a sobrepor sua opinião à de outra pessoa e
impor suas ideias acima de qualquer outra convicção.
Debates sobre a lei
Essa expressão identifica as brigas e discussões em torno da Lei Mosaica.
Qual a importância dela e qual sua relação com a Igreja do Novo
Testamento? Como exemplo, temos a questão do sábado que já provocou
tantas divergências.
Não é à toa que a frase seguinte é: “Evita o homem faccioso, depois de
admoestá-lo primeira e segunda vez” (Tt 3.10). Não foram poucas as seitas
que surgiram em consequência de discussões, genealogias, contendas e
debates sobre a Lei e que causaram mais mal do que bem. Uma abordagem
errada da Palavra de Deus conduz rapidamente a uma sectarização. Como
essas pessoas são de difícil trato, deve-se ficar longe delas após uma ou duas
admoestações. A ideia é não perder muito tempo com divergências e
intermináveis discussões com essas pessoas.
Pessoas sectárias afirmam ter uma nova doutrina, até então desconhecida,
e que todos devem aceitar. A Bíblia, no entanto, conclui com sobriedade, que
pessoas sectárias simplesmente têm ideias erradas, acabam pecando e estão
sujeitas a julgamento. Elas pecam constantemente porque defendem uma
falsa doutrina e se tornam réus de juízo. É interessante observar que, muitas
vezes, as pessoas sectárias, usando como parâmetro as doutrinas que elas
mesmas formularam, classificam as demais como pecadores por não
observarem essas regras. A Bíblia, no entanto, inverte a situação e afirma que
são as pessoas sectárias, ou facciosas, que pecam constantemente. Por isso,
Paulo fala sobre elas em Gálatas 2.5: “aos quais nem ainda por uma hora nos
submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós” (Gl
2.5). Tudo o que contraria a verdade da doutrina dos apóstolos do Novo
Testamento, por mais piedoso que possa parecer, precisa ser categoricamente
rejeitado.
Últimas recomendações urgentes
“12Quando te enviar Ártemas ou Tíquico, apressa-te a vir até Nicópolis ao
meu encontro. Estou resolvido a passar o inverno ali. 13Encaminha com
diligência Zenas, o intérprete da lei, e Apolo, a fim de que não lhes falte
coisa alguma. 14Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a
distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se
tornarem infrutíferos. 15Todos os que se acham comigo te saúdam; saúda
quantos nos amam na fé. A graça seja com todos vós” (Tt 3.12-15).