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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO - MESTRADO

Cindy Romualdo Souza Gomes

O COTIDIANO MEDIADO PELA INTERNET: A NECESSIDADE DE


UMA FORMAÇÃO EDUCACIONAL PARA A WEBSOCIALIZAÇÃO

DOURADOS/ MS
2011
Cindy Romualdo Souza Gomes

O COTIDIANO MEDIADO PELA INTERNET: A NECESSIDADE DE


UMA FORMAÇÃO EDUCACIONAL PARA A WEBSOCIALIZAÇÃO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do


Programa de Pós-Graduação em Educação da
Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Grande Dourados, sob a orientação do Prof.º Dr.
Reinaldo dos Santos.

DOURADOS-MS
2011
KID VINIL

Zeca Baleiro

kid vinil quando é que tu vai gravar cd


kid vinil quando é que tu vai gravar cd

tecnologia existe pra salvar o homem do fim


se você estiver triste delete a tristeza assim
e se quiser conversar passe um fax pra mim
time is money god is dead have you a nice dream

acessando a internet você chega ao coração


da humanidade inteira sem tirar os pés do chão
reza o pai-nosso em hebraico filosofa em alemão
descobre porque que o michael deu chilique na televisão

milhares de megabytes abatendo a solidão


com a graça de bill gates salve a globalização
se o homem já foi à lua vai pegar o sol com a mão
basta comprar um pc aprender o abc da informatização

Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/zeca-baleiro/kid-


vinil.html#ixzz1Hq3LPGuj>.
AGRADECIMENTOS

A Deus, e a todos os que de maneira direta ou indireta contribuíram


para que esse trabalho se concluísse.

Em especial:

Ao apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal


de Nível Superior (CAPES);

Ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFGD, que


oportunizou usufruir do Mestrado em Educação.

Aos professores do Programa, por ensinar com seriedade e instigar


a busca pelo conhecimento, principalmente à Professora Dirce Nei Teixeira de
Freitas, Professora Magda Sarat e o Professor Reinaldo dos Santos.

A meu orientador, Professor Reinaldo dos Santos, pela dedicação,


seriedade, tranquilidade, segurança e competência na atribuição de balizar
nossos passos na elaboração desta dissertação e demais atividades
acadêmicas.

Às professoras Magda C. Sarat Oliveira, Gláucia da Silva Brito e


Morgana de Fátima Agostini Martins, pelas considerações e sugestões no
exame de qualificação.

Aos gestores e funcionários das escolas, pela atenção durante a


coleta de dados para a pesquisa.

À minha família, sobretudo minha mãe Maria Ângela, meu pai Miguel
e minha irmã Steffany, pelo carinho, compreensão e apoio.

Ao Valdir, meu namorado, que sempre me incentivou, compreendeu


e apoiou minha caminhada.

Às amigas da graduação que juntas continuamos nossa caminhada


nos estudos, Nataly Gomes Ovando, Milene Dias Amorim, Simone Estigarribia
de Lima e Vanessa Ramos Ramires, Larissa Wayhs Trein Montiel, Míria Izabel
Campos e Danieli Tavares.

Agradeço também as boas e novas amizades trazidas pelo


mestrado, Juliana da Silva Monteiro, Nubea Rodriguez Xavier, Márcia Prenda,
Michele Aparecida de Sá, Ana Maria da Silva, Vânia Pereira da Silva Souza,
Márcia Maria Ribera Lopes, Cristina Fátima Pires Ávila Santana e Lincoln
Christian Fernandes.

E demais amigos fora da academia, porém não menos importantes,


que também estiveram juntos comigo, seja em momentos de festejar, apoiar e
conversar sobre os andamentos da pesquisa e os desafios da vida acadêmica.
Obrigada à Eduardo Lenzi, Janaína Martine Bentinho, Luís Eduardo Zagretti,
Ana Carolina Pinheiro Nitto e Lucimar Alves Valenzuela.

A todos, o meu muito obrigada!


RESUMO

Os levantamentos de dados e discussões feitos nesta pesquisa vincularam-se a


intenção de refletir e propor que a escola seja o lócus de formação para as
interações sócio-culturais dos alunos por meio da internet, a websocialização.
Tal preocupação surgiu da análise de dados de institutos de pesquisa como
IBGE, IBOPE, CETIC.BR, SaferNet Brasil entre outros, possibilitou traçar o perfil
do internauta brasileiro e o crescente uso da internet nas mediações de suas
atividades. Dados locais também foram coletados por meio de questionários
distribuídos a pais, professores e filhos/alunos, vinculados as séries finais do
Ensino Fundamental de duas instituições escolares (pública e privada), da cidade
de Dourados – MS, tendo como intuito conhecer a dinâmica entre escola, família
e internet. Essas informações possibilitaram-nos demarcar o conhecimento dos
indivíduos sobre seu acesso e disponibilização de conteúdos, aproveitamento
das potencialidades da internet e, sobretudo, os riscos e constrangimentos que
esses se expõem por não terem uma formação direcionada ao acesso
responsável e consciente. Com base na teoria dos processos civilizadores, de
Norbert Elias, propusemos aos professores e alunos, das referidas escolas, a
aplicação de nossa proposta didática que vinculou informações sobre a internet a
conteúdos de três disciplinas do currículo. Dessa experiência, concluímos que há
grandes possibilidades de inserção da temática no ambiente escolar, antes,
porém, é preciso uma formação que coloque o professor como protagonista do
saber, havendo o reconhecimento da internet como um meio em potencial para a
construção de diferentes aprendizagens, para além da função de pesquisa,
comunicação e informação.

Palavras-chave: Educação; TICs; Websocialização.


ABSTRACT

The data and discussions collection done in this search linked up to the
intention of reflecting and proposing that the school is the training locus to the
socio-cultural interactions of the children through the internet, the
websocialization. This concern came from the analysis of data from research
institutes, such as IBGE, IBOPE, CETIC.BR, SaferNet Brazil and others, it
allowed to trace the Brazilian internet user profile and the growing use of the
internet to mediate their activities. Local data were collected too through
questionnaires that were given to parents, teachers and children/students
linked to the final grades of elementary school of two educational institutions (a
public school and a private school) in Dourados-MS city, with the purpose to
know the dynamics between the school, the family and the internet. These
information allowed us to delimit the knowledge of the individuals about their
access and availability of content, use of the internet potential and, above all,
the risks and constraints that they expose themselves because they don‘t have
a formation directed to the conscious and responsible access. Based on the
civilizing processes theory, from Norbert Elias, we proposed to the teachers
and students, from the mentioned schools, the application of our didactic
proposal that linked information about the internet to three subjects in the
curriculum contents from this experience, we concluded that there are
possibilities to enter the subject in the school environment, but, before, a
formation that puts the teacher as the main character of the knowledge is
needed, which has the recognition of the internet as a potential vehicle to build
different means of learning, beyond the search, communication and
information function.

Key words: Education; ITC; Websocialization.


LISTA DE SIGLAS

ABA Associação Brasileira de Anunciantes

CAIS Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança

CDI Comitê para a Democratização da Informática

CEIM Centro de Educação Infantil Municipal

CETIC.BR Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e da


Comunicação no Brasil

CF/88 Constituição Federal do Brasil 1988

CGI Comitê Gestor da Internet no Brasil

DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito

EaD Educação à Distância

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

EPTV Emissoras Pioneiras de Televisão

EUA Estado Unidos da América

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FBI Federal Bureau of Investigation (Escritório Federal de


Investigação)

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FUST Fundo de Universalização das Telecomunicações

GVT Operadora de telecomunicações brasileira

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBOPE Índice Brasileiro de Opinião e Estatística


LER Lesão por Esforço Repetitivo

LNCC Laboratório Nacional de Computação Científica

MEC Ministério da Educação

MSN Microsoft Network Messenger

NIC.BR Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR

NTE Núcleo Tecnologia Estadual

NTEM Núcleo Tecnologia Educacional Municipal

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PUC Pontifícia Universidade Católica

RNP Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos da Previdência da


República do estado do Paraná

STE Sala de Tecnologias Educacionais

TICs Tecnologias de Informação e Comunicação

UEMS Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul

UFGD Universidade Federal da Grande Dourados

UNIGRAN Centro Universitário da Grande Dourados

UOL Universo On Line

WCF World Childhood Foundation


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 O Brasil mediado pela internet. 16

Figura 2 Conversa sobre sexo. 23

Figura 3 Comunidades do Orkut, sobre catarro. 37

Figura 4 Comunidades do Orkut, sobre o ato de defecar. 38

Figura 5 Comunidades do Orkut, sobre o ato de urinar. 38

Figura 6 Pérolas do Orkut: Ooops, pequeno descuido. 39

Pérolas do Orkut: Fotos que não precisavam estar no


Figura 7 39
Orkut.

Na internet é assim. Você nunca sabe com quem está


Figura 8 55
falando.

Figura 9 Identificar os criminosos na Internet não é simples 55

―As crianças podem aprender muitas coisas sobre a


Figura 10 Internet. IG Control Pais.Tornar a Internet um lugar 63
seguro‖.

Notificação: Enciclopédia Livre Wikipédia, pesquisa sobre


Figura 11 88
a "Dengue".

Capa do livro de história ―A internet segura do menino


Figura 12 93
Maluquinho‖.

Figura 13 Capa da cartilha ―Criança mais segura na internet‖. 94

Figura 14 Capa do Guia ―Minha Primeira compra na Internet‖. 95

Figura 15 Capa do Guia ―Uso responsável da internet‖, vol 1. 96

Figura 16 Capa do Guia ―Uso responsável da internet‖, vol. 2. 97

Capa do guia ―Guia para o uso responsável da internet‖-


Figura 17 99
crianças, 3.0.

Capa do guia ―Guia para o uso responsável da internet‖-


Figura 18 100
pais, 3.0.

Capa do guia ―Guia para o uso responsável da internet‖ –


Figura 19 101
professores, 3.0.
Capa da cartilha ―Segurança em redes sociais:
Figura 20 102
recomendações gerais‖.

Figura 21 Capa da cartilha ―Saferdicas‖. 103

Capa da cartilha ―Navegar com segurança: protegendo


Figura 22 seus filhos da pedofilia e da pornografia infanto-juvenil na 104
internet‖.

Capa da cartilha ―Segurança: Protegendo seus filhos no


Figura 23 106
uso da internet‖.

Figura 24 Capa do guia ―Guia prático para o bom uso da internet‖. 108

Capa da cartilha da OAB ―Recomendações e boas


Figura 25 práticas para o uso seguro da internet para toda a 109
família‖.

Figura 26 A expressão dos impulsos na internet. 116


LISTA DE TABELAS

Tempo de navegação por pessoa: acesso à internet no


Tabela 1 69
trabalho e em domicílio.

Tabela 2 Tempo de navegação por pessoa: finalidade do acesso. 70

Tabela 3 Atividades desenvolvidas na internet: Lazer. 73

Tabela 4 Atividades desenvolvidas na internet: treinamento e educação. 74

Atividades desenvolvidas na internet: busca de informações e


Tabela 5 75
serviços online.

Tabela 6 Atividades desenvolvidas na internet: serviços financeiros. 76

Tabela 7 Evidências comportamentais de quem é viciado em internet. 143


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Local de acesso individual à internet. 66

Gráfico 2 Domicílios com acesso à internet por região do Brasil 68

Finalidade de acesso à internet: população 10 anos ou


Gráfico 3 71
mais de idade.

Gráfico 4 Quem está menos exposto aos riscos da internet? 130

Gráfico 5 Quem está mais exposto aos riscos da internet? 130

Como você classifica a orientação de seus pais sobre a


Gráfico 6 132
internet?

Como você classifica a orientação de seus pais sobre a


Gráfico 7 135
internet
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 15

CAPÍTULO I – INSERÇÕES SOCIAIS: FAMÍLIA, ESCOLA E INTERNET 22


1.1 Comportamento e autocontrole dos impulsos 25
1.2 Dualidade comportamental: novos espaços de socialização 31
1.3 Bastidores da vida social no palco da internet 36
1.4 Incompatibilidade comportamental 45
1.4 Espaços civilizadores: família, igreja, escola e mídia 49

CAPÍTULO II – ACESSOS E EXCESSOS NA INTERNET 62


2.1 Contextualização: a internet no Brasil 65
2.2 Acessos: as potencialidades da internet 78
2.3 Excessos: os riscos da internet 81
2.4 Os crimes digitais 84
2.5 Imprudências na comunicação e informação 87
2.6 Algumas iniciativas para o uso responsável da internet 89
2.6.1 Cartilhas e guias sobre internet 92

CAPÍTULO III – FORMAÇÃO PARA A WEBSOCIALIZAÇÃO 117


3.1 Esclarecimentos metodológicos 119
3.2 Contexto de aplicação da proposta didática 123
3.3 A internet sob o olhar de pais, adolescentes e professores 127
3.4 Proposta didática 137
3.4.1 Temáticas escolhidas para proposta didática 137
3.5 Aplicação e resultados da Proposta Didática 148

CONSIDERAÇÕES FINAIS 152

REFERÊNCIAS 159
ANEXOS 171
Ofício apresentado às instituições escolares 172
Questionário Professores 173
Questionário Alunos/Filhos 176
Questionário Pais e/ou Responsáveis 179
Proposta Didática - Plano de aula: Língua Portuguesa 181
Proposta Didática - Plano de aula: Educação Física 198
Proposta Didática- Plano de aula: Geografia 227
INTRODUÇÃO
Figura 1: O Brasil mediado pela internet
Fonte:<http://api.ning.com/files/8uNnwqtoaTxLt8s7Jp7RiIBVe*i3uEBzJZfALPOXzaumUPIvhO9Jtt*JB2aHnxV4e
9AXFpRKInp2jIh3t3fm470g*1drpKob/Texto_18Internet.jpg>. Acesso em: 20 mar. 2011
INTRODUÇÃO

―Na sociedade global do século XXI, a internet não é uma simples


tecnologia de comunicação, mas o epicentro de muitas áreas da actividade
social, econômica e política‖ (BOTTENTUIT JÚNIOR; COUTINHO, 2007).
Esse frenético avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
trouxe para a interação do ser humano com o ser humano e do ser humano
com diferentes serviços, a urgente necessidade de se aprender na prática
como reorganizar e ampliar as atividades do dia a dia por meio da praticidade
da internet. Diante da demanda, aprendemos a interagir com o computador e
internet de maneira informal, a partir da curiosidade e colaboração de quem
sabe um pouco mais.

Aos poucos ou em explosões do modismo, transferimos para o


mundo virtual muitas das nossas atividades reais e até reinventamos tantas
outras, deste modo as possibilidades da internet imitam, reproduzem e dão
continuidade aos fenômenos da vida real, no qual necessidades e
curiosidades dominam os cliques de acesso, o resultado é um ambiente
organizado como mais um espaço de interatividade sócio-cultural:

Como em uma praça, um clube ou um bar, esse é o espaço no


qual as pessoas trocam informações sobre as novidades
cotidianas de sua vida, mostram as fotos dos filhos, comentam os
vídeos caseiros uns dos outros, compartilham suas músicas
preferidas e até descobrem novas oportunidades de trabalho.
Tudo como as relações sociais devem ser, mas com uma grande
diferença: a ausência quase total de contato pessoal. (SCHELP,
2009).

Deste modo, estabelecemos relações com amigos do bairro ou


distantes, amigos de infância ou novos amigos, com parentes, pessoas do
trabalho e etc. Enfim, trocamos conteúdos como fotos, vídeos, reportagens,
endereços de outros sites; trocamos opiniões, fazemos críticas, adotamos
alguns comportamentos, repensamos outros e, por fim, construímos e
reconstruímos, juntamente com nossos pares, comportamentos, valores,
princípios e conhecimentos.
18

Com a malha da internet se espalhando pelo mundo, não nos


questionamos sobre o modo como acessamos, disponibilizamos e usamos as
informações e as ferramentas da rede. Compomos por meio de sites, redes
sociais, fotos, vídeos e outras linguagens esse mundo sem fronteiras, livre e
sem medida, no qual a ânsia pelo acesso e atualização, de tudo e de todos,
ofusca a preocupação com as dimensões de suas consequências no mundo.

De fato o uso das tecnologias geralmente rompe com o que até


então estava estagnado, esse rompante pode caracterizar-se com avanços,
retrocessos ou estagnações, conforme os níveis de assimilação e adaptação
das sociedades. Com o fenômeno da internet não seria diferente, sendo assim
observamos que das interações virtuais, por parte dos indivíduos há uma
ausência de informação e formação, que tem comprometido a navegação ao
ponto de expor o internauta a diferentes riscos como acesso a conteúdos
inapropriados à idade (e até mesmo ao discernimento); envolvimento
consciente ou inconsciente em ações ilegais; exposição a golpes, fraudes,
ameaças, assédios entre outros atos que perturbam a segurança ou a
integridade pessoal de si mesmo ou do outro.

A internet tem se tornado o espelhamento da nossa realidade, e


assim como tal, possui momentos de vivências boas e ruins. Porém para as
experiências na vida real desde criança somos orientados a nos prevenir e
comportar de modo a sempre ter um bom convívio com todos ao nosso redor.

Nosso interesse pelas mídias e as relações dos indivíduos com elas


e a partir delas, motivou-nos a pesquisar desta vez as dinâmicas interativas
entre pessoas, bens e serviços organizadas por meio da internet.

Diante dos fatos e necessidades eminentes propomos que o


ambiente educacional seja o espaço que desenvolva uma formação voltada
para o fenômeno da interação sócio-cultural, uma websocialização, em que
essa formação proporcione o conhecimento e uso das potencialidades
educativas da internet, bem como oriente e informe sobre os aspectos
negativos, prevenindo quanto à exposição a riscos. Organizar práticas
voltadas para a websocialização representa pensar um processo contínuo,
19

lento com nuances entre avanços e retrocessos, comuns nesses ajustes


sociais, compreendidos como processos civilizadores. Seria então levar para o
ambiente escolar, possibilidades organizacionais no cotidiano de alunos e
professores em conformidade com as demandas e ritmos diferenciados.

Por websocialização compreendemos como sendo um conjunto de


práticas comportamentais de mesma importância que as praticadas em
momentos de socialização, em ambientes de interações presenciais. A
websocialização, por sua vez, possui características comportamentais
específicas advindas das diferentes experiências tanto positivas quanto
negativas de se expor em interações nos ambientes virtuais.

Websocialização é entender que existe uma socialização entre os


indivíduos na internet, e por ser na rede é diferente e exige informações e
conhecimentos diferentes dos que estamos acostumados a por em prática nas
interações entendidas como tradicionais, que ocorrem em espaços de
socialização presencial, e que possuem por si só seus significados balizadores
de comportamentos diferentes da internet.

Sendo assim organizar práticas voltadas para a websocialização


representa pensar um processo contínuo, lento com nuances entre avanços e
retrocessos, comuns nesses ajustes sociais, compreendidos como processos
civilizadores. Seria então levar para o ambiente escolar, possibilidades
organizacionais no cotidiano de alunos e professores em conformidade com as
demandas e ritmos diferenciados.

As considerações aqui trazidas não são para negativar ou invalidar a


importância das iniciativas de ONGs, empresas e órgãos públicos que se
propõe em informar e formar a população acerca da necessidade de se
acessar a internet de maneira segura e consciente, tão pouco queremos
demarcar o ambiente da internet como sendo algo nocivo as interações e
integridade humana, por mais que ocorram atividades de teor negativo na
internet, não podemos deixar de considerar as inúmeras potencialidades que
essa ferramenta traz a diferentes setores sociais.
20

Não a vemos como algo ruim sobre nossa geração, pelo contrário
concordamos com as considerações de Ricardo Neves,

Essa ferramenta é um veículo neutro no qual têm trafegado tanto


conteúdo virtuoso quanto corrupto. Mas isso são escolhas
individuais de seres que compartilham essa notável infra-estrutura
e não a natureza da própria ferramenta. Amaldiçoar a criação da
Internet seria como amaldiçoar a criação do dinheiro. Ambas são
ferramentas que podem servir indistintamente tanto para o bem
quanto para o mal. (NEVES, 2007, p. 220).

Negar sua criação e uso seria retroceder em muitos aspectos que


podem envolver conquistas democráticas de aprendizagem, expressão,
criação, interação, cooperação entre outras construções e reconstruções
sócio-históricas.

Com uma abordagem mais teórica, a partir dos estudos de Norbert


Elias, sobre os comportamentos dos indivíduos em diferentes momentos
sócio-históricos, no Capítulo I - Inserções sociais: família, escola e
internet, analisamos e refletimos sobre a atualidade e seus constructos
comportamentais que se balizam por meio de novos níveis de tolerância aos
impulsos das emoções, sobretudo no ambiente virtual. Em meio a essas
mudanças se fez importante pensarmos nas atribuições, presenças, ausências
e influências educacionais das instituições socializadoras dos indivíduos,
desde as tradicionais até as contemporâneas.

No Capítulo II - Acessos e excessos na internet primeiramente é


feita uma contextualização da temática em estudo, sobre as possibilidades que
a internet tem trazido para o acesso e desenvolvimento das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs), que culminam hoje, no meio mais
avançado de comunicação entre os seres humanos. São apresentados os
acessos que são caracterizados a partir de informações sobre atividades bem
sucedidas que expressam as potencialidades da internet nos diferentes
setores sociais. Já os excessos condizem diretamente com os riscos que os
internautas desinformados se expõem ao transitarem na rede, sem cautela
sobre no que clicam, com quem teclam e o que disponibilizam na rede. Por fim
apresentamos materiais como guias e cartilhas que têm por objetivo auxiliar a
população a navegar com mais responsabilidade e consciência.
21

E por fim no Capítulo III - Formação para a websociabilidade,


descrevemos atividades desenvolvidas na internet que a caracterizam como
mais um espaço de socialização. Seguindo a lógica e os resultados de um
acesso sem conhecimentos, essa interação exige que haja uma formação que
prepare os indivíduos para as relações websociais. Sendo assim nesse
capítulo apresentamos uma proposta que aborda conhecimentos sobre os
riscos e potencialidades das interações na rede, para tanto o cenário eleito é a
instituição escolar, onde apresentamos as possibilidades os erros e acertos
dessa educação processual, contextualizada e contínua.
Diante dessa trajetória de pesquisa como Considerações finais,
trazemos breves considerações sobre os dados e reflexões teóricas de cada
capítulo, bem como um resultado sobre o todo da pesquisa que desemboca
em questões tidas como urgentes sobre as interações humanas por meio da
internet seus riscos e potencialidades principalmente quando pensada a partir
de uma formação para o uso. E na seção Anexos disponibilizamos os três
exemplares de questionários aplicados à pais e/ou responsáveis, professores
e filhos/alunos, nessa seção foram disponibilizados também exemplares dos
três planos de aula elaborados para contemplarem de modo transversal as
temáticas fraudes, vício em internet e privacidade, abordados respectivamente
nas disciplinas de Língua Portuguesa, Educação Física e Geografia.
CAPÍTULO I
INSERÇÕES SOCIAIS: FAMÍLIA, ESCOLA E INTERNET
Figura 2: Conversa sobre sexo. Fonte: <www.glugu.com>. Fonte: <www.glugu.com>. Acesso em: 20
mar. 2011.
CAPÍTULO I
INSERÇÕES SOCIAIS: FAMÍLIA, ESCOLA E INTERNET

De maneira geral os avanços tecnológicos representam às


organizações sociais mudanças em sua dinâmica. Esse reorganizar traduz-se
em forças que reagem de maneira involuntária do individual para o coletivo
social, que podem gerar desenvolvimento, retrocesso, conflitos e/ou
melhorias. (ELIAS, 1994a; 1994b; 2006). Diante das consequências dessas
reações a sociedade pode organizar-se de modo a optar por ações que gerem
melhoramentos a manutenção da vida.

O irrevogável entrelaçamento dos atos, necessidades, idéias e


impulsos de muitas pessoas dá origem a estruturas e
transformações estruturais numa ordem e direção específicas que
não são simplesmente ―animais‖, ―naturais‖ ou ―espirituais‖, nem
tampouco ―racionais‖ ou irracionais, mas sim sociais. (ELIAS,
1994a, p.39).
A partir desse cenário contemporâneo de interações sócio-culturais
na internet, enveredaremos discussões quanto às mudanças de
comportamentos que evidenciam uma reorganização ―flexiva‖ e ―reflexiva‖ do
controle dos impulsos, que resulta em uma ―terceira natureza‖ comportamental
dos indivíduos (WOUTERS, 2009).

Essa combinação: internet, comportamento e constrangimentos


sociais, bem como as resultantes deste processo e suas necessidades de
mudanças, para um melhor convívio entre os indivíduos, são os itens de
discussão ao longo desse capítulo. Para tanto lançamos mão da teoria dos
processos civilizadores de Norbert Elias (1994b) e outros escritos do autor,
que descrevem os níveis e processos comportamentais ensinados e
aprendidos pelas sociedades nos desdobramentos e mudanças sócio-
históricas.
25

1.1 Comportamento e autocontrole dos impulsos

Com cerca de 5 anos de idade, levá-la como companhia ao


mercado, para uma compra pequena, rápida e simples, significava
uma tarefa que exigia muita paciência e sangue frio. Diante das
prateleiras coloridas e cheias de guloseimas, o comportamento da
garotinha era o de: parar, olhar, encher as mãos e dizer ―eu quero
estes‖. Com o dinheiro contado a resposta era ―hoje não dá‖, e a
partir da reação da garotinha: pulos, tapas no ar, choros e gritos,
quem estivesse no mercado, vendo ou ouvindo, poderia concluir
que mais uma criança fora contrariada em seus desejos de
consumo. (GOMES, 2010).

E se essa cena fosse protagonizada por um adulto? A reação das


demais pessoas no mercado não seria de compreensão tal qual com uma
criança. Tudo porque em nossa sociedade temos o entendimento que para
cada idade, cada fase da vida, há um comportamento aceitável pela falta de
maturidade, porém passível de ajustes, para que se chegue aos padrões
comportamentais e de convívio eleitos como importantes para a vida em
sociedade.

O ser humano [...] na infância, não possui a tendência para a


autorregulação como nato, original de sua natureza. Sua natureza
―animal‖ é a de satisfazer suas necessidades de forma aberta,
imediata e sem qualquer baliza, que não as da própria natureza.
[...] Tornar-se humano civilizado, sociável, implica aprender a
controlar os impulsos animais nativos, por meio de um processo
de aprendizado, que pode ser chamado de educação ou
socialização. (SANTOS, 2009, p.157).

A aprendizagem de alguns comportamentos e o desconsiderar de


tantos outros, origina-se principalmente das interações da própria dinâmica do
crescimento humano em duas instituições tradicionais, a família e a escola. O
primeiro espaço de socialização e aprendizagem é a família, e essa
socialização caracteriza-se como primária, onde são aprendidos, pela criança,
modelos básicos de comportamento e convívio social. Posteriormente a
frequência na escola ensina ao indivíduo, com maior profundidade, os padrões
de comportamento, convivência e interação fundamentados em leis, normas e
distinções de conduta entre o público e o privado, caracterizando-se como
sendo a socialização secundária. (SANTOS, 2009).
26

Essa educação prevê momentos e ambientes de socialização ditos


como tradicionais, ou seja, somos orientados a nos comportarmos
civilizadamente em ambientes públicos, ou em situações que possam vir a se
tornarem públicas. Essas interações teriam como cenário as atividades
realizadas entre diferentes indivíduos, em ambientes como igrejas, praças,
clubes, escolas, mercados, lojas entre outras localidades de encontros e
experiências presenciais.

Diante da relação ambiente e comportamento, podemos então


afirmar que nossas posturas frente a determinadas situações seguem a lógica
de causa e consequência, pois prevemos que na ausência de uma atitude tida
como civilizada, sofreríamos consequências que poderiam findar em danos
pessoais imediatos. A reprovação de um comportamento geraria exposição à
vergonha, ao ridículo, a exclusão ou ainda desencadearia reações de
agressão física e/ou verbal.

O sentimento de vergonha, por exemplo, é gerado em ―situações de


interação social nas quais as pessoas olham para trás com pesar porque
sentem que foram ‗pegas‘ fazendo (ou não fazendo) algo que elas pensam
que poderiam (ou não poderiam) ter feito.‖ (GOUDSBLOM, 2009, p.54). Assim
agimos com o cuidado de não nos expormos e de também não expor o outro
nesse desencadeamento de situações entendidas como desagradáveis e até
mesmo incivilizadas.

A vergonha é uma das razões que passamos a balizar nossos


comportamentos, um exemplo do cotidiano e que muitas pessoas já
presenciaram ou foram corrigidas dessa maneira, refere-se à repressão de
atitudes extremadas a partir do julgamento que ou outro fará, ou seja, quando
crianças ouvimos: ―que feio, pare de chorar, aquela mulher está te olhando...‖,
―a mulher está vendo você chorar‖, ―o que aquele homem vai pensar vendo
esse escândalo que você está fazendo?‖ e de exclusão ―nossa assim ninguém
vai querer ser seu amigo‖. Crescemos muitas vezes nos preocupando sobre o
que o outro achará de nossas atitudes e quais tipos de repreensão poderemos
nos expor ou seremos expostos.
27

Mas e quando essas interações interpessoais não acontecem de


maneira física, tendo um caráter remoto e sem identificação das pessoas? Na
atualidade, os nossos ambientes de interação não se restringem somente ao
entendimento tradicional (bares, restaurantes, igrejas, praças, shoppings e
etc.). Hoje, com os avanços tecnológicos contamos com o ambiente virtual,
propiciado pela internet, e sua interatividade disponível em sites de
relacionamentos, redes sociais entre outras ferramentas, desta forma

[...] O ser humano produz e utiliza os produtos tecnológicos e


termina incorporando-o às suas atividades e pensamento. Com
isso, faz de outra maneira atividades que fazia antes e,
consequentemente, muda sua vida, ou seja, sua forma de
relacionar-se com os meios natural, social e cultural. (BRITO e
PURIFICAÇÃO, 2006, p.25).

A utilidade da internet na vida dos indivíduos não possui apenas


uma função operacional de trabalho e estudos, hoje grande parte de suas
movimentações relaciona-se à comunicação, a interação entre diferentes
indivíduos, localidades e personalidades. Assim as dimensões criadas pelo
advento da internet como um local público e também privado, possibilita-nos a
considerarmos como um lócus de intensas relações sócio-culturais,
construções e reconstruções de identidades, culturas, opiniões e outros
arranjos que afloram da criatividade e raciocínio do ser humano.

O que isso indica? Indica uma nova organização de valores dentro


e fora da internet, e a partir dessa consideração é que devemos pensar sobre
diversos fenômenos que cercam esta realidade. O acesso à internet não pode
ser compreendido como algo operacional, ingênuo e livre de influências. Na
internet temos o espelhamento da vida real com uma diferença que instiga
quem observa e participa, ou seja, muitas vezes nos deparamos com
informações e imagens que representam uma mudança comportamental, que
expõe os indivíduos de uma maneira quase que impossível de ser pensada
nas interações públicas, pessoais e presenciais.

Seguindo alguns processos histórico-sociais que desencadearam o


uso de tais comportamentos, vemos a necessidade de fazer uma breve
retomada dos processos civilizatórios, trazendo considerações desde o final
28

da Idade Média até a Modernidade, desenhando assim, o alavancar desses


costumes até a fase de um relativo ―declínio‖ nos tempos atuais quanto às
interações pessoais via internet e as diversas exposições as quais os
indivíduos se submetem ou são submetidos.

Em seu livro ―O processo civilizador‖, Norbert Elias (1994)


encaminha suas análises e discussões sobre controle dos impulsos dos
indivíduos em suas relações sociais, partindo dos processos de organização
de conduta e postura praticadas nas diferentes épocas. De início, caracteriza
os padrões comportamentais da sociedade guerreira, posteriormente da
sociedade feudal, em seguida da sociedade de corte e por fim os
comportamentos a partir da ascensão da burguesia. (BRANDÃO, 2009).

Na história dos costumes Elias (1994), pontua que os processos de


construção e adequação de certos comportamentos efetivavam-se conforme a
intensificação das relações pessoais e as dependências entre os indivíduos,
assim quanto mais próxima fosse à convivência mais compostura se exigia. O
bom comportamento representava então, ―instrumentos de exclusão ou
rejeição e de inclusão e carisma grupal: indivíduos e grupos com as
qualificações necessárias são aceitos nos círculos enquanto os ‗rudes‘ – ou
seja, todos os outros abaixo na escada social – são mantidos fora‖
(WOUTERS, 2009, p. 93).

Esse autocontrole é mais um conhecimento adquirido - social e


historicamente -, de maneira progressiva e gradual, pelas mais
diversas civilizações (indivíduos e sociedades), possuindo duas
funções. A primeira função é de indicar ao indivíduo o padrão
de conduta mais adequado para a sobrevivência do homem
em sociedade. A segunda função é a de mostrar a essa
sociedade que esse indivíduo é capaz de conviver fazendo
uso dos mesmos preceitos e dentro das normas estabelecidas
socialmente. (BRANDÃO, 2009, p.88, grifos nossos).

A ―apreensão de normas, padrões de conduta, etiqueta, pudor,


decoro, protocolo, polidez, trato social, comportamento em público, controle de
emoções e busca pela abstenção de uso da violência como recurso em
relações sociais.‖ (SANTOS, 2009, p.155) figura-se como o obedecer ao que
29

―a sociedade exige e proíbe [...]‖ guiando os indivíduos a interagirem diante do


―[...] patamar do desagrado e medo socialmente instalados‖ (ELIAS, 1994b,
p.14).

No final da Idade Média, o modelo econômico da sociedade


guerreira baseado na conquista de territórios pela força bruta, é superado por
uma sociedade organizada a partir do escambo e vendas dos recursos obtidos
do cultivo da terra, as atividades para esse feito passam a ser segmentadas
mobilizando relações de interdependência entre os indivíduos, fossem nobres
ou não. Esse convívio mais próximo desencadeou a necessidade de ―um novo
e diferenciado controle das emoções especialmente no que diz respeito ao
relacionamento entre homens e mulheres.‖ (BRANDÃO, 2009, p.73). Desse
modo as relações hierárquicas não se estabeleciam apenas por questões
econômicas, mas também por padrões de comportamento, quanto mais
abastado o grupo, maiores eram as exigências de bons costumes e controle
das emoções. (BRANDÃO, 2009; SANTOS, 2009; WOUTERS, 2009).

Esse convívio mais intenso entre os indivíduos frente a um padrão


de comportamento entendido como necessário, gerou o que Elias (1994)
chamou de ―controle social‖, ou seja, mais próximas as pessoas participavam
e partilhavam o seu dia a dia e observavam-se nas diferentes situações,
reforçando a importância do bom comportamento por meio de atitudes que
demonstravam avaliar o comportamento do outro. Conforme as relações foram
se estreitando maiores eram os detalhes de decoro, o que resultou em uma
consciência e autorregulação muito rígidas, quase que automáticas até o
século XIX.

A usualidade e importância dos bons costumes vinculavam-se a


questões de poder e pertencimento a determinados grupos, ―[...] primazias,
linguagem corporal, expressões faciais, etc., sempre de acordo com
hierarquias, idade e gênero, regulavam e encobriam a competição por status
na boa sociedade.‖ (WOUTERS, 2009, p.105).

As relações de interdependência entre diferentes indivíduos


promoveram misturas sociais. Por mais que um indivíduo da corte não
30

quisesse ficar em companhia de um camponês ou pescador, expressar


repulsa representava falta de educação, e a esse julgamento ninguém queria
se expor. Assim o controlar de certos impulsos deu margem a uma re-
organização das relações, que por consequência se tornaram menos
hierárquicas, rígidas e polidas. Aos poucos no século XX, (principalmente nas
décadas de 1960 e 1970) o bom comportamento deixa de estar vinculado aos
grupos mais abastados de uma sociedade, e essa característica passa a ter
importância de maneira individual entre as pessoas. Mudanças de valores
comportamentais expressavam a informalidade entre os indivíduos.
Comportamentos pautados em firmar diferenças sociais, eram negados diante
da diversidade das relações, resultando no nivelamento igualitário das
interações. (WOUTERS, 2009).

Tanto o tipo como o grau de controle correspondem à posição


social da pessoa que os impõe, em relação à posição daqueles
em cuja a companhia está. Isto muda lentamente, à medida que
as pessoas se aproximam mais socialmente e se torna menos
rígido o caráter hierárquico da sociedade. Aumentando a
interdependência com a elevação da divisão de trabalho, todos se
tornam cada vez mais fracos. Estes últimos tornam-se a tal ponto
iguais aos primeiros que eles, os socialmente superiores, sentem
vergonha até mesmo de seus inferiores. Só nesse momento é que
a armadura dos controles é vestida em um grau aceito como
natural nas sociedades democráticas industrializadas. (ELIAS,
1994b, p.143).

Esse estreitamento/nivelamento das relações entre os indivíduos


relaciona-se com as mudanças sociais geradas principalmente pelo
aparecimento e aplicação de novas tecnologias que por consequência atingiu
setores da organização trabalhista.

Em se tratando das transformações sociais advindas das


tecnologias, serão neste capítulo estudadas com maior empenho as
mudanças a partir do desenvolvimento vinculado às necessidades de
mobilidade e comunicação, que atualmente desemboca no entendimento do
papel da internet na atualidade, fenômeno esse que representa o
estreitamento das interações: culturais, geográficas e comportamentais entre
indivíduos de diferentes sociedades.
31

1.2 Dualidade comportamental: novos espaços de socialização

Na confraternização de final de ano dos professores e seus


familiares, parte dos participantes estavam próximos da piscina
onde crianças e adolescentes brincavam entre si mergulhando e
saltando, com bolas e bóias. O burburinho deu lugar a
gargalhadas e todos ao redor e na piscina voltaram sua atenção
para um mesmo ponto: um menino, com seus 12 ou 13 anos de
idade, que tinha escolhido um pequeno espaço ao lado do
chuveiro, em frente à piscina para fazer a troca do seu calção de
banho por sua bermuda seca. Ali nu de costas para sua platéia,
que cessou suas atividades para ridicularizá-lo, trocou-se sem
perceber o que ocorria a sua volta. Após trocar-se ficou um tempo
ainda de costas, torcendo seu calção para retirar o excesso de
água, a platéia retomou suas atividades já que o menino não
percebeu e nem interpretou o ocorrido como os demais. A
situação foi finalizada quando um adulto discretamente aproximou-
se do menino, cochichou algo em seu ouvido e o retirou do local.
(GOMES, 2011).

Em comparação entre a situação presencial e a situação virtual,


vemos a mobilidade de limites nas relações. Sendo assim podemos supor
duas situações: o menino se expõe, pois não vê a reprovação da platéia, tal
como muitas pessoas na internet, onde desligar o computar ou possuir um
perfil falso tem a mesma representação que estar virada de costas. Ou ainda o
menino se expõe, pois seu nível de tolerância a vergonha e compreensão de
tal atitude é entendida como normal, assim como fazem indivíduos que
publicam na internet sem constrangimentos, entre amigos e desconhecidos,
fotos íntimas a partir de outros valores como coragem, diversão e etc.

A internet tem protagonizado mudanças comportamentais, no qual


conceitos reguladores como a diferenciação de público e privado, bem como
outros comportamentos importantes para o convívio pacífico, têm ganhado
outros limites e significados. Tudo porque, por trás de um computador e na
ausência do contato pessoal, a ânsia por conhecer e ser conhecido tem
influenciado na seleção quanto ao que o outro terá de conhecimento sobre o
eu.

Observamos então uma transposição de limites: atividades que


antes pertenciam aos bastidores da vida social ganham visibilidade ao público
32

da internet, por meio de divulgação de textos, imagens, vídeos e sons. Muitas


dessas interações se caracterizam como uma tentativa de manter um
relacionamento privilegiado ou status em um ambiente de repercussão global
como a internet.

A internet é reconhecida como um espaço democrático no que diz


respeito a postagens de conteúdos e acesso. Nenhum indivíduo precisa pedir
permissão a um órgão ou instituição para se expressar ou agir da maneira que
quiser. (CULTURA DIGITAL, 2010). Sem restrições de acesso e conteúdos,
idade e horários, os internautas navegam a partir de seu discernimento.
Valores como pudor, etiqueta, discrição entre outras posturas tidas como
pertinentes em público, são anulados diante da ausência de repressão
imediata, e mesmo que esta exista é facilmente ignorada com o desligar do
computador.

O equivocado entendimento de que na internet acessamos e


postamos conteúdos sem sermos notados, avaliados ou até identificados
vincula-se a impressão de isenção de culpa que, firma ações irresponsáveis,
inconsequentes, inconscientes e até criminosas.

Comparando o comportamento nos ambientes real e virtual,


podemos caracterizá-lo como possuidor de duas facetas: no ambiente real há
uma postura aceitável e comedida, e no ambiente virtual há uma mobilidade
de limites sobre o que será exposto e feito: consigo, com os outros e com os
conteúdos acessados e disponibilizados. O resultado é uma sociedade que
não sabe se portar na internet de modo que não esteja se expondo a riscos e
situações de constrangimentos sociais tais como: danos pessoais, intimidade
exposta ou ridicularizações.

A mudança de um comportamento incivilizado para um


comportamento civilizado entre os indivíduos é fruto de um desencadear de
transformações sociais e econômicas que não se caracterizam de maneira
retilínea e progressiva, assim como outros fenômenos sociais os valores de
etiqueta possuem seus avanços, retrocessos e estagnações.
33

Para entendermos essa transição de comportamentos lançamos


mão das considerações de Wouters (2009) que ao discutir sobre as etapas
comportamentais da teoria elisiana, conclui o aparecimento de um
comportamento por ele classificado como ―descontrole controlado‖.

O comportamento divide-se em três momentos que expressam o


tempo da sociedade e do indivíduo. A ―primeira natureza‖, que no caso é a
expressão comportamental dos nossos desejos naturais sem que haja um
autocontrole que classifique o que é aceitável ou não no convívio social, nos
impulsiona a satisfazer de imediato nossas vontades, como o exemplo dado
no início do texto sobre a menininha no mercado, que quando contrariada teve
como primeira vontade chorar, bater e gritar sem se preocupar ao que estava
se expondo e quem mais estava sendo exposto junto com ela.

A ―segunda natureza‖ seria então, a autorregulação, originária do


próprio indivíduo a partir da aprendizagem e prática dos padrões de
comportamento, as atitudes apenas são praticadas após um julgamento
quanto sua adequação ou não aos ditames de etiqueta e decoro. O sentimento
de vergonha, de exposição à ridicularização e até mesmo o medo elaborado
sobre uma ação/reação hipotética do contexto no qual o indivíduo está
inserido, são os balizadores do seu comportamento, sendo assim muitas
vezes suas vontades mais inofensivas são resguardadas pela autorregulação.

[...] como um autocontrole automático um hábito que, dentro de


certos limites, funciona também quando a pessoa está sozinha. Ao
contrário, o controle dos instintos era inicialmente imposto apenas
quando na companhia de outras pessoas, isto é, mais
conscientemente por razões sociais. (ELIAS, 1994b, p. 142-143).

Com o avanço da civilização a vida dos seres humanos fica cada


vez mais dividida entre uma esfera íntima e uma pública, entre
comportamento secreto e público. E esta divisão é aceita como tão
natural, torna-se um hábito tão compulsivo, que mal é percebida
pela consciência. (ELIAS, 1994b, p. 188).

Com o estreitamento das relações entre os indivíduos e as


possibilidades de trocas sócio-culturais entre espaços, culturas e
aprendizagens diferenciadas, os comportamentos foram flexibilizados diante
34

dos diferentes níveis de tolerância aos impulsos emocionais das sociedades e


gerações.

Esse novo comportamento, Wouters denomina como sendo a


―terceira natureza‖, que condiz com um agir/reagir em equilíbrio entre a
primeira e a segunda natureza, ou seja, os comportamentos não são tão livres
e nem tão rígidos, seria então uma autorregulação ―reflexiva/flexível‖,
balizados pelo o que autor denomina como ―regra de ouro‖.

[a] medida em que mais grupos passaram a ser representados nos


vários centros de poder e suas boas sociedades, que funcionavam
como modelos de boas maneiras, diminuiu a diferença extrema
entre todos os grupos sociais em termos de poder, hierarquia e
regulação das emoções. [...] Assim, na medida em que as
desigualdades de poder tornavam-se mais frouxas, a Regra de
Ouro e o princípio do consentimento mútuo tornaram-se um
padrão esperando de conduta entre indivíduos e grupos.
(WOUTERS, 2009, p.113).

Nesse processo, o limite de tolerância a julgamentos torna-se mais


individual do que coletivo, ao contrário das sociedades burguesas, o que está
exposto não é uma família, mas sim apenas um indivíduo. Nos espaços de
convivência real e presencial, as atitudes são medidas conforme os níveis de
tolerância e importância que cada indivíduo despende às consequências dos
seus atos, no imediato ou em um futuro próximo.

A mobilidade das pessoas no sentido espacial e social, aumenta.


Seu envolvimento com a família, o grupo de parentesco, a
comunidade local e outros grupos dessa natureza, antes
inescapável pela vida inteira, vê reduzido. Elas têm menos
necessidade de adaptar seu comportamento, metas e ideias à vida
de tais grupos ou de se identificar automaticamente com eles.
(ELIAS, 1994a, p.102)
O status comportamental passa a ter na atualidade outro tipo de
significado, honra, polidez como referências a uma classe social mais
abastada que representam um coletivo familiar dão lugar a expressões que
representam rebeldia, opinião, revolução, coragem, audácia, naturalidade,
espontaneidade individuais.

Mas na internet, com o anonimato o que fica em jogo? Até onde uma
pessoa é ela mesma? E até onde sua identidade é forjada? Na internet essa
35

―regra de ouro‖ torna-se muito mais flexível do que de costume, ou seja,


comportamentos inadmissíveis no convívio pessoal e público são admitidos no
ciberespaço.

Com a qualidade de ser atemporal e aplicável em diferentes


situações a ―regra de ouro‖ (WOUTERS, 2009), têm balizado os
comportamentos dos indivíduos, porém na condição subjetiva e hipotética.

Em redes cada vez mais densas de interdependência, formas mais


sutis e informais de comportamento demandam maior flexibilidade
e sensibilidade para perceber as nuances nas formas de lidar uns
com os outros e consigo mesmo. O aumento da auto-coação
mutuamente esperada permitiu o desenvolvimento de que
podemos chamar de ‗descontrole controlado‘. (WOUTERS, 2009,
p. 111).

Assim com essa nova postura flexível quanto às relações


interpessoais mediadas pela internet, o que é certo e errado, cômodo e
incomodo a si ou ao outro, passam a ser avaliados por dois princípios
relacionados à empatia: ―não faça aos outros, o que você não gostaria que
fizessem consigo mesmo‖ e ―trate os outros como espera ser tratado‖.

Dessa forma, a dimensão de agrado e desagrado de um


comportamento é balanceada conforme o julgamento que o indivíduo faz de
sua atitude para si próprio, e a avaliação de como o outro irá interpretar tal
atitude. O princípio da empatia está na ―capacidade de se identificar com outra
pessoa e compreendê-la emocionalmente‖ (AULETE, 2008, p.390), sendo
assim, se o agente não vê problemas em seu comportamento e o aceita de
modo tranquilo automaticamente conclui que o outro também o aceitará sem
problemas ou constrangimentos.

As possibilidades de impessoalidade, anonimato, comunicação


remota, perenidade e velocidade dão a impressão de que, o hoje encobre o
que foi feito ontem, e isso alavancou na internet um crescente liberar de
emoções antes reprimidas. A diversidade de interações entre diferentes
pessoas também firmou a informalização do trato de uns com os outros e
assim podemos observar a expressão de
36

Emoções antes reprimidas e negadas, especialmente aquelas


relacionada(s) a sexo e violência, foram ‗descobertas‘ como parte
de um habitus emocional coletivo; nesse emancipar das emoções,
muitas foram readmitidas tanto em nível da consciência como da
discussão pública. (WOUTERS, 2009, p.111).

O resultado do afrouxar de limites é a exposição de tudo o que


acontece no cotidiano do ser humano, ou seja, questões fisiológicas ganham
espaço no ambiente virtual no formato de vídeos, textos, imagens e sons. Os
relacionamentos entre indivíduos, amizade, ódio, sexo, violência, intolerâ ncia
também são expostos. Atitudes que antes representavam vergonha e falta de
civilidade, agora representam diversão, quebra de limites, superação e outros
significados que beiram a barbárie da convivência humana.

1.3 Bastidores da vida social no palco da internet

O ambiente virtual tem sido cenário de contrariedade diante dos


padrões de conduta, etiqueta e pudor ainda perpetuados de geração em
geração. Para ilustrar listaremos de maneira breve algumas das
manifestações encontradas na internet, especificamente no site de
relacionamentos chamado Orkut, que por possibilitar o uso de diferentes
ferramentas, e nos basta para exemplificar como o comportamento dos
indivíduos muda do ambiente público real para o ambiente público virtual.

Cada perfil nos sites de relacionamentos pode ser comparado a


um pequeno palco. Esse exercício até certo ponto teatral é, no
entanto, apresentado a uma audiência invisível. ‗Como não
estamos vendo nossos espectadores, somos incapazes de
observar sua reação ao que estamos fazendo e, com isso, ficamos
à vontade para nos expor mais do que seria prudente‘. (WELLMAN
apud SCHELP, 2009, p.100).

No Orkut pode-se criar um perfil, adicionar dados pessoais, inserir


fotografias, organizar coletâneas de vídeos, adicionar amigos antigos e
conhecer novos, enviar recados, obter informações através dos dispositivos de
busca, participar e criar fóruns e comunidades, participar de bate-papo e etc.
37

Nosso interesse no Orkut vincula-se aos conteúdos expostos nas


comunidades e nos álbuns de fotografias dos usuários. Essas comunidades
surgem da criatividade das manifestações espontâneas dos usuários, sendo
assim um bom espelho da realidade comportamental da qual nos propomos a
observar e refletir. Além das comunidades, o Orkut possibilita ao usuário a
organização de um álbum de fotos, o exagero da exposição cotidiana é tema
do site ―Pérolas do Orkut‖ (www.perolasdoorkut.com.br), organizadas em
categorias as fotos compõe uma coletânea que vai desde as fotos mais
criativas até as fotos que trazem para o centro da cena social comportamentos
anteriormente reservados apenas para a intimidade privada.

Desta forma, os exemplos a seguir foram conseguidos a partir de


buscas no próprio Orkut sobre as comunidades brasileiras. De maneira
objetiva usamos algumas palavras chaves de temáticas abordadas por Elias
(1994) em seus estudos sobre os manuais de etiqueta de Erasmo. Desse
modo as palavras utilizadas para as buscas foram: escarro/catarro,
defecar/coco, urinar/xixi. Já as demais imagens foram buscadas no site
―Pérolas do Orkut‖, nas seguintes categorias:

 Ooops, pequeno descuido: Pessoas que tiram fotos, mas esquecem


de conferir a foto antes de mandar para o Orkut;

 Fotos que não precisavam estar no Orkut: Algumas pessoas colocam


fotos que pelo bom senso não deveriam estar no Orkut;

Figura 3: Comunidades do Orkut, sobre catarro. Fonte:


<http://www.orkut.com.br/Main#UniversalSearch?origin=box&q=catarro&searchFor=A&pno=2>.
38

Figura 4: Comunidades do Orkut, sobre o ato de


defecar. Fonte:<http://www.orkut.com.br/
Main#UniversalSearch?origin=box&q=
defecar&searchFor=A&pno=2>.

Figura 5: Comunidades do Orkut, sobre o ato de


urinar.Fonte: <http://www.orkut.com.br/
Main#UniversalSearch?origin=box&q=xixi>.
39

Figura 6: Pérolas do Orkut: Ooops,


pequeno descuido.Fonte:
<http://perolasdoorkut.com.br/
categorias_fotos.php?categoria=18>. Figura 7: Pérolas do Orkut: Fotos que não
precisavam estar no Orkut
Fonte:<http://perolasdoorkut.com.br/
categorias_fotos.php?categoria=15>.
40

Vergonha alheia, nojo, hostilidade, vulgaridade, banalização do


respeito a si próprio e ao outro, incomodo, constrangimentos, diversão,
ridicularização, prazer fazem parte do discurso, de quem comenta sobre essas
e outras fotos no site ―Pérolas do Orkut‖.

Esses e outros sentimentos e expressões misturados nos diferentes


espaços da internet, compõem um cenário de escape dos seres humanos, lá
no anonimato, na vivência de uma personagem, os indivíduos testam e
experimentam comportamentos e sentimentos que na vida real muitas vezes
são vistos como tabus, ou seja, ações e reações negadas por determinadas
sociedades por serem contra seus valores, são deixadas de lado sem que haja
discussão ou reflexão, simplesmente repudiadas e representadas como algo
ruim, ilegal e profano.

Emoções extremadas que expõe a si e ao outro, tais como a


violência, o desejo, o ódio, o amor autorregulados na vida real, ganham
espaço de exteriorização na internet. Ver ou disponibilizar conteúdos com
esse teor representa então o escape do que não pode ser feito na realidade,
por representar uma repressão imediata no meio de convívio.

Nestes exemplos do Orkut, rituais vinculados à sexualidade e à


higiene, saem do protagonismo social para o centro de discussões e acessos
na rede, divulgar ou acessar estes e outros conteúdos, pode vir a representar
lazer, diversão, deboche, exaltação de superioridade, inferioridade ou
igualdade entre indivíduos e situações. Assim o que é na vida real restrito a
grupos, faixa etária e espaços ganha visibilidade na internet, por mais que nos
espaços reais onde ocorrem tais situações e manifestações seja entendido
como privativo.

Além do conteúdo aqui apresentado, é possível encontrar de


maneira fácil, em outros sites, arquivos de texto, áudio e vídeo, que registram
tantas outras atividades do cotidiano humano, tais como sites mórbidos e com
conteúdos violentos, que comumente vetados em mídias como TV, jornal e
revistas, são facilmente publicados e acessados na rede.
41

Em sites assim o que impera o acesso ou não é a curiosidade e


maneira como se relaciona com a apresentação do conteúdo. Como, por
exemplo, o site ―Assustador‖ (www.assustador.com.br), que apresenta em sua
página abertura a seguinte advertência:

É recomendável que apenas maiores de 18 anos, visualizem o


conteúdo deste site. Pessoas com problemas de coração e/ou que
não suportam emoções fortes, também não recomenda-se a
visualização. O Conteúdo deste site é considerado de Terror e
Realidade Marcante, portanto não nos responsabilizamos pelo que
vier acontecer com pessoas que passaram desta página. A
maioria do conteúdo deste site foi retirado da Internet, por isso,
não nos responsabilizamos e nem temos direitos autorais sobre as
imagens e textos. Caso algum conteúdo seja de sua autoria, favor
nos contatar, para que possamos remover ou colocar os devidos
direitos autorais. Se após ter lido nosso aviso ainda quiser
entrar, clique na imagem acima. (ASSUSTADOR, 2011, grifos
do autor).

Advertências assim, por vezes são interpretadas como blefe, como


desafios a si mesmo ou entre amigos, quem tem coragem de clicar e ir para a
página seguinte?

Advertência do site Cabuloso (www.cabuloso.xpg.com.br):

Antes de ver as fotos e vídeos, leia com atenção. Seja bem-


vindo ao Cabuloso.com! Esperamos que nosso conteúdo sirva
como lição de vida: tome muito cuidado no trânsito! Aqui no
Cabuloso.com mostramos exemplos de fatalidades que
aconteceram em "pegas" e distrações nas ruas. Também
mostramos exemplos de outros acidentes. Em relação aos
acidentes registrados, a divulgação das imagens está baseada na
Lei 9.503/97 (Código Nacional de Trânsito), artigos 6º, I e 14, IV,
servindo como campanha de educação para o trânsito. É proibida
a cópia ou a divulgação abusiva das fotos existentes no site,
estando o infrator sujeito às sanções da lei. Ainda que o impacto
dessas cenas possam produzir efeito educativo e até preventivo,
recomendamos com insistência que crianças e pessoas
impressionáveis não vejam o conteúdo. SITE PROIBIDO PARA
MENORES DE 18 ANOS. (CABULOSO, 2011, grifos do autor).

O incomodo, os níveis de constrangimentos e a vergonha alheia, ao


se deparar com esse tipo de conteúdo, além da preocupação com o reforço
educacional que esses conteúdos podem representar, demandou que os
próprios usuários se organizassem na busca de um bom-senso sobre os
comportamentos na rede. Por consequência de interações bem e mal
sucedidas, encontramos em comunidades do Orkut, blogs, listas de
42

discussões, fóruns e revistas a organização de tópicos, passo a passo, dicas e


listas sobre como se portar no ambiente virtual de modo a figurar boa
educação, evitando equívocos e excessos.

Esses materiais foram encontrados por consequência de nossas


buscas pelos guias e cartilhas sobre internet. Os conteúdos abordados
direcionam-se a dicas de boa comunicação e interação, dicas de inserções
virtuais para quem quer adquirir status no ambiente virtual e, há ainda os que
trazem listas hibridas com regras de comportamento e prevenção contra
exposição a riscos como roubo de dados, vírus e etc. Porém conforme nossos
objetivos nesse capítulo, iremos apenas apresentar as inserções que propõem
mudanças comportamentais na rede, conteúdos relacionados às temáticas
apresentadas no capítulo por meio das cartilhas foram descartados.

De maneira geral todas as abordagens ditas como sendo netiqueta


preocupam-se com o fenômeno da comunicação/interação entre os indivíduos.
Assim diante do que é observado e praticado na internet propomos aqui, o
exercício de conhecer por que tipo de valores algumas pessoas têm aclamado
na rede.

O que chamamos de Netiqueta nada mais é que o conjunto de


normas de conduta usadas no cotidiano para conduzir melhor as
relações humanas na Internet, tendo em vista o respeito aos
direitos e aos deveres de cada um com suas diferenças. Não
confunda Netiqueta com aquelas regras de boas maneiras para
ser mais chique ou esnobe. (SAFERNET BRASIL, 2010).

A SaferNet Brasil, listou como bom comportamento na internet as


seguintes atitudes e cuidados:

 Cumprimente as pessoas com as quais vai conversar. Nunca é


demais um Bom dia;
 Utilize poucos emoticons, tanto em salas de bate-papo quanto
nos e-mails. Eles são úteis para expressar emoções e dar uma
idéia de expressão facial e tom de voz; entretanto, podem
poluir e dificultar a comunicação;
 Evite utilizar letras maiúsculas para expressar sentimentos,
conversar ou passar e-mails: letras maiúsculas no ambiente
virtual significam falar alto ou gritar com o correspondente e
isso pode ser mal interpretado;
 Evite gírias pesadas e palavrões;
43

 Evite mensagem pública e recados: se você precisa se dirigir à


determinada pessoa, faça isso diretamente na conta de e-mail
pessoal dela;
 Não deixe ninguém esperando por resposta em chats. É
sempre legal ser educado e atencioso;
 Se quiser interromper a conversa, avise e se despeça antes de
desligar;
 Não envie aquilo que você não gostaria de receber;
 Sempre informe o assunto da mensagem de forma clara e
específica, no caso dos e-mails;
 Faça a verificação gramatical e ortográfica de seu texto. É
desagradável receber mensagens cheias de erros ou sem
pontuação correta;
 Não envie mensagens com exagero de caracteres de
deslocamento de texto, no lado esquerdo (>). Isto torna a
leitura difícil, e cada vez que um usuário re-envia ou responde
um e-mail, o texto vai sendo deslocado, provocando um
acúmulo de caracteres simbolizados por ">".
 Evite enviar arquivos grandes sem prévio conhecimento do
correspondente. Isso pode levá-lo a exceder o espaço
disponível da conta, dificultando o recebimento de outros e-
mails;
 Quando criar um blog ou um site, preze pela acessibilidade de
todos usuários da Internet. Existem recursos que, quando
implementados, proporcionam a navegação para mais
internautas, promovendo a inclusão digital. (SAFERNET
BRASIL, 2010).

Já o ―Guia de Postura em Redes Sociais‖, do I.Start em parceria


com o Movimento Criança Segura na Internet, propõe um material com ―dicas
para se construir uma boa reputação na internet‖. (I.START, 2011).

 Manifeste seu pensamento de forma responsável, respeitosa e


educada;
 Navegue com uma atitude ética, evitando publicar conteúdos
ofensivos, difamatórios ou que ridicularizem outras pessoas;
 Sempre verifique a veracidade das informações antes de
transmiti-las para evitar disseminar boatos e conteúdos falsos
ou mentirosos;
 Escolha bem as comunidades de que irá participar e evite
aquelas que possam prejudicar sua imagem e reputação agora
e no futuro;
 Assuma tudo o que fizer, pois o anonimato é proibido no Brasil.
Liberdade requer responsabilidade!;
 Se houver algum incidente ou alguém se sentir prejudicado e
reclamar a você, a melhor coisa a fazer é pedir desculpas e
retirar do ar o conteúdo em questão;
 A reputação de cada um é constituída diariamente! Os
modismos passam, mas o conteúdo fica e se perpetua. Por
44

isso, preserve sua imagem digital de HOJE e de AMANHÃ.


Seu futuro, sua carreira e sua família estão vendo você na
Web.
 Use as redes sócias em seu favor e de modo construtivo.
Inspire-se nesses princípios de boa postura digital e inspire
outras pessoas por meio de seu exemplo. (I.START, 2011).

No ―Guia da paquera virtual‖ a leitora da revista ―todateen‖, de


setembro de 2008, encontra dicas de comportamentos de como se tornar
interessante para seu paquera.

 Não escreverás errado;


 Criarás um blog ou fotolog com sacadas inteligentes;
 Abusarás da criatividade nas fotos do Orkut;
 Não espalharás fofoca alheia;
 Fugirás de comunidades queima-filme;
 Não encheras seu ―alvo‖ de tiros repetidos;
 Não abusarás do ―ausente‖ no MSN.
(TODATEEN, 2008, p.09).
As tentativas de se estabelecer um padrão de comportamento
considerado básico para as interações na internet partem do individual até se
firmarem em um coletivo de usuários, que se expressam em fóruns,
comunidades e listas de discussões.

Na busca por tornar a internet um ambiente mais agradável e de


trânsito, entre sites, mais tranquilo, sem a preocupação de se deparar com
conteúdos pornográficos, violentos, mórbidos, desrespeitosos de modo geral,
os adeptos da netiqueta usam de chamariz para novos adeptos atributos
comportamentais tais ―como se tornar interessante‖ e ―como construir uma boa
reputação‖.

Porém, ainda assim, nos esbarramos com conteúdos e atitudes que


nos provam que o modo de interpretação das pessoas sobre o espaço virtual é
bem diferente de como estas lidam com sua realidade fora dele. Assim sendo,
podemos aplicar o conceito de ―descontrole controlado‖ de Wouters na
atualidade da seguinte maneira: o descontrole dos impulsos tem um espaço
para ser expresso, na internet, o controle por sua vez é destinar momentos e
locais precisos para esse expressar, que muitas vezes conta com o anonimato
e platéia desconhecida.
45

1.4 Incompatibilidade comportamental

A criança cresce convivendo com diferentes pessoas e ambientes.


Vivência experiências em diferentes instituições e assim aprende valores,
princípios e comportamentos previamente estabelecidos como importantes ao
seu convívio com outras pessoas, durante a infância, a juventude e quando
adulta.
Os próprios espaços frequentados, com suas diferenças de um local
para o outro, seus significados e finalidades, possuem sua representatividade
entre os limites e possibilidades comportamentais, idas à igreja, praças,
escola, feiras, visitas às casas de conhecidos e desconhecidos representam
momentos de adequação comportamental.
Tais espaços de educação são fortemente regulados pelo controle
do adulto, no sentido de garantir às gerações posteriores o
aprendizado que lhes permita a inserção e civilização dentro do
seu grupo social. (SARAT, 2009 p.107).
Essa aprendizagem é um processo que ocorre diariamente,
conforme a ampliação do círculo de convivência da criança. Geralmente essas
aprendizagens surgem de situações pelas quais a criança se depara, pode ser
a partir da orientação de exemplos observados em outras crianças ou ainda a
partir de sua própria atitude, seja ela errada ou correta.

Com punições e premiações, os adultos dos diferentes espaços


socializadores vinculam as aprendizagens comportamentais a partir da
tolerância à: vergonha, exclusão, exposição ao ridículo e à violência. Para
além dessa mediação adulta a criança aprende também com seus pares: testa
os limites, as reações e as consequências de suas atitudes, tanto para si
mesma como para o outro. Porém geralmente os constructos comportamentais
são reforçados a partir de ação/reação/consequência e em grande parte estão
vinculados muito mais a experiências negativas a positivas para quem é
corrigido.

O trânsito e vivências em instituições como a família, a igreja e a


escola, compõe uma gama de preceitos de etiqueta e normas fundamentais
para as relações em sociedade, que será perpetuada às outras gerações.
46

Em qualquer época da sociedade, o bom censo coletivo leva


alguns anos para ser construído. Mais precisamente, cerca de três
gerações. A grande maioria das pessoas possui como conjunto de
valores e práticas o que aprenderam com a geração da Revolução
Industrial. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009, p. 2).

Desse modo dividimos os impulsos corporais e emocionais entre o


espaço público e privado. Quando as relações sócio-culturais não eram
divididas entre real e virtual, as aprendizagens sobre postura e etiqueta
circundavam entre valores tais como:

 Não deixar a porta aberta. Por uma questão de segurança,


uma das primeiras coisas que ouvimos tem relação com a
proteção física das pessoas e dos ambientes;
 Não devemos falar com estranhos na rua, nem passar
informações a um desconhecido ou suposto conhecido;
 Uma pessoa pode ser julgada pelas suas más companhias, ou
melhor ―diga-me com andas que te direi quem és‖;
 Preocupação com a apropriação do que é alheio, com a
própria propriedade privada. Neste sentido ouvimos, ‗não
pegue o que não é seu‘. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009, p.03).

A teoria dos processos civilizadores de Elias encaminha-se sobre a


lógica de que a organização e padronização de certos princípios
comportamentais constituem-se em conformidade com as mudanças sociais e
a necessidade de regular as interações entre os indivíduos a partir de avanços
e/ou retrocessos econômicos, educacionais, tecnológicos, habitacionais,
trabalhistas e entre outros fenômenos que estes estejam expostos.

Na atualidade não frequentamos apenas ambientes de encontros


presenciais dos quais já sabemos ou supomos quais são os comportamentos
adequados. Além das relações estabelecidas pessoalmente mediamos, sejam
por questões de trabalho, estudo ou lazer, relacionamentos em ambientes
virtuais de longo e curto prazo.

Estas relações caracterizam-se pela multiplicidade de espaços,


pessoas e culturas que se misturam e possibilitam flexibilizações
comportamentais entre os indivíduos e seus diferentes valores
comportamentais originários de suas sociedades. A partir dessa caracter ística
de mobilidades na rede, o que observamos é um constante afrouxar de limites,
para testar o diferente.
47

Frente a essa realidade, existem várias tentativas de tornar o


espaço virtual um ambiente balizado por bons costumes, mantendo a ordem e
respeito entre os internautas. A busca por este equilíbrio caracteriza-se então,
por tentativas de adequação as normas comportamentais do real para o
ambiente virtual:

 ‗Não deixe seu computador aberto: máquina ligada é como


porta aberta. No mínimo tem que bloquear o teclado, mas
sempre que possível, desligar também‘;
 ‗Cuidado ao falar com estranhos em chats, blogs comunidades:
as pessoas podem não ser o que aparentam‘;
 ‗Não pegue carona em qualquer comunidade, pois se a mesma
for investigada por alguma conduta indevida ou até mesmo
prática de crime, todos os participantes podem ser envolvidos‘;
 ‗Não copie e cole o conteúdo alheio, dizendo que é seu, pois
isso é plágio, podendo, em alguns casos ser de furto de dados
a concorrência desleal‘. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009, p.03-
04).

Porém, diante das peculiaridades de atividades, conteúdos, acessos


e formas de relacionamentos por meio da internet, essas e outras normas
tornam-se obsoletas e incompletas para o ambiente virtual. Pois ―o avanço da
tecnização reduziu as distâncias, mas o desenvolvimento do habitus humano
não segue o mesmo ritmo‖. (ELIAS, 2006, p.61).

[...] é possível observar que, de fato, um surto de tecnização vem


geralmente acompanhado de um surto de civilização. Contudo,
frequentemente também, um estágio de tecnização recém-
alcançado conjuga-se a um contra-surto, em direção à
descivilização. (ELIAS, 2006, p. 47).

O que gera o desagrado no real, ganha força e cumplicidade no


virtual, manifestações de ódio, racismo, xenofobia, homofobia, violência,
pornografia, roubo, fraudes transitam quase que livremente em comunidades,
fóruns e sites. Nessas condições de válvula de escape, os princípios e valores
da nossa geração bem como as consequências para quem não os pratica na
internet, não são o suficiente para condicionar certos comportamentos. Assim
estes aspectos indicam que ainda estamos socialmente, em um momento de
assimilação da realidade.

Por conta dessa disparidade trazida por modificações tecnológicas


que interferem diretamente nas construções das relações sócio-culturais dos
48

indivíduos, vemos hoje um crescente conflito entre o que estes fazem no


mundo real e no mundo virtual.

Com as evidências comportamentais, observadas na própria


internet, periódicos e pesquisas, podemos dizer que os comportamentos estão
divididos da seguinte maneira: na vida real esboçamos apenas emoções e
ações cabíveis a vivência pública, já emoções e ações tidas como
pertencentes à esfera privada vemos ser exposta na esfera pública virtual da
internet. Assim parte das manifestações emocionais e comportamentais do ser
humano habita dois ambientes públicos, nessa nova configuração o que está
nas normas fica na vida real e o que serve como válvula de escape da vida
real é transposto para a vida virtual. O que é da esfera pública e deve estar
longe de aparecer na cena social, ganha noções de distância nas páginas da
internet ao se desconectar sendo um indivíduo e re-conectar sendo outro
totalmente diferente.

Estar online é estar acessível, muitas vezes, a todo tipo de pessoa e


conteúdos, por isso nem sempre o bom comportamento de quem acessa é o
suficiente para mantê-lo livre de condicionantes que o envolvam em algum tipo
de risco, dano ou exposição, para além de limites comportamentais é
necessário ter conhecimento sobre as características de indicativos de dano a
si próprio ou ao outro, é preciso estar consciente de que as facilidades de se
transitar na internet possibilitam que diferentes pessoas em diferentes
condições e condutas transitem pela rede.

Nesse sentido podemos considerar a possibilidade de interagirmos


com pessoas de boas ou más intenções estando ou não sob efeito de
medicamentos, drogas, doenças, álcool e etc. Variáveis de estado emocional
e físico do indivíduos no momento de acesso à internet, influenciam como irão
interagir com demais conteúdos e pessoas, pois comprometem seu
discernimento entre o que é certo e errado.
49

1.5 Espaços civilizadores: família, igreja, escola e mídia

O controle dos impulsos do adulto é reflexo de uma educação


comportamental estruturada em diferentes ambientes de interação como já
pontuamos no item anterior. Tendo conhecimento sobre esse processo
civilizador, que tem como alvo principal as fases da infância e da juventude
dos indivíduos, resta-nos pensar como ficam as organizações
comportamentais da atualidade nas instituições: família, igreja, escola.

Está claro que há uma mudança estrutural das relações entre as


pessoas e as sociedades, e que essa mudança tem gerado um desequilíbrio,
que no caso das relações por meio da internet, tem submetido os internautas
a situações de constrangimentos sociais, além é claro de marcar um acesso à
rede mundial de computadores restrito a apenas duas ou três funções
(comunicar, pesquisar, se informar).

A partir desse pensamento, cabe agora comparar como eram


organizadas aprendizagens relacionadas a essas três instituições
socializadoras, como elas têm se configurado hoje, e quais suas perspectivas
de colaboração para se pensar uma educação dos impulsos emocionais na
atualidade. Ou seja, pensar quais possibilidades de colaboração que cada
instituição socializadora tem firmado nos constructos comportamentais para a
realidade das interações sócio-culturais por meio da internet.

Além disso, há que se considerar nesse contexto atual a


interferência educacional de uma quarta instituição, a mídia, sobretudo
televisão e internet. Assim caracterizaremos, de maneira breve, as instituições
formadoras seus modos de reforçar a importância e prática de
comportamentos vinculados a etiqueta, decoro discrição, e suas possibilidades
de colaboração para balizar a postura dessa nova geração da era digital.

A sociedade de corte absolutista foi o lócus social onde mais se


desenvolveu o controle dos impulsos e das paixões pelos
indivíduos, e de onde segundo Elias, herdamos boa parte dos
nossos costumes e padrões de comportamento que chamamos de
civilizados ou corteses. (BRANDÃO, 2009, p.75).
50

Primeiramente a transmissão de valores comportamentais que


distinguissem sobre trato social, assuntos e ações pertencentes apenas a
esfera privada, ficaram sob a responsabilidade da igreja. Assim a igreja
conduzia a educação comportamental das crianças da seguinte maneira: na
intenção de cultivar os sentimentos de vergonha como balizadores dos
comportamentos seja em companhia de outras pessoas seja sozinho, a
onipresença dos anjos oprimia o que os adultos não podiam acompanhar no
cotidiano infantil.

A pessoa bem educada sempre deve evitar expor, sem


necessidade, as partes às quais a natureza atribuiu pudor. Se a
necessidade a compele, isto deve ser feito com decência e
reserva, mesmo que ninguém mais esteja presente. Isto porque os
anjos estão sempre presentes e nada mais lhes agrada em um
menino do que o pudor, o companheiro e guardião da decência.
(ERASMO, 1530 apud. ELIAS, 1994b).

A ―[...] crença na onipresença punitiva ou premiadora de Deus teve


em si um efeito ‗civilizador‘ ou de controle de emoções‖. (ELIAS, 1994b,
p.198). Pelo vínculo ao medo e falta de estabilidade de sobrevivência os
indivíduos adotavam determinados comportamentos em detrimento da busca
por melhores condições de vida, assim a busca por uma adequação social
gerou aos poucos um convívio pacífico entre as pessoas e a adoção por bons
costumes foi tornando-se algo da prática cotidiana.

Posteriormente, com a ascensão da burguesia, o primeiro espaço de


socialização da criança passa a ser demarcado pelas relações familiares. A
boa educação torna-se referencial de status grupal, os comportamentos de um
indivíduo não representavam apenas ele e sua educação, mas sim os valores
trazidos de geração em geração do seu grupo familiar, remetendo diretamente
a expressão ―educação de berço‖.

[...] a família nuclear só aos poucos se tornou, e de forma tão


exclusiva, o único enclave legítimo da sexualidade e de todas as
funções íntimas de homens e mulheres, assim também só em um
estágio tardio ela se transformou no órgão principal para cultivar o
controle socialmente exigido dos impulsos, e do comportamento
dos jovens. (ELIAS, 1994b, p.187).

Desse modo, a criança primeiramente participa de inserções sociais


no próprio círculo familiar, posteriormente ou em paralelo participa muitas
51

vezes de espaços como igrejas. Os níveis de agrado e desagrado são


elaborados a partir dos valores aprendidos e perpetuados pelos pais, e a isso
as flexibilizações comportamentais são sujeitas, pois caso a família tenha um
nível de tolerância mais flexível a determinados comportamentos, tal qual será
o da criança e depois quando for pai poderá mantê-lo ou modificá-lo a ponto
de se caracterizar como totalmente reverso à educação que teve.

Conduta e palavras associadas pelos pais à vergonha e


repugnância são muito cedo associadas da mesma maneira pelos
filhos, através de manifestações de desagrado dos pais, por
pressão mais ou menos suave. Desta maneira, o padrão social de
vergonha e repugnância é gradualmente reproduzido no filho.
(ELIAS, 1994b, p.188).

Porém as vivencias da criança e do jovem não se limitam ao âmbito


familiar a partir de uma certa idade a criança passa a frequentar a escola, e
essa instituição passa a ser reconhecida como o segundo local de
socialização, onde os níveis de conhecimentos e práticas de boa conduta
estendem-se ao conhecimento mais profundo de leis, normas e distinção
sobre o que deve permanecer na esfera privada e o que pode ser socializado
publicamente. (SANTOS, 2009, p.156).

Na totalidade das formas de existência do ser humano, os grupos


sociais criam, de geração em geração, formas de continuidade de
transmissão de conhecimento, valores, regras, normas,
procedimentos, com o intuito de garantir o convívio entre os
homens e difundir a cultura de cada sociedade, o que ocorre por
meio da educação. (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2008, p.22).

A escola como mais um espaço de socialização conta que a criança


chegue em seu ambiente com uma pré-socialização praticada em casa,
cabendo a escola dar continuidade à esse processo com novas noções e
praticas que tende a cada vez mais se ampliar em vivências.

Conforme ocorrem modificações sócio-históricas (políticas,


econômicas e culturais), vemos o desencadeamento de processos de
modificação, reestruturação e estagnação. Frente aos avanços tecnológicos
principalmente avanços diretamente vinculados a comunicação, trouxeram
para o cenário das relações sociais mais uma instituição integrante da
construção identitária, econômica, política, cultural e educacional, a mídia.
52

[...] no mundo contemporâneo, o saber tem diferentes esferas de


disseminação e até de sua produção. Embora seja a mais
importante instituição para a socialização e atualização histórica e
científica das novas gerações, a escola já não é mais, como fora
no seu início, a única instituição de transmissão do conhecimento.
(TOSCHI, 2010. p.10).

As instituições tradicionais como, a própria escola, a família e a


igreja atualmente dividem seu espaço de ensinamentos com uma instituição,
que se apresenta cada vez mais interessante com seus recursos multimídia.
Essa composição cultural midiática e globalizada tem influenciado cada vez
mais nos comportamentos e valores dos indivíduos. Neste sentido dividir o
espaço educacional com outras esferas construtoras de conhecimentos e
valores, por vezes mais atrativas, representa para essas instituições
tradicionais a perda de um saber hierarquizado que pode ser negado,
questionado e reorganizado.

Televisão e internet compõem então mais um cenário de


aprendizagens e modificações comportamentais, sendo assim, pensando as
mídias enquanto instituições socializadoras, possuem momentos de vivência à
diversão, informação, lazer, pesquisa, humor.

Sabemos que por ser uma extensão da expressão da sociedade


assim como possuem espaços para a construção de conhecimentos e
comportamentos válidos às relações interpessoais, sabemos também que
possui vez ou outra um descompromisso com todos esses valores. Um site e
uma emissora preocupam-se com seus conteúdos, mas clicando ali ou
apertando outro canal os conteúdos podem até desconstruir os anteriores.

Tanto internet quanto televisão organizam-se por políticas de


audiência e nem sempre audiência e qualidade de programação e conteúdos
caminham juntos. E por isso devemos pensar no espaço cada vez maior que
essas mídias têm na rotina dos indivíduos, quais oportunidades de
aprendizagens de socialização estão sendo firmadas.

Trazendo o papel dessas quatro mídias para a organização e


perpetuação de constructos comportamentais da atualidade, é necessário
53

então pensar qual o papel de cada uma em colaborar para uma formação
socializadora direcionada para a interatividade por meio da internet.

É vista a necessidade de uma educação voltada para a


websociabilidade, ou seja, uma educação comportamental para que os
indivíduos tenham consciência e responsabilidade sobre o que fazem na
internet, uma educação que permita aprender a identificar e prevenir-se
quanto aos riscos e faça conhecer os limites e potencialidades, sobretudo
educacionais da internet.

O desafio não é simples, pois cada instituição traz uma tradição que
é anacrônica as necessidade e configurações da atualidade. Em meio a
família, escola, igreja e mídias a educação socializadora modifica-se conforme
a instituição, frente aos fatos de riscos e constrangimentos vivenciados por
indivíduos, percebemos que essas instituições tem possibilitado uma
educação socializadora que contempla tão pouco as relações interpessoais
presenciais.

Pensar cada instituição e seu papel para a websocialização hoje, é


se deparar com as seguintes situações: a família não tem condições de dar
conta dessa educação sozinha, já que por parte dos pais podemos elencar
diferentes situações de interação entre esse conhecimento e a educação do s
filhos. Na família há o desconhecimento sobre a funcionalidade do computador
e da internet, e nem sempre são todas as famílias que têm condições de ter
um computador com internet para acompanhar o acesso de seus filhos.

Quem da família conhece e sabe manipular computador e internet,


raramente possui tempo disponível para pensar ou ensinar sobre riscos e
potencialidades, porém quando faz inserções educativas em um determinado
momento, não há um processo contínuo de aprendizagens e experiências.

A igreja ou os espaços de religiosidade, hoje já não possuem mais


uma representatividade forte como antigamente, onde as pessoas eram
tementes a Deus e acreditavam em sua intervenção sob o julgo de práticas
profanas. Hoje as pessoas não limitam certos comportamentos por
acreditarem estar na companhia de seus anjos ou demônios. Os espaços de
54

manifestações religiosas na atualidade, vinculam-se a práticas voltadas para


contemplação espiritual, equilíbrio, meditação sobre as ocorrências rotineiras,
além disso, esses espaços contam com determinados preceitos
comportamentais aprendidos no âmbito familiar, assim seguindo o que foi
ensinado no âmbito familiar dão continuidade apenas a uma educação voltada
para a vivencia em sociedade real e não virtual. Questões ligadas ao respeito
religioso nas práticas diárias, raras são as vezes que funcionam como
balizadores comportamentais.

A mídia possui sua parcela de influencia educacional tem


compartilhado e disseminado valores, normas, conhecimentos,
comportamentos e critérios identitários influentes nas socializações entre os
indivíduos. ―As mensagens veiculadas pela cultura das mídias se constituem
de um conjunto de símbolos, mitos e imagens que dialogam com a vida
cotidiana e a vida imaginária de todo nós‖. (SETTON, 2010, p.108)

Recentemente temos observado o uso da televisão para


conscientizações sobre os riscos da internet, em 2010 começou a ser
veiculado nos intervalos comerciais das principais emissoras brasileiras, um
vídeo da SaferNet Brasil com a seguinte abordagem ―Na internet é assim.
Você nunca sabe com quem está falando‖ em parceria com o Ministério
Público. No começo de 2011 outro vídeo produzido pela SaferNet Brasil foi ao
ar, desta vez com a temática ―Identificar os criminosos na Internet não é
simples‖.
55

Figura 8: Imagem capturada (00:00:21‘) do vídeo ―Na internet é assim.


Você nunca sabe com quem está falando‖, Safernet Brasil, 2010. Fonte:
<http://www.youtube.com/watch?v=3AJAKXwXW_s>.

―Todo cuidado é pouco na hora de enviar fotos, vídeos ou bater


papo pela internet ... Na internet é assim. Você nunca sabe com
quem está falando‖ (SAFERNET BRASIL, 2011).

Figura 9: Imagem capturada (00:00:19) vídeo: ―Identificar os criminosos na


Internet não é simples‖, SaferNet Brasil, 2011.
Fonte:<http://www.google.com.br>.

— Ele... ele tinha um sorriso irônico... O rosto era meio redondo.


Dos olhos eu lembro bem... Ele tem um olhar forte. (garota
depondo para elaboração de um retrato falado).
— Vamos buscar esse elemento! É esse o cara? (delegado)
— É! (garota confirma após ver desenho)
—Você tem certeza? (delegado)
―Identificar os criminosos da internet não é simples...‖
(SAFERNET BRASIL, 2011).
56

A emissora Globo também dedicou dois programas para abordar


algumas práticas e fenômenos da internet, no seriado ―A Grande Família‖
(apresentado nas quintas-feiras após a novela) Lineu, o patriarca da família,
vivenciou dias de vício em internet, já o seriado ―S.O.S Emergência‖ (exibido
durante uma temporada aos domingos, após o Fantástico) abordou a temática
Sexting, onde uma enfermeira tipicamente estereotipada tirava de si fotos
sensuais e publicava na internet causando alvoroço no hospital. Além disso, a
temática envolvendo os riscos e constrangimentos sociais causados pelo uso
inconsciente e irresponsável da internet foram temáticas abordadas no
Fantástico, Jornal Nacional e Jornal Hoje.

Seja em vídeos, programas humorísticos ou em telejornais, por mais


que valoramos a importância de iniciativas como estas, ainda assim, essas
informações e dicas comportamentais não são suficientes para que sejam
assimiladas e praticas no cotidiano, tudo por que a adoção de determinados
comportamentos vincula-se a um processo contínuo e repetitivo de firmar
valores sociais, e relacionam-se principalmente em ação/reação/consequência
e constante reforço entre o que é certo e errado.

Até o momento as análises feitas das instituições, família, igreja e


mídia demarcam possibilidades de educação fragmentadas, inconstantes e
breves. Informações que têm intenção de mudar um comportamento devem
ser mais completas e contextualizadas, prevendo que fará parte de um
processo que tem como característica a longa duração.

A escola por sua vez em suas práticas educacionais adere


aprendizagens e internet, ainda que tenha suas limitações, justamente pela
ausência de bons modos de seus alunos na rede, ainda é um espaço em
potencial para direcionar aprendizagens para a websocialização.

O internet possibilita experiências positivas e negativas, devemos


avaliar então que, a adoção de certos comportamentos e valores partem da
interpretação do indivíduo frente a um dado conteúdo. Muitas vezes o desvelar
de determinadas situações ocorrem a partir do conhecimento e entendimento
57

que possuímos. Por isso da importância de chamar o espaço escolar para


mediar e orientar o acesso à internet, pois

[...] a leitura dos signos disseminados pela tecnologia da


reprodução cultural se alicerça na leitura do mundo proporcionada
pela educação (ZILBERMAN; SILVA, 1999 apud. MELO; TOSTA,
2008, p.80). Tanto maior o domínio dos códigos e mais
oportunidade tem o cidadão para entender o mundo em que vive.
Naturalmente a própria vida enseja mecanismos de apreensão do
significado da cultura que nos rodeia. Mas é inegável que a
sistematização do conhecimento proporcionado pela escola amplia
as chances de participação na sociedade e do usufruto dos
benefícios disponíveis. Quanto mais escolarização, mais opções
de intervenção no cotidiano, e melhores expectativas de bem-
estar. (MELO; TOSTA, 2008, p.80).

A escola não pode ficar alheia aos processos sócio-culturais, porém não
deve estar sozinha ao abordar o que vivenciamos na internet. Estar alheia é
ignorar novas formas de aprender e construir conhecimentos.

E como toda tecnologia, o computador e a Internet também podem


ser usados de forma ética ou não, podem controlar ou emancipar,
podem formar ou adequar, podem ensinar ou desvirtuar. Por tudo
isso, e por muito mais, é que se considera que a escola não pode
ignorar o que está se passando entre estas tecnologias e seus
alunos. (TOSCHI, 2010. p.10).

Por mais que a escola divida seus espaços com outras maneiras
de construir e disseminar aprendizagens, ainda sim é indiscutível a
importância e abrangência que seus ensinamentos possuem para a sociedade
e seus indivíduos. Nessa dinâmica escola e mídias, a relação com a internet
deve ser pensada de modo a agregar valores e diferentes possibilidades de
ter e construir o conhecimento. Pensando assim propomos uma formação
contínua e institucionaliza referente ao uso consciente, responsável e seguro
da internet, que a longo prazo possibilitará o uso mais racional das
potencialidades educacionais e culturais da rede.

Buscamos assim, não o confronto entre essas quatro instituições,


que hoje compõe os espaços de aprendizagens de crianças, jovens e adultos,
mas sim a partir de suas características da atualidade educar em colaboração
de modo que as quatro em parceria possibilitem a organização de um novo
processo civilizador para a websocialização.
58

[...] as mídias revelam-se então como espaços educativos na


medida em que são responsáveis pela produção de uma série de
informações e valores que ajudam os indivíduos a organizar suas
ideias [...] E, como a prática pedagógica, como ação docente, as
mídias falam com alguém, exprimem uma ideia, um conteúdo, têm
intenção de transmitir, divulgar conhecimentos, habilidades e
competências. (SETTON, 2010, p.9).

A partir de leituras de documentos nacionais balizadores das


práticas educativas, encontramos em alguns volumes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, Ensino Fundamental e Médio, seções destinadas a
inserção das mídias e tecnologias como ferramentas educacionais importantes
para a construção de aprendizagens.

Nos PCN - Ensino Médio, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias,


a temática sobre informática é abordada da seguinte forma: primeiramente são
feitas considerações históricas sobre os avanços tecnológicos, a chegada e
uso dos computadores na escola, as demandas profissionais do mercado e o
ensino instrumentalizado dos alunos, pontuando críticas sobre o marketing
das instituições, feito a partir da construção de laboratórios de informática. Na
sequência são elencadas as ―Competências e Habilidades a serem
desenvolvidas em Informática‖:

Representação e comunicação
 Construir, mediante experiências práticas, protótipos de
sistemas automatizados em diferentes áreas, ligadas à
realidade, utilizando-se para isso de conhecimentos
interdisciplinares.
 Reconhecer a Informática como ferramenta para novas
estratégias de aprendizagem, capaz de contribuir de forma
significativa para o processo de construção do conhecimento,
nas diversas áreas.

Investigação e compreensão
 Identificar os principais equipamentos de Informática,
reconhecendo-os de acordo com suas características funções
e modelos.
 Compreender as funções básicas dos principais produtos de
automação da micro-informática, tais como sistemas
operacionais, interfaces gráficas, editores de textos, planilhas
de cálculos e aplicativos de apresentação.
59

Contextualização sócio-cultural
 Conhecer o conceito de rede, diferenciando as globais, como a
Internet, que teriam a finalidade de incentivar a pesquisa e a
investigação graças às formas digitais e possibilitar o
conhecimento de outras realidades, experiências e culturas
das locais ou corporativas, como as Intranets, que teriam a
finalidade de agilizar ações ligadas a atividades profissionais,
dando ênfase a trabalhos em equipe.
 Compreender conceitos computacionais, que facilitem a
incorporação de ferramentas específicas nas atividades
profissionais.
 Reconhecer o papel da Informática na organização da vida
sócio-cultural e na compreensão da realidade, relacionamento
e manuseio do computador a casos reais, seja no mundo do
trabalho ou na vida privada. (BRASIL, 2000, p.63).

O que se observa é um despontar de possibilidades que enveredam


para dois lados, aprendizagens e práticas institucionais relacionadas a
conhecimentos técnicos e operacionais, que representam ações e
conhecimentos usados como meios para se chegar a um segundo objetivo: as
aprendizagens contextualizadas com o fenômeno da informática na sociedade.

Porém o constatado é que o discurso introduzido no item


―Contextualização sócio-cultural‖, temática central dos nossos estudos
relacionados a internet, tem sua base de ensino e aprendizagem superficial,
que não oportuniza para compreensões e interpretações sobre as novas
configurações entre os indivíduos e a internet. A contemplação do fenômeno
da internet nas suas características sócio-culturais resultaria, no corpo do
documento, na organização de parâmetros relacionados a busca por
potencializar o uso da internet para as aprendizagens não apenas
relacionadas às pesquisas mas também na própria compreensão
comportamental que sua inserção cotidiana tem trazido para os diferentes
setores sociais.

Reconhecer a internet como parte integrante de transformações e


mediações entre indivíduos, bem como os constructos de aprendizagem, seria
prever no documento uma abordagem transversal, onde os acessos ao
computador e à internet não se limitariam à realização de tarefas escolares,
mas comporia também estudos relacionados a fenômenos de transformações:
sociais, culturais, geográficas e econômicas engendrados a partir da internet.
60

Uma aprendizagem é considerada como transversal quando possui

[...] natureza diferente das áreas convencionais. Tratam de


processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade,
pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em
seu cotidiano [...] São questões urgentes que interrogam sobre a
vida humana, sobre a realidade que está sendo construída e que
demandam transformações macrossociais e também de atitudes
pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos
relativos a essas duas dimensões. (BRASIL, 1998a, p.26).

Até a atualidade são reconhecidos como temas transversais: Ética,


Trabalho e Consumo, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e
Orientação Sexual. Os temas transversais são escolhidos a partir de noções
sobre: urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e
aprendizagem no ensino fundamental, favorecimento a compreensão da
realidade e a participação social.

Desses critérios apresentados no PCN – Apresentação dos Temas


Transversais de 1998, elencamos dois que justificam a atualização do
documento e inserção da temática websocialização nas aprendizagens e
aplicações do cotidiano escolar:

Urgência social
Esse critério indica a preocupação de eleger como Temas
Transversais questões graves, que se apresentam como
obstáculos para a concretização da plenitude da cidadania,
afrontando a dignidade das pessoas e deteriorando sua qualidade
de vida.

Favorecer a compreensão da realidade e a participação social


A finalidade última dos Temas Transversais se expressa neste
critério: que os alunos possam desenvolver a capacidade de
posicionar-se diante das questões que interferem na vida coletiva,
superar a indiferença e intervir de forma responsável. Assim os
temas eleitos, em seu conjunto, devem possibilitar uma visão
ampla e consistente da realidade brasileira e sua inserção no
mundo, além de desenvolver um trabalho educativo que possibilite
uma participação social dos alunos. (BRASIL, 1998a, p. 25-26).

Seguindo a lógica destes dois critérios, abordar conhecimentos e


posturas quanto à websocialização, torna-se pertinente ao ambiente
educacional, já que acessar a rede sem um conhecimento prévio sobre seus
riscos e expondo-se a eles representa ―obstáculos para a concretização da
61

plenitude da cidadania, afrontando a dignidade das pessoas e deteriorando


sua qualidade de vida.‖ Além disso abordar aprendizagens do currículo
agregando questões sócio-culturais e demais fenômenos da internet
representa possibilitar aos alunos a ―[...] capacidade de posicionar-se diante
das questões que interferem na vida coletiva‖ e ―[...] possibilitar uma visão
ampla e consistente da realidade brasileira e sua inserção no mundo‖
potencializando o uso da rede para diferentes aprendizagens e interações.

O mundo vive um acelerado desenvolvimento, em que a


tecnologia está presente direta ou indiretamente em atividades
bastante comuns. A escola faz parte do mundo e para cumprir sua
função de contribuir para a formação de indivíduos que possam
exercer plenamente sua cidadania, participando dos processos de
transformação e construção da realidade, deve estar aberta e
incorporar novos hábitos, comportamentos, percepções e
demandas. (BRASIL, 1998b, p.138).

A expansão da internet pelo Brasil iniciou em 2005, de lá para cá


seu uso na escola ainda caracteriza-se apenas para comunicação, pesquisa e
busca de informações. Os documentos consultados datam de 1998 e 2000,
porém trazem em seus textos considerações que deixam claras as
possibilidades de novas adequações curriculares frente a desafios e
mudanças sociais, que interfiram direta ou indiretamente na construção
educacional e cidadã de seus alunos.
CAPÍTULO II
ACESSOS E EXCESSOS NA INTERNET
Figura 10: ―As crianças podem aprender muitas coisas sobre a Internet.
IG Control Pais.Tornar a Internet um lugar seguro‖.
Fonte: http://roupanovaral.wordpress.com/2008/07/15/neogamabbh-torna-a-internet-mais-segura/.
Acesso em: 20 mar. 2011.
CAPÍTULO II
ACESSOS E EXCESSOS NA INTERNET

As interações por meio da internet proporcionam diferentes


experiências que, de modo geral, podem ser caracterizadas de duas maneiras :
a primeira refere-se a experiências vinculadas as potencialidades, entendidas
aqui como o uso da internet de maneira a avançar em temas de educação,
desenvolvimento humano, promoção da cidadania e bem-estar. Já a segunda
experiência, refere-se aos riscos que os brasileiros se expõem durante o
acesso à internet. Deste viés surgiram materiais e informações importantes,
nesse sentido foram utilizados dados de periódicos em meio virtual, jornais e
revistas (Giro Ibope, Revista Veja, Veja Onlie, Jornal Folha S. Paulo e etc.) de
abrangência e importância nacional. As buscas consistiram em acessos aos
portais desses periódicos nas seções sobre: ―internet‖, ―informática‖ e
―Tecnologia de Informação e Comunicação‖.

Foram feitas ainda pesquisas no buscador Google com palavras-


chave tais como ―riscos da internet‖, ―fraudes na internet‖, ―roubos de dados‖,
―perigo das redes sociais‖ entre outros links que apareciam dos próprios
resultados.

Além de dados sobre o que há de positivo e negativo na internet,


apresentamos nesse capítulo iniciativas importantes e criativas originárias da
percepção quanto a necessidade de se haver orientações para um ―bom
comportamento online‖, destinados a pais, professores, crianças e
adolescentes com a temática sobre o acesso responsável da internet. Na
oportunidade trazemos ao conhecimento do leitor considerações referentes a
esses materiais (guias, cartilhas e manuais) com orientações em formato
digital para download (gratuito), encontradas em sites de busca
(www.google.com.br e www.bing.com.br) com o uso do filtro ―imagens‖ e a
frase: ―uso responsável da internet‖.
65

2.1 Contextualização: a internet no Brasil

O acesso à internet no Brasil data de 1988, por meio de iniciativas


de comunidades acadêmicas como a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (FAPESP) e o Laboratório Nacional de Computação
Científica (LNCC) do Rio de Janeiro. No ano de 1989, por iniciativa do
Ministério de Ciências e Tecnologia, criou-se a Rede Nacional de Pesquisas
(RNP), que teve por objetivo coordenar a disponibilização de serviços e
acesso à internet, por meio de conexões fornecidas primeiramente às
instituições acadêmicas, que colaborariam com a implantação da internet por
todo o Brasil, a começar com a disponibilização do sinal para 11 capitais e
estender posteriormente em pólos entre as regiões brasileiras.

Em 1994, no mês de dezembro, iniciou-se a exploração comercial da


internet, a partir de um projeto-piloto, proposto pela Embratel, com o acesso à
internet fito por linhas discadas. Já então no século XXI, compreendido como
a era da informação, a era digital, a internet deixa de pertencer somente a
institutos de pesquisa e instituições acadêmicas. A partir do ano de 2005,
houve um intenso crescimento quanto ao acesso da população brasileira a
computadores conectados à rede, a partir de então, começamos a assistir e a
participar do fenômeno das atividades cotidianas mediadas pelo uso do
computador com conexão à internet.

O campo de atuação do computador não se circunscreve apenas


ao de um instrumento de trabalho; ele se metamorfoseia num
aparelho que possibilita: a realização de encontros sociais e
particulares, o processamento e a transmissão de dados, a
elaboração de atividades de trabalho e de diversão, televisão e
comunicação, concentração e dispersão, ser ignorado ou ser
percebido, a ponto de todas essas potencialidades se tornarem
indiscerníveis entre si. (ZUIN, 2008).

As possibilidades de se ter ou usar um computar e posteriormente


por meio dele acessar a internet, bem como os usos a partir disso, reorientam
o entendimento que o computador tinha até então. A partir da função e
frequência de atividades desenvolvidas o computador com acesso a internet
passa a representar um mecanismo que encurta distâncias, que mantêm ou
66

cria novos vínculos afetivos, que atualiza, comunica, que ensina e explica e
etc. Assim observamos que é crescente o interesse em usá-lo nas mediações
de atividades cotidianas. Segundo dados da PNAD/2008 divulgados pelo
IBGE, no ano 2007 o quantitativo de residências com computador era de
26,5%; desses, 20% com conexão; e em 2008 a posse de computadores nas
casas atingiu 31,2%, representando 17,95 milhões de domicílios, sendo que
desses, 23,8 % conectavam-se à internet.

Podemos destacar que o aumento do acesso à internet vincula-se a


abertura de centros públicos de acesso pago, como ilustrado no gráfico 1 a
seguir.

Gráfico 1: Local de acesso individual à internet

FonteFonte: CETIC.BR, 2008.

Analisando o gráfico 1 verificamos que os centros públicos de


acesso pago caracterizam-se como uma alternativa para quem não tem
condições de comprar um computador (12.116 domicílios sem computador),
ou ainda para quem o tem, porém sem conexão a rede (1.266 domicílios sem
acesso à internet). (CETIC.BR, 2009). È interessante notar que, por mais que
haja centros de acesso público gratuito à internet, o gráfico apresenta-nos que
o maior percentual de acesso é feito nos centros públicos de acesso pago de
2005 a 2008, talvez esse acesso em maior percentual se dê ao fato de não
67

haver um controle rígido quanto ao tempo e finalidade de acesso, velocidade


do serviço e etc. tal como ocorre no trabalho, na escola e em casa.

Desse modo os frequentadores de Lan Houses têm à disponibilidade


computadores conectados à internet via banda larga com velocidade razoável
e custo baixo, porém com tempo de acesso controlado em horas. Do público
que frequenta as Lans, 49% são indivíduos de 10 a 15 anos e 46% têm idade
de 16 a 24 anos. (NIC.BR,2008).

A expansão e adaptação da utilização do computador com acesso à


internet para facilitar e/ou possibilitar a execução de determinadas atividades,
muitas vezes impossibilitadas por distância entre outros fenômenos, está vez
mais sendo valorizada, é o que percebemos ao analisarmos algumas
iniciativas governamentais que barateiam o custo de computadores ou ainda
vislumbram a expansão da banda larga no território brasileiro a partir da
liberação de recursos arrecadados desde 2001, pelo Fundo de
Universalização das Telecomunicações (FUST). (LULA, 2010).

Um exemplo de como aos poucos vamos adequando a


possibilidades de serviços via internet refere-se ao reconhecimento por parte
do próprio governo, que tem disponibilizado serviços online do próprio
governo, como entrega da declaração do imposto de renda, requisição de
título de eleitor e outros serviços públicos disponíveis na rede. (GINDRE,
2008).

O acesso à internet se dá também em diferentes ambientes e é


resultado de iniciativas ligadas ao programa de ―Inclusão Digital‖, em que são
previstos por parte do governo a construção de centros públicos de acesso
gratuito, distribuição de computadores às instituições escolares, implantação
na grade curricular da informática e redução do valor dos computadores para
compra.

Há ainda, organizações não governamentais e movimentos sociais


que se mobilizam pelo mundo, reivindicando o direito à comunicação e
deixando claro que esse direito deve ser incluído na categoria de direito
humano inalienável, ou seja, como parte daquilo que constitui nossa própria
68

humanidade, exigindo que a internet seja reconhecida como meio de


comunicação e que seja oferecida gratuitamente pelos governos, afim de que
a população tenha o direito de comunicar-se. (GETSCHKO, 2008).

Quanto ao acesso à internet chegamos às seguintes marcas: a


PNAD 2005 contabilizou cerca de 32,1 milhões de pessoas acessavam a
internet. Em 2008 o acesso, segundo o IBOPE/ NetRatings, chegou à marca
de 41,5 milhões de internautas (IT WEB, 2010), essa marca cresceu no
segundo trimestre de 2009, quando o IBOPE registra a existência de 64,8
milhões de pessoas com acesso à internet em qualquer ambiente.

Dessa maneira no decorrer de quatro anos, a internet deixa de ser


compreendida como um serviço direcionado apenas a atividades e espaços de
trabalho e estudo ausentes de residências e fora de utilização, se não, para as
duas finalidades mencionadas. A inserção de computadores com acesso à
internet nas residências pode ser visualizada também no gráfico 2 ―Domicílios
com acesso à internet por região do Brasil‖.

Gráfico 2: Domicílios com acesso à internet por região do Brasil

Fonte: CETIC.BR,2008.

Com a democratização do acesso à internet, sem definições quanto


a finalidade e tempo de navegação na rede, principalmente em centros de
acesso público pago e em residências, as possibilidades de utilização e
criação de diferentes serviços e hábitos aumentaram.
69

A inserção cada vez maior do uso da internet no cotidiano das


pessoas é constatada na pesquisa do IBOPE Nielsen Online (2009), sobre o
quantitativo de tempo que o brasileiro se dedica ao acesso à internet, grande
parte desse acesso não se vincula apenas a atividades relacionadas ao
trabalho ou ao estudo, sobre vinculam-se as mais variadas formas de
entretenimento, como apresentada na tabela 2.

Quando consideradas as horas de navegação, chegou-se à marca


de 44h59min e, quando incluídos ao tempo de navegação o acesso à
aplicativos da rede, o tempo aumenta para 69h55min. por mês. Colocando o
período de navegação do brasileiro em um ranking de mais nove países, o
Brasil é o país onde, por pessoa, soma-se mais horas diante do computador
navegando na rede, sendo a última colocada a Suíça com 32h27min.

Tabela 1: Tempo de navegação por pessoa,


Acesso à internet no trabalho e em domicílio.

Tempo de navegação por pessoa,


Acesso à internet no trabalho e em
domicílio
País Tempo de uso
total
Brasil 71h30min.
Estados Unidos 67h33min.
Reino Unido 59h56min.
França 58h19min.
Japão 66h55min.
Espanha 53h09min.
Alemanha 55h35min.
Itália 45h50min.
Austrália 42h15min.
Suíça 32h27min.
Fonte: IBOPE, Julho de 2009.

Das regiões brasileiras, 11% dos internautas da região Sul ficam


plugados na internet mais de 31h por semana, quando o acesso dura 1h por
dia as regiões equilibram-se: Sudeste 6%; Nordeste 7%; Sul 4% Norte 7% e
Centro-Oeste 5%. Com os percentuais mais altos sobre acesso com duração
de 1h a 5h por dia fica em primeiro lugar o Norte com 59%, na sequência, o
Nordeste com 57%, e Sudeste com 55%. (NIC.BR, 2008).
70

Elencando dados relativos à faixa etária e maior percentual de


acesso à internet em horas, vislumbra-se que os usuários de 10 a 15 anos
somam-se em 64% acessando a rede de 1h a 5h por semana. Outro extremo
de acesso e também de idade pertence aos internautas de 60 anos ou mais,
que representam 59% dos acessos feitos de 1h a 5h por semana. Para o
mesmo período de acesso, estão cerca de 53% de usuários com idade 16 a
24 anos, 54% de 35 a 44 anos e 47% de 45 a 59 anos. (NIC.BR, 2008).

A maioria dos acessos à internet, 83,2% (IBGE, 2008), se justificam


pela necessidade de comunicação entre as pessoas. As possibilidades da
internet têm modificado nossas maneiras de comunicação, além da fala e da
escrita outros recursos são utilizados para a interação e atualização com
relação ao outro: usamos fotos, músicas e vídeos caseiros e os
disponibilizamos em sites de relacionamentos, redes sociais ou em e-mails.

Tabela 2: Tempo de navegação por pessoa/mês:


finalidade do acesso.

Tempo de navegação por pessoa: finalidade do


acesso

Ferramentas Digitais Tempo de Acesso


acessadas jun. 2009

Mensagens Instântaneas 07h15min.


Comunidades 04h17min.
E-mail 02h47min.
Jogos 02h29min.
Fabricantes de Softwares 01h33min.
Portais 01h29min.
Buscadores 01h11min.
Adulto 01h03min.
Ferramentas de Internet 00h58min.
Vídeos e Filmes 00h58min.
Fonte: IBOPE Nielsen Online.

Das preferências exibidas no gráfico 3, sobre as finalidades de


acesso (PNAD, 2005/2008), aparece uma mudança quanto as finalidades de
acesso do ano de 2005 para 2008. O acesso em 2005 era direcionado para
fins educacionais e em 2008 o acesso foi direcionado para a comunicação
entre as pessoas.
71

Gráfico 3: Finalidade de acesso à internet: população 10 anos ou mais de idade

Finalidade de acesso à internet (%)


população 10 anos ou mais de idade

Com unicação com outras pessoas 83,2


68,6

Atividade de lazer 68,6


54,3

Educação e aprendizado 65,9


71,7

Leitura de jornais e revistas 48,5


46,9

Busca por inform ações e outros serviços 25,5


24,5

Com pra ou encom enda de bens ou serviços 15,4


13,7
Interação com autoridades públicas ou de 15,2
órgãos do governo 27,4

Transações bancárias ou financeiras 13,1


19,1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

2005 2008

Fonte: IBGE-PNAD 2005/2008.

Segundo Martins e Leal na matéria ―Você já usou o Twitter?‖, para a


Revista Época de março de 2009, o fenômeno explosivo dos sites de
relacionamentos traduzem-se em milhões de usuários, MSN (fundado em
1999) com 300 mil usuários, Facebook (fundado em 2004) com 175 mil
participantes, MySpace com 130 mil usuários, Orkut (fundado em 2004) com
45 mil perfis, e o crescente Twitter (fundado em 2006) com 6 mil usuários.

Já Diogo Schelp, na reportagem para a Revista Veja de julho de


2009, com a reportagem de capa ―Sozinhos.com?‖, afirma que as redes
sociais concentram 29 milhões de brasileiros por mês e que, para cada quatro
minutos na rede, um é dedicado para visitar o perfil de algum amigo. (IBOPE
Nielsen Online apud SCHELP, 2009).

Segundo o IBOPE Inteligência, a partir de uma pesquisa feita em


janeiro de 2009, com 600 participantes de um evento de tecnologia em São
72

Paulo, destes, 90% dizem fazer uso da internet como consumidores,


colaboradores ou ainda produtores de conteúdos, cerca de 87% dos
entrevistados possuem perfil em algum site de relacionamento e, deste total,
17% atualizam o perfil pelo menos uma vez por dia.

Dos internautas que participam de sites de relacionamento (Orkut,


Facebook, MySpace), 77% têm idade de 10 a 15 anos, faixa etária que não
deveria compor o número de participantes, já que os sites são para maiores
de 18 anos. Em seguida, 82% têm de 16 a 24 anos; 63% de 25 a 34 anos de
idade, e 53% é o número de participantes de 35 a 59 anos. Há ainda 22% de
perfis de internautas com 60 anos ou mais. (NIC.BR, 2008).

Outro percentual alto refere-se ao uso de serviços que possibilitam a


comunicação por mensagens instantâneas. Sendo que no Brasil, os serviços
de comunicação instantânea, são usados por 61% da população, um desses
meios é o uso de portais de voz, ou vídeo conferências, totalizando 17%,
mesmo percentual para quem faz a criação ou atualização de blogs ou
páginas da internet.

A comunicação por e-mail é marcada por adultos, 83% são enviados


por pessoas de 16 a 34 anos de idade, 73% das pessoas que fazem uso do
correio eletrônico tem 60 anos ou mais, e pessoas entre 35 anos e 44 anos
totalizam 79% de usuários desse serviço.

Sobre as atividades de entretenimento ou lazer desenvolvidas no


ano de 2008, optamos pelos dados do CETIC.BR, trazendo os percentuais das
finalidades referente ao Brasil, bem como a faixa etária em destaque de
percentual maior que utilizam esses serviços disponíveis em rede.

Assim, ao que se refere ao acesso com a temática lazer elenca-se


assistir a filmes ou vídeos, total 49% de acessos, sendo que essa atividade é
da preferência de internautas de 16 a 24 anos; jogar jogos online, 44% da
população e, desse total, 69% são pessoas de 10 a 15 anos; leitura de jornais
e revistas praticada por pessoas de 60 anos ou mais, totalizando 59%, e com
58% o público de leitores entre 25 e 32 anos de idade.
73

Tabela 3: Atividades desenvolvidas na internet: Lazer

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA INTERNET: LAZER

Fazer/atualizar blog ou fotoblog

simulação ou realidade virtual


Fazer o download de filmes,

Fazer o download de jogos


Assistir a filmes ou vídeos

Outras atividades de lazer


Participar de ambiente de
Divulgar filmes ou vídeos
músicas ou softwares
Ler jornais e revistas

Jogar jogos on-line

Assistir à televisão

na Internet
Ouvir rádio
Percentual (%)

TOTAL BRASIL 49 47 44 43 32 20 15 15 15 9 2
SUDESTE 47 43 45 41 31 22 13 15 13 10 2
REGIÕES

NORDESTE 45 49 47 48 28 21 14 13 16 10 2
DO PAÌS

SUL 59 54 41 43 43 19 24 20 18 8 2
NORTE 43 52 39 43 25 14 15 8 16 10 1
CENTRO-OESTE 51 48 38 42 33 16 13 10 12 3 2
De 10 a 15 anos 49 24 69 38 23 23 12 12 11 9 1
De 16 a 24 anos 59 49 46 50 39 24 18 19 18 12 2
ETÁRIA
FAIXA

De 25 a 34 anos 45 58 33 42 35 18 15 14 15 7 2
De 35 a 44 anos 38 52 29 36 26 16 13 11 14 7 2
De 45 a 59 anos 34 53 24 36 25 10 15 8 10 8 2
De 60 anos ou mais 24 59 18 20 12 11 15 7 2 2 5

Fonte: NIC.BR-set/Nov. 2008.

Dos recursos disponíveis, o rádio em tempo real soma 43% das


audições da população, e desse total 50% são da faixa etária entre os 16 e 24
anos, ouvir rádio pela internet é ter a possibilidade de escutar estações de
outras regiões do país e não somente a local. Em tempo real também é
possível assistir à televisão, atividade praticada por 18% das pessoas entre 16
e 24 anos de idade, sendo possível ter acesso de maneira gratuita (e ilegal) às
programações de TVs por assinatura, 9% desse mesmo público usa o acesso
para participar de ambientes de simulação ou realidade virtual.

Quanto aos downloads de jogos, esses expressam o total de 20% do


acesso e são em maioria praticados por indivíduos de 16 a 24 anos de idade,
32% dos downloads são de filmes, músicas e softwares. Atualizações ou
elaboração de blogs ou fotoblogs e divulgação de filmes ou vídeos somam
19%.
74

Quando o uso da internet volta-se para busca de informações, a


idade do público aumenta. Das informações relacionadas à saúde ou serviços
de saúde 55% dos acessos contabilizam pessoas com 60 anos ou mais; a
preocupação com emprego e distribuição de currículos é marcada por 40% da
população de 25 a 34 anos; e a busca por informações sobre viagens e
acomodações é feita por pessoas de 45 a 50 anos, somando 35% das buscas.

Na atualidade temos à nossa disposição, a partir de um clique,


mapas, fotografias, animações, vídeos, músicas, reportagens, livros, revistas,
jornais, artigos, museus, bibliotecas, tutoriais etc., sendo assim, as buscas
referentes a pesquisas escolares totalizam 66% do acesso, as buscas por
informações de cursos de graduação e pós-graduação ou curso de extensão
totalizam 22% dos acessos, sendo alvo de interesse de pessoas de 35 a 44
anos. Em seguida, 10% pesquisam a possibilidade de fazerem um curso
online; buscas por livros disponíveis em bibliotecas ou até mesmo downloads
de materiais online somam 21% dos acessos referentes à educação.

Tabela 4: Atividades desenvolvidas na internet: treinamento e educação

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA INTERNET: TREINAMENTO E EDUCAÇÃO

Checar a
Buscar
disponibilidade
Realizar informações Outras
de livros na Fazer
atividades/ sobre cursos atividades
Percentual (%) pesquisas de graduação,
biblioteca/ cursos
relacionadas à
fazer o download online
escolares pós-graduação educação
de material
e de extensão
online

TOTAL BRASIL 66 22 21 10 1
SUDESTE 63 22 20 11 1
REGIÕES
DO PAÍS

NORDESTE 72 22 22 8 1
SUL 56 17 19 7 -
NORTE 80 27 32 11 1
CENTRO-OESTE 72 25 20 11 -
De 10 a 15 anos 85 3 13 4 -
FAIXA ETÁRIA

De 16 a 24 anos 70 25 23 10 1
De 25 a 34 anos 58 32 27 13 1
De 35 a 44 anos 55 24 20 11 2
De 45 a 59 anos 37 20 18 10 1
De 60 anos ou mais 22 5 10 5 1
Fonte: NIC.BR-set/Nov. 2008.
75

Tabela 5: Atividades desenvolvidas na internet: busca de informações e serviços online.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA INTERNET - BUSCA DE INFORMAÇÕES E SERVIÇOS


ONLINE

ou a serviços de saúde
sobre bens e serviços
Procurar informações

Procurar informações

Procurar informações

Procurar informações
relacionadas à saúde

Buscar emprego/

sobre viagens e
enviar currículo

Procurar outras
entretenimento
relacionadas à

acomodações
diversão e ao

informações
Percentual (%)

TOTAL BRASIL 60 50 33 28 23 5

SUDESTE 60 50 33 33 25 6
REGIÕES DO PAÍS

NORDESTE 58 43 26 26 15 4
SUL 64 57 33 20 24 4
NORTE 57 46 37 26 20 5
CENTRO-OESTE 63 54 38 26 26 5
De 10 a 15 anos 58 17 11 5 6 5
FAIXA ETÁRIA

De 16 a 24 anos 67 50 31 36 22 4
De 25 a 34 anos 59 64 43 40 28 6
De 35 a 44 anos 52 66 42 29 32 7
De 45 a 59 anos 52 66 50 22 35 5
De 60 anos ou mais 44 63 55 10 32 11
Fonte: NIC.BR-set/Nov. 2008.

Das possibilidades de serviços financeiros destacam-se as consultas


à conta corrente, poupança ou cartão de crédito. A procura por esses serviços
é realizada por 25% das pessoas com 35 a 44 anos; 22% do acesso é feito
por pessoas de 25 a 34 anos, e os usuários de 45 a 59 anos somam 28% do
acesso a esses serviços. Já as transações são feitas apenas por 9% da
população brasileira.
76

Tabela 6: Atividades desenvolvidas na internet: serviços financeiros

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA INTERNET - SERVIÇOS FINANCEIROS

Consultas (Conta Transações


Corrente, (Pagamentos,
Percentual (%) poupança, cartão de investimentos, transferências
crédito) etc.)
TOTAL BRASIL 14 9
SUDESTE 18 11
NORDESTE 8 3
REGIÕES DO PAÍS SUL 12 7
NORTE 12 6
CENTRO-OESTE 14 10
De 10 a 15 anos 1 -
De 16 a 24 anos 10 5
FAIXA ETÁRIA De 25 a 34 anos 22 15
De 35 a 44 anos 25 16
De 45 a 59 anos 28 19
De 60 anos ou mais 19 10
Fonte: NIC.BR-set/Nov. 2008.

Das atividades da internet voltadas para a compra ou encomenda de


serviços ou mercadorias destacam-se a aquisição em lojas virtuais de
equipamentos eletrônicos (30%), em seguida livros e jornais com 28% do
acesso, e com 24% a compra de produtos para a casa ou eletrodomésticos.

A distribuição de acesso à internet na região Centro-Oeste organiza-


se da seguinte maneira: apenas 20% da população no ano de 2008 tinham
acesso à rede, os outros 79% que não tiveram acesso, o justificaram pelo
custo alto tanto do computador quanto do serviço de internet e domicílio,
afirmando que não possuem interesse em adquirir conexão (56%). 44%
afirmaram não ter interesse em adquirir um computador por não achar
necessário. Dessa maneira, dos 20% de acesso à internet, 44% foi feito em
centros públicos de acesso pago.

Ainda assim a região do Centro-Oeste, segundo a PNAD 2008,


destaca-se quanto ao tipo de conexão com um investimento pesado por parte
dos usuários, somando na pesquisa o maior índice de banda larga, com 79%
das conexões existentes dentre as regiões.
77

Já no estado do Mato Grosso do Sul verifica-se que 39% da


população utilizam a internet, e 27% não têm esse acesso. Ainda no ano de
2008, 27,2% da população do estado afirmaram não ser necessário o acesso
à internet, e 27,8% disseram não acessar por não terem os conhecimentos
necessários ao uso. Dos locais de acesso 42,4% são feitos em domicílio,
29,9% no local de trabalho, 24,5% em estabelecimentos de ensino, e 41,5%
em locais e acesso público pago.

Dentre as oito atividades elencadas pelo questionário da PNAD


2008, o estado destaca-se em percentuais altos nas seguintes categorias:
80,9% se entretêm diante do computador comunicando-se com outras
pessoas, 67% praticam atividades de lazer, e 46,9% preferem ler revistas e
jornais na rede.

Com o advento da internet muito mudou e ainda irá mudar quanto às


maneiras de interação entre os sujeitos. Vemos o horizonte se expandir,
assistimos e participamos aparentemente de dois mundos que muitas vezes
se fundem e se completam. Na internet temos acesso à diversos conteúdos,
informações e ferramentas, praticamos ou temos notícias de coisas inusitadas
-- como saber por meio de mensagem instantânea do Twitter quando saiu a
primeira fornalha de pão francês de uma padaria (ferramenta utilizada por uma
padaria da Inglaterra) --, compram-se roupas, flores, assiste-se à televisão, e
pessoas trabalham o dia todo conectadas à ela.

Com tantas possibilidades de uso, torna-se difícil pensar na nossa


existência sem as tecnologias de informação e comunicação, quem dirá então
sem a internet. Sobre o perfil de uso e disponibilidade da internet no Brasil
podemos traçar dois grupos de conteúdos, um voltado para adultos, e outro
voltado para um público infantojuvenil; e de todas as possibilidades de
atividades disponíveis na rede, duas se destacam: as de entretenimento e as
de informação.

A cada dia a rotina frenética, principalmente dos grandes centros,


nos motivam a utilizar as facilidades e comodidades da internet. Os produtos
que compramos, as lojas em que entramos, as empresas que contratamos,
78

esses e outros serviços, em sua maioria, possuem para além do telefone de


contato um e-mail, um chat ou home page. Essas dinâmicas interativas
estabelecem novas relações entre os indivíduos, onde colaboração e
protagonismo compõem o cenário sócio-cultural da internet. Sem dúvidas essa
é uma importante qualidade da internet, comunicar-se, expor, compartilhar,
opinar, possuir autonomia entre tantas outras habilidades fazem da internet
um meio de aprendizagens importante.

2.2 Acessos: as potencialidades da internet

É importante frisar que a internet possui duas faces, a bem sucedida


atestada por diversos trabalhos científicos que incentivam seu uso como uma
ferramenta de aprendizagens dentro e fora do ambiente escolar. Dedicamos
então, esse espaço à apenas algumas práticas por meio da internet que
tenham sua positividade na convivência e aprendizagem dos indivíduos que se
unem para utilizar das potencialidades da rede.

A Internet permite que surjam novos focos de interesse comum


que podem ser desenvolvidos e nutridos sem que haja
necessidade de deslocamento freqüente. Antigamente nossa
comunidade era o nosso bairro, Hoje, além de nosso bairro,
nossas comunidades são os nossos interesses coletivos com
outros seres humanos, estejam onde estiverem. (NEVES, 2007, p.
215).

Por meio de reportagens e pesquisas atestamos que a internet é um


meio virtual que cada vez mais conquista usuários no Brasil e no mundo. Em
um computador com acesso à rede aglomeram-se diferentes funções que
ampliam, melhoram e agilizam muitas de nossas atividades diárias. Quando
bem utilizado, o acesso à internet propicia ao usuário momentos de
aprendizagem, comodidade e entretenimento.

Igrejas, bancos, papelarias, restaurantes, padarias, escolas,


hospitais, clubes e todos os espaços sociais se articulam e trocam
informações via redes. Através delas, você pode pagar contas,
contratar serviços, reunir-se com amigos, realizar atividades de
trabalho, participar de grupos e comunidades diversas, jogar com
79

parceiros virtuais, namorar, ver vídeos e filmes, ouvir músicas e se


divertir, e muito mais. (KENSKI, 2010, p.37).

O acesso fácil e rápido a diferentes recursos como editores de texto,


imagem, vídeo e som, tutoriais, simuladores, jogos, informações e serviços em
geral, permite que o navegador tenha condições de criar autonomia e ir à
busca do que verdadeiramente lhe interessa.

Estamos vivendo uma nova era, em que transações comerciais


são realizadas de maneira globalizada, ao mesmo tempo, entre
organizações e pessoas localizadas nos mais diversos cantos do
planeta. Cientistas de todo o mundo se reúnem virtualmente para
realizar pesquisas e discutir resultados. Grandes volumes de
dados são transmitidos, transferidos de lugares distantes em
questão de segundo, transformando o planeta numa imensa rede
global. (KENSKI, 2010, p.40).

A união do computador com a internet e seus meios de comunicação


tem gerado grandes oportunidades de socialização e aprendizagem dentro e
fora de ambientes educacionais. Dessa interação surgem dados interessantes
quanto ao aprimoramento de habilidades, como é o caso do uso de sites de
relacionamentos que reúnem pessoas com interesses em comum, sendo,
então, um espaço de ação e reflexão sobre diferentes temas.

[A] Internet é um excelente ambiente para as crianças


aprenderem, conversarem com os amigos e pesquisarem. Para o
pesquisador norte-americano Steven Jonhson, o computador e a
internet, além de conter muitas informações científicas e culturais,
estimulam capacidades cognitivas importantes. Isso porque o
[computador] tem uma estrutura de manipulação de informações
multitarefa, que instiga o usuário a explorar o ambiente através do
mouse. Johnson acredita, e não está sozinho, que o
entretenimento eletrônico de hoje está deixando nossas crianças
mais inteligentes. (GVT; CDI, 2010)

É o caso noticiado na Folha de S. Paulo online sobre a comunidade


do Orkut ―Nossos Romances Adolescentes‖. Trata-se de um grupo de
adolescentes que superaram as expectativas quanto ao interesse pela leitura
e escrita, atividades antes entendidas como passíveis de esquecimento diante
de tantas outras possibilidades de entretenimento na rede. A comunidade foi
criada com o propósito de socialização e publicação, de livros escritos pelos
membros que usam o computador para a literatura, praticando a criatividade e
a escrita:
80

Douglas, 16, está escrevendo o último livro de sua trilogia. Maria


Eugênia, 14, acaba de terminar o seu primeiro romance e já
começou a redigir o segundo. Nilsen, 18, está revisando o seu
livro de estréia e, enquanto não o publica, abastece seus leitores
com contos [...] Enquanto não caem nas graças de uma editora,
eles colocam os textos em uma comunidade no Orkut que já tem
mais de 3.000 participantes. (REWALD, 2010).

A comunidade foi criada por uma estudante de jornalismo de 18


anos de idade, que, com ajuda de seus amigos, responsáveis pela
manutenção do espaço, escolhem os capítulos de livros que serão publicados.

Nossas mediações feitas por meio do computador com conexão à


internet revelam nossas leituras e representações do mundo e de nós
mesmos, assim, nesse movimento de comunicação criativa usamos para dar
notícias de nossas vidas vídeos caseiros, fotografias, músicas, poemas,
poesias, trechos de livros, diário digital etc. e configuramos uma vitrine digital
de fatos selecionados das nossas experiências de vida. Cria-se, assim, um
mundo de download e upload de informações, culturas, valores, identidades
etc.

Outro exemplo quanto às potencialidades do uso da internet como


meio de ampliar as possibilidades de aprendizagem envolve uma iniciativa
escolar que utiliza de serviços de blog e Twitter por professores que postam
conteúdos das aulas bem como tarefas, textos para leitura voltados para o
ENEM e vestibular. (ARRAIS, 2009).

Conteúdos voltados para a aprendizagem também são


disponibilizados em sites especializados com professores de plantão para o
usuário tirar dúvidas quanto a tarefas escolares. Os conhecidos portais
educacionais dispõem de mapas, bibliotecas virtuais, artigos, enciclopédias
entre outros meios de informação e suas dinâmicas são simples: em alguns
destes portais existem até a presença de professores que sanam as dúvidas
de estudantes apropriando as informações conforme idade/série.

Muitas escolas que possuem salas de tecnologias e um público de


alunos mais abastado estão contratando esses serviços com o custo de cerca
de 10 reais por aluno, estes por sua vez ganham senhas para acessar o
portal. O único cuidado deve relacionar-se com um hábito de comodismo que
81

pode surgir devido a facilidade de término das tarefas escolares com o apoio
desses profissionais. (BUCHALLA, 2009)

2.3 Excessos: os riscos da internet

Quem poderia imaginar que [...] trabalho, diversão, amigos,


fantasias, sonhos, medos, curiosidades e até [...] crimes
pudessem ser agrupados simultaneamente em uma única
máquina? Isso tudo é possível, basta um computador conectado à
internet. (CASTILHO, 2009).

A internet facilitou tanto o mundo das boas ocorrências como


também entusiasmou ações voltadas para consequências ruins. A falsa ideia
de anonimato no imensurável mundo virtual encorajou muitos internautas a
desenvolverem atitudes ofensivas e criminosas.

A impressão de que se pode fazer o que quiser na internet, sem que


se seja percebido e punido, faz com que os sujeitos identifiquem o espaço
como um ambiente de ―coexistência em dois mundos‖ (CASTILHO, 2009,
p.13) real/virtual e certo/errado, ultrapassando o que é moral, legal e ético.

Para além de questões comportamentais que se vinculam à etiqueta


ao usar a rede, muito do que ocorre com os usuários e que se caracteriza
como algo ruim tem vínculo com informações pessoais postadas, em especial,
em sites de relacionamentos.

Dessa liberdade de expressão desenfreada resultam as ofensas


virtuais, que se classificam como calúnia, injúria e difamação, que são crimes
contra a honra de usuários ou empresas, e que podem ter consequências
reais, quando gerado boletim de ocorrência contra o agressor, resultando em
aplicação de penalidades ou multa. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009). Trata-se
então dos excessos do acesso na rede, quando os usuários perdem noções
de exposição pessoal própria e do outro, ultrapassando os limites da livr e
expressão que tem seu fim quando atinge a honra do outro.

Na vida real quando temos um comportamento em público que é


reprovado pelos costumes e valores sociais, presenciamos uma crítica, um
82

olhar diferente, uma advertência verbal de quem nos acompanha ou está ao


nosso redor, despertando sentimentos de vergonha e/ou arrependimento. Já
na vida virtual a ausência de retorno crítico significativo e imediato ou ainda a
ausência de uma punição também imediata sobre o que é postado na rede,
encoraja o usuário a ter comportamentos de comunicação com outras pessoas
sejam conhecidas ou desconhecidas atípicos para ambientes de convívio
público real.

Uma vez que um conteúdo é postado, dificilmente será retirado da


rede sem que hajam mais cópias dele espalhadas por sites, blogs e etc.,
assim, as facilidades de duplicação e disseminação de conteúdos exigem que
o usuário pense muito bem antes de postar qualquer conteúdo.

Sobre os riscos e crimes da internet, podemos classificar os


indivíduos da seguinte maneira: existem os usuários que são passivos aos
riscos disponíveis em conteúdos agressivos e impróprios, nesse caso
caracterizam-se como vítimas (crianças e adolescentes ingênuos e adultos
desinformados) que disponibilizam dados pessoais, endereços e telefones,
informam sobre locais onde frequentam, lugar e período onde estudam ou
trabalham, postam imagens de fachada de casa ou trabalho etc. E ainda
existem os usuários com intenções imorais e/ou ilegais, caracterizados como
agressores, que podem agir trazendo dano ao outro por pura diversão ou para
benefício próprio, como por exemplos, aplicação de fraudes, roubos de senhas
e etc.

Dessas informações pessoais divulgadas na internet, a pesquisa da


SaferNet Brasil, de 2009, destaca que 21,87% dos usuários divulgam seu
nome, 11,47% divulgam seu sobrenome, e 14,01% divulgam a data de
aniversário. Das informações que podem vir a comprometer a segurança
pessoal, existem usuários que divulgam suas preferências totalizando 12,95%,
3,68% divulgam escola e clube que frequentam, 2,05% divulgam número de
celular, 0,64% divulgam na rede telefone fixo e 1,03% divulgam endereço.

Sobre a divulgação de imagens pessoais de caráter íntimo enviadas


por e-mail, MSN ou sites de relacionamento, somam-se que 3,94% publicaram
83

mais de cinco vezes esse tipo de conteúdo, 5,93% o fizeram apenas uma vez,
1,94% publicaram fotos íntimas pelo menos cinco vezes e 88,19% afirmam
nunca terem postado fotos desse caráter na internet. (SAFERNET BRASIL,
2009).

Os expostos aos riscos são pessoas que acessam e-mails suspeitos


em nome de empresas que não costumam usar esse tipo de serviço para
comunicar-se com seus clientes, pessoas que acreditam ter sido, de alguma
forma, sorteadas a ganharem prêmios, pessoas que preenchem fichas para
receber uma grande quantia em dinheiro, pessoas que compram em sites sem
marca de segurança, que caem em golpes de preços baratos etc. Enfim, são
pessoas que muitas vezes caem em círculos de crimes sem saberem, como é
o caso de correntes de e-mails, em que não se conhece o emissor, porém,
como o propósito do e-mail é ser repassado para diversos contatos, o
indivíduo o manda sem saber que possui conteúdos ocultos como vírus e
softwares que capturam dados de computadores e remetem ao computador de
origem.

Já o outro perfil, condiz com usuários conscientes do que fazem, e


praticam ações de agressão contra outros usuários ou acessam e/ou
produzem conteúdos impróprios e os disseminam. São pessoas que se
sentem à vontade para expressarem intolerância religiosa, racismo,
neonazismo, pornografia infantil, maus tratos contra animais, xenofobia,
apologia e incitação a crimes contra a vida, homofobia, roubo de dados,
postagem de conteúdos violentos, ciberbullying entre outros.

Com relação às diferentes situações desagradáveis possíveis de


vivenciar na internet, usuários em pesquisa da SaferNet Brasil destacam que
dos principais riscos a que eles se expõem estão roubo de dados com 29,01%
das opiniões, 24,17% dos usuários entrevistados dizem que um dos maiores
riscos relaciona-se com a interação de adultos mal-intencionados, 17,78%
apontam os conteúdos violentos ou criminosos, o ciberbullying destaca-se
com 16,05% e, por fim, receber vírus representa 11,14% dos riscos da
internet.
84

[...] as leis abrangem os comportamentos das pessoas, seja no


mundo real ou virtual, pois não importa o meio utilizado para a
manifestação de vontade. Um exemplo disso é o caso do artigo
121 do Código Penal, que trata do crime homicídio [...]. Na lei não
há menções sobre qual seria a forma de matar, com qual arma
matar, ou seja, matar é crime e este fato independe de como
ocorreu o ato. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009, p.5).

Para exemplificar o exercício da lei nas ocorrências reais e virtuais


as autoras, citam que na intenção de matar alguém uma pessoa pode entrar
em um hospital e desligar os aparelhos de alimentação de oxigênio de sua
vítima, praticando um homicídio. Mas se a pessoa no lugar de puxar os fios do
aparelho de oxigênio da tomada o fizer acessando um computador e o
desligando remotamente o crime estará feito do mesmo modo já que a
intenção manifestada foi a de causar a morte.

Diferente de um crime no mundo real, o virtual deixa muitos rastros,


isso por que a cada conexão que há entre um computador e outro ocorre uma
identificação automática que fica gravada no disco rígido das máquinas, sendo
possível ter o registro do que foi acessado, baixado e disponibilizado na rede.

2.4 Os crimes digitais

Os crimes digitais relacionam-se a duas possibilidades: 1º ―ações


que podem ser consideradas crime, mesmo que praticadas por
desconhecimento‖ e 2º ―ação ou omissão que nos deixe vulneráveis como
vítimas de possíveis criminosos‖. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009, p.6).

Neste item do capítulo iremos apresentar casos reais relacionados a


essas duas possibilidades de crime, primeiramente iremos apresentar
situações onde o internauta ingenuamente se insere em uma ação criminosa
sem saber que participa e cria vínculo tal qual um criminoso, esses exemplos
foram retirados de livros específicos sobre Direito Digital e Crimes Digitais que
buscam cumprir com o papel de informar e prevenir sobre essas ocorrências.

Um exemplo é sobre os e-mails de corrente, esses com histórias


engraçadas ou de reflexão e que no final da mensagem aparecem com um
85

recadinho ―para que seus desejos se realizem repasse essa mensagem para
tantas pessoas da sua lista de contatos.‖ Nesses casos muitas vezes a
pessoa que te enviou essa mensagem não sabe que nela tem embutido um
vírus ou outro programa que pode danificar o computador.

Nos casos em que ocorre este problema as pessoas que enviaram


o vírus podem sofrer processo por crime de dano, que significa
nada mais que destruir, inutilizar ou estragar coisa alheia, previsto
pelo artigo 163 do Código Penal. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009,
p.7).

Outra situação é referente à calúnia

Se a calúnia ocorrer através de um e-mail distribuído na Internet,


todas as pessoas que tiveram recebido o e-mail e passarem para
frente podem ser envolvidas em co-autoria. Pois há previsão legal
que diz que na mesma pena incorre, sabendo que é falsa a
imputação, a propaga e divulga. (PINHEIRO; SLEIMAN, 2009,
p.10).

Os demais casos a serem apresentados condizem com ações de


indivíduos que praticam o crime de maneira consciente, na busca por
benefício próprio ou ainda na tentativa de prejudicar o outro. Para tanto foram
feitas buscas nos sites de periódicos, a partir da palavra chave ―crimes na
internet‖.

Nesses sites encontramos informações tanto de casos brasileiros


como também de outros países, porém não tivemos acesso aos endereços
denunciados nas reportagens, pois o próprio periódico explica que, seria
incorreto e antiético expor os endereços de sites muitas vezes desativados,
porém relacionados com atividades ilícitas como o terrorismo e venda de
drogas e medicamentos proibidos. Quebrar o sigilo e divulgar esses
endereços seria uma irresponsabilidade, frente à verdade de que os
conteúdos podem ser acessados por qualquer tipo de pessoa desde um
pesquisador até um indivíduo que tem pré-disposição em cometer crimes.
Divulgar endereços relacionados a atividades ilícitas seria fazer publicidade,
influir e compactuar com as mesmas.

No Brasil, em 2005, na busca por denúncias de racismo na internet,


promotores de São Paulo, encontraram grande parte das acusações, 80%, em
86

comunidades do Orkut. Na época estimava-se que cerca de 265 mil


participantes do site eram membros de comunidades que incitavam a violência
contra minorias e discriminações sexuais e raciais. (COUTINHO, 2005).

Das incitações contra a vida, há grupos que se unem para se


fortaleceram em um ideal de que a solução para as mazelas da vida está em
abandoná-la, assim, em pactos coletivos firmados na internet, japoneses
combinam suicídio. Além desse fator, ainda existem blogs que dão dicas
quanto a venenos, pílulas e outros métodos indolores para o suicídio. (NEIVA,
2006).

Dentre as possibilidades de comunicação na internet, nos Estados


Unidos, por exemplo, há quem contrate pessoas para trabalhar na distribuição
criminosa de códigos invasivos, são comandos que funcionam por meio de
links via e-mail, assim, a cada mil links clicados que dão início ao download do
software criminoso, o empregado recebe um pagamento condizente a 180
dólares. O FBI julga que no ano de 2008 os crimes causados por meio da
internet somaram cerca de 264 milhões de dólares de prejuízo por indivíduo
nos EUA. (FOLHA S.PAULO, 2010).

É possível encontrar na internet recrutamento para aspirantes ao


terrorismo, existem sites de organizações originárias do Oriente Médio,
Europa, América Latina e Ásia, esses endereços são frequentemente
mudados, o que dificulta o rastreamento eletrônico por parte das autoridades.
As disseminações de suas ideologias são feitas por meio de sites, e as salas
de bate-papo são utilizadas para o planejamento dos ataques. Ativistas do
grupo Hamas, por exemplo, usam as salas de bate-papo para ensinarem a
confeccionar e utilizar explosivos. A Al Qaeda publica manuais de treinamento
para os militantes e ainda dispõe de simuladores e jogos que operam
treinamentos virtuais. (CARELLI, 2004).

Além de ensinamentos quanto à fabricação de bombas há ainda


sites que informam endereços de onde comprar drogas, números e senhas de
cartões de crédito, ensinam como grampear telefones e utilizá-los para
87

ligações interurbanas, e ainda como acessar, de maneira clandestina,


provedores privados.

2.5 Imprudências na comunicação e informação

“Estamos mais acessíveis, mais acessados e mais expostos.‖


(PINHEIRO; SLEIMAN, 2009, p.01). Navegando na rede, escondidos atrás do
computador, pessoas encontram maior facilidade para conversar, desabafar,
se exibir, confabular. Na vitrine virtual, o que agrada e desagrada fica exposto
sem cerimônias e aí está mais um fenômeno recorrente, a falta de senso de
exposição própria e do outro, bem como o uso de informações.

Os membros de comunidades encontram entre depoimentos,


enquetes e recados força para continuarem com as atividades de interesse em
comum do grupo, assim essa união pode representar um incentivo tanto para
práticas positivas quanto para práticas negativas. Podemos aqui citar duas
comunidades do Orkut que corrompem normas de saúde: uma é a ―Pró-Ana‖
comunidade composta por meninas que praticam a anorexia e com
perseverança apóiam umas as outras a ficarem de jejum à base de água
durante dias. Outro exemplo é a comunidade ―Pró-Ana e Mia‖ que apóia a
prática da bulimia com discursos que caracterizam essa prática como sendo
um estilo de vida. (PEREIRA, 2007).

Quando o assunto é o acesso a sites relacionados a saúde e


doença, as buscas por informações muitas vezes resultam em um bom
relacionamento entre médico e paciente, pois a partir de leituras, em sites
recomendados e seguros sobre o assunto, o paciente compreende melhor as
explicações e ainda tem maiores possibilidades de perguntar e esclarecer
suas dúvidas.

Um dado relevante é que muitos destes sites podem conter


indicações e informações desconexas com a realidade do doente, que por
muitas vezes entra em atrito com o médico, questionando a eficácia do
tratamento ou até a veracidade do diagnóstico comparado com as informações
88

encontradas na rede. Existem casos de que pessoas deixam de ir ao médico


por automedicarem-se sob influência dos resultados de busca. (BUCHALLA,
2005)

Muitos sites que disponibilizam esse tipo de informação advertem


seus usuários quanto à responsabilidade das informações ali postadas. Esse é
o caso da enciclopédia livre Wikipédia.

Figura 11: Notificação: Enciclopédia Livre Wikipédia, pesquisa sobre a "Dengue". Fonte:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Aviso_m%C3%A9dico>.

Ainda assim, os acessos às informações sobre saúde auxiliam


muitas pessoas que têm ou conhecem alguém que possui alguma doença
rara, sendo possível organizar, entre outras pessoas interessadas no tema,
encontros e fóruns para debater sobre dificuldades, avanços e tratamentos
sobre uma dada doença. Em 2005 calculou-se que dos acessos feitos com
certa regularidade, mais de 10 milhões condiziam com buscas sobre doenças
específicas, posteriormente destacam-se o interesse por tratamentos, dietas e
nutrição. (BUCHALLA, 2005).

Outros espaços virtuais dedicam-se à venda de trabalho intelectual,


que no caso abrangem desde tarefas escolares a trabalhos acadêmicos, o
cliente solicita os dados da tarefa ou trabalho, lhe é cobrado um valor, depois
de pronto basta efetivar o depósito bancário e o cliente recebe por e-mail o
conteúdo encomendado.

Quanto às exposições em rede, as preocupações circundam


principalmente as de cunho vexatório, que condiz ao ciberbullying, prática
voltada para intimidação e exposição do outro ao ridículo de maneira
89

repetitiva, que muitas vezes pode extrapolar para agressões para além da
internet.

Uma pesquisa realizada em fevereiro de 2010 pela SaferNet, aponta


que de 2.160 internautas participantes da pesquisa 16% foram expostos ao
ciberbullying, e 38% disseram conhecer alguém que foi vítima dessa
agressão. (CARPANEZDO, 2010). No Brasil as consequências desse tipo de
agressão não chegam a casos extremos como em outros países, onde as
vítimas cometeram suicídio depois de entrarem em quadro de depressão.

2.6 Algumas iniciativas para o uso responsável da internet

Observamos que a interação humano/internet/humano é integrante


do cotidiano, e a fazemos muitas vezes sem pensar nos caminhos, rastros e
armadilhas que nos expomos a cada clique do mouse. Ignoramos que as
regras de convivência e sobrevivência da vida real são flexíveis e válidas aos
nossos comportamentos no mundo virtual.

O que se observa na internet, sem generalizações, é o encontro dos


―desavisados‖ com os ―mal-intencionados‖. Os conteúdos disponibilizados na
internet não são controlados, seu acesso não depende nem de horário e nem
de idade, está disponível para quem procura ou vê sem intenção, seja criança,
adulto, adolescente ou idoso.

A (indiferença) do acesso às informações na internet em relação à


identidade, idade e formação nivela todos os usuários e
provedores. Não há necessidade de treinamento ou formação
específica para acessar e manipular a informação, ao contrário, na
internet se dá a ruptura com as fontes estabelecidas do poder
intelectual e se abre o acesso e a manipulação da informação, há
interação e comunicação direta entre autores e leitores. Abrem-se
espaços também para que todos possam ser autores e trocar
informações e conhecimentos com todo o mundo. (KENSKI, 2010,
p.51).

Esse trânsito na internet de diferentes pessoas, com diferentes


idades e princípios representa para essa pesquisa um entendimento de
liberdade diferente da que estamos acostumados a lidar no convívio pessoal e
90

real, para as demais análises a liberdade aqui representa transito e ações


livres de repressões ou consequências. Ou seja, essa impressão de transito
livre, do internauta, em navegar pelas páginas da internet, diferentemente de
quando entramos em uma casa que não conhecemos ou em uma loja de
artigos de vidro, ambientes que cuidamos nossos movimentos, tons de voz e
etc. Ao navegarmos na internet pelas facilidades de interação, pouco
esbarramos com pessoas nos controlando ou com acessos restritos, e assim,
com essa sensação de autonomia e liberdade clicamos freneticamente em
sites, blogs, games e entre outros, que nos proporcionam o desvelar de
preconceitos, informações e conhecimentos sobre o novo e o velho.

Assim a situação e a prática da liberdade aparecem na internet com


mais evidência do que na vida real, porém o que poucos sabem é que, seja no
virtual ou no real. O artigo quinto da Constituição Federal apresenta que

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade [...]. (BRASIL, 1997)

Na internet o exercício da liberdade vincula-se a duas atitudes, uma


refere-se às inúmeras possibilidades de acesso sem a necessidade de ter
permissão de algum órgão ou instituição, é a prática do ―direito de ir e vir‖ ao
navegar, ainda mais considerando que a cada dia o acesso a rede mundial de
computadores torna-se mais barato, tanto por meio das ―Lans‖ como também
pela aquisição de computadores, salvo limitações sobre conhecimento de
idiomas, capacidade operacional do computador e velocidade de acesso.

O outro exercício da liberdade está relacionado às possibilidades de


divulgação de conteúdos e opiniões, ou seja, a liberdade de expressão tem-se
em vigor que ―é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato‖ (Artigo 5º, inciso IV). (BRASIL, 1997). Ignorando a legislação, na
internet o anonimato, ou seja, o ato de comunicar algo a alguém e/ou sobre
alguém, desperta a curiosidade, e a falta de limites na divulgação remete-nos
às situações de constrangimentos sociais, pois a impressão de liberdade e de
livrar-se de tudo e de todos, corrobora para que por meio do anonimato
91

(atitude ilegal) sejam expressas opiniões entre outros tipos de conteúdos que
venham expor uma pessoa seja por brincadeira ou vingança.

Essa impressão de liberdade seguida de ingenuidade, geram as


indisposições no ambiente virtual, que resultam de mau uso dos conteúdos e
ferramentas, bem como da falta de astúcia quanto à seleção exposição própria
ou do outro em sites da rede.

Nos trâmites de real e virtual, nos deparamos com o choque entre


duas gerações que têm um grande obstáculo, chamado tecnologia, em que os
pais/responsáveis e professores, sem conhecerem, deparamos com a
necessidade, muitas vezes sem saber como, de orientar quanto ao acesso à
internet feito por crianças e adolescentes. Esse é o conflito da geração da
televisão com a do computador e internet, pois muitos pais e professores não
possuem experiências suficientes para orientar e desconstruir os mitos da
internet, firmar verdades e impor limites quanto ao acesso.

Deparamo-nos com indivíduos que fazem parte de uma geração


conhecida como a geração C: conteúdo, colaboração e conexão, são pessoas
que nasceram interagindo com computador e a internet (GVT; CDI, 2009, p.3),
também conhecidos como ―nativos da geração digital‖ (KIRAH apud. CHAVES;
LUZ, 2007) ou ainda ―Geração @‖ (SETTON, 2010, p.23) lindam de maneira
natural com as tecnologias desde cedo, como revelam dados de uma pesquisa
americana (NPD Group), em junho de 2007, que apontou a idade 6 anos e 7
meses era o marco inicial da interação das crianças com computadores e
internet em ambientes como escolas e residências.

Na intenção de orientar pais e/ou responsáveis surgiram diferentes


iniciativas para orientar pais/responsáveis, professores e usuários
interessados, nos formatos de guias, cartilhas e manuais, com dicas e
informações para o cotidiano mediado pela internet. Estes materiais têm em
sua maioria a participação e apoio de organizações governamentais e não
governamentais, e foram elaborados por associações de advogados
especializados em crimes digitais, técnicos em informática ou segurança de
rede e instituições de Ensino Superior.
92

Aqui foram elencados apenas materiais passíveis de download.


Pontuamos ainda que, para além destes materiais apresentados, é possível
encontrar online personagens infantis como o ―Seninha‖*, com tutorial em que
dódicas às crianças sobre o uso da internet com segurança e, além disso,
esse site possue indicações de sites com conteúdos de entretenimento e
aprendizagem.

Nossa intenção é a apresentação e análise destes materiais a partir


da capa e tópicos dos sumários que sintetizam os assuntos abordados,
seguidos de considerações quanto a algumas peculiaridades de conteúdos
mais expressivos.

2.6.1 Cartilhas e guias sobre internet

Começamos então, com o livro do personagem infantil ―Menino


Maluquinho‖, que além de ter orientações online, possui também um livro de
história infantil sobre as potencialidades e riscos da internet, o tema é
apresentado a partir de um diálogo entre o Maluquinho e um personagem que
surge na tela de seu computador.

Este livro surgiu para Ziraldo como sendo uma proposta da


professora e advogada Patrícia Peck Pinheiro, que é responsável por obras
específicas sobre direito digital, cartilhas e guias de etiqueta para internet,
Pinheiro idealizou o Instituto Internet no Estado da Arte I-START juntamente
com Patrícia Peck Pinheiros e Advogados, que por sua vez é responsável pelo
Movimento Criança Mais Segura na Internet que também produz materiais
relacionados ao acesso a internet apresentados nessa pesquisa. (PINTO,
2010).

*
Senninha em: Pilotando com segurança na internet. Disponível em:
http://senna.globo.com/senninha/navegue_protegido/hq2.asp?area=2. Acesso em: 17 jul. 2011.
Senninha e sua turma e Microsoft: a super defesa. Disponível
em:<http://senna.globo.com/senninha/navegue_protegido/hq1/index.html>. Acesso em 17 jul.2011.
93

Figura 12: Capa do livro de história ―A internet segura do menino Maluquinho‖


Fonte: <http://www.criancamaissegura.com.br/livro-internet-segura-maluquinho.pdf>.

A cartilha integrante do projeto ―Criança mais segura na Internet‖,


organizada pela ABA, Associação Brasileira de Anunciantes, é composta de
duas partes: uma é voltada para crianças e adolescentes com narrativas de
acontecimentos cotidianos protagonizados por personagens
(criança/adolescente) com a fixação de comportamentos a partir de condutas,
onde um é correto em seu acesso e o outro vivencia experiências negativas. A
segunda parte é com uma escrita voltada para pais e professores, com itens
de olho na lei, com considerações a partir de legislações e artigos que
defendem as vítimas de certos crimes digitais e pune os agressores e
praticantes de atividades ilícitas.

De modo a aconselhar pais e educadores, a cartilha contém um


glossário didático explicativo sobre as ferramentas de comunicação e
interação social com dicas de como orientar esses usuários a partir de uma
seção muito interessante e importante, a ―Checklist‖, uma lista com questões
que envolvem atitudes e dados que devem ser vistoriados na rede.
94

Conteúdo da Cartilha:
(36 páginas)

Para crianças e adolescentes: Para pais e professores:


 Proteja sua senha, pois ela é sua  Checklist;
identidade virtual;  Glossário;
 Não deixe a porta de casa aberta e  Redes Sociais;
nem sua máquina aberta;  Comunicadores instantâneos;
 Cuidado ao fazer Download na  Cyberbullying;
internet;  Direitos Autorais e de Imagem;
 Pirataria é crime;  Tempo excessivo na internet;
 Não copie dados alheios;  Phishing Scam;
 Lembre-se: ‗não faça justiça com o  Informações.
próprio mouse‘;
 Diga-me com quem navegas que te
direi quem és;
 Cuidado ao publicar fotos de outras
pessoas na internet;
 Você já procurou por si próprio na
internet?

Figura 13: Capa da cartilha ―Criança mais segura na internet‖.


Fonte: <http://www.criancamaissegura.com.br/cartilha-crianca-mais-segura.pdf>.
95

Outra produção do Movimento Criança Segura (I.START), é o guia


―Minha Primeira Compra na Internet‖ que traz específicamente a temática de
compras pela internet com passo a passo de como realizar uma compra
segura observando indicativos nos sites de compra, bem como as condições
do computador, sendo mais seguro fazer compras em computadores
protegidos e residenciais.

Conteúdo do Guia
(06 páginas)

 Dicas de segurança para


compras online;

 Passo a Passo para realizar


uma compra segura;

 O que fazer se sua compra


online der errado.

Figura 14: Capa do Guia ―Minha Primeira compra na Internet‖.


Fonte: <http://www.criancamaissegura.com.br/cartilha-primeira-compra.pdf>.
96

Conteúdo do Guia:
(38 páginas) vol.1

 Introdução  Como usar a cartilha em sala de


 Computadores são bons para as aula;
crianças?  Sites bacanas para professores;
 Incentive a criança a compartilhar  Para navegar e se divertir com
experiências; seu filho;
 Nunca fale com Estranhos;  Como pesquisar na internet;
 Chats e comunicadores instantâneos;  Como denunciar o mau uso da
 Respeito é bom e todo mundo gosta!; internet;
 Blog;  Como usar a internet para fazer
 Per-To-Peer P2P; o bem;
 Bullying, o que é?  Doações;
 Bom-senso sempre!  Dicas para professores;
 Segurança é fundamental;  Desvendando a internet;
 Cuidado com sites de  Educando –GVT-
Relacionamento;  CDI-Mais que computadores;
 Histórias em quadrinhos;

Figura 15: Capa do Guia ―Uso responsável da internet‖, vol 1. Fonte: Guia para o uso
responsável da Internet. Vol.1, 2008
97

Conteúdo do Guia:
35 páginas) vol.2

 Introdução;
 Web. 2.0;
 Redes Sociais;
 Netiqueta;
 Crimes virtuais;
 Pedofilia;
 Endereço IP;
 Lixo Tecnológico;
 Lista de sites legais;
 CDI;
 GVT;
 Histórias em quadrinhos;
 Expediente;
 Rede de apoio.

Figura 16: Capa do Guia ―Uso responsável da internet‖, vol. 2.


Fonte:http://www.internetresponsavel.com.br/pdf/educandogvt/novoguia.pdf.

O guia para o uso responsável da internet segue em dois volumes.


O primeiro é uma publicação de 2008, e o segundo data de março de 2009.
Ambos apresentam estética voltada para a leitura de crianças e adolescentes
trazendo personagens que protagonizam histórias em quadrinhos ao fim das
edições. O primeiro volume é mais extenso e aborda os principais pontos
sobre a internet, já o segundo volume traz atualizações quanto às novidades
da rede.

A estrutura textual ora volta-se para aconselhamentos aos pais e


professores, ora para um diálogo direto com o leitor, no caso criança ou
adolescente. Desse modo o guia objetiva ―fazer com que adultos e crianças
conversem sobre o uso da internet em vez de criar restrições ao acesso‖.
(GVT; CDI, 2009, p. 04).

Recentemente foi lançado pela SaferNet Brasil, no mês de julho de


2010, o volume 3.0 (três ponto zero) do guia sobre o uso responsável da
internet, mas desta vez os conteúdos foram organizados em três guias com
linguagens e temas diferenciados para os pais, professores, crianças e
adolescentes.
98

O objetivo principal desses três guias é ―aproximar quem nasceu


antes e quem nasceu depois do surgimento da internet, para que a tecnologia
seja usada de forma saudável e participativa por crianças e adultos‖
(SAFERNET BRASIL, 2010). Assim, as três versões dos guias buscam ajudar
pais, professores, crianças e adolescentes a ―entender melhor a dinâmica da
internet, tirar dúvidas, aprender algumas dicas e se sentir mais preparado para
orientar [e navegar] de maneira segura e responsável‖. (SAFERNET BRASIL,
2010).
99

Conteúdo da Cartilha:
(35 páginas) 3.0

 O que fazer com o que nãose usa mais?


Conteúdo direcionado para crianças e  Verdadeiro ou Falso
adolescentes  Sites legais para você visitar
 Pra começo de conversa  Histórias em quadrinhos
 A internet na nova era  Em tempo real
 Aproveite, mas com cuidado  inSeguro
 Respeite os limites  Mais respeito
 Segurança  He-Man
 Do que é preciso se proteger  Perseguição
na internet  Agora DJ
 Como identificar alguém mal-intencionado na  e.Gírias
internet  Eu robô
 O que fazer se alguma coisa  Na real
parece estranha  Namorados
 Como estar protegido na internet  Conheça os novos amigos do Edu
 Netiqueta  GVT
 O que fazer  CDI
 O que não fazer  Rede de Apoio
 Lixo Eletrônico  Expediente
 Para onde vai o que você joga fora?
Figura 17: Capa do guia ―Guia para o uso responsável da internet‖- crianças, 3.0.
Fonte:<http://www.internetresponsavel.com.br/pdf/educandogvt/cartilha_gvt_criancas.pdf>.

Diferentemente das abordagens anteriores voltadas para o público


infantojuvenil, esse guia de três volumes e traz muito forte questões
relacionadas a punições legais quando o usuário comete infrações na internet.
Traz também as consequências de algumas práticas e ressalta os malefícios
para quem é autor e para quem é vítima de imprudências. O texto é escrito em
formato de diálogo no qual muitas das considerações sobre a internet ganham
100

reforço com histórias em quadrinhos e ainda com fixação de aprendizagens, a


partir de sentenças que devem ser julgadas com falso e verdadeiro.

Conteúdo do Guia:
(44 páginas) Vol.3
 Para que este guia?  Dê o exemplo dentro de casa
 A internet na nova era  Explorando a web
 Conheça os limites  Ajude seu filho a explorar a internet
 Segurança  Histórias em quadrinhos
 O que são crimes virtuais?  inSeguro
 Como proteger seus filhos  Eu odeio
 Dicas de proteção para você e seus filhos  Fim de jogo
 Como denunciar  Pirataria tem preço
 Pedofilia  Mais respeito
 Como identificar o comportamento de um pedófilo  Perseguição
 Ajude seus filhos a se protegerem  E-mail falso
 Quando os filhos são adolescentes  Link suspeito
 Protegendo seu computador  O Gato
 Dicas de proteção para o seu computador  Namorados
 Netiqueta  He-Man
 Do adulto  Exagerado
 Da crianças  Gordinha eu?
 Lixo Eletrônico  Torneira seca
 O que é e porque é nocivo  e.Gírias
 Lixo eletrônico tem que ir para o lugar certo  Trabalho nota 10
  Computador morto
 O que é ornitorrinco?
 GVT
 CDI
 Rede de Apoio
 Expediente
Figura 18: Capa do guia ―Guia para o uso responsável da internet‖- pais, 3.0.
Fonte:<http://www.internetresponsavel.com.br/pdf/educandogvt/cartilha_gvt_pais.pdf>.
101

No guia direcionado aos pais, o texto é ordenado de modo a


aparentar um diálogo, que trata sobre a internet e o espaço que essa mídia
possui na vida de seus filhos. Além disso, traz informações de cunho jurídico
quanto às punições aos infratores da internet, dicas de como se proteger e
agir diante de experiências negativas, como fraude e exposições da intimidade
e privacidade.

Conteúdo do Guia:
(44 páginas) Vol.3

Conteúdo direcionado para os professores  inSeguro;


 Eu odeio;
 Como denunciar;  Fim de jogo
 Pedofilia;  Pirataria tem preço;
 Como identificar o comportamento de um pedófilo;  Mais respeito;
 Ensine seus alunos a se protegerem;  E-mail falso;
 Dicas para proteção contra pedofilia;  Link suspeito;
 Protegendo seu computador;  O Gato;
 Dicas de proteção para o seu computador;  Namorados;
 Netiqueta;  He-Man;
 Do Professor;  Exagerado;
 Lixo Eletrônico;  Torneira seca;
 O que é e porque é nocivo;  e-gírias;
 Ensine a descartar;  Trabalho nota 10;
 Fale do lixo nas aulas sobre reciclagem;  Computador morto;
 Ensinando com a web;  O que é ornitorrinco?;
 Use a Web para ensinar;  GVT;
 Material de Apoio;  CDI;
 Histórias em quadrinhos;  Rede de Apoio;
 Expediente.
Figura 19: Capa do guia ―Guia para o uso responsável da internet‖ – professores, 3.0.
Fonte:<http://www.internetresponsavel.com.br/pdf/educandogvt/cartilha_gvt_professores.pdf>.
102

O guia direcionado aos professores traz considerações mais


práticas quanto as interações com a internet, pontuando principalmente
como ele deve agir no seu acesso pessoal e como seus alunos agem, e em
que sentido estes precisam de orientações. Possui ainda dicas rápidas de
como inserir algumas das potencialidades da internet para somar às
aprendizagens dos alunos, bem como traz para o professor dados sobre os
riscos da internet incentivando esse profissional a colaborar para uma
formação que garanta o acesso seguro e responsável por seus alunos.

Conteúdo da Cartilha:
(16 páginas)

 Recomendações
gerais;
 Orkut;
 Orientações sobre
Orkut;
 Twitter;
 Recomendações
gerais;
 Recomendações na
criação da conta;
 Recomendações no
dia a dia;
 Facebook;
 Recomendações
gerais;
 Recomendações na
criação da conta.
Figura 20: Capa da cartilha ―Segurança em redes sociais: recomendações gerais‖.
Fonte: < http://www.rnp.br/_arquivo/disi2009/rnp-disi-2009-cartilha.pdf >.

A Cartilha ―Segurança em redes sociais: recomendações gerais‖


organizada pelo Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança,
(CAIS/RNP), vincula-se ao dia ―Internacional de Segurança em Informática‖,
que corresponde ao dia 09 de fevereiro de cada ano. Sua organização é
direcionada para quem participa de redes de relacionamento, com um tutorial
que aconselha o leitor como se deve configurar o próprio perfil para que este
não seja invadido ou acessado por pessoas desconhecidas ou indesejáveis.
103

Além disso, informa como elaborar senhas fortes, bloquear acesso de


estranhos as suas fotos e como se comportar nos momentos de comunicação,
para que não existam desentendimentos.

Conteúdo da Cartilha:
(27 páginas)

 SaferNet Brasil;  Blogs e Fotoblogs;


 Software livre;  Redes P2P;
 Internet;  Jogos On-line;
 Navegadores ou Browsers;  Crime Digital- Cibercrime;
 Sites de Busca;  Ciberbullying;
 Lan Houses-Infocentros;  Aliciamento e chantagem On-line;
 E-mail;  Roubo de dados;
 Chat;  Vírus;
 Comunicadores instantâneos;  Invasão;
 Redes de relacionamento;  Justiceiros Virtuais.

Figura 21: Capa da cartilha


―Saferdicas‖.Fonte:<http://www.safernet.org.br/site/prevencao/cartilha/safer-dicas>.

A cartilha Saferdicas Brasil tem por objetivo

[...] estimular os brasileiros, principalmente crianças e


adolescentes, a aproveitar todo o potencial da rede, sem esquecer
de adotar os cuidados necessários neste novo espaço público,
seguindo as dicas de segurança. (SAFERNET, 2010).

Foi elaborada a partir de um convite feito pela Secretaria Especial


de Direitos Humanos da Previdência da República (SEDH) do estado do
104

Paraná à SaferNet Brasil, esta por sua vez é uma associação civil sem fins
lucrativos e sem vinculação político-partidária, religiosa ou racial, formada (em
20 de dezembro de 2005) por um grupo de cientistas da computação,
professores, bacharéis em Direito e pesquisadores. (SAFERNET BRASIL,
2010). A cartilha tem escrita voltada para crianças e adolescentes seu
conteúdo é dividido em: ―aproveite‖, ―cuidado‖ e ―dicas para se manter
seguro‖.

Conteúdo da Cartilha:
(43 páginas)

 Uma conversa importante;  Pornografia infantil;


 O que é a Internet?;  Divulgação de imagens pornográficas;
 Pela internet todos querem navegar;  Presença educativa;
 O site ou o sítio;  Proteja suas crianças e adolescentes;
 Por que a internet se tornou tão importante na  Programas bloqueadores;
vida das pessoas?  Dicas para auxiliar nessa proteção;
 É importante estar informado para previnir os  Supervisione e acompanhe;
riscos;  Observe;
 A pedofilia;  Desvelando os segredos;
 O que é pedofilia?;  Redes de proteção: a família, a escola, e a
 Quem é o pedófilo?; comunidade;
 Como a pedofilia e a pornografia acontecem via  Denúncias;
internet?;  Web;
 Como age o pedófilo na internet?;  Denúncia por telefone;
 Depoimento;  Para saber mais.

Figura 22: Capa da cartilha ―Navegar com segurança: protegendo seus filhos da pedofilia e da
pornografia infanto-juvenil na internet‖. Fonte: <http://www.childhood.org.br/wp-
content/themes/twentyten/cartilha/>.
105

―Navegar com Segurança: Protegendo seus filhos da pedofilia e da


pornografia infantojuvenil na internet‖ é uma iniciativa da parceria da FIESP
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e Instituto WCF-Brasil, e é
voltada para instruir pais/responsáveis sobre dois crimes que se ampliaram
com o advento da internet: a pedofilia e a pornografia infantojuvenil.

Na cartilha são esclarecidos pontos importantes referentes ao tema.


Com uma escrita clara e objetiva o leitor informa-se quanto aos cuidados que
deve ter ao criar possibilidades de conversa com seus filhos sobre a internet,
buscando assim conhecer os modos de interação de seu filho sem pressioná-
lo ou julgá-lo antes da hora.
106

Conteúdo da Cartilha:
(59 páginas)
 Surgimento da internet;  Permissão para amigos no MSN;
 Funcionamento da internet;  Armazenando mensagens trocadas no
 Utilização do computador pela criança; MSN;
 Motivações para o uso da internet;  Permissão para novos amigos no Skype;
 Perigos no uso da internet;  Armazenando mensagens no Skype;
 Assédio sexual na internet;  Histórico de mensagens no Skype;
 Métodos de assédio dos pedófilos;  Salas de bate-papo on-line;
 Medidas de enfrentamento das ameaças;  Bate-papo UOL;
 Identificando e lidando com atitudes suspeitas;  Tema da sala;
 Utilização do computador em locais privados;  Temas das salas de bate-papo;
 Mudança de janelas;  Sites de relacionamento;
 Barra de tarefas do Windows escondida;  Perfil no Orkut ;
 Criação de usuários com senhas;  Adequando o perfil no Orkut ;
 Cyber Cafés e Lan Houses;  Fotos no Orkut;
 Regulamentação de proteção ao menor;  Comunidades no Orkut;
 Medidas preventivas;  Página de recados no Orkut;
 Navegadores;  Perfil no MySpace;
 Armazenando histórico no Internet Explorer;  Adequando o perfil no MySpace;
 Exibindo histórico no Internet Explorer;  Fotos no MySpace;
 Apagando histórico no Internet Explorer;  Comentários e blog no MySpace;
 Arquivos temporários no Internet Explorer;  Blogs e Fotologs;
 Visualizando arquivos temporários no Internet  Fotolog;
Explorer;  Blog;
 Armazenando histórico no Firefox;  Compartilhamento de vídeos;
 Exibindo histórico no Firefox;  Ambientes virtuais e jogos on-line;
 Apagando histórico no Firefox;  Proibição de jogos no Brasil;
 Arquivos temporários no Firefox;  Webcam;
 Comunicadores;  Riscos no uso de webcam;
 Resumo

Figura 23: Capa da cartilha ―Segurança: Protegendo seus filhos no uso da internet‖.
Fonte: <http://esr.rnp.br/leitura/protegendo>.
107

―Protegendo seus filhos no uso da Internet‖ é uma cartilha com 59


páginas voltadas para pais de crianças e adolescentes. O objetivo da cartilha
centra-se em desenvolver nos pais um conhecimento técnico das ferramentas
e programas disponíveis no computador e internet, que sejam úteis para a
vigília e o controle sobre o que crianças e adolescentes acessam.

Infelizmente nessa cartilha fica expresso que o acesso à internet


deve ser monitorado com o acompanhamento dos pais e bloqueio de sites,
ferramenta importante quando o acesso é feito por crianças que muitas vezes
sem intenção acabam por ver conteúdos impróprios. Porém quando os
acessos são feitos por adolescentes esses podem perceber falta de confiança
de seus pais.

O que fica claro é que o navegar pela rede só é seguro quando o


usuário está em companhia, ou seja, é necessário haver um monitoramento e
um controle, recorrendo-se a sugestões de práticas de rastreamento quanto
aos sites que adolescentes e crianças visitam, representando a quebra de
privacidade dos usuários, ressaltando erroneamente que o uso responsável da
internet é um comportamento que não se adquire por meio de educação e
diálogo, e sim que se manifesta a partir do outro, de maneira externa ao
usuário e não como uma conscientização e retomada de princípios e valores
que autorregulem o acesso.
108

Conteúdo da Cartilha:
(57 páginas)

 Segurança da informação;  Spywares;


 A importância do cuidado com a  Spam;
segurança no uso do computador;  Negação de Serviço;
 Senhas;  Código Malicioso;
 Dicas de segurança em sua residência;  Vírus;
 Dos meios de comunicação na internet;  Trojans (cavalos de troia);
 E-mail; Chat- Salas de Bate-Papo;  Adware e Spyware;
 Comunicadores instantâneos;  Backdoors;
 Redes de relacionamentos;  Keyloggers;
 Twitter;  Screenloggers;
 Blogs e Fotologs;  Worms;
 Redes P2P- Compartilhamento de  Bots;
arquivos;  Botnets;
 Do mau uso das novas tecnologias de  Bootkits;
informação e comunicação (TIC);  Da responsabilidade civil e criminal;
 Cibercrime-Crime Digital;  Do anonimato;
 Ciberbullying;  Dicas para proteger seu computador;
 Sexting;  No Windows;
 Aliciamento e chantagem;  Firewall;
 Predadores online: o que você pode  Windows Defender;
fazer para minimizar o risco;  Windows Update;
 Modalidades de invação de privacidade  Antivirus;
pela Internet;  O escritório;
 Hackers e Crackers;  Fontes;
 Cookies;  Apoio.
 Engenharia Social;
 Pishing;

Figura 24: Capa do guia ―Guia prático para o bom uso da internet‖.Fonte:MARIANI, Santos e
Advogados associados. Guia Prático para o bom uso da internet. Curitiba/Paraná, 2009.
109

O ―Guia prático para o bom uso da internet‖ tem como objetivo


principal

[...] ensinar os jovens a lidar com a tecnologia de forma simples e


segura, levando ao seu conhecimento, bem como de pais e
professores quais são as implicações jurídicas advindas do mau
uso da internet, as formas de ataque ao computador e dicas de
prevenção. (MARIANI; SANTOS. p.05.)

A cartilha é voltada para pais e adolescentes, traz uma escrita


objetiva e verbos no imperativo quando se refere à postura dos pais para com
os filhos. É uma iniciativa de advogados associados de Curitiba/PR, contendo
explicações jurídicas, que alertam sobre de quem é a responsabilidade de
atividades desenvolvidas por usuários menores de 18 anos, ou seja, quem
responde judicialmente são os pais/responsáveis.

Conteúdo da cartilha
(26 páginas)

 A privacidade na Interne;t
 Liberdade de expressão VS.
Violação do direito alheio;
 Crimes na Internet;
 Crimes de preconceito de raça ou
de cor;
 Crimes contra o Direito Autoral;
 Cyberbullying;
 Pornografia Infantil;
 Responsabilidade civil dos pais e
das escolas;
 Dicas para usar a Internet sem
medo;
 Como denunciar;
 Conclusão

Figura 25: Capa da cartilha da OAB ―Recomendações e boas práticas para o uso seguro da internet
para toda a família‖.
Fonte:<http://www.cnpl.org.br/arquivos/USO_SEGURO_DA_INTERNET_PARA_TODA_A_FAMILIA
.pdf >.

A cartilha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)


―Recomendações e boas práticas para o uso seguro da internet por toda
família‖ (lançada em 25 de outubro de 2010), foi elaborada por advogados
110

especialistas em direito digital em conjunto com Coriolano de Almeida


Camargo, presidente da Comissão de Crimes de Alta Tecnologia da OAB de
São Paulo. A cartilha além de estar disponível para download também é
distribuída gratuitamente em formato impresso. (BLOGOSFERALEGAL, 2010).

As informações trazidas começam sempre pautadas em leis,


Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF/88), Declaração Universal dos
Direitos Humanos e o Código Civil Brasileiro e aplicações dessas em casos de
crimes eletrônicos.

A cartilha traz um item que merece ser comentado, pois diferente da


maioria das cartilhas e guias aqui apresentados, essa traz para os pais e
principalmente para a escola, (instituição que a nosso ver deve zelar e
contribuir para uma educação voltada para a consciência digital), a
responsabilidade de orientar e arcar com as consequências de um uso
indevido da internet por internautas menores de idade.

Assim, ao causar um dano a alguém, é necessário que o


responsável pelo mal cometido repare, civilmente, a vítima pelo
ato ilícito que cometeu. Aliás, o próprio Código Civil Brasileiro
prevê que responderá, civilmente, ―todo aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral‖(art. 186
combinado com art. 197, Código Civil). Quando o ato ilícito for
cometido por menor de idade, seus pais poderão responder pelos
atos cometidos por seu filho. Além disso, caso o menor de idade
utilize um computador de sua escola para cometer o ato ilícito,
esta poderá ser obrigada a reparar a vítima pelo ato cometido por
seu aluno. Tal responsabilidade existe porque é obrigação dos
pais e das escolas vigiar e cuidar de seus filhos e alunos, sob
pena de responder, civilmente, pelos atos cometidos pelos
menores. (CARTILHA OAB, 2010, p.20, grifos nossos).

Sendo assim esse material traz para a escola e outras instituições


de ensino, a responsabilidade de orientar seus alunos e funcionários quanto
aos acessos dentro da instituição e a responsabiliza a partir de legislação
vigente caso haja algum mal cometido a outrem por meio dos computadores
institucionais.

Escola é condenada a pagar R$ 5 mil a estudante ofendida


111

Em 2009, o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região condenou


uma Universidade a pagar indenização a uma aluna, que teve seu
nome cadastrado, sem autorização, em um site de encontros com
―garotas de programa‖. Após ser apurado que esse ato foi feito
dentro de um laboratório a Universidade, por um funcionário, a
juíza entendeu que a responsabilidade é da instituição de ensino,
pois, ao possibilitar a seus alunos a utilização de computadores
conectados à Internet em suas instalações, obriga-se a zelar pelo
bom uso dos equipamentos, respondendo por eventual falha na
vigilância e consequente ocorrência de algum ato ilícito. (TRF 4ª.
Região apud. CARTILHA DA OAB, 2010, p. 21 apud).

No mesmo item da cartilha, o leitor também encontra sobre as


responsabilidades legais dos pais quando seu (sua) filho (a), menor de idade,
comete algum ato ilícito na rede:

Pais são condenados a pagar R$15 mil por ofensas na internet


praticadas pelos filhos

Em 2008, a Justiça de Rondônia condenou pais de menores que


criaram uma comunidade, em site de relacionamento, para
ridicularizar um professor da escola onde os adolescentes
estudavam. Após investigação, foi possível se chegar aos nomes
dos responsáveis pela criação da comunidade. Na decisão judicial,
foi considerado que ‗incumbe aos pais, por dever legal de
vigilância, a responsabilidade pelos ilícitos cometidos por filhos
incapazes sob sua guarda‘. (CARTILHA DA OAB, 2010, p. 21).

Avançando um pouco mais nas estratégias de formação quanto ao


acesso à internet destacamos também os eventos e sites que disponibilizam
conteúdos e oportunidades de interação entre educadores e pessoas
interessadas no tema.

A começar destacamos o ―Movimento Criança Mais Segura na


Internet‖, que tem como proposta tornar obrigatória a disciplina ―cidadania e
ética digital‖, que faria parte da grade curricular do Ensino Fundamental e
Médio das escolas públicas e privadas. Essa proposta, ainda não foi
apresentada ao senado, está no site (www.criancamaissegura.com.br) do
movimento para que seja reivindicada a partir de um abaixo-assinado por meio
eletrônico, e até o momento (31/07/2010) conta com a soma de 495
assinaturas. (I. START, 2010).

Além disso,
112

Para viabilizar esta proposta, o Movimento está capacitando pais,


professores e voluntários a ministrar o conteúdo da disciplina, bem
como está fornecendo o material didático gratuito para uso em
sala de aula, através da Cartilha, dos Vídeos, e treinamentos de
capacitação através do ambiente de Educação a Distância (EAD)
que estará disponível em 2010. (I.START, 2010).

As pessoas interessadas têm a sua disposição a possibilidade de


participar do movimento, cadastrando-se como voluntário para colaborar na
formação de ―usuários digitalmente corretos‖, para as escolas existe a
possibilidade de agendar uma palestra, até o momento (26/12/2010), de modo
geral sem especificações quanto região do país e que tipo de escolas, o site
do movimento indica que mais de 40 escolas já receberam os palestrantes
somando 20 mil alunos e professores que receberam formação sobre
cuidados necessários na internet. (I.START, 2010).

Outra iniciativa de interação direta com educadores e interessados,


é a rede Nética (Ética + Internet), é um exemplo de:

Ambiente digital, livre e colaborativo que visa contribuir para o


fortalecimento da rede de educadores que usam as Tecnologias
de Comunicação e Informação (TIC) para educar e promovem o
uso cidadão, ético e responsável destas tecnologias em todo o
Brasil, facilitando os fluxos de informação, pesquisas, materiais
pedagógicos, eventos, projetos e leis relacionadas ao uso ético e
consciente das TIC. (NÉTICA, 2010).

A rede conta com 11 comunidades e 147 membros, que possuem


interesse no tema ―ensino da ética e bom uso da Internet‖ (NÉTICA, 2010), o
espaço virtual (www.netica.org.br) ainda é restrito, pois quem se interessa em
participar deve solicitar um cadastro e esperar ser aprovado pelos
administradores do site.

Com maior abrangência a um público diversificado, destacamos a


comemoração anual do ―Dia Mundial da Internet Segura‖ (Safer Internet Day)
organizada pela (INSAFE – ―rede que agrupa as organizações que trabalham
na promoção do uso consciente da Internet nos países da União Européia‖
(SAFER BRASIL, 2010). No Brasil o evento fica por responsabilidade da
SaferNet Brasil, do Ministério Público e Comitê Gestor da Internet.

O Objetivo do evento é de:


113

Envolver os diferentes atores institucionais, públicos e privados,


na promoção de atividades de conscientização em torno do uso
seguro e responsável das novas tecnologias de informação,
especialmente por crianças e adolescentes. [...] A proposta do
evento é a responsabilidade compartilhada entre governos,
educadores, pais, ONGs, veículos de mídia, indústria e outros
atores relevantes na proteção dos direitos dos cidadãos no que se
refere ao uso das novas tecnologias. (SAFERNET BRASIL, 2009).

Nesse dia são propostas diversas atividades para o público


presente, bem como divulgação e distribuição de materiais contendo
orientações sobre o acesso à rede, das atividades propostas à comunidade
elencam-se:

 Campanhas de conscientização na mídia (inserção do tema na


programação regular, produção e veiculação de campanhas
informativas, anúncios, websites, comunidades, blogs);
 Concursos e games envolvendo crianças;
 Seminários com pesquisadores, provedores, pais e jovens;
 Coletiva de imprensa;
 Gincanas em escolas e
 Chats com especialistas. (SaferNet Brasil, 2009).

O Brasil participa da celebração Internet Segura desde 2003, em


2008 houve a participação de 56 países que se mobilizaram em prol da
conscientização do uso ético e seguro da internet e demais tecnologias de
informação e comunicação. Em 2009 a celebração ocorreu no dia 10 de
fevereiro e em 2010 no dia 09 do mesmo mês, com o tema ―Pense Antes de
Postar‖ com a participação de cerca de 65 países, a programação do evento
para o ano de 2011 já está disponível no site (www.safernet.org.br).

A diversificação de conteúdos que sejam bons e ruins, bem como as


práticas na rede, tem gerado uma demanda onde a necessidade da população
origina-se da apropriação de um conhecimento bem como um suporte que
possibilite autonomia no que se refere a ações de prevenção, proteção e
denuncia sobre atividades ilícitas como crimes contra a honra, pornografia
infantil, roubos de dados e entre outros passiveis de execução na rede.

O reconhecimento dessa demanda incidiu ações datadas desde


outubro de 2009, como uma ação colaborativa sobre a necessidade de se
114

elaborar uma legislação nacional que regule os direitos e deveres dos


usuários da internet no país, trata-se de um projeto pioneiro, proposto pelo
Ministério da Justiça e a Fundação Getulio Vargas, denominado de ―Marco
Regulatório Civil da Internet‖ que mobiliza a participação de políticos,
jornalistas, sociólogos e legisladores, bem como a colaboração de internautas
que totalizaram cerca de 800 contribuições, entre e-mails e comentários no
site onde está o esboço da lei. (OLHAR DIGITAL, 2010).

Assim, o Marco Regulatório Civil da Internet, busca atender a


demanda de uma organização do espaço público virtual, regulando questões
como:

[...] privacidade, liberdade de expressão, direitos de acesso à


internet, salvaguardas a sites e blogs, neutralidade da rede e
dados do Governo [...] Deste modo esse projeto de legislação
procura estabelecer um reconhecimento desses princípios em
consonância com valores ―respeitados e reconhecidos pelo
Direito‖. (ALMEIDA apud. OLHAR DIGITAL, 2010).

A primeira versão do documento apresenta-se da seguinte maneira:

MARCO REGULATÓRIO DA INTERNET

1. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS (EIXO 1)


1.1 Privacidade
1.1.1 Intimidade e vida privada, direitos fundamentais
1.1.2 Inviobilidade do sigilo da correspondência e comunicações
1.1.3 Guarda de logs
1.1.4 Como garantir a privacidade?
1.2 Liberdade de expressão
1.2.1 Constituição Federal e Declaração Universal dos Direitos
Humanos
1.2.2 Conflitos com outros direitos fundamentais. Anonimato
1.2.3 Liberdade de expressão na Internet
1.2.4 O direito de receber e acessar informações
1.2.5 Acesso anônimo
1.3 Direito de acesso
1.3.1 Relações com a liberdade de expressão
1.3.2 Acesso à internet e desenvolvimento social
1.3.3 Facilidade de acesso
2. RESPONSABILIDADE DOS ATORES (EIXO 2)
2.1 Definição clara de responsabilidade dos intermediários
2.1.1 Ausência de legislação específica
2.1.2 Um regime de responsabilidade compatível com a natureza
dinâmica da internet
2.1.3 Procedimentos administrativos e extrajudiciais prévios
2.2 Não-discriminação de conteúdos (neutralidade)
2.2.1 O princípio end-to-end
2.2.2 Filtragem indevida
3. DIRETRIZES GOVERNAMENTAIS (EIXO 3)
115

3.1 Abertura
3.1.1 Interoperabilidade plena
3.1.2 Padrões e formatos abertos
3.1.3 Acesso a dados e informações públicos
3.2 Infraestrutura
3.2.1 Conectividade
3.2.2 Ampliação das redes de banda larga e inclusão digital
3.3 Capacitação
3.3.1 Cultura digital para o desenvolvimento social
3.3.2 Iniciativas públicas e privadas.
(CULTURA DIGITAL, 2010).

Até o dia 23 de maio a primeira versão do Marco Regulatório, conta


com inferências por meio de comentários quanto aos tópicos previstos. Depois
de completar então 45 dias de revisão pelos internautas a proposta será
revisada e organizada e o anteprojeto seguirá para aprovação entre junho e
julho para o Congresso Nacional. (CULTURA DIGITAL, 2010).

Considerando as diferentes ações aqui expostas pontuamos que,


nenhuma cartilha ou guia faz considerações sobre o uso das informações
disponíveis na rede a partir de critérios como confiabilidade, cientificidade e
origem. Além disso, notamos a ausência de orientações quanto a conteúdos
disponíveis na rede que tratem sobre saúde, drogas, incitação a violência e
contra a vida.

Notamos também de maneira geral que esses materiais orientam


seus leitores, pais/responsáveis e professores, para as seguintes posturas:
uma refere-se ao acompanhamento e monitoramento de um responsável
quando a criança ou adolescente acessa a internet, sendo prevista a
mediação durante o acesso e monitoramento após ele. A outra postura condiz
com o controle e restrição do uso, com a negociação de momentos e
finalidades do acesso (ex: durante a semana para estudos, durante o final de
semana para entretenimento), e que conta também com o uso de programas
bloqueadores de sites, recursos estes interessantes quando se trata de
restringir o acesso feito por crianças, já que muitas vezes os acessos
indevidos ocorrem de maneira intencional.

O que fica claro é que por mais que sejam importantes as iniciativas
dessas cartilhas, manuais e guias, ora voltados para pais, ora para pais e
116

professores, e por vezes para pais, professores, crianças e adolescentes,


ainda faltam muitos temas a serem discutidos. Nestes materiais, existem
apenas dicas e informações sobre a internet, mas em nenhum momento existe
uma explanação que seja direcionada à crianças e adolescentes quanto à
necessidade de comportamentos pautados em princípios de moral e ética que
evidenciem uma formação para a vida em sociedade, para as interações
sejam virtual ou real.

Observamos também limitações quanto à divulgação e abrangência


dessas, sendo então ações isoladas diante da extensão do território brasileiro,
seja por meio impresso ou por eventos essas ações tornam-se limitadas
quando refletimos sobre seu alcance populacional, temporal e educacional.

Os eventos aqui apresentados ocorrem nos grandes centros do


nosso país (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba e Acre), o
evento ―Dia da Internet Segura‖, por exemplo, dura apenas um dia, além de
ocorrer em um espaço público (praças e parques) parte da temática é
apresentada em algumas emissoras televisivas, no espaço virtual há
discussões em Chats. Materiais disponíveis em meio digital não são muitas
vezes alvo de interesse de crianças e adolescente ou ainda, nem são do
conhecimento de pais e educadores.
CAPÍTULO III
FORMAÇÃO PARA A WEBSOCIABILIDADE
Figura 26: Emoticons – A expressão dos impulsos na internet.
Fonte:
<http://m157.photobucket.com/albumview/albums/americanidiot813/Miscellaneous/Emoticons.jpg.html
?src=www&action=view&current=Emoticons.jpg&newest=1>. Acesso em: 20 mar. 2011.
CAPÍTULO III
FORMAÇÃO PARA A WEBSOCIABILIDADE

Nossas interpretações quanto ao modo como as pessoas têm


interagido com a internet demonstra-nos variáveis entre acessos tranquilos e
exposições a diferentes riscos. Como riscos podemos definir como: exposição
do internauta a conteúdos inapropriados à sua idade (e até mesmo ao seu
discernimento); envolvimento consciente ou inconsciente em ações ilegais;
exposição a golpes, fraudes, ameaças, assédios entre outras situações que
perturbam a segurança ou a integridade pessoal de si mesmo ou do outro.

As diversificações de conteúdos próprios ou impróprios, bem como


as práticas na internet têm gerado uma demanda em que a necessidade da
população origina-se da apropriação de um conhecimento que possibilite
autonomia no que se refere a ações de prevenção e denúncia sobre atividades
ilícitas, crimes contra a honra, contra a vida e entre outros passíveis de
execução na rede.

Neste último capítulo apresentaremos como é a dinâmica entre


escola e internet, e acreditando na escola como a instituição melhor preparada
para agregar a formação de crianças e jovens conhecimentos e ações
formadoras para a websocialização, apresentaremos nossa proposta didática
para esse fim, descrevendo a aplicação, os resultados e considerações sobre
seus limites e possibilidades.

3.1 Esclarecimentos metodológicos

A princípio diante das evidências de nossas pesquisas idealizamos


um momento suprimido e intenso de aprendizagens sobre os riscos e
potencialidades da internet, porém conforme os aprofundamentos teóricos
foram sendo feitos, além de considerações importantes da banca de
qualificação, chegamos à conclusão de que essa aprendizagem necessária
120

faz parte de algo maior do que simplesmente uma ou duas semanas de


práticas. Sendo assim a intervenção didática seria incompatível com estas e
outras conclusões as quais chegamos conforme avançávamos nos estudos
teóricos, principalmente sobre os processos civilizadores das sociedades
(Elias, 1994). Assim seguindo as constatações estruturais das dinâmicas de
adoção e exclusão de determinados comportamentos, concluímos que
estaríamos propondo uma nova dinâmica processual de civilização
direcionada para as relações na internet, e que por isso não teria resultados
rápidos.

Além disso, pretendíamos com o final da aplicação da referida


intervenção pedagógica, elaborar um guia de uso para os professores, para
que a partir desse material, outras instituições tivessem a oportunidade de
trabalhar a temática. Porém, a partir dos dados pesquisados em institutos de
pesquisas como SaferNet Brasil (2009), que fez um estudo sobre a
abrangência de suas cartilhas e eventos relacionados à conscientização do
uso seguro e responsável da internet. Eles próprios diagnosticaram que de
fato muitos educadores, pais e usuários da internet não conhecem nem os
materiais nem os eventos.

Sendo assim chegamos ao entendimento de que esse meio, de


intervenção pedagógica seguida da elaboração de um guia didático para os
professores, não iria atingir a estimada proporção educacional. Deste modo, a
partir de todas essas evidências, reestruturamos outro método de se chegar à
escola, aos professores e alunos e propor uma formação para a
websocialização.

As intenções dessa proposta didática debruçam-se principalmente


na argumentação referente à crescente expansão de acesso e espaço cada
vez maior das tecnologias no cotidiano brasileiro, além do entendimento que
inclusão digital não é apenas a distribuição de computadores com acesso à
internet e conhecimentos operacionais. Estar incluso digitalmente é ter
acesso, conhecimento e informação que garantam um uso crítico sobre as
limitações, potencialidades e riscos da rede.
121

A proposta didática que apresentamos é um exemplo de possíveis


sistematizações sobre determinadas informações relacionadas a fenômenos
ocorridos na internet, nesse caso as ocorrências deverão ser abordadas sob
três aspectos: riscos, aprendizagens por meio da internet e prevenção. A
organização das informações necessárias para a websocialização deve ter um
caráter transversal que seja passível de encaixe nas diferentes disciplinas.
Desse modo não apenas garantiremos a participação dos alunos na dinâmica
normal da instituição de ensino, como também teremos a presença do
professor titular na construção de mais essa aprendizagem.

A partir dessa formação almejamos que os alunos participantes ajam


como multiplicadores dos conhecimentos construídos e adquiridos durante o
exercício da proposta didática e que repassem a aprendizagem para pessoas
próximas, como parentes e amigos, além, é claro, de praticarem no seu dia a
dia uma postura responsável e consciente em suas interações na rede.

Pensamos em uma prática, que fosse flexível o suficiente para


agregar a temática internet riscos e potencialidades aos conhecimentos do
currículo, assim a intenção maior é de demonstrar para o corpo docente que é
possível modificar o modo como a escola e os alunos interagem com a
internet a partir de uma educação da própria instituição que balize as ações
dos alunos.

 Agregar aos momentos de aulas o uso de conteúdos voltados para


temas sobre os riscos e potencialidades da internet;

 Modificar a dinâmica escolar quanto ao uso da internet, bem como sua


navegação;

 Mobilizar a escola como um todo para essa conscientização


permanente;

 Dinamizar o uso da internet não apenas no espaço da sala de


tecnologias, mas compor o cenário educacional em diferentes
momentos, espaços e situações;
122

 Modificar práticas gessadas sobre o uso da internet como apenas um


meio de informação e pesquisa, reconhecendo como um espaço de
comunicação e relações sócio-culturais.

Demonstrado por meio dessas atividades desenvolvidas com 8ºe 9º


ano do Ensino Fundamental, o quanto os professores podem proporcionar
uma formação sócio-cultural para o uso da internet, a partir da elaboração de
atividades específicas, atreladas a assuntos e disciplinas do currículo,
caracterizando-se como uma aprendizagem de abordagem contínua e
transversal.

Pretende-se a partir desses conhecimentos que na escola o acesso


à internet, não se restrinja a um conhecimento operacional limitado a
pesquisa, informação e comunicação. Mas que se reconheça e inclua nas
aprendizagens cotidianas da instituição o acesso à internet possibilitando
aprendizagens principalmente a partir do entendimento sócio-cultural que essa
mídia possui.

 Presença de objetivos/atividades específicas na proposta pedagógica da


escola que estabeleçam aprendizagens condizentes ao uso responsável
e consciente da internet;

 Realização de atividades específicas pela escola que ampliem o uso da


internet para além de um lócus de pesquisa e informação, entendendo-a
como um ambiente de relações sócio-culturais;

 Reconhecimento da importância das atividades específicas pelos


sujeitos da escola (alunos, professores, gestores e pais);

Deste modo o cenário de contextualização para aplicação da


proposta didática vincula-se as hipóteses empiricamente percebidas e
cientificamente comprovadas, por meio de questionários aplicados a pais,
professores e alunos, no sistema educacional da cidade de Dourados,
localizada no estado de Mato Grosso do Sul.
123

3.2 Contexto de aplicação da proposta didática

Dourados foi fundada em 1935 e atualmente possui cerca de 200 mil


habitantes, sendo então considerada a segunda maior cidade do estado.
Conhecida também por ―Cidade Universitária‖, pois possui 5 Instituições de
Ensino Superior: a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a
Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), o Centro Universitário
da Grande Dourados (Unigran), a Universidade Anhanguera Dourados e a
Faculdade Teológica e Seminário Batista Ana Wollerman.

Em termos de sistema de ensino regular, a população conta com 34


Centros de Educação Infantil Municipal (CEIM), 42 escolas municipais
distribuídas nas zonas rural e urbana, 27 escolas estaduais e 7 instituições da
iniciativa privada.

As ações previstas na proposta didática estão direcionadas para o


ambiente escolar, em uma amostragem que abrange instituições públicas e
privadas do Ensino Fundamental, localizadas no centro e periferia da cidade.

Em Dourados a organização de salas de tecnologias é crescente,


tendo o apoio dos Núcleos de Tecnologia tanto municipal quanto estadual,
NTEM e NTE, que auxiliam as escolas com consultorias e acompanhamento
de projetos escolares, além de prestarem formação para professores e
coordenadores sobre sistemas operacionais chamados de softwares livres.

A proposta didática se direciona aos indivíduos de 13 a 14 anos de


idade, respectivamente alunos do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental. Os
indivíduos dessa faixa etária caracterizam-se por terem uma intensa vida
social no ambiente virtual, pois 64% dos usuários de 10 a 15 anos dedicam
cerca de 5 horas por semana de navegação na internet. (NIC.BR, 2008).

Além da observação quanto às preferências de acesso e dedicação


ao ambiente virtual como um indicador de vulnerabilidade às experiências
negativas na internet, bem como mal uso de conteúdos, seja por acesso, seja
por disponibilizá-los, a escolha dos alunos nessa faixa etária vincula-se ao
124

momento que esses indivíduos estão vivenciando, ou seja, estão em mais um


momento de autoafirmação, com perspectivas de ingresso no Ensino Médio, o
que exige mais um processo de avançar na maturidade e responsabilidade por
suas escolhas e ações, sendo então capazes de colaborarem com discussões
e reflexões acerca do acesso e uso de conteúdos disponíveis, avaliando assim
aspectos negativos e positivos da rede.

As três temáticas elencadas como propícias ao ambiente escolar na


situação de proposta didática piloto, foram organizadas em formato de planos
de aula (anexo). São planos simples que envolvem conhecimentos das
próprias disciplinas voltadas para o contexto do aluno e os fenômenos da
internet. Todo material condizente com a proposta didática foi organizado em
envelopes, além dos planos havia também os três questionários para coleta
de dados sobre o conhecimento e acesso à internet, destinados para
pais/responsáveis com nove questões, questionário destinado aos professores
com no total de 12 questões e o questionário destinado para os alunos/filhos
com no total de 15 questões (anexo).

Apresentamos nosso material para quatro instituições duas privadas


e duas públicas, representadas da seguinte forma:

Legendas: de identificação das escolas

Escola Privada = W$ X$

Escola Pública = Y* Z*

A primeira escola a ser visitada foi a Y*, a apresentação do material


foi feita a uma das coordenadoras da escola que não era responsável pelas
turmas do (8º e 9º anos), a princípio ela disse que seria interessante e que no
caso, o melhor seria conversar com a coordenadora dessas turmas.
Posteriormente retornamos à escola, a referida coordenadora da turma havia
entrado de licença médica, e o espaço para a proposta foi negado.
125

Depois apresentamos nossa proposta à escola W$, o atendimento


partiu da secretária, neste dia não foi possível conversar com a coordenadora
que estava em reunião, sendo assim a proposta foi explicada pra a secretária,
a mesma esboçou interesse em ter a temática abordada em formato de
palestras, foi explicado então sob quais critérios adotamos a intervenção
didática em sala de aula ao uso de palestras, no fim a secretária manifestou
desacordo com a proposta ao comentar que isso representaria ―mais uma
incumbência para a escola‖.

Passados alguns dias o contato foi feito por telefone com a escola
W$, novamente a secretária insistiu com a ideia da palestra, já que a política
da escola é de não abrir espaço para estagiários, intervenções e entrevistas,
apenas permitem palestras e aplicação de questionários.

Mais uma vez foi explicado o porquê da opção de aulas a palestras,


relacionando a necessidade desse tipo de aprendizagem caracterizar-se como
contínua e contextualizada com os demais conteúdos e vivências dos alunos,
os argumentos ainda traziam dados das próprias investigações da pesquisa,
porém mesmo assim tivemos apenas autorização para aplicarmos os
questionários sob ressalvas.

Passados alguns dias os questionários foram entregues à escola W$


para que fossem aplicados aos pais, alunos e professores. Neste dia o
atendimento partiu novamente da secretária, que solicitou a permanência do
material da proposta didática na escola, pois a coordenadora só iria aplicar os
questionários depois de estudar todo o material para então poder explicar aos
alunos sobre a temática, nesta escola o prazo solicitado correspondeu a sete
dias para a devolutiva, considerando que os alunos estavam em semana de
provas.

A terceira visita foi feita na instituição Z*, o atendimento foi feito pela
coordenadora das turmas, que solicitou explicações sobre a proposta, a
mesma fez leituras sobre alguns textos e documentos presentes nos planos e
solicitações de aplicação do material. Demonstrou muito interesse na
temática, e comentou com outras coordenadoras sobre a proposta, e ainda
126

ressaltou sua opinião dizendo que ―há tempos a escola já deveria ter inserido
como tema transversal a temática sobre o uso responsável da internet‖. As
abordagens da pesquisa e a inserção na escola agradaram a coordenadora, e
por ela o espaço para a proposta estava cedido, porém solicitou ficar com o
material para que fosse apresentado aos professores para que avaliassem as
possibilidades de aplicação.

A última instituição a ser consultada sobre a possibilidade de se


aplicar a proposta foi a escola X$, a apresentação da proposta foi feita para a
diretora da escola, o material também ficou para apreciação. A diretora,
porém, deixou claro que para esse tipo de atividade não basta que ela
autorize, seria preciso que o material passasse por tramites hierárquicos de
aprovação.

O planejamento da intervenção seria então de aplicar um plano de


aula para cada turma, sem que houvesse a nossa intervenção mais que uma
vez por turma, pressupondo que cada escola teria aproximadamente duas
turmas da mesma série no mesmo período. Contávamos também com a
possibilidade de trabalhar um período em uma escola pública e no outro na
escola privada. Essa possibilidade teria sido acertada caso uma das escolas
privadas tivessem autorizado nossa inserção, pois possuíam as turmas no
período oposto das instituições públicas.

Por fim recebemos a confirmação da escola Z* quanto a


possibilidade de aplicarmos nossa proposta com turma do 9º ano, período
vespertino, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Educação Física, a
proposta dirigida a disciplina de geografia não foi aplicada, pois a
coordenadora não conseguiu encontrar com o professor para apresentar os
planos em tempo hábil.
127

3.3 A internet sob o olhar de pais, adolescentes e professores

Na escola, o uso do computador tem se mostrado cada vez maior e


com bons resultados no desenvolvimento e aquisição de algumas
aprendizagens, porém é utilizado ainda de modo limitado quando pensamos
em suas contribuições a partir do acesso à internet.

As práticas educativas que envolvem essa mídia se encaminham a


partir de restrições, que podem ser classificadas para evitar o uso polêmico da
rede, ou seja, quando o acesso sai do controle, os alunos visitam salas de
bate-papo, sites de relacionamentos, fazem trocas de mensagens
instantâneas, visitam redes sociais, sites eróticos e pornográficos, buscam por
comércio, jogos e etc.

Essa gama de conteúdos tem representado para escola e para os


profissionais da educação uma barreira para o avanço educacional, pois seu
uso é entendido como sendo a dispersão do aluno frente aos conteúdos
disciplinares propostos nas salas de tecnologias. Além disso, liberar o acesso
a esses e outros sites representaria uma postura adotada pela instituição, de
confiança na conduta, bom-senso, responsabilidade, consciência e ética de
seus alunos.

Seria então, confiar em uma educação para o uso da internet,


adquirida fora do espaço escolar, ensinada por outra instituição. Como o aluno
chega com uma educação provinda da instituição familiar, esta também teria
sua origem em casa, já que não há outra instituição especializada na temática.
Porém, a família cumpre pouco ou nada com essa educação, a justificativa
para tal situação pode ser por falta de tempo, falta de conhecimento qu anto à
importância de orientações ao se acessar a rede ou ainda pela falta de
conhecimento sobre o uso do computador e da internet.

Verifica-se então, que as condutas de acesso são adotadas


conforme as experiências, interesses e conhecimentos de cada indivíduo em
julgar suas atitudes e dos outros. Não há uma educação consolidada e nem
mesmo oficializada que seja voltada para o fenômeno da internet. A escola,
128

diante disso, também se isenta das possibilidades de participar da formação


de seus alunos, se ausenta de algo que cada vez é mais marcante na
sociedade atual, ou seja, a necessidade que os indivíduos têm de saberem
lidar com os conteúdos da rede.

Sem essa certeza de sucesso na confiança de uma postura


responsável por parte de seus alunos, a instituição escolar opta pelo uso de
softwares que bloqueiam a visita a sites indesejados, direcionando o uso da
rede apenas para pesquisa, edição e comunicação restrita, marcando uma
aprendizagem limitada sobre os recursos disponíveis no computador.

Assim podemos resumir, de modo geral, que a interações entre


escola e internet se caracterizam da seguinte maneira:

 Não há na escola, em suas documentações (projeto político-


pedagógico, plano de aula e projeto de aprendizagem), o planejar de
atividades educativas direcionadas à formação dos alunos sobre o uso
responsável e consciente da internet;

 As atividades desenvolvidas na escola com o acesso à internet pelos


alunos restringem-se à pesquisa e comunicação limitada, configurando-
se como um uso operacional;

 A escola ignora a importância e necessidade de atividades específicas


voltadas para o uso da internet, restringindo seu entendimento e
funcionalidade.

Os resultados dos dados coletados nos questionários vão de


encontro com estas hipóteses sobre o entendimento e uso da internet nas
instituições família e escola. Apresentaremos alguns dados coletados, destes
os que mais chamaram a atenção, por trazer peculiaridades de semelhança ou
oposição ao esperado.

Para a instituição W$ (privada), deixamos 50 questionários (anexo)


para os pais/responsáveis e alunos, de devolutivas tivemos 34 respondidos
pelos alunos/filhos e 35 pelos pais/responsáveis, para os professores foram
entregues 9 e de devolutiva recebemos 7.
129

Na instituição Y* (pública), entregamos 20 questionários aos alunos


e tivemos de devolutiva 17, posteriormente entregamos 15 questionários
destinados aos pais/responsáveis e tivemos de devolutiva 4. Para os
professores foram distribuídos 10 e tivemos o retorno de 5.

As variáveis também continuam nas somas dos percentuais, onde a


soma das porcentagens nem sempre chegará a 100% de participação dos
respondentes, pois tivemos questões que ficaram sem resposta, suponhamos
que tenha sido por distração e outras de fato por dúvidas, assinaladas com
ponto de interrogação.

Outra característica interessante dos questionários é que por mais


que tenha sido de caráter objetivo, com no máximo cada com uma pergunta
para escrever uma variável em outros. Observamos que os três grupos de
respondentes quiseram nos passar informações para além do solicitado,
expressões como pontos de interrogação em itens e anotações pessoais
sobre as temáticas acabaram por acrescentar em nossas análises.Sendo
assim apresentaremos os dados dos questionários de duas maneiras: fazendo
um comparativo entre as instituições integrantes da nossa amostragem, ora
unindo determinados resultados.

As intenções dos questionários destinados aos alunos vincula-se a


necessidade de conhecer as percepções que eles têm com relação a internet,
suas interações, os riscos e como observam as inferências da escola e dos
seus país/responsáveis com relação a este assunto.

Um primeiro dado interessante condiz com as respostas dadas


sobre quem corre mais riscos de exposições na internet.
130

Gráfico 4: Quem está menos exposto aos riscos da internet?

Gráfico 5: Quem está mais exposto aos riscos da internet?

Os idosos e os adultos são avaliados como pessoas que se expõem


menos, sob dois aspectos, um condiz com frequência de acesso, para os
alunos não existem tantos idosos que navegam na internet, pois a maioria tem
como referência os avôs, e o outro aspecto relacionam-se ao entendimento de
que os adultos são responsáveis e conscientes sobre seus atos.
131

Sobre quem está mais exposto na navegação os alunos elencaram a


si próprios e as crianças, porém durante a tabulação dos dados, encontramos
questionários onde a avaliação era contrária, onde podemos interpretar que a
avaliação no momento de classificar entre mais e menos, foi relacionada não a
maturidade, mas sim nas possibilidades de atividades que os adultos e os
idosos têm ao acessarem a rede, por exemplo, realizar compras.

Percebemos que as noções entre as diferentes formas de se expor


na rede, vinculam-se muito mais a imaturidade do que as possibilidades que
todos os indivíduos têm de acesso a diferentes conteúdos sejam positivos ou
negativos. O que reforça essa interpretação condiz com a resposta dada pelos
alunos quando questionados se alguma vez acessaram algum conteúdo
impróprio segundo a opinião de seus pais ou sua própria opinião. Dos 17
alunos respondentes da escola pública, 29% apontaram já ter acessado e
identificaram o site de bate-papo do UOL (Universo On Line), já os alunos da
escola privada 9% dizem ter acessado um conteúdo impróprio e apontam o
Orkut.

As noções entre certo e errado, perigoso e seguro, não estão bem


estabelecidas no julgamento de suas ações na rede. O Orkut, site de
relacionamentos, é para uso de maiores de 18 anos, porém na prática não é o
que ocorre, acessar o Orkut nesse caso se caracteriza mais como algo errado,
dependo das interações os adolescentes estão muitos mais expostos a
situações de constrangimentos sociais. Já o bate-papo do UOL, vincula-se a
riscos, nem sempre sabemos com que estamos falando e esse fator pode
significar exposição a algum tipo de dano, por exemplo, assédio, pedofilia e
pornografia, diferente do Orkut que possui restrições de comunicação as sala
de bate-papo são de trânsito livre.

Essas noções podem estar vinculadas ao tipo de orientação que


estes alunos recebem de seus pais/responsáveis bem como o significado que
tem para si. Quando questionados se recebem algum tipo de orientação dos
pais quanto aos riscos da internet, 44% dos alunos da escola privada
afirmaram sempre ter orientação, 46% apontaram que às vezes são
132

orientados e 6% nunca terem orientações sobre os riscos da internet. Já os


alunos da escola pública 18% dizem nunca terem tido orientação, 29%indicam
que as vezes há orientação e 53% dizem sempre serem orientados.

Na questão sobre quem se expõe a mais riscos nas internet os


alunos se incluíram, e diante desse fato deixaram bem mais evidente que é
importante ter orientação, sendo bem explicada ou não, ela se faz necessária.

Gráfico 6: Como você classifica a orientação de seus pais sobre a internet?

A mesma pergunta é feita sobre as orientações que eles recebem na


escola, e a classificação é semelhante. A tendência de ver a orientação como
importante fica na marca dos 29%, 12% avaliam que essa orientação tanto é
bem explicada como mal explicada e 4% a entendem mais como uma
desconfiança e controle por parte dos professores. As escolas não abordam a
temática da internet como proposto nessa pesquisa, logo as orientações
vinculam-se tão somente aos propósitos das aprendizagens disciplinares.

Um exemplo dessa prática é a elaboração de um blog por parte do


professor, assim os conteúdos que serão trabalhados com a turma serão
133

todos buscados nesse ambiente, balizando o comportamento dos alunos ao


acessarem a internet, além disso, orientam quanto os modos de pesquisa e o
cuidado em apenas não copiar. Outra maneira de conduzir as atividades sem
grandes conflitos está relacionada à internet enquanto premiação ―se fizer o
que peço, poderá jogar‖, e uso de softwares bloqueadores.

Os bloqueadores tornam-se importantes quando pensamos que, por


vezes, muitos conteúdos são acessados sem intenção o que gera
constrangimentos e sustos. Assim sua presença na escola torna-se importante
principalmente quando o acesso é feito por crianças. Porém os bloqueios
devem ser ponderados já que muitas vezes acabam por impedir o acesso a
ferramentas e serviços interessantes para o desenvolvimento de diferentes
aprendizagens.

Sobre esse aspecto os alunos são da seguinte opinião: 41%


consideram importante o bloqueio, 10% são a favor do acesso livre, 18%
dizem que não é uma medida necessária e 4% alegam que os bloqueadores
impedem o acesso a conteúdos importantes. Aos professores foi feita a
mesma questão, 83% acham importante bloquear sites, 8% dizem que com o
bloqueio fica faltando acesso a conteúdos importantes, como determinados
vídeos do ―Youtube‖ e e-mails, e 8% acham que não é necessário o bloqueio.

Sendo assim, aos professores questionamos quais tipos de


conteúdos, ferramentas e programas disponíveis na internet eles usariam em
suas aulas para as aprendizagens dos seus alunos. Listamos 14 itens, dos
quais os professores deveriam organizar de maneira ordinal. Do total de 12
professores entre escola pública e privada 33% classificaram de 3 a 4 itens
dos 14 apresentados (realizar pesquisas, visitar bibliotecas e museus e buscar
por informações, ler revistas e jornais), alegando, por meio de escrita próxima
da questão que os demais são desnecessários (Acessar e-mail; Assistir filmes
ou vídeos; Assistir televisão; Divulgar vídeos; Fazer ou atualizar blog/fotoblog;
Jogar online; Ouvir rádio; Participar de ambiente de realidade virtual; Participar
de ambiente de simulação; Sites de relacionamento). Essas escolhas são
condizentes com suas próprias atividades quando acessam a internet.
134

Além de ressalvas quanto à inutilidade dos demais 10 itens, alguns


professores justificaram suas escolhas com outras observações escritas
próximas aos itens: jogos e vídeos. A justificativa refere-se que ambos os itens
foram apenas selecionados, pois foram entendidos como sendo educativos.
Porém no questionário não há essa diferenciação, já que situações, jogos e
conteúdos não são por si só educativos. Sendo assim começamos a distinguir
uma marca de que o professor só vai até a STE se tiver em mãos algo que já
é educativo, pronto e acabado ou algo que seja indicado pelo livro escolar.
Cabe ao professor direcionar as aprendizagens e atribuir valores em suas
atividades sejam elas originalmente educativas ou não.

Os professores que responderam ao questionário se identificaram


como sendo Pedagogas, Licenciados em Língua Portuguesa, Ciências
Biológicas, História e Matemática, ministram aulas para o Ensino Fundamental
e Ensino Médio. Dessas graduações 25% dos professores apontam que
tiveram disciplinas de TICs e educação, 50% dizem não ter cursado nenhuma
disciplina com essa temática, sendo assim 58% avaliam que sua formação
graduação/especialização é adequada, porém sempre requer aprimoramentos
e 33% avaliam ser insuficiente.

Dos questionários que entregamos aos alunos da escola pública


para que seus pais respondessem, recebemos apenas 4 do total de 15, os
alunos alegaram esquecimento, falta de tempo dos pais e falta de
conhecimentos deles sobre internet, sendo o aluno o único a conhecer e
acessar a internet. Já os questionários dos pais de alunos de escola particular
apresentaram uma peculiaridade um tanto quanto interessante que
contradizem nossas hipóteses sobre os conhecimentos dos pais sobre a
internet e o papel que eles possuem para a websocialização, por isso iremos
abordar as respostas de maneira separada fazendo comparações entre
instituição pública e privada.

Aos pais questionamos se eles costumam conversar com seus filhos


sobre o que eles têm acessado na rede, os pais de alunos da escola pública
(P*) responderam em unanimidade que sempre questionam. Já os pais que
135

têm filhos em escola particular (P$), 54% dizem sempre perguntar, 29% dizem
que as vezes se interessam em saber e 26% o fazem frequentemente. Sobre
acompanhar o acesso os (P$) 9% apontam não acompanhar, 54% o fazem
parcialmente e 31% sempre acompanham seus filhos ao navegarem na rede.
Já os (P*) 25% acompanham 25% o fazem parcialmente e 50% não
acompanham seus filhos fazem ou deixam de fazer na rede.

Gráfico 7: Como você classifica a orientação de seus pais sobre a internet?

A mesma pergunta sobre quem deve orientar a respeito do acesso à


internet foi feita aos professores, 17% julgam que uma educação voltada para
o bom uso da internet deve ser responsabilidade da família, 33% acham
melhor que essa educação seja feita em colaboração entre pais e escola, 42%
apontam a importância da escola, família e igreja para orientar crianças e
adolescentes, 8% apontaram a necessidade de que exista uma instituição
especializada para essa formação e 8% citou a mídia como a maior
responsável.

A opinião dos pais (escola particular) sobre terem para si a


responsabilidade de orientar e educar seus filhos para a websocialização
chamou-nos a atenção quando cruzamos outras informações contidas em
136

suas respostas. Dentre elas as referentes aos seus conhecimentos sobre os


riscos da internet, fenômenos tais como fraude, plágio, pedofilia, bem como se
conhecem algum tipo de material que informa sobre esses casos, maneiras de
prevenir, diagnosticar e denunciar.

Dos 33% dos pais que apontaram que a educação para a


websocialização deveria ter como princípio na família desses 14% não
conhecem 63% dos fenômenos por nós elencados como risco. Questionamos
também se os pais conhecem algum material informativo sobre internet (guias,
cartilhas, como as apresentadas no Capítulo 1), as opções de resposta eram:
sim, mas não li; sim, eu li; não conheço; não conheço, mas tenho interesse em
conhecer, 11% desses pais que se comprometem com a educação de seus
filhos assinalaram não conhecer, em lugar de demonstrar interesse pelo
material. Esses dados nos revelam que os pais não possuem conhecimentos
suficientes para conduzirem, sozinhos, uma educação para a websocialização.

Outra questão que merece destaque relaciona-se ao percentual fora


do esperado de pais que conhecem e tenham lido algum guia ou cartilha sobre
internet. A contradição está entre o que foi lido e a ausência de
conhecimentos dos fenômenos da internet, assim temos 34% de pais que
marcaram ter lido um material sobre internet e desses 12 respondentes 5 não
conhecem mais que 3 fenômenos de risco, elencados por nós a partir do
critério de frequência abordada em cartilhas.

Essas informações deixam claro que a escola particular preparou


tanto alunos como pais para as interações por meio da internet, e esse
preparo por sua vez influenciou no preenchimento de nossos questionários.
Nossa hipótese vincula-se a ideia de que juntamente com os questionários a
escola tenha mandado um informativo sobre os riscos da internet, pois as
respostas dos alunos sobre o conhecimento de algum tipo de material
demonstram-nos que eles conhecem, mas não leram (18%), e 18% dizem ter
lido.

Ficou explicito que os pais e alunos receberam material informativo,


ganha força diante do fato que 100% dos professores não conhecem nenhum
137

material informativo, ou seja, além de não conhecerem por si só, a escola não
compartilhou do material, desses professores 43% dizem ter interesse em ler
guias e cartilhas sobre internet. A não partilha desse material pode estar
vinculada aos últimos acontecimentos na cidade, que envolveu caso de
pedofilia em duas escolas particulares e uma pública, praticado por um
professor de geografia. Entregar esse tipo material aos professores poderia
representar constrangimentos quanto suas condutas pessoais e profissionais.

A entrega de um suposto material sobre internet e seus riscos e


prevenções, pode associar-se a dois eventos, o primeiro se vincula a
necessidade de informar os pais sobre o assunto e tranquilizá-los
demonstrando que a escola tem tomado medidas preventivas e educativas.
Isso antes da nossa ―interferência‖ no ambiente. Outra possibilidade pode
vincular-se com a maneira pela qual a instituição interpretou nossas
investigações, como por exemplo, entendendo que nosso objetivo seria o de
medir o quanto o ambiente escolar se organiza diante das ultimas notícias da
mídia e assim preparou alunos e pais para nos mostrar o quanto estão
preparados para lidarem com as variadas situações.

Do mais, as iniciativas são válidas, por mais que se caracterizem


como sendo superficiais e de grande interferência em nossos resultados.

3.4 Proposta didática

3.4.1 Temáticas escolhidas para proposta didática

As interações dos indivíduos por meio da internet resultam em


diferentes fenômenos que se vinculam a exposição, a riscos ou infrações. A
partir de pesquisas por nós realizadas listamos os principais fenômenos
recorrentes que possuem cada qual sua importância de ser conhecido,
discutido e evitado:
138

 Ciberbullying→ Na versão virtual são agressões e ofensas direcionadas


repetidamente a uma pessoa na intenção de coagi-la, humilhá-la e
ridicularizá-la no seu grupo de convívio.

 Consumismo→ o consumismo, compulsão por compras de bens e


serviços que supera a necessidade do indivíduo. Por meio das facilidades
de compra e mobilidade entre sites de vendas, o consumismo pode ser
potencializado na internet. Além disso, a falta de cuidado no momento da
compra pode acarretar prejuízos, como cartão clonado, embolso do valor
da mercadoria sem a entrega da mesma e outros tipos de golpes.

 Conteúdos sobre saúde→ A má utilização de diferentes conteúdos,


sobretudo os relacionados à dietas milagrosas e curas

 Cracker→ Termo usado para designar o oposto de Hacker, ou seja,


cracker é aquele indivíduo que usa seus conhecimentos técnicos para fins
antiéticos e ilegais, invadem sistemas de segurança, realizam espionagem,
roubo, estelionato entre outros crimes que prejudicam pessoas e/ou
empresas (SAFERNET BRASIL, 2011).

 Deturpação de informações→ Trata-se da divulgação de informações


falsas, estes boatos possuem conteúdos alarmantes, geralmente são
distribuídos por e-mails e anunciam situações, fenômenos ou ações
exageradas, como boatos sobre sequestros de alguém conhecido,
questões de saúde pública, organização de sociedades secretas e etc.,
tendo como remetente muitas vezes órgãos governamentais, instituições e
empresas conhecidas. (CGI.BR, 2006).

 Intimidade/sexting→ Divulgação de conteúdos (mensagens, fotos, vídeos


e textos) relacionados a intimidade, com apelo sexual ou erótico, que são
distribuídos na rede com intenção de chacota ou vingança contra alguma
desavença pessoal.

 Ladrão de tempo→ Atualizar-se sobre a vida do amigo ou parente vendo


fotos e vídeos, participar de conversas instantâneas, trocar e-mails do tipo
corrente, ou assistir a mensagens em slides. São práticas que demandam
muito tempo sendo conhecidas como ―ladras de tempo‖, pois despendem a
139

dedicação de um tempo razoável se não alto para serem realizadas e


resultam em um baixo rendimento no trabalho e nos estudos.

 Pedofilia→ Nem sempre interagimos com pessoas bem intencionadas na


internet, por meio de bate-papos, e-mails e redes sociais uma pessoa do
outro lado do computador pode simplesmente se fazer passar por outra
com idade e sexo diferentes. É assim que o pedófilo age quando encontra
uma vítima em potencial, se faz de amigo da criança e aos poucos vai
incutindo em suas conversas seus desejos sexuais pela criança.

 Pesquisa e plágio → Noções sobre como pesquisar, onde pesquisar e


como escrever, são importantes para superar o conhecido ―Ctrl+c/Ctrl+v‖.
Os conteúdos disponíveis na internet nem sempre são verídicos, ao se
fazer uma pesquisa na rede é necessário seguir alguns critérios
relacionados à confiabilidade, especialidade e cientificidade do site, além
disso, a sistematização dos resultados da pesquisa deve ser feita de modo
a privilegiar e citar o autor dos dados utilizados, caso contrário o conteúdo
reescrito será classificado como plágio.

 Pirataria→ Copiar ou reproduzir músicas, livros e outras criações artísticas


sem autorização do autor. (GVT, 2008).

 Spam→ são e-mails recebidos com conteúdos e remetentes


desconhecidos e sem que tenham sido solicitados, esse tipo de
mensagem costuma conter temáticas que nem sempre são do interesse do
destinatário ou do conhecimento do mesmo.

 Web texto/grafia → Reorganização da escrita coloquial para uma escrita


suprimida e rápida de se digitar no teclado do computador. Trata-se do uso
dos fonemas das letras e junção de números para comporem palavras, por
exemplo: ―9dade‖ (novidade), ―ksa‖ (casa). Esse hábito de escrita tem
gerado erros de ortografia e caligrafia ilegível nas atividades escolares,
dado preocupante principalmente para vestibulandos.

Todas essas temáticas tornam-se alvo de discussões e


ensinamentos para quem acessa a internet, porém algumas temáticas foram
descartadas por estarem vinculadas a situações muitas vezes entendidas
140

como tabus, como por exemplo, a pedofilia e pornografia, esse tipo de


abordagem demandaria mais tempo e seria necessário também trabalhar mais
profundamente com a instituição escolar e pais e/ou responsáveis. Outra
temática polemica seria a questão da pirataria que envolveria discussões e
valores mais densos sobre moral e ética, casos que também demandariam
mais tempo.

Para nossa proposta didática elaboramos alguns critérios de seleção


para filtrar nossas escolhas:

 Maior ocorrência → qual fenômeno ocorre mais.


 Maior risco à vitima → qual fenômeno da internet possui
consequências diretas ao usuário.
 Maior número de vítimas→ a quais fenômenos as pessoas estão
mais expostas na internet.
 Tempo → disponibilidade dos professores, e adaptação de
conteúdos para a aprendizagem sobre o uso da internet;
 Possibilidades → de discussões maturidade dos alunos no
conhecimento, reflexão e discussão dos temas escolhidos;
 Aplicação → nível potencial de aproveitamento da aprendizagem,
pelos alunos, professores e escola.

Assim para além das temáticas apresentadas escolhemos três, que


deixamos para apresentá-las de uma maneira mais delongada, trazendo suas
características, exemplos de suas consequências, bem como sua importância
em ser tratada com o público jovem. Assim os temas abordados na proposta
didática foram, ―vício em internet‖, ―fraude‖ e ―privacidade‖, além de se
enquadrarem nas três condições de trabalho educacional.
141

Vício em internet

O vício em internet é observado por uma série de comportamentos


que evidenciam a ausência de um uso saudável e produtivo do acesso.
Gradualmente a internet passa a ser a atividade central na vida do indivíduo,
atividades do cotidiano como higiene pessoal, alimentação saudável e vida
social, com amigos e família, vão perdendo espaço à necessidade de acesso
contínuo às informações, comunicação e entretenimento online. (VEJA, 2010).

Estimativas de uma pesquisa da Universidade de La Salle (EUA)


apontam para o quantitativo de 50 milhões de indivíduos que têm um
comportamento compulsivo por acesso à internet, sendo uma fatia de um total
de 1,3 bilhões de navegadores no mundo (levantamento feito pelo Internet
World States). (UNIVERSIA, 2008).

A grande parcela afetada por essa dependência em internet são os


adolescentes, fato explicado muitas vezes pela fase da vida, com momentos
de isolamento e vergonha em que o acesso à rede figura-se como um refúgio,
desabafo ou ainda em uma nova expressão de vida longe dos olhares do real,
vício esse que também pode ser constatado em adultos e até mesmo em
idosos.

Das pesquisas feitas em periódicos trazemos os depoimentos de


que é ou tenta controlar o vício por internet:

―Com 14 anos, ganhei meu primeiro computador e fui, pouco a


pouco, me tornando dependente dele, sem me dar conta da
gravidade disso. Há seis meses, desde que concluí a escola e
fiquei ociosa, ainda sem saber qual faculdade seguir, passo em
média oito horas por dia navegando — e sempre me parece
insuficiente. Na internet me refugio da timidez. Tenho um blog e
frequento as redes sociais, onde já conto com 300 amigos e
arranjei até namorado. Só me sobrou uma amiga dos tempos pré-
internet, e as refeições eu faço apenas em frente à tela. Vivo num
mundo tão à parte que, confesso, saio à rua e acho tudo estranho.
Sou uma pessoa improdutiva, e o mais assombroso é que tenho
total consciência disso. Ainda não procurei tratamento, mas talvez
seja o caso.‖ Marilia Dalabeneta, 18 anos. (VEJA, 2010).
142

―Há dois anos, minha relação com a internet deixou de ser


saudável. Sinceramente, não sei em que momento eu perdi a
medida. Entro no computador para trabalhar em meu projeto de
conclusão de curso da faculdade e, quando me dou conta, estou
às voltas com conversas infindáveis no Orkut. Isso me preenche.
Sei que pode me custar até uma repetência, mas é irresistível. Já
faltei a muita festa de amigo só para ficar on-line. Minha mãe acha
que devo moderar, e talvez esteja certa. Cogito procurar ajuda
médica. Hoje, nada no mundo faz com que eu me desconecte
daquele computador — só o sono.‖
Tiago Lourenço, 25 anos. (VEJA, 2010).

O primeiro sinal expresso pelo indivíduo que vive uma jornada longa
de navegação na rede é o baixo rendimento escolar e/ou profissional,
resultante de pouco ou nenhum momento de sono, (G1, 2008) e quando
desconectado, o indivíduo apresenta certa ansiedade pelo momento de
conectar-se novamente. Em longo prazo, a rotina de horas frente ao
computador pode resultar em sintomas físicos como

[...] taquicardia, a sudorese, a secura da boca e as tremedeiras.


[...] ainda resulta em problemas como comprometimento da
postura, lesões por esforço repetitivo, como tendinite, obesidade
ou subnutrição, devido a má alimentação, e deformidade na visão,
atacada pela luminosidade do monitor. (FOLHA DE S.PAULO,
2006).

Além desses comportamentos, muitas outras atitudes podem ser


observadas nos indivíduos que são viciados em internet ou ainda os
propensos à desenvolverem essa compulsão, segundo observações feitas em
pacientes atendidos no Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática da
PUC, elencou algumas características em comum de seus pacientes tais
como:
143

Tabela 7: Evidências comportamentais de quem é viciado em internet.

O viciado fica constantemente preocupado com a internet quando está off-


Preocupação
line e mal consegue pensar em outra coisa.
O indivíduo tem a necessidade contínua e crescente de utilizar a internet
Necessidade
como forma de obter a excitação desejada.
Quando tentam reduzir seu tempo na internet, o adicto apresenta reação
Irritabilidade
irritada e grande dificuldade de aceitação.
Utilização da internet como forma de fugir de problemas, ou de aliviar
Fuga sentimentos de impotência, culpa, ansiedade ou depressão é o modo como
o viciado se relaciona com ela.
O viciado tem o hábito de mentir para familiares e pessoas próximas com o
Mentira intuito de encobrir a extensão do seu envolvimento com as atividades on-
line
Com o excesso de tempo na internet, o adicto compromete sua vida social e
Prejuízos
profissional, evitando compromissos off-line.
O uso prolongado do computador causa problemas nas articulações
Lesões motoras utilizadas na digitação, o que causa lesões por esforços repetitivos
(LER)
O viciado em internet tem falta de interesse em atividades que sejam
Apatia
realizadas fora da rede ou longe do mundo digital.
Sensação de estar vivendo um sonho, durante um período prolongado na
Sonho
internet, é comum no dia-a-dia da pessoa com compulsão ao acesso.
Tempo exagerado de conexão, aliado à má qualidade do uso da internet, é
Tempo uma constante na vida do viciado. A forma da utilização da internet é o
elemento determinante para definir se o indivíduo é viciado ou não.
Os temas abordados normalmente pelo indivíduo são relacionados, de
Temas
forma direta ou indireta, com a própria internet.
Fonte: Folha S.Paulo, 2006.

Como já pontuado o vício em internet muitas vezes se configura


como uma fuga da realidade. No caso de adolescentes esse fenômeno é mais
recorrente por fatores relacionados às mudanças comportamentais e
identitárias dessa fase da vida humana. Muitas vezes fazer parte de grupos e
interagir com outras pessoas torna-se fácil quando há um computador
mediando esses relacionamentos. Assim nossa escolha se pauta sobre a
necessidade contextual de se tratar essa temática frente as nossas
organizações de estudos, além de isolamento social o indivíduo viciado em
internet compromete muitas de suas atividades diárias como alimentação,
144

higiene e socialização, além disso, compromete também sua estrutura física e


o rendimento escolar.

Em nossos questionários obtivemos os seguintes percentuais


quando questionamos os alunos sobre vício em internet, 51% marcaram não
conhecer pessoas com esse tipo de comportamento, 41% dizem conhecer um
amigo ou parente viciado em internet e 4% apontaram ser viciado em navegar
por horas e horas na internet.

Fraudes

A fraude é um fenômeno recorrente na internet, para se expor a


uma basta acessar algo. As tentativas de fraudes aparecem no formato de
premiações instantâneas, publicidades de artigos ou serviços com um preço
muito abaixo do comum, surgem em e-mails recebidos de contatos conhecidos
e desconhecidos com mensagens do tipo ―clique no link, você vai morrer de rir
desta nossa foto‖ e existem ainda fraudes que envolvem diferentes instituições
como os Correios, o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito),
bancos e lojas.

No ano de 2008 foram registrados 220 mil golpes pela internet, 39%
a mais quando comparado com o ano de 2007. (EP TV, 2009). Não é porque
reconhecemos alguns ícones de segurança, ou que conhecemos a pessoa
que nos mandou o e-mail que estamos sabendo analisar e prevenir-nos contra
as fraudes da rede.

Os golpes são organizados para lesar as vítimas principalmente


monetariamente, por exemplo, um caso em Americana, cidade do interior de
São Paulo, onde ―uma empresa fantasma [...] causou prejuízo de mais de R$
150 mil em golpes contra clientes de um site. A firma vendeu diversos
produtos à pelo menos 30 clientes, mas não os entregou.‖ (G1, 2010).

Além desses golpes feitos a partir de páginas falsas na internet


representando instituições e lojas, há quem seja vítima de e-mails
145

fraudulentos. Esses e-mails podem ter como remetente alguém conhecido,


porém que não o mandou, ou ainda possuir um endereço desconhecido. E-
mails fraudulentos costumam conter links que quando clicados ativam
programas conhecidos como maliciosos que agem do computador de maneira
mecânica, apagando arquivos, espalhando vírus ou ainda roubando dados e
enviando a outros computadores.

Desde 2008 está na rede um site da RNP (Rede Nacional de Ensino


e Pesquisa) que orienta e educa os usuários da internet de modo a ensiná-los
a se prevenirem e agirem em caso de fraudes na internet. A RNP hospeda a
rede CAIS-Centro de Atendimento a Incidente de Segurança, lá o usuário
encontra uma listagem de fraudes que foram identificadas com data,
identificação de quem a enviou, características da mensagem ou página e
qual tipo de programa malicioso possuem. Além da consulta o site ainda
possui um link de acesso a um formulário para a notificação de incidentes de
segurança. Na página estão disponíveis 1847 fraudes notificadas, seguem
alguns exemplos:

Boletim de ocorrência
Mensagem falsa que usa o nome da Polícia Civil para enviar um
boletim de ocorrência. A fraude alerta que caso a vítima não entre
em contato será emitido um mandado de prisão. A fraude contém
diversos erros de português. O link contido na mensagem leva a
um arquivo malicioso que não foi identificado por nenhum antivírus
no momento da análise. (CAIS, 2011).

Atualização de dados
Mensagem falsa do Grupo Santander solicitando que a vítima
realize a atualização de dados Real internet banking. A mensagem
informa que a atualização é obrigatória e que, caso não seja
realizada, a vítima terá seu cartão e senha bloqueados. O link
contido na mensagem leva a um site falso destinado a roubar os
dados da conta bancária da vítima. (CAIS, 2011).

Webmail da Unicamp
Fraude em nome do administrador do Webmail da Unicamp
informando sobre a necessidade de atualização da conta. A vítima
é aliciada a responder a mensagem informando seu email e
senha. (CAIS, 2011).
146

Além desse tipo de aviso, os próprios sites, que têm suas páginas
falsificadas, disponibilizam em suas páginas oficiais explicações sobre sua
política de comunicação com clientes que geralmente diferem muito das
fraudes, além disso, orientam como agir.

Para estar exposto a uma fraude baste ter um e-mail, buscar fazer
uma compra pela internet, participar de redes sociais, fazer cadastro em sites.
Os conteúdos fraudulentos muitas vezes são gerados e enviados a partir de
programas que captam informações na internet por meio de cadastros e sites.
Adolescentes e jovens percorrem com o mouse por esses ambientes e muitas
vezes pelas facilidades, possibilidades oferecidas podem sofrer ou expor
outras pessoas a danos originários de fraudes. Em nossos questionários, 47%
responderam estarem aptos a reconhecer tentativas de fraudes, 35% dizem as
vezes saber reconhecer e 18% admitem não saber quando um documento é
fraudulento ou não, desses alunos 6% dizem ter sido alvo de fraudes e 86%
apontaram que nunca passaram por uma situação assim.

Exposição da Privacidade

Noções sobre o que deve permanecer na esfera privada e o que faz


parte da esfera pública se definem para além de uma identificação pessoal
sobre o que é ser tímido e o que é ser extrovertido. A publicação de
determinados hábitos, gostos, dados pessoais, local de trabalho e escola,
propriedades entre outras atividades que delineiam os espaços que
frequentamos devem ser preservados de divulgação na internet. Esse tipo de
informação quando divulgadas na rede além de atrair pessoas interessantes
para negócios e relacionamentos atraem também pessoas mal intencionadas.

No Brasil e em outros países o excedente de informações tem


gerado riscos aos participantes de redes sociais, além de divulgarem
informações privadas como números de telefones, endereços residenciais,
imagens com fachadas de casas, prédios, placas de carro ou pontos de
referência, esses usuários muitas vezes não delimitam o acesso a tais dados
147

apenas por pessoas conhecidas, disponibilizando assim para qualquer pessoa


que clicar.

Em São Paulo, por exemplo, policiais depois de investigarem caso


de sequestro descobriram que os sequestradores despendiam de horas
diárias para buscar informações de possíveis vítimas por meio de redes
sociais, nesse caso o Orkut. As buscas eram direcionadas às imagens que
ostentassem riqueza por parte dos usuários, a partir dessas informações
sobre as condições financeiras e os hábitos das vítimas os integrantes da
quadrilha passavam a frequentar os mesmos lugares que de seu alvo de
sequestro a fim de terem mais comprovações sobre a escolha e as
possibilidades para o crime. (FLORIANO NEWS, 2010).

Esta semana, o pai do estudante mantido refém em Ilha Comprida


reconheceu, ao Fantástico, que o filho expôs informações demais
na internet. ―Ele fica trancado no quarto dele. Acessa [internet]
quase todos os dias. Todos os pais têm que estar mais presentes,
porque eu não estava muito atento‖, afirmou. [...] O estudante foi
libertado pela polícia e nove sequestradores foram presos. Um
deles, segundo a polícia, é de uma família de empresários de
renome na região de Sorocaba. As investigações apontam que,
em um mês, a quadrilha praticou dois sequestros e possuía uma
lista de novas vítimas. (FLORIANO NEWS, 2010).

A partir de uma pequena informação e com a ajuda de buscadores e


outras ferramentas da internet é possível fazer um levantamento do perfil da
pessoa seja para o bem ou para o mal como roubo, sequestro entre outras
violências.

Para os usuários adolescentes divulgar determinadas imagens e


dados pessoais significa atrair amigos com interesses em comum, afirmar um
status sobre algo valorado entre seus pares. O divulgar de certos dados
representam também o pertencimento a algo, e nessa ânsia e ingenuidade por
ser conhecido é que se ultrapassam os limites entre o que é público e o que
deve ser mantido no privado.
148

3.5 Aplicação e resultados da Proposta Didática

A aplicação da proposta teve início na segunda-feira dia 21 de


março, período vespertino com a turma do 9º ano C, composto por 20 alunos.
A segunda aula seria a disciplina de Educação Física (segunda aula no
período), as hipóteses giravam em torno de um descontentamento por parte
dos alunos ao interferirmos justamente na aula que é referência de diversão e
lazer. De fato o descontentamento foi em proporções maiores, já que as
notícias que os alunos tinham, era a de que o professor tinha faltado, e a partir
disso correram em direção da quadra. Porém a situação era a de que o
professor havia se atrasado e, além disso, havia se esquecido da intervenção
que estava marcada para aquela segunda-feira.

Depois dos alunos organizados novamente na sala, o professor


avisou-os sobre a proposta didática e a consequente mudança em seus
planos. A princípio estes não colaboraram muito, porém conforme fomos
conversando sobre os tipos de atividades de lazer e educação física,
evidenciando suas preferências, a conversa encaminhou-se bem. Quando
chamados a preencherem um organograma no quadro participaram
espontaneamente e foram expressando bem mais suas opiniões, até que
mencionaram a internet. A partir de então foram distribuídos os questionários.

O professor permaneceu na sala durante a aplicação da proposta e


por vezes colaborou nas discussões fazendo inserções e comparações sobre
hábitos saudáveis e vícios, citou exemplos e por vezes pediu silêncio aos
alunos e os ameaçou com a possibilidade de restrição a próxima aula e
educação física.

Em um bom ritmo, os alunos, responderam ao questionário, porém a


turma se dispersou a partir do momento em que uma aluna com baixa-visão
precisou de auxílio para preencher sua folha, já que a ampliação não foi o
suficiente para que o fizesse sem ajuda.

A retomada às discussões ocorreu a partir da organização dos


alunos em grupos, textos sobre vício em internet, vídeo game e televisão,
149

foram distribuídos entre eles, a atividade era de uma leitura rápida para
discussões sobre os aspectos positivos e negativos dessas atividades de
lazer, bem como suas opiniões pessoais sobre o assunto. Porém o tempo
ficou restrito com discussões fragmentas e dispersas a atenção de todos.

No dia seguinte, 23 de março (terça-feira). A inserção da proposta


desta vez foi nas duas aulas da disciplina de Língua Portuguesa (duas últimas
aulas), com uma conversa mais calma, foram apresentados de modo oral
alguns dados da própria dissertação e como estes aparecem no corpo do
trabalho, a partir dessa fala inserimos nas aprendizagens as noções de gênero
textual e tipos de texto, previstas no planejamento para essa disciplina
(anexo).

Juntamente com os alunos fomos organizando no quadro, algumas


características dos gêneros textuais e quais tipos de texto eles englobam em
suas estruturas. Por fim a partir dessas noções, entramos na temática fraude,
a partir de análises de situações do cotidiano contadas pelos próprios alunos,
fomos traçando características que compõem um texto fraudulento em e-mail
e um texto verídico.

Neste dia os alunos colaboraram mais, e participaram com várias


inserções, leituras e distribuição de material. Por fim foi como tarefa à turma
teria que conversar com alguém, amigo ou família, sobre e-mails fraudulentos
e ainda trazer impresso ou ter um exemplar em seu e-mail.

Obedecendo ao horário das aulas, retornamos a instituição na quinta


feira (24/03), na segunda aula na disciplina de Educação Física, onde mais
uma vez houve um descontentamento por parte dos alunos. E na terceira aula
com na disciplina de Língua Portuguesa.

Na aula de educação física o professor se fez presente de maneira


breve, para apenas se certificar de que desta vez os alunos se comportariam e
colaborariam com as atividades, do contrário as atividades se encaminhariam
utilizando suas aulas até que se chegasse à conclusão. Como na aula de
Educação Física a proposta teve momentos de dispersão entre os alunos, foi
feita uma retomada das discussões e depois os alunos organizaram-se em
150

grupos para confeccionarem cartazes informativos sobre o vício em internet e


a importância de se praticar atividades físicas.

A primeira ideia seria de que os alunos montassem pequenos


panfletos explicativos feitos no computador, utilizando informações sobre os
textos e discussões da aula anterior, porém na semana de execução da
proposta, a sala de tecnologias educacionais (STE) estava no período da
tarde reservada para uso das demais turmas, tendo apenas um horário
disponível no horário da disciplina de Língua Portuguesa, horário este que
agendamos para uso.

Sendo assim na aula de Educação Física os alunos se organizaram


em cinco grupos e cada grupo ficou responsável em confeccionar cartazes
para afixar nas paredes do pátio da escola, chamando a atenção dos demais
alunos da escola sobre a importância de se dosar o tempo de acesso a
internet. Para quem não queria perder mais uma aula de Educação Física os
alunos, se distraindo com a confecção dos cartazes, excederam o horário da
aula e findaram o trabalho no início da aula de Língua Portuguesa, na qual
continuaríamos trabalhando sobre gêneros textuais e a identificação de e -
mails fraudulentos.

Conforme os alunos foram finalizando seus cartazes, dirigiam-se à


STE, onde iríamos fazer um trabalho de busca e reconhecimento de e-mails
fraudulentos. Parte da sala ficou terminando os cartazes com em companhia
da professora de Língua Portuguesa e parte nos acompanhou para as buscas
nos e-mails, tarefa dada na aula anterior (um aluno até trouxe a atividade
pronta e impressa, apêndice), já alguns comentaram que haviam pedido para
amigos e familiares mandarem no e-mail.

Em frente aos computadores os alunos ligavam o bate-papo e


conversavam entre si por mensagens instantâneas, cômico. O interessante foi
que muitos não sabiam acessar o próprio e-mail, não apenas por terem
esquecido a senha, mas por não saber o endereço e nem como acessarem a
página do site. Eles diziam: ―Professora eu tenho Orkut e MSN, em qual dos
151

dois eu procuro?‖; ―Professora eu só tenho Orkut, não tenho e-mail...‖;


―Professora não sei entrar no meu e-mail do MSN, lá em casa é diferente!‖.

Essa de dificuldade de acesso aos e-mails por parte dos alunos não
estava prevista e acabou por atrasar a conclusão da atividade, por mais que
tivéssemos a noção de que a escola não disponibiliza espaços nas atividades
na STE para acesso ao e-mail, esperávamos que os alunos tivessem uma
interação maior com essa ferramenta fora do espaço escolar. Algumas alunas
improvisaram duplas para poderem utilizar dos e-mails da amiga para finalizar
a tarefa, porém o e-mail da amiga não continha nada na caixa de e-mail. Por
fim apenas dois alunos entregaram a atividade, outros souberam diferenciar e-
mails fraudulentos dos demais, porém não houve tempo para que inserissem
comentários e argumentos que os validassem como tal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os grandes avanços tecnológicos na maioria das vezes representam


mudanças e transformações sociais, dentre eles nos propomos a estudar as
Tecnologias de Informação e Comunicação, sobretudo a internet. Esse mundo
virtual sem medida tem sido palco das diferentes expressões e possibilidades
desenvolvidas pela interatividade humana. Assim nossa caminhada ao longo
dessa pesquisa buscou organizar, refletir e analisar sobre o cotidiano mediado
pela internet, os seus riscos e suas potencialidades, e por fim propor uma
formação referente às evidências de mudanças comportamentais vinculadas a
situações de constrangimentos sociais nas interações da rede.

Em contínua expansão a internet tem possibilitado a execução de


diferentes atividades por diferentes pessoas. Tornar-se um internauta não
requer habilitação para navegar, licenciatura para se expressar ou permissão
para acessar, não há limite de gênero, cultura, idade, horário. E por conta
dessas características que prestam autonomia aos indivíduos, mais e mais
pessoas se interessam em fazer parte desse universo que já não é tão
paralelo assim.

Noções de autonomia e liberdade vivenciadas entre cliques e visitas


a sites, jogos, bate-papo e entre outras possibilidades multimídia, convergiram
em um acesso livre de preocupações e desconfianças sobre o que poderia vir
a ser prejudicial a si ou ao outro.

O entendimento e condições de se estabelecer vivências e


experiências entre os dois espaços: o presencial real e o remoto virtual,
resultou na construção de uma ideia de que real e virtual referem-se a
fenômenos opostos como concreto e abstrato, e de maneira mais objetiva o
concreto nós sentimos e o abstrato ninguém vê ou conhece. Deste modo entre
consequência e inconsequência os indivíduos foram ampliando suas zonas de
exposição e interação.
153

E assim a internet aos poucos foi tomando a forma de um alçapão


do que não pode ser feito no mundo real, ali tudo é jogado ou acessado por
meio das válvulas de escape de cada indivíduo. As possibilidades de
anonimato e o ingênuo entendimento de perenidade do que é feito na rede,
deram margem a mudanças comportamentais das quais são inaceitáveis por
nossa sociedade em instâncias tradicionais de convívio social presencial.

Estar à mercê desse tipo de entendimento resulta em modificações


comportamentais com consequências que muitas vezes têm suas origens no
meio virtual e acabam por desembocar na vida real. Ou seja, real e virtual já
não são mundos paralelos onde os acontecimentos não transpõem seus
limites fronteiriços, pelo contrário o transpor de limites na internet é que tem
resultado e caracterizado a rede, não apenas, como um espaço de
comunicação e aprendizagem.

Cada vez mais por falta de formação e informação a internet tem se


configurado em um ambiente que representa riscos e danos aos indivíduos de
diferentes idades, além disso, representa um reforço negativo sobre o que
deve ser praticado nesse meio. E esses atributos acabam por se sobressaírem
em comparação com as potencialidades de uso que a internet possibilita, e até
o limitam.

Expressões sobre esse uso desmedido aparecem em fenômenos


como, vício em internet, fraude, roubo de dados, exposição da intimidade e
privacidade, ciberbullying, calúnia, difamação, crime contra a honra e etc., são
algumas das tantas outras ocorrências do que acontecem na rede.

Dedicar atenção a esses fatos requer que pensemos então como


lidar, com esse fenômeno interativo que é a internet, e que carrega consigo
tanto aspectos negativos como positivos e que podem ser acessados por
crianças e jovens a qualquer clique. Ao nos defrontarmos com esse tipo de
situação, averiguamos que os níveis de tolerância trazidos por estudos sobre
os processos comportamentais, perpetuados e praticados por representarem
importância à manutenção da vida em sociedade, foram flexibilizados nas
154

interações virtuais, demarcando a ausência de uma educação para o que


chamamos de websocialização.

A ausência de balizas comportamentais e a resultante desse


processo, ainda de assimilação e adequação da tecnologia pela sociedade,
possibilitam que diferentes pessoas vivenciem os chamados constrangimentos
sociais, exposições das mais variadas que ridicularizam, acentuam defeitos ou
limitações de uma determinada pessoa, que por fim a expõe ao sentimento de
vergonha, não mais diante de um pequeno grupo, mas sim de uma população
e logo do global.

Os indivíduos, de modo geral, a partir da praticidade de acesso e


curiosidade aprendem por si só a navegar pela rede. Alguns frequentaram
escola com curso específico de informática, porém tiveram suas
aprendizagens direcionadas para conhecimentos operacionais, que não
possibilitam o entendimento social-cultural de suas atividades na rede. A
família como constatado por meio de questionários, muitas vezes não dispõe
de tempo ou conhecimento para orientar seus filhos, e já sabemos a partir das
teorias dos processos civilizadores que, os ensinamentos que os pais passam
para seus filhos é a perpetuação do que eles enquanto crianças e jovens
aprenderam com seus pais. Sendo assim a educação para a socialização
provinda da família contempla apenas os modos tradicionais de interações
pessoais.

Aprendizagens para a websocialização provindas de eventos e


materiais impressos são importantes, porém não tem atingindo um grande
público. Muitos materiais possuem linguagens difíceis, são extensos e nada
objetivos, ou ainda apresentam-se como superficiais e raramente vinculam-se
a uma organização para consulta. Professores, alunos e pais principalmente
de regiões que não pertencem ao eixo sul e sudeste não participam de
eventos como os produzidos pela SaferNet.

Os materiais impressos são distribuídos gratuitamente e também


estão para download, porém poucos sabem ou percebem a importância de se
pensar sobre as atividades desenvolvidas na rede. Um exemplo é que
155

coordenadoras de uma das escolas vistas durante a pesquisa, espantou-se ao


saber que havia cartilhas e guias sobre o acesso responsável à internet,
durante a conversa informal, foram dadas algumas características desses
materiais, e a coordenadora reconheceu que de fato na escola, na biblioteca
eles possuíam o livro do Menino Maluquinho sobre internet.

A escola por sua vez, a partir dos dados coletados por meio de
questionários, tem para si que seu uso da internet é o suficiente, e que as
demais ferramentas fora do rol de comunicar, informar e pesquisar, não são
necessárias. Os professores por sua vez observam a necessidade de uma
educação para a interatividade na internet e até incluem sua instituição de
trabalho como sendo um espaço propício. Porém o que foi observado refere-
se a muito mais do que abrir possibilidades para essa formação, os próprios
professores muitas vezes não se veem construtores de material didático para
suas aulas, e quando vão para a STE contam com o uso de softwares
elaborados para cada disciplina e turma.

Esse tipo de inserção e utilização da STE é importante e


interessante para as aprendizagens, porém não se vinculam a possibilidade
de se construir uma formação para a websocialização e tão pouco representa
a aplicação de conteúdos curriculares ao contexto de vivência dos alunos.

Ao propormos que a instituição escolar seja o espaço para a


formação e prática da websocialização, sabíamos deste quadro de limitações
quanto ao acesso à diferentes ferramentas da rede. Mas também o potencial
de aprendizagens que a aplicação da proposta didática teria para ser
desenvolvida, bem como as potencialidades que essa traria a partir de suas
proposições à dinâmica escolar.

A partir de estudos teóricos sobre os processos comportamentais


pelos quais pessoas e sociedades passam, aos poucos a proposta didática foi
sendo entendida mais como uma demonstração do que é possível fazer, e
como por meio dela à longo prazo o que é possível modificar no espaço
escolar e nas interações entre as pessoas.
156

Assim as avaliações sobre os resultados da aplicação referem-se


mais aos momentos da prática, pois submeter às aprendizagens dos alunos a
algum tipo de avaliação que pudesse dimensionar o antes e o depois, da
aplicação da nossa proposta, seria ir contra ao princípio que justificou
abordarmos as temáticas sobre a internet de maneira transversal, contínua e
relacionada com outras aprendizagens do currículo escolar. Seria ignorar a
necessidade de levar essas aprendizagens como um processo de resultados a
longo prazo dentro e fora da escola, onde palestras e leituras informativas
sobre os riscos e potencialidades da internet não demandariam os resultados
esperados em um período maior.

Quanto à avaliação da prática, essa tem seu parâmetro a partir dos


objetivos que foram ou não alcançados durante sua execução, não solicitamos
que os professores ou coordenadores dessem-nos algum tipo de parecer, não
teria veracidade, já que a proposta foi apenas aplicada a uma turma e em um
período e isso seria expor os professores a um constrangimento que os
limitasse a registrar o que verdadeiramente acharam.

E assim dentre o que esperávamos que ocorresse temos o lado


positivo e o negativo. A começar pelo negativo foi que por ser de fora e não ter
havido uma organização colaborativa entre mestranda e professores durante a
aplicação da proposta os alunos colaboraram, porém por vezes se sentiram na
vontade de não fazer, de não participar.

Teria sido importante uma organização dos conteúdos mais próxima


do professor em uma colaboração entre os conteúdos específicos os quais ele
possui conhecimentos somados aos conhecimentos adquiridos a partir da
elaboração dessa pesquisa. Assim com a figura do professor titular da sala, as
aprendizagens teriam ganhado um maior grau de seriedade por parte dos
alunos.

Outro fator que nos impossibilitou a tomada de outras conclusões foi


o fato de não conseguir aplicar a proposta na instituição privada, o que marca
que mesmo diante dos fatos a escola ainda assim, fecha os olhos para algo
que palestras e informativos não estão dando conte de resolver.
157

Impossibilitando estabelecer comparações entre práticas e resultados de


aplicação.

Por fim as considerações que revelam saldos positivos da proposta


referem-se primeiramente, no interesse da escola pública em abrir suas portas
para nossa intervenção, essa situação não pode ser apenas interpretada como
disponibilidade da escola, mas também como interesse, esboçado pela
coordenadora, em intervir na realidade negativa dos fenômenos da internet.
Posteriormente, por mais que não tenha havido a participação esperada, o
aceite dos professores em ceder suas aulas também representou uma parcela
de conscientização quanto a importância de se tratar o tema em sala de aula.

Essa aceitação revela mais um objetivo alcançado, pois se vincula


ao fato das temáticas de risco, fraude e vício em internet, estarem inseridas de
maneira correta nos conteúdos e abordagens específicas das disciplinas de
Língua Portuguesa e Educação Física. Apresentando assim as flexibilidades
desejadas de um plano de aula passível de adequações quanto a outros
conteúdos e temas relacionados aos riscos da internet, e utilizando das
potencialidades também da internet para a construção e prática dessas
aprendizagens.

Observamos também frente a participação dos alunos, por mais que


a princípio agiram de maneira esguia, quando passávamos às discussões e
conversas sobre suas atividades na internet pudemos contar com a
participação de mais da metade da turma. Assim contemplamos mais um
objetivo que seria então da adequação das temáticas a fatos dos quais os
alunos conhecessem ou já tivessem ouvido falar. Quanto mais situações
contextualizadas com as vivencias dos alunos maiores são as possibilidades
de se construir e valorar uma aprendizagem.

Assim agregar aos conhecimentos do currículo informações sobre a


internet que venham a colaborar para a websocialização, vincula-se a
estabelecer aprendizagens e práticas que não destoam do cotidiano do aluno,
como uma excursão, não que avaliemos essa prática como negativa, pelo
contrário. Porém momentos de aprendizagens que destoam muito do que os
158

alunos estão acostumados muitas vezes geram distração, falta de seriedade


ou até mesmo esquecimento depois de um tempo. Porém se adotado pela
escola a formação para a websocialização poderá ocorrer de modo
transversal, assim como estipula os PCN.

Pensando à longo prazo a prática de uma educação


websocializadora por parte da escola, possibilitaria o uso da internet para
além das três atividades, comunicação, pesquisa e informação. Seria expandir
as potencialidades educacionais da internet dentro da escola. O uso de
softwares ainda seria necessário, porém não mais com o bloqueio de tantos
sites, programas e ferramentas como na atualidade. Tudo porque além de
saber usar, os alunos teriam os conhecimentos dos riscos, de como se
prevenirem e como se portarem diante da diversidade da rede.

Com escola trabalhando essa temática de maneira, contínua e


processual, os conhecimentos adquiridos não ficariam apenas com os alunos
que o perpetuarão em conversas pessoais e virtuais entre seus pares e
família. É importante pensar em colaborações para essa educação que se faz
tão urgente, assim escola, família e mídia comporiam cenários de
aprendizagens e práticas sobre as relações sócio-culturais e a
websocialização na rede.

A escola por compor grande parte da vida de socialização de


crianças e adolescentes, representa uma instituição propícia para essas
aprendizagens, pois alcança um maior público. Se ausentar de uma tarefa
dessas, ignorar as evidências ou ainda não dar importância às iniciativas já
existentes representa deixar a sociedade à mercê da ingenuidade,
irresponsabilidade e curiosidade dos internautas que se expõem e exporão
outros a tantos constrangimentos sociais.

Por fim fica a vontade de ver os resultados dessa ideia aplicada no


cotidiano escolar por mais tempo, seis meses, um ano, fica a curiosidade de
saber as mudanças na escola, no acesso à internet e as possibilidades
encontradas e construídas entre professores e alunos.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS

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TOSCHI, Mirza Seabra. Apresentação. In: Leitura na tela: da mesmice à


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ZUIN, Antonio. O Orkut como fonte de pesquisa em educação. In Lúcídio


Bianchetti, Paulo Meksenas (orgs.): A trama do conhecimento: teoria,
método e escrita em ciência e pesquisa/.Campinas/SP: Papirus, 2008.
ANEXOS
172
173

Questionário elaborado por Cindy Romualdo Souza Gomes, aluna do


Programa de Pós-Graduação do Mestrado em Educação da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), para coleta de dados sobre o acesso e
uso da internet. Não é necessário identificar-se com nome.
Desde já agradeço pela colaboração,
Cindy Gomes

QUESTIONÁRIO PROFESSORES
Identificação:

Instituição Escolar

(_) Pública (_) Privada

Há quanto tempo atua como professor? _______________

Para qual turma você ministra aulas?


___________________________________________

Qual é a média de idade dos seus alunos?_______________

Qual sua formação?


(_) Magistério (_)Licenciatura
em:___________________
(_) Pedagogia (_)Licenciado
em:____________________
(_) Normal Superior (_)Pós-Graduação
em:________________
(_)Bacharel
em:______________________

Questões:
1. Você costuma orientar seus alunos, em suas aulas, com relação ao acesso à
internet?
(_) sempre (_) frequentemente
(_) às vezes (_) nunca

2. Você já participou/participa de algum tipo de capacitação relacionada ao uso da


internet?
(_) sempre (_) frequentemente
(_) as vezes (_) nunca

3. Durante a graduação você cursou alguma disciplina que tenha relação com as
Tecnologias de Informação e Comunicação e seu uso na educação?
(_) sim (_) optativa
(_) não (_) carga horária de _________
(_) obrigatória

4. Você acha que sua formação para utilização e orientação quanto ao acesso à
internet é:
174

(_) é adequada, mas requer


aprimoramento
(_) é insuficiente
(_) é suficiente

5. Como você aprendeu a usar a


internet?
(_) sozinho (_) em uma instituição especializada
(_) com amigos/parentes (_) capacitação proporcionada pelo
trabalho

6. Para quais atividades você usa a internet com frequência? Assinale com um ―X‖
(_) comunicação com outras pessoas (_) compra ou encomenda de bens ou
serviços
(_) atividades de lazer (_) busca por informações e outros
serviços
(_) educação e aprendizado (_) leitura de revistas e jornais
(_) interação com autoridades públicas (_) transações bancárias ou financeiras
ou de órgãos do governo

7. Dos riscos que nos expomos na internet, quais você conhece? Assinale com um
―X‖.
(_) Fraudes; (_) Ciberbullying;
(_) Vício por internet; (_) Sexting;
(_) Plágio de informações e autorias; (_) Pedofilia;
(_) Pirataria; (_) Roubo de dados.

8. Qual sua opinião quanto ao bloqueio de sites na escola?


(_) é importante (_) falta acesso a conteúdos importantes
(_) não é necessário (_) o acesso deve ser livre

9. Quais são os conteúdos bloqueados pela sua escola?


(_) e-mail (_) jogos
(_) sites de relacionamento (Orkut, (_) conteúdo pornográfico
Facebook...)
(_) bate papo (_) youtube (site de vídeos)
(_) jornais e revistas (_) sites de violência

10. Qual dessas ferramentas e conteúdos da internet você julga ser passível de uso
para aprendizagem dos alunos? Classifique-as de maneira ordinal (1º;2º...)
(_) acessar e-mail (_) assistir televisão
(_) fazer ou atualizar blog/fotoblog (_) ler revistas e jornais
(_) sites de relacionamento (Orkut, (_) divulgar vídeos
Facebook)
(_) assistir filmes ou vídeos (_) participar de ambiente de simulação
(_) jogar online (_) participar de ambiente de realidade
virtual
(_) realizar pesquisas (_) buscas por informações
(_) visitar bibliotecas e museus (_) ouvir rádio
175

11. Em sua opinião quem deve orientar quanto ao uso da internet?


(_) os pais (_) os pais e a escola
(_) a escola (_) a igreja e os pais
(_) a igreja (_) as três instituições
(_) a igreja e a escola (_) outros__________

12. Você alguma vez teve conhecimento sobre algum manual, cartilha ou guia sobre
o uso responsável da internet?
(_) sim, mas não li (_) não conheço
(_) sim, eu li (_) não conheço, mas tenho interesse
em conhecer
176

Questionário elaborado por Cindy Romualdo Souza Gomes, aluna do


Programa de Pós-Graduação do Mestrado em Educação da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), para coleta de dados sobre o acesso e
uso da internet. Não é necessário identificar-se com nome.
Desde já agradeço pela colaboração,
Cindy Gomes
QUESTIONÁRIO ALUNOS/FILHOS
Identificação:
Instituição Escolar
(_) Pública (_) Privada

Série_______________

Período que estuda


(_) matutino (_) vespertino

Idade_______________

Sexo
(_) Masculino (_) Feminino

Questões:
1. O que você costuma acessar na internet? Enumere conforme sua
preferência de acesso.
(_) assistir vídeos (_) sites de relacionamento (Orkut,
Facebook...)
(_) bater papo (_) baixar música/ ou ouvir rádio
online
(_) pesquisas escolares (_) jogos
(_) blog (_) outros

2. Você recebe de seus pais alguma orientação com relação aos riscos que a
internet oferece?
(_) sempre (_) frequentemente
(_) às vezes (_) nunca

3. A orientação que você recebe dos seus pais sobre o uso da internet, você a
classifica como:
(_) boa (_) controle/desconfiança
(_) ruim (_) importante
(_) mal explicada (_) desnecessária
(_) bem explicada

4. Você acha que a internet oferece riscos a quem? Marque com (-) as
pessoas menos expostas e com (+) as pessoas mais expostas.
(_) adultos (_) idosos
(_) adolescentes
(_) crianças
177

5.Você sabe reconhecer tentativas de fraude pela internet?


(_) Sim
(_) Não
(_) ás vezes

6.Você já foi alvo de alguma tentativa de fraude pela internet?


(_) Sim (_) Não

7.Você sabe se prevenir contra as fraudes da internet?


(_) Sim (_) Não

8.Você conhece alguém que ficou exposto a riscos na internet por conta de
informações pessoais e/ou profissionais publicadas na internet?
(_) Sim, eu. (_) Não
(_) Sim um amigo/parente

9.Você sabe qual tipo de informação (seja em formato de texto ou imagem)


devemos evitar de publicar?
(_) Sim (_) Não

10.Você conhece alguém que é viciado em internet? Ou seja, a pessoa deixa


de se alimentar ou sair com os amigos, para ficar mais tempo navegando na
rede.
(_) Sim, eu. (_) Não
(_) Sim um amigo/parente

11. Você já acessou algum tipo de conteúdo impróprio segundo a opinião de


seus pais ou sua própria opinião?
(_) Sim, Qual?____________ (_) Não

12. Na escola a orientação que você recebe dos professores sobre o uso da
internet, você classifica como:
(_) boa (_) controle/desconfiança
(_) ruim (_) importante
(_) mal explicada (_) desnecessária
(_) bem explicada

13. Qual sua opinião quanto ao bloqueio de sites na escola?


(_) é importante (_) falta acesso a conteúdos
importantes
(_) não é necessário (_) o acesso deve ser livre

14. Você acha que sua escola aproveita bem os conteúdos disponíveis na
internet para melhorar as aulas?
(_) sim (_) as vezes
(_) não
178

15. Você alguma vez teve conhecimento sobre algum manual, cartilha ou guia
sobre o uso responsável da internet?
(_) sim, mas não li (_) não conheço
(_) sim, eu li (_) não conheço, mas tenho interesse
em conhecer
179

Questionário elaborado por Cindy Romualdo Souza Gomes, aluna do


Programa de Pós-Graduação do Mestrado em Educação da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), para coleta de dados sobre o acesso e
uso da internet. Não é necessário identificar-se com nome.
Desde já agradeço pela colaboração,
Cindy Gomes
QUESTIONÁRIO PAIS/RESPONSÁVEIS
Identificação:
A instituição que seu (sua) filho(a) estuda é:
(_) Pública (_) Privada

Qual é a idade do(a) seu(sua) filho(a)? _______________

Sexo
(_) masculino (_) feminino

Qual ano ele (a) estuda? ________________

Questões:
1. Você acessa a internet?
(_) sempre (_) não acessa
(_) as vezes (_) quase sempre
(_) frequentemente

2. Se você acessa a internet: Como aprendeu a usá-la?


(_) sozinho (a) (_) em uma instituição especializada
(_) com amigos/parentes (_) capacitação proporcionada pelo
trabalho

3. Seu(sua) filho(a) acessa a internet?


(_) sempre (_) não acessa
(_) as vezes (_) quase sempre
(_) frequentemente

4. Você costuma perguntar para seu(sua) filho(a) sobre o que ele(a) acessa na
internet?
(_) sempre (_) frequentemente
(_) as vezes (_) nunca

5. Você costuma perguntar para seu(sua) filho(a) sobre o que ele(a) publica na
internet? (fotos, textos, vídeos etc.)
(_) sempre (_) frequentemente
(_) as vezes (_) nunca

6. Você acompanha seu(sua) filho(a) no acesso à internet?


(_) sim (_) não (_) parcialmente

7. Você estipula regras quanto ao uso da internet para seu(sua) filho(a)?


(tempo de acesso e finalidade do acesso)
180

(_) sempre (_) frequentemente


(_) as vezes (_) nunca

8. Em sua opinião quem deve orientar quanto ao uso da internet?


(_) os pais (_) os pais e a escola
(_) a escola (_) a igreja e os pais
(_) a igreja (_) as três instituições
(_) a igreja e a escola (_) outros__________

Dos riscos que nos expomos na internet quais você conhece? Assinale com
um ―X‖.
(_) Fraudes; (_) Ciberbullying;
(_) Vício por internet; (_) Sexting;
(_) Plágio de informações e autorias; (_) Pedofilia;
(_) Pirataria; (_) Roubo de dados.

9. Você alguma vez teve conhecimento sobre algum manual, cartilha ou guia
sobre o uso responsável da internet?
(_) sim, mas não li (_) não conheço
(_) sim, eu li (_) não conheço, mas tenho interesse
em conhecer
181

PROPOSTA DIDÁTICA
PLANO DE AULA LÍNGUA PORTUGUESA

1. Identificação
Disciplina: Língua Portuguesa
Turma: 9º ano
Duração: 3 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 1
Conteúdo: Gênero Textual

2.Objetivos

Introduzir a temática sobre gêneros textuais a partir do conhecimento de suas


características no cotidiano dos alunos.

Saber identificar e categorizar os gêneros textuais frente às possibilidades e


necessidades de comunicação.

3.Atividades

 Teorização sobre os gêneros textuais;


 A diferença entre: gêneros textuais e tipos de textos;
 Categorização dos gêneros textuais.
 A situação determina qual usar: características dos gêneros textuais;

4.Metodologia

 Teorização sobre os gêneros textuais;

Conduzir a aula pontuando quanto à importância de conhecer e saber identificar


os gêneros textuais, agregando a importância no contexto dos alunos e suas
necessidades de comunicação. Trabalhar os conteúdos explicativos em destaque
do livro página 82 (teorizando sobre tipos de texto), p. 56 (Gêneros textuais X
tipos de texto).

Observação: entregar esse material fotocopiado aos alunos.

 A diferença entre: gêneros textuais e tipos de textos;

Montar juntamente com os alunos no quadro um diagrama para organizar e


diferenciar as classificações da comunicação escrita em: gêneros textuais e tipos
textuais.

 Categorização dos gêneros textuais.


182

Iniciar esse item com questionamentos aos alunos diante do que foi organizado
no quadro, buscando aprofundar as análises e categorização dos gêneros
textuais. Após o momento de reflexão, distribuir para os alunos o material sobre
as categorias dos gêneros textuais (tabela feita a partir da organização de
Schneuwly e Dolz ), solicitar a leitura, e solicitar comentários e questionamentos.

Programa Escrevendo o Futuro - Gêneros Textuais. Disponível em:


<http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk>. Acesso em: 28 dez. 2010.

 A situação determina qual usar: características dos gêneros textuais;

Diálogos sobre as formas de comunicação textual e suas características,


vinculando os gêneros textuais as vivências dos alunos e suas necessidade e
modos de comunicação.

5.Materiais

Fotocópias dos conteúdos (Tabela, e Teorizando sobre tipos de texto e Generos


Textuais X tipos de texto);
Quadro e giz;
183
184

GRUPOS DE GÊNEROS
ORAIS E ESCRITOS

SITUAÇÃO DE
AGRUPAMENTO PRODUÇÃO DESSES GÊNEROS
GÊNEROS
Contos, lendas, romances,
Narrar Ficção e criação
fábulas, crônicas
Artigos científicos,
Divulgação de um
Expor conferências, seminários,
conhecimento científico
verbetes de enciclopédias
Cartas do leitor, debates
Defesa de um
Argumentar políticos, artigos de
posicionamento
opinião, editoriais
Manuais de instrução,
Informação de
Instruir bulas de remédio, receitas,
procedimentos
regras de jogos
Diários de bordo,
Relato de algo que
Relatar depoimentos, reportagens,
realmente aconteceu
relatos de históricos
Fonte: Programa Escrevendo o Futuro - Gêneros Textuais. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk>. Acesso
em: 28 dez. 2010.

GRUPOS DE GÊNEROS
ORAIS E ESCRITOS

SITUAÇÃO DE
AGRUPAMENTO PRODUÇÃO DESSES GÊNEROS
GÊNEROS
Contos, lendas, romances,
Narrar Ficção e criação
fábulas, crônicas
Artigos científicos,
Divulgação de um
Expor conferências, seminários,
conhecimento científico
verbetes de enciclopédias
Cartas do leitor, debates
Defesa de um
Argumentar políticos, artigos de
posicionamento
opinião, editoriais
Manuais de instrução,
Informação de
Instruir bulas de remédio, receitas,
procedimentos
regras de jogos
Diários de bordo,
Relato de algo que
Relatar depoimentos, reportagens,
realmente aconteceu
relatos de históricos
Fonte: Programa Escrevendo o Futuro - Gêneros Textuais. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk>. Acesso
em: 28 dez. 2010.
185

PROPOSTA DIDÁTICA
PLANO DE AULA LÍNGUA PORTUGUESA
1. Identificação
Disciplina: Língua Portuguesa
Turma: 9º ano
Duração: 3 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 2
Conteúdo: Gênero Textual

2.Objetivos

Saber identificar e categorizar os gêneros textuais frente às possibilidades e


necessidades de comunicação.

3.Atividades

 Atividade em sala, levantamento de características estruturais dos gêneros


textuais;
 Exemplos de gêneros textuais; (receitas de bolo, e-mail, crônica, e etc.)
 Tarefa (busca de e-mail).

4.Metodologia

 Atividade em sala, análise de alguns exemplos de gêneros textuais

Organização da turma em grupos ou duplas, para que analisem e descrevam as


características estruturais dos gêneros textuais.

 Exemplos de gêneros textuais;

Levantamento dos gêneros textuais a partir dos exemplos analisados em sala


pelos alunos

 A situação determina qual usar: características dos gêneros textuais;

Determinar juntamente com a turma quais gêneros textuais são adequados as


situações de comunicação.

 Tarefa (busca de e-mail)

Solicitar que os alunos conversem com seus familiares e amigos fora da escola
com pessoas que tenham recebido e-mails do tipo fraudulentos. A tarefa consiste
em trazer para a escola esse tipo de e-mail, e destacar e justificar quais de suas
partes o caracterizam a tentativa de fraude.

5.Materiais
186

Caderno para registro das atividades;


Quadro e giz
187

PROPOSTA DIDÁTICA
PLANO DE AULA LÍNGUA PORTUGUESA
1. Identificação
Disciplina: Língua Portuguesa
Turma: 9º ano
Duração: 3 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 3
Conteúdo: Gênero Textual

2.Objetivos

Aplicar os conhecimentos adquiridos sobre gêneros textuais e suas


características e aplicação em atividades comunicacionais do cotidiano.

3.Atividades
 Socialização dos resultados da tarefa;
 Analisar e-mails fraudulentos a partir dos conhecimentos adquiridos nas
aulas sobre as características dos gêneros textuais (sala de tecnologias
educacionais):
 Atividade de busca por e-mails fraudulentos nas contas de e-mail dos
próprios alunos; (sala de tecnologias educacionais)

4.Metodologia

 Socialização dos resultados da tarefa;

Os alunos deverão ser convidados a socializarem com a turma sobre os


resultados da atividade solicitada na aula anterior

 Análise e triagem das características básicas de fraude (sala de


tecnologias educacionais):

A partir da busca por e-mails fraudulentos, caberá aos alunos registrar quais
foram as características encontradas nas mensagens, bem como contexto
pessoal e da mensagem que a caracteriza como sendo fraudulenta.

 Atividade de busca por e-mails fraudulentos nas contas de e-mail dos


próprios alunos; (sala de tecnologias educacionais):

Ainda na sala de tecnologias caberá a professora orientar os alunos sobre quais


medidas devem ser tomadas diante de e-mails de caráter fraudulento, ou seja,
caracterizá-lo como spam na caixa de e-mail, ou ainda se o remetente for e-mail
de um amigo avisá-lo sobre e-mail estar mandando automaticamente esse tipo
de mensagem sendo um indicativo de computador com vírus.

5.Materiais
188

Caderno para registro;


Computadores da sala de tecnologias;
e-mail em meio eletrônico para análises.
Exemplo de fraudes por e-mail

NÃO apagar - Notificação Importante


...
Marcelo <campanha@zastros-
boletim.com.br>
De:
...
Adicionar a contatos
Para: Cindy <[email protected]>

Exemplo de fraudes por e-mail

E-mail recebido em: 18 set. 2010 (quinta- feira) 11h31min.


189

Exemplo de fraudes por e-mail

E-mail recebido em: 22 set. 2010 (quinta- feira) 09h00min.


190

Exemplo de fraudes por e-mail

Codigo de Acesso de Cindy


...
Guilherme Rodrigues <[email protected]>
De: ...
Adicionar a contatos
Para: Cindy <[email protected]>

E-mail recebido em: 28 set. 2010 (quinta- feira) 16h47min.


191

Exemplo de fraudes por e-mail

TB Mailto Express <[email protected]>


De: ...
Adicionar a contatos
Para: [email protected]
Capacitação Ministerial com Gedeon e Auri Lidório

E-mail recebido em: 29 set. 2010 (quinta- feira) 07h56min.


192

Exemplo de fraudes por e-mail

FW: URGENTE
...
Cindy Gomes
<[email protected]>
De:
...
Adicionar a contatos
Para: [email protected]

From: [email protected]
To: [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
Subject: URGENTE
Date: Sun, 3 Oct 2010 12:51:05 -0400

3/10/2010 13:45:59<>brJovem pula de seis metros e racha a cabeça em laje de concreto.


As imagens a seguir são fortíssimas e mostram todos os lances do acontecimento inclusive o
momento em que o
rapaz recebia o atendimento médico Recebemos este vídeo através de um e-mail e estamos
divulgando para alertar as pessoas quanto aos riscos de praticar aventuras em locais
impróprios e sem segurança.
OBS: O youtube não permitiu a publicação do vídeo em virtude de conter cenas muito
chocantes
neste caso, se você é Maior de 18 anos, clique no arquivo em anexo a seguir para assistir o
vídeo.

1 anexo

rapaz-perde-o-rosto.wmv(150Kb)
193

ANÁLISES SOBRE OS E-MAILS FRAUDULENTOS

Busca por autenticidade do


documento a partir da exibição da
imagem semelhante a um carimbo
seguido de assinatura de um suposto
responsável pelo documento.

No documento foram distribuídas


cinco possibilidades de acesso para
um suposto credenciamento para
concorrer ao Prêmio. Com tantas
possibilidades distribuídas no
documento muitas vezes pode
ocorrer do remetente clicar em um
desses links de maneira
involuntária.

As partes textuais são repetitivas,


e não esclarecem questões
simples, há uma ausência de
informações importantes e
característico do gênero textual
injuntivo que informa e instrui a
algo:
C
o
m
o

e
-
m
a
i
194

Que tipo de serviço foi


oferecido/utilizado pelo
remetente a ponto de ser
exaltada sua fidelidade?

Porque houve a
iniciativa dessa
premiação?

Ausência de pontuação
necessária. “Sua posição
excepcional como Usuário
(a) Valioso (a) do Grupo
Virtual (,) qualificou você
para participar de uma
oportunidade de prêmio
(premiação) diferenciada”
195
196
197
198

INTERVENÇÃO DIDÁTICA
PLANO DE AULA EDUCAÇÃO FÍSICA

1. Identificação
Disciplina: Educação Física
Turma: 8ºe 9º ano
Duração: 2 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 1
Conteúdo: importância das atividades físicas no combate ao sedentarismo e
promoção da boa saúde em atividades como ver televisão, acessar a internet e
jogar videogame.

2. Objetivo

Conhecer quais práticas sedentárias são prejudiciais ao organismo, suas


características e consequências.

3. Atividades

 Saúde corporal;
 Atividades diárias, que colaboram e prejudicam a saúde;
 Caracterizar as atividades prejudiciais à saúde e suas consequências para
o corpo.

4. Metodologia

 Saúde corporal;

Iniciar um diálogo rápido com os alunos sobre saúde corporal, e questioná-los


sobre suas atividades diárias que julgam serem prejudiciais e benéficas para a
saúde.

 Atividades diárias, que colaboram e prejudicam a saúde;

Após essa conversa convidar os alunos a escreverem no quadro, montando uma


lista sobre atividades que se caracterizam por serem positivas e negativas para a
saúde e sua relação com o lazer.

 Caracterizar as atividades prejudiciais à saúde e suas consequências para


o corpo.

Organizar os alunos em grupos cada grupo receberá do professor informações


advindas de periódicos da internet, quanto à atuação dos brasileiros e pessoas
de outros países quanto práticas no momento de assistir televisão, jogar vídeo
game e acessar a internet. Após leitura, os grupos se pronunciaram sobre os
199

temas lidos destacando aspectos positivos e negativos dessas situações, bem


como suas opiniões pessoais a respeito dos assuntos.

5. Materiais

 Uso de computadores com acesso a internet;


 Reportagens e dados sobre vício em internet, vídeo game e televisão
como sedentarismo entre os brasileiros e exemplos de outros países.
200

Quinta, 5 de abril de 2007, 10h46


Vício em games aumenta problemas pessoas, diz estudo

Aproximadamente 10% de todas as crianças e adolescentes americanos estão viciados em


videogames e por esse motivo enfrentam problemas em suas vidas escolares e pessoais,
descobriu um estudo recente da Harris Interactive.

Segundo o site InformationWeek, o estudo é resultado de uma pesquisa com 1.100 jovens
entre 8 e 18 anos e revelou que os viciados em videogames recebem notas mais baixas na
escola e estão mais predispostos a serem diagnosticados com problemas de déficit de atenção.

Para o Dr. Douglas Gentile, diretor do Media Research Lab da Iowa State University, quase
um em cada dez jovens jogadores mostram sintomas suficientes para trazer danos à sua vida
escolar, familiar, bem como funcionamento psicológico.

Normalmente os viciados em jogos possuem consoles em seu quarto e passam uma média de
24,5 horas semanais destruindo vilões em mundos virtuais. O estudo também ligou problemas
de relacionamento e brigas, além de obesidade, ao vício do videogame.

Quase 25% dos entrevistados se assumiram viciados em jogos, enquanto 44% disseram ter
amigos que são. Nos Estados Unidos, aproximadamente 8 em cada 10 crianças e adolescentes
dizem jogar videogame ao menos uma vez ao mês.

Quanto ao tempo médio em frente ao videogame, a Harris Interactive descobriu que crianças
entre 8 e 12 anos jogam cerca de 13 horas semanais, enquanto adolescentes dos 13 aos 18
anos jogam aproximadamente 14 horas. O público masculino é mais assíduo, chegando a
jogar duas vezes mais que o público feminino.

"É importante que as pessoas entendam que jogar muito não é a mesma coisa de jogar
patologicamente. Para algo ser considerado um vício, tem que significar mais do que fazer
muito. Tem que significar que você faz isto de uma maneira que prejudica sua vida", explicou
Gentile, conforme noticiou o site Digital Trends.

O estudo só cobriu adolescentes até os 18 anos, mas sabe-se que o problema pode ser ainda
maior, já que uma pesquisa anterior mostrou que 44% dos jogadores possuem idades entre 18
e 49 anos, enquanto apenas 31% contabilizavam os menores de 18 anos.

Embora muitas análises sejam negativas, algumas investigações contam a favor dos
videogames. Estudos recentes apontam para a aplicação de jogos no estímulo da memória,
principalmente entre o público idoso, e outras pesquisas somam pontos quanto ao benefício
dos jogos, como uma feita pelo Beth Israel Medical Center, de Nova York, que descobriu que
o desempenho dos cirurgiões jogadores era melhor que o de doutores que não jogavam
videogames.

http://games.terra.com.br/interna/0,,OI1529321-EI1702,00.html acesso em: 01 nov. 2010.

05/07/2010 - 17h02
201

Videogame pode causar problemas de


atenção em crianças, diz estudo
Longo período em frente à televisão, seja surfando pelos canais ou jogando videogame, pode
dificultar a concentração de crianças na escola, afirmaram psicólogos do Laboratório de
Pesquisa de Mídia, da Universidade de Iowa, nesta segunda-feira, em estudo publicado na
revista Pediatrics.
Enquanto os pesquisadores continuam divididos sobre a questão, os resultados estão de
acordo com os últimos trabalhos que analisaram os efeitos da televisão sobre crianças,
disseram eles.
"O que nós não sabemos neste momento é por qual motivo a TV e o videogame causam
problemas de atenção", disse Douglas Gentile, que trabalhou no estudo.
Gentile acrescentou que o tempo de exposição em frente à tela também pode ser associado ao
aumento da agressividade e, talvez menos surpreendente, ao aumento de peso.
O pesquisador disse que o novo estudo foi o primeiro a acompanhar como o videogame pode
afetar as habilidades de concentração infantil ao longo do tempo.
Os pesquisadores acompanharam um grupo de mais de 1.300 crianças em idade escolar, que,
assistido por seus pais, registraram o tempo em frente à TV e jogando videogame ao longo de
um ano. Eles, então, pediram que os professores respondessem a perguntas sobre como as
crianças se comportavam na escola -se eles tinham dificuldade de se concentrar em tarefas,
por exemplo, ou se distraiam-se com frequência.
Mesmo após a contabilização de problemas de atenção quando as crianças entraram no
estudo, aqueles que assistiram à televisão ou jogaram videogame em excesso tiveram um
pouco mais de problemas de concentração na escola.
Especificamente, as crianças que passaram mais de duas horas por dia na frente da tela -o
limite recomendado pela Academia Americana de Pediatria- aumentaram suas chances de
ultrapassar o nível médio de problemas de atenção em 67%.
Os casos extremos de dificuldade de atenção, por vezes, levam a um diagnóstico de TDAH
(transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Entre 3% e 7% das crianças em idade
escolar sofrem do problema. No entanto, os pesquisadores não diagnosticaram nenhuma
criança com essa condição.
Eles também testaram alunos não graduados, desta vez por meio de questionários psicológicos
destinados a revelar o transtorno.
Nestes alunos, exceder o limite de duas horas diárias em frente à TV dobrou o risco de sofrer
de problemas de atenção, mas nenhum foi diagnosticados com TDAH.
Gentile disse que o impacto da TV e dos videogames depende muito de outros fatores, e que
não deve ser considerado dramático.
"Não é toda criança que vai ser influenciada", disse ele. "Não causa este efeito ao nosso
comportamento. É uma combinação de estímulos que recebemos, a mídia é apenas uma
variável.
Miriam Mulsow, um especialista em TDAH da Universidade de Tecnologia do Texas que não
foi envolvida no estudo, disse que não acha que a TV ou os jogos de videogame possam
causar problemas de atenção ou o transtorno.
"Há pais que trabalham em diversos empregos e não podem cuidar da criança", disse Mulsow.
"O que me preocupa é que os pais pensam que eles causam o transtorno em seus filhos. Eu
não acho que esse é o caso ou que os pais devam se sentir mal."
No entanto, acrescentou, "se uma criança tem tendência a desenvolver problemas de atenção,
horas seguidas em frente à TV e a falta de exercícios podem agravar o quadro."
202

Ela disse que concorda que uma criança não deve assistir mais de duas horas de TV por dia.
"Eu mesma não permito que meus filhos assistam por mais do que esse período", disse ela.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/762172-
videogame-pode-causar-problemas-de-atencao-em-criancas-diz-estudo.shtml>.
Acesso em: 03 nov. 2010
203

Vício em internet já é comparado a dependência


química
Conheça o problema e veja instituições que oferecem tratamento
Publicado em 09/04/2008 - 16:45

Marcel Frota

Anderson* é um adolescente normal como qualquer outro. Ele passou a ter problemas na
escola, seu desempenho estudantil não era dos melhores e por causa disso procurou a evitar o
colégio. Não usava a saúde, desculpa clássica para evitar as aulas, para fugir dos recorrentes
fracassos. Ele escolheu outro caminho, o virtual. Foi no ciberespaço que ele encontrou um
jeito de evitar as conseqüências do mau desempenho na escola. Lá ninguém o julgava ou o
cobrava por nada. Esse meio tão aconchegante se transformou na fuga de Anderson. Mais
tarde, esse foi o tormento em sua vida e de sua família.
Esse é um exemplo clássico identificado por psicólogos que tratam os viciados em Internet.
Ou seja, a pessoa usa a rede mundial para suprir uma carência que tem na vida real. O vício
em Internet nasce, na esmagadora maioria das vezes, assim. Não há nenhuma pesquisa
brasileira sobre o tema, mas um levantamento realizado pela Universidade La Salle, nos
Estados Unidos, estimou em 50 milhões o número de viciados em Internet. De acordo com o
Internet World Stats, 1,3 bilhão de pessoas usam Internet no mundo todo.
Anderson passou a freqüentar Lan Houses onde varava noites acordado. Quando dormia, era
picado e sobre o teclado. A alimentação e higiene passaram a ser sistematicamente
negligenciados e os amigos que tinha na vida real eram ignorados. Somente os amigos
virtuais tinham alguma relevância na sua precária vida social. O problema escolar se agravou
e o desespero da família também, sobretudo porque o rapaz ficava arredio quando era
impedido de usar o computador.
"Quem passa por esse problema geralmente fica agressivo, briga com os pais e fica realmente
atormentado quando está sem o computador", afirma a psicóloga Sylvia Van Enck Meira,
voluntária da equipe do AMITI (Ambulatório dos Transtornos do Impulso) do Hospital das
Clínicas. O hospital já tem uma equipe que presta assistência a pessoas viciadas em Internet.
O tratamento tem diversas etapas e é multidisciplinar. Os pacientes passam por avaliações que
irão nortear a abordagem usada para tratar o problema. Há casos em que o viciado é tratado
individualmente ou em grupo, a depender da gravidade da situação.
Na opinião de Sylvia, as mesmas motivações que levam alguém a se drogar podem levá-lo ao
vício no ciberespaço. "A maioria é formada por pessoas sem perspectiva de futuro que
204

acabaram por se envolver com isso", diz ela. A médica revela que os casos não têm
exatamente um perfil fixo. Há atendimentos para adolescentes, adultos e até idosos viciados
em Internet. Os interessados em procurar ajuda no Hospital das Clínicas podem fazer isso de
duas formas: por meio da página específica montada pelo hospital ou pelo telefone 11- 3069-
6975.
Como identificar?
No mundo corporativo contemporâneo, o acesso à Internet é praticamente fundamental e
muitos profissionais passam quase todo o tempo em que estão no escritório conectados à rede.
Isso não faz de ninguém um viciado. "Há profissionais que passam o dia na rede. Um
webdesigner pode ficar 14 horas na rede por causa do trabalho. O que determina o vício é a
qualidade de uso. É possível diagnosticar o vício com base na repetição do uso. Por exemplo,
uma pessoa fica três horas conectada e usa, o Orkut, o MSN, checa e-mails, lê notícias e
pesquisa temas. É diferente de alguém que fica três horas conectado e só acessa sites de sexo
em busca de possíveis parceiros sexuais ou conteúdos desse tipo", explica a psicóloga Andréa
Jotta, pesquisadora do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática) da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
O NPPI tem um sistema on-line de atendimento para viciados em Internet. Quem tiver
interesse em buscar a orientação dada pelo núcleo pode entrar em contato pelo endereço
eletrônico [email protected]. Andréa diz que o padrão baseado no tempo de conexão já não é tão
utilizado para se configurar o vício justamente em função das demandas profissionais e da
qualidade de uso. Tanto ela quanto Sylvia dizem que o viciado é identificado quando o uso da
rede passa a ser feito em detrimento dos compromissos que a pessoa tem na vida real. "O
referencial é esse, a pessoa deixa de fazer as coisas na vida dela para ficar na Internet. Deixa
de cuidar da vida social, do trabalho, dos estudos, em função da rede. Ou seja, o uso que faz
da Internet é abusivo e compromete a vida", resume Sylvia.
De acordo com Andréa, o modus operandi do viciado varia um pouco de acordo com o perfil
da pessoa. Homens tendem a procurar parceiras sexuais e gastam muito tempo em sites com
conteúdo erótico. Por outro lado, as mulheres tendem a procurar sites de relacionamentos,
como o Orkut, e gastam muito tempo em salas de bate-papo ou usam muito softwares de
conversas instantâneas, como o MSN.
Sylvia afirma que o vício em Internet pode ser a porta para outros vícios. "Abre a
possibilidade para uso de drogas, ou para o aumento do uso em quem já consumia. Alguns se
utilizam delas para se manter acordado, usam energéticos", declara ela. Sylvia diz ainda que a
alimentação empobrecida dos viciados também é um fator de risco e o início de um ciclo
205

vicioso. "Vemos casos de pessoas que se tornam obesas pela alimentação precária aliada à
falta de movimentação. Essas pessoas passam a ter a auto-imagem comprometida, não querem
correr o risco de se expor em público e nem de se relacionar fora do ambiente virtual. Têm
vários amigos no Internet e nenhum fora. Os viciados se isolam, perdem emprego, imaginam
que não serão mais aceitos e aí buscam cada vez mais conforto na Internet", alerta Sylvia.
Existem formas diferentes de abordar o viciado. O consenso é que a conversa é sempre a
melhor maneira de iniciar uma aproximação e assim, tentar demonstrar para o viciado os
malefícios de sua atitude. Andréa recomenda que, no caso dos adolescentes, os país façam
valer sua autoridade. "Cabe aos pais o controle. Em princípio você pode dialogar, mas se
chegar a uma situação extrema, é preciso impor a autoridade", recomenda ela. Mas por
autoridade, não leia-se radicalismos. Sylvia lembra que um de seus pacientes sofreu de uma
espécie de síndrome de abstinência quando foi proibido pelos pais de usar o computador.
Arredio, buscou acesso na casa de amigos e por fim, passou a vender objetos de casa para
poder financiar sua permanência em Lan Houses.
Para os adultos, Andréa recomenda muita conversa e em último caso a busca por ajuda
especializada. "É preciso conversar porque muitas vezes o adulto não se dá conta do problema
que atravessa. Mas é preciso insistir, envolver outras pessoas da família e conversar muito. Se
depois de tudo isso o problema não for resolvido, busque ajuda médica", recomenda ela.
* Nome fictício

Disponível em: <http://www.universia.com.br/universitario/materia.jsp?materia=15750>.


Acesso em: 03 nov.2010.
206

Confira os sintomas apresentados por viciados em internet


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SÉRGIO VINÍCIUS
da Folha de S.Paulo

O vício em internet, assim como muitos outros vícios chamados de dependências


comportamentais, podem causar danos físicos e emocionais ao portador do problema.
Do lado psíquico, a incapacidade de concentração, a angústia por estar longe de um
computador e o sentimento de impotência estão entre os problemas apresentados. Todas estas
características comprometem o indivíduo de diversas formas, como baixo rendimento escolar
e profissional, e o sono, por passar madrugadas diante do computador.
"Há casos de dependentes que renegaram a segundo plano a higiene somente para ficar mais
tempo na frente de um computador", conta Rosa. 'Mas isso não é comum em casos de
viciados em internet', completa a psicóloga.
A tendência é que o vício em internet seja apenas uma ponta do iceberg. E, com o tempo,
mais problemas gerados pela tecnologia comecem a aparecer. "Quanto mais presente a
tecnologia em nossa vida, mais problemas haverá na relação entre homem e máquina. O vício
em internet é só uma das vertentes. O tempo trará mais", diz Erick Itakura, psicólogo da
clínica da PUC.
O Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática da PUC preparou um relatório com
alguns procedimentos comuns a pessoas viciadas em internet. Tomando por base os casos
atendidos desde 1995, alguns adictos apresentam como principais características:

Preocupação
O viciado fica constantemente preocupado com a internet quando está off-line e mal consegue
pensar em outra coisa.
Necessidade
O indivíduo tem a necessidade contínua e crescente de utilizar a internet como forma de obter
a excitação desejada.
Irritabilidade
Quando tentam reduzir seu tempo na internet, o adicto apresenta reação irritada e grande
dificuldade de aceitação.
Fuga
207

Utilização da internet como forma de fugir de problemas, ou de aliviar sentimentos de


impotência, culpa, ansiedade ou depressão é o modo como o viciado se relaciona com ela.
Mentira
O viciado tem o hábito de mentir para familiares e pessoas próximas com o intuito de encobrir
a extensão do seu envolvimento com as atividades on-line.
Prejuízos
Com o excesso de tempo na internet, o adicto compromete sua vida social e profissional,
evitando compromissos off-line.
Lesões
O uso prolongado do computador causa problemas nas articulações motoras utilizadas na
digitação, o que causa lesões por esforços repetitivos (LER).
Apatia
O viciado em internet tem falta de interesse em atividades que sejam realizadas fora da rede
ou longe do mundo digital.
Sonho
Sensação de estar vivendo um sonho, durante um período prolongado na internet, é comum no
dia-a-dia da pessoa com compulsão ao acesso.
Tempo
Tempo exagerado de conexão, aliado à má qualidade do uso da internet, é uma constante na
vida do viciado. A forma da utilização da internet é o elemento determinante para definir se o
indivíduo é viciado ou não.
Temas
Os temas abordados normalmente pelo indivíduo são relacionados, de forma direta ou
indireta, com a própria internet.

Dispo em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20334.shtml


208

Quando a rede vira um vício


É difícil perceber o momento em que alguém deixa de
fazer
uso saudável e produtivo da internet para estabelecer com
ela uma relação de dependência — como já se vê em
parcela
preocupante dos jovens

Silvia Rogar e João Figueiredo

Ernani d`Almeida

“O mundo paralelo é melhor”


“Com 14 anos, ganhei meu primeiro computador e
fui, pouco a pouco, me tornando dependente dele,
sem me dar conta da gravidade disso. Há seis meses,
desde que concluí a escola e fiquei ociosa, ainda sem
saber qual faculdade seguir, passo em média oito
horas por dia navegando — e sempre me parece
insuficiente. Na internet me refugio da timidez.
Tenho um blog e frequento as redes sociais, onde já
conto com 300 amigos e arranjei até namorado. Só
me sobrou uma amiga dos tempos pré-internet, e as
refeições eu faço apenas em frente à tela. Vivo num
mundo tão à parte que, confesso, saio à rua e acho
tudo estranho. Sou uma pessoa improdutiva, e o mais
assombroso é que tenho total consciência disso.
Ainda não procurei tratamento, mas talvez seja o
caso.”
Marilia Dalabeneta, 18 anos

Com o título “Preciso de ajuda”, Carolina G. fez um desabafo aos integrantes da comunidade
Viciados em Internet Anônimos, a que pertence no Orkut: “Estou muito dependente da web.
Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério”. Logo obteve resposta de um colega
de rede. “Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em frente ao computador. Preciso
209

de ajuda.” O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela dependência da internet, um


mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da própria rede se dissemina.
Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para Dependência de
Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países estudados, de
5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web — com concentração na faixa dos 15 aos 29
anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o
doente desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem
se dar conta do exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está
desconectado, e seu desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela
do computador, vive, aí sim, momentos de rara euforia. Conclui a psicóloga americana
Kimberly Young, à frente das atuais pesquisas: “O viciado em internet vai, aos poucos,
perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo — e
completamente virtual”.

Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da
rede para estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias
relatadas ao longo desta reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas “útil” ou
“divertida” e foi ganhando um espaço central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita
agora como sem sentido. Mudança tão drástica se deu sem que os pais atentassem para a
gravidade do que ocorria. “Como a internet faz parte do dia a dia dos adolescentes e o
isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta o
problema antes de ele ter fugido ao controle”, diz o psiquiatra Daniel Spritzer, do Grupo de
Estudos sobre Adições Tecnológicas, sediado no Rio Grande do Sul. A ciência, por sua vez,
já tem bem mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet
aumenta — até culminar, pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o
estudo americano. As situações vividas na rede passam, então, a habitar mais e mais as
conversas. É típico o aparecimento de olheiras profundas e ainda um ganho de peso relevante,
resultado da frequente troca de refeições por sanduíches — que prescindem de talheres e
liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a vida social vai se extinguindo. Alerta
a psicóloga Ceres Araujo: “Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do que fora dela, é
um sinal claro de que as coisas não vão bem”.

Claudio Gatti
210

“Só o sono me faz parar”


“Há dois anos, minha relação com a internet deixou de ser saudável.
Sinceramente, não sei em que momento eu perdi a medida. Entro no
computador para trabalhar em meu projeto de conclusão de curso da
faculdade e, quando me dou conta, estou às voltas com conversas
infindáveis no Orkut. Isso me preenche. Sei que pode me custar até
uma repetência, mas é irresistível. Já faltei a muita festa de amigo só
para ficar on-line. Minha mãe acha que devo moderar, e talvez esteja
certa. Cogito procurar ajuda médica. Hoje, nada no mundo faz com
que eu me desconecte daquele computador — só o sono.”
Tiago Lourenço, 25 anos

Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o uso da internet. Há uma razão
estatística para isso — eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia —
, mas pesa também uma explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa da
Universidade Stanford, nos Estados Unidos, lança luz. Algo como 10% dos entrevistados
(viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de “aliviar os sentimentos
negativos”, tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os
adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz o psiquiatra Rafael
Karam: “Num momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet
proporciona um ambiente favorável para que eles se expressem livremente”. No perfil daquela
minoria que, mais tarde, resvala no vício se vê, em geral, uma combinação de baixa
autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50% deles, inclusive, sofrem de depressão,
fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário que os múltiplos usos da rede
ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício, a maior adoração é pelas redes de
relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção de
começo, meio ou fim. “Hoje eu me identifico mais com Furyoangel, meu apelido na web, do
que com meu próprio nome”, reconhece Marcelo Mello, 29 anos, ex-estudante de direito e
gerente de uma lan house no Rio de Janeiro.

Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados
Unidos, a dependência da internet é reconhecida — e tratada — como uma doença. Surgiram
grupos especializados por toda parte, inclusive no Brasil, como o da Santa Casa de
Misericórdia, no Rio de Janeiro, e o do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, na
Universidade de São Paulo. “Muita gente que procura ajuda aqui ainda resiste à ideia de que
essa é uma doença”, conta o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu. O prognóstico é bom: em
dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a níveis aceitáveis de uso da
internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se mantivessem totalmente distantes
dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à bebida. Com a rede, afinal,
descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de conhecimento e ao
próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a questão
gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoável: até duas
horas diárias, no caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for
sedimentada, melhor. “Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os filhos
sobre como usá-lo de forma útil e saudável”, avalia a psicóloga Ceres Araujo. Desse modo,
reduz-se drasticamente a possibilidade de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje
pelos jovens viciados.
211

Ernani d`Almeida
Três anos perdidos
“Desperdicei três anos da minha vida
jogando Tibia, um game no computador cuja
graça, para aficionados como eu, é ser
infinito. Passava pelo menos seis horas por
dia em frente à tela e, longe dela, não
conseguia pensar em outra coisa senão na
hora em que voltaria ao jogo. Foi uma época
negra. Não saía de casa e perdi os amigos.
Estava tão isolada que, por iniciativa
própria, decidi restringir, por ora, o
computador na minha vida. Esse processo de
desintoxicação, imagino, deve ser tão
sofrido quanto o daqueles que tentam largar
o álcool. Você precisa reatar as velhas
amizades e até se acostumar de novo à vida
ao ar livre. O saldo é bom.”
Caroline Parreiras, 18 anos
Disponível em: Dispo em: <http://veja.abril.com.br/240310/quando-rede-vira-vicio-p-
110.shtml>. Acesso em: 21 jun.2010.
212

Tratamentos para vício em internet


Descubra no que se baseiam os tratamentos existentes para quem é viciado em internet.

 Por Allan Valin Ribeiro da Fonseca


 30 de Março de 2010

No artigo “Vício e Dependência de computador e internet” você soube o que caracteriza uma
pessoa que se tornou viciada em internet e, de modo geral, o que caracteriza uma dependência
por si só. Porém, agora chegou a hora de saber quais são e como funcionam os tratamentos
para esse vício.

Recentemente, o hospital londrino Capio Nightingale começou a oferecer sessões -


individuais ou grupais - para jovens diagnosticados com dependência de ficar sempre usando
o computador. Para tanto, dez questões são feitas aos jovens, para as quais a resposta é “sim”
ou “não”.

1. Você permanece online mais tempo do que pretende, com cada vez mais frequência?

2. Ignora ou evita outros trabalhos ou atividades para poder gastar mais tempo online?

3. Constantemente verifica mensagens ou emails antes de fazer algo que você precisa fazer,
mesmo que isso atrase uma refeição?

4. Você fica irritado quando alguém o incomoda enquanto está fazendo algo online ou no
telefone?

5. Prefere gastar seu tempo online com outras pessoas - ou através de mensagens de texto via
celular - do que conversar pessoalmente?

6. Quando está offline, você pensa muito em voltar para o computador?

7. Discute ou é criticado por amigos, namorada(o) ou família sobre o tempo que você passa
online?

8. Você fica eufórico pensando em quando será a próxima vez que estará online, ou mesmo,
fica pensando sobre o que fará quando se conectar?

9. Você prefere atividades em frente ao computador a sair de casa e fazer qualquer outra
coisa?

10. Você esconde dos outros - ou fica na defensiva quando alguém quer saber - aquilo que
você faz na internet?

A quantas dessas perguntas você respondeu “sim” e a quantas respondeu “não”?


213

Aqui vai uma boa, ou má, notícia: se cinco ou mais respostas foram “sim”, você
provavelmente precisa procurar ajuda de um especialista, pois há grandes chances de estar
com algum tipo de dependência com a internet!

Sintomas relacionados ao vício

Aquilo mencionado nas perguntas envolve todos os sintomas. Mas, em resumo, eles
envolvem: perder a noção do tempo online; não conseguir se concentrar em outras tarefas;
isolamento da família e amigos; sentir culpa quando usa a internet; sofrer de ansiedade; ficar
deprimido; ter outros vícios; não conhecer gente fora da internet; ser adolescente; atualmente
ser menos ativo socialmente do que costumava ser.

Quais os tipos de tratamento?

A maioria dos tratamentos envolve afastar o usuário da vida online por meio de atividades
com outras pessoas. Algo que também funciona é ficar tão cheio de atividades fora de casa
que não sobra tempo para o computador. Outras alternativas são: parar de usar um serviço
específico (por exemplo, o Orkut); colar bilhetes pela casa para lembrar de sair da internet;
criar uma lista das tarefas cotidianas e cumpri-la; procurar ajuda médica.

A opinião de quem estuda o assunto

O Portal Baixaki conversou sobre o assunto com Aline Michelin Bonafini, psicóloga clínica, e
Pablo de Assis, pesquisador vinculado ao Núcleo de Estudos do Desenvolvimento Humano da
Universidade Federal do Paraná.

A dependência de internet, segundo Pablo de Assis, se trataria como qualquer outra. Só para
isso existem várias terapias, umas mais direcionadas e focadas, tratando especificamente o
comportamento de uso da internet, criando novos hábitos, etc.

Aline Michelin Bonafini entende que o tipo de tratamento para quem está viciado em internet
e que tem apresentado resultados diferenciados é a terapia de abordagem cognitivo-
comportamental. Ela pode ser utilizada tanto no tratamento de adolescentes, quanto de
adultos. O objeto de estudo da Terapia Cognito-Comportamental (como o próprio nome diz) é
o comportamento.

Essa terapia entende que pensamento pode gerar comportamento. E esses pensamentos
(chamados pensamentos automáticos) ocorrem devido a uma crença central. A partir do
momento que essa crença é identificada, você pode trabalhar estratégias para modificá-la.
Dessa forma, modificará os pensamentos e, consequentemente, o comportamento.

No Brasil, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo é uma das instituições que
já trata do problema. Conforme a página da instituição diz, não somente a internet, mas
também video games são motivo de vício de muitas pessoas.

“Não tenho coragem de conversar pessoalmente”

No caso da internet, a psicóloga explica que o comportamento-problema seria o vício (perda


de autonomia na realização de atividades diárias, devido ao fato de não conseguir
214

"desconectar-se"). Esse comportamento é gerado por um pensamento, como "só consigo


estabelecer contatos sociais pela internet, pois se as pessoas me conhecerem pessoalmente não
vão gostar de mim".

Esse pensamento revela uma crença central, no caso, uma crença de desvalor (baixa
autoestima). A partir do momento que essa crença é identificada, trabalham-se estratégias
para modificá-la: identificação das qualidades da pessoa, treino para ela reconhecer essas
qualidades e aproximar-se de pessoas "reais". Tudo isso é feito passo a passo, uma técnica
chamada de "aproximações sucessivas". Primeiro ela treina o comportamento no consultório,
durante a terapia, depois ela o leva para a sua "vida real".

Por que viciamos?

Pablo de Assis afirma que a pessoa precisa reencontrar algo perdido consigo mesma e o vício
é um caminho que ela encontra. Isso é válido para qualquer vício. Então, se simplesmente
retirarmos retirar-se o comportamento, você tira o caminho que a pessoa tinha encontrado
para se encontrar ou se curar.

O ideal é que a pessoa procure um psicoterapeuta e procurar se conhecer melhor, conhecer


seus limites, fraquezas, forças, desejos... Assim, ela não precisa se perder em um vício
qualquer. O pesquisador explica que existem riscos associados ao tratamento de vícios:
quando se trata simplesmente o ato compulsivo ou o comportamento adicto, a pessoa corre o
risco de encontrar outro vício para compensar.

Ou seja, se simplesmente a pessoa for proibida de usar o computador ou de acessar a internet


de usar qualquer equipamento tecnológico, essa pessoa pode, dependendo do grau de
dependência, procurar outros vícios, como cigarro, álcool, drogas ou outros comportamentos
também viciantes, como o trabalho, o jogo e o sexo.

Os mais novos que se cuidem!

No caso mais específico de adolescentes, Pablo de Assis diz que nós mesmos precisamos
entender que a adolescência é uma época de descoberta da própria identidade. “Pode ser que
esse adolescente esteja procurando quem ele é em fóruns online, comunidades no Orkut ou
em sites espalhados pelo mundo. Mas ele precisa ser orientado que o mundo, e ele mesmo,
são muito mais do que isso. Algumas horas de atividades físicas, contato com amigos, cinema
ou qualquer atividade ao ar livre ou fora de casa são excelentes”.

Na China , por exemplo, a obsessão por internet fez com que o governo permitisse o uso de
choques como tratamento da doença em cerca de 3 mil jovens. Em 2009 esse tipo de medida
foi proibida, visto que o governo admitiu não ser uma opção realmente efetiva.

O psicólogo explica que, como muitas escolas e famílias impõem tantas atividades aos jovens,
muitas vezes eles mesmos não têm escolha em fazer outras coisas. Assim, gastam horas na
frente do computador fazendo pesquisas e trabalhos que não têm mais tempo para outras
atividades. Cabe a eles então procurar lazer e diversão no único canal que conhecem: a
internet e o computador.

Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/info/3970-tratamentos-para-vicio-em-


internet.htm>. Acesso em: 03 nov. 2010.
215

Vício e Dependência de computador e


internet
Será que você ou alguém conhecido está usando muito o computador a ponto de atrapalhar os
hábitos do dia-a-dia?

 Por Pablo de Assis


 9 de Junho de 2009

http://www.baixaki.com.br/info/2224-vicio-e-dependencia-de-computador-e-internet.htm
faltou copiar deu problema na transferência.
216

INTERVENÇÃO DIDÁTICA
PLANO DE AULA EDUCAÇÃO FÍSICA

1. Identificação
Disciplina: Educação Física
Turma: 8ºe 9º ano
Duração: 2 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 2
Conteúdo: importância das atividades físicas no combate ao sedentarismo e promoção da boa
saúde em atividades como ver televisão, acessar a internet e jogar videogame.

2.Objetivo

Conhecer atividades de desenvolvimento doméstico que previnam e auxiliam no combate ao


sedentarismo, que alongam e relaxam o corpo diante de atividades repetitivas ou ainda
posições de longa duração.

3.Atividades

Apresentação de medidas preventivas ou exercícios condizentes as atividades de assistir


televisão, acessar a internet e jogar vídeo game.

4.Metodologia

Os alunos deverão organizar no próprio computador folders explicativos e de alerta sobre


práticas sedentárias que envolvam má postura ao assistir televisão e o vício por internet e
vídeo game para divulgação pela escola. A partir da visita a sala de tecnologias os alunos
deverão se organizar afim de apresentarem aos demais alunos da turma exercícios físicos de
alongamento e relaxamento frente a atividades repetitivas e de longa duração.

5. Materiais

Folhas tipo sulfite;


Computadores da sala de tecnologia;
Impressora.
217

Exercícios de Alongamento e Relaxamento

Muitas vezes as dores e o cansaço que sentimos ao chegar em casa depois do trabalho, nada
mais é do que má postura. Nós fazemos uma porção de esforços desnecessários, deixando os
braços na altura errada, sobrecarregando as costas e outras posturas inadequadas. Além disto,
ainda há os problemas e as urgências, o efeito cumulativo só piora a situação, que se agrava
ainda mais devido ao stress.

Esses exercícios de alongamento podem ser executados no trabalho, nos momentos de


"descanso". Eles ajudam a evitar ou minimizar os efeitos das dores lombares causadas pelas
posições inadequadas que adotamos na execução das rotinas de trabalho. Além disto ainda,
estamos sujeitos às lesões por esforços repetitivos (LER) que podem ser causadas por
qualquer atividade repetitiva. Então, não custa observar e aprender a trabalhar de maneira
mais adequada e confortável. É importante fazer deles uma rotina.

As sugestões abaixo devem ser repetidas no mínimo três vezes por dia. Permaneça alguns
segundos em cada posição.

 Coluna cervical

Alongue o pescoço para frente, para trás e para os lados. Faça uma rotação completa do
pescoço sobre os ombros de forma lenta e o mais acentuado possível, num sentido e depois no
outro.

 Ombros

Eleve um dos braços na lateral da cabeça e segure-o na região do cotovelo. Repita o exercício
com o outro membro. Cruze a frente do tórax com um dos braços e pressione o cotovelo junto
ao peito. Repita o movimento com o outro braço. Estique o braço para frente e apóie a palma
de uma das mãos na parede. Gire o tronco para o lado oposto. Mantenha-se nessa posição até
sentir o ombro alongado. Depois, faça uma rotação simultânea nos dois ombros nos dois
sentidos.
218

 Região lombar

Separe as duas pernas, flexione levemente os joelhos e solte o corpo para frente. Relaxe os
ombros, procurando chegar com as mãos o mais próximo possível do chão. Volte à posição
inicial endireitando o corpo, vértebra por vértebra.
219

 Punhos

Estique um dos braços para frente e puxe o dorso da mão no sentido do antebraço. Em
seguida, puxe a palma da mão em direção ao antebraço. Repita os dois movimentos com o
outro braço.

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/exercicios_de_loangamento_e_relaxame
nto.htm>. Acesso em: 23 nov. 2010.
220

Alongamentos na Empresa

Atualmente, com uma vida cada vez mais sedentária e um ritmo de trabalho
simplesmente alucinante, é preciso alertar sobre a importância das atividades físicas
como medida preventiva às doenças crônico degenerativas (osteoporose, obesidade,
cardiopatias, diabetes, hipertensão arterial), que futuramente poderão nos acometer .
Segundo o Dr. Cooper, médico americano, considerado o pai da medicina preventiva, "o
corpo humano, da mesma forma que necessita de determinados nutrientes, sono e
repouso para alívio das tensões que o esforço da vida cotidiana provoca, precisa também
de exercícios. O excesso ou carência destas necessidades faz com que todo o organismo
se desequilibre. Onde há falta de equilíbrio, há também falta de bem-estar pessoal".

Muitos de nós trabalhamos sentados horas e horas diante de um computador ou mesmo


em pé imóvel, e nos sentimos muitas vezes com dores nas costas, tensão muscular,
enrijecimento articular, problemas de má circulação, lesões por esforços repetitivos,
estresse. Como bem disse o Dr. Cooper, não fomos projetados para sermos inativos e
conseqüentemente precisamos de alguma atividade física, mesmo que seja 30 minutos
por dia intercalados ou não.

A primeira desculpa que nos damos é que não temos tempo para isto, portanto deixamos
de relaxar ou mesmo respirar lentamente em alguns momentos do dia, para sim
continuarmos num ritmo intenso de atividades mentais.

O alongamento diminui a tensão muscular, ativa a circulação, reduz a ansiedade, o


estresse e a fadiga, diminui o risco de lesões, ajuda na hora do trabalho e desenvolve a
consciência corporal. Você pode se alongar no trabalho quando se sentir rígido ou
cansado, antes e depois de fazer uma caminhada, ao chegar na sua sala ou mesa, no
início da tarde e também quando precisar se concentrar e dar o melhor de si. Para isto
não há necessidade de grandes esforços, equipamento ou roupa especial.

A seqüência abaixo deverá ser seguida observando-se alguns detalhes importantes:

 Procure respirar lentamente sem bloquear a respiração e relaxe,


 Concentre-se nos músculos e articulações envolvidos,
 Sinta o alongamento até perceber uma leve tensão e mantenha por alguns
segundos,
221

 Não insistir até sentir dor,


 Faça-os dentro do seu limite, cada indivíduo é diferente do outro,
 Oriente-se pela sensação do alongamento,
 O exercício deve ser brando, suave,
 Você poderá realizá-los ao esperar uma chamada telefônica, no momento de
espera da instalação de um programa no computador, no trânsito, ao carregar a
sua máquina, etc. Não é necessário realizar todos no mesmo momento, porém
faça-os pelo menos duas vezes por dia.

1. Sentado ou em pé com os braços ao longo do tronco, com os ombros relaxados,


lentamente incline a cabeça para frente alongando os músculos posteriores do pescoço,
respirando normalmente durante 10 a 15 segundos.

2. Mantendo a mesma posição inicial do exercício anterior, vire a cabeça para a direita e
depois esquerda, mantendo 10 a 15 segundos de cada lado.

3. Leve os braços para trás, sentado ou em pé, entrelace os dedos atrás das costas,
palmas das mãos voltadas para dentro e mantenha a posição por 10 a 15 segundos.

4. Na mesma posição inicial anterior, respirando normalmente, entrelace os dedos e vire


222

as palmas das mãos para fora, acima da cabeça e estenda os braços, mantendo por 10 a
15 segundos.

5. Apoie-se em um arquivo, cadeira ou mesmo no ombro de um colega, semi flexione os


joelhos, "cole" o queixo no peito e incline-se para frente, mantendo a posição durante 15
segundos.

6. Sentada, incline o tronco para a frente, relaxando os braços e a cabeça, respirando


normalmente mantendo-se na posição durante 15 segundos. Ao retornar faça-o
lentamente com auxilio das mãos.

7. Segure o cotovelo esquerdo com a mão direita, puxando-o lentamente por trás da
cabeça, até sentir uma leve tensão , mantenha 15 segundos em cada braço.
223

8. Sentado eleve o braço direito para cima da cabeça e estenda o outro o para baixo,
respirando normalmente e estendendo os dedos. Mantenha de 10 a 15 segundos de cada
lado.

9. Especifico para quem está digitando por várias horas.

Afaste os dedos das duas mãos até sentir uma leve tensão mantendo por 10 a 15
segundos.

Relaxe e agora flexione e estenda os dedos durante 15 segundos e em seguida repita o


anterior.

10. Aproxime as palmas das mãos à sua frente, movendo-as para baixo até sentir uma
leve tensão e mantenha durante 10 segundos. Em seguida gire as mãos voltadas para
baixo e alterne o movimento por 15 segundos de maneira suave.

11. Com os braços estendidos e mãos espalmadas realize a flexão dos punhos e
mantenha durante 15 segundos. Agora realize a extensão e também mantenha por 15
segundos.
224

Procure ser mais ativa e também alertamos que as lesões por esforços repetitivos e as
tendinites dos punhos, braços e mãos aumentaram 80% nas empresas nos últimos dez
anos, segundo U.S. Bureau of Labor Statistics.

Lembre-se que a sua saúde está em primeiro lugar !

Mexa-se!!!

Fonte: " STRTCHING AT YOU COMPUTER OR DESK" – by Bob & Jean Anderson
Prof. Roberto Cesar de Oliveira

Disponível em: http://www.emforma.com.br/exercicios/alongamento/alongbusiness.asp>. 23


nov. 2010.
225
226
227

PROPOSTA DIDÁTICA
PLANO DE AULA GEOGRAFIA

1. Identificação
Disciplina: Geografia
Turma: 6º ano
Duração: 2 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 1
Conteúdo: Sistemas de orientação e localização geográficas

2.Objetivos

Identificar sistemas de localização geográfica para orientar locomoções de um ponto a outro.

3.Atividades

 Batalha naval/ localização geográfica;

 Elementos dos sistemas de orientação;

 2 vídeos do Novo Telecurso;

 Solicitação do endereço do Orkut;

4. Metodologia

 Batalha naval/ localização geográfica;

Organizar os alunos em duplas para que joguem batalha naval e pratiquem algumas
coordenadas para eliminar o adversário. Para uma rápida introdução ao tema a partir da
prática orientar o alunos que desenhem apenas 3 elementos entre embarcações e aviões na
grade.

 Elementos dos sistemas de orientação;

Simulação de trajetos (narração/explicação da turma) pontos de partida e chegada solicitados


pelo professor (da sala de aula até os banheiros, cantina biblioteca, sala de tecnologia) (escola
até o shopping, Praça Antônio João) entre outras localidades. Situações de locomoção a pé, de
bicicleta, de carro, avião.

 2 vídeos do Novo Telecurso;


A partir da instalação de computador e data show exibir para a turma 2 vídeos do programa
Telecurso 2000, (disponível pela internet no site do YouTube) Pontuar com os alunos os
demais sistemas de localização apresentados nos vídeos.

 Solicitação do endereço do Orkut;


228

Por fim solicitar aos alunos os endereços de Orkut, entregues com nome e identificação do
perfil

5. Materiais

 Folhas com a grade do jogo Batalha Naval; (1 por aluno)


 Vídeo Novo Telecurso;
 Computador;
 Acesso à internet;
 Datashow;

6. Referências

Novo Telecurso - E. Fundamental - Geografia - Aula 03 (1 de 2). Disponível


em:
<http://www.youtube.com/watch?v=VJXoIWTm0rs>. Acesso em: 05 jan. 2011.

______.- Geografia - Aula 03 (2 de 2). Disponível em:


<http://www.youtube.com/watch?v=HFSfT6bAGos&annotation_id=annotation_573727&feat
ure=iv>. Acesso em: 05 jan. 2011.
229

Batalha Naval (sem instruções) - grelha para imprimir

Uma matriz destina-se a desenhar os seus barcos, sem que os mesmos se toquem e a outra a
registar os "tiros", em número de três em cada jogada, e assinalar os barcos do outro jogador,
sempre que forem atingidos.
O objectivo do jogo é detectar a localização da frota do "inimigo" e deitá-Ia ao "fundo" com
tantos "tiros" quantas as quadrículas que ela ocupa. Um "tiro" errado será denunciado pelo
jogador receptor com a palavra "água" e o "abate" integral do barco com a palavra "fundo".
Os pedidos são feitos com a enunciação de um número e de uma letra; exemplo: "dá-me o 2
C".

Os barcos são:

1 -porta-aviões (5 quadrículas)
1 -barco de 4 canos (4 quadrículas)
1 -barco de 3 canos (3 quadrículas)
2 -barcos de 2 canos (2 quadrículas)
3 -submarinos (1 quadrícula)
230

Esta simbologia poderá ser substituída por outra de enquadramento didáctico-pedagógico


como sendo a ecologia, roda dos alimentos, estilos de vida saudáveis, etc.

Dispo em:
http://www.anossaescola.com/eb1/projectos_id.asp?projecto_ID=12&pageNum_rsTrabalhos=
3

Endereço para jogar na internet


http://www8.jogos.com/jeux.php?VIDJeux=308
231
232

PROPOSTA DIDÁTICA
PLANO DE AULA GEOGRAFIA

1. Identificação
Disciplina: Geografia
Turma: 6º ano
Duração: 2 aulas
Professora da turma:
Mestranda responsável: Cindy Romualdo Souza Gomes
Aula número 2
Conteúdo: Sistemas de orientação e localização geográficas

2. Objetivo

Praticar o reconhecimento e busca por locais e referenciais de localização geográfica, bem


como prevenir que essas informações prejudiquem a privacidade e segurança em redes sociais
na internet.

3. Atividades

 Pontos de referência e sua importância para localizações;


 Uso de ferramentas da internet para localização de trajetos;
 Privacidade e pontos de referência;

4. Metodologia

 Pontos de referência e sua importância para localizações;

Mostrar imagens (inteiras e parciais) que contemplem localidades internacionais, nacionais e


localidades da cidade de dourados. Os conteúdos das imagens devem variar de paisagens a
materiais com informações escritas passíveis de realização de buscas na internet. Se houver,
usar fotos dos próprios alunos encontradas no Orkut.

 Uso de ferramentas da internet para localização de trajetos;


Com o uso do Google Mapas os alunos serão solicitados a encontrarem algumas das
localidades apresentadas nas imagens, em espacial buscar pela localidade dos próprios
colegas a partir das informações de sites de relacionamento.

 Privacidade e pontos de referência;

Organizar os alunos em grupos para que apresentem as informações contidas nos materiais de
periódicos online sobre sequestros, roubos e prisões feitas a partir de informações pessoais e
de localização que auxiliaram na execução dessas ações, a partir de então pontuar ações
básicas para prevenir exposições a esse tipo de risco a partir das percepções dos alunos frente
as possibilidades de dados que podemos usar para localizar, lugares, pessoas e objetos.

5. Materiais
 Imagens projetas a partir do datashow;

 Acesso a internet;
233

 Utilização da sala de tecnologias.


 Ferramenta da internet Google Mapas
234

Vítima que achou sequestrador no Orkut relata horror em cativeiro

Jovem de 25 anos ficou 3 dias dentro de buraco em matagal na Grande SP.


'Não via a luz do dia, quase enlouqueci', disse; sequestro durou 2 semanas.

Luciana Bonadio Do G1 SP

A jovem de 25 anos que localizou um dos suspeitos de seu sequestro no site de


relacionamentos Orkut relatou nesta quinta-feira (16) ao G1 os momentos de horror no
cativeiro. O sequestro aconteceu em março e durou cerca de duas semanas. Policiais do Setor
de Investigações Gerais da Delegacia Seccional de Carapicuíba, na Grande São Paulo,
prenderam em São Vicente, no litoral paulista, um homem de 34 anos suspeito do crime.

Apesar da prisão, ela ainda sente medo, porque outros envolvidos no sequestro ainda não
foram localizados. “Apenas um não quer dizer muito”, afirmou. Por isso, ela falou do caso
sob condição de anonimato. O sequestro aconteceu em Vargem Grande Paulista, na região
metropolitana de São Paulo, em 13 de março. Ela estava com uma amiga no escritório onde
trabalha quando os criminosos chegaram.

“Apareceram três pessoas e um deles entrou no escritório onde eu fico. Em um primeiro


momento, achei que era um assalto. Ele disse que queria me levar mesmo. Eu tentei não ir,
mas me jogaram dentro do carro”, contou. Os sequestradores levaram a jovem até a Praia
Grande, também no litoral, onde entraram em um matagal. Ela lembra que, durante a
caminhada, avistou uma rua e tentou fugir. A mulher pediu ajuda em uma lan house, mas foi
logo localizada pelos criminosos.

Os homens a levaram para um buraco de 1,5 metro de largura por 2 metros de comprimento
no meio da mata, onde ela permaneceu durante quase três dias. “O pior de tudo foi ficar lá
porque eu não via a luz do dia, quase enlouqueci. Eu estava toda suja, machucada. Eu não
sentia fome, só tomava água. Tinha muito mosquito”, lembra. Ela tentou fugir, quebrou parte
da tampa que cobria o buraco e acabou descoberta. “Ele [um dos sequestradores] escutou o
barulho e me amarrou lá dentro.”

Depois desse período, a jovem foi levada para uma casa em São Vicente, onde ficou mais 12
dias. A polícia conseguiu libertá-la depois de uma denúncia anônima. Quando a polícia
chegou, ela estava sozinha. O suspeito preso seria o homem que a vigiou nesta casa. A jovem
conta que ficou de olhos vendados, mas conseguiu vê-lo uma vez, de relance. “Ficou
gravado”, afirmou. Ela começou a procurar o sequestrador nas redes sociais porque “queria
saber o final dessa história”. “Eles sabem de toda a minha vida”, afirma, com medo.

Apesar do tempo que passou desde o sequestro, a jovem ainda não se recuperou. “Eu estou
fazendo tratamento, tomo remédio e isso me ajudou bastante”, diz. Parte da rotina voltou ao
normal, mas ela conta que não consegue sair à noite com os amigos, por exemplo. “Eu não
tenho uma vida social como antes.”

Investigação
Com as informações obtidas na internet, a polícia encontrou a casa do suspeito, de 34 anos,
apontado como um dos chefes do tráfico na Baixada Santista. No local, foram apreendidos 40
quilos de maconha. O homem já tinha passagem pela polícia por sequestro. Ele estava
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foragido desde o ano passado, quando saiu da prisão beneficiado pela saída temporária do dia
das crianças. A namorada dele, uma mulher de 20 anos, também foi presa em flagrante.

Segundo o delegado Idinelson de Jesus Martins, a polícia investiga a participação de pelo


menos outras três pessoas no sequestro. O suspeito preso teria confirmado, ainda de acordo
com ele, que estava no cativeiro, sem dar informações sobre os outros envolvidos.

Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/09/vitima-que-achou-sequestrador-no-


orkut-relata-horror-em-cativeiro.html>. Acesso em: 05 jan. 2011.
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Quadrilha escolhia vítimas para sequestro pelo Orkut

Publicada em 02/08/2010 às 20h15 Atualizada em 02/08/2010 - 20h20

Policiais de São Paulo constataram que uma quadrilha que sequestrou um jovem de 19 anos
utilizava a internet para descobrir o perfil e a rotina das vítimas. Ele foi mantido em cativeiro
por cinco dias, em Ilha Comprida, litoral sul paulista. De acordo com a polícia, os criminosos
passavam horas em sites de relacionamento à procura de pessoas com sinais de riqueza.

Eles observavam, principalmente, as fotos para saber como era a casa da família e se a
possível vítima fazia viagens para o exterior. “O veículo que possui, a empresa em que
trabalha. Tudo isso serve de informação para que os criminosos possam iniciar um
levantamento para posteriormente cometer roubos, sequestros e outros crimes”, afirmou o
delegado Wilson Negrão.

Depois, integrantes da quadrilha passavam a frequentar os mesmos bares e danceterias da


vítima escolhida pela internet para ter certeza da situação financeira da família.

O especialista em segurança na internet Altieres Rohr aconselha utilizar controles de


privacidade das redes sociais. “Qualquer rede social tem controles de privacidade onde você
pode definir quem vai poder ver tal conteúdo, quem vai poder visualizar tais fotos. Dessa
forma, só aquelas pessoas que você realmente conhece, que não vão comprometer você de
nenhuma forma, terão acesso [ao conteúdo]”, disse Rohr.

Esta semana, o pai do estudante mantido refém em Ilha Comprida reconheceu, ao Fantástico,
que o filho expôs informações demais na internet. “Ele fica trancado no quarto dele. Acessa
[internet] quase todos os dias. Todos os pais têm que estar mais presentes, porque eu não
estava muito atento”, afirmou.

O estudante foi libertado pela polícia e nove sequestradores foram presos. Um deles, segundo
a polícia, é de uma família de empresários de renome na região de Sorocaba. As investigações
apontam que, em um mês, a quadrilha praticou dois sequestros e possuía uma lista de novas
vítimas.

Negociações tensas

Durante as negociações com a família, o estudante foi ameaçado várias vezes.

“Nóis não tem dó, não tem piedade. Se precisar matar, „nóis vai‟ matar. Quem vai chorar é
você”, disse um dos sequestradores.

“Não faça isso, pelo amor de Deus”, pediu o pai do estudante que estava em Sorocaba.

“Cara, nessas horas, você não lembra de Deus, não, porque você está falando com o diabo.
Você tá falando com o demônio”, completou o criminoso.

No momento considerado o mais tenso das negociações, o sequestrador ameaçou cortar uma
orelha ou um dedo do estudante:
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“Escolhe: você quer um dedo ou você quer uma orelha de presente? Vou te mandar ainda
hoje. Só te ligo para falar onde tá”, afirmou o sequestrador. “Escolhe o que você quer.
Escolhe ou eu arranco os dois”, enfatizou.

Disponível em: <http://www.florianonews.com/noticias/quadrilha-escolhia-vitimas-para-


sequestro-pelo-orkut-1106.html>. Acesso em: 05 jan 2011
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Um risco oculto das fotos de celular: os geomarcadores

Fotos divulgadas na internet podem revelar o lugar exato onde foram tiradas e
assim pôr em risco, sem que você saiba, sua segurança e privacidade

The New York Times

Especialistas em segurança passaram recentemente a alertar sobre o perigo potencial dos


geomarcadores inseridos em fotos e vídeos de smartphones e câmeras digitais com GPS

Quando Adam Savage, apresentador do popular programa científico MithBusters, publicou no


Twitter uma foto de seu carro estacionado em frente a sua casa, permitiu que seus seguidores
se inteirassem de diversas particularidades de sua vida, muito além do fato de ele dirigir um
Toyota Land Cruiser.

A imagem tinha um geomarcador, um bit de informação sobre a longitude e a latitude do local


onde a fotografia foi feita. Portanto, revelou exatamente onde Savage vivia. E já que o texto
que acompanhava a imagem era: "Agora, ao trabalho", os ladrões potenciais sabiam que sua
casa estava vazia.

Especialistas em segurança passaram recentemente a alertar sobre o perigo potencial dos


geomarcadores inseridos em fotos e vídeos de smartphones e câmeras digitais com GPS. A
preocupação é que a maioria das pessoas desconhece a funcionalidade, o que pode
comprometer a privacidade e a segurança.

Savage disse conhecer os geomarcadores (melhor para ele, como apresentador de um


programa popular entre amantes da tecnologia). Mas disse que não quis desabilitar a função
de seu iPhone antes de tirar a fotos e publicá-la no Twitter. "Creio que foi uma falta de
preocupação porque não sou nem remotamente famoso para merecer que me assediem",
assinalou. "E se eu sou, então quero um aumento de salário."

No entanto, desde então, Savage preferiu desativar a função de geomarcador em seu iPhone, e
não se preocupa com a foto no arquivo do Twitter porque se mudou para outra casa. Mas
outras pessoas talvez não tenham tanto conhecimento tecnológico nem sejam tão indiferentes
com sua privacidade.

"Diria que poucas pessoas sabem do alcance dos geomarcadores", afirma Peter Eckersley, da
Electronic Frontier Foundation, em São Francisco. "E o consentimento é um terreno
escorregadio quando a única forma de desabilitar a função em seu Smartphone é por meio de
um menu invisível que ninguém conhece realmente."

De fato, desativar a função do geomarcador geralmente requer superar vários menus até
encontrar a configuração de „localização‟, para depois selecionar „apagar‟ ou „não permitir‟.
Isso algumas vezes pode desabilitar todas as funções de GPS, incluindo mapas.

A página da internet ICanStalkU.com oferece instruções passo a passo para desabilitar a


função de geomarcador de fotos em aparelhos iPhone, BlackBerry, Android e Palm.

Um punhado de pesquisadores acadêmicos e analistas independentes de segurança na internet,


autodenominados "hackers de chapéu branco", buscam informar a todos sobre os
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geomarcadores. Eles publicam estudos em redes sociais como Twitter, YouTube, Flickr e
CRaiglist, e apontam como é possível identificar a casa e gostos de uma pessoa.

Muitas das fotos mostram crianças jogando dentro ou ao redor de suas casas. Outras revelam
automóveis caros, computadores e televisores de tela plana. Também há fotos de pessoas na
casa de amigos ou no Starbucks que frequentam todas as manhãs.

Descarregando plug-ins gratuitos de navegação como ExifViewer, para Firefox, ou Opanda


IExif, para Explorer, qualquer um pode identificar onde se tirou uma foto e criar um mapa no
Google.

Além disso, como sites multimídia como Twitter e YouTube têm interfaces de programação
de aplicações (API) amigáveis, alguém com pouco conhecimento sobre programação pode
criar um programa para buscar fotos com geomarcadores. Por exemplo, podem buscar as que
estejam acompanhadas com frases como "em férias" ou as tomadas em vizinhanças
específicas.

"Qualquer jovem de 16 anos que tenha conhecimentos básicos de programação pode fazer
isso", disse Gerald Friedland, pesquisador do Instituto de Computação da Universidade da
Califôrnia, em Berkeley. Friedland e seu colega Robin Sommer escreveram o documento
Cybercasing the Joint: On the Privacy Implications of Geotagging, que apresentaram esta
semana em Washington.

Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/as-fotos-na-internet-podem-


revelar-segredos>. Acesso em: 06 jan. 2011.
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SLIDES PARA APRECIAÇÃO E DEDUÇÃO DE LOCALIDADES.


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