Audit PDF
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Eixo Instrumentos
aberta.senad.gov.br
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, você terá acesso ao AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test), instrumento de avaliação do padrão do uso de álcool.
Esse teste poderá ser impresso ou preenchido on-line diretamente por você, que, nesse caso, poderá visualizar seu resultado e receber
orientações em questões relacionadas à saúde. Além desse instrumento, apresentamos também uma versão reduzida do teste, o AUDIT-C.
Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-
CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em
http://aberta.senad.gov.br/.
AUTORIA
Psicóloga, doutora em Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Coordenadora
do Projeto de Suporte Pós-Curso vinculado ao curso Sistema para detecção do Uso abusivo e
dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e
Acompanhamento (SUPERA), realizado pela UNIFESP em parceria com a Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas (SENAD). Pesquisadora na área de saúde pública com ênfase em álcool e outras
drogas.
Graduado em Psicologia, mestre em Psicologia Social, doutor em Ciências da Saúde e pós-doutor, pela
Universidade de São Paulo e University of Connecticut Health Center, na área de álcool e outras drogas.
Atualmente é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), consultor ad hoc da Secretaria
Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD) e coordenador do Centro de Referência em Pesquisa,
Intervenção e Avaliação em Álcool e Drogas (CREPEIA) da UFJF.
AUDIT (ALCOHOL USE DISORDERS IDENTIFICATION TEST) E AUDIT-C
AUDIT (ALCOHOL USE DISORDERS IDENTIFICATION TEST) E AUDIT-C
O QUE SÃO INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO PADRÃO DO USO DE DROGAS?
Grande parte dos profissionais da área da Saúde tem a tendência de se preocupar com os problemas relacionados ao uso de álcool e outras
drogas somente quando o usuário já é dependente da substância. No entanto, muitas pessoas se esquecem de que essa situação não
ocorre da noite para o dia, e que o usuário problemático já passou por diferentes padrões de uso (experimental, esporádico, frequente,
pesado, abusivo) até chegar à dependência.
Saiba Mais
Acesse o módulo Padrões de uso de drogas (http://www.aberta.senad.gov.br/modulo/capa/4) para aprender mais sobre os
padrões de uso das substâncias psicoativas e seus efeitos no organismo humano.
Esse é um grande erro, principalmente de quem trabalha no nível de Atenção Básica (Estratégia Saúde da Família, Unidades Básicas de
Saúde ou outros serviços) e de Proteção Social (Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS), entre outros), pois esses profissionais:
têm contato com grande número de pessoas que procuram serviços da área de saúde por outro problema qualquer e, muitas vezes,
esse sintoma já pode estar relacionado com o uso de álcool e outras drogas;
perdem a oportunidade de fazer uma intervenção precoce podendo evitar a evolução para a dependência.
Nesse caso, o velho ditado popular, “prevenir é melhor do que remediar”, nunca foi tão certo; portanto, é importante que o profissional que
lida com esse problema tenha em mãos ferramentas que ajudem a identificar o nível de uso de álcool e outras drogas, podendo definir
estratégias de intervenção mais adequadas.
Saiba Mais
Sugerimos a leitura do módulo Intervenção breve: princípios básicos e aplicação passo a passo
(http://www.aberta.senad.gov.br/modulos/capa/intervencao-breve-principios-basicos-e-aplicacao-passo-a-passo) para
saber mais sobre um tipo de abordagem terapêutica para usuários de álcool e outras drogas que tem conquistado espaço entre
profissionais de diferentes áreas e formações.
Algumas ferramentas facilitaram muito, ao longo do tempo, o trabalho dos profissionais da área da Saúde; um exemplo é o aparelho para
aferir a pressão arterial, que auxiliou na identificação de pessoas com hipertensão arterial e, consequentemente, levou à prevenção de
vários problemas de saúde. Atualmente, há ferramentas importantes de identificação de níveis de uso de álcool e outras drogas que
facilitam o estabelecimento de estratégias de ações preventivas e servem como um primeiro passo para evitarmos que o uso dessas
substâncias traga problemas de saúde para os sujeitos ou que eles se tornem usuários problemáticos. Essas ferramentas são conhecidas
como instrumentos de avaliação do padrão do uso de drogas.
Os instrumentos de avaliação do padrão de uso de álcool e outras drogas são destinados à identificação de indivíduos que possivelmente
fazem uso dessas substâncias e também à identificação dos problemas relacionados a seu uso. A utilização desses instrumentos permite
que o profissional tenha um panorama a respeito do padrão de consumo de substâncias que o indivíduo apresenta, favorecendo a
determinação do foco e o direcionamento da intervenção. Além disso, também servem para informar ao usuário sobre seu padrão de
consumo.
A forma de utilização do instrumento de avaliação do padrão de uso é muito importante, pois deve fazer parte de uma avaliação de
saúde geral, servindo como auxílio dentro de um processo avaliativo que inclui a singularidade do sujeito e seus contextos
históricos culturais.
Esse instrumento de avaliação de padrão de uso é voltado exclusivamente para a avaliação do uso de álcool. Ele é conhecido pelas iniciais
de seu nome original em inglês: AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test, em português, Teste para Identificação de Problemas
Relacionados ao Uso de Álcool). A palavra audit, em inglês, significa “auditar”. O teste é utilizado para a identificação de problemas
associados ao uso de álcool, sendo simples e de fácil aplicação.
O AUDIT avalia diversos níveis de uso de álcool, desde o não uso até a provável dependência, além do consumo nos últimos 12 meses. Ele
pode ser utilizado por toda a equipe de Saúde ou Assistência Social e em outros serviços, na forma de entrevista ou autoaplicação (o
próprio paciente pode responder sozinho o questionário), e suas questões correspondem aos principais critérios diagnósticos da CID-10.
Para utilizar o AUDIT é importante que se tenha claro o conceito de dose-padrão, apresentado na sequência.
Saiba Mais
DOSE-PADRÃO
As bebidas alcoólicas podem conter diferentes concentrações de álcool puro. Por isso, dizemos que uma bebida é “mais forte” que outra.
Existe uma comparação entre as bebidas em relação à quantidade de álcool puro que cada uma possui, denominada dose-padrão,
equivalente a cerca de 14 gramas, ou seja, 17,5 ml de álcool puro.
Figura 1: Equivalência da quantidade de álcool em diferentes bebidas, em termos de dose-padrão. Fonte: World Health Organization (1982) adaptado por NUTE-UFSC (2016).
Nota: a presença de níveis diferentes de álcool puro conforme o tipo de bebida revela que, quando uma pessoa bebe uma dose de cachaça,
por exemplo, está bebendo a mesma quantidade de álcool presente em uma lata de cerveja; quando uma pessoa bebe uma garrafa grande
de cerveja (600 ml), está bebendo a mesma quantidade de álcool que existe em duas doses de conhaque ou em dois copos de vinho, ou
seja, aproximadamente duas doses-padrão.
O AUDIT é composto por 10 perguntas sendo que cada questão tem uma margem de 0 a 4, possibilitando uma pontuação final de 0 a 40
pontos.
No caso da versão digital, a pontuação do instrumento será processada automaticamente pelo programa e mostrará o padrão de uso do
respondente, conforme o nível de risco. Já a versão para impressão necessita de algumas ações para obtenção do resultado:
1. você deve colocar a pontuação no quadrado à direita de cada pergunta, de acordo com a resposta do respondente;
2. anote na linha ao final do instrumento o valor de cada pergunta, some os pontos e anote ao lado do sinal de igual (=) a pontuação
final do questionário;
3. com essa soma, você terá a classificação do respondente de forma rápida e fácil, em quatro níveis ou zonas de risco, além do padrão
de consumo de álcool desse indivíduo, o que possibilitará saber qual intervenção deve ser realizada em cada nível.
Quadro 2: Classificações do nível de uso de álcool, de acordo com o AUDIT. Fonte: World Health Organization (1982) adaptado por NUTE-UFSC (2016).
ZONA I: Pessoas que se localizam na zona I geralmente fazem uso de baixo risco de álcool ou são abstêmias. De uma forma geral, são
pessoas que bebem menos de duas doses-padrão por dia ou que não ultrapassam a quantidade de cinco doses-padrão em uma única
ocasião. A intervenção adequada nesse nível é a educação em saúde, para que haja a manutenção do padrão de uso atual.
ZONA II: Pessoas que pontuam nessa zona são consideradas usuários de risco; são pessoas que fazem uso acima de duas doses-padrão
todos os dias ou mais de cinco doses-padrão numa única ocasião, porém não apresentam nenhum problema decorrente disso. A
intervenção adequada nesse nível é a Orientação Básica sobre o uso de baixo risco e sobre os possíveis riscos orgânicos, psicológicos ou
sociais que o usuário pode apresentar se mantiver esse padrão de uso.
ZONA III: Nessa zona de risco estão os usuários com padrão de uso nocivo; ou seja, pessoas que consomem álcool em quantidade e
frequência acima dos padrões de baixo risco e já apresentam problemas decorrentes do uso de álcool. Por outro lado, essas pessoas não
apresentam a quantidade de sintomas necessários para o diagnóstico de dependência. A intervenção adequada nesse nível é a utilização
da técnica de Intervenção Breve e Monitoramento.
ZONA IV: Pessoas que se encontram nesse nível apresentam grande chance de ter um diagnóstico de dependência. Nesse caso, é preciso
fazer uma avaliação mais cuidadosa e, se confirmado o diagnóstico, deve-se motivar o usuário a procurar atendimento especializado para
acompanhamento e encaminhá-lo ao serviço adequado.
Saiba Mais
Caso você seja um profissional que atua junto a usuários e esteja utilizando o instrumento em forma de entrevista, sugerimos que você leia
as perguntas do teste e faça o acompanhamento com o sujeito que vai respondê-lo. Você pode, também, auxiliá-lo no preenchimento das
questões.
Procure ler com atenção o questionário para familiarizar-se com as questões e fazê-las com naturalidade quando for aplicar o
instrumento. Leia as perguntas seguindo a ordem numérica (primeiro as da coluna à esquerda).
Inicie a entrevista dizendo algo como: “agora você vai responder a algumas perguntas sobre seu consumo de álcool ao longo dos últimos 12
meses”. Explique o que você quer dizer com consumo de álcool e cite exemplos de bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, destilados etc.). As
respostas deverão ser assinaladas tomando como critério a quantidade de consumo em termos de doses-padrão.
Veja, no vídeo produzido para o curso do SUPERA (Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas:
Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento) de 2014, um exemplo de como você, enquanto profissional,
pode introduzir o assunto e fazer a aplicação do instrumento.
https://www.youtube.com/watch?v=oAIfl_jWEXQ
Caso você, de forma autônoma, esteja interessado em saber sobre seu padrão de uso de álcool e outras drogas, você poderá simplesmente
responder o teste on-line para obter o resultado mais facilmente.
O AUDIT-C é um teste rápido, de apenas três perguntas, que pode auxiliar na identificação do padrão de consumo, abusivo ou dependente,
de álcool. Ele é uma versão modificada e mais simples do AUDIT. A diferença entre os dois é que o AUDIT completo oferece a magnitude do
risco (se o usuário é dependente ou se faz uso abusivo, por exemplo) e sugestões de encaminhamentos de acordo com a pontuação obtida.
Assim como no AUDIT, o AUDIT-C também utiliza o conceito de dose-padrão para o preenchimento adequado do instrumento.
Figura 2: Equivalência de quantidades de álcool ingeridas em diferentes bebidas, medidas em termos de dose-padrão. Fonte: World Health Organization (1982).
O INSTRUMENTO
O INSTRUMENTO
O AUDIT-C é composto por três perguntas com margem de 0 a 4 e, assim como o AUDIT, tem como função fazer uma investigação do padrão
de uso de álcool.
Quadro 3: Imagem com o questionário AUDIT-C completo. Fonte: World Health Organization (1982) adaptado por NUTE-UFSC (2016).
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO
A pontuação do AUDIT- C é feita em uma escala de 0 a 12 pontos. Cada pergunta do instrumento tem cinco opções de resposta,
possibilitando uma pontuação de 0 a 4 em cada:
Para homens, a pontuação de 0 a 3 é considerada de baixo risco; entre 4 e 5 pontos, risco moderado; entre 6 e 7 pontos, alto risco e de 8 a
12 pontos, risco severo.
Para mulheres, pontuação de 0 a 2 é considerada de baixo risco; entre 3 e 5 pontos, risco moderado; entre 6 e 7 pontos, alto risco e entre
8 a 12 pontos, risco severo.
REFERÊNCIAS
Textos
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Tradução de Telmo Mota Ronzani. Supervisão da Tradução por: Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni e Roseli Boerngen-Lacerda. São
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