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Univerrsidade Attlântica

Esccola Superior de Sa aúde Atlânntica


Licenciaturra em Anáálises Clín
nicas e Saúúde Públic
ca
2010/2011
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moterapia

Cooordenador de Curso o: Professo


ora Raquel Mareco
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entador dee Estágio: Técnica Helena
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Locaal de estágio: Hospital Curry Cabral
C
Duraação de es 4 de Janeirro a 24 de Fevereiro
stágio: 24

Elabo
orado por:
Riita Alexand a, nº 200791695
dra da Cossta Almeida

Abril de 2011
Relatório de Estágio de Imuno-hemoterapia
Licenciatura em Análises Clínicas e Saúde Pública
Rita Alexandra da Costa Almeida

4. Banco de sangue
O banco de sangue é um serviço de apoio terapêutico que tem uma função social

importante desde o ponto de vista da promoção, prevenção, tratamento e vigilância

epidemiológica na saúde. O principal objectivo do banco de sangue é fornecer sangue e

componentes sanguíneos seguros que representem o menor risco de lesões associadas à

transfusão e o maior benefício terapêutico para o receptor.

Este é um serviço altamente técnico para provas, processamento e distribuição dos

produtos sanguíneos. Os bancos de sangue proporcionam sangue completo ou exclusivamente

plasma, componentes sanguíneos ou plaquetas.

Para assegurar uma transfusão de sangue sem complicações devem-se realizar

anteriormente algumas provas. Todas as provas pré-transfusionais têm como objectivo

seleccionar para o receptor potencial os componentes do sangue adequados para alcançar o

objectivo pretendido com o pedido de transfusão, com o mínimo risco associado. Como

premissa geral deve-se:

• Assegurar a compatibilidade AB0;

• Utilizar sangue do mesmo grupo Rh (D);

• Realizar a prova de compatibilidade directa (prova cruzada) entre o soro do receptor e

os eritrócitos do doador;

• O estudo de anticorpos irregulares no soro do receptor. Para a sua realização é

confrontado o soro com uma série de eritrócitos que expressam (em conjunto) todos os

antigénios eritrocitários de relevância na clínica transfusional.

4.1 Processamento de pedidos de transfusão

Antes de se realizar os testes pré-transfusionais necessários para a realização da

transfusão, há procedimentos que são necessários realizar. Estes passam pela solicitação do

sangue e/ou hemoderivados pelo médico responsável pelo paciente a ser transfundido, sendo

a transfusão classificada quanto ao grau de urgência.

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4.1.1 Solicitação de sangue e hemoderivados

A solicitação de sangue e hemoderivados deve ser efectuada num formulário próprio,

com identificação completa do paciente, que compreende o nome completo, data de

nascimento, sexo e prontuário médico. Devem ser incluídos também dados clínicos relevantes

do paciente que justifiquem a indicação transfusional. O diagnóstico, resultados de testes

laboratoriais, medicamentos em uso, história de gestações, transfusões e reacções

transfusionais anteriores, auxiliam no esclarecimento de possíveis reacções positivas nas

provas imuno-hematológicas pré-transfusionais e orientam na adequação do tipo e volume do

hemoderivado a ser transfundido.

4.1.2 Classificação das transfusões quanto ao grau de urgência

O prazo entre a solicitação da transfusão e o seu atendimento deve estar directamente

relacionado à necessidade transfusional do receptor. Solicitações baseadas em critérios

clínicos e laboratoriais fornecem para a organização a optimização dos atendimentos pela

agência transfusional. É importante que o médico identifique qual a categorização da

transfusão para que o paciente seja atendido de forma apropriada. As transfusões podem ser

classificadas em:

• “Programada”, para determinado dia e hora;

• “Não urgente”, a se realizar dentro de 24 horas;

• “Urgente”, a se realizar dentro de 3 horas;

• “De extrema urgência”, quando o atraso da transfusão pode ocasionar risco para a vida

do paciente.

4.2 Componentes sanguíneos

As transfusões realizam-se para aumentar a capacidade do sangue no transporte de

oxigénio, restaurar o volume do sangue no corpo, melhorar a imunidade e corrigir problemas de

coagulação.

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Dependendo do motivo de transfusão, o médico pode solicitar sangue total ou apenas

um componente sanguíneo, como os glóbulos vermelhos, plaquetas, factores de coagulação,

plasma fresco congelado ou glóbulos brancos. Sempre que seja possível, a transfusão limita-se

ao componente sanguíneo que satisfaz a necessidade específica do paciente, em vez de

sangue total. Fornecer um componente específico é mais seguro e não se desperdiçam outros.

Os componentes sanguíneos são os produtos originados nos serviços de hemoterapia

por meio de processos como centrifugação e congelamento. O processamento do sangue total

pode produzir concentrado de eritrócitos, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e

crioprecipitado. Para garantir uma maior segurança transfusional, o sangue total doado é

normalmente processado em sistema fechado.

Para garantir a anticoagulação e a conservação destes componentes, são utilizados

soluções preservantes e anticoagulantes. As soluções aditivas têm como função aumentar a

sobrevida dos eritrócitos.

4.2.1 Concentrado de eritrócitos

O concentrado de eritrócitos é preparado a partir de sangue total, mediante

centrifugação. Contém leucócitos, plaquetas e plasma em pequena quantidade.

Indicação

O concentrado de eritrócitos restaura a capacidade de transporte de oxigénio nos

pacientes com anemia devido à perda de sangue de forma aguda ou crónica, por hemólise, por

insuficiência da medula óssea ou por eritropoiese ineficaz; e é também o produto de eleição

nos pacientes que, precisando de eritrócitos, estão normovolémicos.

Uma unidade transfundida de concentrado de eritrócitos em adultos eleva os níveis de

hemoglobina em 1g/dL e de 3% do hematócrito.

Conservação

O concentrado de eritrócitos deve ser armazenados entre 2± 6ºC, com validade que

varia de 35 dias (bolsas com CPDA-1) a 42 dias (bolsas com SAG-M).

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Testes a efectuar

Com o sangue da primeira amostra obtida do doente em particular, deve-se efectuar os

grupos sanguíneos AB0 e Rh; nesse momento, selecciona-se o sangue ou componentes do

mesmo tipo do paciente, com provas de compatibilidade em meio salino. Em seguida entrega-

se o sangue e continua-se com as provas de compatibilidade correspondentes segundo o caso;

se durante estas se identificar um anticorpo irregular, o médico do serviço de transfusões deve

comunicar ao médico tratante para planificar as medidas a se tomar.

Grupo/Rh do paciente Primeira possibilidade Outras possibilidades

A+ A+ A-, 0+,0-

B+ B+ B-, 0+, 0-

AB+ AB+ A+,A-,B+,B-,0+,0-

0+ 0+ 0+,0-

A- A- 0-

AB- AB- A-,B-,0-

0- 0- 0-

Tabela 1 – Possibilidades de dadores de acordo com o grupo/Rh do paciente.

4.2.2 Pool de Concentrado de plaquetas

O concentrado de plaquetas consiste no plasma rico em plaquetas, separado do

sangue por meio de centrifugação e separação da camada leucoplaquetária (buffy coat).

Indicação

As plaquetas usam-se no tratamento de hemorragias que cursam com trombocitopenia,

em pacientes com insuficiência da medula óssea ou em pacientes que tenham sofrido uma

transfusão massiva para neutralizar a trombocitopenia dilucional que se produz.

A dose padrão de concentrado de plaquetas para um adulto corresponde

aproximadamente a 3,0x1011 plaquetas. Normalmente essa dose aumenta a contagem de

plaquetas em aproximadamente 30.000-60.000/mm3 num adulto de 70 kg.

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A dose pediátrica recomendada é de 5 a 10 mL/kg com um aumento de 50.000 a

100.000/mm3.

Conservação

O pool de Concentrado de plaquetas deve ser armazenado a temperaturas entre 20 e

24ºC em movimentação constante. Tem validade de 5 dias, a partir do dia de colheita.

Provas a efectuar

As plaquetas têm antigénios AB0 e Rh correspondentes aos eritrócitos; deste ponto de

vista, a transfusão deve ser compatível, pelo que se requere verificar o grupo AB0 e Rh do

receptor antes da transfusão.

4.2.3 Plasma Fresco Congelado

O Plasma Fresco Congelado (PFC) consiste na porção líquida do sangue, composta

por água e proteínas. O PFC obtém-se mediante centrifugação do sangue total e congelação

até 8 horas depois da colheita.

Indicação

O PFC contém níveis óptimos de factores da coagulação, tanto dos lábeis (factores V e

VIII) como dos estáveis (factores II, VII, IX e X), sendo por isso indicado na reposição de

deficiência múltipla de factores de coagulação. Deve ser utilizado apenas se não houver à

disposição produtos industrializados (hemoderivados) específicos. Sempre que seja possível,

os pacientes devem receber plasma compatível com o grupo sanguíneo.

Armazenamento

O PFC deve ser armazenado a temperaturas inferiores a -20ºC e tem validade de 12

meses. Deve-se descongelar a temperaturas entre 30ºC e 37ºC, e após o descongelamento

deve ser transfundido dentro de 4 horas.

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Provas a efectuar

A presença de anticorpos naturais anti-A, anti-B e anti-AB, segundo a origem do

plasma, implica a sua selecção para que seja compatível com o grupo plasmático

correspondente aos eritrócitos do paciente. O conhecimento de que o grupo eritrocitário AB

não tem anticorpos naturais no seu plasma, alenta o clínico a utilizá-lo como plasma universal,

transfundivel a qualquer receptor, independente do seu grupo AB0.

4.2.4 Crioprecipitado

O crioprecipitado é um componente plasmático que se obtém a partir do

descongelamento até 4ºC de uma unidade de PFC e da retirada do plasma sobrenadante. A

descongelação a baixa temperatura provoca o aparecimento de um precipitado que contém a

maioria do factor VIII, do factor Von Willebrand, do fibrinogénio, da fibronectina e do factor XIII

presentes na unidade.

Indicação

É indicado na hemorragia activa ou na realização de procedimentos invasivos nas

seguintes situações:

• Hipofibrinogenemia congénita e adquirida;

• Disfibrinogenemia;

• Doença de von Willebrand;

• Deficiência de Factor XIII;

• Hemorragia microvascular difusa e fibrinogénio < 100 mg/dL.

Actualmente tem diminuído o uso de crioprecipitados devido à disponibilidade de

concentrados de origem industrial, submetidos a procedimentos de inactivação viral, que

possuem os diversos factores que contêm os crioprecipitados.

Cerca de 1 a 2 U/10 kg de peso eleva o nível de fibrinogénio em 60-100 mg/dL.

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Armazenamento

Os crioprecipitados podem conservar-se congelados, sem perder praticamente

actividade, durante 12 meses à temperatura de -20º C ou inferior. Antes da sua utilização,

devem descongelar-se a 37º C e utilizá-los dentro de 6 horas depois do congelamento, sem

voltar a refrigerar nem a congelar.

Testes a efectuar

Embora este componente se obtenha praticamente livre de plasma, deve recordar-se

que, segundo o grupo eritrocitário de sangue do qual provém, contém anticorpos naturais anti-

A, anti-B ou anti-AB. Por tanto, é recomendável que a transfusão esteja de acordo com o grupo

eritrocitário AB0 do paciente.

4.2.5 Componentes irradiados

A irradiação dos componentes sanguíneos celulares (sangue total, eritrócitos,

plaquetas) é indicada para prevenir o risco de doença enxerto vs hóspede em pacientes

susceptíveis, severamente imunocomprometidos, em lactantes com suspeita de

imunodeficiência congénita ou adquirida, e fetos que requerem transfusões intra-uterinas.

4.3 Hemoderivados

Os hemoderivados são produzidos em escala industrial a partir do plasma, que é

submetido a fraccionamento para se retirarem proteínas específicas, como por exemplo, os

concentrados de factores de coagulação.

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4.3.1 Albumina

A albumina é um hemoderivado obtido a partir do plasma de doadores de sangue total

ou plasmaferése. Contém 96% de albumina e 4% de globulinas. Pode ser armazenada a

temperaturas entre 2ºC-10ºC e tem duração de 5 anos.

Indicação

A transfusão de albumina é indicada nos seguintes casos:

• Hipotensão após paracentese;

• Plasmaferése terapêutica;

• Paciente com hipotensão ou choque secundário a hemorragia;

• Queimaduras com hipoproteinemia.

4.3.2 Factor VIII da coagulação

O concentrado do Factor VIII humano de origem plasmática é um liofilizado estéril e

apirogénico que contém o Factor VIII purificado, procedente do plasma humano. O Factor VIII é

conservado sob refrigeração (2ºC a 8ºC). Existem tipos de Concentrado de Factor VIII que são

ricos em Factor de Von Willebrand e estão preconizados em circunstâncias particulares dessa

patologia.

Indicação

Os Concentrados de Factor VIII estão recomendados no tratamento de hemorragias ou

no preparativo para realização de procedimentos invasivos em pacientes portadores de

hemofilia A (deficiência de Factor VIII).

4.3.3 Factor IX da coagulação

O concentrado do Factor IX humano de origem plasmática é um liofilizado estéril e

apirogénico que contém o Factor IX purificado derivado do plasma humano. Possui actividade

igual ou superior a 50 U.l/mg de proteínas totais e é desprovido de outros factores de

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coagulação vitamina K dependentes. O Factor IX é conservado sob refrigeração (2ºC a 8ºC) e

transportado sob essa condição.

Indicação

Este factor é indicado no tratamento de hemorragias ou no preparativo para realização

de procedimentos invasivos em pacientes portadores de hemofilia B (deficiência de Factor IX).

4.4 Grupos sanguíneos

Um grupo sanguíneo é uma forma de agrupar certas características do sangue com

base na presença ou ausência de determinadas moléculas, chamadas antigénios, na superfície

dos eritrócitos. Existem muitos grupos sanguíneos, mas entre eles destacam-se por sua

importância no momento da transfusão os grupos pertencentes aos sistemas AB0 e Rh.

4.4.1 Sistema AB0

O sistema AB0 foi o primeiro sistema sanguíneo descoberto e continua sendo o mais

importante relativamente a transfusões sanguíneas, já que a compatibilidade AB0 é a base

fundamental da transfusão sobre a qual assentam todas as outras provas pré-transfusionais.

O sistema AB0 compreende duas partes: antigénios presentes nos eritrócitos e os

correspondentes anticorpos presentes no soro. Em condições normais, todos os indivíduos

possuem os anticorpos contra os correspondentes antigénios A e B, que não estão presentes

nas suas próprias células. Desta maneira, estabelece-se uma interrelação constante e

previsível entre os antigénios e anticorpos do sistema, o qual constitui a base fundamental para

que na determinação do grupo AB0, se realizem as provas celulares para evidenciar os

antigénios e provas séricas ou grupo inverso para determinar os anticorpos. Tais anticorpos

são principalmente da classe IgM, pelo que são altamente aglutinantes e fixadores do

complemento.

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Os determinantes antigénicos destes sistemas são moléculas de carbohidratos, cuja

especificidade reside nos açúcares terminais de um oligossacarídeo. Na superfície do eritrócito

e células endoteliais, a maior parte dos antigénios unem-se a glicoproteínas, embora alguns

carbohidratos também se unam aos lípidos da membrana. O controlo genético ocorre através

da produção de enzimas transferases que conjugam os açúcares terminais a um carbohidrato

original. Os carbohidratos que formam as estruturas antigénicas A e B na membrana dos

glóbulos vermelhos, também estão presentes noutros materiais biológicos como bactérias,

alimentos e outros agentes, constituindo um estímulo contínuo. Os humanos reagem a este

estímulo produzindo anticorpos contra aqueles antigénios que não formam parte da sua própria

estrutura célular. Assim, o anticorpo anti-A produz-se em pessoas do grupo 0 e B, e o anticorpo

anti-B nos grupos 0 e A, enquanto que as pessoas do grupo AB, que contêm ambos os

antigénios, não formam tais anticorpos, conhecidos como isohemaglutininas.

Tipo de sangue Tipo A (AA, A0) Tipo B (BB, B0) Tipo AB (AB) Tipo 0 (00)

Proteínas à

superfície dos

eritrócitos Nenhum
Apenas Apenas Aglutinogénios A
aglutinogénio
aglutinogénios A aglutinogénios B eB

Anticorpos do

plasma

Nenhuma

aglutinina
Apenas Apenas Aglutininas A e B

aglutininas B aglutininas A

Tabela 2 – Tipos de sangue e anticorpos e antigénios associados [http://rushartsbiology.wikispaces.com/Visuals+-

+Unit+6]

A determinação do sistema AB0 compreende duas partes: o teste globular ou directo e

a prova reversa, descritas mais à frente.

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4.4.2 Sistema Rhesus

Foram identificados mais de 40 antigénios do sistema Rh, embora não se saiba

quantos genes são responsáveis por este sistema. São proteínas integrais da membrana com

um conteúdo lipídico alto. O “D” é o antigénio Rh mais imunogénico e, portanto, é o mais

importante para efeitos transfusionais. A presença de D dá lugar ao Rh+, enquanto que a

ausência (d) dá lugar ao Rh-. Os anticorpos anti-D, que são IgG, aparecem na circulação dos

indivíduos Rh- apenas depois de uma exposição prévia a sangue “D” (por exemplo, por uma

transfusão de eritrócitos ou depois de uma gestação de um feto tipo “D”).

Outros antigénios importantes

No sistema Rhesus o anticorpo encontrado com maior frequência é o anti-D, como foi

já referido, mas outros antigénios deste sistema são também imunogénicos. Na prática

transfusional, a ordem de frequência decrescente de importância é: anti-D, anti-c, anti-E, anti-e

e, por último, anti-C.

Genótipos do sistema Rh

Rh positivo Dce DcE Dce DCE

(D)

Rh negativo dCe dcE Dce dCE

(d)

Tabela 3 – Genótipos do sistema Rh.

4.4.3 Outros sistemas de grupos sanguíneos de importância transfusional

Outros grupos sanguíneos também apresentam importância transfusional. Vale

mencionar a importância dos sistemas Kell, Duffy, Kidd, MNSs, que podem induzir o

desenvolvimento de anticorpos clinicamente significativos e responsáveis por reacções pós-

transfusionais e Doença Hemolítica do Recém Nascido.

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4.4.4 Anticorpos regulares e irregulares

Os anticorpos do sistema AB0 aparecem uma vez que o indivíduo entra em contacto

com o meio ambiente e no qual se encontram microrganismos como algumas bactérias

coliformes que contêm substâncias químicas na sua estrutura parecida às deste sistema. Por

anticorpos regulares devemos identificar os que existem em todos os indivíduos e os que

perduram durante toda a sua vida.

Os anticorpos irregulares são os que não estão presentes em todos os indivíduos,

sendo portanto anticorpos adquiridos. Os anticorpos adquiridos conhecem-se também como

imunes e são o resultado da exposição a antigénios desconhecidos pelo indivíduo no momento

da transfusão ou em mulheres por gravidez; estes anticorpos são dirigidos contra antigénios de

sistemas diferentes ao AB0.

Os anticorpos naturais regulares são preferencialmente imunoglobulinas M, as quais

fixam de maneira tão eficiente o complemento que podem provocar lise intravascular e

ocasionar insuficiência renal ou mesmo a morte do paciente. Os anticorpos adquiridos ou

imunes são geralmente imunoglobulinas G, as quais produzem hemólise extravascular no baço

ou no fígado mediante fagocitose do complexo eritrocitário mais anticorpo.

Os aloanticorpos irregulares (adquiridos) mais comuns na nossa população são os que

envolvem os sistemas MNSs, Pl, Kidd (Jka, Jkb), Duffy (Fya, Fyb), Kell, Lewis e Diego.

Regulares Irregulares Natureza

Naturais Anti-A,B Anti-A1 IgM e IgG

Anti-M, N IgM

Anti-P IgM

Anti-E IgM e IgG

Adquiridos Anti-sistema Rh IgG

(Anti-D, anti-c, anti-e,

etc.)

Anti-Kell IgG

Anti-Duffy IgG

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Anti-Kidd IgG

Outros IgG

Tabela 4 – Classificação dos aloanticorpos mais comuns contra os eritrócitos.

4.5 Testes pré-transfusionais

Os testes pré-transfusionais são os testes imuno-hematológicos desempenhados

previamente à transfusão com o objectivo de seleccionar um hemoderivado compatível com o

sangue do paciente. Comumente são realizados testes no sangue do paciente que irá receber

a transfusão (receptor) e no hemoderivado seleccionado.

4.5.1 Prova globular ou directa

Nesta prova determina-se a presença ou ausência dos antigénios A e B, testando os

eritrócitos com soros anti-A, anti-B e anti-AB e observando a aglutinação.

Juntamente com a prova directa deve-se requerer a prova reversa, pois as duas provas

devem realizar-se simultaneamente porque se complementam, e desta maneira verifica-se os

resultados da primeira. As discrepâncias entre as provas directa e reversa requerem

investigação complementar.

• Técnica em tubo

A técnica em tubo é a técnica de referência para a tipagem AB0. Neste método os

glóbulos a estudar são previamente lavados com uma solução de NaCl istónica, 3 vezes.

• Técnica em lâmina

A determinação do grupo sanguíneo AB0/Rh em lâmina destina-se a ocorrências em

que a grupagem é emergente ou a ratificações de grupos de indivíduos cujo grupo já foi

efectuado por uma técnica mais sensível, como o ID-Card. Assim, esta técnica faz-se sempre,

como método de confirmação.

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