Logística Aplicada À Organização Pública.

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José Monteiro
20/11/2010

Dinheiro

Logística aplicada à organização pública.


A gestão eficiente do fluxo de bens e serviços do ponto de origem ao ponto de
consumo requer de maneira seqüencial, o planejamento, a programação e o controle
de um conjunto de atividades que reúnem: insumos básicos (matérias-primas);
materiais em processamento; materiais acabados; serviços e informações
disponíveis. Como resultado da administração destas atividades gera-se o
movimento de bens e serviços aos clientes (cidadão/usuário), havendo como
decorrência a geração das chamadas utilidades de tempo e/ou de lugar, que por sua
vez são fatores fundamentais para as funções logísticas. Para a administração
pública, tanto recursos quanto o público-alvo organizacional estão espalhados em
áreas de distintos tamanhos, além da diversidade sócio-cultural dos residentes
locais. Esse é o problema que a logística têm a missão de resolver. Ou seja, diminuir
o hiato entre o resultado do processo de transformação da organização e a
demanda, de modo que os consumidores (cidadão-cliente/sociedade/usuário)
tenham bens e serviços quando e onde quiserem, na condição que desejarem, e
com o menor custo.

INTRODUÇÃO

Uma das formas para conceituar a Administração é sendo como um processo de


planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar os
objetivos organizacionais.

Uma organização pública também realiza esse processo. KOHAMA, 2006, p. 09,
expressa que "No setor estatal, administrar é gerir recursos públicos. Ou seja,
significa não só prestar serviço e/ou executá-lo, como também, dirigir, governar,
exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil para a sociedade".
Como resultado da administração destas atividades gera-se o movimento de bens
e serviços ao público-alvo organizacional, havendo como decorrência a geração
das chamadas utilidades de tempo e/ou de lugar, que por sua vez são fatores
fundamentais para a aplicação das funções logísticas na organização, tanto
pública quanto privada.

Para BALLOU, 1993, p. 23, a logística empresarial associa estudo e administração


dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em
movimento. O objetivo é vencer o tempo e a distância na movimentação de bens
e/ou na entrega de serviços de forma eficaz, eficiente e efetiva.

Na organização pública, a missão do gestor é estabelecer o nível de atividades


logísticas necessário para atender ao público-alvo organizacional no tempo
certo, no local certo e nas condições e formas desejadas, de forma
economicamente eficaz, eficiente e efetiva no uso dos recursos públicos.

O objetivo deste artigo é estabelecer uma relação entre os princípios logísticos


com os instrumentos legais/normativos vigentes, julgados preponderantes, para
as atividades funcionais do gestor público e para os processos administrativos de
uma organização pública.

Este artigo está dividido, além da introdução e da conclusão, em mais três


sessões. A primeira sessão trata da Visão Holística e Enfoque Sistêmico da
Logística, destacando os dispositivos legais/normativos para a administração
pública, julgados básicos, e relacionando as idéias neles contidas com a ótica
holística e sistêmica da logística. A segunda sessão aborda as áreas da logística
na organização, procurando caracterizar a integração das atividades da
administração de materiais (logística de suprimentos) com as da logística
organizacional (processo produtivo organizacional), com a logística de saída
(distribuição de material e/ou prestação de serviço) e com o retorno/descarte de
material (logística reversa) e suas relações com os princípios logísticos. A terceira
sessão trata das Funções Logísticas, sua aplicação nas atividades organizacionais
e suas respectivas caracterizações nos dispositivos legais/normativos vigentes.
Em conclusão, pode-se perceber que a administração pública está regulada por
normas legais dotadas de conceitos e técnicas logísticas, em conseqüência, cabe
ao gestor público estabelecer relação entre esses dispositivos com a técnica
logística, visando um entendimento e aplicação adequada nas atribuições
inerentes ao cargo desempenhado e nas atividades administrativas de sua
instituição.

A VISÃO HOLÍSTICA E O ENFOQUE SISTÊMICO DA LOGÍSTICA

Logística, de acordo com BALLOU, 2003, p. 37, é entendida como um processo de


planejamento, implementação e controle do fluxo eficaz e economicamente
eficiente de materiais e informações desde o ponto de origem até o seu destino
com o propósito de atender o público-alvo.

Convém ressaltar que o autor emprega o termo “produto” em seu sentido lato,
incluindo tanto bens quanto serviços, explicando que logística é uma síntese dos
principais conceitos, princípios e métodos das áreas de marketing, produção,
contabilidade, compras e transportes, bem como das disciplinas de matemática
aplicada, comportamento organizacional e economia (BALLOU, 1993, p. 37).

Os conceitos de globalização econômica e integração de mercados, cuja evolução


é facilitada cada vez mais por novas e constantes soluções em tecnologia da
informação e de comunicação (STIC), vêm permitindo a aplicação do conceito
holístico, cujo termo em seu sentido lato significa “todo”, nas atividades
organizacionais. Basicamente, o enfoque holístico entende a organização como
uma unidade sistêmica em interação constante com o ambiente em que está
atuando.

Na gestão dos negócios públicos não é diferente. A visão holística pode ser
observada no Art. 4 da Constituição Federal do Brasil: "A República Federativa
do Brasil rege-se nas suas relações internacionais (grifo meu) pelos seguintes
princípios...". "Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina
(grifo meu), visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações". No Art. 21: "Compete à União: I - manter relações com Estados
estrangeiros e participar de organizações internacionais".
Ao compulsar a Lei No 10.180, de 06 de Fevereiro de 2001, que organiza e
disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de
Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle
Interno do Poder Executivo Federal, pode-se considerar a sua visão holística
quando trata das finalidades do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal
no seu Art. 2º, item II: "formular planos nacionais, setoriais e regionais de
desenvolvimento econômico e social"; e no item V: "promover a articulação com
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, visando a compatibilização de
normas e tarefas afins aos diversos Sistemas, nos planos federal, estadual,
distrital e municipal".

No Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento do Plano Plurianual


(SIGPlan) pode-se observar, também, a concepção holística no trato dos negócios
públicos: "As informações contidas nas telas e relatórios do SIGPlan, sobre a
evolução física e financeira dos programas, propiciam ao Governo, aos parceiros
e à sociedade, além de uma visão global da execução dos programas do plano
plurianual (grifo meu), o conhecimento dos principais resultados obtidos na
execução dos programas que beneficiarão a sociedade brasileira".

A teoria geral dos sistemas tem como premissa que uma organização deve ser
tratada como um sistema onde as partes que a integram devem interagir como
um todo organizado. O enfoque sistêmico da logística aplicado nas atividades
administrativas de uma organização pública implica em:

- Saber que Sistema é conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto


de finalidades;

- Saber que Sistema Coordenado é um conjunto de muitas partes que atuam de


forma coordenada e integrada para atender a várias finalidades; e

- Saber que o enfoque de Sistema Total estabelece que os problemas logísticos


devam ser tratados em termos bem abrangentes, levando em consideração todo
o ambiente no qual a organização está inserida.

Toda organização se insere num meio ambiente onde se originam os recursos


utilizados para o desenvolvimento da sua atividade, produção ou prestação de
serviços, e para o qual se destinam os resultados do seu trabalho. Os aspectos dos
fatores do meio-ambiente a ser analisado devem procurar atender os seguintes
objetivos gerais:

- Políticos/legais: A atuação do Estado, sancionando e estabelecendo leis, decretos


e normas que definem prioridades e regula o funcionamento dos agentes
econômicos que atuam no ambiente empresarial.

- Econômicos: A situação da economia e do sistema financeiro da área e a


influência dos órgãos governamentais e a participação do Estado na gestão de
empresas que operam em setores considerados estratégicos.

- Tecnológicos: O desenvolvimento tecnológico e/ou a disponibilidade de acesso


às inovações.

- Sócio-culturais: O nível educacional e cultural da sociedade, que influi tanto na


obtenção da mão-de-obra qualificada, técnica e de nível superior, quanto no
comportamento do consumidor, refletindo na exigência de um maior grau de
qualidade e sofisticação de bens e serviços colocados no mercado.

- Fisiográficos: Os aspectos físicos da região, analisando as influências da


infraestrutura existente, das condições do solo e dos recursos naturais existentes
na área considerada.

- Ecológicos: A preocupação com a ecologia e a preservação do meio ambiente


por parte dos órgãos oficiais e/ou não governamentais. A necessidade de
desenvolver novos processos de produção, utilizar outros componentes na
fabricação a fim de criar e/ou manter uma imagem "ecologicamente correta" da
linha de bens e serviços.

A concepção sistêmica na administração pública brasileira pode ser encontrada


no Art. 1º, do CAPÍTULO ÚNICO - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES, do TÍTULO I
- DA ORGANIZAÇÃO SISTÊMICA, da Lei No 10.180, de 6 de Fevereiro de 2001, que
organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de
Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle
Interno do Poder Executivo Federal: "Serão organizadas sob a forma de sistemas
as atividades de planejamento e de orçamento federal, de administração
financeira federal, de contabilidade federal e de controle interno do Poder
Executivo Federal".

De acordo com o Art. 3o da Lei 10.180/01, o Sistema de Planejamento e de


Orçamento Federal compreende as atividades de elaboração, acompanhamento
e avaliação de planos, programas e orçamentos, e de realização de estudos e
pesquisas sócio-econômicas. Tem como órgão central o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

Por sua vez, o Sistema de Administração Financeira Federal, de acordo com o


Art. 10, ,da Lei 10.180/01, compreende as atividades de programação financeira
da União, de administração de direitos e haveres, garantias e obrigações de
responsabilidade do Tesouro Nacional e de orientação técnico-normativa
referente à execução orçamentária e financeira. Tem como órgão central a
Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

O Sistema de Contabilidade Federal, de acordo com o Art. 14, visa a evidenciar a


situação orçamentária, financeira e patrimonial da União. Tem como órgão
central a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

A avaliação da ação governamental e da gestão dos administradores públicos


federais, por intermédio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, e a apoiar o controle externo no exercício de sua
missão institucional é realizada pelo Sistema de Controle Interno do Poder
Executivo Federal, conforme o Art. 19 da lei referida, tendo como órgão central a
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC) da Controladoria Geral da União
(CGU).

Ainda, o que consta no Art. 2°, do CAPÍTULO I - DAS FINALIDADES, do TÍTULO II -


DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E DE ORÇAMENTO FEDERAL: "promover a
articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, visando a
compatibilização de normas e tarefas afins aos diversos Sistemas nos planos
federal, estadual, distrital e municipal".

O Decreto Nº 1.094, de 23 de Março de 1994, que dispõe sobre o Sistema de


Serviços Gerais (SISG) dos órgãos civis da administração federal direta, das
autarquias federais e fundações públicas, apresenta, no Art. 1º, a visão sistêmica
nas atividades administrativas públicas: "ficam organizadas sob a forma de
sistema, com a designação de Sistema de Serviços Gerais - SISG, as atividades de
administração de edifícios públicos e imóveis residenciais, material, transporte,
comunicações administrativas e documentação".

AS ÁREAS DA LOGÍSTICA NA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA

A logística realiza a integração da administração de materiais (suprimentos) com


a logística organizacional, com a distribuição física e/ou prestação de serviços, e
com as atividades relativas ao retorno/descarte de materiais.

Logística de entrada (administração de materiais/logística de suprimentos)

É o conjunto de operações associadas ao fluxo de materiais e informações


necessários ao modelo de transformação da organização.

Para a organização pública, têm-se os seguintes entendimentos sobre Material e


Serviços com seus respectivos embasamento legal.
Campo da Ciência Contábil

Material

No campo da Ciência Contábil o termo MATERIAL compreende todos os itens


contabilizáveis que participam diretamente ou indiretamente na constituição do
bem/serviço de uma organização.

Para o gestor público, a Parte I, Procedimentos Contábeis Orçamentários, do


Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, p. 106, 5 ed., 2012, classifica
Material por natureza de despesa em Material Permanente e Material de
Consumo, discorrendo os seguintes conceitos:

a. Material Permanente é aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde a
sua identidade física e/ou tem durabilidade superior a dois anos.

Se um material for adquirido como permanente e ficar comprovado que possui


custo de controle superior ao seu benefício, deve ser controlado de forma
simplificada, por meio de relação-carga, que mede apenas aspectos qualitativos e
quantitativos, não havendo necessidade de controle por meio de número
patrimonial. No entanto, esses bens deverão estar registrados contabilmente no
patrimônio da entidade.

Isso deve ao fato de obedecer ao Princípio da Economicidade previsto no Art. 70


da CF/88 que se traduz na relação custo-benefício. Ou seja, os controles devem
ser simplificados quando se apresentam como meramente formais ou cujo custo
seja evidentemente superior ao risco.

b. Material de Consumo é aquele que, em razão de seu uso corrente, perde


normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos.
Deve atender a pelo menos um dos critérios a seguir:

- Critério de Durabilidade: se em uso normal perde ou tem reduzidas as suas


condições de funcionamento no prazo máximo de dois anos;

- Critério de Fragilidade: se sua estrutura for quebradiça, deformável ou


danificável, caracterizando sua irrecuperabilidade e perda de sua identidade ou
funcionalidade;

- Critério de Perecibilidade: se está sujeito a modificações químicas ou físicas, ou


se deteriora ou perde sua característica pelo uso normal;

- Critério de Incorporabilidade: se está destinado à incorporação a outro bem, e


não pode ser retirado sem prejuízo das características físicas e funcionais do
principal. Pode ser utilizado para a constituição de novos bens, melhoria ou
adições complementares de bens em utilização (sendo classificado como
4.4.90.30), ou para a reposição de peças para manutenção do seu uso normal que
contenham a mesma configuração (sendo classificado como 3.3.90.30);

- Critério de Transformabilidade: se foi adquirido para fim de transformação.

Se um material de consumo for considerado como de uso duradouro, devido à


durabilidade, quantidade utilizada ou valor relevante, deve ser controlado por
meio de relação-carga e incorporado ao patrimônio da entidade.

Campo da Administração Pública

No campo da administração pública, a Instrução Normativa Nr. 205, de 08 de


Abril de 1988, apresenta que “Material é a designação genérica de equipamentos,
componentes, sobressalentes, acessórios, veículos em geral, matérias-primas e
outros itens empregados ou passíveis de emprego nas atividades das
organizações públicas federais, independente de qualquer fator, bem como,
aquele oriundo de demolição ou desmontagem, aparas, acondicionamentos,
embalagens e resíduos economicamente aproveitáveis”.

Mais recente, o Decreto 99.658/90 dispõe em seu Art. 3o que “Material é a


designação genérica de equipamentos, componentes, sobressalentes, acessórios,
veículos em geral, matérias-primas e outros itens empregados ou passíveis de
emprego nas atividades das organizações públicas federais, independente de
qualquer fator”.

Os elementos fundamentais para qualquer organização poder operar para


atender seu público-alvo com seus bens e/ou serviços são constituídos pelos seus
Recursos Patrimoniais. Estes compreendem instalações, máquinas,
equipamentos e veículos que fazem possível a realização do sistema produtivo
organizacional. Ou seja, são todos os bens necessários para a organização operar,
criar valor e proporcionar satisfação ao cliente (POZO, 2002, p.181).

Cabe, portanto, tecer algumas considerações, ainda que sumariamente, sobre o


conceito de patrimônio para a organização pública.

Patrimônio público

Para a organização pública, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Serviço


Público, Parte II, Procedimentos Contábeis Patrimoniais, 5. Ed., 2012, expressa
que Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis,
onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou
utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador e represente um
fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos
ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações.
A publicação apresenta, ainda, os seguintes conceitos sobre bens:

Bens Móveis: compreende o valor da aquisição ou incorporação de bens


corpóreos, que têm existência material e que podem ser transportados por
movimento próprio ou removidos por força alheia sem alteração da substância
ou da destinação econômico-social, para a produção de outros bens ou serviços.
São exemplos de bens móveis as máquinas, aparelhos, equipamentos,
ferramentas, bens de informática (equipamentos de processamento de dados e
de tecnologia da informação), móveis e utensílios, materiais culturais,
educacionais e de comunicação, veículos, bens móveis em andamento, dentre
outros.

Bens Imóveis: compreende o valor dos bens vinculados ao terreno que não
podem ser retirados sem destruição ou dano. São exemplos deste tipo de bem os
imóveis residenciais, comerciais, edifícios, terrenos, aeroportos, pontes, viadutos,
obras em andamento, hospitais, dentre outros. Classificam-se em:

- Bens de uso especial: compreende os bens, tais como edifícios ou terrenos,


destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual ou
municipal, inclusive os de suas autarquias e fundações públicas, como imóveis
residenciais, terrenos, glebas, aquartelamento, aeroportos, açudes, fazendas,
museus, hospitais, hotéis dentre outros.

- Bens dominiais: compreende os bens que constituem o patrimônio das pessoas


jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
dessas entidades. Compreende ainda, não dispondo a lei em contrário, os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado, como apartamentos, armazéns, casas, glebas,
terrenos, lojas, bens destinados a reforma agrária, bens imóveis a alienar dentre
outros.

- Bens de uso comum do povo: pode ser entendido como os de domínio público,
construídos ou não por pessoas jurídicas de direito público.
- Bens imóveis em andamento: compreende os valores de bens imóveis em
andamento, ainda não concluídos. Exemplos: obras em andamento, estudos e
projetos (que englobem limpeza do terreno, serviços topográficos etc),
benfeitoria em propriedade de terceiros, dentre outros.

- Demais bens imóveis: compreende os demais bens imóveis não classificados


anteriormente. Exemplo: bens imóveis locados para terceiros, imóveis em poder
de terceiros, dentre outros bens.

Serviços

As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes,


informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações, e
manutenção de prédios, equipamentos e instalações acessórias, são consideradas
atividades materiais instrumentais ou complementares aos assuntos que
constituem área de competência legal do órgão ou entidade. Essas atividades são
entendidas, também, como Serviços Continuados, pois apoiam a realização das
atividades ao cumprimento da missão institucional do órgão ou entidade e, de
preferência, serão objeto de execução indireta (Art. 1 do Decreto 2.271/97 e Art. 6
e 7 da IN 02/2008).

Serviços continuados, de acordo com o Anexo I da IN 02/08, são aqueles cuja


interrupção possa comprometer a continuidade das atividades da Administração
e cuja necessidade de contratação deva estender-se por mais de um exercício
financeiro e continuamente.

No processo de contratação desses serviços deverão ser adotadas unidades de


medidas que permitam a mensuração dos resultados. Os critérios de aferição de
resultados devem constar, preferencialmente, em um ajuste escrito, anexo ao
contrato, que define os níveis esperados de qualidade da prestação do serviço e
respectivas adequações de pagamento, com bases compreensíveis, objetivamente
observáveis, tangíveis e comprováveis, chamado Acordo de Nível de Serviço
(ANS) (Art. 11 e Anexo I da IN 02/08).

Os procedimentos para a compra de bens, juntamente com os de contratação


para a prestação de serviço e com os de contratação para a execução de obras,
constituem as atividades de suprimentos para a organização pública.

As atividades de Suprimentos

Essas práticas administrativas precisam ter uma base jurídica consubstanciada


em leis, decretos, normas, regulamentos, dentre outros instrumentos legais.

Para o órgão público, as atividades de suprimento são reguladas por normas


específicas e realizadas pelo Sistema de Compras e Contratação, sendo
supervisionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que orienta os gestores
com a elaboração regular do Manual Licitações e Contratos, 2010, constando
diretrizes e Deliberações do TCU que são Decisões do Tribunal relativas à
aplicação de normas gerais de licitação, sobre as quais cabe privativamente à
União legislar, devendo ser acatadas pelos administradores dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Súmula 222).

A publicação expressa que a Lei nº 8.666 (Lei de Licitações e Contratos


Administrativos), de 21 de junho de 1993, com alterações posteriores e a Lei nº
10.520 (Lei do Pregão), de 17 de julho de 2002, constituem a legislação básica
sobre licitações e contratos para a Administração Pública. Ou seja, regulam todo
o processo de compra/aquisição/obtenção de suprimentos para que o gestor
público possa alcançar uma eficácia alocativa e uma eficiência distributiva e a
consequente economicidade no emprego dos recursos organizacionais.

Vale destacar a importância dada à variável meio-ambiente no processo de


suprimentos para a organização pública pela Instrução Normativa No 01, de 19
de Janeiro de 2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI)
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), que dispõe sobre os
critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de
serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional.

Uma das providências dispostas nessa IN está no Capítulo I - DAS DISPOSIÇÕES


GERAIS, no Art. 1º: “Nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
as especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços e obras por
parte dos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica
e fundacional deverão conter critérios de sustentabilidade ambiental,
considerando os processos de extração ou fabricação, utilização e descarte dos
produtos e matérias-primas”. Outra providência está, logo em seguida, no seu
Art. 2º: “Para o cumprimento do disposto nesta Instrução Normativa, o
instrumento convocatório deverá formular as exigências de natureza ambiental
de forma a não frustrar a competitividade". E, por fim, pode-se observar no seu
Art. 3º: “Nas licitações que utilizem como critério de julgamento o tipo melhor
técnica ou técnica e preço, deverão ser estabelecidos no edital critérios objetivos
de sustentabilidade ambiental para a avaliação e classificação das propostas”.

Como se pode constatar nos processos licitatórios e de contratações, devido a


uma das características do processo ser de estímulo à concorrência, a
organização pública pode se relacionar com várias organizações fornecedoras de
bens e/ou serviços. Dessa forma, é (são) estabelecida (s) cadeia (s) e/ou rede (s) de
suprimentos cujo objetivo final deve ser atender o público-alvo organizacional,
agregando valor à sua necessidade. Surge, então, a necessidade de um
entendimento, ainda que sumário, dos conceitos de cadeia e rede de suprimentos
e de cadeia de valor.

Cadeia/Rede de Suprimentos

O conceito de Logística, tem sido confundido com o de Supply Chain Management


- SCM ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimento (GCS), levando o Council of
Logistics Management (CLM) a esclarecer que os dois termos não são sinônimos,
modificando o conceito de Logística para indicar que ela é um subconjunto da
SCM, ou seja, Logística é a parte dos processos da Supply Chain (SC) que planeja,
implementa e controla o efetivo fluxo de estocagem de bens, serviços e
informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o
objetivo de atender as necessidades dos clientes (PIRES, 2004, p. 61). Esse
conceito expressa uma idéia de linearidade nas relações.

Por outro lado, uma extensão natural do conceito de gerenciamento de cadeia de


suprimento é que ela deva ser encarada como uma REDE. A rede de suprimento
pode ser definida como várias organizações vinculadas com o propósito de
fornecer bens ou serviços que os consumidores demandam. Os termos “cadeia de
suprimento” e “rede de suprimento” procuram descrever a maneira pela qual o
comprador e o fornecedor são vinculados para servir o consumidor final. Mais
abrangente que a idéia de linearidade nas relações do termo “cadeia”, o termo
“rede” descreve uma estrutura mais complexa na qual as organizações podem
ter vínculos cruzados, devendo ser vista como um sistema. (HARRISON e HOEK,
2003, p. 31).

A aplicação dos conceitos de logística e cadeia/rede de suprimentos tem sua


prática jurídica na IN 10/12 que trata dos Planos de Gestão de Logística
Sustentável (PLS) (Art. 1º), definindo Logística Sustentável como o processo de
coordenação do fluxo de materiais, de serviços e de informações, do
fornecimento ao desfazimento (grifo meu) que considera a proteção ambiental,
a justiça social e o desenvolvimento equilibrado (Art. 2º).

Os PLS são ferramentas de planejamento com objetivos e responsabilidades


definidas, ações, metas, prazos de execução e mecanismos de monitoramento e
avaliação, que permite ao órgão ou entidade estabelecer práticas de
sustentabilidade e racionalização de gastos e processos na Administração
Pública (Art. 3º da IN 10/12).

Os PLS devem ser formalizados em processos e elaborados Planos de Ação para


material de consumo, energia elétrica, água e esgoto, coleta seletiva, qualidade
de vida no ambiente de trabalho, compras e contratações sustentáveis, e
deslocamento de pessoal (Art. 8º e 9º da IN 10/12).

Portanto, do estudo da IN 10/12, pode-se inferir que o PLS emprega o conceito de


logística como parte dos processos de uma Cadeia/Rede de Suprimentos
Sustentável que planeja, implementa e controla o efetivo fluxo de estocagem de
bens, serviços e informações correlatas desde o ponto de origem (fornecimento)
até o ponto de consumo com responsabilidade ambiental (desfazimento).

Esses conceitos de cadeia/rede de suprimentos também são aplicados na Lei


12.305/10 e no Decreto 7.404/10, que tratam da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, quando definem a implementação e estruturação de um canal de
logística reverso. Embora não discorram sobre “cadeia/rede de suprimento
reversa”, podem-se destacar alguns pontos desses dispositivos legais que
induzem à estruturação de uma (s) “cadeia (s)/rede (s) de suprimentos reversa”:

- Pela articulação entre os órgãos, entidades governamentais e grupos técnicos


formados por entidades públicas e/ou privadas, sob a responsabilidade de um
Comitê Interministerial (Art. 3º da Lei);

- Pela gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos


resíduos sólidos, em regime de cooperação entre os entes da Federação e
particulares (Art.4º e 7º da Lei);

- Pela instituição da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos


produtos implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, titulares dos serviços
públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos, e consumidores (Art. 6º e 30
da Lei, e Art. 5º do Decreto), mediante Acordos Setoriais (Art. 19 do Decreto);

- Pela organização, planejamento e execução integrada das funções públicas de


interesse comum e relacionada à gestão dos resíduos sólidos nas regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (Art. 11 da Lei);

- Pela implementação obrigatória de sistemas de logística reversa, mediante


retorno dos produtos pós-consumo de agrotóxicos (resíduos e embalagens),
pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes (resíduos e embalagens), lâmpadas
fluorescentes (vapor de sódio, mercúrio e luz mista) e produtos eletroeletrônicos
e seus componentes (Art. 13 e Art. 33 da Lei, e Art. 14 do Decreto);
- Pela caracterização do canal logístico reverso (cadeia/rede de suprimento
reversa) iniciando no consumidor (§ 4º do Art. 33 da Lei), passando pelos
comerciantes e distribuidores (§ 5º do Art. 33 da Lei), e chegando aos fabricantes
e importadores (§ 6º do Art. 33 da Lei) que são os responsáveis pela destinação
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos (aproveitamento econômico pela
reutilização, reparos e reciclagem de resíduos ou a disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos).

Uma variável importante, incluída no conceito de logística, dentro de uma


cadeia/rede de suprimento, é a agregação de valor. As atividades ou funções
logísticas agregam valor de lugar (transporte, obtenção e informação), valor de
tempo (estoque e informação), valor de qualidade (armazenagem, manuseio de
materiais e informação) e valor de informação (processamento de pedidos e
programação da produção) ao consumidor final. Além de agregar esses valores
para o consumidor final, a logística procura eliminar do processo tudo que não
tenha valor para o cliente. Tudo que acarrete custos e perda de tempo (NOVAES,
2001, p. 35).

Cadeia de Valor

Segundo NOVAES, 2001, p. 184, referenciando PORTER, 1989, “valor” refere-se ao


que os clientes estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes oferece,
ou seja, é um conceito relativo e ligado à questão da “utilidade”. E que a
expressão “cadeia de valor” (value chain) é utilizada no contexto da cadeia de
suprimento, tendo como origem o trabalho de PORTER, que advoga a
necessidade de serem analisadas as várias atividades executadas na cadeia de
valor de uma organização e o modo como elas interagem a fim de atingir os
objetivos organizacionais.

NOVAES, 2001, p. 185, explica que o valor de determinado produto é composto


pela “margem” e pelas “atividades de valor”. Essas atividades de valor são
formadas pelos processos físico-operacionais tecnologicamente distintos que
uma empresa lança mão para criar um produto com certo valor de mercado. E
que cada atividade de valor utiliza insumos diversos, desde mão-de-obra,
passando por tecnologia, materiais e informação.
Na administração pública, esse conceito é aplicado na publicação Base
Conceitual do Guia “d” Simplificação, 2009, da SEGES/MPOG que apresenta um
modelo de Cadeia de Valor, envolvendo os chamados “6Es” do Desempenho. O
modelo é baseado nos seguintes elementos da Cadeia de Valor: Insumos (inputs),
Processos/Projetos (Ações), Bens/Serviços (outputs), Impactos (outcomes).

O modelo constitui-se das “dimensões de esforço” e de “dimensões de resultado”


desdobradas em outras dimensões do desempenho. As dimensões de esforço são
economicidade, execução e excelência; e as dimensões de resultado são
eficiência, eficácia e efetividade. Vale ressaltar que o metamodelo pode ser
aplicável em vários níveis da administração pública, tais como, nível macro
(Governo), nível meso (política pública ou setor de governo), nível meso-micro
(redes de organizações), nível micro (organizações) e nível nano (unidade de
organização).

Pode-se considerar, por analogia, que as dimensões de esforço (economicidade,


execução e excelência) são os princípios de gestão que norteiam as atividades da
logística de entrada para a organização pública. Conforme a publicação tem-se os
seguintes conceitos dessas dimensões:

- Economicidade: está alinhada ao conceito de obtenção e uso de recursos com o


menor ônus possível, dentro dos requisitos e da quantidade exigida pelo input,
gerindo adequadamente os recursos financeiros. Em síntese, é a avaliação das
condições de obtenção, prazo, utilidade, prioridade e qualidade em que são
adquiridos os suprimentos para a organização.

- Execução: é a realização dos processos, projetos e planos de ação conforme


estabelecidos. Em resumo, é cumprir o planejado.

- Excelência: é a conformidade a critérios e padrões de qualidade/excelência


para a realização dos processos, projetos e atividades. Resumindo, é a definição
de uma política de atendimento e o consequente estabelecimento do nível de
serviço mais adequado.

Logística organizacional (operacional)

É a integração das atividades de um sistema organizacional, em função do seu


modelo de transformação, desde o planejamento e obtenção dos insumos
necessários, passando pelo processo produtivo até a distribuição para o
consumidor (intermediário/final), atendendo as necessidades do público-alvo a
custos reduzidos, com qualidade e uso adequado de recursos. O instrumento
legal de criação da instituição pública e seu regimento interno norteiam essas
atividades na organização.

Logística de saída (distribuição física do bem/prestação do serviço)

É o conjunto de operações associadas à transferência do resultado objeto de uma


transação desde o local de origem até o local designado no destino e no fluxo de
informação associado, devendo garantir que chegue ao destino nas condições
desejadas, oportunamente e com uso maximizado dos recursos disponíveis. A
missão da organização constante no dispositivo de sua criação e as atribuições
funcionais inerentes ao cargo desempenhado orientam os gestores públicos na
execução dessas operações.

Convém destacar que nesse processo não basta apenas distribuir o bem e/ou
prestar o serviço. É importante que essas atividades vão ao encontro dos
resultados desejados pelo público-alvo da organização. Para isso crescem em
importância os princípios gerenciais da eficácia, eficiência e efetividade no
direcionamento das atividades que integram a Logística de Saída da organização
pública.

Voltando ao conceito do (Meta) Modelo para Mensuração do Desempenho da


publicação Guia Referencia para Medição de Desempenho e Manual para
Construção de Indicadores, 2009, p. 14, da Secretaria de Gestão do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, pode-se verificar que a eficiência, eficácia e
efetividade constituem as dimensões de resultado do modelo. A publicação os
define assim:

- A Eficácia é entendida como a quantidade e qualidade de produtos e serviços


entregues ao usuário (beneficiário direto dos produtos e serviços da
organização). Em resumo, é fazer o que precisa ser feito.

- A Eficiência é definida como a relação entre os bens/serviços gerados (outputs)


com os insumos utilizados, relacionando o que foi entregue e o que foi
consumido de recursos, usualmente sob a forma de custos ou produtividade. Por
exemplo: uma campanha de vacinação é mais eficiente quanto menor for o
custo, ou seja, quanto menor for o custo da campanha, mantendo-se os objetivos
propostos. É comumente relacionada à produtividade. Em síntese, é o como fazer
o que precisa ser feito. É importante destacar que a Eficiência é um princípio
constitucional previsto no Art. 37 da nossa Carta Magna.

- A Efetividade são os impactos gerados pelos produtos/serviços, processos ou


projetos. É a relação entre os resultados (impactos observados) e os objetivos
(impactos esperados). Está vinculada ao grau de satisfação ou ainda ao valor
agregado, a transformação produzida no contexto em geral. O valor efetivo das
ações governamentais deve ser medido com base nos resultados qualitativos, ou
seja, nos impactos socioeconômicos produzidos. Em resumo, é ter uma eficácia
alocativa e uma eficiência distributiva no emprego dos recursos organizacionais.

Outra consideração que merece destaque é o que consta na publicação Licitações


& Contratos, 4 Ed. 2010, do TCU, onde se pode observar que depois de concluída a
licitação, ou os procedimentos de dispensa ou inexigibilidade, a Administração
adotará as providências para celebração do respectivo contrato, carta-contrato
ou entrega da nota de empenho da despesa, mediante recibo, ou da ordem de
execução do serviço, ou da autorização de compra, ou de documento
equivalente. No contrato devem estar estabelecidas, com clareza e precisão, as
cláusulas com os direitos, obrigações e responsabilidade da Administração e do
particular. Essas disposições devem estar em harmonia com o ato convocatório
da licitação ou, no caso de dispensa e inexigibilidade de licitação, com os termos
da proposta do contratado e do ato que autorizou a contratação sem licitação.
Por fim, de acordo com o Art. 10 do Decreto 6.932/09, todo órgão ou entidade do
Poder Executivo Federal que prestam serviços diretamente ao cidadão deve
elaborar e divulgar “Carta de Serviços ao Cidadão” com o objetivo de informar os
serviços prestados, as formas de acesso e os compromissos e padrões de
qualidade de atendimento ao público. O documento deve conter informações
claras e precisas em relação aos serviços prestados. Aspectos como prioridade de
atendimento, tempo de espera de atendimento, prazos de realização dos
serviços, dentre outros, compõem o padrão de qualidade do nível de serviço a
ser estabelecido.

Nível de Serviço

Para a logística e de acordo com BALLOU, 1993, p. 73, Nível de Serviço é a


qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado.

Como toda organização pública tem a missão de prestar “serviço público” é


importante saber, de acordo com KOHAMA, 2006, p. 1, que “Serviço Público é o
conjunto de atividades e bens que são exercidos ou colocados à disposição da
coletividade, visando abranger e proporcionar o maior grau possível de bem-
estar social ou da prosperidade pública”; e que “serviço público de qualidade é
direito geral, garantido pelo Estado que tem por finalidade manter a máquina
pública a serviço do cidadão”.

A instrução normativa no 01, de 19 de janeiro de 2010, que dispõe sobre os


critérios de sustentabilidade ambiental para o processo de Licitações e Contratos
no setor público, faz referência às normas da Organização Internacional para a
Padronização. A International Organization for Standardization (ISO) é uma
organização não governamental responsável pela elaboração e aplicação de
padrões internacionais de qualidade. Os padrões ISO são acordos documentados
contendo especificações técnicas e outros critérios precisos para serem usados
como regras, guias, ou definições de características de materiais, produtos,
processos e serviços. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) é a sua representante, sendo o Foro Nacional de Normalização, previsto
no Sistema Brasileiro de Normalização (SBN), no âmbito do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO).
O SINMETRO, juntamente com o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (CONMETRO), que é um colegiado interministerial e
normativo do SINMETRO, e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (INMETRO), constituem uma estrutura sistêmica para as
atividades de metrologia científica e legal, avaliação da conformidade,
acreditação de organismos e de laboratórios e de normalização.

O INMETRO é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como Secretaria
Executiva do CONMETRO. Sua missão é prover confiança à sociedade brasileira
nas medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da
conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a
inovação e a competitividade do País.

Até agora, vem se tratando do estudo das áreas da logística direcionado para o
fluxo de materiais e informações associadas do fornecedor ao consumidor.
Entretanto, segundo PIRES, 2004, p. 242, têm dois outros “dois fluxos de
materiais” que têm sentido contrário ao tradicional fluxo produtivo: as
embalagens e os recipientes utilizados nos transportes e os materiais após o fim
de sua vida útil. A necessidade de gerir suas atividades e informações correlatas
implica em gestão da logística reversa.

Logística Reversa:

Para PIRES, 2004, p. 243, duas premissas básicas impõem a necessidade de gestão
da logística reversa: a agregação de valor e a responsabilidade pela sucata e/ou
lixo industrial. A agregação de valor, considerando o aumento do comércio
global, está relacionada à importância na gestão dos recipientes (pallets,
containers, etc.) e das embalagens, envolvendo processos logísticos complexos e
estando sujeitos a restrições legais e sanitárias, dentre outras. A
responsabilidade pela sucata e/ou lixo industrial diz respeito à gestão dos
materiais após o término de suas vidas úteis, passando a vigorar cada vez mais a
regra de que “quem produz é o responsável pelo produto após a sua vida
útil”.
Para a organização pública, essa preocupação e/ou exigência sócioambiental
pode ser observada na INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 205, DE 08 DE ABRIL DE
1988 expressa no item 1. Material que: “a designação genérica de equipamentos,
componentes, sobressalentes, acessórios, veículos em geral, matérias-primas e
outros itens empregados ou passíveis de emprego nas atividades das
organizações públicas federais, independente de qualquer fator, bem como,
aquele oriundo de demolição ou desmontagem, aparas, acondicionamentos,
embalagens e resíduos economicamente aproveitáveis (grifo meu)”, dando
importância à logística reversa nas organizações públicas com o objetivo de
racionalizar com minimização de custos o uso de material através de técnicas
modernas que atualizam e enriquecem essa gestão com as desejáveis condições
de operacionalidade, no emprego do material nas diversas atividades.

Atualmente, o nosso País conta com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), instituída pela Lei 12.305/10 e regulada pelo Decreto 7.404/10, impondo
obrigações e formas de cooperação entre o setor público, o setor privado, as
cooperativas de catadores de lixo e os movimentos sociais e ambientalistas em
torno dos princípios da responsabilidade compartilhada, do planejamento da
gestão, da inclusão social dos catadores, da produção e consumo sustentáveis e
da valorização econômica dos resíduos na gestão integrada dos resíduos sólidos.

A instituição da "responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos


produtos" implica em ações a serem realizadas de forma individualizada e
encadeada, envolvendo os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos (Art. 30 da Lei 12.305/10 e Art. 5 do
Decreto 7.404/10).

A valorização econômica dos resíduos sólidos induz à aplicação do conceito de


“agregação de valor socioeconômico ao resíduo sólido” e ao conceito de
“agregação socioambiental ao rejeito” por meio de uma “destinação final
ambientalmente adequada”.

Destinação final ambientalmente adequada


Destinação final ambientalmente adequada é a destinação de resíduos que
inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o
aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos
competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final,
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à
saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (Art.
3º da Lei 12.305/10).

Inferem-se desse conceito duas categorias de resíduos sólidos. Uma categoria que
inclui resíduos sólidos com viabilidade técnica-econômica para reutilização,
recuperação, reciclagem, compostagem e aproveitamento energético. E outra
categoria que inclui aqueles resíduos sólidos sem viabilidade técnica-econômica,
chamados “rejeitos”, cuja destinação é a sua “disposição final ambientalmente
adequada” em aterros.

1. Destinação de resíduos sólidos com viabilidade técnica-econômica (Resíduos)

a. Reutilização

Processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação


biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do
SUASA (Art. 3º da Lei 12.305/10). É usar novamente um material antes de
descartá-lo.

b. Reciclagem

Processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas


propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação
em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do
SUASA (Art. 3º da Lei 12.305/10).

Ou seja, é transformar os materiais em matéria prima para se iniciar um novo


ciclo de produção-consumo-descarte. Começa com a coleta seletiva na separação
e recolhimento de resíduos sólidos recicláveis, desde sua origem.

Vale aqui distinguir a reciclagem pré-consumo da reciclagem pós-consumo. A


reciclagem pré-consumo se refere aos resíduos gerados nos processos
produtivos. A reciclagem pós-consumo se refere aos resíduos decorrentes da
utilização de um bem.

c. Compostagem e Aproveitamento Energético

Compostagem é o processo de decomposição da matéria orgânica por meio da


digestão aeróbica (presença de oxigênio), ou seja, na presença de ar e água é
digerida por microrganismos e se transforma em composto utilizado para
melhorar a qualidade do solo. É a “reciclagem de resíduos orgânicos”,
transformando-os em adubo e aproveitamento energético do gás emitido.
Começa, também, com a coleta seletiva na separação e recolhimento de resíduos
orgânicos.

Além da formação do composto, os resíduos sólidos, ao serem decompostos,


geram gases, em particular o metano (CH4), que é tóxico e altamente inflamável,
e o dióxido de carbono (CO2) que, juntamente com outros gases presentes na
atmosfera, produzem o efeito estufa, contribuindo para o aquecimento do
planeta.

Dentre as ações previstas no Decreto 7.390/10, que regulamenta a Política


Nacional sobre Mudança do Clima, está a de expansão da oferta de energia de
fontes renováveis como a bioeletricidade.
A bioeletricidade pode ser gerada com a recuperação e destruição do gás metano
em instalações adequadas, de forma a incrementar-se a eficiência energética. O
biogás, produzido pela degradação de resíduos sólidos orgânicos, pode ser
convertido em uma forma de aproveitamento energético como eletricidade,
vapor, combustível para caldeiras ou fogões, combustível veicular ou para
abastecer gasodutos.

O aproveitamento energético dos resíduos sólidos orgânicos em grande escala,


pela biodigestão que elimina o metano e gera composto orgânico, é empregada
de forma cada vez mais expressiva em países com gestão ambiental avançada.

2. Destinação de resíduos sólidos sem viabilidade técnica-econômica (Rejeitos)

Os rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades


de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada (grifo meu) (Art. 3º da Lei
12.305/10).

a. Disposição final ambientalmente adequada

Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais


específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a
minimizar os impactos ambientais adversos (Art. 3º da Lei 12.305/10).

De acordo com a Política Nacional de Saneamento Básico, têm-se as seguintes


modalidades de aterros: lixão (vazadouro a céu aberto), aterro controlado, aterro
sanitário, unidades de compostagem, unidades de triagem e compostagem,
unidades de incineração e vazadouros em áreas alagáveis. As modalidades mais
comuns são: o lixão ou vazadouro, o aterro controlado e o aterro sanitário.
1) Lixão/vazadouro: forma inadequada de disposição final de resíduos e rejeitos,
que consiste na descarga do material no solo sem qualquer técnica ou medida de
controle.

2) Aterro controlado: forma inadequada de disposição final de resíduos e


rejeitos, no qual o único cuidado realizado é o recobrimento da massa de
resíduos e rejeitos com terra.

3) Aterro sanitário: consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos


no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando
os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia
(impermeabilização do solo, drenagem de gases, águas pluviais e lixiviado) para
confinar os resíduos sólidos ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma
camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou à intervalos
menores se for necessário (ABNT NBR 8.419/1992).

Do estudo da Lei 12.305/10 (Art. 3º e Art. 9º) e do Decreto 7.404/10 (Art. 12 e Art.
13) pode-se inferir que para a realização das atividades de destinação final
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos (aproveitamento econômico dos
resíduos e disposição final dos rejeitos) é necessária uma segregação prévia dos
resíduos sólidos, conforme sua constituição ou composição, por meio da
implantação de sistema decoleta seletiva e de sistema de logística reversa.

Sistema de coleta seletiva

É a coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição


ou composição (Art. 3º da Lei 12.305/10). Trata-se de um processo de seleção dos
resíduos sólido (lixo), envolvendo duas etapas distintas: separação do resíduo
sólido (lixo) na fonte (segregação) e coleta.

Um aspecto relevante é o apoio à inclusão produtiva dos catadores de materiais


reutilizáveis e recicláveis, priorizando a participação de cooperativas ou de
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
constituídas por pessoas físicas de baixa renda. Para a sustentabilidade
econômica e financeira desses serviços a Lei 8.666/93 permite, em seu Art. 24, a
dispensa de licitação para a contratação e remuneração de associações ou
cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

É importante destacar a destinação para associações e cooperativas de catadores


de materiais recicláveis dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e
entidades da administração pública federal direta e indireta, segregados na fonte
geradora. O Decreto 5.940/06 institui essa separação e destinação dos resíduos
recicláveis, considerando os seguintes conceitos (Art. 2º):

- coleta seletiva solidária: coleta dos resíduos recicláveis descartados, separados


na fonte geradora, para destinação às associações e cooperativas de catadores de
materiais recicláveis;

- resíduos recicláveis descartados: materiais passíveis de retorno ao seu ciclo


produtivo, rejeitados pelos órgãos e entidades da administração pública federal
direita e indireta.

O sistema de coleta seletiva tem por objetivo dar uma destinação final
ambientalmente adequada aos resíduos sólidos por meio da utilização
econômica daqueles resíduos com viabilidade técnica de aproveitamento,
chamados Resíduos Sólidos e a disposição final ambientalmente adequada
daqueles sem viabilidade técnica de aproveitamento, chamados Rejeitos (Art. 3º
e Art. 9º da Lei 12.305/10, e Art. 12 e Art. 13 do Decreto 7.404/10).

Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de determinados


produtos são obrigados a estruturar e implementar Sistemas de Logística
Reversa, mediante retorno desses produtos após o uso pelo consumidor, de
forma independente do serviço de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos (Art. 13 da Lei 12.305/10 e Art. 18 do Decreto 7.404/10).
Sistema de logística reversa

Um dos instrumentos da PNRS é o sistema de Logística Reversa, sendo definido


como instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada. Ou seja, trata do retorno dos resíduos ao setor
industrial pós-venda e pós-consumo dos seguintes resíduos: agrotóxicos, suas
embalagens e demais produtos; pilhas e baterias; óleos lubrificantes, seus
resíduos e embalagens; pneus; lâmpadas contendo mercúrio; e eletroeletrônicos.
Deve ser estruturado e operacionalizado por meio de acordos setoriais, de
regulamentos expedidos pelo Poder Público e por termos de compromisso (Art.
15 do Decreto 7.404/10).

Como resultado da administração integrada das Áreas da Logística tem-se a


movimentação de bens e/ou serviços para consumo, decorrendo as utilidades de
“tempo” e/ou de “lugar” que são fatores fundamentais para as Funções
Logísticas na organização pública.

AS FUNÇÕES LOGÍSTICAS NA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA

As atividades administrativas a serem geridas, em qualquer organização, podem


incluir todo ou parte do seguinte: transportes, manutenção de estoques,
processamento de pedidos, compras (obtenção), armazenagem, manuseio de
materiais, embalagem, padrões de serviços e programação do processo de
produtivo.

Devido à característica sistêmica da logística, as atividades administrativas


organizacionais passam a ser abordadas de forma diferente da tradicional
distinção em atividades fim e atividades meio.
Essa nova abordagem vem sendo provocada pela necessidade das organizações
em direcionar seus esforços para o foco do seu negócio, terceirizando aquelas
atividades que são econômicamente melhor desempenhadas por outras
organizações que as tem como produto do seu trabalho e que,
consequentemente, passam a serem parceiros no negócio da empresa. Um
exemplo clássico é o da indústria automotiva, formando uma cadeia produtiva.

Para a organização pública não está sendo diferente. Hoje se tem, por exemplo,
serviços como segurança, manutenção e limpeza realizados por terceiros e que
até pouco tempo eram realizados pela organização com um quadro próprio de
servidores. Como a prática administrativa na organização pública precisa de
uma base jurídica, a Instrução Normativa Nº 02 de 30 de Abril de 2008 dispõe
sobre regras e diretrizes para a contratação de serviços, continuados ou não,
definindo, em seu Art. 6º, que os serviços continuados que podem ser contratos
por terceiros são aqueles que apóiam a realização de atividades essenciais ao
cumprimento da missão institucional do órgão ou entidade. Essas atividades
materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que
constituem área de competência legal do órgão ou entidade poderão ser objeto
de execução indireta (Art. 1º do Decreto 2.271/97).

É interessante observar no Manual de Campanha, C 100-10, Logística Militar


Terrestre, 2003, p. 2-1, os seguintes conceitos:

- Função logística é a reunião, sob uma única designação, de um conjunto de


atividades logísticas afins, correlatas ou de mesma natureza.

- Atividade logística é um conjunto de tarefas afins, reunidas segundo critérios


de relacionamento, interdependência ou de similaridade.

- Tarefa logística é um trabalho específico e limitado no tempo, que agrupa


passos, atos ou movimentos interligados segundo uma determinada sequência e
visando à obtenção de um resultado definido.
As funções (atividades) logísticas primárias (o ciclo crítico)

O conceito de logística identifica aquelas funções ou atividades que são de


importância primária para atingir os objetivos logísticos de custo e nível de
serviço. Estas atividades-chave são: Transporte, Manutenção de Estoques,
Processamento de Pedidos. Constituem o “ciclo crítico de atividades logísticas”.

O resultado final é prover o cidadão (cliente final) quando e onde necessitar, com
a melhor alocação de recursos (menor custo).

a. A função (atividade) logística primária de transportes

Para a maioria das organizações, o transporte é a atividade logística mais


importante simplesmente porque ela absorve, em média, de um a dois terços dos
custos logísticos. É uma atividade essencial, pois nenhuma instituição pode
operar sem providenciar a movimentação de seu produto (bem/serviço) de
alguma forma. Implica na utilização dos modais de transporte para se
movimentar bens. Este movimento é realizado pelos modais de transporte:
aeroviário, dutoviário, ferroviário, hidroviário; rodoviário, intermodalidade e
multimodalidade. Os transportes adicionam valor de "lugar" ao produto.

Na área governamental, a crescente complexidade no planejamento e na gestão


da infra-estrutura de transportes, que envolve também a promoção da
competitividade e a redução de custos e tarifas, o controle e fiscalização das
concessionárias e a integração nacional dos modais, levou o Governo Federal a
reestruturar o setor por meio da Lei 10.233/01 e da Medida Provisória 2.217-3/01.
Foram criados, no âmbito do Ministério dos Transportes, o Conselho Nacional de
Integração de Políticas de Transporte (CONIT) e o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), bem como as agências autônomas, Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), a Agência Nacional de Aviação
Civil (ANAC) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT é o órgão
executor da política de transportes determinada pelo Governo Federal.
Autarquia vinculada ao Ministério dos Transportes foi implantada em fevereiro
de 2002 para desempenhar as funções relativas à construção, manutenção e
operação de infra-estrutura dos segmentos do Sistema Federal de Viação sob
administração direta da União nos modais rodoviário, ferroviário e aquaviário,
conforme Decreto nº 4.129 de 13/02/2002.

A ANTT é uma autarquia vinculada ao Ministério dos Transportes encarregada


da gestão e operação dos modais terrestres e da implementação das políticas
formuladas pelo CONIT e pelo Ministério dos Transportes. Regula as atividades
de prestação de serviços e de exploração da infraestrutura de transportes
exercida por terceiros e harmonizar o interesse público com os objetivos dos
usuários, das empresas concessionárias, permissionárias, autorizadas e
arrendatárias que exploram os serviços.

A necessidade estratégica de promover a evolução tecnológica da engenharia de


transportes no País, mediante o aproveitamento sinérgico da inteligência
nacional foi criado o Centro de Excelência em Engenharia de Transportes
(CENTRAN). Fruto da parceria entre o Ministério dos Transportes e o Ministério
da Defesa, estabelecida pela Portaria Interministerial MT/MD n° 407, de 28 de
março de 2005, o Centro tem como objetivo transformar conhecimento em
tecnologia aplicada. Para isso, o CENTRAN atua como catalisador de uma rede de
pesquisa de alto nível em permanente interação, capaz de funcionar como fonte
geradora e transformadora na aplicação de conhecimentos científicos e
tecnológicos em engenharia de transportes.

O Exército Brasileiro e o Departamento Nacional de Infraestrutura de


Transportes (DNIT) como líderes, perante seus respectivos ministérios, são
responsáveis por viabilizar e operacionalizar este Centro de Excelência. Como
âncoras, o CENTRAN possui o Instituto Militar de Engenharia (IME), o Instituto
de Pesquisas Rodoviárias (IPR) e o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias
(INPH).

O Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), elaborado pelo CENTRAN,


visa a orientar as ações nacionais públicas e/ou privadas em infraestrutura de
transporte e logística, num horizonte de médio e longo prazo. Tem como meta
criar uma base de dados e instrumentos de análise, sob a ótica logística, para
oferecer apoio ao planejamento de intervenções públicas e privadas na
infraestrutura e na organização dos transportes, ao longo do período 2005-2023.

Mais recente, através da MP 576/12, transformou a Empresa de Transporte


Ferroviário de Alta Velocidade S. A. (ETAV) na Empresa de Planejamento e
Logística S.A. (EPL). Conforme o Art. 3o da MP, a empresa tem por objetivos:

- planejar e promover o desenvolvimento do serviço de transporte ferroviário de


alta velocidade de forma integrada com as demais modalidades de transporte,
por meio de estudos, pesquisas, construção da infraestrutura, operação e
exploração do serviço, administração e gestão de patrimônio, desenvolvimento
tecnológico e atividades destinadas à absorção e transferência de tecnologias;

- prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinados a subsidiar o


planejamento do setor de transportes no País.

A lei 12.379/11 dispõe sobre o Sistema Nacional de Viação (SNV), sua composição,
objetivos e critérios para sua implantação (Art. 1o).

O SNV é constituído pela infraestrutura física e operacional dos vários modos de


transporte de pessoas e bens, sob jurisdição dos diferentes entes da Federação
(Art. 2o da Lei 12.379/11). Quanto à jurisdição, o SNV é composto pelo Sistema
Federal de Viação e pelos sistemas de viação dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios (§ 1o do Art. 2o da Lei 12.379/11). Quanto aos modos de
transporte, o SNV compreende os subsistemas rodoviário, ferroviário,
aquaviário e aeroviário (§ 2o do Art. 2o da Lei 12.379/11).

O Sistema Federal de Viação (SFV) é composto pelo Subsistema Rodoviário


Federal, pelo Subsistema Ferroviário Federal, Subsistema Aquaviário Federal e
pelo Subsistema Aeroviário Federal (Art. 3o da Lei 12.379/11). Seus objetivos são:
assegurar a unidade nacional e a integração regional; garantir a malha viária
estratégica necessária à segurança do território nacional; promover a integração
física com os sistemas viários dos países limítrofes; atender aos grandes fluxos
de mercadorias em regime de eficiência, por meio de corredores estratégicos de
exportação e abastecimento; prover meios e facilidades para o transporte de
passageiros e cargas, em âmbito interestadual e internacional (Art. 4o da Lei
12.379/11).

1) Transporte rodoviário:

Permite serviço porta a porta de modo que nenhum carregamento ou


descarregamento é exigido entre a origem e o destino. Tem grande cobertura
geográfica e flexibilidade do serviço. Entretanto, é dependente das condições
climáticas, do trânsito e da infraestrutura existente.

De acordo com o Banco de Informações em Transportes – BIT/MT, o transporte


rodoviário é o realizado sobre rodas nas vias de rodagem pavimentadas ou não
para transporte de mercadorias e pessoas, sendo na maioria das vezes realizados
por veículos automotores (ônibus, caminhões, veículos de passeio, etc.). Como
possui, na maioria dos casos, preço de frete superior ao hidroviário e ferroviário,
é adequado para o transporte de mercadorias de alto valor ou perecíveis,
produtos acabados ou semiacabados.

É o principal meio de transporte realizado no Brasil, ainda de acordo com o BIT.


Contudo, devido às suas desvantagens em relação a outros modais, houve uma
mudança com o passar dos anos de pensamentos e ações que devem influenciar
a sua participação na matriz modal. Essa redução propiciará aos outros modais a
contribuir de forma mais eficiente para o transporte de passageiros e de cargas
no Brasil.

O BIT apresenta as seguintes características do transporte rodoviário de carga no


Brasil:

- Possui a maior representatividade entre os modais existentes;


- Adequado para curtas e médias distâncias;

- Baixo custo inicial de implantação;

- Alto custo de manutenção;

- Muito poluente com forte impacto ambiental;

- Segurança no transporte comprometida devido à existência de roubos de


cargas;

- Serviço de entrega porta a porta;

- Maior flexibilidade com grande extensão da malha;

- Transporte com velocidade moderada;

- Os custos se tornam altos para grandes distâncias;

- Tempo de entrega confiável;

- Baixa capacidade de carga com limitação de volume e peso; e


- Integra todos os estados brasileiros.

De acordo com o Art. 13 da Lei 12.379/11, as rodovias integrantes do Subsistema


Rodoviário Federal são classificadas, de acordo com a sua orientação geográfica,
nas seguintes categorias:

I - Rodovias Radiais: as que partem da Capital Federal, em qualquer direção,


para ligá-la a capitais estaduais ou a pontos periféricos importantes do País;

II - Rodovias Longitudinais: as que se orientam na direção Norte-Sul;

III - Rodovias Transversais: as que se orientam na direção Leste-Oeste;

IV - Rodovias Diagonais: as que se orientam nas direções Nordeste-Sudoeste ou


Noroeste-Sudeste; e

V - Rodovias de Ligação: as que, orientadas em qualquer direção e não


enquadradas nas categorias discriminadas nos incisos I a IV, ligam pontos
importantes de 2 (duas) ou mais rodovias federais, ou permitem o acesso a
instalações federais de importância estratégica, a pontos de fronteira, a áreas de
segurança nacional ou aos principais terminais marítimos, fluviais, ferroviários
ou aeroviários constantes do SNV.

O Art. 14 da Lei 12.379/11 estabelece que as rodovias integrantes do Subsistema


Rodoviário Federal são designadas pelo símbolo “BR”, seguido de um número de
3 (três) algarismos, assim constituído:
I - o primeiro algarismo indica a categoria da rodovia, sendo:

a) 0 (zero), para as rodovias radiais;

b) 1 (um), para as rodovias longitudinais;

c) 2 (dois), para as rodovias transversais;

d) 3 (três), para as rodovias diagonais; e

e) 4 (quatro) para as rodovias de ligação.

II - os outros 2 (dois) algarismos referem-se à posição geográfica da rodovia


relativamente a Brasília e aos pontos cardeais, segundo sistemática definida pelo
órgão competente.

O DNIT e a ANTT são os órgãos governamentais, respectivamente, executor da


política de transporte e regulador das atividades de prestação de serviços e de
exploração da infraestrutura desse modal. Vale ressaltar o trabalho do Instituto
de Pesquisas Rodoviárias (IPR), órgão do DNIT, no aprimoramento contínuo das
técnicas e procedimentos de planejamento, construção, gerenciamento e
controle na área de infraestrutura de transporte rodoviário, desenvolvendo
estudos e pesquisas.

2) Transporte ferroviário:

De acordo com o Banco de Informações em Transportes – BIT/MT, transporte


ferroviário é o realizado sobre linhas férreas para transportar pessoas e
mercadorias. É basicamente um transportador de longo curso e um
movimentador lento de matéria-prima e de bens manufaturados de baixo valor.

O modal é adequado para grandes quantidades e possui baixa dependência das


condições climáticas e do tráfego. Entretanto, tem pouca flexibilidade (terminal a
terminal) e elevada dependência de outros modais, em particular, o rodoviário.

O BIT expressa que uma característica importante da linha férrea é a bitola que
tem como definição a distância entre os trilhos de uma ferrovia. No Brasil,
existem 3 tipos de bitola: a larga (1,60 m), a métrica (1,00 m) e a mista.

O BIT, ainda, destaca que grande parte da malha ferroviária do Brasil está
concentrada nas regiões sul e sudeste com predominância para o transporte de
cargas que, por sua vez, possui as seguintes características:

- grande capacidade de carga;

- adequado para grandes distâncias;

- elevada eficiência energética;

- alto custo de implantação;

- baixo custo de transporte;

- possui maior segurança em relação ao modal rodoviário, visto que ocorrem


poucos acidentes, furtos e roubos.

- transporte lento devido às suas operações de carga e descarga;

- baixa flexibilidade com pequena extensão da malha;

- baixa integração entre os Estados; e

- pouco poluente.

O Art. 20 da Lei 12.379/11 estabelece que o Subsistema Ferroviário Federal é


constituído pelas ferrovias existentes ou planejadas, pertencentes aos grandes
eixos de integração interestadual, interregional e internacional, incluídos os
pátios e terminais, as oficinas de manutenção e demais instalações de
propriedade da União, que satisfaçam a pelo menos um dos seguintes critérios:

- atender grandes fluxos de transporte de carga ou de passageiros;

- possibilitar o acesso a portos e terminais do Sistema Federal de Viação;

- possibilitar a articulação com segmento ferroviário internacional;

- promover ligações necessárias à segurança nacional.

Parágrafo único. Integram o Subsistema Ferroviário Federal


A classificação das ferrovias é realizada de acordo com sua orientação geográfica
(Art. 21 da Lei 12.379/11), nas seguintes categorias:

I - Ferrovias Longitudinais: as que se orientam na direção Norte-Sul;

II - Ferrovias Transversais: as que se orientam na direção Leste-Oeste;

III - Ferrovias Diagonais: as que se orientam nas direções Nordeste-Sudoeste e


Noroeste-Sudeste;

IV - Ferrovias de Ligação: as que, orientadas em qualquer direção e não


enquadradas nas categorias discriminadas nos incisos I a III, ligam entre si
ferrovias ou pontos importantes do País, ou se constituem em ramais coletores
regionais; e

V - Acessos Ferroviários: segmentos de pequena extensão responsáveis pela


conexão de pontos de origem ou destino de cargas e passageiros a ferrovias
discriminadas nos incisos I a IV.

As ferrovias integrantes do Subsistema Ferroviário Federal são designadas pelo


símbolo “EF” ou “AF”, indicativo de estrada de ferro ou de acesso ferroviário,
respectivamente (Art. 22 da Lei 12.379/11).

O símbolo “EF” é acompanhado por um número de 3 (três) algarismos, com os


seguintes significados (§ 1o):
I - o primeiro algarismo indica a categoria da ferrovia, sendo:

a) 1 (um) para as longitudinais;

b) 2 (dois) para as transversais;

c) 3 (três) para as diagonais; e

d) 4 (quatro) para as ligações;

II - os outros 2 (dois) algarismos indicam a posição da ferrovia relativamente a


Brasília e aos pontos cardeais, segundo sistemática definida pelo órgão
competente.

O símbolo “AF” é seguido pelo número da ferrovia ao qual está ligado o acesso e
complementado por uma letra maiúscula, sequencial, indicativa dos diferentes
acessos ligados à mesma ferrovia (§ 2o).

O DNIT e a ANTT são os órgãos governamentais, respectivamente, executor da


política de transporte e regulador das atividades de prestação de serviços e de
exploração da infraestrutura desse modal.

É importante ressaltar o trabalho realizado pela VALEC Engenharia, Construções


e Ferrovias S.A. É uma empresa pública, sob a forma de sociedade por ações,
vinculada ao Ministério dos Transportes, nos temos previstos na Lei 11.772/08. A
função social da VALEC é a construção e exploração de infraestrutura
ferroviária. E, de acordo com o Art. 8° da Lei em referência, compete à VALEC,
em conformidade com as diretrizes do Ministério dos Transportes:

- administrar os programas de operação da infraestrutura ferroviária, nas


ferrovias a ela outorgadas;

- coordenar, executar, controlar, revisar, fiscalizar e administrar obras de


infraestrutura ferroviária, que lhes forem outorgadas;

- desenvolver estudos e projetos de obras de infraestrutura ferroviária;

- construir, operar e explorar estradas de ferro, sistemas acessórios de


armazenagem, transferência e manuseio de produtos e bens a serem
transportados e, ainda, instalações e sistemas de interligação de estradas de
ferro com outras modalidades de transportes;

- promover o desenvolvimento dos sistemas de transportes de cargas sobre


trilhos, objetivando seu aprimoramento e a absorção de novas tecnologias;

- celebrar contratos e convênios com órgãos nacionais da administração direta


ou indireta, empresas privadas e com órgãos internacionais para prestação de
serviços técnicos especializados; e

- exercer outras atividades inerentes às suas finalidades, conforme previsão em


seu estatuto social.

A VALEC tem concessão para a construção e operação da Ferrovia Norte-Sul, cujo


traçado, com extensão de 3.100 km, é iniciado em Belém, no Pará, e segue até o
município de Panorama, em São Paulo.
Além disso, a VALEC detém, de acordo com a Lei 11.772, a concessão das
Ferrovias:

- EF 267, de Panorama, em São Paulo, a Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul,


com 750 km;

- EF 334 – Ferrovia da Integração Oeste-Leste, que, partindo de Ilhéus, na Bahia,


chega a Figueirópolis, no Tocantins, onde se liga à Ferrovia Norte-Sul, num total
de 1.527 km;

- EF 354 – Ferrovia Transcontinental, que partirá do Litoral Norte Fluminense e


passará por Muriaé, Ipatinga e Paracatu, em Minas Gerais; por Brasília, no
Distrito Federal, por Uruaçu, em Goiás; por Cocalinho, Água Boa e Lucas do Rio
Verde, em Mato Grosso; Vilhena e Porto Velho, em Rondônia; e Rio Branco e
Cruzeiro do Sul, no Acre, até chegar à localidade de Boqueirão da Esperança, na
fronteira Brasil-Peru. A Transcontinental terá, após concluída, um percurso de
4.400 km.

3) Transporte hidroviário (aquaviário):

A Constituição Federal define a competência da União de explorar, diretamente


ou mediante autorização, permissão ou concessão os serviços de transporte
aquaviário e os portos marítimos, fluviais ou lacustres.

A Lei 12.379/11 dispõe sobre o Sistema Nacional de Viação (SNV), apresentando o


Sistema Federal de Viação e seus subsistemas, como o Aquaviário Federal, que
compreende: vias navegáveis; portos marítimos e fluviais; eclusas e outros
dispositivos de transposição de nível; interligações aquaviárias de bacias
hidrográficas; e facilidades, instalações e estruturas destinadas à operação e à
segurança da navegação aquaviária (PPA 2012-2015).
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), criada pela Lei n°
10.233, de 5 de junho de 2001, vinculada ao Ministério dos Transportes, é o órgão
que implementa as políticas públicas formuladas pelo Ministério dos
Transportes e pelo CONIT, regulando, supervisionando e fiscalizando as
atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da
infraestrutura portuária e aquaviária, exercida por terceiros, com vistas a:
garantir a movimentação de pessoas e bens, em cumprimento a padrões de
eficiência, segurança, conforto, regularidade, pontualidade e modicidade nos
fretes e tarifas; harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas
concessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias, e de entidades
delegadas, preservando o interesse público; e arbitrar conflitos de interesse e
impedir situações que configurem competição imperfeita ou infração contra a
ordem econômica.

Uma peculiaridade do transporte hidroviário é a quantidade de atores


envolvidos, cada qual com responsabilidades distintas, resultando numa
interação entre as ações de cada agente que não é a mais eficiente. A
importância de um trabalho em conjunto entre os atores, complementando as
ações uns dos outros e evitando a sobreposição de tarefas, geraria para o setor
mais agilidade e tempestividade para impulsionar o fortalecimento do modo
hidroviário (PPA 2012-2015).

Ainda no intuito de estruturar o planejamento, a gestão, a operação e o controle


do transporte hidroviário tornam-se necessários o desenvolvimento de estudos
estruturantes, como por exemplo: o Plano Hidroviário Estratégico (PHE); o Plano
Nacional de Integração Hidroviária (PNIH); o Programa de Incentivo a
Renovação da frota de embarcações de transporte de passageiros; e o Plano de
Corredores Hidroviários. Estes instrumentos têm como objetivo estruturar o
planejamento dos corredores hidroviários visando nova abordagem para
realização dos serviços de manutenção hidroviária, além de identificar a
necessidade de implantação e ampliação de terminais de carga. Estão inclusos,
dentre os estudos, a definição das classes e do comboio tipo para as hidrovias,
bem como a determinação, por meio de indicadores econômicos, da viabilidade
de se executar investimentos de maior porte, tais como eclusas, retificações de
curvas, grandes derrocamentos, alargamento de vãos de pontes, além de
identificar potenciais de investimento para iniciativa privada (PPA 2012-2015).
O BIT/MT estabelece que transporte hidroviário é o tipo de transporte aquaviário
realizado nas hidrovias (percursos pré-determinados para o tráfego sobre águas)
para transporte de pessoas e mercadorias.

Segundo BALLOU, 1993, existem duas modalidades:

- Marítima: oceânica, costeira (cabotagem);

- Fluvial: rio, canais de navegação e lacustre.

Por definição, via navegável é a superfície aquática que oferece condições


naturais de navegabilidade. Ao receber implementações e intervenções que a
viabilizam para o transporte aquaviário em grande escala, passa a se chamar
hidrovia.

As hidrovias de interior podem ser rios, lagos e lagoas navegáveis que receberam
algum tipo de melhorias/sinalização/balizamento para que um determinado tipo
de embarcação possa trafegar com segurança por esta via (BIT/MT).

As hidrovias são de grande importância para este tipo de modal, visto que,
através dela consegue-se transportar grandes quantidades de mercadoria a
grandes distâncias. Nelas são transportados produtos como: minérios, cascalhos,
areia, carvão, ferro, grãos e outros produtos não perecíveis (BIT/MT).

De acordo com o BIT/MT, o transporte hidroviário de carga no Brasil possui as


seguintes características:
- grande capacidade de carga;

- baixo custo de transporte;

- baixo custo de manutenção;

- baixa flexibilidade;

- transporte lento;

- influenciado pelas condições climáticas;

- baixo custo de implantação, quando se analisa uma via de leito natural,


podendo ser elevado se existir necessidade de construção de infraestrutura
especial (eclusas, barragens, canais, dentre outras).

Vale ressaltar a publicação, em 2010, pela Secretaria de Política Nacional de


Transporte (SPNT) do Ministério dos Transportes (MT), das Diretrizes da Política
Nacional de Transporte Hidroviário. Um trabalho elaborado a partir das metas
do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) e em alinhamento com o
Plano Nacional Sobre Mudança do Clima. Apresenta as diretrizes gerais para o
fomento à navegação interior no Brasil, em consonância com os preceitos de
garantia dos usos múltiplos das águas e planejamento integrado dos recursos
hídricos.

a) Barragens e Eclusas
Barragens e Eclusas são construções, obras de engenharia hidráulica, feitas pelo
homem para solucionar dificuldades encontradas em cursos de água (BIT/MT).

Barragem é uma barreira artificial construída em um curso de água para


retenção/represamento de grandes volumes de água. Eclusa é um dispositivo
utilizado nas barragens para vencer o desnível causado pela mesma, fazendo
com que o tráfego das embarcações possa ser realizado (BIT/MT).

As barragens eram construídas desde a antiguidade com o intuito de reduzir os


impactos dos períodos de estiagem. Assim, eram construídas barreiras artificiais
para que pudessem ser armazenadas grandes quantidades de água provenientes
das chuvas e da vazão caudal do rio em a barragem se encontrava (BIT/MT).

O lago artificial formado por este armazenamento serve para diversos fins como:
irrigação, consumo humano, produção de energia, piscicultura, pesca, lazer,
fornecimento de água para indústrias, dentre outros.

Vale destacar que a construção de uma barragem deve passar por uma rigorosa
fase de planejamento, pois a área em seu entorno sofrerá impactos ambientais,
levando a necessidade de um processo de licenciamento ambiental para a sua
construção (BIT/MT).

Entende-se por Licenciamento Ambiental, conforme o Art. 1º da Resolução


CONAMA No 237/97, como o procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Degradação ambiental
é entendida como a alteração adversa das características do meio ambiente (Art.
3º da Lei 6.938/81).

Para o Licenciamento das Atividades, conforme o Art. 19 do Decreto 99.274/90, os


empreendimentos devem passar por um processo de avaliação preventiva que
consiste no exame dos aspectos ambientais do projeto em suas diferentes fases:
planejamento, instalação/construção e operação. Para isso, o processo é
realizado em três etapas consubstanciadas em Licenças Ambientais: a Licença
Prévia, a Licença de Instalação e a Licença de Operação.

Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental
que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras
de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (Art. 1º
da Resolução CONAMA No 237/97).

A Licença Prévia (LP) se refere à fase preliminar no planejamento da atividade,


contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização,
instalação e operação, observando os planos municipais, estaduais e federais de
uso do solo.

A Licença de Instalação (LI) autoriza o início da implantação do


empreendimento, de acordo com o Projeto Executivo aprovado.

A Licença de Operação (LO) autoriza o início da atividade licenciada e o


funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o
previsto na LP e na LI.

A Licença Ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva


ou potencialmente causadoras de SIGNIFICATIVA (grifo meu) degradação do
meio dependerá de prévio Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo
Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) (Art. 3º da Resolução
CONAMA No 237/97).

As atividades consideradas causadoras de significativa degradação do meio


ambiente, portanto dependentes dos EIA/RIMA, constam no Art. 2º da Resolução
CONAMA No 01/86.

As ações técnicas mínimas a serem desenvolvidas pelo EIA constam no Art. 6º da


Resolução CONAMA No 1/86.

O RIMA deve refletir as conclusões do EIA com seu conteúdo mínimo previsto no
Art. 9º da Resolução CONAMA No 1/86.

A interação com o setor elétrico se dá com a construção de usinas hidrelétricas


nas vias navegáveis. Apesar de em alguns casos as usinas permitirem a
navegação em trechos antes não navegáveis em função do lago formado pela
represa, a hidrelétrica pode se tornar um obstáculo para a continuidade de
navegação na hidrovia. Assim, a navegabilidade nos principais corredores
hidroviários deve ser compatibilizada com a construção de novas hidrelétricas,
no sentido de prever, simultaneamente, formas de transpor as barragens (PPA
2012-2015).

b) Transporte marítimo

É o tipo de transporte aquaviário realizado por meio de embarcações para


deslocamentos de passageiros e mercadorias utilizando o mar aberto como via.
Pode ser de cabotagem/costeira (cuja navegação marítima é realizada entre
pontos da costa ou entre um ponto costeiro e um ponto fluvial) ou de navegação
de longo curso/internacional (navegação entre portos brasileiros e estrangeiros)
(BIT/MT).

De acordo com o BIT/MT, o transporte marítimo de carga no Brasil possui as


seguintes características:

- grande capacidade de carga;


- pode transportar cargas de grandes tamanhos;

- baixo custo de transporte para grandes distâncias;

- transporta diversos tipos de cargas;

- flexibilidade superior ao transporte fluvial;

- transporte lento;

- necessidade de portos/alfândegas.

c) Portos

São responsáveis por grande parte das importações e exportações de um país e


são considerados como mecanismos de desenvolvimento econômico.

Um porto marítimo é uma área protegida localizada na beira do mar/oceano/lago


destinada ao atracamento de embarcações. No porto, além da finalidade de local
de atracamento, são realizadas operações de carga, descarga, transporte e
armazenamento de mercadorias (BIT/MT).

A Secretaria Especial de Portos (SEP) é a responsável pela formulação de


políticas e pela execução de medidas, programas e projetos de apoio ao
desenvolvimento da infraestrutura dos portos marítimos. Já os portos fluviais e
lacustres são de competência do Ministério dos Transportes.

Uma atividade portuária relevante é a indústria dos cruzeiros marítimos, que


nos últimos anos vem apresentando forte dinamismo, sendo o Brasil um dos
líderes mundiais de crescimento do setor (PPA 2012-2015).

Outro eixo importante é o aprimoramento da gestão e a formulação de políticas


para o setor. Com relação aos planos elaborados para subsidiar o
desenvolvimento do modal, pode-se citar: o Projeto de Incentivo à Cabotagem
(PIC), que visa desenvolver a navegação realizada entre portos brasileiros,
utilizando a via marítima ou a via marítima e as interiores; o Plano Geral de
Outorgas (PGO), que tem como objetivo apresentar áreas propícias à instalação
de portos públicos e concentradores de terminais de uso privativo de cargas; o
Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), que contempla a análise do
desempenho atual do setor, o diagnóstico das barreiras infraestruturais e de
gestão, e a definição do planejamento estratégico com alternativas de ações
governamentais para o seu desenvolvimento; e o PNLT, que orienta decisões de
investimentos para o setor, considerando não só a visão integrada do sistema
portuário com os demais modos de transportes, mas também fatores como
dinâmica produtiva e cadeias logísticas, fluxos de carga, infraestrutura existente,
além do portfólio atual de projetos (PPA 2012-2015).

É importante tecer algumas considerações sobre "porto" e "porto seco". Define o


artigo 1o. da Lei 8.630/93: "porto é local construído e aparelhado para atender às
necessidades da navegação e da movimentação e armazenagem de mercadorias,
concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam
sob jurisdição de uma autoridade portuária". Portos Secos são locais
alfandegados de uso público onde são executadas operações de movimentação,
armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e bagagem, sob controle
aduaneiro.

d) Navegação de cabotagem

Também chamada de navegação de escoamento da produção nacional, é aquela


realizada pela costa do território nacional para fins de transporte entre os portos
do mesmo país. Este tipo de navegação pode ser encontrada no transporte entre
dois portos marítimos ou entre um porto marítimo e um fluvial.

4) Transporte aéreo:

Modalidade rápida, segura, com nível de perdas e danos baixo, custos altos
devendo ser escolhido para médias e longas distâncias para os produtos de alta
densidade na relação: TAER = f(peso x volume x valor). Adotam-se também esta
modalidade para remessas de urgência, cargas complementares de baixa
durabilidade.

Na área governamental, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) tem sua


missão prevista no artigo 5º da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005, que
determina que a ANAC atuará como autoridade da aviação civil, e no artigo 8º,
que determina que a ANAC deverá "adotar as medidas necessárias para o
atendimento do interesse público e para o desenvolvimento e fomento da
aviação civil, da infra-estrutura aeronáutica e aeroportuária do País, atuando
com independência, legalidade, impessoalidade e publicidade".

Por seu lado, a INFRAERO – Aeroportos brasileiros - tem como missão: "Prover
infraestrutura e serviços aeroportuários com segurança, conforto, eficiência e
comprometimento com a integração nacional". Vinculada ao Ministério da
Defesa, a Infraero administra desde os maiores aeroportos brasileiros até os
pequenos que sequer recebem vôos comerciais regulares.

5) Dutoviário:

Esta modalidade de transporte é uma das formas mais econômicas de transporte


para grandes volumes principalmente de óleo, gás natural e derivados,
especialmente quando comparados com os modais rodoviário e ferroviário. Pode
ser dividido:
- Oleodutos, cujos produtos transportados são em sua grande maioria: petróleo,
óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta, e outros.

- Minerodutos, cujos produtos transportados são: Sal-gema, Minério de ferro e


Concentrado Fosfático.

- Gasodutos, cujo produto transportado é o gás natural.

A ANTT tem entre as suas atribuições, "Promover levantamentos e organizar


cadastro relativos ao sistema de dutovias do Brasil e às empresas proprietárias
de equipamentos e instalações de transporte dutoviário". O Regimento Interno e
a Estrutura Organizacional da Agência, aprovado pela Resolução nº 01 de 20 de
fevereiro de 2002, alterada pela Resolução n.º 104, de 17 de outubro de 2002,
define como competência da Superintendência de Logística e Transporte
Multimodal - SULOG, em seu artigo 46 - inciso XIII: "elaborar o cadastro do
sistema de dutovias e das empresas proprietárias de equipamentos e instalações
de transporte dutoviário".

A ANTT se articula com Agência Nacional de Petróleo - ANP, visando a criação de


Cadastro Nacional de Dutovias que sirva para orientar suas ações e projetos. A
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), implantada
pelo Decreto nº 2.455, de 14 de janeiro de 1998, é o órgão regulador das
atividades que integram a indústria do petróleo e gás natural e a dos
biocombustíveis. Autarquia federal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia,
a ANP é responsável pela execução da política nacional para o setor energético
do petróleo, gás natural e biocombustíveis, de acordo com a Lei do Petróleo (Lei
Nr 9.478/1997).

6) Transporte multimodal e intermodal:

Segundo BALLOU, 2001, p. 127, o uso do transporte por mais de um modal traz
benefícios econômicos evidentes, em particular, nas atividades de transporte
internacional.

A utilização de mais de um modal para o transporte de mercadorias implica em


livre troca de equipamentos de um modal para outro, resultando na forma da
intermodalidade para o transporte de mercadorias. A alternativa de
equipamento mais popular é o conteiner. O conteiner padrão é uma peça de
equipamento que é transferível para todos os modais de transporte de
superfície, exceto os dutos (BALLOU, 1993, p. 132).

Quando os serviços oferecidos individualmente pelos transportadores são


associados em um termo de compromisso têm-se os serviços integrados de
transporte de carga, resultando na forma da multimodalidade (BALLOU, 1993, p.
131).

Essa distinção entre transporte intermodal e transporte multimodal também é


ressaltada pela ANTT quando expressa que o termo Transporte Intermodal não
possui mais base jurídica, pois a legislação que o definiu, a Lei 6.288/75 (dispõe
sobre a utilização, movimentação e transporte, inclusive intermodal, de
mercadorias em unidades de carga) foi revogada. Embora revogada a lei, o
conceito de Transporte Intermodal não foi substituído pelo de Transporte
Multimodal, pois há diferenças conceituais entre os dois termos.

A Lei Nº 9.611, de 19 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre o Transporte


Multimodal de Cargas no Brasil, expressa no Art. 2º do Cap. I - DO TRANSPORTE
MULTIMODAL DE CARGAS: Transporte Multimodal de Cargas é aquele que,
regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte,
desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um
Operador de Transporte Multimodal (OTM).

O OTM é a pessoa jurídica contratada como principal para a realização do


Transporte Multimodal de Cargas, da origem até o destino, por meios próprios
ou por intermédio de terceiros. O OTM poderá ser transportador ou não. O
exercício de sua atividade depende de prévia habilitação e registro na ANTT.
Caso o OTM deseje atuar em âmbito internacional, deverá também se licenciar
na Secretaria da Receita Federal. Assume a responsabilidade pela execução
desses contratos, pelos prejuízos resultantes de perda, por danos ou avaria as
cargas sob sua custódia, assim como por aqueles decorrentes de atraso em sua
entrega, quando houver prazo acordado. Além do transporte, inclui os serviços
de coleta, unitização, desunitização, consolidação, desconsolidação,
movimentação, armazenagem e entrega da carga ao destinatário.

De acordo com a lei, o Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas


(CTMC) é um documento que evidencia o contrato de transporte multimodal e
rege toda a operação de transporte, desde o recebimento da carga até a sua
entrega no destino, podendo ser negociável ou não negociável, a critério do
expedidor.

O Relatório Executivo do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), do


Ministério dos Transportes, 2009, expressa que um aspecto básico do Plano é a
Multimodalidade, envolvendo toda a cadeia logística que permeia o processo que
se estabelece entre as origens e os destinos dos fluxos de transporte, levando à
otimização e racionalização dos custos associados a essa cadeia, e não apenas
considera os custos operacionais das diversas modalidades de transporte
envolvidas.

Ainda de acordo com o PNLT, uma novidade é a espacialização territorial do País


por Vetores Logísticos. Seu estudo baseou-se no agrupamento de microregiões
homogêneas em função de suas características ambientais, socioeconômicas,
possibilidades de integração e de inter-relacionamento entre os modais de
transportes (antiga noção de Corredores de Transportes) e a relação com os
principais portos concentradores de carga do País. Dessa análise, resultaram os
seguintes Vetores Logísticos: Amazônico, Centro-Norte, Nordeste Setentrional,
Nordeste Meridional, Leste, Centro-Sudeste e Sul.

É importante destacar que o PNLT considera também a integração com a


América do Sul, que é objeto da Iniciativa de Integração da Infraestrutura da
América do Sul (IIRSA), agregando aos Vetores Logísticos Nacionais os Vetores
Logísticos de Integração Continental dentro da visão estratégica de integração e
desenvolvimento continentais, sendo: o Arco Norte, o Amazonas, o Pacífico
Norte, o da Bolívia e o do Prata/Chile.
Em síntese, o que distingue o transporte multimodal é a sua característica
holística e sistêmica nas ações a realizar.

b. A função (atividade) logística primária de manutenção de estoques

Para se atingir um grau razoável de disponibilidade de bens, é necessário


manter estoques, que agem como "amortecedores" entre a disponibilidade e a
necessidade (oferta e demanda). O estoque agrega valor de "tempo".

Na administração pública, a Instrução Normativa Nr. 205, de 08 de Abril de 1988,


da Secretaria de Administração Pública da Presidência da República (SEDAP/PR),
trata do assunto no item DA AQUISIÇÃO:

- "As compras de material, para reposição de estoques e/ou para atender


necessidade específica de qualquer unidade, deverão, em princípio, ser
efetuadas através do Departamento de Administração, ou de unidade com
atribuições equivalentes ou ainda, pelas correspondentes repartições que, no
território nacional, sejam projeções dos órgãos setoriais ou seccionais,
(delegacias, distritos, etc.)".

Uma questão importante é saber qual o nível de estoque mais adequado para a
organização. Para isso, crescem em importância para a gestão de estoques as
variáveis "quantidade" e "tempo". Essas variáveis compõem os chamados fatores
de ressuprimento.

POZO, 2002, p. 58, expressa que uma das técnicas utilizadas para a avaliação dos
níveis de estoques é o enfoque da dimensão do “lote econômico” para a
manutenção de níveis de estoques satisfatórios e que é denominado de “sistema
máximo-mínimo”. O funcionamento do sistema consiste na necessidade nas
seguintes informações básicas para cada material:
- Estoque mínimo ou de segurança que se deseja manter (EMin/ESeg);

- O momento em que nova quantidade de material deve ser adquirida, o Ponto


do Pedido (PP);

- O tempo necessário para repor o material (TR);

- A quantidade de material que deve ser adquirida, ou seja, o Lote de Compra ou


Ressuprimento (LC); e

- Quando o material é recebido e aceito pela organização, tem-se o estoque


máximo (EMax).

A IN 205/88, no item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE, emprega essas variáveis quando


expressa que o acompanhamento dos níveis de estoque e as decisões de
“quando” e “quanto” comprar deverão ocorrer em função da aplicação de
fatores de ressuprimento e suas respectivas fórmulas constantes no dispositivo
legal e aplicáveis à gerência de estoques. Os fatores de ressuprimento são: Tempo
de Aquisição, Intervalo de Aquisição, Ponto de Pedido, Consumo Médio Mensal,
Estoque Mínimo, Estoque Máximo e Quantidade a Ressuprir. Como pode-se
inferir esses fatores constituem o sistema máximo-mínimo com o enfoque da
dimensão do lote econômico para a manutenção de níveis de estoques
satisfatórios.

Tempo de Aquisição (T)

Conforme consta no item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE, da IN 205/88, é entendido


como o período decorrido entre a emissão do pedido de compra e o recebimento
do material no Almoxarifado (relativo, sempre, à unidade mês).
Intervalo de Aquisição (I)

Compreende o período entre duas aquisições normais e sucessivas (IN 205/88).

Ponto de Pedido (Pp)

É o nível de estoque que, ao ser atingido, determina imediata emissão de um


pedido de compra, visando completar o Estoque Máximo. Obtém-se somando ao
Estoque Mínimo (Em) o produto do Consumo Médio Mensal (c) pelo Tempo de
Aquisição (T) (IN 205/88).

Consumo Médio Mensal (c)

É a média aritmética do consumo nos últimos 12 meses (IN 205/88).

Estoque Mínimo (Em)

É a menor quantidade de material a ser mantida em estoque capaz de atender a


um consumo superior ao estimado para certo período ou para atender a
demanda normal em caso de entrega da nova aquisição. Obtém-se multiplicando
o Consumo Médio Mensal (c) por uma fração (f) do tempo de aquisição (T) que
deve, em princípio, variar de 0,25 de T a 0,50 de T (IN 205/88). Essa fração (f) do
Tempo de Aquisição (T) é o chamado fator de risco que a organização está
disposta a assumir com relação à ocorrência de falta de estoque. É básico para o
adequado estabelecimento do Ponto de Pedido (Pp).
Estoque Máximo (EM)

É a maior quantidade de material admissível em estoque, suficiente para o


consumo em certo período, devendo-se considerar a área de armazenagem,
disponibilidade financeira, imobilização de recursos, intervalo e tempo de
aquisição, perecimento, obsoletismo, etc. Obtém-se somando ao Estoque Mínimo
(Em) o produto do Consumo Médio Mensal (c) pelo Intervalo de Aquisição (I) (IN
205/88).

Quantidade a Ressuprir (Q)

É o número de unidades a adquirir para recompor o Estoque Máximo. Obtém-se


multiplicando o Consumo Médio Mensal (c) pelo Intervalo de Aquisição (I) (IN
205/88).

No item SANEAMENTO DE MATERIAL, a IN 205/88 expressa que essa atividade


visa a otimização física dos materiais em estoque ou em uso decorrente da
simplificação de variedades, reutilização, recuperação e movimentação daqueles
considerados ociosos ou recuperáveis, bem como a alienação dos
antieconômicos e irrecuperáveis"; "Os estoques devem ser objeto de constantes
Revisões e Análises. Essas atividades são responsáveis pela identificação dos
itens ativos e inativos".

c. A função (atividade) logística primária de processamento de pedidos

É a atividade que inicializa a movimentação de bens e a prestação de serviços.


Sua importância deriva do tempo necessário para levar bens e serviços aos
consumidores.
A publicação Licitações & Contratos do Tribunal de Contas da União (TCU), 4 ed.,
2010, apresenta os procedimentos essenciais para a realização de licitações e a
formalização de contratos administrativos que são os instrumentos básicos para
o início das atividades de suprimento nas organizações públicas.

Para a organização pública, o início dessa atividade pode ser considerado por
ocasião do levantamento das necessidades organizacionais, no ano vigente, a
serem incluídas na previsão orçamentária para o exercício financeiro do ano
seguinte. Após a liberação orçamentária no início do ano em exercício é que as
instituições podem começar a realizar seus processos de licitações e contratos.

Essa consideração visa esclarecer uma prática bastante comum nas organizações
públicas quanto à solicitação de material feita pelas áreas demandantes. É
comum o entendimento equivocado de que o pedido de material feito pela área
demandante é para efetuar a compra, ou seja, um "pedido de compra". O pedido
realizado é para "fornecimento" através de uma requisição ou tabela de provisão
(IN 205/88). A definição do “quanto comprar” já deve ter sido realizada por
ocasião do processo de previsão do orçamento no ano anterior, e a consequente
liberação orçamentária no ano vigente para a decisão dos gestores em relação ao
“quando comprar”, com os ajustes, se for o caso, na definição do “quanto
comprar”. Esse esclarecimento é importante pois visa valorizar o planejamento
na instituição.

É importante destacar que a descrição do material para o Pedido de Compra


deverá ser elaborada através do método Descritivo, que identifica com clareza o
item através da enumeração de suas características físicas, mecânicas, de
acabamento e de desempenho, possibilitando sua perfeita caracterização para a
boa orientação do processo licitatório e deverá ser utilizada com absoluta
prioridade, sempre que possível. E pelo método Referencial, que identifica
indiretamente o item, através do nome do material, aliado ao seu símbolo ou
número de referência estabelecido pelo fabricante, não representando
necessariamente preferência de marca (IN 205/88).

A descrição padronizada dos materiais consta no Catálogo de Materiais


(CATMAT), constituindo a base das especificações técnicas necessárias à
elaboração do instrumento convocatório dos processos de licitações e contratos.

O CATMAT é um subsistema do Sistema Integrado de Administração de Serviços


Gerais (SIASG). Foi desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de
Dados (SERPRO) e é mantido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG). Todo material adquirido pelo governo federal é descrito e
codificado no SIASG, por meio do CATMAT, sendo de uso obrigatório para todos
os órgãos federais.

Recentemente, a Unidade Catalogadora do Catálogo de Materiais do Ministério


da Saúde (UC/MS-CATMAT) elaborou a publicação “Padrão Descritivo de
Medicamentos”, 2011, que tem como objetivo principal oferecer aos gestores e
técnicos as descrições padronizadas de medicamentos, acompanhadas das
respectivas unidades de fornecimento.

As necessidades de uma organização pública são atendidas por BENS


contratados por meio de atividades de COMPRAS, por SERVIÇOS que são
contratados para a sua PRESTAÇÃO, e por OBRAS que são contratadas para a sua
EXECUÇÃO.

Esses contratos são oriundos de um procedimento administrativo formal


chamado de LICITAÇÃO, em que o órgão público convoca, por meio de
condições estabelecidas em ato próprio (edital/convite) as empresas interessadas.
Tem por objetivos a observância do princípio constitucional da ISONOMIA e a
seleção da PROPOSTA MAIS VANTAJOSA para a administração pública (Manual
de Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 19).

Licitação

A publicação do TCU apresenta as seguintes noções gerais básicas:


- O Que Licitar: A execução de obras, a prestação de serviços e o fornecimento de
bens para atendimento de necessidades públicas, as alienações e locações devem
ser contratadas mediante licitações públicas, exceto nos casos previstos na Lei nº
8.666, de 1993, e alterações posteriores.

- Por Que Licitar: A Constituição Federal, art. 37, inciso XXI, prevê para a
Administração Pública a obrigatoriedade de licitar. O procedimento de licitação
objetiva permitir que a Administração contrate aqueles que reúnam as
condições necessárias para o atendimento do interesse público, levando em
consideração aspectos relacionados à capacidade técnica e econômico-financeira
do licitante, à qualidade do produto e ao valor do objeto.

- Quem Deve Licitar: Estão sujeitos à regra de licitar, prevista na Lei nº 8.666, de
1993, além dos órgãos integrantes da administração direta, os fundos especiais,
as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

- Como Licitar: Uma vez definido o objeto que se quer contratar, é necessário
estimar o valor total da obra, do serviço ou do bem a ser licitado, mediante
realização de pesquisa de mercado. É necessário, ainda, verificar se há previsão
de recursos orçamentários para o pagamento da despesa e se esta se encontra
em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Após apuração da
estimativa, deve ser adotada a modalidade de licitação adequada. Deve ser
adotada, preferencialmente, a modalidade pregão, sempre que o objeto
pretendido referir-se a bens e serviços comuns.

A forma específica de conduzir o procedimento licitatório, a partir de critérios


definidos em lei, é chamada de Modalidade de Licitação (Manual Licitações &
Contratos, TCU, 2010, p. 38).

Modalidade de Licitação
A Lei 8.666/93 expressa, em seu Artigo 22, que são modalidades de licitação: a
concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão.

A Lei 10.520/02, Art. 1º, institui a modalidade de licitação denominada Pregão


para a aquisição de bens e serviços comuns.

- Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na


fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto (§ 1º, Art. 22, Lei
8.666/93).

- Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente


cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a
necessária qualificação (§ 2º, Art. 22, Lei 8.666/93).

- Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao


seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência
de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas (§ 3º, Art.22, Lei
8.666/93).

- Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha


de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado
na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias (§
4o, Art. 22, Lei 8.666/93).

- Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda


de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no
Art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação (§
5º, Art. 22, Lei 8.666/93) (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994).

- Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns.


Tem como objetivo ajudar o setor público a comprar melhor, mais barato e mais
rápido, desenvolvendo novos procedimentos e competências de como negociar
com segurança em uma sessão pública e conseguir dos fornecedores otimizar
resultados de interesse público (Art. 1º Da Lei 10.520/2002 e Art. 1º do
Decreto5.450/2005).

Os bens e serviços comuns são considerados como aqueles cujos padrões de


desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por
meio de especificações usuais do mercado (§ 1º do Art. 2º do Decreto 5.450/2005 e
Parágrafo Único do Art. 1º da Lei 10.520/2002).

A modalidade Pregão, tanto pode ser presencial quanto eletrônico. O pregão


presencial, exclusivamente no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa
pelo fornecimento e feita por meio de propostas e lances em sessão pública. O
pregão eletrônico é aquele que utiliza os recursos de tecnologia de informação,
através dos meios de comunicação pela Internet.

Na aplicação dessas modalidades de licitação são estabelecidos critérios,


conforme a natureza e características do objeto a ser licitado e seu respectivo
enquadramento orçamentário/financeiro, denominados Tipos de Licitação.

Tipos de Licitação

O Manual Licitação e Contratos, TCU, 2010, p. 108, explica que o Tipo de Licitação
não pode ser confundido com Modalidade de Licitação. É critério de julgamento
utilizado pela Administração para a seleção da proposta mais vantajosa.
Modalidade é procedimento.

De acordo com o Art. 45 da Lei 10.520/02, os tipos de licitação, exceto nas


modalidades Concurso e Pregão, são: Menor Preço; Melhor Técnica; Técnica e
Preço; Maior Lance ou Oferta, nos casos de alienação de bens ou concessão de
direito real de uso.

- Menor Preço

Tipo de Licitação cujo critério de seleção para a proposta mais vantajosa para a
Administração tem por base o Menor Preço. É utilizado geralmente para compra
de bens, execução de obras ou prestação de serviços. Aplica-se, também, na
aquisição de bens e serviços de informática, quando realizada na Modalidade
Convite (Manual de Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 109).

Menor Preço não é justificativa para a compra de produtos de baixa qualidade.


Deve a Administração, em busca do Melhor Preço, verificar se as propostas
estão de acordo com as especificações do ato convocatório, amostras ou
protótipos exigidos. Melhor Preço não é Tipo de Licitação. É terminologia
normalmente utilizada para definir o Tipo Menor Preço conjugado com os
fatores qualidade, durabilidade, funcionalidade, desempenho, dentre outros
(Manual de Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 109).

- Melhor Técnica

Tipo de Licitação cujo critério de seleção da proposta mais vantajosa para a


Administração tem por base fatores de ordem técnica. É utilizado
exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em
especial na elaboração de estudos técnicos preliminares, projetos básicos e
executivos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento, e de engenharia
consultiva em geral (Manual de Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 114).
- Melhor Técnica e Preço

Tipo de Licitação cujo critério de seleção da proposta mais vantajosa para a


Administração tem por base a maior média ponderada, considerando-se as notas
obtidas nas propostas de preço e técnica (Manual de Licitações e Contratos, TCU,
2010, p. 115).

Para a contratação de bens e serviços de informática, esse Tipo de Licitação é


obrigatório na Modalidade Concorrência e na Modalidade Tomada de Preços.
Não é obrigatório na Modalidade Convite, incluindo a contratação de
automação (Manual de Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 115).

Depois de concluído o processo licitatório ou os procedimentos de dispensa ou


inexigibilidade de licitação, a Administração adotará providências necessárias
para a celebração do CONTRATO correspondente, havendo a disponibilidade de
recursos orçamentários no exercício financeiro (Manual de Licitações e
Contratos, TCU, 2010, p. 645).

Contratos

De acordo com a publicação Licitações & Contratos, 2010, do TCU, a Lei de


Licitações considera contrato todo e qualquer ajuste celebrado entre órgãos ou
entidades da Administração Pública e particulares, por meio do qual se
estabelece acordo de vontades, para formação de vínculo e estipulação de
obrigações recíprocas.

Os contratos administrativos são regulados por suas cláusulas, pelas normas da


Lei de Licitações e pelos preceitos de direito público. Na falta desses dispositivos,
são regidos por princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de
direito privado. Devem estar estabelecidas com clareza e precisão, as cláusulas
com os direitos, obrigações e responsabilidade da Administração e do particular.
Os contratos celebrados entre a Administração e o particular são diferentes
daqueles firmados entre particulares. Isso ocorre em razão da superioridade do
interesse público sobre o privado e da impossibilidade de a Administração
dispor do interesse público. Nos contratos administrativos, a Administração
pode, por exemplo, modificar ou rescindir unilateralmente o contrato e impor
sanções ao particular.

Os contratos públicos firmados para atendimento às necessidades da


Administração, em conformidade com a Lei de Licitações, podem ser (Manual de
Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 646):

- Contratação de obras ou serviços de engenharia – contratos cujo objeto refere-


se à construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação. Exemplo:
construção de hidrelétricas, de pontes, de estradas; reforma ou ampliação de
edifícios para uso da Administração Pública etc.

- Contratação de serviços não incluídos como de engenharia – contratos cujo


objeto refere-se à demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens,
publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais. Exemplo: conserto de
computadores, manutenção de jardim, locação de veículo, instalação de
aparelhos de ar condicionado etc.

- Contratação de fornecimento de bens – contratos cujo objeto refere-se à


aquisição de materiais de consumo ou equipamentos. Exemplo: materiais de
expediente, de suprimentos de informática, de microcomputadores, de móveis
etc.

As funções (atividades) logísticas de apoio

Apóiam as atividades primárias: Armazenagem, Manuseio de Materiais,


Embalagem de Proteção, Obtenção, Programação de Produtos e Manutenção de
Informação.

a. A função (atividade) logística de apoio de armazenagem

Uma questão básica do gerenciamento logístico nas organizações públicas é


como estruturar sistemas de distribuição/prestação capazes de atender,
otimizando a aplicação de recursos, o cidadão-cliente geograficamente disperso
das fontes de distribuição/prestação de um bem/serviço, oferecendo níveis de
serviço cada vez mais altos em termos de disponibilidade de estoque e tempo de
atendimento.

A Instrução Normativa Nr. 205, de 08 de Abril de 1988, da Secretaria de


Administração Pública da Presidência da República (SEDAP/PR) trata do assunto
no item RECEBIMENTO E ACEITAÇÃO de materiais para as entidades públicas.
Expressa que o recebimento é o ato pelo qual o material encomendado é
entregue ao órgão público no local previamente designado, não implicando em
aceitação. Transfere apenas a responsabilidade pela guarda e conservação do
material, do fornecedor ao órgão recebedor. Ocorrerá nos almoxarifados, salvo
quando o mesmo não possa ou não deva ali ser estocado ou recebido, caso em
que a entrega se fará nos locais designados. Qualquer que seja o local de
recebimento, o registro de entrada do material será sempre no almoxarifado. O
recebimento, rotineiramente, nos órgãos sistêmicos, decorrerá de: compra,
cessão, doação, permuta, transferência, produção interna.

No item ARMAZENAGEM expressa que essa atividade compreende a guarda,


localização, segurança e preservação do material adquirido, a fim de suprir
adequadamente as necessidades operacionais das unidades integrantes da
estrutura do órgão ou entidade.

b. A função (atividade) logística de apoio de manuseio de materiais

Diz respeito à movimentação do bem no local de estocagem. São atividades: de


seleção do equipamento de movimentação e balanceamento da carga de
trabalho.

No setor público, pode-se inferir que essa função logística está caracterizada na
Instrução Normativa Nr. 205/88, no item ARMAZENAGEM, onde se verifica: "os
materiais devem ser estocados de modo a possibilitar uma fácil inspeção e um
rápido inventário"; "os materiais que possuem grande movimentação devem ser
estocados em lugar de fácil acesso e próximo das áreas de expedição e o material
que possui pequena movimentação deve ser estocado na parte mais afastada das
áreas de expedição"; "os materiais jamais devem ser estocados em contato direto
com o piso. É preciso utilizar corretamente os acessórios de estocagem para os
proteger"; "a arrumação dos materiais não deve prejudicar o acesso as partes de
emergência, aos extintores de incêndio ou à circulação de pessoal especializado
para combater a incêndio (Corpo de Bombeiros)"; "os materiais da mesma classe
devem ser concentrados em locais adjacentes, a fim de facilitar a movimentação
e inventário"; "os materiais pesados e/ou volumosos devem ser estocados nas
partes inferiores das estantes e porta-estrados, eliminando-se os riscos de
acidentes ou avarias e facilitando a movimentação"; e "quando o material tiver
que ser empilhado, deve-se atentar para a segurança e altura das pilhas, de
modo a não afetar sua qualidade pelo efeito da pressão decorrente, o arejamento
(distância de 70 cm aproximadamente do teto e de 50 cm aproximadamente das
paredes)".

c. A função (atividade) logística de apoio de embalagem de proteção

Destina-se a movimentar bens sem danificá-los. No governo, a IN 205/88,


disponível no sítio eletrônico do "comprasnet", apresenta, no item
ARMAZENAGEM, as atividades a serem realizadas pelo gestor público nesta
função logística: "os materiais devem ser conservados nas embalagens originais
e somente abertos quando houver necessidade de fornecimento parcelado, ou
por ocasião da utilização"; "a arrumação dos materiais deve ser feita de modo a
manter voltada para o lado de acesso ao local de armazenagem a face da
embalagem (ou etiqueta) contendo a marcação do item, permitindo a fácil e
rápida leitura de identificação e das demais informações registradas".

d. A função (atividade) logística de apoio de obtenção


A função obtenção é também tratada como suprimentos e aquisição.
Independente do termo usado é basicamente uma função de compras. O termo
“compras”, para o órgão ou entidade pública, deve ser entendido como toda
aquisição remunerada de bens para o fornecimento de uma só vez ou
parceladamente (Art. 6º da Lei 8.666/93).

BALLOU, 1993, p. 27 e p. 251, expressa que a “obtenção ou aquisição” refere-se


àquelas atividades que ocorrem entre a organização e os seus fornecedores e,
geralmente, dá a impressão de tratar-se de “compras”. Para o autor existem três
variáveis-chave no processo de fornecimento para a organização: o preço, a
qualidade e a disponibilidade ou entrega do produto. É a atividade que deixa o
BEM disponível para o sistema produtivo organizacional. Devem-se considerar
as seguintes decisões: quantidades a serem obtidas; programação de compras;
localização de fornecedores e a forma física das mercadorias:

As quantidades a serem obtidas envolvem decisões sobre “o que deve ser


comprado” de fontes externas e sobre “o que pode ser produzido” pela empresa.
Por sua vez, as quantidades a serem compradas devem ser abordadas pelo total
a ser comprado e pelo tamanho do lote individual de entrega e/ou de compra.

A programação de compras envolve os aspectos de volume e da frequência das


compras. A determinação do “tempo certo” é uma questão-chave.

A localização de fornecedores envolve a “variável distância” que implica no


tempo para a entrega do suprimento. Fontes próximas têm vantagens, pois a
entrega pode ser mais rápida e há menor risco de interrupções no transporte.

A forma física das mercadorias influencia o fluxo de materiais entre o fornecedor


e o comprador, sendo essencial para a eficiência da movimentação no que se
refere ao uso de equipamentos adequados para a movimentação, à conversão de
um para outro tipo de acondicionamento da mercadoria, ao volume e/ou peso do
material e no modal de transporte mais apropriado.
Continuando com BALLOU, 1993, a “aquisição ou obtenção” é vista como uma
extensão da programação do processo produtivo organizacional, pois é onde são
geradas as informações de QUANDO e QUANTO “comprar” (grifo meu).

Para a organização pública, podemos observar a necessidade dessas informações


na IN 205/88 em seu item RENOVAÇÃO DE ESTOQUE onde expressa que o
acompanhamento dos níveis de estoque e as decisões de QUANDO e QUANTO
“comprar” (grifo meu) deverá ocorrer em função da aplicação de fórmulas
constantes na referida Instrução Normativa.

Ainda na IN 205/88, pode ser encontrado no item DA REQUISIÇÃO E


DISTRIBUIÇÃO: “A guia de remessa de material (ou nota de transferência), além
de outros dados informativos julgados necessários, deverá conter: descrição
padronizada do material; quantidade; unidade de medida; preços (unitário e
total); número de volumes; peso; acondicionamento e embalagem; e grau de
fragilidade ou perecibilidade do material”.

No setor público, pode-se considerar a aplicação do conceito de AQUISIÇÃO ou


OBTENÇÃO na IN 205/88 no item DA AQUISIÇÃO onde descreve que as
“compras” de material, para reposição de estoques e/ou para atender
necessidade específica de qualquer unidade, deverão, em princípio, ser
efetuadas através do Departamento de Administração, ou de unidade com
atribuições equivalentes ou ainda, pelas correspondentes repartições que, no
território nacional, sejam projeções dos órgãos setoriais ou seccionais.

Também, pode-se caracterizar a ideia no item DO RECEBIMENTO E ACEITAÇÃO,


da mesma Instrução Normativa:

- São considerados documentos hábeis para recebimento, em tais casos


rotineiros: Nota Fiscal, Fatura e Nota fiscal/Fatura; Termo de Cessão/Doação ou
Declaração exarada no processo relativo à Permuta; Guia de Remessa de
Material ou Nota de Transferência; ou Guia de Produção. Desses documentos
constarão, obrigatoriamente
: descrição do material, quantidade, unidade de medida, preços (unitário e total).

- O material recebido ficará dependendo, para sua aceitação, de: conferência e,


quando for o caso, de exame qualitativo.

- Se o material depender, também, de exame qualitativo, o encarregado do


almoxarifado, ou servidor designado, indicará esta condição no documento de
entrega do fornecedor e solicitará ao Departamento de Administração ou à
unidade equivalente esse exame, para a respectiva aceitação.

- Quando o material não corresponder com exatidão ao que foi pedido, ou ainda,
apresentar faltas ou defeitos, o encarregado do recebimento providenciará junto
ao fornecedor a regularização da entrega para efeito de aceitação.

Outro ponto que interessa ao pessoal de logística é a colocação dos pedidos. O


documento de compra especifica as quantidades e as instruções de entrega. É o
documento que inicia o fluxo de materiais no canal de suprimento, pois
estabelece o volume do material a ser movimentado e armazenado no sistema
logístico em determinado instante.

Por isso, os termos “aquisição ou obtenção” são utilizados para referirem-se


aos aspectos de compras que têm impacto nas atividades de movimentação e
armazenagem de materiais.

Compras

As compras realizadas pela Administração Pública devem ser submetidas a


condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado. Isso
significa dizer que as licitações públicas devem ser processadas em
conformidade com o mercado onde se realiza. Exemplo: especificação, prazo de
entrega ou de execução do objeto, prazo de garantia, forma de pagamento,
manutenção, asssitência técnica são informações colhidas nesse mercado
(Manual de Licitações e Contratos, TCU, 2010, p. 209).

As quantidades e unidades a serem adquiridas devem ser definidas em função


do consumo e utilização prováveis. A estimativa deve ser obtida por meio de
adequadas técnicas quantitativas de estimação. Quando do estabelecimento das
quantidades do objeto, o gestor público deve ficar atento para as condições de
guarda e armazenamento e ao prazo de validade dos produtos em aquisição, a
fim de evitar a prática de ato antieconômico (Manual de Licitações e Contratos,
TCU, 2010, p. 210).

e. A função (atividade) logística de apoio de programação do produto

Não diz respeito à programação detalhada da produção, executada diariamente


pelos programadores de produção. Lida com a distribuição de bens e/ ou
prestação de serviço. Trata do fluxo de saída.

Nas organizações públicas, a missão institucional estabelece o produto


organizacional e o seu regimento interno regula as atividades administrativas a
serem desenvolvidas para a consecução de metas e objetivos estabelecidos para
atender as necessidades do público-alvo organizacional, caracterizando essa
função logística.

f. A função (atividade) logística de apoio de manutenção de informação

Segundo, CHOPRA e MEINDL, 2003, p. 341, a informação é crucial para o


desempenho das funções logísticas em qualquer organização porque
disponibiliza fatos e dados para o gestor agrupá-los e analisá-los a fim de tomar
decisões administrativas organizacionais.
Como toda organização integra uma ou várias cadeias de suprimentos, de acordo
com MEINDL e CHOPRA, 2003, p. 342, a informação se torna ainda mais
importante porque permite que a gerência tome decisões sobre um amplo
escopo que abrange interação de funções e interação com outras instituições,
sendo influenciada por fatores do ambiente externo à organização, tais como:
econômico, político-legal, sóciocultural, tecnológico, fisiográfico e ecológico.

Dado, informação, sistema de informação

No trato dos negócios públicos, o gestor necessita de informações para tomar


decisões sobre as seguintes áreas: para as atividades de suprimentos ou, de
acordo com o enfoque logístico, para a administração de materiais ou logística
de entrada da sua organização; para realizar o processo administrativo da sua
organização, ou seja, tomar decisões para as atividades da logística
organizacional; para as atividades de distribuição e/ou prestação do produto
organizacional (bem/serviço) que, sob o enfoque logístico, trata da logística de
saída; e para administrar o retorno, descarte ou remanejamento de materiais
que, sob a ótica logística, trata da logística reversa. Entretanto, essas informações
precisam ter o aspecto legal, cabendo ao gestor público saber identificá-las e
aplicá-las corretamente quanto à forma de utilizar os recursos da organização
para obter os melhores resultados para o público-alvo e para os cofres públicos.

Para realizar a integração das funções logísticas, o gestor público deve se valer
de informações, além daquelas sobre os objetivos da análise dos fatores
ambientais, as relativas ao fornecedor, às funções logísticas críticas (transporte,
manutenção de estoque e processamento de pedidos) e as funções logísticas de
apoio (armazenagem, manuseio de materiais, embalagem de proteção, obtenção,
programação de produto) cujo resultado será o estabelecimento do nível de
serviço desejado, possível e adequado às características do público-alvo
organizacional. A necessidade de informação sobre essas áreas agrega valor às
atividades administrativas organizacionais, permitindo melhor coordenação
entre os envolvidos no negócio público, configurando uma engrenagem logística.

OLIVEIRA, 1998, p. 47, assinala a importância de se fazer a distinção entre


“dado”, “informação” e “sistema de informação”. Dado é qualquer elemento que
por si só não permite a compreensão de um fato ou situação. O processo de
transformação de “dado” em “informação” é chamado de “sistema de
informação”. Quando esse processo gera informações necessárias para o
processo decisório da organização constitui um Sistema de Informações
Gerenciais (SIG).

OLIVEIRA, 2004, p. 70, considera as organizações como sistemas planejados que


procuram manter suas estruturas internas com padrões formais de
comportamento, estabelecidos em regras e normas que constituem as bases para
a integração organizacional. De acordo com o nível de detalhamento das
informações, o local na estrutura onde a decisão é tomada e o nível de
aglutinação dos dados a serem manipulados, os sistemas organizacionais são
formados por outros sistemas ou subsistemas, destacando-se o sistema de
informação gerencial, onde a informação de natureza gerencial destina-se a
“alimentar” o processo decisório da instituição.

BALLOU, 1993, p. 279, expressa que: “o sistema de informações gerenciais (SIG)


refere-se a todo o equipamento, procedimentos e pessoal que criam um fluxo de
informações utilizadas nas operações diárias de uma organização e no
planejamento e controle global das atividades”.

O autor acima apresenta, ainda, que: “o sistema de informação logística (SIL) é


um subsistema do sistema de informações gerenciais, que providencia a
informação especificamente necessária para a administração logística, sendo um
mecanismo pelo qual os fluxos complexos de materiais, matérias-primas,
componentes e materiais acabados podem ser coordenados para a obtenção de
um serviço a baixo custo, desde o fornecedor inicial até o consumidor/usuário
final”.

Sistemas estruturadores de governo (SIEG)

O Governo Federal tem uma arquitetura que define um conjunto mínimo de


premissas, políticas e especificações técnicas que regulamentam a utilização da
Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), estabelecendo as condições de
interação com os demais Poderes e esferas de governo e com a sociedade em
geral, permitindo um fluxo contínuo de informação. São os Padrões de
Interoperabilidade de Governo Eletrônico (e-PING).

A Integração de Sistemas no Governo Federal é realizada pelo Sistema de


Integração e Inteligência em Informações de Governo (I3-Gov), permitindo
conectar os dados, informações e processos armazenados nos sistemas
estruturados do governo federal que armazenam dados. As informações são
interligadas por meio dos e-PING que permitem a convivência entre antigos e
novos sistemas de informação. Possui uma infraestrutura operacional de
integração e gestão, via webservice, que envia e recebe dados trocados entre os
Sistemas Estruturadores de Governo (SIEG).

Os SIEG são sistemas transversais na estrutura orgânica de Governo que


atendem as necessidades finalísticas de mais de um órgão, sendo: Sistema
Integrado de Administração e Serviços Gerais (SIASG), Sistema Integrado de
Administração Financeira (SIAFI), Sistema Integrado de Administração
Patrimonial (SIAPA), Sistema integrado de Administração de Pessoal (SIAPE),
Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR), Sistema de Informações das
Estatais (SIEST), Sistema de Informações Gerenciais de Planejamento (SIGPLAN),
Sistema de Informações Organizacionais (SIORG), Sistema de Administração dos
Recursos de Informação e Informática (SISP) e Sistema de Concessão de Diárias e
Passagens (SCDP).

Sistema Integrado de Administração e Serviços Gerais (SIASG)

O SIASG é o sistema informatizado de apoio às atividades operacionais no


âmbito do Sistema de Serviços Gerais (SISG) que é o sistema que organiza as
atividades de administração de edifícios públicos e imóveis residenciais,
material, transporte, comunicações administrativas e documentação. É regulado
pela IN 02/11, SLTI/MPOG, e constituído pelos seguintes módulos e subsistemas:

a. Catálogo de Materiais
Deve ser utilizado para a catalogação dos materiais destinados às atividades da
Administração Pública Federal, abrangendo a identificação, descrição e
classificação dos materiais, de acordo com critérios adotados no Federal Supply
Classification (FSC).

O FSC é um sistema desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados


Unidos da América para a classificação e identificação de itens materiais e que
consiste em estabelecer grupos, subgrupos, seções e subseções, enquadrando os
materiais em uma determinada família com características homogêneas. Os itens
de suprimento recebem uma identificação final que o individualizará para todos
os fins, significando que determinado material, com características físicas e
operacionais idênticas, mesmo que de origem distinta de fabricação, receberá o
mesmo código identificador, mantendo o código de referência do fabricante. A
base para o FSC é o sistema numérico ou decimal para classificação e codificação
de materiais. É o mais utilizado.

DIAS, 1995, p. 178, apresenta o exemplo de uma empresa que utiliza a seguinte
classificação para os diversos tipos de materiais em estoque:

01 – matéria-prima

02 – óleos, combustíveis e lubrificantes

03 – produtos em processo

04 – produtos acabados

05 – material de escritório
06 – material de limpeza

Todos os itens de materiais tem uma classificação geral, de acordo com suas
características.

O passo seguinte é submeter cada um dos títulos da classificação geral a uma


nova divisão para uma classificação individual. Por exemplo:

05 – material de escritório

01 – lápis

02 – canetas esferográficas

03 – blocos pautados

04 – papel carta

Devido ao fato de terem-se vários tipos de material de escritório, torna-se


necessária também submeter cada um dos títulos da classificação
individualizadora em uma nova divisão para uma classificação definidora.
Por exemplo, canetas esferográficas. Tem-se da marca alfa, escrita fina, cor azul
e da marca gama, escrita fina, cor preta. Daí poder-se classificar da seguinte
forma:

02 – canetas esferográficas
01 – marca alfa, escrita fina, cor azul

02 – marca gama, escrita fina, cor preta

Quando necessitar referir a qualquer material, basta informar os números das


três classificações que obedecem a seguinte ordem:

- número da classificação geral

- número da classificação individualizadora

- número da classificação definidora

Por exemplo, pedido de “caneta esferográfica marca alfa, escrita fina, cor azul”.
Basta informar o número 05 da classificação geral, o número 02 da classificação
individualizadora, e o número 01 da classificação definidora. O preenchimento
do pedido fica assim: 05 – 02 – 01.

Recentemente, a Unidade Catalogadora do Catálogo de Materiais do Ministério


da Saúde (UC/MS-CATMAT) elaborou a publicação “Padrão Descritivo de
Medicamentos”, 2011, que tem como objetivo principal oferecer aos gestores e
técnicos as descrições padronizadas de medicamentos, acompanhadas das
respectivas unidades de fornecimento.

b. Catálogo de Serviços
Deve ser utilizado para a catalogação dos serviços contratados pela
Administração Pública Federal, abrangendo a identificação, descrição e
classificação dos serviços segundo padrões de desempenho desejados, de acordo
com critérios adotados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

c. Subsistema de Divulgação de Compras (SIDEC)

Deve ser utilizado para o cadastramento de licitações, dispensas,


inexigibilidades, eventos e cotações eletrônicas realizadas pela Administração
Pública Federal, visando a divulgação das matérias relativas a estes processo no
Portal de Compras do Governo Federal (COMPRASNET) e sua publicação no
Diário Oficial da União.

d. Portal de Compras do Governo Federal (COMPRASNET)

Deve ser utilizado para o acesso à operacionalização e às informações das


licitações da Administração Pública Federal em avisos, editais, dispensa e
inexigibilidade de licitação, e cotação eletrônica, cujo endereço eletrônico é
www.comprasnet.gov.br​ .

f. Subsistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF)

Deve ser utilizado como o registro cadastral único para a análise da habilitação
jurídica, regularidade fiscal e qualificação econômico-financeira dos licitantes,
na forma do Decreto 3.772/01, regulamentado pela IN 02/10 da SLTI/MPOG.

g. Subsistema de Preços Praticados (SISPP)


Deve ser utilizado para registrar os preços praticados nos processos de
contratações governamentais, discrimindados por unidades de medidas de
padrão legal e marcas, com vistas a subsidiar o gestor público em estimativas de
valores de contratações futuras.

h. Subsistema de Registro de Preços (SISRP)

Deve ser utilizado para o registro formal de preços relativos à prestação de


serviços e aquisição de bens para contratações futuras, de acordo com o Decreto
3.931/01.

É o conjunto de procedimentos adotados pela Administração para registro


formal de preços relativos à execução de serviços e fornecimento de bens. Trata-
se e cadastro de produtos e fornecedores, selecionados mediante prévio processo
de licitação, para eventual e futura contratação de bens e serviços por parte da
Administração. Após realização da licitação, preços e condições de contratação
ficam registrados em uma Ata de Registro de Preços, disponibilizada para órgãos
e entidades participantes ou não do certame licitatório pelo prazo máximo de
um ano, podendo ser prorrogado por mais doze meses em caráter excepcional
(Manual de Licitaçõe e Contratos, TCU, 2010, p. 244).

i. Subsistema de Minuta de Empenho (SISME)

Deve ser utilizado para a elaboração das minutas de empenho, com o respectivo
envio ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal
(SIAFI), para a geração da Nota de Empenho.

j. Subsistema de Gestão de Contratos (SICON)

Deve ser utilizado para o registro dos extratos de contratos firmados pela
Administração Pública Federal e o se u envio eletrônico para publicação no
Diário Oficial da União, bem como para o acompanhamento da execução
contratual, por intermédio do cronograma físico-financeiro.

k. Subsistema de Comunicação (COMUNICA)

Deve ser utilizado para a comunicação entre o Ministério do Planejamento,


Orçamento e Gestão com as UASG e para a emissão de orientações, informações,
solicitações e atualizações de assuntos referentes à operacionalização do Sistema
SIASG e legislação pertinente.

Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI)

Processa e controla a execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil


dos órgãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fundações e
empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem
contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da Seguridade Social da
União.

Sistema Integrado de Administração Patrimonial (SIAPA)

Oferece apoio à administração do patrimônio imobiliário da União, dos seus


imóveis dominicais. Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão – MPOG.

Sistema Integrado de Administração de Pessoal (SIAPE)

Destina-se à Gestão de Recursos Humanos do Poder Executivo Federal. Controla


as informações cadastrais e processa os pagamentos dos servidores da
Administração Pública Federal. Responsável: Secretaria de Recursos Humanos -
SRH / MPOG.

Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR)

É derivado do SIAFI. Apoia o processo orçamentário do governo federal com


uma estrutura de processamento de dados, usando a Tecnologia de Informação,
através de processos informatizados e de estruturas de dados para apoio às
atividades do Sistema Orçamentário e a revisão do PPA. Responsável: Secretaria
de Orçamento Federal - SOF / MPOG.

Sistema de Informações das Estatais (SIEST)

Trata da elaboração do Plano de Dispêndios Globais (PDG) das empresas estatais


para o exercício financeiro subsequente. Acompanha a execução e revisão do
PDG para o exercício financeiro vigente e fornece informações para o Balanço
Geral da União. Realiza a manutenção de informações cadastrais (perfil das
estatais), contábeis (endividamento, plano de contas, balanço patrimonial) e
econômico-financeiras (política de aplicações) das empresas federais.
Responsável: Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais
(DEST).

Sistema de Informações Gerenciais de Planejamento (SIGPLAN)

É o responsável pelo Plano Plurianual (PPA). Visa: a elaboração da base de


partida; a análise do planejamento qualitativo e quantitativo dos órgãos; a
definição dos limites de despesa; o exame da execução física e financeira; e a
gestão do fluxo de recursos dos programas prioritários do governo. Responsável:
Secretaria do Planejamento/MPOG.

Sistema de Informações Organizacionais (SIORG)


Tem por objetivo modernizar os Sistemas de Informações Organizacionais da
Administração Pública Federal oferecendo uma maior transparência da
estrutura organizacional para a sociedade. Responsável: Secretaria de Gestão -
SEGES / MPOG.

Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática (SISP)

Organiza o planejamento, a coordenação, a operação, o controle e a supervisão


dos recursos de informação e informática dos órgãos e entidades da
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, em articulação
com os demais sistemas que atuam direta ou indiretamente na gestão da
informação pública federal. Responsável: Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação (SLTI)-MPOG.

Sistema de Concessão de Diárias e Passagens (SCDP)

Realiza as atividades de concessão, registro, acompanhamento, gestão e controle


das diárias e passagens, decorrentes de viagens realizadas no interesse da
administração, em território nacional ou estrangeiro.

CONCLUSÃO

Para a organização pública, a importância da Logística está no fato de que ela


permite administrar o fluxo dos bens/serviços de onde eles são transformados
para o local certo de consumo, na forma desejada, no tempo certo e com o
emprego adequado dos recursos públicos disponíveis, proporcionando o nível de
serviço desejado pela sociedade. Um sistema logístico eficiente permite uma
região geográfica explorar suas vantagens inerentes pela especialização de seus
esforços produtivos naqueles produtos que ela tem vantagens e pela exportação
desses produtos às outras regiões.
Pelo exposto, pode-se verificar que aplicar a técnica logística nas atividades
administrativas de uma organização pública é estabelecer uma relação entre os
dispositivos legais e normativos vigentes para o setor público com os conceitos e
procedimentos logísticos aplicáveis às atividades funcionais do gestor público e
aos processos administrativos de sua instituição com vistas: a uma convergência
aos padrões internacionais de logística aplicados a uma organização (pública ou
privada); a adoção de procedimentos e práticas que permitam o reconhecimento,
a mensuração, a avaliação e a evidenciação das funções logísticas nas atividades
administrativas públicas; a configuração de um sistema logístico no âmbito da
organização, valendo-se dos instrumentos administrativos existentes; e a
caracterização e a consolidação das informações de natureza logística constantes
nos sistemas estruturadores do governo e nos dispositivos legais e normativos
para a administração pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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distribuição física; tradução Hugo T. Y. Yoshizack. São Paulo: Atlas, 1993.

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critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de
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BRASIL. Lei 10.233 de 05 de Junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação dos


transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de
Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência
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Estrutura de Transportes, e dá outras providências. Disponível:
www.planalto.gov.br. Acesso em 14 de Fevereiro de 2010.

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de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal,
de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá
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Presidência: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações,
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Resíduos Sólidos; altera a Lei 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998; e dá outras
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02 de Agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o
Comitê Interministerial da Política nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê
Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras
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BRASIL, Lei 11.445, de 05 de Janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes para o


saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Disponível:
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pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às
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FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M. I. Gestão Empresarial: de Taylor aos


nossos dias. 1.ed. São Paulo: Pioneira, Administração e Negócios, 2002.

KOHAMA, Heilio. Contabilidade pública: teoria e prática. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2006.

NOGUEIRA, C.A. Administração Pública. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

LIRA, Francisco de Assis de Sousa. PPA-SIGPLAN. IV Semana de Administração,


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Brasília, 2006. Disponível: www.sigplan.gov.br. Acesso em 04 de Março de 2010.

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José Monteiro
FORMAÇÃO

Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares


pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
Brasileiro;

Mestre em Aplicações Militares pela Escola de


Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro;

Especialista em Logística Profissional pela PUC/RIO;

Especialista em Transportes pela Diretoria de Transportes


do Exército Brasileiro;

MBA em Logística e Transportes pela School of Business


Administration, University of Miami, USA;

MBA em Projetos pela Fundação Getúlio Vargas;

Especialista em Supervisão Escolar pela Universidade


Federal do Rio de Janeiro.

ATIVIDADES ATUAIS

Professor organizador e de conteúdo do curso de Gestão de


Materiais e Planejamento da Logística de Suprimentos para
servidores públicos na Escola Nacional de Administração
Pública;

Professor organizador e de conteúdo do curso de Gestão de


Materiais e Planejamento da Logística de Suprimentos para
a formação de professores dos Institutos Federais de
Educação;

Professor no curso de Fundamentos de Logística no


programa CADEMP/FGV;

Autor de artigos na página eletrônica:


www.administradores.com.br​ .
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