Boas Práticas Manipulação Alimentos Parte 04-04
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CURSO DE
MÓDULO IV
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MÓDULO IV
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O homem é considerado a principal fonte de contaminação por
Staphylococcus aureus: 30 a 50% das pessoas sadias são portadoras desta
bactéria. Os hábitos de higiene pessoal também são importantes para evitar
contaminações cruzadas. Existe uma relação direta entre as condições
higiênicas dos manipuladores de alimentos e doenças bacterianas de origem
alimentar, em que manipuladores doentes, portadores assintomáticos, que
apresentam hábitos de higiene pessoal inadequados, ou preparam alimentos
com atitudes anti-higiênicas contaminam os alimentos.
Alimentos crus albergam grande variedade de micro-organismos
patogênicos. Carnes cruas de bovinos e aves frequentemente apresentam-se
contaminadas por Clostridium perfringens, Staphylococcus aureus e
Salmonella sp. Peixes, moluscos e crustáceos podem apresentar-se
contaminados com Vibrio parahaemolyticus; frutas, legumes e verduras cruas
apresentam elevados níveis de contaminação por enteroparasitas.
As superfícies de equipamentos usadas para manipulação e
preparação de alimentos são reconhecidas fontes de contaminação e
recontaminação microbiana, especialmente quando inadequadamente
higienizadas. A contaminação de equipamentos foi o fator desencadeante em
59% dos surtos de intoxicação alimentar investigados na França durante o ano
de 2001.
Em estudos realizados sobre a formação de biofilmes de Salmonella
sp. em superfícies de contato com alimentos, foi verificado que a resistência
desses biofilmes varia de acordo com o tipo de superfície onde as células
bacterianas estão fixadas, sendo que em superfícies de aço inox são mais
sensíveis à ação de sanificantes que em superfícies plásticas.
Micro-organismos tornam-se mais resistentes à ação dos sanificantes
e outros agentes antimicrobianos quando estão fixados em alguma superfície.
Existem inúmeros surtos de doenças alimentares relacionadas à falta de
limpeza e desinfecção de equipamentos, utensílios e superfícies que entram
em contato com os alimentos. Uma variedade de superfícies, incluindo
esponjas, descascadores de vegetais, fatiadores, cortadores, bicos aspersores
de mangueiras e correias transportadoras são relatadas como fontes de
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contaminação de Listeria sp., em plantas processadoras de alimentos cárneos
prontos para consumo.
O desenho arquitetônico dos equipamentos para a sua higienização é
outro fator importante no processo. Vários casos de contaminação por Listeria
monocytogenes têm sido relatados em produtos cárneos fatiados, como
resultado de processos de higienização mal executados nos fatiadores em
função da impossibilidade de perfeita desmontagem do equipamento.
Os equipamentos de uso em contato direto com alimentos devem ser
projetados de tal forma que permitam limpeza e sanificação adequados,
atendendo as necessidades sanitárias requeridas para uma manipulação
microbiologicamente segura dos alimentos. Equipamentos e ambientes devem
ser desenvolvidos de maneira a facilitar as operações de limpeza e sanificação.
Se o processo de higienização não é efetivo micro-organismos e
resíduos alimentares irão se depositar em concentrações que podem afetar a
qualidade e segurança dos alimentos. Neste aspecto, equipamentos
higienicamente projetados previnem a retenção de resíduos alimentares e
sujidades diversas, incluindo micro-organismos, após a limpeza. Outro cuidado
diz respeito a superfícies ásperas, fendas e espaço morto em equipamentos de
produção de alimentos. Eles retêm resíduos, dificultando a limpeza e posterior
sanificação, constituindo-se em fontes de contaminação e recontaminação dos
alimentos.
A formação de biofilmes bacterianos é uma preocupação na indústria
de processamento de alimentos devido ao seu potencial como fonte de
contaminação alimentar, podendo levar à diminuição da qualidade e segurança
dos alimentos, fato que despertou maior interesse com o reconhecimento da
Listeria monocytogenes como patógeno de origem alimentar, uma vez que é
comumente encontrada no ambiente e já isolada em vários tipos de plantas de
processamento de alimentos.
O termo biofilme refere-se à matriz biologicamente ativa de células e
substâncias extracelulares em associação com uma superfície sólida. O
biofilme é um consórcio funcional de micro-organismos unidos a uma
superfície, embutido em substâncias poliméricas extracelulares produzidas por
micro-organismos. Os biofilmes formados na superfície de alimentos, como
89
aves e outras carnes, e em ambientes processadores de alimentos, oferecem
consideráveis problemas de contaminação cruzada e contaminação pós-
processos.
Os micro-organismos são inicialmente depositados sobre a superfície e
mais tarde se fixam, crescem e se multiplicam ativamente, formando colônias
de células microbianas. A formação de polímeros orgânicos é essencial para a
própria colonização dos micro-organismos. Essa massa de células,
posteriormente, torna-se grande o suficiente para que materiais orgânicos e
inorgânicos levem à formação de um biofilme microbiano. Estas estruturas
podem ser formadas por micro-organismos deteriorantes e patogênicos,
resultando em graves problemas de higiene, saúde pública e de ordem
econômica.
O tempo para formação de biofilme irá depender da frequência do
processo de limpeza. Superfícies de contato com o produto devem ser limpas
várias vezes ao dia, enquanto superfícies ambientais tais como as paredes,
podem ser limpas apenas uma vez por semana. Portanto, há mais tempo para
formação do biofilme em superfícies ambientais.
Superfícies ambientais como piso e paredes podem ser fontes indiretas
de contaminação dos alimentos, por meio do ar, pessoal e sistema de limpeza.
Os processos de higienização, geralmente aplicados nas indústrias de
alimentos, são apontados como capazes de controlar a formação de biofilmes
em superfícies de contato com alimentos, mas não existem protocolos de
limpeza totalmente efetivos. Em ambiente onde seja feita limpeza regular e
periódica, os níveis de contaminação microbiana são reduzidos, assegurando
condições necessárias e suficientes para a realização das etapas de
processamento e manipulação de alimentos.
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concentração nutritiva, resultantes de uma mistura de carboidratos, gorduras,
proteínas e minerais, devendo ser removidos por meio do processo de
higienização, que inicia pela pré-lavagem com água. O segundo passo é a
lavagem com uso de detergentes que, por ação mecânica da água e
detergente, reduz a carga microbiana existente. O enxágue feito a seguir
remove os resíduos suspensos e traços dos componentes de limpeza, porém o
número de micro-organismos sobreviventes ainda pode ser elevado, o que faz
da sanificação a última e indispensável etapa do processo de higienização,
onde os micro-organismos são eliminados.
No entanto, um equipamento que não foi adequadamente limpo não
pode ser eficientemente sanificado, já que resíduos remanescentes servem de
proteção frente à ação do agente sanificante. Portanto, a sanificação não
corrige falhas nas etapas anteriores do processo de higienização. A limpeza e
a sanificação são algumas das operações mais importantes na indústria
alimentícia. Numerosos casos de alteração de produtos alimentares e de
contaminação inaceitável por bactérias patogênicas, envolvendo custos
elevados, têm sido atribuídos às falhas ou insuficiências destes procedimentos.
A higienização nos setores de manipulação e produção de alimentos
nos estabelecimento e serviços de alimentação visa basicamente à
preservação da pureza, da palatabilidade e da qualidade microbiológica dos
alimentos, evitando sua contaminação e alteração. Propicia a obtenção de
produtos que, além da qualidade nutricional e sensorial, tenham uma condição
higiênico-sanitária satisfatória, não ocasionando riscos à saúde do consumidor,
contribuindo para a produção de alimentos dentro dos padrões microbiológicos
recomendados pela legislação.
Quando se observam os aspectos econômicos e comerciais, a
higienização correta assume papel fundamental. Produzir alimentos seguindo
normas adequadas de controle de qualidade diminui os custos de produção e
atende aos anseios dos consumidores.
Alguns fatores como a manutenção da limpeza das instalações, a
higiene pessoal, o treinamento e a formação do pessoal, a planta da instalação,
o tipo de equipamento e máquinas, as características dos materiais
selecionados, a manutenção e as condições gerais da instalação podem tornar-
91
se, muitas vezes, mais importantes do que as operações de limpeza e
desinfecção em áreas de processamento de alimentos.
Estes fatores devem ser considerados conjuntamente quando se
decide os processos de higienização a serem utilizados na planta processadora
de alimentos, a fim de obter melhor utilização dos recursos e assegurar a
qualidade microbiológica dos alimentos produzidos.
O processo de higienização remove materiais indesejáveis (sujidades)
das superfícies, incluindo micro-organismos, resíduos alimentares, corpos
estranhos e traços de agentes químicos de limpeza. Isto envolve algumas
etapas, que compreendem o enxágue da superfície com detergente químico, a
reação entre os resíduos (sujidades) e o produto químico facilitando sua
remoção e a prevenção contra a redeposição dos resíduos nas superfícies e a
sanificação.
Um processo eficiente de limpeza é responsável por até 99,9% da
remoção de partículas indesejáveis, os 0,1% remanescentes é composto pelos
micro-organismos patogênicos e deteriorantes que podem ocasionar
intoxicação alimentar aos indivíduos que os ingerirem ou deterioração dos
alimentos. Existem quatro fatores envolvidos no processo de higienização, que
são: a energia química, a energia cinética ou mecânica, energia térmica e o
tempo de contato.
A energia química é importante para as fases de limpeza e sanificação,
já que na limpeza a interação entre o agente químico de limpeza e as sujidades
facilita sua remoção da superfície. Já na sanificação, o agente químico reduz a
viabilidade de micro-organismos remanescentes após o processo de limpeza. A
energia mecânica é empregada para remoção física dos resíduos alimentares
depositados nas superfícies, podendo ser por limpeza manual, raspagem,
esfregação automática, jato de pressão ou por circulação (limpeza CIP –
Cleaning-in-Place).
A temperatura afeta o processo de limpeza e sanificação de várias
formas: primeiramente, o efeito químico aumenta linearmente com a
temperatura; segundo, a temperatura ao redor do ponto de fusão da gordura
facilita sua remoção, embora altas temperaturas possam aumentar a
tenacidade das proteínas devido à sua desnaturação. O fator tempo pode ser
92
aumentado em processo de imersão, espuma ou gel a fim de estender o tempo
de contato entre o agente químico e as sujidades contidas nas superfícies.
A fase de limpeza é a mais importante para minimizar a colonização
microbiana e remover os micro-organismos aderidos. Um equipamento
insuficientemente limpo não poderá ser sanificado com eficiência, uma vez que
os micro-organismos estarão protegidos da ação do sanificante pelos resíduos
remanescentes. Os resíduos deixados nas superfícies por uma limpeza mal
executada servem como proteção para os micro-organismos frente à ação dos
sanificantes.
A desinfecção é uma etapa que deve ser realizada imediatamente após
a limpeza, observando-se rigorosamente o tempo de contato. Agentes
químicos de limpeza são desenvolvidos para remover determinados tipos de
resíduos, tais como gorduras, amido, proteínas, sais minerais depositados, ao
invés de micro-organismos. Por outro lado, a eliminação de patógenos e a
redução do número de micro-organismos saprófitos e deteriorantes para níveis
seguros é função dos agentes sanificantes.
A desinfecção é o processo que elimina a maioria, senão todos, os
micro-organismos patogênicos, exceto esporos, de objetos inanimados. O
desinfetante é geralmente um agente químico que destrói organismos
vegetativos potencialmente patogênicos, mas não necessariamente destrói
esporos bacterianos.
O processo de higienização será mais eficiente quanto maior o tempo
de contato entre agente sanificante e superfície, porém as reações ocorrem
mais eficazmente nos minutos iniciais da aplicação dos agentes químicos.
Processos de higienização prolongados tornam as soluções saturadas com
materiais originários das reações e etapas deste processo, aumentando o
custo do procedimento.
O conhecimento dos tipos de agentes de limpeza e suas ações
propiciam a escolha correta para obter-se o resultado esperado. Para seleção
de um bom agente de limpeza, deve-se analisar o tipo e o grau dos resíduos
aderidos às superfícies, a qualidade da água empregada, a natureza da
superfície a ser higienizada, os métodos de higienização aplicados e os tipos e
níveis de contaminação microbiológica existentes.
93
7.2.1 Reações Químicas para Remoção de Resíduos
94
TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS DE RESÍDUOS PRESENTES EM
EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS ENCONTRADOS EM ÁREAS DE
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Resíduo Solubilidade Remoção Alteração pelo Calor
Carboidratos Solúveis em Fácil Caramelização
água
Gordura Insolúveis em Difícil Polimerização
água
Proteínas solúveis em Insolúveis em Difícil Desnaturação
álcalis água ou de
difícil
solubilidade
Sais minerais Solúveis em Difícil Difícil remoção
monovalentes água e ácido
Sais minerais polivalentes Insolúveis em Difícil Difícil remoção
água, solúveis
em ácidos
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TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS TIPOS DE SUPERFÍCIES USADAS EM ÁREAS DE MANIPULAÇÃO E
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Madeira Permeável à umidade, gordura e óleo; difícil manutenção; é destruída Difícil de higienizar
por alcalinos
Aço carbono Detergentes ácidos e alcalinos clorados causam corrosão Devem ser galvanizados ou estanhados. Usar detergentes neutros
Estanho Corroído por alcalinos e ácidos Superfícies estanhadas não devem entrar em contato com alimentos
Concreto Danificado por alimentos ácidos e agentes de limpeza Deve ser denso e resistente a ácidos
Vidro Liso e impermeável. Danificado por alcalinos fortes e outros agentes Deve ser limpo com detergente neutro ou de média alcalinidade
de limpeza
Tinta Depende da técnica de aplicação. Danificados por agentes alcalinos Algumas tintas são adequadas a áreas de produção alimentícia
fortes
Borracha Não deve ser porosa, não esponjosa. Não afetado por alcalinos fortes.
Não atacada por solventes orgânicos e ácidos fortes
Aço Geralmente resistente à corrosão; superfície lisa e impermeável É caro. Certos tipos podem ser corroídos por halogênios
inoxidável resistentes à oxidação a altas temperaturas; facilmente higienizado
96
96
A aplicação de sanificantes após o processo de limpeza, para eliminar
bactérias residuais, às vezes, também ocasiona corrosão das superfícies.
Produtos à base de soda cáustica devem ser evitados em superfícies de ferro
estanhado ou alumínio, devido à ocorrência de corrosão. Mesmo o aço
inoxidável pode ser corroído pela ação química de soluções cloradas em
concentrações acima de 300 mg/L de cloro residual livre, principalmente
quando ocorre um tempo de contato prolongado.
97
esses utensílios sejam adequadamente limpos e imersos em solução
sanificante.
98
externas de equipamentos, tanques, pisos e paredes, entre outros, são
higienizadas por este método, em baixas pressões.
99
7.3 DETERGENTES UTILIZADOS EM ÁREAS DE PRODUÇÃO DE
ALIMENTOS
100
O uso de detergentes e o processo de limpeza não têm por objetivo a
destruição ou inativação dos micro-organismos ou vírus, mas sim a preparação
de superfícies e utensílios para manipulação segura e posterior
descontaminação. Os detergentes empregados na fase de limpeza são
responsáveis pela remoção não só das sujidades, mas também da maioria dos
micro-organismos presentes. Os detergentes são compostos por um ou mais
constituintes que lhes permitem cumprir cada uma das suas funções, conforme
tabela 3.
101
TABELA 3 – FUNÇÕES DOS DETERGENTES NO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO
Funções Características
Abrandamento Possibilitam a intervenção ou anulação da dureza da água. Os polifosfatos (por sequestração dos agentes de dureza) e os ortofosfatos (por
precipitação dos agentes de dureza), abrandam a água.
Dispersão Produzem a dispersão de aglutinados em flóculos, reduzindo-os a partículas primitivas. Os dispersantes ou desfloculantes atuam de maneira que as
películas de minerais não se depositem novamente, favorecendo a dispersão e remoção dos resíduos, tornando assim mais fácil a operação de
limpeza.
Emulsificação Reduzem as substâncias graxas a inúmeras partículas, possibilitando a formação de emulsão de água e glóbulos graxos.
Enxágue Removem da superfície qualquer tipo de suspensão ou solução por meio da água.
Molhagem Atuam por contato da água sobre as sujidades em toda superfície do equipamento, pela diminuição da tensão superficial do meio aquoso, permitindo à
água melhor contato com a superfície dos resíduos e dos equipamentos.
Penetração O liquido é introduzido por intermédio de poros, orifícios, fissuras ou pequenas aberturas.
Saponificação Por ação química entre o detergente e as gorduras, estas são saponificadas, transformando-se em sabões que são retirados do meio.
Sequestração Impedem a deposição de sais minerais pela formação de quelantes, removendo-os das superfícies.
Suspensão Mantém as partículas insolúveis, impedindo sua deposição sobre as superfícies de contato.
10
102
2
A escolha do agente de limpeza irá depender da natureza e
características de solubilidade dos resíduos e sujidades a serem removidos.
7.3.1.1 Alcalinos
7.3.1.2 Ácidos
103
7.3.1.3 Tensoativos
104
organismos viáveis podem permanecer nas superfícies, justificando a
necessidade de uso de agentes sanificantes após a fase de limpeza.
105
seletivo para determinados grupos de micro-organismos e não deixar
resíduos nas superfícies.
106
eficácia dos sanificantes e devem ser considerados para escolha do melhor
agente, para que se possam obter melhores resultados no processo de
higienização em áreas processadoras de alimentos. A sanificação é um método
capaz de eliminar a grande maioria dos micro-organismos patogênicos. Para
tanto, diferentes fatores podem afetar este processo, tais como:
a) Limpeza prévia da superfície;
b) Período de exposição ao agente químico sanificante;
c) Concentração da solução sanificante;
d) Temperatura e pH do processo de desinfecção.
107
amplo espectro; rápida ação; não ser afetado por fatores ambientais como a
luz; ser ativo na presença de matéria orgânica; ser compatível com sabões,
detergentes e outros produtos químicos; não ser tóxico para o manipulador; ter
um bom efeito residual na superfície; ser compatível com diferentes tipos de
materiais não ocasionando corrosão em superfícies metálicas nem
deterioração em outras superfícies; deve ser de fácil manuseio; ser inodoro,
econômico e solúvel em água; ser estável na concentração original ou diluído e
ser biodegradável.
Alcançar todas estas características em um só produto sanificante é
geralmente difícil, e nenhum sanificante único é o melhor ou ideal para todas as
finalidades. Agentes clorados têm sua ação diminuída na presença de matéria
orgânica, sendo corrosivo para algumas estruturas metálicas, porém
apresentam amplo espectro de ação contra micro-organismos, tendo ação
bactericida, fungicida, viricida e esporicida. Por outro lado, os CQA’s
apresentam ação sanificante mais relevante que sua detergência, além disso,
não apresentam amplo espectro, já que tem baixa eficiência sobre bactérias
gram-negativas.
Os agentes sanificantes visam reduzir, até níveis seguros, os micro-
organismos deteriorantes e patogênicos presentes nas superfícies de
equipamentos e utensílios que entram em contato com os alimentos,
contribuindo para melhoria da qualidade microbiológica dos alimentos,
promovendo a segurança necessária prevista pelas regulamentações
sanitárias.
Para serem efetivos, os sanificantes devem encontrar, fixar e
atravessar a parede da célula microbiana atingindo o local alvo, para então
começar as reações que levarão à destruição do micro-organismo. Manter um
tempo mínimo de contato entre o sanificante e a superfície a ser desinfetada é
fundamental. O objetivo geral das formulações sanificantes é manter um
contato mínimo de cinco minutos com a superfície a ser sanificada, para reduzir
a população microbiana em suspensão em 5 log.
A relação existente entre a destruição microbiana e a concentração do
sanificante não é linear, mas segue uma curva sigmoide típica de morte
microbiana. Concentrações baixas do agente biocida dificilmente irão eliminar a
108
população microbiana existente, mas aumentando-se esta concentração
atingir-se-á o ponto onde a maioria destes micro-organismos perde a
viabilidade. Além deste ponto, os micro-organismos tornam-se mais difíceis de
serem eliminados (seja por resistência ou proteção física), podendo sobreviver
apesar do aumento da concentração do agente sanificante. Portanto, é
importante que as soluções sanificantes sejam utilizadas conforme as
recomendações do fabricante; mudanças nestas concentrações podem fazer
com que o produto desinfetante não alcance o efeito proposto.
HClO → H+ + OCl-
109
antimicrobiana, observa-se que a quantidade deste composto depende do
pH da solução.
Vantagens Desvantagens
110
Fáceis de preparar e aplicar em Menor a eficiência com o aumento de
equipamentos pH da solução
111
0.055
Concentração Ação
(0,000015%)
112
100 ppm Elimina fungos em menos de 1 hora
(0,01%) e 107 UFC de S. aureus e P. aeruginosa em menos de 10
minutos
113
A concentração de uso dos CQA situada entre 300 a 400 mg/L, em pH
entre 9,5 a 10,5, deve ser utilizada com um tempo mínimo de contato com as
superfícies de 10 a 15 minutos à temperatura ambiente. Estudos comprovam
que os compostos quaternário de amônio atuam bem na inativação de
biofilmes recentes (até 24 horas) de Listeria monocytogenes em superfícies de
aço inox, porém em biofilmes formados há mais de 48 horas sua ação inibitória
é dificultada, sendo necessárias maiores concentrações do agente sanificante.
O glicocálice desenvolvido em biofilmes bacterianos pode atuar como
uma barreira polianiônica funcionando como uma resina de troca iônica capaz
de unir uma grande quantidade de moléculas, dificultando o acesso do
sanificante à membrana celular bacteriana. As bactérias podem adquirir
resistência e multiplicar-se nas soluções diluídas destes compostos.
A cepa Pseudomonas fluorescens PFRB não decompõe o cloreto de
benzalcônio (um dos compostos quaternário de amônio comumente utilizados
como desinfetantes), mas é altamente resistente a este agente, se comparada
a outras cepas de Pseudomonas fluorescens, crescendo em meios contendo
altas concentrações deste agente biocida. Esta cepa também é resistente a
vários surfactantes catiônicos e detergente anfotérico, mas não é resistente ao
digluconato de clorexidina.
Os resíduos de quaternários de amônio, quando presentes nos
alimentos e ingeridos, podem causar náuseas, vômitos, tonturas e até diarreia.
Os compostos quaternário de amônio apresentam a mais baixa toxicidade
entre os germicidas, participando de formulações de antissépticos,
desinfetantes e detergentes-sanificantes; formulações com alguns QUATS
foram autorizadas pelas autoridades sanitárias para uso como sanificantes em
laticínios, dispensando o enxágue posterior com água quando utilizados até
200 ppm.
A atividade dos compostos quaternário de amônio é reduzida pela água
dura, podendo provocar o aparecimento de micro-organismos resistentes a
estes agentes químicos nas superfícies onde a remoção dos resíduos foi feita
de forma insuficiente. Os quaternários de amônio não são eficientes contra
bacteriófagos nem esporicidas, embora possam ser esporostáticos. Entretanto,
apresentam excelente atividade sobre bolores e leveduras. Os CQA inibem o
114
desenvolvimento da célula vegetativa a partir de um esporo germinado,
entretanto são incapazes de evitar a passagem do esporo em dormência para
um estado metabolicamente ativo.
As substâncias químicas para serem consideradas deste grupo devem
conter em sua estrutura um átomo de nitrogênio ligado covalentemente a
quatro grupos alquil ou aril. Isto resulta na formação de uma carga positiva no
átomo de nitrogênio. Esta carga se mantém no composto quaternário de
amônio independente do pH, o que diferencia estas substâncias dos
compostos anfóteros.
Vários mecanismos de ação associados parecem estar relacionados
com a atividade germicida dos compostos quaternário de amônio, tais como:
inibição enzimática, desnaturação de proteínas celulares essenciais e ruptura
da membrana celular com vazamento dos constituintes celulares. Os CQAs
interferem nas membranas celulares alterando a permeabilidade, estimulando a
glicose, causando esgotamento celular. Os compostos quaternário de amônio
facilmente adsorvem a superfície bacteriana, que é hidrofílica e negativamente
carregada, penetrando na parede celular e rompendo a membrana
citoplasmática.
Quando uma bactéria é exposta à ação de um composto quaternário
de amônio, como cloreto de benzalcônio, ocorre a adsorção do agente biocida
na superfície bacteriana, difusão por meio da parede celular, desorganização
da membrana citoplasmática, liberação de constituintes citoplasmáticos e morte
da célula bacteriana. Geralmente são utilizadas formulações combinadas di-
quaternário para sanificação em indústrias de alimentos, pois conferem
excelente poder germicida, alta tolerância à água dura, aliado a uma baixa
toxicidade.
A atividade dos compostos quaternário de amônio está demonstrada
na Tabela 7, enquanto suas vantagens e desvantagens encontram-se na
Tabela 8.
115
Micro-organismo Grau de atividade
+++
Bactérias gram-positivas
+--
Bactérias gram-negativas
+++
Bolores e Leveduras
+--
Vírus
---
Esporos Bacterianos
+++ Eficaz ++- Moderadamente Eficaz +-- Baixa Eficácia --- Ineficaz
FONTE: Micro-organismos (s.d.),2000.
116
Incompatível com tensoativos aniônicos
Não requer enxágue em superfícies que não
entram em contato com alimentos
Solúveis em água
117
A Tabela 9 apresenta o mecanismo de ação, as vantagens e
desvantagens destes agentes sanificantes.
118
TABELA 9 – ALGUNS SANIFICANTES USADOS EM ÁREAS DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Sanificante Mecanismo de Ação Vantagens Desvantagens
Iodoforo Penetra a parede celular Baixa toxicidade e irritabilidade à pele; Ação sanificante reduzida pela presença de matéria
destruindo a estrutura Efetivo em determinados tipos de vírus e orgânica;
proteica bactérias; Pode favorecer a corrosão em alumínio, cobre e ferro;
Compatível com qualquer tipo de tensoativo; Libera vapor de iodo em temperatura acima de 43ºC;
Visualização da concentração do agente pela Provoca manchas em alguns plásticos, borrachas e
intensidade da cor. tecidos.
Ácido Oxidação enérgica a Não requer enxágue; Irritante à pele;
peracético componentes celulares Excelente ação sanificante; Libera vapores irritantes;
Excelente ação esporicida; Odor pungente;
Trabalha a baixas temperaturas; Incompatível com cobre, ferro e alumínio;
Baixo teor residual. Baixa estabilidade na estocagem;
Requer cuidados na manipulação.
Peróxido de Oxidação enérgica a Baixa toxicidade; Pode favorecer a corrosão de metais;
hidrogênio componentes celulares Baixo efeito residual. É decomposto em presença de cobre, bronze e níquel;
Baixa estabilidade na estocagem;
Requer temperatura de 40ºC para ser eficaz; Requer
cuidados na manipulação e dosagem.
11
119
9
Continuação ...
Sanificante Mecanismo de Ação Vantagens Desvantagens
Álcool Ruptura da membrana Rápido e amplo espectro de ação contra Não efetivo contra esporos;
celular e rápida bactérias vegetativas, vírus e fungos. Resseca plásticos e borrachas;
desnaturação das Ação limitada em função da rápida evaporação,
proteínas com necessitando imersão dos objetos para ação mais ampla.
subsequente
interferência no
metabolismo e divisão
celular.
Clorexidina Rápida absorção pelas Estável, não volátil; Inativada pela precipitação de sais minerais, inclusive os
(biguanidas) células bacterianas, Não é tóxico; presentes na água dura;
resultando em diversas Não corrosivo; Pouco efeito de molhagem.
modificações citológicas Não é inativada pela matéria orgânica;
que afetam a Efetivo contra bactérias gram-negativas e gram-
permeabilidade e positivas, esporos bacterianos e fungos;
propriedades óticas. Solúvel em água.
FONTE: Adaptado de Silva Jr. (1997); Andrade & Macedo (1996); McDonnell & Russell (1999); SBCTA (2000).
12
120
0
8 LEGISLAÇÃO SANITÁRIA PARA AS BOAS PRÁTICAS DE
FABRICAÇÃO
121
------------------------FIM DO MÓDULO IV--------------------------
122
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----------------------FIM DO CURSO!--------------------
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