O Quadro de Loja de Aprendiz No Reaa His
O Quadro de Loja de Aprendiz No Reaa His
O Quadro de Loja de Aprendiz No Reaa His
HISTÓRIA E SIMBÓLICA
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- Na mais antiga divulgação publicada em França, datada de 1737 e, denominada de
“Recepcion d’un frey-maçon”, documento este transcrito do relatório do tenente de
policia Herault, elaborado com base em informações recolhidas por Mle. Carton,
corista da Opera de Paris, encontra-se a referência “em volta de um espaço
delimitado sobre o pavimento, onde se desenhou a giz uma espécie de
representação, sobre duas colunas do átrio do Templo de Salomão”.
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A posição central do Quadro favoreceu o desenvolvimento de uma deambulação
circular, um posicionamento face-a-face alinhado com as colunas, uma estruturação
na direção do Oriente e, uma distribuição espacial dos Oficiais suportada em critérios
de ordem funcional e, simbólica.
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Das primeiras representações de Quadros de Loja publicadas ressalta, desde logo, a
forma retangular que assumem, em perfeita analogia com as características
geométricas da maior parte das salas onde se realizavam as Sessões.
Os Quadros desta época são muito “operativos”, com grande ligação simbólica à
construção.
Os degraus são ladeados pelas duas colunas evocativas das existentes à entrada do
Templo de Salomão, dispostas segundo a disposição moderna (J à esquerda – B à
direita), uma vez que durante todo o século XVIII a Maçonaria masculina praticada
em França derivou, essencialmente, desta tradição.
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A corda, dotada frequentemente de um ou dois laços de Amor, aparece apenas como
simbolo de utensilio ligado à construção, encimando o Quadro.
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Constata-se, da observação dos Quadros de Loja desta época, que a sua geometria
convergiu para a forma de um retângulo pitagórico, cujos lados se relacionam
dimensionalmente na proporção de três para quatro.
A porta, em alguns painéis fechada, noutros aberta, apresenta-se ladeada pelas duas
colunas. Estas, nos Quadros de Loja do REAA, cujos graus simbólicos nasceram em
1804, encontram-se já dispostas segundo o posicionamento Antigo (J à esquerda – B
à direita).
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Não encontramos mais, neste período, representações de portas a Oriente e, no
Meio-Dia, mantendo-se a presença das três janelas, nas suas formas e disposições
habituais.
Para além das joias móveis, imóveis, do malhete e, do cinzel, não subsistem outros
símbolos no primeiro grau, sendo estes, em geral, representados desagrupados.
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Figura 4 – Quadro de Loja de Aprendiz, Grande Loge de France, 1962
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Aparecem-nos, assim, o pavimento de mosaico na sua forma reduzida (atualmente a
mais utilizada em França), o Altar dos Juramentos com as três Grandes Luzes da
Maçonaria agrupadas na posição correspondente ao Grau de Aprendiz, as Pedras
Bruta e Trabalhada colocadas na sua disposição habitual em Loja, as ferramentas do
Aprendiz situadas do lado da sua coluna e, as Joias Móveis dispostas nos locais
onde se situam os altares dos Oficiais respetivos (Esquadro/Venerável Mestre-
Nível/1º Vigilante-Perpendicular/2º Vigilante).
- A Biblia, que não existiu no REAA como Livro da Lei Sagrado, em França, entre
1829 e 1953;
Refira-se, ainda, que neste exemplo a corda só se encontra dotada de três laços de
Amor, correspondentes à idade simbólica do Grau (três anos) e, saliente-se o fato de
nos Paineis de loja só constarem duas cores, o negro e o branco, à semelhança das
existentes no pavimento no qual assenta, de modo a serem evitadas controvérsias no
que concerne à interpretação simbólica de outras cores, as quais suscitariam sempre
opiniões divergentes.
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Figura 4 – Quadro de Loja de Aprendiz, Grande Loge de France, 1979
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Assinale-se um regresso aos pontos cardinais iniciáticos, à reintrodução do
Pavimento de Mosaico, da Porta do Ocidente e, do Frontão do Templo segundo
formas análogas às utilizadas no século anterior.
Para este numero de laços de Amor Oswald Wirth, tão ao seu gosto sincrético,
encontrou uma interpretação simbólica, identificando-os com os signos do zodíaco.
No Rito Francês Groussier, muito embora o Quadro de Loja não seja um elemento de
decoração do Templo indispensável, ou sequer recomendado, o Ritual de Referência
GOdF 6009 inclui um modelo tipo, a ser seguido pelas Oficinas, pelo menos no seu
trabalho simbólico.
Destaca-se, ainda, que este Painel não é orientado, uma vez que neste Rito não
existe sacralização ritual do espaço iniciático, sendo apenas convencionado o tempo
mítico no qual decorrem os trabalhos.
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Figura 6 – Quadro de Loja de Aprendiz Rito Francês Groussier, Grande Orient de France, 2009
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Nestes painéis, que se caraterizam por serem desenhados em perspetiva, abundam
as cores utilizadas, constando a respetiva interpretação do Ritual de Iniciação de
alguns “Workings”, como é o caso do Emulation.
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Como elementos simbólicos específicos deste “Working”, presentes no Quadro de
Loja do Primeiro Grau destacam-se os seguintes:
- A escada simboliza a visualizada por Jacob, no seu sonho, através da qual os Anjos
se deslocavam entre a Terra e o Céu;
- As sete Estrelas que rodeiam a Lua representam os sete Irmãos necessários para
tornar uma Loja Justa e Perfeita;
Os Paineis do Primeiro Grau deste Rito são, pois, substancialmente diferentes dos
ligados aos Ritos, à época, exclusivamente masculinos, mais centrados na
construção do Templo de Salomão. Os relativos à Maçonaria de Adopção exibem,
assim, imagens alusivas aos três grandes temas da Aprendiza Maçona, os quais são
a escada de Jacob, a Arca de Noé e, a Torre de Babel.
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Figura 8 – Quadro de Loja de Aprendiz, Rito de Adopção, Séc. XVIII
Por último assinale-se que os Quadros de Loja do Rito Escocês Retificado, por
obedecerem a diretrizes constantes dos Rituais de Willermoz, de 1782, são os que
refletem mais a prática do século XVIII.
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Figura 9 – Quadro de Loja de Aprendiz, RER, Séc. XX
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que se encontra sobre o subterranio do Templo”, encontramos aqui uma temática
presente nos graus crípticos de outros Ritos.
Esta Porta é ladeada pelas duas Colunas habituais, mas apenas a da esquerda exibe
a letra J, dado que o Aprendiz ainda não conhece a da direita.
Para além destes aspetos o Painel apresenta três conjuntos de símbolos, compostos
cada um deles por três símbolos dispostos em triângulo. Estes três ternários integram
as Joias Móveis, as Joias Imoveis e, o conjunto Sol-Lua-Estrela Flamejante,
contabilizando o número nove (3 x 3), presente no RER de várias formas, tais como o
número de Oficiais, ou o número de Luzes da Ordem.
Um dos aspetos que não foi normalizado nos Rituais de 1782 foi o número de Laços
de Amor da Corda, pelo que em muitos Paineis deste Rito se adoptam nove Nós.
Para além do Quadro de Loja, no RER existe, ainda, um Quadro do Grau, colocado
em frente ao altar do Venerável.
O do Primeiro Grau, que foi herdado da Estrita Observancia Templária, reflete bem a
dupla natureza Cavaleiresca e Cristã deste Sistema.
A coluna quebrada pelo fuste, mas cujas fundações permanecem firmes (em
consonância com a divisa “Adhuc Stat”), que na Estrita Observancia simbolizava a
Ordem do Templo, assume todavia, no RER, uma interpretação mais espiritualista,
representando o Homem, que muito embora se encontre corrompido pela queda,
conserva em si os meios que lhe permitirão a sua regeneração, permitindo-lhe a
Maçonaria a sua descoberta, no interior de si mesmo.
Este Quadro é sempre desenhado em branco, sobre fundo negro, em analogia com o
teor do Prologo do Evangelho de João, segundo o qual “A Luz brilha nas trevas, mas
as trevas não a compreenderam”.
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Figura 10 – Quadro do Grau de Aprendiz, RER, Séc. XX
Para além de conter os símbolos do grau, o Quadro de Loja é, por si só, um simbolo,
que assume no REAA um papel indispensável.
Assim, no nosso Rito, o Painel, disposto no local onde se projeta o eixo vertical da
Loja, que liga o Zénite ao Nadir, representa o terceiro termo que equilibra o binário
plasmado no pavimento de mosaico, orientando o espaço iniciático no qual se
desenvolvem os trabalhos e, sobrevalorizando o centro, no qual todo o Maçon se
deve situar.
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Ao repetir em si toda a decoração simbólica do Templo, o Painel de Loja reafirma que
a unidade contem, na sua essência, o Todo, ilustrando o princípio hermético de que
“Tudo o que está em baixo é igual ao que está em cima”.
- Qual a atualidade e, a evolução previsível do nosso Rito, neste inicio do séc. XXI ?
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Quando falamos de conhecimento iniciático, não estamos perante uma realidade
estática, como a do conhecimento escolástico, que apenas se renova ao ritmo do
reconhecimento oficial das novas descobertas cientificas.
É certo que nem sempre os sincretismos introduzidos têm contribuído para uma
maior coerência do sistema, mas coerência será sempre a ultima coisa a exigir de um
Rito cujos graus simbólicos foram desenvolvidos em França, em 1804, sobre uma
base Antiga e, em que a maior parte dos seus altos graus foram gerados, no mesmo
país, entre 1740 e 1760, por Maçons que não conheciam outra forma de prática
maçónica que não a Moderna e, onde coexistem influencias filosóficas tão distintas e,
por vezes antagónicas como, por exemplo, a hermética e, a iluminista.
Devemos, contudo, pensar que um regresso às origens, levado até às suas ultimas
consequências, obliteraria todo o contributo de diversos simbolistas notáveis, tais
como Oswald Wirth ou, Jules Boucher, que contribuíram, já no séc. XX, para que o
REAA assumisse a riqueza simbólica presente, constituindo-se como verdadeiro
viveiro e, veículo transmissor da Tradição Maçónica, nas suas dimensões material,
intelectual e, espiritual.
Não julgo, pois, que visões radicalmente revivalistas sejam as mais indicadas face ao
futuro mas, também em matéria de pratica ritualística, temos sempre de saber donde
vimos e, onde estamos para, em consciência, podermos decidir para onde queremos
ir.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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- Anónimo ”The Text Book of Freemasonry”, Reeves and Turner, Londres, 1870;
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- Dachez Roger e Pétillot Jean-Marc ”Le Rite Écossais Rectifié”, PUF, Paris, 2012;
- Dachez Roger e Bauer Alain ”Les Rites Maçonniques Anglo-Saxons”, PUF, Paris, 2011;
- Guérillot Claude ”Les trois premiers degrés du Rite Écossais Ancien et Accepté ”, Guy Trédaniel
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- Jardin Dominique, ”Voyages dans les Tableaux de Loge”, Jean-Cyrille Godefroy, Paris, 2011;
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- Mondet Jean-Claude ”La Premiére Lettre: L’Apprenti au Rite Ecossais Ancien et Accepté ”, Editions
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- Nöel Pierre ”Les Grades Bleus du Rite Écossais Ancien et Accepté”, Éditions Télètes, Paris, 2003;
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- Ritual ”Régulateur du Maçon”, 1801;
- Wirth Oswald ”La Franc-Maçonnerie rendue intelligible à ses adeptes”, Éditions Dervy, Paris, 2007;
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