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2.
O cliente com deficiência visual
numa unidade de restauração UFCD 7298 - Turismo inclusivo na restauração 2.1. Condições de acessibilidade e produtos de apoio
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Tanto as pessoas cegas como as que têm baixa visão confrontam-se com inúmeros obstáculos em situações de mobilidade, orientação e comunicação, sendo os principais pontos críticos da acessibilidade física a um restaurante para um cliente com deficiência visual: • Porta de acesso ao restaurante identificada com símbolo de restaurante e/ou número da porta em relevo e com largura não inferior a 80cm • Escadas ou rampas, quando existam, delimitadas por corrimãos • Portas e painéis, quando em vidro, sinalizadas com elementos de cores fortes, de forma a evitar choques • Dispositivos de informação, de decoração ou mobiliário colocados de modo a não constituírem obstáculos inesperados à entrada no edifício e nos percursos de aceso à sala, à mesa, ao balcão, etc. • Casa de banho em condições adequadas à utilização por pessoas cegas ou com baixa visão Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 3 • Uma unidade de restauração acessível deverá poder disponibilizar um conjunto de produtos destinados a facilitar a autonomia do cliente com cegueira total ou baixa visão na tomada dos alimentos e bebidas. • Devemos informar-nos junto do cliente se ele pretende beneficiar/utilizar os produtos de apoio que o restaurante tem disponíveis.
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• Talheres mais pesados e/ou com inscrições em Braille • Copos sem pés, para maior estabilidade • Ementa em Braille e escritas com caracteres grandes • Régua de apoio à assinatur • Utilização de cores contrastantes, por exemplo: prato em cores suaves com uma borda escura, taças coloridas e cor dos guardanapos e das toalhas de mesa contrastantes com a loiça • Evitar utilização de mise-en-place de elementos de vidro transparente • Boa iluminação da sala • Forma de apresentar os alimentos Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 5 2.2. Acolhimento do cliente
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Ao recebermos um cliente com baixa visão ou cegueira, devemos aproximar-nos, apresentar-nos de modo a que ele entenda que estamos a falar com ele, e informar-nos do que este pretende e propor guiá-lo até à mesa. Devemos seguir o percurso acessível do restaurante e escolher a mesa e a localização adequadas a um mais fácil acesso do cliente à casa de banho, ao buffet (se for o caso) e mais fácil reação e acesso à saída em caso de emergência.
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• Manter uma comunicação direta e viva com troca de informação oral • Motivar o toque, pois tocar nos objetos e pessoas ajuda o cliente na sua identificação • Não esquecer que as pessoas cegas não veêm os nossos gestos, pelo que não vale a pena abanar a cabeça ou gesticular com as mãos, sempre com palavras • Devemos estar atentos à criação de ambientes com boa iluminação e contrastes especiais para que o cliente possa deslocar-se mais facilmente e alcançar maior autonomia • Devemos descrever com clareza o meio físico que nos rodeia, indicando a posição dos obstáculos e do mobiliário, baseando o discurso em referência conhecidas, como os ponteiros do relógio, os pontos cardeais, etc. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 8 • No encaminhamento do cliente cego para a mesa, acompanhada de cão guia, devemos guiar o cliente até à mesa, ajudá-lo a chegar perto da cadeira e colocar a mão dele no nosso braço ou no encosto da cadeira, deixando qu a pessoa se sente sozinha. • Se notarmos alguma dificuldade, devemos perguntar se o cliente precisa de ajuda e prestar o apoio conveniente. • Se o cliente se deslocar com o apoio do cão-guia, devemos aceitar com normalidade a situação, acolher e orientar o acesso à mesa, prestando-lhe apenas o apoio complementar que se reveloe necessário e que o cliente pretenda. • Cão guia é uma das categorias abrangidas pelo conceito de cão de assistência, devendo a sua entrada ser aceite no restaurante. •O conceito de cão de assistência integra o cão-guia treinado para auxiliar a pessoa com deficiência visual, o cão para surdo treinado para auxiliar a pessoa com deficiência auditiva e o cão de serviço treinado para auxiliar a pessoa com deficiência intelectual, orgânica ou motora. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 9 Estes cães podem aceder à generalidade dos locais, transportes e estabelecimentos de acesso público, tais como: • Recintos desportivos de qualquer natureza (estádios, pavilhões gimnodesportivos, piscinas e outros) • Salas e recintos de espetáculos ou de jogos • Estabelecimentos de comércio (centros comerciais, hipermercados e supermercados) • Estabelecimentos da indústria da restauração e turismo (restaurantes, cafetarias, casas de bebidas) • Estabelecimentos de alojamento (hotéis, residenciais, pensões) • Locais de lazer e de turismo (praias, parques de campismo, termas, jardins) Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 10 2.3. Serviço de mesa, bar e cafetaria
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• Caso o restaurante não possua ementa em Braille, devemos ler com timbre de voz normal, descrevendo os alimentos e bebidas disponíveis • Não nos podemos esquecer de referir os preços de modo a evitar constrangimentos posteriores • Se o restaurante dispuser de uma ementa escrita em Braille, devemos entregar ao cliente e aguardar, para o caso de serem necessárias informações complementares • Devemos tomar nota do pedido e informar-nos se o cliente precisa de mais algum cuidado ou utensílio específico Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 12 • Devemos ajustar a mise-en-place às características e necessidades do cliente, mobilizando os produtos de apoio convenientes, tendo em atenção à disposição dos vários elementos na mesa • Podemos realizar essa tarefa antes da chegada do cliente, no caso de o serviço ter sido reservado previamente, ou antes da acomodação do cliente no lugar e/ou já na sua presença. • Em qualquer dos casos, devemos perceber que elementos especiais o cliente quer utilizar, conversando com ele quando realizamos ajustamentos na sua presença. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 13 • Uma vez acomodado o cliente, devemos descrever a mise-en- place e todos os elementos que se encontrarem na mesa à sua disposição, descrevendo com o maior detalhe possível de forma apossibilitar que o cliente se oriente durante a sua refeição. • As pessoas com deficiência visual precisam que o contacto que estabelecem com os outros se baseie numa troca contínua de informação oral. • Precisam de tocar nos objetos e nas pessoas para melhor as identificarem e explicações e descrições claras do meio físico que as rodeia, para mais facilmente detetarem caminhos e obstáculos. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 14 Relativamente ao serviço, devemos realizar o empratamento de forma adequada às necessidades específicas do cliente: • Dispor os alimentos seguindo o modelo do mostrador do relógio, ou seja, a iguaria principal às 6 horas (o mais próximo do cliente) e as guarnições entre as 9 e as 3 horas • Evitar arranjos e elementos de decoração dispensáveis • Cortar os alimentos em pedaços mais pequenos que o habitual • Despinhar os peixes e desossar as carnes • Servir iguarias líquidas em pratos com rebordo côncavo • Descrever com detalhe os alimentos e a disposição no prato • Descrever as bebidas e as características da loiça utilizada Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 15 • Devemos avisar o cliente sempre que retirarmos alguma coisa da sua zona da mesa • Devemos estar especialmente atentos às solicitações, já que o cliente não nos poderá realizar um sinal para nos chamar • Aoapresentarmos a fatura, devemos descrever as parcelas que a constituem e esclarecer eventuais dúvidas, tal como disponibizar uma régua de apoio à assinatura se necessário • Depois de efetuda a cobrança da conta, devemos apoiar o cliente na saída do estabelecimento, atuando de forma semelhante ao acolhimento inicial • Se o cliente necessitar de usar o WC, devemos encaminhá-lo até ao local e realizar uma breve descrição do espaço e obstáculos Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 16 •O sistema de avaliação da satisfação dos clientes deve incluir questões específicas sobre as condições de resposta da unidade de restauração às necessidades especiais dos clientes com cegueira ou baixa visão, sendo do nosso interesse motivar o cliente a responder e escrever as suas respostas ditadas • Este tipo de avaliação permitirá conhecer os pontos fracos no que respeita ao atendimento e condições da unidade hoteleira para clientes com cegueira ou baixa visão e também conhecer os gostos e expectativas deste tipo de clientes, promovendo-se assim oportunidades de melhoria, fidelização de clientes, melhoria do desempenho dos colaboradores e da qualidade do serviço • Não esquecer que em caso de emergência o cliente com deficiência visual precisa de apoio especial Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 17 2.4. Serviço de alimentos e bebidas nas modalidades de buffet, coffee-break e room-service
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Buffet • Acompanhar o cliente, ajudando-o a evitar os obstáculos e o choque com outras pessoas, em redor da mesa de buffet • Descrever os alimentos e bebidas expostos • Colocar no pratos os alimentos escolhidos, levando-os à mesa e preparar o prato em condições semelhantes às descritas para o serviço de mesa • Servir à mesa as bebidas escolhidas • Estar atento às necessidades de reposição quer dos alimentos quer das bebidas Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 19 Coffee-break
• Os cuidados são semelhantes aos do serviço de buffet
• Ajudar a aceder aos alimentos, às bebidas, aos produtos de apoio, etc. • Devemos ocorrer prontamente às necessidades especiais de cada cliente em concreto
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Room-service • Apoiar o cliente na formulação do pedido, descrevendo-lhe de forma detalhada a ementa disponível e procurando o maior ajustamento possível às suas necessidades e gostos • Acomodar o espaço e o mobiliário no quarto, de modo a diminuir as possíceis barreiras e descrever as alterações realizadas • Colocar a mesa, preparar os alimentos, dispor as bebidas, etc., de acordo com os cuidados já referidos a propósito do serviço de mesa Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 21 2.5. Relacionamento interpessoal
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• O maior obstáculo à inclusão da pessoa com deficiência é a atitude preconceituosa e discriminatória da sociedade • De facto, as nossas atitudes no quotidiano, muitas vezes mesmo inconscientes, não respeitam a diversidade humana • O cliente com deficiência visual, confrontado com os seus anseios no plano de relacionamento, manifesta a expectativa de que os profissionais de uma unidade de restauração, demonstrem compreensão face às suas limitações e as aceitem com naturalidade, que ajam com profissionalismo, tranquilidade, paciência, simpatia e disponibilidade
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• Igualmente, é expectável que os profissionais atuem sem paternalismo ou amabilidade excessiva, que não discriminem o cliente em função da sua limitação visual e que comuniquem com respeito e consideração, estando despertos para eventuais suscetibilidades de comportamento • Bom senso e naturalidade são essenciais no relaxionamento com a pessoa com deficiência • Para que a pessoa com deficiência visual não se sinta discriminada, devemos não condicionar nem limitar a prática do exercício de qualquer direito, ou seja, não diferenciar ou distinguir negativamente, não separar dos demais clientes e não tratar de forma desigual
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