Calor - Ibutg

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Aula 5 – Introdução aos Agentes

Físicos e ao Calor

Nesta aula, daremos início ao estudo dos agentes físicos. Primei-


ramente, faremos uma breve revisão para você relembrar quais
são os elementos que pertencem a este grupo. Na sequência,
apresentaremos as temperaturas extremas, mais especificamente
o calor, que será nosso primeiro agente físico a ser apreendido.

Nosso objetivo, no estudo dos agentes físicos, é compreender como estas


formas de energia podem afetar os trabalhadores, em que atividades labo-
rativas estão presentes, como avaliá-las e como controlá-las.

5.1 O que são os agentes físicos?


Você lembra o que são agentes físicos? Para responder a esta pergunta,
vejamos o que define a NR-9, que trata do Programa de Prevenção de Ris-
cos Ambientais:

“Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que


possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pres-
sões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom”.

5.2 Temperaturas extremas


Temperaturas extremas são condições térmicas rigorosas sob as quais podem
ser realizadas atividades profissionais (OLIVEIRA et al., 2011). Dentre estas
condições, destacamos o calor e o frio intenso. Nesta aula, iremos aprender
sobre o calor e, futuramente, sobre o frio.

5.2.1 Conceitos fundamentais sobre o calor


O calor constitui um fator de risco relevante do ponto de vista da saúde
ocupacional. A exposição a este agente físico pode ocorrer em diversos am-
bientes de trabalho, tais como: siderúrgicas, fundições, indústrias têxteis,
padarias, entre outros (SALIBA, 2011).

31 e-Tec Brasil
As pessoas que trabalham em ambientes
onde a temperatura é muito alta estão su-
Prostração significa desânimo,
depressão e abatimento. jeitas a sofrer de fadiga, ocorrendo falhas
na percepção e no raciocínio, e sérias per-
turbações psicológicas que podem produzir
esgotamento físico e prostrações (BREVI-
GLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Desta forma, é importante que você, futu-


ro técnico em segurança do trabalho, saiba
como ocorre a interação térmica do nosso
Figura 5.1: Exposição de trabalha- organismo com o meio ambiente. Vamos,
dores ao calor em uma fundição.
Fonte: Figura cortesia de Victor Habbick/Free
então, conhecer este processo?
Digital Photos.net

Uma pessoa, quando exposta a diferenças de temperatura, pode:

• ganhar ou perder calor por condução, convecção e radiação, dependen-


do se a temperatura da sua pele está mais alta ou mais baixa que a tem-
Na disciplina de Controle peratura do ar;
de Riscos e Sinistros, você
estudou as três formas básicas
de transferência de calor: • ganhar calor por metabolismo (gerado pelo seu próprio organismo, de-
condução, convecção e radiação,
e aprendeu que para haver pendendo da atividade física que está realizando);
troca de calor entre dois corpos
ou sistemas é preciso ter uma
diferença de temperatura entre • perder calor por evaporação (por meio do suor).
eles. Caso você tenha alguma
dúvida sobre esses mecanismos,
consulte seu material didático Assim, para que o corpo humano se mantenha em equilíbrio térmico, a quan-
impresso ou o virtual, que está
disponível no nosso Ambiente tidade de calor ganha pelo organismo deve ser igual à quantidade de calor
Virtual de Aprendizagem.
perdida para o meio ambiente. (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Então, as trocas térmicas entre o corpo e o meio ambiente podem ser des-
critas pela seguinte expressão matemática (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPI-
NELLI, 2012):

M±C±R-E=S

Onde:

M = calor produzido pelo metabolismo

C = calor ganho ou perdido por condução – convecção

e-Tec Brasil 2 Higiene no Trabalho


R = calor ganho ou perdido por radiação

E = calor perdido por evaporação

S = calor acumulado no organismo.

Assim, se:

S > 0: o corpo está em hipertermia (elevação da temperatura corporal)

S = 0: o corpo está em equilíbrio térmico

S < 0: o corpo está em hipotermia (diminuição da temperatura corporal)

É importante ressaltar que as trocas térmicas são influenciadas por inúmeros


fatores, mas dentre esses, cinco são os de maior relevância e devem, portan-
to, ser considerados na quantificação da sobrecarga térmica: a temperatura
do ar, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar, o calor radiante e o tipo
de atividade exercida pelo trabalhador (SALIBA, 2011).

5.2.2 Mecanismos de defesa do organismo


frente ao calor e doenças do calor
Quando o organismo humano está submetido ao calor intenso, ele apresen-
ta dois mecanismos de defesa (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012):

a) Vasodilatação periférica: é o aumento da circulação (fluxo) de sangue


na superfície do corpo para permitir maior troca de calor entre o orga-
nismo e o ambiente, pois o fluxo de sangue transporta calor do núcleo
(interior) do corpo para superfície, onde ocorrem as trocas térmicas.

b) Sudorese: é a ativação das glândulas sudoríferas, permitindo a perda de


calor por meio da evaporação do suor. O número de glândulas ativadas é
diretamente proporcional ao desequilíbrio térmico existente.

Mas, se estes dois mecanismos forem insuficientes para promover a perda


adequada de calor (de forma a manter a temperatura do corpo em torno de
37°C), uma fadiga fisiológica poderá ocorrer, manifestando- se na forma das
seguintes doenças (SALIBA, 2011):

Aula 5 – Introdução aos Agentes Físicos e ao Calor 33 e-T ec Brasil


a) Exaustão do calor: com a dilatação dos vasos sanguíneos em resposta
ao calor, há insuficiência do suprimento de sangue do córtex cerebral,
resultando em queda de pressão (baixa pressão arterial).

b) Desidratação: em seu estágio inicial, a desidratação atua principalmente


na redução do volume de sangue, promovendo a exaustão do calor. Mas,
em casos mais extremos produz distúrbios na função celular, ineficiência
muscular, redução da secreção (especialmente das glândulas salivares),
perda de apetite, dificuldade de engolir, acúmulo de ácido nos tecidos,
febre e até mesmo a morte (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

c) Cãibra do calor: durante a sudorese, ocorre perda de água e sais mi-


nerais, principalmente do cloreto de sódio. Com a redução desta subs-
tância no organismo, poderão ocorrer espasmos musculares e cãibras
(SALIBA, 2011).

d) Choque térmico: ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal


que põe em risco algum tecido vital que permanece em contínuo funcio-
namento (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Muitos são os sintomas destas doenças, dentre os quais podemos destacar:


dores de cabeça, tonturas, mal-estar, franqueza etc.

Nesta aula, vimos como ocorrem as trocas térmicas entre o organismo e o


meio ambiente, os fatores que as influenciam, os mecanismos de defesa do
corpo e as doenças do calor.

Resumo
Nesta aula, você relembrou o que são agentes físicos e aprendeu conceitos
básicos acerca do calor, nosso primeiro agente físico a ser estudado.

Atividade de aprendizagem
• Você conhece alguém, entre seus amigos e familiares, que já teve desi-
dratação ou alguma outra doença resultante do calor? Caso não conhe-
ça, pesquise entre seus colegas de classe se algum deles já vivenciou esta
situação, seja por eles mesmos ou com conhecidos. Anote no espaço
abaixo os relatos, sintomas e queixas a respeito deste assunto.

e-Tec Brasil 4 Higiene no Trabalho


Aula 6 – Avaliação do Calor I

Nesta aula, você vai aprender como deve ser feita a avaliação da
exposição ao calor. Vai entender também, quais são os instrumen-
tos de medição utilizados, quais são os parâmetros avaliados e,
também, as normas aplicáveis.

Conforme você aprendeu na aula 5, na avaliação do calor devemos levar em


consideração os parâmetros que influem na sobrecarga térmica a que estão
submetidos os trabalhadores, isso para que a análise realizada expresse as
condições reais de exposição. Desta forma, cinco são os fatores que devem
ser considerados: temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do
ar, calor radiante e tipo de atividade exercida pelo trabalhador (BREVIGLIE-
RO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Perceba, no entanto, que os quatro primeiros fatores citados são caracterís-


ticos do meio ambiente e podem ser mensurados por meio de instrumentos
específicos. Mas, a quantificação do calor produzido pelo tipo de atividade
física exercida pelo trabalhador é bem mais complexa, e na prática, só pode
ser estimada por tabelas e gráficos, que serão vistos mais adiante (BREVI-
GLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Vamos observar agora, no quadro 6.1, como cada troca térmica se correlacio-
na com as variáveis do meio ambiente e com a tarefa exercida (SESI, 2007).

Quadro 6.1: Correlação entre as trocas térmicas e as variáveis do ambiente

Parâmetro Carga ra- Umidade


Tempera- Velocidade
diante do relativa
tura do ar do ar
Troca ambiente do ar
Convecção xxx xxx ........ ...........
Radiação ........... .............. xxx ............
Evaporação xxx xxx ............ xxxx
Metabolismo (*) ........... .............. .............. ..............

xxx interfere na troca


.......... não interfere na troca
(*) o metabolismo se relaciona diretamente com a atividade física da tarefa

Fonte: SESI (2007)

35 e-Tec Brasil
6.1 Limites de tolerância
O Anexo 3 da NR-15, que trata dos limites de tolerância para exposição ao
calor, determina que devemos empregar na avaliação da exposição do calor
o Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo (IBUTG).

O IBUTG consiste em um índice de sobrecarga térmica definido por uma


equação matemática que correlaciona alguns parâmetros medidos no am-
biente de trabalho. A equação varia em função da presença ou não de carga
solar no momento da mediação (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Desta forma, de acordo com o Anexo 3 da NR-15, devemos ter para:

• Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg

• Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2tg

Onde:

tbn = temperatura de bulbo úmido natural

tg = temperatura de globo

tbs = temperatura de bulbo seco

Ainda, de acordo com o Anexo 3 da NR-15, os aparelhos que devem ser usa-
dos nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro
É muito importante que você de globo e termômetro de mercúrio comum. As medições devem ser efe-
leia e estude o Anexo 3 da
NR-15 para dominar o que tuadas no local onde permanece o trabalhador à altura da região do corpo
se estabelece sobre os limites mais atingida.
de tolerância para exposição
ao calor. Este anexo pode ser
consultado no site do Ministério
do Trabalho e Emprego,
disponível em: http://portal.
mte.gov.br/legislacao/normas-
regulamentadoras-1.htm

e-Tec Brasil 6 Higiene no Trabalho


A Norma de Higiene Ocupacional NHO-06 da Fundacentro estabelece
procedimentos técnicos para avaliação da exposição ocupacional ao calor.
Essa norma, além de preencher as lacunas no Anexo 3 da NR-15, auxilia
os profissionais de segurança a interpretar e analisar de maneira científica
o índice de avaliação IBUTG, adotado pelo Ministério do Trabalho e Em-
prego (MTE) por meio da NR-15 (SALIBA, 2011). Desta forma, sugerimos
a você, futuro técnico de segurança do trabalho, que consulte e estude a
NHO-06, que se encontra disponível no link: http://www.fundacentro.
gov.br/conteudo.asp?D=CTN&C=1191&menuAberto=196

6.2 Instrumentos de medição


Vamos, agora, conhecer os instrumentos de medição empregados para de-
terminar o IBUTG:

• Termômetro de Bulbo Seco: é um termômetro de mercúrio comum,


cujo bulbo fica em contato com o ar. Portanto, por meio dele obtemos a
temperatura do ar (tbs).

• Termômetro de Bulbo
Úmido Natural: é um ter-
mômetro cujo bulbo é reco-
berto por um pavio em for-
ma tubular, de cor branca,
de tecido de algodão, com
alto poder de absorção de
água. Esse pavio deve ser
mantido úmido em água
destilada, no mínimo meia
hora antes de fazer a leitu- Figura 6.1: Termômetro de Bulbo Úmido Natural
ra da temperatura (tbn). Fonte: Fundacentro citado por SESI (2007)

• Termômetro de Globo: é um aparato que possui um termômetro posi-


cionado no centro de uma esfera oca de cobre de diâmetro de seis pole-
gadas. A esfera é preenchida naturalmente com ar e a abertura é fecha-
da pela rolha do termômetro. A esfera é pintada externamente de preto
fosco, um acabamento altamente absorvedor de radiação infravermelha
(SESI, 2007). A leitura deste instrumento corresponde à temperatura mé-
dia de radiação do ambiente (calor radiante).locais específicos de trabalho.

Aula 6 – Avaliação do Calor I 37 e-Tec Brasil


Figura 6.2: Termômetro de Globo
Fonte: Fundacentro citado por SESI (2007)

Neste momento, você pode estar se perguntando: estes três instrumentos


não medem apenas temperatura? Como os cinco fatores que influenciam as
trocas térmicas entre o corpo e o meio estão relacionados nesta avaliação?
A resposta para estes questionamentos está no quadro 6.2 que explica como
funcionam estes instrumentos e quais parâmetros afetam sua leitura.

Quadro 6.2: Princípio de funcionamento dos principais instrumentos (sensores) e pa-


râmetros que afetam sua leitura
Parâmetro do
Peculiaridades e
Sensor Princípio ambiente que
observações
afeta sua leitura
Termômetro de Estabiliza com a temperatura
Temperatura do ar
Bulbo Seco do ar que circunda o bulbo.
A temperatura do Tbn será sem-
pre menor ou igual à temperatura
do termômetro bulbo seco.
Temperatura do ar
Termômetro de A evaporação da água Será igual quando a umidade
Velocidade do ar
Bulbo Úmido destilada presente no pavio relativa do ar for de 100%,
Umidade relativa do ar
Natural refrigera o bulbo. pois o ar saturado não admite
mais evaporação de água. Sem
evaporação, não há redução da
temperatura.
A temperatura de globo será
sempre maior que a temperatura
de bulbo seco, pois sempre há
A absorção da radiação in-
uma carga radiante no ambiente;
fravermelha aquece o globo, Calor radiante no ambien-
quando muito pequena, a dife-
Termômetro de que aquece o ar interno, que te (fontes radiantes)
rença pode ser mascarada pela
Globo aquece o bulbo. Possui um Temperatura do ar
precisão dos sensores, podendo
tempo de estabilização de 20 Velocidade do ar
ser numericamente igual.
a 30 minutos, por essa razão.
A esfera perde calor por convec-
ção; portanto seu diâmetro deve
ser padronizado.

Fonte: SESI (2007)

e-Tec Brasil 38 Higiene no Trabalho


Nesta aula, você aprendeu que o Anexo 3 da NR-15 estabelece que a expo-
sição ao calor deve ser avaliada pelo Índice de Bulbo Úmido – Termômetro
de Globo (IBUTG), que considera os cinco principais fatores que influenciam
as trocas térmicas do indivíduo com o meio.

Resumo
Nesta aula vimos:

• Os instrumentos de medição: termômetro de bulbo úmido natural, ter-


mômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.

• Os limites de tolerância e as normas técnicas aplicáveis ao calor.

Atividade de aprendizagem
• Como futuro técnico em segurança do trabalho, você deve estar familia-
rizado com as legislações, normas regulamentadoras e, também, normas
técnicas. Neste contexto, a Fundacentro, visando auxiliar profissionais da
área de Segurança, publicou algumas normas de higiene ocupacional,
dentre elas a NHO-06 que estabelece procedimentos técnicos para ava-
liação da exposição ao calor. Aproveite este momento de estudo para
consultar e estudar esta norma que se encontra disponível em: http://
www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=CTN&C=1191&menuA
berto=196. Anote no espaço abaixo as principais informações.

Aula 6 – Avaliação do Calor I 39 e-Tec Brasil


Aula 7 – Avaliação do Calor II

Agora, daremos continuidade ao nosso estudo da avaliação da


exposição ao calor. Você aprenderá, por meio de exemplos práti-
cos, como interpretar e utilizar os quadros e fórmulas do Anexo
3 da NR-15.

Você estudou na aula 6 que o IBUTG é, de acordo com a NR-15, o índice


empregado na análise da exposição ao calor, sendo calculado por meio de
duas equações, conforme a presença ou não de carga solar. O IBUTG, ain-
da, considera o tipo de atividade desenvolvida: leve, moderada e pesada.
Vamos saber mais?

7.1 Considerações acerca do


Índice de Bulbo Úmido –
Termômetro de Globo (IBUTG)
A partir de agora, você aprenderá que o IBUTG, ainda, considera o tipo de
atividade desenvolvida (leve, moderada, pesada), e que a NR-15 prevê um
regime de trabalho (envolvendo trabalho e descanso) para duas situações
distintas:

• Regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio


local de prestação de serviço.

• Regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro lo-


cal (local de descanso).

• Sendo os períodos de descanso considerados tempo de serviço para to-


dos os efeitos legais.

7.2 Trabalho e descanso no mesmo local


Nos casos em que o descanso e o trabalho ocorrem no mesmo local, a ava-
liação da exposição ao calor é realizada de acordo com o Quadro 1 do Anexo
3 da NR-15, transcrito na figura 7.1.

41 e-Tec Brasil
Regime de trabalho in- Tipo de atividade
termitente com descan-
so no próprio local de Leve Moderada Pesada
trabalho (por hora)

Trabalho contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0


45 minutos trabalho
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho, sem a
adoção de medidas adequadas de Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
controle

Figura 7.1: Quadro 1 do Anexo 3 da NR15


Fonte: NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego

Antes de utilizar o Quadro 1, devemos calcular o IBUTG por meio das fór-
mulas vistas na aula 6 e determinar se o tipo de atividade realizada pelo
trabalhador é leve, moderada ou pesada. Para saber qual é o tipo da ativida-
de, consultamos o quadro 3 do Anexo 3 da NR-15, transcrito na figura 7.2.
Na sequência, de posse das informações, verificamos no Quadro 1, qual é o
regime de trabalho que a norma propõe para a situação avaliada.

Taxas de metabolismo por tipo de atividade

Tipo de atividade Kcal/h


Sentado em repouso 100

Trabalho Leve 125


Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia)
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir) 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços.
150

Trabalho Moderado
180
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas.
175
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.
300

Trabalho Pesado
440
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá).
Trabalho fatigante
550

Figura 7.2: Quadro 3 do Anexo 3 da NR-15


Fonte: NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego
É importante esclarecer que para utilizar o Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15,
o descanso no próprio local de trabalho deve ser entendido como aquele
que ocorre no mesmo ponto físico do trabalho, e não no “mesmo
recinto”, significando que o trabalhador está submetido ao mesmo IBUTG
de quando trabalha. Pois, se houver qualquer alteração do IBUTG, por
mudança da posição física do trabalhador, este quadro já não pode mais
ser aplicado (SESI, 2007). Esse critério é utilizado para definir regimes de
trabalho – descanso nas condições de operação em que o trabalhador não
pode abandonar o local de trabalho, entre a execução de uma tarefa e a
seguinte (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).

Vejamos, agora, um exemplo prático retirado de SESI (2007), que


ilustra como fazer a avaliação da exposição ao calor no caso de
trabalho e descanso no mesmo local.

Exercício Resolvido 1

Trabalho e descanso no próprio local:

Um operador de forno carrega a carga em 03 minutos, a seguir aguarda por


04 minutos o aquecimento da carga, sem sair do lugar, e gasta outros 03
minutos para a descarga. Este ciclo de trabalho é continuamente repetido
durante a jornada de trabalho. No levantamento ambiental, obtivemos os
seguintes valores:

Tg = 35°C A atividade moderada foi


definida por meio do Qua-
Tbn = 25°C dro 3 do Anexo 3 da NR-15

O tipo de atividade é considerado como moderado.

Resposta:

Cada ciclo de trabalho é de 10 minutos; portanto, em uma hora teremos 06


ciclos, e o operador trabalha 6x6 = 36 minutos e descansa 4x6 = 24 minutos.
Como o ambiente é interno, sem incidência solar, o IBUTG será:

IBUTG = 0,7Tbn + 0,3Tg

IBUTG = 0,7 x 25 + 0,3 x 35

Aula 7 – Avaliação do Calor II 43 e-Tec Brasil


IBUTG = 28,0°C

Consultando-se o quadro I da NR-15, Anexo 3, verificamos que o regime


de trabalho nesse caso deve ser de 45 minutos de trabalho e 15 minutos
de descanso a cada hora, para que não haja sobrecarga térmica. Como o
operador trabalha 36 minutos e descansa 24 minutos, a sobrecarga térmica
é considerada aceitável.

Logo, podemos concluir que a atividade exercida pelo trabalhador, do exer-


cício 1, é salubre.

7.3 Trabalho com descanso em outro local


Quando o trabalhador descansa em local diferente (termicamente mais ame-
no) do lugar em que trabalha, devemos utilizar outra metodologia para ava-
liar a exposição ao calor. Nestes casos, devemos calcular o IBUTG do ambien-
te de trabalho e o IBUTG do ambiente de descanso, para, então, com estes
valores, calcular o IBUTG médio, ponderado por hora.

Para estas condições, os limites de tolerância são fornecidos pelo Quadro 2,


do Anexo 3 da NR-15, transcrito na figura 7.3.

M (Kcal/h) Máximo IBUTG


175 30,5

200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0

Figura 7.3: Quadro 2 do Anexo 3 da NR-15


Fonte: NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego

Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, deter-


minada pela seguinte fórmula:

M = Mt × T t + M d × T d
60
Sendo que:

• Mt = taxa de metabolismo no local de trabalho.


• Tt = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de
trabalho.
Os tempos Tt e Td devem ser
tomados no período mais desfa-
vorável (crítico) do ciclo de trab-
• Md = taxa de metabolismo no local de descanso. alho e devem somar 60 minutos
corridos (Tt+Td=60). Já, as taxas
de metabolismos Mt e Md devem
• Td = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de ser obtidas por meio do Quadro
descanso. 3 do Anexo 3 da NR-15.

Já, os valores presentes na segunda coluna do Quadro 2 do Anexo 3 da NR-


15 correspondem ao maior valor do IBUTG médio ponderado, que é admis-
sível ao respectivo metabolismo.

O IBUTG médio ponderado para uma hora, chamado de IBUTG , é determi-


nado pela seguinte fórmula:

IBUTG = IBUTGt × Tt + IBUTGd × Td


60
Onde:

• IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.

• IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.

• Tt e Td = variáveis anteriormente definidas.

Agora, para melhor entendermos a aplicação das fórmulas e dos quadros


apresentados, vejamos um exemplo prático retirado de SESI (2007), que ilus-
tra como fazer a avaliação da exposição de calor, para locais onde o descan-
so e trabalho ocorrem em locais distintos.

Exercício Resolvido 2

Regime de trabalho com descanso em outro local:

Um operador de forno demora 03 minutos para carregar o forno, a seguir


aguarda o aquecimento por 04 minutos, fazendo anotações em um local
distante do forno, para depois descarregá-lo durante 03 minutos. Verificar
qual o regime de trabalho/descanso.

Nesse caso, temos duas situações térmicas diferentes, uma na boca do forno e
outra na segunda tarefa. Temos, portanto, de fazer as medições nos dois lugares.

Aula 7 – Avaliação do Calor II 45 e-Tec Brasil


A atividade metabólica de-
finida por meio do Quadro
Local 1 Tg = 54°C 3 do Anexo 3 da NR-15
(Trabalho) Tbn = 22°C
Atividade Metabólica M = 300 kcal/h

Máximo IBUTG Médio Ponderado Permissível – NR – 15

M (Kcal/h) Máximo IBUTG


175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0

Resposta:

Calculando-se o IBUTG de trabalho = 0,7 x 22 + 0,3 x 54

(IBUTG)t = 31,6°C
A atividade metabólica de-
Local 2 Tg = 28°C finida por meio do Quadro
(Descanso) Tbn = 20°C 3 do Anexo 3 da NR-15
M = 125 kcal/h

Calculando-se o IBUTG de descanso = 0,7 x 20 + 0,3 x 28

(IBUTG)d = 22,4°C

Temos que calcular o IBUTG médio e o Metabolismo médio, que será a média
ponderada entre o local de trabalho e o de descanso. O tempo de trabalho no ciclo
é de 06 minutos e o de descanso de 04 minutos. Como os ciclos se repetem, em
uma hora teremos, portanto, 06 ciclos de 10 minutos cada um. Teremos em uma
hora 36 minutos de trabalho e 24 minutos de descanso.

O IBUTG médio será:


IBUTG = 31,6 × 36 + 24 × 24 IBUTG = 27,9oC
60

M = 300 × 36 + 125 × 24 M = 230 Kcal/h


60

Considerando o quadro do máximo IBUTG médio ponderado permissível


para o metabolismo médio de 230 kcal/h da legislação (não encontramos
esse valor, adotamos o valor de 250 kcal/h a favor da segurança), deparamos
com o valor de 28,5°C. Como o IBUTG médio calculado foi de 27,9°C, con-
cluímos que esse ciclo de trabalho é compatível com as condições térmicas
existentes.

A Fundacentro, por meio da Norma de Higiene Ocupacional NHO-06, for-


nece mais valores de limites de tolerância além dos apresentados no Quadro
2 do Anexo 3 da NR-15, de maneira a complementar a NR. Estes novos
valores estão disponíveis no Quadro 2 da NHO-06 que pode ser encontrada
no link: http://www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=CTN&C=11
91&menuAberto=196. Consultando este quadro, você verá que para um
metabolismo médio de 231 kcal/h, o valor máximo permissível para o IBUTG
médio é de 29,3°C, o que igualmente comprova a conformidade da situa-
ção do exercício 2 (atividade salubre). Note, entretanto, que no Quadro 2 da
NHO-06, também, não há o valor de metabolismo de 230 kcal/h, de forma
que temos que adotar 231 kcal/h (usamos sempre o maior valor em favor da
segurança). Entretanto, perceba que este número é muito mais próximo do
que o proposto pela NR-15 (250 kcal/h). Assim, é muito importante que você
conheça os valores complementares propostos pela NHO-06, para que possa
melhor executar a avaliação de exposição ao calor.

Vimos, nesta aula, que é preciso utilizar os respectivos quadros e fórmulas es-
tabelecidos no Anexo 3 da NR-15 para fazer a avaliação da exposição ao calor.

Resumo
Nesta aula, você aprendeu a fazer a avaliação da exposição ao calor em duas
situações distintas:

• em regime de trabalho com descanso no mesmo local;

• em regime de trabalho com descanso em local diferente.

Aula 7 – Avaliação do Calor II 47 e-Tec Brasil

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