1 - Frei Luís de Sousa - Personagens, Drama Romântico

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Frei Luís de Sousa

As personagens
D. MADALENA DE VILHENA
 Personagem que vive numa grande angústia e agitação
emocional.

 Consciente — desde o monólogo inicial, em que há uma


comparação com Inês de Castro — da sua condenação
à infelicidade.

 Dominada pelo terror e pelo medo, teme o regresso


de D. João e vive com a ideia de pecado (a traição de ter
amado Manuel de Sousa Coutinho ainda casada com D. João).

«Oh! que o não


A dimensão do terror em que vive é acentuada: saiba ele ao
menos, que não
 pelas palavras de Telmo; suspeite o estado
 pelo sebastianismo de Telmo e Maria; em que eu vivo…»

 pela crença no oculto/irracional (agouros, significado Madalena


da mudança de casa, coincidência de datas). (Ato I, Cena I)
D. MANUEL DE SOUSA COUTINHO
 Aristocrata culto e apreciador das letras.
 Personagem com traços psicológicos complexos,
quase contraditórios:
Dominado pela racionalidade Afetado pelo sentimento

 Recusa crer nos agouros.  Considera


a possibilidade de morrer
 Age sem hesitação. como o pai.
 Exprime o pensamento  Revela desagrado
num discurso equilibrado. quando é «Há de saber-se
 Apesar da dor, aceita, mencionada
a figura de
no mundo que
no final, o ingresso numa ainda há um
ordem religiosa. D. Sebastião.
português em
Portugal.»
 O seu comportamento, no final do Ato I, revela Manuel
patriotismo, coragem e determinação. (Ato I, Cena VIII)
 Maria descreve-o como «um português dos verdadeiros»
(Ato I, Cena VII).
MARIA DE NORONHA
 Representação da mulher-anjo romântica.
 Culta e com um espírito curioso e indagador.

 Aceitando a sabedoria do povo, crê na


verdade do sebastianismo (como Telmo).

 Detentora de um conhecimento especial,


quase místico, muito pouco comum para
a sua idade.

 A sua condição física de tuberculosa estimula


a sua curiosidade e torna-a ainda mais apta
para um conhecimento especial das coisas.
 No final, apesar de morrer
de vergonha, o seu discurso
«Minha mãe, meu pai, cobri-me
é mais do que uma voz
bem estas faces, que morro
individual: é uma crítica
de vergonha…»
contundente às convenções
Maria (Ato III, Cena XII) sociais e religiosas.
TELMO PAIS
 É o escudeiro que acompanha a família «Mas os ciúmes que meu amo
há décadas (também criou D. João); não teve nunca — bem sabeis
representa o conselheiro fiel. que têmpera de alma era aquela
— tenho-os eu…»
 Protetor de Maria, sobre quem tem
grande influência. Telmo (Ato I, Cena II)

 Desempenha, junto de D. Madalena, «Virou-se-me a alma toda com


o papel de voz da consciência (no que isto: não sou já o mesmo
se aproxima do coro da tragédia grega), homem…»
revelando-se severo e inflexível.
Telmo (Ato III, Cena IV)
 Com o regresso de D. João (Ato II),
revela o profundo conflito que «Senhor, senhor, não tenteis
o atormenta: a sua fidelidade morreu. a fidelidade do vosso servo!»
Telmo (Ato III, Cena V)

Desejava que D. João


tivesse continuado morto.
FREI JORGE
 Irmão de Manuel de Sousa Coutinho, «A todos parece que
é um amigo e confidente (ouve o coração lhes adivinha
a confissão de Madalena sobre o seu desgraça… E eu quase que
também já se me pega
pecado), desempenhando um papel
o mal. Deus seja connosco!»
apaziguador.
Frei Jorge
 Está presente no momento em (Ato II, Cena IX)
que o Romeiro se revela. Os seus
comentários são pressentimentos/
/indícios trágicos. O seu papel «[O coro] funciona sempre como
aproxima-o da função do coro um espectador ideal que se
responsabiliza pelo equilíbrio
na tragédia grega. das emoções e pela moderação
dos discursos.»
 Inflexível nos princípios, procura, E-Dicionário de Termos Literários
no final, ajudar a família a manter (http://www.edtl.com.pt)

o equilíbrio e a serenidade possíveis.


O ROMEIRO / D. JOÃO DE PORTUGAL
«[De qualquer modo, e num eco
 Nobre muito respeitado, foi o amo de Telmo mais que hamletiano, D. João
e marido de D. Madalena (Telmo descreve-o de Portugal não é mais que
a projeção da culpabilidade
como «espelho de cavalaria e gentileza»). metafísica de todos os outros
personagens sem presente.»
 Regressa do cativeiro que se seguiu à Batalha
de Alcácer-Quibir como um romeiro. Eduardo Lourenço,
«Romantismo e Tempo e o Tempo
do Nosso Romantismo: a propósito
 Inicialmente severo e vingativo (por se sentir do Frei Luís de Sousa»
esquecido e inexistente — «Ninguém»),
revela-se, depois, humano e compassivo.

Pede a Telmo que negue a sua


existência de modo a impedir a «morte
para a vida» de D. Madalena e Manuel
de Sousa Coutinho.
Frei Luís de Sousa
Drama romântico
Marcas do drama romântico
1) Texto em prosa;

2) Não cumprimento da lei da unidade de tempo, espaço e ação (lei das


três unidades), respeitada na tragédia clássica;

Unidades Tragédia clássica Frei Luís de Sousa

1. Tempo  Um dia.
 Uma semana.

 Todos os acontecimentos decorrem no  Palácio de D. Manuel  Palácio de D.


2. Espaço mesmo local. João de Portugal.

 Todas as ações convergem para o


desenlace trágico (o aparecimento de
 Todas as ações convergem para o D. João e a catástrofe que se abate
3. Ação
desenlace trágico sobre a família — 21 anos depois da
Batalha de Alcácer-Quibir).
Marcas do drama romântico

3) Valorização dos sentimentos humanos das personagens;

4) O homem é vítima das suas próprias paixões, não da ação do Destino;

5) Tentativa de racionalmente negar a crença no destino mas deixar-se afetar por


pressentimentos ;

6) Patriotismo e Nacionalismo;

7) Utilização de uma linguagem fluente e mais próxima da realidade vivida pelas


personagens;

8) O personagem imaginário constituído pelo coro desaparece.


Frei Luís de Sousa
Estruturas interna e externa
ESTRUTURA EXTERNA
• Frei Luís de Sousa  texto dramático: Momentos
importantes:
Texto principal (falas das personagens)
Ato I, Cena XII:
+
Manuel incendeia
Texto secundário (didascálicas) o seu palácio.

Ato II, Cena XV:


• Texto em prosa (característica do drama romântico). O Romeiro
descreve-se
como «Ninguém»,
• Divisão em três atos apontando para
(mudança de ato  mudança no local da ação) o retrato de
 Ato I — doze cenas D. João.

 Ato II — quinze cenas Ato I, Cena XII:


 Ato III — doze cenas Morte de Maria.
ESTRUTURA INTERNA
Estrutura interna

organização do enredo:
divisão tripartida da ação dramática

Exposição, conflito e desenlace



Frei Luís de Sousa:
Exposição — Cenas I-IV do Ato I
Conflito — Cena V do Ato I a IX do Ato III

Desenlace — Cenas X-XII do Ato III


Exposição, conflito e desenlace
Exposição:

Momento em que são apresentadas as personagens centrais


e os antecedentes da ação.
Conflito:

Conjunto de acontecimentos que constituem a ação e que se prendem


essencialmente com aquilo que as personagens fazem e com os conflitos
que vivem.

Desenlace:

Desfecho da ação dramática. No Frei Luís de Sousa, este final coincide com o
ingresso na vida religiosa (Madalena e Manuel) e com a morte de Maria.

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