Livro-Texto - Unidade IV Contabilidade

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Unidade IV

Unidade IV
7 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Blatt (2001) afirma que as demonstrações financeiras comunicam fatos importantes sobre as entidades,
especialmente sobre as empresas. Usuários dessas informações baseiam‑se nesses fatos para tomar
importantes decisões que afetam o bem‑estar da empresa e a saúde geral da economia. Por esse motivo,
é essencial que as demonstrações financeiras sejam tanto confiáveis quanto úteis na tomada de decisão.

O estado de fluxo constante da contabilidade faz com que esta seja frequentemente chamada de
arte, porque nunca está completamente definida. Portanto, esse estado de mudança é necessário, pois:

• as necessidades dos usuários de demonstrações financeiras não são estáticas, mas dinâmicas;
• as pressões dos corpos regulamentadores alteram as apresentações contábeis;
• as necessidades internas de gerenciamento são mutáveis.

7.1 Finalidade e usuários das informações financeiras

Blatt (2001, p.XVIII) destaca as finalidades das informações financeiras, como se pode ver a seguir.

7.1.1 Finalidades

• Controle: informar a média e a alta administração, na medida do possível, de que a empresa está
agindo de acordo com as políticas e planos traçados.
• Planejamento: a contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões.
Permite também que o processo decisório decorrente das informações contábeis não se restrinja
apenas aos limites da empresa, aos administradores e gerentes, mas também a outros segmentos.

7.1.2 Usuários

7.1.2.1 Usuários da contabilidade

Santos (2005, p.16) coloca que, por uma questão prática e levando‑se em consideração os objetivos da
contabilidade e as informações por ela produzidas, verifica‑se que os usuários da contabilidade podem ser:

a) internos (pessoas que fazem parte da empresa); ou

b) externos.
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CONTABILIDADE

Usuários internos

Como usuários internos das informações produzidas pela contabilidade, para fins de administração
da empresa de modo geral, temos: a) o titular da firma individual (“empresário”) e os sócios ou acionistas
da sociedade; b) os diretores, os gerentes e os administradores de todos os níveis (inclusive os auditores
internos).

7.1.2.2 Usuários externos

Os principais usuários externos das informações produzidas pela contabilidade são: a) bancos; b)
fornecedores; c) governo (ou, mais especificamente, a fiscalização); d) auditores externos; e) investidores
do mercado de capital (no caso de sociedades anônimas de capital aberto).

A interpretação dos itens contidos nas demonstrações financeiras faz com que essas
demonstrações, por meio de suas análises, deixem de ser uma reunião de dados, passando a ter
valor como informação.

O valor de uma conta, expresso no balanço patrimonial ou em qualquer outra demonstração


financeira, passa a ser, por meio da análise, compreendido como parte de uma informação pela qual
o analista, interno ou externo, pode tomar decisões, tais como investir na empresa, conceder crédito,
fornecer mercadoria a prazo, buscar emprego, comparar a empresa analisada com as demais empresas
do setor de atividade em que ela atua.

Historicamente, a análise das demonstrações financeiras surgiu com o objetivo de conceder crédito,
porém, atualmente, ela é realizada para as mais diferentes finalidades, como vimos anteriormente, e
esta dependerá do objetivo de quem analisa.

7.2 Ajustes das demonstrações financeiras para análises

Santos (2005, p.129) afirma que o balanço patrimonial e a DRE têm um padrão rígido de apresentação,
imposto pela Lei 6.404/76, que deve ser seguido por todas as empresas.

É inegável que esse padrão facilita o trabalho do analista, pois evita que ele tenha de reordenar contas
para fins de análise. Entretanto, também é verdade que algumas contas ou grupos de contas, sobretudo
do balanço patrimonial, na forma como estão dispostas, apresentam‑se de maneira inadequada para
fins de análise. Não se trata de uma crítica à Lei 6.404/76, mas, sim, de uma constatação.

Para facilitar a análise das demonstrações financeiras, devemos proceder a alguns ajustes.

7.2.1 No balanço patrimonial

• A conta duplicadas descontadas deverá ser reclassificada no passivo circulante.

• A conta despesas antecipadas deverá ser reclassificada no patrimônio líquido, reduzindo‑o.


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Unidade IV

Na DRE pode‑se iniciar a demonstração do resultado do exercício pelas vendas líquidas, ou, como
alguns autores preferem, pelas vendas brutas.

7.3 Demonstrações (relatórios) contábeis

Iudícibus (2010, p. 26) comenta que relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos
principais fatos registrados pela contabilidade, em determinado período. Entre os relatórios contábeis,
os mais importantes são as demonstrações financeiras (terminologia utilizada pela Lei das S.A.), ou
demonstrações contábeis (terminologia preferida dos contadores).

7.3.1 Demonstrações financeiras e Lei das Sociedades por Ações

Ainda de acordo com Iudícibus (idem), a Lei das Sociedades por Ações estabelece que, ao fim de cada
exercício social (12 meses), a diretoria fará elaborar, com base na escrituração contábil, as demonstrações
financeiras (ou demonstrações contábeis) relacionadas a seguir:

• balanço patrimonial;

• DRE;

• demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

• demonstração dos fluxos de caixa;

• demonstração do valor adicionado (se companhia aberta).

7.4 Iniciando a análise financeira

Para exemplificar as técnicas de análise (análises vertical e horizontal) e os principais indicadores‑índices


(liquidez, endividamento, rentabilidade e atividade) utilizados para aferir o desempenho das empresas,
serão descritos em detalhes os procedimentos necessários para calculá‑los com a utilização dos
demonstrativos financeiros.

Saiba mais

Para maior aprofundamento nas técnicas e análise financeira de empresas,


recomendamos a consulta ao livro de Rodney Wernke, Gestão financeira: ênfase
em aplicações e casos nacionais (ed. Saraiva, São Paulo, 2008) e à obra Análise
financeira de balanços (6.ed., ed. Atlas, São Paulo, 2008), de Dante C. Matarazzo.

Com relação ao balanço patrimonial e à DRE da empresa Comercial Lambda S/A, observa‑se que os
cálculos serão feitos considerando duas casas decimais, desprezando os demais sem arredondamento.

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CONTABILIDADE

A adoção desse critério acarretará, na maioria das vezes, pequenas diferenças, principalmente nas
totalizações, o que é perfeitamente aceitável.

Observação

Produzindo índices e transformando valores das demonstrações


financeiras em números relativos ou percentuais, as análises horizontal e
vertical são consideradas excelentes instrumentos de avaliação da saúde
financeira de empresas.

7.4.1 Análise vertical – balanço patrimonial

De acordo com Matarazzo (2003, p.243), a análise vertical baseia‑se em valores percentuais
das demonstrações financeiras. Para isso, calcula‑se o percentual de cada conta em relação a um
valor‑base.

Na análise vertical do balanço, calcula‑se o percentual de cada conta em relação ao total do ativo
ou do passivo.

Ao compararmos essa relação percentual da nossa empresa com a de seus concorrentes, poderemos
saber, por exemplo, se novos investimentos em estoques serão maiores que os de nossos concorrentes,
se nossas aplicações no imobilizado estão acompanhando a necessidade de manutenção ou expansão
da empresa.

7.4.1.1 Cálculos

Para obtenção dos valores da análise vertical do balanço patrimonial, procederemos a uma regra de
três simples, em que se considera o total do demonstrativo (ativo ou passivo) igual a 100, sendo o valor
do item multiplicado pela base 100 e dividido pelo total, indicando, assim, a participação relativa da
parte (conta ou grupo de contas) em relação ao todo (total do ativo ou do passivo).

Observamos que não iremos demonstrar todos os cálculos, eles são bastante simples, principalmente
com a utilização de uma planilha eletrônica, onde basta dividir cada item do balanço patrimonial pelo
total do ativo ou passivo. Assim, teremos:

Disponibilidades X8 = 10.000 – 100... x = (1.200 x 100) ÷ 10.000 = 12,0


1.200 – x

Disponibilidades X9 = 11.700 – 100... x = (1.400 x 100) ÷ 11.700 = 11,96


1.400 – x

Clientes X8 = 10.000 – 100... x = (1.300 x 100) ÷ 10.000= 13,0


1.300 –x
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Clientes X9 = 11.700 – 100... x = (1.800 x 100) ÷ 11.700= 15,38


1.800 – x

Estoques X8 = 10.000 – 100... x = (1.500 x 100) ÷ 10.000 = 15,0


1.500 – x

Estoques X9 = 11.700 – 100... x = (1.600 x 100) ÷ 11.700 = 13,67


1.600 – x

Total circulante X8 = 10.000 – 100... x = (40.000 x 100) ÷ 10.000 = 40,0


40.000 – x

Total circulante X9 = 11.700 – 100... x = (4.800 x 100) ÷ 11.700 = 41,02


4.800 – x

Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas e grupos de contas do passivo e
do patrimônio líquido, para que possamos completar todo o quadro da análise vertical.

Apresenta‑se a seguir a análise vertical do balanço patrimonial da empresa Comercial Lambda S/A
– em milhares de reais.

Quadro 20

Ativo X8 AV% X9 AV%


Circulante
Disponibilidades 1.200 12,00 1.400 11,96
Clientes 1.300 13,00 1.800 15,38
Estoques 1.500 15,00 1.600 13,67
Total circulante 4.000 40,00 4.800 41,02
Não circulante
Realizável longo prazo 860 8,60 720 6,15
Investimento 770 7,70 620 5,29
Imobilizado 3.200 32,00 4.300 36,75
Intangível 1.170 11,70 1.260 10,76
Total não circulante 6.000 60,00 6.900 58,97
Total do ativo 10.000 100 11.700 100

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CONTABILIDADE

Quadro 21

Passivo X8 AV% X9 AV%


Circulante
Fornecedores 1.800 18,00 2.600 22,22
Empréstimos 1.300 13,00 1.500 12,82
Total circulante 3.100 31,00 4.100 35,04
Não circulante
Financiamentos 1.400 14,00 1.200 10,25
Obrigações com controladas 500 5,00 1.500 12,82
Total não circulante 1.900 19,00 2.700 23,07
Patrimônio líquido
Capital 3.200 32,00 3.500 29,91
Reservas 1.500 15,00 1.000 8,54
Lucros acumulados 300 3,00 400 3,41
Total do patrimônio líquido 5.000 50,00 4.900 41,88
Total do passivo 10.000 100 11.700 100

Observando o quadro completo com referência à análise vertical, podemos concluir que a empresa
Comercial Lambda S/A está investindo nos dois exercícios, X8 e X9, em proporções maiores no ativo
não circulante do que no ativo circulante, com destaque em ambos os exercícios sociais para o ativo
imobilizado, o que demonstra uma preferência em aplicação em itens que venham contribuir para a
manutenção ou expansão das atividades operacionais da empresa.

Quanto ao ativo circulante, existe nos dois exercícios sociais praticamente um equilíbrio de
aplicação nos itens que formam este grupo.

7.4.2 Análise vertical – DRE

Na análise vertical da DRE, calcula‑se a percentagem do total das vendas (brutas ou líquidas) em
relação ao que foi aplicado em cada item.

Ao compararmos essa relação percentual da nossa empresa com a de seus concorrentes, podemos
saber, por exemplo, se nosso custo é mais elevado do que o de nossos concorrentes, para então projetar
uma melhor política em relação a eles; se nossos percentuais de despesas com vendas, despesas
administrativas, lucros estão aumentando ou diminuindo em relação a nós mesmos e em relação aos
nossos concorrentes.

7.4.2.1 Cálculos

Para obtenção dos valores da análise vertical da DRE, procederemos a uma regra de três simples,
em que se considera o total da receita (bruta ou líquida) igual a 100, sendo o valor do item (conta)
multiplicado pela base 100 e dividido pelo total da receita (bruta ou líquida), indicando, assim, a

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Unidade IV

participação relativa de cada item que integra a demonstração do resultado do exercício em relação ao
total das receitas.

Devoluções X8 = 12.000 – 100... x = ((100) x 100) ÷ 12.000 = (0,83)


(100) – x

Devoluções X9 = 13.500 – 100... x = ((80) x 100) ÷ 13.500 = (0,59)


(80) – x

Imp. sobre vendas X8 = 12.000 – 100... x = ((1.500) x 100) ÷ 12.000 = (12,5)


(500.500) – x

Imp. sobre vendas X9 = 13.500 – 100... x = ((1.220) x 100) ÷ 13.500 = (9,03)


(1.220) – x

Receita líquida X8 = 12.000 – 100... x = (10.400 x 100) ÷ 12.000 = 86,66


10.400 – x

Receita líquida X9 = 13.500 – 100... x = (12.200 x 100) ÷ 13.500 = 90,37


12.200 – x

Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas da DRE, para que possamos
completar todo o quadro da análise vertical.

Apresenta‑se a seguir a análise vertical da DRE da Empresa Comercial Lambda S/A – em milhões de
reais.

Quadro 22

Contas X8 AV% X9 AV%


Receita bruta 12.000 100 13.500 100
Devoluções (100) (0,83) (80) (0,59)
Imposto sobre vendas (1.500) (12,50) (1.220) (9,03)
= Receita líquida 10.400 86,66 12.200 90,37
CMV (7.200) (60,0) (8.300) (61,48)
= Lucro bruto 3.200 26,66 3.900 28,88
Despesas com vendas (1.800) (15,0) (1.600) (11,85)
Receitas financeiras 1.300 10,83 900 6,66
Despesas financeiras (1.100) (9,16) (800) (5,92)
Despesas administrativas (400) (3,33) (350) (2,59)
= Resultado operacional 1.200 10,0 2.050 15,18
Imposto de Renda e contribuição social (300) (2,50) (450) (3,33)
= Resultado do exercício 900 7,50 1.600 11,85

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CONTABILIDADE

Observando o quadro completo com referência à análise vertical, podemos destacar que, na empresa
Comercial Lambda S/A, o lucro líquido nos exercícios de X8 e X9 correspondem a 7,59 e 11,85% da receita
bruta, logo, 92,5% e 88,15% foram, respectivamente nestes mesmos exercícios sociais, consumidos por
custos e despesas.

O lucro bruto corresponde, nos exercícios de X8 e X9, respectivamente, a 26,66% e 28,88%, mostrando
uma elevação. Quanto às despesas operacionais, todas apresentam redução de X8 para X9 em relação à
receita bruta.

7.4.3 Análise horizontal – balanço patrimonial

A análise horizontal, ou análise de evolução, ou de tendência, semelhante à análise vertical, possui


uma sistemática de cálculo bastante simples, consistindo em fixar um período contábil em 100% e
dividir os itens do balanço patrimonial dos demais períodos por esse período‑base.

Lembrete

Para proceder à análise horizontal é necessário que se tenham, no


mínimo, demonstrativos contábeis referentes a dois períodos.

7.4.3.1 Cálculos

Para obtenção dos valores da análise horizontal do balanço patrimonial, procederemos a uma regra
de três simples, em que se considera o ano de X8 como data‑base, igualando‑se a 100, sendo o valor do
item (conta ou grupo de contas) multiplicado pela base 100 e dividido pelo valor do mesmo item em X9.

O resultado obtido inclui o percentual da base; assim sendo, para encontrarmos a variação, devemos
diminuir a base 100 do resultado obtido.

Observamos que não iremos demonstrar todos os cálculos, pois eles são bastante simples,
principalmente com a utilização de uma planilha eletrônica.

Disponibilidades X9 = 1.200 – 100... x = (1.400 x 100) ÷ 1.200 = 116,66 → Δ = (116,66 – 100) = 16,66%
1.400 – x

Clientes X9 = 1.300 – 100... x = (1.800 x 100) ÷ 1.300 = 138,46 → Δ = (138,46 – 100) = 38,46%
1.800 – x

Estoques X9 = 1.500 – 100... x = (1.600 x 100) ÷ 1.500 = 106,66 → Δ = (106,66 – 100) = 6,66%
1.600 – x

Total circulante X9 = 4.000 – 100... x = (4.800 x 100) ÷ 4.000 = 120,0 → Δ = 120,0 – 100) = 20%
4.800 – x
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Total realizável LP X9 = 860 – 100... x = (720 x 100) ÷ 860 = 83,72 → Δ = (83,72 – 100) = (16,28)
720 – x

Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas e grupos de contas do passivo e
do patrimônio líquido, para que possam completar todo o quadro da análise horizontal.

Apresenta‑se a seguir a análise horizontal do balanço patrimonial da Empresa Comercial Lambda


S/A – em milhares de reais.

Quadro 23

Ativo X8 AH% X9 AH%


Circulante
Disponibilidades 1.200 100 1.400 116,66
Clientes 1.300 100 1.800 138,46
Estoques 1.500 100 1.600 106,66
Total circulante 4.000 100 4.800 120,00
Não circulante
Realizável longo prazo 860 100 720 83,72
Investimento 770 100 620 80,51
Imobilizado 3.200 100 4.300 134,37
Intangível 1.170 100 1.260 107,69
Total não circulante 6.000 100 6.900 115,00
Total do ativo 10.000 100 11.700 117,00

Quadro 24

Passivo X8 AH% X9 AH%


Circulante
Fornecedores 1.800 100 2.600 144,44
Empréstimos 1.300 100 1.500 115,38
Total circulante 3.100 100 4.100 132,25
Não circulante
Financiamentos 1.400 100 1.200 85,71
Obrigações com controladas 500 100 1.500 300,00
Total não circulante 1.900 100 2.700 142,10
Patrimônio líquido
Capital 3.200 100 3.500 109,37
Reservas 1.500 100 1.000 66,66
Lucros acumulados 300 100 400 133,33
Total do patrimônio líquido 5.000 100 4.900 98,00
Total do passivo 10.000 100 11.700 117,00

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CONTABILIDADE

O total do ativo apresentou um crescimento de 17% de X9 em relação a X8.

No grupo do ativo, o grupo que teve maior crescimento foi o do ativo imobilizado, que apresentou,
de X8 para X9, um crescimento de 34,37%, sendo que o grupo que apresentou o maior decréscimo ou
redução foi o do investimento (19,44%).

No grupo do passivo, o passivo não circulante foi o que apresentou o maior crescimento, com
42,10%, e o de maior decréscimo ou redução foi o patrimônio líquido.

7.4.4 Análise horizontal – DRE

A análise horizontal da DRE possui, tal qual a análise horizontal no balanço patrimonial, uma
sistemática bem simples, consistindo em fixar um período contábil em 100% e dividir os itens da DRE
dos demais períodos por esse período‑base.

Assim sendo, a análise horizontal da DRE requer que se tenham, no mínimo, demonstrativos contábeis
referentes a dois períodos.

7.4.4.1 Cálculos

Para obtenção dos valores da análise horizontal da DRE, procederemos a uma regra de três simples,
em que se considera o ano de X8 como data‑base, igualando‑se a 100, sendo o valor do item (conta)
multiplicado pela base 100 e dividido pelo valor do mesmo item (conta) em X9.

O resultado obtido inclui o percentual da base; assim sendo, para encontrarmos a variação, devemos
diminuir a base 100 do resultado obtido.

Observamos que não iremos demonstrar todos os cálculos, pois eles são bastante simples,
principalmente com a utilização de uma planilha eletrônica.

Receita bruta X9 = 12.000 – 100... x = (13.500 x 100) ÷ 12.000 = 112,5 → Δ = (112,5 – 100) = 12,5%
13.500 – x

Devoluções X9 = (100) – 100... x = ((80) x 100) ÷ (100) = 80 → Δ = (80,0 – 100) = 20%


(80) – x

Imposto sobre venda X9 = (1.500) – 100... x = ((1.220) x 100) ÷ (1.500) = 81,33 → Δ = (81,33 – 100) = 18,67%
(1.220) – x

Receita líquida X9 = 10.400 – 100... x = (12.200 x 100) ÷ 10.400 = 117,3 → Δ (117,3 – 100) = 17,3%
12.200 – x

Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas da demonstração do resultado do
exercício, para que possamos completar todo o quadro da análise horizontal.
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Unidade IV

Apresenta‑se a seguir a análise horizontal da DRE da empresa Comercial Lambda S/A – em milhões
de reais.

Quadro 25

Contas X8 AH% X9 AH%


Receita bruta 12.000 100 13.500 112,50
Devoluções (100) 100 (80) 80,00
Imposto sobre vendas (1.500) 100 (1.220) 81,33
= Receita líquida 10.400 100 12.200 117,30
CMV (7.200) 100 (8.300) 115,27
= Lucro bruto 3.200 100 3.900 121,87
Despesas com vendas (1.800) 100 (1.600) 88,88
Receitas financeiras 1.300 100 900 69,23
Despesas financeiras (1.100) 100 (800) 72,72
Despesas administrativas (400) 100 (350) 87,50
= Resultado operacional 1.200 100 2.050 170,83
Imposto de Renda e contribuição social (300) 100 (450) 150,00
= Resultado do exercício 900 100 1.600 177,77

A receita líquida apresentou um crescimento, de X8 para X9, de 17,30%, percentual este que
quase foi acompanhado pelo CMV, que apresentou um crescimento de 15,27%. O lucro bruto
apresentou um crescimento, no período, de 21,87%, e o resultado operacional e o resultado do
exercício apresentaram, respectivamente, um crescimento de 70,83% e 77,77% de X8 para X9, o
que é bastante expressivo. A causa desse resultado, certamente, é a queda de todas as despesas
operacionais.

Saiba mais

Aprimore seus conhecimentos acerca da análise de balanços,


notadamente análise horizontal das demonstrações financeiras, seguida
da análise vertical. Consulte o livro de Dante Carmine Matarazzo, Análise
financeira de balanços: abordagem básica e gerencial (São Paulo, Editora
Atlas, 2003). Nele, você encontrará diversos exemplos de uso de tais análises.

7.4.5 Análise por meio de índices

De acordo com Santos (2005), a análise das demonstrações contábeis por meio de índices ou, como
alguns autores denominam, “quocientes” procura estabelecer uma relação, por meio da divisão, entre
os diversos grupos de contas ou contas que compõem o balanço patrimonial e a DRE, de forma a
possibilitar a medida da situação econômica e financeira da empresa.

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CONTABILIDADE

Após a obtenção do índice, para afirmar que ele é ruim, regular ou bom, é necessário
proceder:

• à comparação com o índice do setor de atividade da empresa;

• à verificação de uma série histórica (com vários demonstrativos).

Os índices são divididos em quatro grupos:

• índices de endividamento ou da estrutura de capitais;

• índices de liquidez;

• índices de atividades;

• índices de rentabilidade.

Passaremos a demonstrar os índices compostos dos quatro grupos, observando que utilizaremos em
todos os exemplos a empresa comercial Lambda S/A.

Lembrete

Estabelecer indicadores de situações específicas referentes aos aspectos


econômicos e financeiros de uma empresa é o propósito principal da análise
por índices.

7.4.5.1 Índices de endividamento ou de estrutura de capitais

Este grupo de índices procura, em linhas gerais, relacionar a posição de capital próprio quanto ao
capital de terceiros.

7.4.5.1.1 Participação de capitais de terceiros

De acordo com Silva (2008, p. 269), o índice de participação de capitais de terceiros indica o percentual
de capital de terceiros em relação ao patrimônio líquido, retratando a dependência da empresa quanto
aos recursos externos (capital de terceiros).

Fórmula: (capitais de terceiros ÷ patrimônio líquido) x 100

Capital de terceiros = PC + ELP

Interpretação: quanto menor, melhor.

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Unidade IV

Exemplo:

X8 = ((3.100 + 1.900) ÷ 5.000) x 100 = ((5.000) ÷ 5.000) x 100 = 1 x 100 = 100%

X9 = ((4.100 + 2.700) ÷ 4.900) x 100 = ((6.800) ÷ 4.900) x 100 = 138,77

Para cada real de dívidas com terceiros em X8, existe $ 1,00 de capital próprio, e, em X9, para
cada $  1,38 de dívidas com terceiros, existe $ 1,00 de capital próprio, o que indica piora na situação
financeira da empresa.

7.4.5.1.2 Composição das exigibilidades

De acordo com Silva (2008, p. 272), esse índice indica o quanto da dívida total da empresa deverá ser
pago a curto prazo, isto é, as obrigações a curto prazo comparadas com as obrigações totais.

Fórmula: (passivo circulante ÷ capitais de terceiros) x 100

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

X8 = 3.100 ÷ (3.100 + 1.900) x 100 = (3.100 ÷ 5.000) x 100 = 62,00%

X9 = 4.100 ÷ (4.100 + 2.700) x 100 = (4.100 ÷ 6.800) x 100 = 60,29%

Para cada $ 100,00 de dívidas totais com terceiros, a empresa possui $ 62,00 e $ 60,00, respectivamente,
em X8 e X9, de recursos de curto prazo e $ 38,00 e $ 40,00, respectivamente, em X8 e X9, de recursos
de longo prazo.

7.4.5.1.3 Imobilização do patrimônio líquido

Segundo Silva (2008, p. 266), o índice de imobilização do patrimônio líquido indica quanto do
patrimônio líquido da empresa está aplicado no ativo permanente.

Fórmula: (investimentos + imobilizado + intangível ÷ patrimônio líquido) x 100

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

X8 = (5.140 ÷ 5.000) x 100 = 102,80%

X9 = (6.180 ÷ 4.900) x 100 = 126,12%

100
CONTABILIDADE

Esses índices mostram que, em X8, a empresa investiu, no ativo permanente, importância equivalente
a 102,80% do patrimônio líquido; em X9, esse percentual subiu para 126,12%.

7.4.5.1.3.1 Imobilização de recursos não correntes

Ainda de acordo com Santos (2005, p.181), esse índice revela o grau de imobilização dos capitais de
longo prazo (inclusive PL). Por meio dele, é possível identificar o percentual de recursos próprios e de
terceiros, de longo prazo, que está financiando o ativo permanente.

Fórmula: (investimentos + imobilizado + intangível ÷ (patrimônio líquido + passivo não circulante) x 100

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

X8 = (5.140 ÷ (5.000 + 1.900)) x 100 = (5.140 ÷ 6.900) x 100 = 74,49%

X9 = (6.180 ÷ (4.900 + 2.700)) x 100 = (6.180 ÷ 7.600) x 100 = 81,31%

Esses índices mostram que a empresa destinou ao ativo permanente, respectivamente, em X8 e X9,
74,49% e 81,31% dos recursos não correntes.

7.4.5.1.4 Dependência financeira

Esse índice indica a dependência financeira da empresa em relação ao capital de terceiros (Santos, 2005, p. 183).

Fórmula: (capital de terceiros ÷ ativo total) x 100

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

X8 = (5.000 ÷ 10.000) x 100 = 50,00%

X9 = (6.800 ÷ 11.700) x 100 = 58,12%

Esses índices mostram que, em X8, a dependência de capital externo (terceiros) da empresa era de
50%; em X9, esse percentual subiu para 58,12%.

7.4.5.1.5 Independência financeira

Segundo Santos (2005, p.184), inversamente ao índice de dependência financeira, o índice de


independência financeira revela o quanto a empresa depende de seus próprios recursos, comparativamente
com o capital de terceiros.
101
Unidade IV

Fórmula: (patrimônio líquido ÷ ativo total) x 100

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

X8 = (5.000 ÷ 10.000) x 100 = 50,00%

X9 = (4.900 ÷ 11.700) x 100 = 41,88%

Esses índices mostram que, em X8, a independência financeira corresponde a 50%; em X9, esse
percentual desceu para 41,88%.

7.4.5.2 Índices de liquidez

De acordo com Silva (2008, p. 283), os índices de liquidez visam fornecer um indicador da
capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e
as exigibilidades.

7.4.5.2.1 Liquidez geral

Encontraremos em Silva (idem) que o índice de liquidez geral indica quanto a empresa possui em
dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo prazos, para fazer face as suas dívidas totais.

Fórmula: (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) ÷ (passivo circulante + passivo não
circulante)

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

X8 = (4.000 + 860) ÷ (3.100 + 1.900) = 4.860 ÷ 5.000 = 0,97

X9 = (4.800 + 720) ÷ (4.100 + 2.700) = 5.520 ÷ 6.800 = 0,81

Para cada $ 1,00 de obrigações para com terceiros, a empresa comercial Lambda S/A possui, para os
anos de X8 e X9, respectivamente, $ 0,97 e $ 0,81 de bens e direitos para cobri‑los.

7.4.5.2.2 Liquidez corrente

Silva (2008, p. 286) afirma que o índice de liquidez corrente indica quanto a empresa possui em
dinheiro mais bens e direitos realizáveis no curto prazo, comparado com suas dívidas a serem pagas no
mesmo período.

102
CONTABILIDADE

Fórmula: ativo circulante ÷ passivo circulante

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

X8 = 4.000 ÷ 3.100 = 1,29

X9 = 4.800 ÷ 4.100 = 1,17

Para cada $ 1,00 de dívidas de curto prazo, a empresa comercial Lambda S/A possui, para os anos de
X8 e X9, respectivamente, $ 1,29 e $ 1,17 de bens e direitos, também de curto prazo.

7.4.5.2.3 Liquidez seca

Esse índice diferencia‑se do quociente de liquidez corrente por excluir, do ativo circulante, os valores
referentes aos estoques (SANTOS, 2005, p.180).

Fórmula: (ativo circulante – estoques) ÷ passivo circulante

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

X8 = (4.000 – 1.500) ÷ 3.100 = 2.500 ÷ 3.100 = 0,80

X9 = (4.800 – 1.600) ÷ 4.100 = 3.200 ÷ 4.100 = 0,78

Os quocientes obtidos indicam que, se não forem realizados os estoques, a Lambda S/A terá $ 0,80 e
0,78 de bens e direitos a curto prazo, para fazer frente a cada $ 1,00 de obrigações, também a curto prazo.

7.4.5.2.4 Liquidez imediata

O índice de liquidez imediata mede o volume de valores disponíveis (caixas, bancos, aplicações de curto
prazo) mantido pela empresa para atender as suas exigibilidades mais imediatas (SANTOS, 2005, p.180).

Fórmula: (disponibilidades) ÷ passivo circulante

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

X8 = 1.200 ÷ 3.100 = 0,39

X9 = 1.400 ÷ 4.100 = 0,34


103
Unidade IV

Analisando os quocientes obtidos da Lambda S/A, observamos um declínio, ou seja, em X8 o índice


era de 0,39, passando para 0,34 em X9.

7.4.5.3 Índices de atividade ou índices de prazos médios

Esse grupo de índices procura, em linhas gerais, demonstrar a velocidade, em número de vezes, de
renovação do item patrimonial.

Matarazzo (2003, p. 311) destaca:

Os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente,


mas sempre em conjunto. Também não é recomendável misturar a
análise dos índices de prazos médios com a dos índices econômicos e
financeiros.

A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos
operacional e de caixa, elementos fundamentais para a determinação
de estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras,
geralmente vitais para a determinação do fracasso ou sucesso de uma
empresa.

Basicamente, existem três índices de prazos médios que podem ser


encontrados a partir das demonstrações financeiras (MATARAZZO,
2003, p. 311).

7.4.5.3.1 Prazo médio de recebimento de vendas

Matarazzo (2003, p. 312) define ainda que o volume de investimentos em duplicatas a receber é
determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas.

Fórmula: PMRV = (duplicatas a receber médias x 360 dias) ÷ vendas líquidas

Interpretação: quanto menor, melhor.

Nosso primeiro passo é o cálculo das duplicatas a receber médias:

DRMédias = (duplicatas receber X8 + duplicatas receber X9) ÷ 2 =

DRMédias = (1.300 + 1.800 ) ÷ 2 = 3.100 ÷ 2 = 1.550

Observamos que, neste e em qualquer índice em que a fórmula trabalha com valores médios, não
poderemos calcular o índice ou quociente do primeiro ano, pois não temos o valor do ano anterior.

PMRV9 = (1.550 x 360 dias) ÷ 12.200 = 45,73 dias


104
CONTABILIDADE

O quociente obtido indica que a Lambda S/A levou, em média, 45 dias para receber suas vendas a
prazo no ano de X9.

7.4.5.3.2 Prazo médio de renovação de estoques

O prazo médio de renovação dos estoques indica quantos dias, em média, os produtos ficam
armazenados na empresa antes de serem vendidos (SILVA, 2008, p. 349).

Fórmula: (estoques médios x 360 dias) ÷ custo das vendas

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

Cálculo do estoque médio

(Estoque X8 + Estoque X9) ÷ 2 = (1.500 + 1.600) ÷ 2 = 3.100 ÷ 2 = 1.550

PMRE X9 (1.550 x 360 dias) ÷ 8.300 = 67,22 dias

O quociente obtido indica que a Lambda S/A levou, em média, 67 dias para renovar seus estoques
de mercadorias no ano de X9.

7.4.5.3.3 Prazo médio de pagamento de compras

O prazo médio de pagamento das compras indica quantos dias, em média, a empresa demora para
pagar seus fornecedores (SILVA, 2008, p.361).

Fórmula: (fornecedores médios x 360 dias) ÷ compras

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Cálculo das compras

CMV = EI + C – EF

8.300 = 1.500 + C – 1.600

C = 8.300 + 1.600 – 1.500

C = 8.400

105
Unidade IV

Cálculo dos fornecedores médios

(1.800 + 2.600) ÷ 2 = 2.200

PMPC X9 = (2.200 x 360 dias) ÷ 8.400 = 94,28 dias

O quociente obtido indica que a Lambda S/A paga suas compras a prazo 94 dias após a realização delas.

7.4.5.4 Ciclos de atividade: ciclo operacional e ciclo financeiro

Segundo Gitman (1997, p. 669), Ciclo Operacional (CO) indica o período de tempo que vai do ponto
em que a empresa adquire matérias‑primas até o ponto em que recebe o dinheiro pela venda do produto
acabado resultante.

Fórmula: CO = PMRE + PMRV

Exemplo:

PMRE X9 = 67,22 dias

PMRV X9 = 45,73 dias

Portanto: PMRE + PMRV = 112,95 dias

Também de acordo com Gitman (idem), Ciclo Financeiro (CF) exprime o período de tempo em que
os recursos da empresa se encontram comprometidos entre o pagamento dos insumos e o recebimento
pela venda do produto acabado resultante.

Fórmula: CF = CO – PMPC

Exemplo:

CF = 112,95 dias – PMPC

Portanto: 112,95 dias – 94,28 dias = 18,67 dias

Conclui‑se que a Lambda S/A levou 112 dias entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria, e
o período de tempo em que os recursos da empresa encontraram‑se comprometidos entre o pagamento
da mercadoria e o recebimento pela venda de seus produtos foi de 18 dias.

7.4.5.5 Índices de rentabilidade (o retorno sobre o investimento)

Este grupo de índices procura, em linhas gerais, indicar a margem de lucro (rentabilidade), de retorno
do capital investido e a velocidade das operações realizadas.
106
CONTABILIDADE

Considera‑se que a análise de rentabilidade é o principal relatório baseado nas demonstrações


financeiras de que podem fazer uso os dirigentes de uma empresa (MATARAZZO, 2003, p. 389).

7.4.5.6 Giro do ativo

O giro do ativo é um dos principais indicadores da atividade da empresa. Estabelece relação entre as
vendas do período e os investimentos totais efetuados na empresa, que estão representados pelo ativo
total médio (SILVA, 2008, p. 235).

Fórmula: vendas líquidas ÷ ativo médio

Interpretação: quanto maior, melhor

Exemplo:

Cálculo do ativo médio

Ativo médio = (10.000 + 11.700) ÷ 2 = 10.850

GA X9 = 12.200 ÷ 10.850 = 1,12 ou 112,44%

Esse índice indica que a Lambda S/A girou 1,12 vez no ano de X9 seus ativos médios em relação às
suas vendas.

7.4.5.7 Margem líquida

O índice de retorno sobre as vendas compara o lucro líquido em relação às vendas líquidas do período,
fornecendo o percentual de lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu faturamento (SILVA, 2008, p. 237).

Fórmula: (lucro líquido ÷ vendas líquidas) x 100

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

ML X8 = (900 ÷ 10.400) x 100 = 8,65%

ML X9 = (1.600 ÷ 12.200) x 100 = 13,11%

Os índices obtidos indicam o quanto “sobrou” da receita gerada pela Lambda S/A nos anos de X8 e
X9, após a dedução dos custos e despesas incorridos.

Temos então que, para cada real vendido em X8 e X9, respectivamente, há $ 0,08 e $ 0,13 convertidos
em lucro para a empresa.
107
Unidade IV

7.4.5.8 Rentabilidade do ativo

Este índice mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao ativo (MATARAZZO,
2003, p. 179).

Fórmula: (lucro líquido ÷ ativo médio) x 100

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

RA X9 = (1.600 ÷ 10.850) x 100 = 14,74%

Este quociente indica que a Lambda S/A, no ano de X9, ao confrontar o lucro líquido com o ativo
médio, obteve um percentual de 14,74% do lucro gerado, em relação à movimentação dos recursos
materiais e financeiros aplicados nos seus ativos.

7.4.5.9 Rentabilidade do patrimônio líquido

Este índice consiste em expressar os resultados globais auferidos pela gerência na gestão de recursos
próprios e de terceiros, em benefício dos acionistas (IUDÍCIBUS, 2010).

Fórmula: (lucro líquido ÷ patrimônio líquido médio) x 100

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Cálculo do patrimônio líquido médio

PL médio = (5.000 + 4.900) ÷ 2 = 4.950

RPL X9 = (1.600 ÷ 4.950) x 100 = 32,32%

Este quociente indica que a Lambda S.A., gerou, para seus acionistas, um rendimento de 32,32%
de lucro no ano de X9. Esta taxa pode ser comparada, por exemplo, com as taxas de juros pagas pelo
mercado financeiro em aplicações de renda fixa no mesmo período.

Observação

As análises que tenham como base a aplicação individual das técnicas


apresentadas (AV/AH e análise por índices) podem apresentar resultados
pouco satisfatórios e devem ser feitas de forma conjunta.
108
CONTABILIDADE

Tendo em mãos as demonstrações financeiras padronizadas a serem analisadas, em seguida cabe ao


administrador financeiro determinar quais técnicas de analise e os principais índices que serão utilizados
(WERNKE, 2008).

As análises vertical e horizontal são técnicas que facilitam a compreensão da situação da empresa
e de suas variações.

A analise por índices é efetuada com base na divisão de um grupo de contas especifico (ou conta)
por outro do balanço patrimonial ou da demonstração de resultados. O quociente/índice que resulta
dessa divisão é utilizado como um indicador da tendência da situação econômica ou financeira da
empresa.

Resumo

Nesta unidade, você aprendeu a efetuar análise das demonstrações


financeiras, sua importância para os usuários, bem como as
finalidades gerenciais. Foram apresentadas as análises horizontais e
verticais, suas finalidades, formas de cálculo e amplitude gerencial.
Depois, a unidade apresentou a análise por índices, que, de certa
forma, complementa as demais análises de demonstrações. Esse
tipo de análise, por índices, procura estabelecer uma relação entre
os diversos grupos de contas ou contas que compõem o balanço
patrimonial e a DRE, de forma a possibilitar melhor visão da situação
econômica e financeira de uma empresa.

Exercícios

Questão 1. Uma técnica bastante conhecida na análise de balanços é a análise horizontal das
demonstrações financeiras, seguida da análise vertical. Produzindo índices e transformando valores
das demonstrações financeiras em números relativos ou percentuais, são consideradas excelentes
instrumentos de avaliação da saúde financeira de empresas. Aponte a alternativa que não atenda à
finalidade da análise horizontal e nem da análise vertical.

A) Verificar a participação de cada conta no valor do grupo a que pertence a conta.

B) Estabelecer indicadores de situações específicas referentes aos aspectos econômicos e financeiros


de uma empresa.

C) Verificar a participação percentual de cada elemento no total da demonstração financeira.

D) Estabelecer indicadores das participações dos grupos de contas no total da demonstração financeira.

109
Unidade IV

E) Verificar a evolução, ano a ano, dos componentes das demonstrações financeiras.

Resposta correta: alternativa B.

Resolução do exercício

A) Alternativa correta.

Justificativa: verificar a participação de cada conta no valor do grupo a que pertence a


conta é a função da análise vertical, que tem por finalidade identificar a representatividade
de determinado item de uma demonstração, relativamente ao total do grupo ao qual a conta
pertence.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: estabelecer indicadores de situações específicas referentes aos aspectos econômicos e


financeiros de uma empresa é o propósito principal da análise por índices.

C) Alternativa correta

Justificativa: o proposto pela alternativa atende às funções da análise vertical.

D) Alternativa correta

Justificativa: trata‑se da finalidade da análise vertical, que é dar uma ideia da representatividade de
determinado item perante o total.

E) Alternativa correta.

Justificativa: esta é a análise horizontal, que compara valores ou índices de dois ou mais anos.

Questão 2. (Adaptado de Enade, Ciências Contábeis, 2009). Leia o balanço patrimonial e a


demonstração de resultados do exercício da Cia. Inter:

110
CONTABILIDADE

Cia. Inter
Balanço patrimonial – exercício findo em 31/12/X2 – Em R

Ativo X1 X2 Passivo X1 X2
Circulante Circulante
Disponível 6.850 7.000 Fornecedores 4.780 10.290
Clientes 4.800 3.710 Dividendos a pagar 1.300 520
Estoques 7.460 5.800 IR/CSSL a pagar 430 510
Total do circulante 19.110 16.510 Total do circulante 6.510 11.320

Não circulante Não circulante


Investimentos 10.200 15.000 Exigível a longo prazo
Imobilizado 17.200 21.500 Empréstimos 8.000 9.300
Máquinas 20.000 25.300 Total do não circulante 8.000 9.300
Deprec. acumulada (2.800) (3.800) Patrimônio líquido
Intangível 10.000 Capital social 30.000 40.000
Total não circulante 27.400 46.500 Reservas de lucros 2.000 2.390
Total do PL 32.000 42.390
Total do ativo 46.510 63.010 Total do passivo + PL 46.510 63.010

Cia. Inter
Demonstração do resultado do exercício de X2 – Em R$

Receita bruta de vendas 21.000


Impostos sobre vendas (3.000)
Receita líquida de vendas 18.000
CMV (15.900)
Lucro bruto 2.100
Salários (1.200)
Depreciação (1.000)
Despesas financeiras (800)
Receita de equivalência patrimonial 2.200
Lucro antes do IR/CSLL 1.300
Provisão p/ IR/CSSL (390)
Lucro líquido do exercício 910

Considere as afirmativas acerca das informações apresentadas nas demonstrações contábeis.

I. No ano X2, o ativo circulante, em relação ao ativo total, é proporcionalmente maior do que no ano
X1. Tal conclusão é permitida a partir de uma análise horizontal.

II. A liquidez corrente do ano X2 é maior do que a liquidez corrente de X1, sendo possível observar
que o ativo circulante em X2 é maior do que o passivo circulante do mesmo período.
111
Unidade IV

III. No ano X2, o percentual de lucro sobre o faturamento foi superior ao percentual de lucros gerados
aos acionistas.

Está correto apenas o que se afirma em:

A) I e II.

B) II e III.

C) III.

D) I.

E) II.

Resolução desta questão na plataforma.

112
CONTABILIDADE

FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 2 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 3 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 4 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 5 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 6 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 7 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

Figura 8 – IUDÍCIBUS, S. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas, 2010; pp. 146‑150.

REFERÊNCIAS

Textuais

BLATT, A. Análise de balanços – Estruturação e Avaliação das Demonstrações Financeiras e Contábeis.


São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.

BRAGA, H. R.; ALMEIDA, M. C. Mudanças contábeis na lei societária. São Paulo: Atlas, 2008.

BRASIL. Lei 6.404. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília,
15 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm.
Acesso em: 2 jul. 2012.

CFC. Resolução 1055/05. Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (Cpc) e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 7 out. 2005.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Harbra, 1997.

IUDÍCIBUS, S. Contabilidade introdutória. São Paulo: Atlas, 2006.

___. Análise de balanços. São Paulo: Atlas, 2010.

IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de contabilidade das sociedades por ações. São
Paulo: Atlas, 2007.

MARION, J. C. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 2009.


113
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. São Paulo: Atlas,
2003.

SANTOS, C.; BARROS, S. F. Curso estrutura e análise de balanço. São Paulo: IOB‑Thomson, 2005.

SANTOS, J. L.; GOMES, J. M. M.; FERNANDES, L. A.; SCHMIDT, P. Manual de práticas contábeis: aspectos
societários e tributários. São Paulo: Atlas, 2007.

SILVA, J. P. Análise financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 2008.

WERNKE, R. Gestão financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais. Rio de Janeiro: Saraiva: 2008.

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120
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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