Resumo - O Direito A Literatura

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Resumo sobre o capitulo Direito a literatura de Antonio Cândido

Cassiane dos Santos Alcântara

Antes de explicar porque a literatura é um direito, Antonio Candido propõe-se a refletir, sobre
os direitos humanoas fazendo, no tópico 1 ,breve mostra de como era o cenário social da
época em que escreveu o capítulo; para o autor vivemos em tempo contraditório porque
embora tenhamos a possibilidade de tentar chegar o mais próximo possível da igualdade e
da justiça resolvendo muitos problemas devido ao nosso desenvolvimento científico e
acúmulo de riquezas, não o fazemos; além disso, a barbárie, mesmo que ainda praticada, já
não é mais aplaudida, já não a vemos como natural; o negro e pobre são respeitados já não
são alvos da ridicularização humorística; certas máximas preconceituosas, como tal classe,
não precisa disso ou daquilo já não são mais ditas; a forma como políticos e empresários se
posicionam politicamente e socialmente vem mudando, afirmam que grandes diferença
sociais não podem ser toleradas e se identificam de centro ou até centro-esquerda. No
entanto, ainda que haja essas mudanças, as quais Cândido considera um avanço, não se faz
nada para de fato se efetivar a justiça social; segundo o autor o que há é uma hipocrisia
generalizada, não é mais aceitável mostrar insensibilidade diante da miséria, desse modo
deve-se mostra compaixão para não estragar a (própria imagem) imagem pública. O autor
conclui dizendo que já há, pelo menos, um pensamento diferente, ainda que hipócrita,
portanto, aqui entra aqueles que de fato querem efetivar esse pensamento, os defensores
dos direitos humanos o que nos leva ao próximo tópico.

Antonio Candido começa com uma afirmação sobre os direitos humanos “aquilo que é
indispensável para nós, é também indispensável para o próximo. Aqui ele discute que esse
modo de pensar deve está presente tanto do ponto de vista individual quanto social e
relaciona os direitos humanos a distinção de bens incompreensíveis --- os imprescindível à
vida humana--- e os compreensíveis --- supérfluos. O autor faz crítica ao nível individual, que
embora cada pessoa saiba sobre a igualdade de direito, temos a tendência a achar que os
nossos são mais urgentes; e crítica ao nível social, pois cada sociedade dependendo da
cultura e época define o que é necessário e o que é supérfluo, e como a sociedade é dividida
em classes a própria educação pode ser instrumento de convencimento sobre o que deve ser
imprescindível para uma classe ou outra. Logo, é necessário que a nível individual, cada um
tenha a “consciência” desenvolvida desde a tenra idade,que todos têm direito aos mesmos
bem materiais, mas que a nível social haja leis que assegurem isso. Em seguida o autor
explica o que seria os bens imprescindíveis, aqueles que garantem “sobrevivência física” e
“integridade espiritual”, dessa forma, o autor se questiona se a arte e a literatura entrariam na
segunda categoria, contudo, para isso, a falta delas teria a pena da desordem pessoal ou
frustração mutiladora, o que é discutido no próximo tópico.

No tópico 3 a literatura é trazida de maneira ampla, desde o folclore e anedotas até a


erudição, tanto na manifestação escrita quanto assistida e cantada, “Chamarei de literatura,
da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático
em todos os níveis de uma sociedade...”. Candido usa um argumento para explicar porque a
literatura é indispensável para o ser humano e porque o humaniza; além disso, o autor, explica
o papel importante quem tem a literatura na sociedade e porque ela não é inofensiva. A
literatura é indispensável a todo ser humano porque ela existe desde os primórdios da
humanidade porque o homem não pode ficar longe dela nem por vinte quatro horas, ele lê,
assiste, ouve música …, chegando a ser comparada ao sonho, que contribui para o equilíbrio
psíquico, assim a literatura contribui para o equilíbrio social, uma vez que, cada sociedade
cria sua literatura utilizando-se de sua cultura, normas, sentimentos para fortalecê-los em
presença e atuação, assim, tem um papel educador. Todavia, a literatura não só contém os
valores consonantes daquela sociedade, como também pode ter valores e ideias
completamente destoantes, a literatura é ambígua, logo, como nos diz o autor, pode causar
problemas morais e psíquicos; já que ela é reflexo da vida, a representa, trazendo visões que
embora existam naquela sociedade deveriam estar escondidas por serem perigosas.
Portanto, uma vez que atua sobre o consciente e o inconsciente dos indivíduos não de forma
inofensiva --- trazendo tanto valores que promovem a ordem social, quanto o contrário --- ela
forma a personalidade, “humaniza em sentimento profundo, porque faz viver”.

No quarto tópico Antonio Candido mostra que a poesia tem três faces, a primeira é sua
organização, estrutura, significação e forma; o segundo é a expressão, os sentimentos,
emoções, visões de mundo de indivíduos e de grupos; por último forma de conhecimento por
incorporação, também, do inconsciente. Todas três têm igual importância e atuam juntas
quanto a nossa humanização, para mostrar que a primeira é tão importante quanto as outras
Candido a enfatiza; nessa parte Candido nos diz que o autor da obra escolhe palavras,
acontecimentos do dia dia --- o caos por não estarem organizados, o nada --- e os coloca em
uma forma, o todo articulado --- supera então o caos, como o autor exemplifica com a Lira de
Gonzaga, onde o poeta escolhe fatos do dia a dia dos namorados e os articula em uma poesia
árcade, essa organização também organiza nossa alma, ou seja, nossas emoções e visão
de mundo, o nosso caos interior também se ordena e a mensagem pode atuar, por causa do
ordem, da organização, a mensagem faz sentido, não se separam, portanto; além disso a
própria forma no que se diz respeito à sonoridade e métrica também contribuem para o modo
como a mensagem nos impactará deixando a mensagem mais significativa aguçando nossa
capacidade de ver e sentir, atingindo tanto nosso consciente como o inconsciente, nos
humanizando.

O autor então explica o que é essa humanização:

“Entendo aqui por humanização o processo que confirma no homem aqueles


traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição
do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções,
a capacidade de penetrar nos probÌemas da vida, o senso da beleza, a
percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor.”

E explica que esse conhecimento que a literatura produz, face 3, não trata-se apenas de
como sua forma organiza nossas emoções e visão de mundo captado inconscientemente e
conscientemente, face 1 (necessidade 1) ; mas que há um conhecimento intencional na
literatura --- captado, pois, consciente --- que é a posição social e política do autor ou grupo,
face 2, o que atende a nossa necessidade de conhecer os sentimentos, valores, ideias da
sociedade, e tomar posição sobre eles, desembocando na literatura social, literatura que
parte de posições ética, política, religiosas e humanísticas mostrando-as ou criticando-as, tão
importante para os direitos humanos. Como as ideias são diferentes, não é a face dois apenas
que imputa o valor a literatura, mas todas elas e sem a primeira,sem a organização, a
mensagem não teria validade.
No tópico cinco Antonio Candido propõe-se a discorrer sobre essa literatura social. No início
ele faz um paralelo entre a mensagem e a forma exemplificando com duas obras
abolicionistas; classificando uma como de má qualidade e outra de boa qualidade. Uma obra
de boa qualidade é aquela que possui uma forma, uma estilística “adequada”, para o autor a
“capacidade de criar formas pertinentes” humaniza, contudo, a obra “menor” tem sua
importância, porque, influenciam nossos sentimentos e conhecimento. [Parece que uma é
superior porque a face 1 e a face 2 estão em harmonia segundo as visões estilísticas do autor;
a inferior é porque a face 2 é priorizada; a questão é com base em que o autor faz essa
distinção.] Em seguida, o autor enfoca a mensagem das obras mostrando o efeito
humanizador que elas possuem ao mostrarem a pobreza, a miséria, a exploração econômica,
a marginalização, tanto dos adultos como das crianças; pois como o autor disse a mensagem
tem o poder de mexer com nossos sentimentos e oferece conhecimento. Durante esse parte
o autor traz vários exemplos de obras que têm esse caráter, além disso mostra que tanto no
romantismo --- que traz uma literatura messiânica e ou idealista--- ou no realismo --- no qual
a crítica assume o cunho de verdadeira investigação orientada da sociedade que depois
passa de denúncia retórica ou mera descrição a crítica corrosiva--- há a ligação com os
direitos humanos, pois, como diz o autor vemos a urgência em tais problemas porque o leitor
sente uma dor que não é necessariamente sua e conhece uma visão que ainda não tinha,
desmascaramento da negação de direitos, tendo maior capacidade de se pôr no lugar do
outro e olhá-lo com dignidade, uma dignidade trazida na literatura.

Em suma, a literatura social romântica ou realista ao mostrar o sofrimento, as consequências


da exploração, a vulnerabilidade dos mais frágeis como as crianças, permite que o leitor
conheça um lado da realidade que ainda não tivesse visto, não porque nunca conviveu com
aquilo no sentido de nunca ver pobres e desvalidos, mas porque não podia enxergar o
sofrimento deles, não podia conviver profundamente no sentido de conhecendo as suas dores
e angústias, de sentir na pele. A literatura permite isso, permite que alguém com a realidade
de vida pessoal completamente diferente sofra por outro alguém. Assim a literatura atinge os
sentimentos das pessoas, fazendo com que elas se compadeçam, se coloquem no lugar do
personagem, e pensem “e se fosse eu”; e ela faz isso oferecendo o conhecimento, ou seja, a
possibilidade de saber do outro mais intimamente.

No penúltimo tópico, o sexto, Candido faz uma breve síntese em um parágrafo sobre a ligação
entre a literatura e os direitos humanos, fala da importância que tem a forma para a
organização interna do indivíduo, pois nos liberta do caos, da forma a nossos sentimentos e
visão do mundo, como também, desmascara a sociedade, critica sua miséria e exploração.
Em seguida o autor explica como a organização social amplia ou restringe a literatura a pouco.
Para o autor quanto mais uma sociedade é igualitária mais tem capacidade de oferecer
literatura a seus cidadãos, não só a literatura folclórica, mas também a erudita que por sinal
se comunicam.. Tanto o governo quanto a iniciativa individual pode contribuir para diminuir
essa desigualdade oferecendo literatura erudita aos menos abastados, então o autor
exemplifica, tanto com governo mais igualitário e pouco igualitário para mostrar a
segregação, exemplifica com pessoas que fizeram a diferença; desse gancho puxa para
mostrar exemplificando até mesmo com fatos na vida pessoal que o "leigo" tem interesse pelo
erudito, busca aproveitar quando tem oportunidade e consegue entendê-lo. Portanto, a
sociedade não devia negar-lhes esse direito, pois são seres igualmente humanos.
Por fim no tópico 7 o autor conclui que a luta pelos direitos humanos pressupõe uma
sociedade onde todos possam alcançar os diversos níveis da cultura, que a diferença entre
o erudito e o popular não os torna incomunicáveis, portanto, devendo ser disponíveis apenas
a uma parcela da população. Para o autor, já que a literatura é um bem incompreensível,
universalmente necessária, uma sociedade justa " pressupõe os respeito dos direitos
humanos e a fruição da arte em todas as modalidades, em todos os níveis como direito
inalienável" Ou seja, direitos humanos são os bens imprescindíveis e a literatura é um deles,
para uma sociedade ser justa, esse bem deve ser assegurado a todos.

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