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Departamento de Letras - UFPE

Mentoria acadêmica: desenvolvendo habilidades textuais, metodológicas e


tecnológicas no estudante universitário de primeira geração

O gênero acadêmico artigo científico

É um dos gêneros discursivos mais populares e recorrentes no meio acadêmico e


objetiva divulgar os resultados (sejam estes parciais ou finais) de pesquisas realizadas nas
mais distintas áreas de produção do conhecimento. Depois de redigidos, são submetidos para
avaliação e, quando aprovados, são publicados em suportes impressos ou virtuais. Assim
como todos os gêneros do discurso, o artigo científico apresenta características, formas e
funções específicas que garantem sua existência e permanência na academia.
Sobre a estrutura do gênero
1.1 Título
Precisa transmitir com clareza e objetividade a temática investigada no trabalho.
Quando bem elaborado, pode despertar imediatamente o interesse do leitor.
1.2. Autor(es)
Os nomes completos dos autores do artigo devem aparecer imediatamente após o
título juntamente com a filiação institucional a que pertencem.
1.3. Epígrafe
Trata-se da inserção de uma citação acompanhada da indicação da autoria e deve estar
relacionada à temática do trabalho. Objetiva identificar o autor da epígrafe com o autor do
artigo. É opcional.
1.4. Resumo
É a síntese do artigo. Deve aparecer abaixo do nome do(s) autor(es) (ou da epígrafe,
caso haja). Geralmente é apresentado primeiramente em língua portuguesa e acompanha sua
versão em uma língua estrangeira (espanhol, francês ou inglês).
Atenção! O resumo é uma parte fundamental do artigo. Uma vez que seu objetivo é sintetizar
toda a pesquisa, deve apresentar:
1) Objetivo
2) Fundamentação teórica: bibliografia utilizada
3) Metodologia de análise do corpus
4) Considerações (parciais ou finais)
Veja o exemplo:
Gradualidade na gramática discursivo-funcional: o caso da forma perifrástica 'ainda assim'
Michel Gustavo Fontes
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
RESUMO: Este trabalho analisa, com base no aparato teórico-metodológico da Gramática
Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), a estrutura composicional, o
estatuto léxico-gramatical e o funcionamento discursivo da forma perifrástica ainda assim no
português contemporâneo. A partir do mapeamento de propriedades funcionais e formais,
defende-se que ainda assim corresponde a uma forma semifixa de estatuto lexical e que
subjazem a seu uso duas propriedades discursivo-pragmáticas: a sequenciação retroativo-
propulsora (TAVARES, 1999; 2000) e a marcação de adversidade (SCHWENTER, 2000).
Isso faz com que, na GDF, represente-se ainda assim como um modificador adversativo de
estrutura interna complexa (FONTES, 2016) do Nível Interpessoal, codificado, no Nível
Morfossintático, por um padrão semifixo (KEIZER, 2013). Tais considerações analíticas
implicam algumas revisões no modelo da GDF, principalmente no tocante à representação
da gradualidade na emergência de formas perifrásticas via lexicalização (BRINTON;
TRAUGOTT, 2005).
Extraído do Caderno de Estudos Linguísticos (UNICAMP)

Note que todos os pontos citados anteriormente constam no resumo apresentado. O


autor inicia explicitando o objetivo geral (a análise da estrutura composicional, o estatuto
léxico-gramatical e o funcionamento discursivo da forma ainda assim no português
contemporâneo). Ademais, situa o leitor sobre a base teórica adotada para o desenvolvimento
da sua pesquisa: a Gramática Discursivo Funcional. Vale ressaltar que além de especificar a
base teórica de maneira ampla, o autor aponta com objetividade os autores que, dentro da
Gramática Discursivo Funcional, fundamentam as etapas particulares da sua análise, a saber:
(HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), para tratar sobre o aporte teórico de maneira ampla
(TAVARES, 1999; 2000), para discorrer sobre o conceito de sequenciação retroativo-
propulsora
(SCHWENTER, 2000), para tratar da marcação de adversidade
(FONTES, 2016), para discutir a noção de estrutura interna complexa
(KEIZER, 2013), para conceituar os padrões semifixos
(BRINTON; TRAUGOTT, 2005), para discorrer sobre a representação da gradualidade na
emergência de formas perifrásticas via lexicalização.
Por fim, aponta um breve resumo dos resultados obtidos: “Tais considerações
analíticas implicam algumas revisões no modelo da GDF, principalmente no tocante à
representação da gradualidade na emergência de formas perifrásticas via lexicalização”.
1.5. Palavras-chave:
São as palavras que revelam os temas/tópicos centrais da pesquisa. Indexadas a
bancos de dados e de buscas virtuais, são as responsáveis pela veiculação do trabalho aos
sites de busca da web. No caso do resumo apresentado anteriormente, as palavras chave
escolhidas foram: “gradualidade”, “estruturas semifixas” e “gramática discursivo-
funcional”, respectivamente.
1.6. Introdução
Apresenta um panorama geral do tema e contextualiza o leitor sobre a motivação do
trabalho, justificando a relevância histórica, social e acadêmica da pesquisa realizada.
Hipótese e objetivos (gerais e específicos) também devem ser colocados nesta parte do artigo.
1.7. Metodologia
Especifica o método e os materiais utilizados na execução da pesquisa. Ou seja: quais
foram os instrumentos e as formas de coleta do corpus. Nela deve ser exposta a quantidade
de objetos/sujeitos participantes, previamente selecionados para serem examinados pelo
pesquisador. Além disto, a metodologia deve conter informações sobre o período (meses e
ano) em que a pesquisa foi desenvolvida, bem como a justificativa para a escolha dos
objetos/sujeitos que formam o corpus.
Para uma melhor compreensão acerca dos dois seguintes tópicos, retomemos a
proposta citada anteriormente: Desconstruindo o machismo na aula de ELE: uma
abordagem a partir da Análise de Discurso pecheuxtiana.
1.8. Fundamentação teórica
Apresenta todos os conceitos necessários advindos da teoria utilizada como
referencial. Uma vez que a proposta central do artigo é discorrer sobre o processo de
desconstrução do machismo em uma aula de língua espanhola e que o único aporte teórico
adotado é a Análise de Discurso (doravante AD), todos os conceitos citados e comentados
devem ser provenientes desta corrente teórica dos estudos da linguagem. Além disto, já que
o artigo versa sobre uma proposta que liga tal teoria ao ensino-aprendizagem de espanhol
como língua estrangeira (doravante ELE), devemos pensar em noções que advindas desta
base teórica sejam pertinentes para uma discussão que envolva o processo de ensino-
aprendizagem de língua e, mais especificamente, para o tema central do artigo: a
desconstrução do machismo. Sob esta perspectiva, poderíamos fundamentar a discussão com
base nas noções sobre língua, discurso, sujeito, ideologia e efeitos de sentido.
1.9. Desenvolvimento ou Análise do corpus
É a parte central do artigo. Nela será realizada a discussão acerca do corpus escolhido
pelo autor com base nos aportes teóricos adotados. É o momento de lançar um olhar crítico
e investigativo sobre o material escolhido para a análise.
Digamos que a proposta anteriormente citada verse sobre uma oficina realizada com
um grupo de estudantes durante uma aula de ELE e que tal oficina tenha consistido na análise
de duas capas de revista, a fim de realizar uma comparação entre as representações
(imagéticas e verbais) vinculadas a uma mulher e a um homem.
O desenvolvimento do artigo deve discorrer com clareza sobre:
a) O planejamento da oficina: Qual a motivação para discutir esta temática em uma aula
de língua espanhola? Quais fatores foram levados em consideração durante a escolha
das duas capas de revista escolhidas?
Importante! Relacionar tais questionamentos aos conceitos apresentados na fundamentação
teórica e que ajudaram não apenas a fundamentar, mas a motivar esta investigação.
b) A realização da oficina: Como os alunos presentes na sala de aula reagiram? Quais
foram os questionamentos levantados durante o encontro? Quais os resultados da
aplicação da oficina?
Além destes dois pontos, é necessário (a título de ilustração) que as capas escolhidas para a
realização do encontro sejam devidamente anexadas e justificadas. Por que foram escolhidas
estas duas capas? Por que não outras?
Por fim: Quais considerações os estudantes realizaram a partir da leitura (multimodal) destas
capas?
1.10. Considerações
Este é o espaço mais adequado para os comentários interpretativos do pesquisador a
partir dos resultados obtidos na análise e apresentados na investigação (XAVIER, 2014).
1.10.1. Considerações parciais
Discorrem sobre os resultados alcançados a partir de projetos de pesquisa em
andamento. É o que ocorre quando são publicados artigos científicos redigidos por autores
que ainda estão desenvolvendo suas pesquisas (PIBID/PIBIC/Mestrado ou Doutorado).
1.10.2. Considerações finais
Apresentam os resultados obtidos a partir da realização de um projeto já finalizado.
Obs.: As considerações finais também são apresentadas caso o artigo científico não seja
resultante de um projeto de pesquisa, mas de um recorte pequeno e específico de um corpus.
1.11. Referências
É a lista de todos os autores com os quais o pesquisador dialogou durante a construção
do trabalho (XAVIER, 2014).
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Referências e sugestões de leitura:
DE MUSSINI, Petra Ester; FERRARI, Ana Josefina: La escritura en lengua española.
Curitiba: Editora Intersaberes, 2012.
GUSTAVII, Bjorn: Como escrever e ilustrar um artigo científico. São Paulo: Parábola
Editorial, 2017.
XAVIER, Antonio Carlos: Como fazer e apresentar trabalhos científicos em eventos
acadêmicos. Recife: Editora Rêspel, 2014.

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