2 Fundamentos de Fisiologia Renal

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FISIOLOGIA MÉDICA VETERINÁRIA

FISIOLOGIA RENAL – REABSORÇÃO E EXCREÇÃO


INTRODUÇÃO

 Visa o estudo das funções dos rins.


 Funções: - Filtragem do sangue;
- Reabsorver substâncias filtradas quando necessárias ao organismo;
- Reconhecer excesso de água no organismo regulando reabsorção e excreção de metabólitos;
- Homeostase (Equilíbrio) Ácido-Básica;
- Papeis vitais (regular pressão sanguínea e produção de eritropoetina (promove eritropoese));
- Excreção de nitrogênio e hidrogênio.
 Os rins recebem de 20 a 25% do débito cardíaco em mamíferos.
 As unidades funcionais do rim são os néfrons.

UNIDADES FUNCIONAIS DOS RINS – OS NÉFRONS

 Seu número é variável para as espécies, em bovinos 4.000.000, suínos 1.250.000, em cães 415.000, em
felinos 190.000 e em humanos 1.000.000.
 O néfron e composto por um glomérulo (que filtra o sangue), por um segmento de túbulos renais (onde
ocorre a reabsorção) e um ducto coletor (onde ocorre a transformação do líquido tubular em urina).
 Existem néfrons Justamedulares, capazes de concentrar mais a urina.
 Existem néfrons corticais, formam uma urina menos concentrada.
 O néfron descrito em partes:

TODOS OS NÉFRONS TEM DUAS REDES DE CAPILARES

 Redes de capilares glomerulares – Arteríola Aferente (Filtração)


 Redes de capilares tubulares – Arteríola Eferente (Reabsorção)
- No néfron cortical -> Vasos peritubulares
Unem-se para formar a vênula
- No néfron justa medular -> Vasos retos
CÁPSULA GLOMERULAR E GLOMÉRULO

 A Cápsula glomerular (cápsula de Bowman) é o final cego dilatado do néfron onde está contida a rede
de capilar glomerular, formando o glomérulo.
 O glomérulo é composto por uma rede de capilares especializados em reter componentes celulares e
proteínas de peso molecular médio e alto, ao mesmo tempo forma um líquido idêntico ao plasma (água
e eletrólitos) (Isosmótico ao plasma), aproximadamente 300 mOsm.
 A estrutura do glomérulo assegura sua capacidade de filtração.
 O tufo glomerular é composto por uma rede de capilares, este, é envolto pela cápsula glomerular.
 O fluido que fica contido dentro da cápsula é chamado de urina primária.

OS CAPILARES GLOMERULARES

 Os capilares glomerulares possuem 3 camadas.


 1 endotélio com fenestras.
 1 membrana basal com proteoglicanas de carga negativa.
 1 endotélio visceral com células entrelaçadas denominadas podócitos.
 Os capilares do tufo são unidos por células mesangiais.
 A filtração feita pelo glomérulo é altamente dependente da pressão hidrostática.
 Depende da área disponível para reabsorção e filtração e a permeabilidade da barreira.
 A pressão hidrostática tende a diminuir ao longo do capilar.
 A pressão oncótica tende a aumentar devido a quantidade de água.
 Danos aos capilares os tornarão mais permeáveis.

FORÇAS A FAVOR DA FILTRAÇAO

 Pressão hidrostática alta.


 Pressão oncótica baixa.

FORÇAS OPOSTAS A FILTRAÇAO

 Baixa pressão hidrostática.


 Alta pressão oncótica.

O APARELHO JUSTA GLOMERULAR E A MÁCULA DENSA

 Formado por uma Mácula Densa, composta por células mais densas presentes no túbulo contorcido
distal, que entram em contato com as arteríolas.
 As células musculares lisas destas arteríolas, quando em contado com a mácula densa, são
especializadas e denominadas de células justaglomerulares ou granulares. Possuem grânulos que
contem renina, uma enzima proteolítica, devido a isto, sabe-se que na urina, não encontramos proteína
em uma situação fisiológica normal.
 O aparelho justaglomerular é importante para a regulação do ritmo de filtração do glomérulo e do
controle de pressão arterial sistêmica.
 A região (espaço) que se encontra entre as arteríolas, a mácula e os capilares glomerulares, é chamada
de Região Mesangial. As céls. mesangiais são fagocitárias e produzem prostaglandinas (vasoconstrição).
 O aparelho justaglomerular está envolvido em mecanismos de feedback que participam da regulação do
fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular.
TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL

 Continuação da cápsula glomerular.


 Sua principal função é a reabsorção volumosa de água e solutos filtrados.
 Porção que mais absorve íons e água no segmento de túbulos.
 Absorve mais de 60/65% da água filtrada.

ALÇA DE HENLE

 Formada por ramos delgado descendente, delgado ascendente e ascendente espesso.


 O ramo delgado descendente tem como principal função à manutenção da hipertonicidade medular por
troca contracorrente.
 O ramo ascende espesso tem como principal função à reabsorção de Na, K, Cl, geração de
hipertonicidade medular, diluição do líquido tubular e reabsorção de outros solutos.
 Os segmentos delgados possuem células com poucas mitocôndrias, o que convém a não permitir o
transporte ativo por estas células.
 O ramo espesso é capaz de fazer transporte ativo, e junto com o túbulo contorcido distal, recebem o
nome de segmentos diluidores, pois não podem absorver água.
 No ápice da alça de Henle o filtrado já possuirá 1200 mOsm.

TÚBULO CONTORCIDO DISTAL

 É formado pelos segmentos: túbulo distal, túbulo conector e o inicio do túbulo coletor cortical.
 Tem como principal função a reabsorção de cloreto de sódio e a diluição do fluido tubular.
 Representa a ultima porção do segmento de túbulos.
 Neste momento o filtrado possui 300 mOsm, idêntico a mOsm do fluido no glomérulo.

DUCTO COLETOR

 Transporte de água, uréia, e outros solutos.


 O transporte da água e da uréia (reabsorção) estão associados.
 O transporte das duas substâncias depende da Vasopressina. Isto regula a reabsorção e a excreção de
uréia.
 O Ducto coleto é o único segmento do néfron capaz de receber estímulos endócrinos.
 Os hormônios que o influenciam são principalmente o ADH (vasopressina), o Peptídeo Natriurético
Atrial, o Paratormônio, a Calcitonina e a Aldosterona.

OS ESTÍMULOS HORMONAIS

 O Peptídeo Natriurético Atrial é produzido nos átrios cardíacos devido o aumento do volume sanguíneo.
Responsável pela excreção de Na, e desta forma de água. Produz um movimento indireto na água.
 O ADH (Vasopressina) é liberado na Neuro-hipófise quando os osmoreceptores do hipotálamo são
ativados pelo aumento da osmolaridade plasmática.
 A Aldosterona é produzida no córtex adrenal por estímulos da Angiotensina II, fará a reabsorção de Na e
a excreção de K e hidrogênio.
 O Paratormônio é liberado pela paratireóide em decorrência de uma Hipocalcemia. A liberação de
Paratormônio irá promover a reabsorção de Ca.
 A Calcitonina é produzida pela tireóide em situações de Hipercalcemia, sem comprovação científica de
sua influência na absorção e na excreção de Ca.
EQUILÍBRIO HÍDRICO

 O equilíbrio hídrico é mantido pelos túbulos renais.


 O rim pode formar 3 tipos de urina. A Hipotônica, produzida em animais hiperidratados, a normotônica
em animais normoidratados e a hipertônica em animais desidratados.
 Quanto mais néfrons justamedulares o rim possuir, maior a concentração da urina produzida.

A FORMAÇÃO DA URINA – COMPONENTES

 Geração de um interstício medular hipertônico.


 Diluição do líquido tubular pelos segmentos diluidores (ramo espesso e túbulo distal).
 Variação da permeabilidade do ducto coletor em resposta a vasopressina, promovendo uma maior
absorção de água.

MODIFICAÇÃO NO RITMO DE FILTRAÇÃO

 É mantido dentro da variação fisiológica devido à modulação renal da PA e do vol. Intravascular,


controle intrínseco do fluxo sanguíneo renal, da pressão do capilar glomerular e do coeficiente de
ultrafiltragem. (Permeabilidade da barreira X área de superfície)

O CONTROLE DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR

 Ocorre devido fatores hormonais, reflexos miogênicos e retroalimentação (feedback) tubuloglomerular.


 Fatores Hormonais envolvidos:
Renina-Angiotensina-Aldosterona (Angiotensina II): A renina é secretada pelas células justaglomerulares da
arteríola aferente por estímulos correspondente a diluição na pressão de perfusão renal e causará a
conversão de Angiotensinogênio em angiotensina I e a ECA a converterá em Angiotensina II, que nos rins irá
+ +
promover a reabsorção de Na e retenção de água. A reabsorção de Na é indiretamente estimulada
também pelo aumento da secreção de Aldosterona no córtex adrenal, que estimula a reabsorção de sódio
nos ductos coletores.
 Sobre a Angiotensina II: É um potente vasoconstritor sistêmico e na arteríola eferente. Estimula a secreção de aldosterona e
vasopressina (reabsorção da uréia e da água), promove uma melhor reabsorção de sódio e água, além da liberação de prostaglandinas
(vasodilatação renal como efeito protetor)
Reflexo Miogênico: Resposta das arteríolas glomerulares ao aumento na tensão da parede da arteríola,
promovendo vasoconstrição arteriolar imediata. Independe de inervação renal.
Retroalimentação ou Feedback Glomerular: Provocado pela mácula densa com suas células sensíveis à ↓ da
concentração de Na e Cl. Ocorre devido à perda do fluxo e um maior tempo para reabsorção.
Promoverá uma vasodilatação na arteríola eferente aumentando a filtração.
 Outros controles do fluxo são: Endotélio vascular (controle do tônus vascular renal, fatores contráteis e
relaxantes), Peptídeo Natriurético Atrial, Catecolaminas circulantes (Receptores α para o sistema
Renina-Angiotensina-Aldosterona e receptores β para a vasoconstrição das arteríolas aferentes e
eferentes renais).

DEPURAÇÃO RENAL (CLEARANCE)

 Avaliação da capacidade renal em remover substâncias do plasma.


 As medidas de clearance não determinam somente as funções renais, mas também é útil para o
entendimento do manejo das substâncias pelos túbulos renais.
 Entende-se por: Velocidade pela qual o volume do plasma é depurado de uma substância na urina.
 A taxa de depuração: Ritmo de excreção X Concentração plasmática.
 A substância utilizada no teste de depuração renal é a INULINA.
 Obs¹: 10% da creatinina é excretada pelos túbulos renais na maioria das espécies, exceto em cães.
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO

 O equilíbrio ácido-básico ocorre nos túbulos devido a necessidade do pH sanguíneo estar por volta de
7,4 e suporta pequena variação.
 Reação de Hidratação promovida pela enzima Anidase Carbônica:
+ -
CO2 + H2O  H2CO3 (Ácido Carbônico)  H + HCO3 (Bicarbonato)
 Equação de Henderson-Hasselbach:
pH = [HCO3] ÷CO2 (Simplificada)

MECANISMOS TAMPÕES

 Sistema Tampão Intracelular (proteínas tampão) e Extracelular (bicarbonatos, uratos, fosfatos, etc.)
Tem uma ação imediata e rápida, porém, com limitações (O hidrogênio tampona o ambiente básico e o
bicarbonato tampona o ambiente ácido).
Essa limitação é relacionada à respiração.
 Pulmões: ↑ FR em pH ↓ > perda de CO2 = ↓PCO2
 Pulmões: ↓ FR em pH ↑ < perda de CO2 = ↑PCO2
 Os rins têm uma capacidade maior de regulação.
 Rins: ↑ Excreção de H+ e ↑ Reabsorção de HCO3-
Geração de Amônia (NH3)
 Rins: ↓ Excreção de H+ e ↓ Reabsorção de HCO3-

DISTURBIOS ÁCIDO-BÁSICOS

 Acidose e Alcalose Respiratória


 Acidose Metabólica -> Perda de HCO3- (casos de Diarréia) Exame para diagnóstico = Gasometria
 Alcalose Metabólica -> Perda de Ácido (casos de Vômito)

Bibliografia Consultada:
CHAMPE, Pamela C. Bioquímica Ilustrada. 3. ed.Porto Alegre: Artmed, 2006.
CUNNINGHAM, James G. Tratado de Fisiologia Veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. Universidade Tuiuti do Paraná – Curso de Medicina Veterinária.
DYCE, K. M. Tratado de Anatomia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. Fisiologia Veterinária I – 2° Período – Docente Ana Laura Angeli.
Acadêmico: Thierry Grima de Cristo.
Os demais conteúdos são derivados de anotações de aulas teóricas e práticas de “Fisiologia Veterinária I”,
ministradas nas instalações da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná,
pelas professoras Ana Laura Angeli e Tais Marchand Rocha, no período de 15/08 a 27/11 do ano de 2008.

O acadêmico responsável pela elaboração do resumo para estudo aqui contido não poderá, de forma alguma, ser ESTE MATERIAL NÃO ESTÁ ISENTO DE ERROS!
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