Cpa 10
Cpa 10
Cpa 10
PASSAR NA CPA 10
EDIÇÃO DE JULHO DE 2019 TIAGO FEITOSA
W W W .T 2 . C O M . B R
APRESENTAÇÃO
MÓDULO 1
4 SISTEMA FINACEIRO NACIONAL E PARTICIPANTES DO MERCADO
MÓDULO 2
20 ÉTICA, REGULAÇÃO E ANÁLISE DO PERFIL DO INVESTIDOR
MÓDULO 3
42 NOÇÕES DE ECONOMIA E FINANÇAS
MÓDULO 4
67 PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTO
MÓDULO 5
76 FUNDOS DE INVESTIMENTO
MÓDULO 6
123 INSTRUMENTOS DE RENDA FIXA E RENDA VARIÁVEL
MÓDULO 7
163 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
MÓDULO 1
SISTEMA
FINANCEIRO
NACIONAL
E PARTICIPANTES
DO MERCADO
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 3 A 5 QUESTÕES.
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Você já pensou em como milhões de pessoas e empresas, todos os dias, conseguem transacionar
recursos entre si com total segurança? Pois é, isso só é possível graças a estrutura que existe em
nosso sistema financeiro.
O Sistema financeiro Nacional é um conjunto de regras, instituições e órgãos reguladores que trazem
segurança, transparência e agilidade nas transações financeiras Brasil afora.
Esse primeiro módulo de seu estudo é dedicado a detalhar a você, futuro profissional certificado
CPA-20, quem são os agentes desse sistema, sua estrutura e suas funções.
O SFN tem, através de sua estrutura, algumas funções e, para nosso estudo, vamos destacar duas:
1. Prestação de serviços de gerenciamento de recursos: aqui estamos falando de quando você
abre o APP do banco, faz o pagamento de uma conta de luz e no outro dia o dinheiro vai parar na
conta concessionária de luz de sua cidade. Parece mágica, mas não é, estamos falando do SFN.
2. Intermediação financeira: nesse caso estamos falando de você, enquanto investidor (aqui
nesse módulo vamos chamar o investidor de agente superavitário, guarde esse nome, ok?)
pode investir o dinheiro em um banco e o banco, por sua vez, pode emprestar seu dinheiro ao
tomador de crédito (o tomador de crédito será chamado, nesse módulo de agente deficitário).
Deixe-me ilustrar um pouco mais sobre a importância do SFN para nossa economia.
Imagine que na cidade de Guaxupé-MG tenha um jovem empreendedor que tem uma ideia incrível
de um negócio que, se der certo, pode acabar com a fome do mundo. O problema é que esse jovem
empreendedor não tem recursos financeiros para iniciar seu projeto.
Agora vamos viajar para a cidade de Dourados-MS e nos deparar com um senhor recém aposentado
que possui alguns milhões de reais em sua poupança financeira.
Seria legal se promovêssemos o encontro desses 2 personagens para quem sabe, o senhor que
tem dinheiro sobrando (agente superavitário) possa emprestar ao jovem empreendedor (agente
deficitário) e assim, eles, juntos, possam acabar com a fome do mundo. Bem, você deve saber que
promover esse encontro pode não ser tão simples.
O jeito mais simples para isso é: o agente superavitário deposita esse recurso em um banco, recebe
um rendimento sobre esse valor, o banco, por sua vez, empresta ao jovem que pagará juros por isso.
Graças ao SFN nós pudemos, nesse exemplo, acabar com a fome no mundo.
5 PASSAR NA CPA 10
Bem, acabar com a fome no mundo, infelizmente não é tão simples assim, mas o SFN existe justa-
mente para deixar as transferências entre os agentes do sistema simples, segura e ágil.
O ponto que quero destacar aqui é que no exemplo do jovem empreendedor e do senhor aposentado
é que TODOS GANHARAM essa transação.
O jovem empreendedor conseguiu viabilizar seu projeto, o senhor aposentado recebeu rendimentos
por isso, o banco que intermediou essa operação ganhou na diferença de taxas (chamamos essa
diferença de taxa de spread. Vou falar sobre isso mais para a frente) e, sobretudo, a sociedade civil
também ganhou com um projeto que acaba com a fome.
Agora que você já entendeu que o SFN permite o gerenciamento de recursos e a intermediação fi-
nanceira vamos entender como, de fato, essas coisas acontecem em nosso sistema e sua estrutura.
Para que possamos ter uma segurança no sistema temos uma hierarquia de órgãos e associações
regulam, fiscalizam e auto regulam o sistema. Vamos falar sobre cada um deles agora.
Criado pela Lei 4.595/1964, o CMN compõe a estrutura básica do Ministério da Econômica, mas é o
ór-gão deliberativo máximo do SFN, em outras palavras, é a autoridade máxima do SFN, o chefe. O
SFN está subordinado apenas ao presidente da República. Esse conselho é formado por
ministro da Economia, que o presidirá; o presidente do BC; e o secretário Especial de Fazenda do
Ministério da Economia.
Já que eu disse que o CMN é o chefe do sistema tenho que destacar suas deliberações.
O CMN vai deliberar entre outras coisas sobre:
⯁⯁ as diretrizes e normas das políticas monetária, creditícia e cambial;
⯁⯁ por regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização dos intermediários financeiros;
⯁⯁ adaptar o volume dos meios de pagamento às necessidades da economia nacional, podendo
autorizar as emissões de papel-moeda;
⯁⯁ propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à
maior e ciência do sistema de pagamentos e de movimentação de recursos;
⯁⯁ zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
6 PASSAR NA CPA 10
⯁⯁ disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em todas as
suas formas, inclusive prestações de quaisquer garantias por parte das instituições financeiras;
⯁⯁ expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas instituições financeiras;
⯁⯁ definir o percentual e a forma de recolhimentos compulsórios;
⯁⯁ regulamentar, fixando limites, prazos e outras condições, as operações de redesconto e de emprés-
timo, efetuadas com quaisquer instituições financeiras públicas e privadas de natureza bancária.
Antes de irmos ao próximo tópico, você notou que algumas palavras acima estão em destacadas
em negrito? Não foi um erro de edição não, fiz isso para que você lembre das palavras chave que
estão associadas ao CMN. Ou na seja, na sua prova, quando a Anbima citar uma das palavras
que estão em negrito lembre-se do chefão, está bem?
O CMN conduz o SFN com sua atividade regulatória por meio de elaboração de atos normativos,
que chamamos de resoluções, que são deliberadas pelo CMN e publicadas no site do Banco
Central do Brasil. Por falar em Banco Central do Brasil que, para nós, será simplesmente BACEN,
vamos falar sobre ele agora.
O BACEN é uma autarquia federal criada pela Lei 4.595 de 1964, (faz tempo não?) vinculada ao Minis-
tério da Econômica, mas que dispõe de personalidade jurídica e patrimônio próprios.
Sua estrutura organizacional é comandada por uma diretoria colegiada, composta por nove membros:
o presidente e oito diretores, cada um responsável por uma diretoria específica.
Todos os membros da diretoria colegiada são nomeados pelo presidente da República, entre brasilei-
ros de reputação ilibada e notória capacidade em assuntos econômico-financeiros, após aprovação
pelo Senado Federal.
O BACEN tem, entre suas atribuições fiscalizar as instituições financeiras, mas não só isso. Vamos
destacar aqui as atribuições do chefe dos bancos:
⯁⯁ emitir papel-moeda, nas condições e limites autorizados pelo CMN;
⯁⯁ receber os recolhimentos compulsórios;
⯁⯁ realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
⯁⯁ conduzir as políticas monetária, cambial e de crédito;
⯁⯁ determinar, via Comitê de Política Monetária (Copom), a meta da taxa de juros de referência
para as operações de um dia (Taxa Selic);
⯁⯁ efetuar o controle de todas as formas de crédito e dos capitais estrangeiro;
⯁⯁ fiscalizar e disciplinar as instituições financeiras e demais entidades autorizadas a operar pelo BACEN;
⯁⯁ conceder autorização de funcionamento às instituições financeiras;
7 PASSAR NA CPA 10
⯁⯁ estabelecer condições para a posse e para o exercício de quaisquer cargos de administração
de instituições financeiras privadas;
⯁⯁ decretar regimes especiais em instituições financeiras.
⯁⯁ gerir o Sistema de Pagamento Brasileiro SPB (vamos falar sobre o SBP ainda nesse módulo) e
os serviços de meio circulante.
Notou as palavras que estão em negrito? Essas são as palavras chave que você pode associar ao
BACEN. Se comprar com o CMN vai notar que enquanto o CMN disciplina o mercado o BACEN
executa normas que o mercado funcione como fora determinado pelo CMN.
Para o BC (BC é um outro jeito de chamar o BACEN possa fiscalizar e supervisionar o mercado será
feito por meio de documentos normativos divido em três categorias:
Circulares: atos normativos pelos quais o BACEN, por delegação, cria normas para o SFN ou, também
por delegação, regulamenta as normas contidas em resoluções do CMN;
Cartas circulares: instrumentos para esclarecer dúvidas ou divergências quanto à interpretação e
à aplicação de disposições normativas;
Comunicados: documentos administrativos de âmbito externo, que têm por finalidade divulgar
deliberação ou informação relacionada à área de atuação do BACEN.
Agora que já falamos sobre o BACEN vamos avançar um pouco mais em nossos conhecimentos sobre
os órgãos reguladores. Agora, falando da Comissão de Valores Mobiliários.
Criada pela Lei 6.385/1976, é uma autarquia federal que, embora seja vinculada ao Ministério da
Econômica, não está subordinada hierarquicamente a ele. Igualmente, embora esteja ligada ao
CMN, a maior parte das atividades da CVM não decorrem da execução das determinações dele,
mas sim de atribuições legais próprias. Em outras palavras a CVM tem autonomia para criar
normas para o mercado de capitais. Chamamos as normas de CVM de “Instrução Normativa CVM”.
A administração da CVM fica a cargo de um presidente e quatro diretores, nomeados pelo presidente
da República, depois de aprovados pelo Senado Federal.
8 PASSAR NA CPA 10
⯁⯁ assegurar o acesso do público a informações tempestivas e de qualidade;
⯁⯁ estimular a formação de poupança e seu investimento em valores mobiliários;
⯁⯁ assegurar e fiscalizar o funcionamento eficiente das bolsas de valores, do mercado de balcão
e das bolsas de mercadorias e futuros.
Aqui não tem nenhuma palavra em negrito porque eu não quero viciar você. Mas quero destacar
aqui que o principal papel da CVM é proteger e promover um ambiente seguro para os inves-
tidores. Se você ler novamente os tópicos acima vai notar que tudo se resume em entregar um
ambiente seguro para o investidor.
Antes de seguirmos com a Susep, permita-me fazer uma pausa rápida para apresentar mais um
órgão, o CNSP. O Conselho Nacional de Seguros Privados é a maior autoridade no mercado de
segu-ros privados e a Susep está vinculada a ele. Fiz uma apresentação bem rápida porque o CNSP
não é tema da prova, ok?
A Susep é administrada por um conselho diretor, composto pelo superintendente e por quatro dire-
tores. Nomeados pelo presidente da República
⯁⯁ fiscalizar
Dentre as principais atribuições
a constituição, e competências
organização, da Susep, destacam-se:
funcionamento e operação das sociedades seguradoras,
de capitalização, entidades de previdência complementar aberta e resseguradores;
⯁⯁ proteger a captação de poupança popular realizada por meio de operações de seguro, previ-
dência complementar aberta, de capitalização e resseguro;
⯁⯁ zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados;
⯁⯁ promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles
vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e
do Sistema Nacional de Capitalização;
⯁⯁ promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, zelando pela liquidez e solvência das
sociedades que integram o mercado;
⯁⯁ disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em
bens garantidores de provisões técnicas;
9 PASSAR NA CPA 10
⯁⯁ investigar e punir descumprimentos à regulação de mercados de seguro e previdência
complementar aberta;
⯁⯁ cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP;
Assim como a CVM podemos destacar o papel da Susep em proteger os investidores, o que muda
aqui é que a Susep vai supervisionar os mercados de seguros privados, previdência e capitalização
garantido que quando seu cliente investe em uma previdência privada ele esteja investindo em
um produto regulamentado.
TESOURO NACIONAL
Não, não estamos falando de um baú gigante de madeira com cadeado antigo no fundo dos mares
brasileiros. O Tesouro Nacional está mais para um grande caixa eletrônico que só o Governo pode usar.
Você, assim, como todo cidadão brasileiro paga muitos impostos ao longo do ano, certo? Já se per-
guntou onde, de fato, esse dinheiro vai parar? Se respondeu no bolso de alguns políticos corruptos,
acertou, mas não é correto dizer isso.
O Tesouro Nacional e responsável por cuidar dos recursos da União. Todos os impostos que pagamos
ao longo dos anos vão parar no caixa do Tesouro. De posse desse dinheiro, o Tesouro vai gerir de
acordo com a demanda do Estado. Esses recursos deveriam ser devolvidos à sociedade em forma
de serviços como saúde, segurança e educação.
Acontece que nem sempre o que o governo arrecada é suficiente para cumprir essas obrigações e,
para isso, o governo pode lançar mão do recurso de emitir títulos públicos no mercado. Os títulos
públicos representam, de uma maneira bem objetiva, a dívida da união e, por sua vez, essa dívida é
também gerida pelo Tesouro Nacional.
É importante você entender esse tema para pode ir bem no tema títulos públicos federais que
falaremos mais adiante.
DEALERS
Os Dealers são instituições financeiras credenciadas pelo Tesouro Nacional. O objetivo delas é pro-
mover o desenvolvimento dos mercados primário e secundário de títulos públicos.
Os Dealers atuam tanto nas emissões primárias de títulos públicos federais como na negociação no
mercado secundário desses títulos. Atualmente, o Tesouro Nacional possui 12 Dealers, dos quais dez
são bancos e dois são corretoras ou distribuidoras independentes.
10 PASSAR NA CPA 10
Em outras palavras, os dealers são as instituições financeiras que participam ativamente do processo
de compra e venda de títulos públicos para financiar o governo, bem como ser utilizado pelo BACEN
como política monetária.
O desempenho de cada instituição é avaliado a cada seis meses. Aquelas com o pior desempenho
são substituídas. A seleção é feita mediante avaliação, baseada, sobretudo, nas participações em
ofertas públicas e no mercado secundário de títulos públicos.
Você está aqui justamente por conta da ANBIMA, certo? Então, é justo que eu faça uma apre-
sentação que faça jus a importância da ANBIMA para o mercado de capitais brasileiro, para os
investidores e para você, profissional.
A ANBIMA é uma associação privada e foi criada em 2009, mas sua história começou antes. Isso
porque é fruto da fusão de duas outras associações, a Associação Nacional dos Bancos de Inves-
timento (Anbid), criada em 1967, e a Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro
(Andima), criada em 1971.
A ANBIMA tem função de autorregular o mercado de capitais, em outras palavras, a ANBIMA cria,
através de seus códigos de regulação e melhores práticas, procedimentos para que seus participantes
(os associados) possam exercer suas funções no mercado com mais ética e transparência dando,
aos investidores, melhores subsídios na tomada de decisão por investimentos. A partir do próximo
módulo, a gente vai estudar os códigos de auto regulação criados pela Anbima.
BANCO COMERCIAL
Você, com certeza, ao andar pelas ruas de sua cidade, já tropeçou em uma agência do Banco do
Brasil, certo? Acredite em mim, a agência bancária é apenas um pequeno pedaço das operações dos
bancos. Uma agência bancária oferece, entre outros serviços, o serviço de conta corrente, é sobre
isso que vamos falar agora.
Conta corrente é também chamado de “depósito à vista” e tem esse nome sofisticado por uma razão
muito simples: sempre que você deposita dinheiro em sua conta corrente esse recurso tem de estar
a sua disposição a qualquer momento, inclusive no mesmo dia do depósito.
Ao contrário do depósito à vista nós temos o depósito a prazo que, como o próprio nome sugere,
é um depósito que tem um prazo para ser devolvido ao depositante. Este, invariavelmente, gera
rendimentos ao depositante.
11 PASSAR NA CPA 10
Com essa breve introdução sobre depósitos à vista e depósito à prazo vamos detalhar as funções
dos bancos comerciais.
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas, constituídas sob a forma de
sociedade anônima. Através deles, o agente do sistema tem a possibilidade de captação de recur-
sos (empréstimo) e rentabilidade de recursos (investimentos). Além disso, os bancos comerciais são
prestadores de serviços que tornam a transferência de recursos viável entre os agentes do sistema.
É por causa deles que você pode transferir dinheiro para alguém da sua família, por exemplo.
⯁⯁ Algumas funções que destacamos sobre os bancos comerciais são:
⯁⯁ captação de recursos através do depósito à vista (conta corrente);
⯁⯁ captação de recursos através de depósitos a prazo: CDB, Letra Financeira;
⯁⯁ aplicação de recursos através de desconto de títulos;
⯁⯁ abertura de crédito simples em conta corrente: cheque especial;
⯁⯁ operações de crédito rural, câmbio e comércio internacional;
⯁⯁ prestação de serviços: cobrança bancária, arrecadação de tarifas e tributos públicos, etc.
BANCOS DE INVESTIMENTOS
Como o nome já diz, estes bancos são focados em investimentos. Eles são responsáveis por fomentar
os investimentos a médio e longo prazo para pessoa física e jurídica. Em outras palavras, são res-
ponsáveis por conceder crédito a médio e longo prazo. Apesar de ser admitido a abertura de conta
corrente, esse banco não tem foco nesse serviço e não pode fornecer talão de cheques. Em sua
denominação social deve constar, obrigatoriamente, a expressão “Banco de Investimento”.
12 PASSAR NA CPA 10
OUTRAS MODALIDADES DE BANCOS
Falamos, até agora, sobre bancos comerciais e bancos de investimentos. Acontece que esses ban-
cos não preenchem todo espaço de serviços financeiros existentes no Brasil e, por isso, temos mais
algumas modalidades (também chamado de carteira) de bancos. Vamos a eles:
Sociedade de Crédito Imobiliário: como o nome sugere essa a instituição responsável por conceder
empréstimos para financiamento imobiliário;
Sociedade de Crédito Financiamento e Investimentos: se você é palmeirense conhece bem a
Crefisa, né? Se você não é palmeirense e não entendeu a “piada interna” a Crefisa é uma financeira
dedicada a fazer empréstimo direto ao consumidor. É isso que uma sociedade de crédito financia-
mento e investimento faz.
De desenvolvimento: esse banco é o único que, por lei, deve ser um banco público e tem a função
de fornecer linhas de crédito com o objetivo de desenvolver a economia. Um exemplo é o BNDES.
Aquele banco que emprestou dinheiro com juros subsidiados para a JBS, lembra?
De arrendamento mercantil: a palavra mercantil vem de “mercadoria”. Esse banco vai arrendar
uma mercadoria (máquinas, equipamentos) para pessoas físicas e empresas. Em outras palavras,
esse banco faz leasing.
BANCOS MÚLTIPLOS
Agora que você já viu que um banco possui diversas modalidades de operação eu te pergunto: como
será a contabilidade desses bancos na hora de divulgar o balanço da empresa com o resultado? Ainda
bem que, em 1988, através da resolução do CMN 1.524, ficou autorizado a criação do banco multiplo.
Basicamente um banco múltiplo é um único banco que vai operar, como o nome sugere, múlti-
plas carteiras. Uma dessas carteiras deve, contudo, obrigatoriamente ser comercial ou de in-
vestimento; os bancos múltiplos que dispõem de carteira comercial, por sua vez, podem captar
depósitos à vista. De todo modo, qualquer banco múltiplo deve conter em sua denominação,
obrigatoriamente, a expressão “Banco”.
Por que isso é importante? Porque esses bancos podem operar em cada carteira com CNPJ da
carteira, mas publicar balanço em um único CNPJ, o do banco múltiplo.
Você vai ouvir muito falar em “corretoras” durante o curso e também no desenvolver de sua carreira
no mercado financeiro, mas antes de entrarmos nos detalhes das corretoras vale lembrar que “cor-
retora” é somente o nome popular das Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários. Claro
que é mais fácil chamar só de corretora, né?
13 PASSAR NA CPA 10
As corretoras são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade por ações ou por
quotas de responsabilidade limitada.
Uma corretora tem, como principal, função promover a intermediação de títulos e valores mobiliários
e, boa parte dessas negociações, são feitas via B3. Ou seja, para o investidor ter acesso aos produtos
negociados na bolsa de valores é necessário que ele o faça por intermédio de uma corretora.
Uma coisa importante: embora uma corretora esteja ligada a negociação de ativos na bolsa de valores,
suas funções vão muito além disso. Vamos destacar algumas aqui:
⯁⯁ operar em bolsas de valores, mercadorias e futuros por conta própria ou de terceiros;
⯁⯁ subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;
⯁⯁ comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;
⯁⯁ encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários;
⯁⯁ exercer funções de agente fiduciário;
⯁⯁ instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
⯁⯁ emitir certificados de depósito de ações;
⯁⯁ intermediar operações de câmbio;
⯁⯁ praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes;
⯁⯁ praticar operações de conta margem;
⯁⯁ realizar operações compromissadas;
⯁⯁ praticar operações de compra e venda de metais preciosos no mercado físico, por conta
própria e de terceiros.
Além disso, as corretoras também podem auxiliar os investidores com a disponibilização para clientes
de informações provenientes de seus departamentos técnicos ou de análises de empresas, títulos e
fundos de investimento. Ademais, cabe observar que em sua atuação as corretoras estão sujeitas à
fiscalização da bolsa de valores, da CVM e do BACEN.
Eu diria que uma sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários, conhecida como DTVM, é
uma irmã da corretora. Talvez tenham sido separadas na maternidade, mas não deixa de ser irmãs.
Digo separada na maternidade pois, em sua origem uma DTVM diferenciava-se apenas por não poder
negociar no ambiente da bolsa de valores.
Em 2009 uma decisão conjunta do BACEN e CVM tirou essa vedação e, a partir dai, as DTVMs podem
fazer exatamente a mesma coisa que uma CTVM. Ou seja, hoje, não existe nenhuma diferença entre
uma DTVM e uma CTVM.
14 PASSAR NA CPA 10
SISTEMAS E CÂMARAS DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA.
Os sistemas de liquidação e custódia são chamados de clearing. Por isso, guarde bem esse nome
pois vamos usar muito durante todo seu curso.
Traduzindo ao pé da letra, a clearing seria “lugar onde tudo funciona do jeito certo, sem medo de ninguém
pegar seu dinheiro e sumir, porque lá as pessoas tomam conta de tudo”. Ou algo mais ou menos assim.
Os títulos que são negociados hoje no sistema financeiro são somente escriturais, ou seja, não existe
os títulos físicos, somente informação lógica nos sistemas.
A bolsa de valores tem um papel importante de intermediação pois fornece um ambiente eletrônico
para negociação de títulos e valores mobiliários. Através da bolsa que investidores podem comprar
e vender ativos no mercado.
A negociação em ambiente de bolsa busca a melhor formação de preços, por meio de um nível
elevado de transparência anterior e posterior à negociação, uma vez que a bolsa divulga em tempo
real as ofertas de compra e venda inseridas em seus sistemas, assim como as operações realizadas.
No Brasil, a B3 é a bolsa multiativos e multimercado que atua como central depositária de a vos,
câmara de compensação e liquidação, bem como contraparte central garantidora. Como adminis-
tradora de mercados organizados de bolsa e balcão no Brasil, a B3 oferece estrutura integrada de
negociação e pós-negociação para todas as principais classes de ativos.
As negociações na bolsa de valores são feitas por meio de instituições habilitadas, ou seja, o
investidor não pode acessar o ambiente de negociação da bolsa, a não ser por meio de uma
instituição financeira habilitada.
15 PASSAR NA CPA 10
Na B3 negocia-se, entre outras coisas:
⯁⯁ ações de empresas sociedades anônimas;
⯁⯁ derivativos (contratos que derivam de um outro ativo, podendo ser esse outro ativo ações,
commodities, moedas e taxas);
⯁⯁ cotas de fundos de investimentos;
Vamos falar, agora, sobre as instituições habilitadas para operar no ambiente da bolsa, as sociedades
corretoras de títulos e valores mobiliários.
Desde 2002, quando houve uma grande reforma no SPB decorrente da edição da Lei 10.214/2001
(conhecida como “Lei do SPB” e que estabeleceu o fundamento legal e regulatório das câmaras
de compensação e liquidação), proporcionou-se a interligação dos sistemas dos participantes
do mercado, que também participaram a ativamente dessa reformulação. Isso de modo que
pessoas físicas, empresas, governos e instituições financeiras passaram a poder realizar trans-
ferências de dinheiro para pagamentos, cobertura de saldos, aplicações e outras finalidades
com muito mais segurança e rapidez.
Além disso, o SPB se caracteriza atualmente pela base legal sólida e abrangente, pelo uso obrigatório
de contrapartes centrais para a liquidação de obrigações, pela certeza da liquidação dada pela con-
traparte central com base em mecanismos de gerenciamento de riscos e salvaguardas, bem como
pela irrevogabilidade e finalidade das liquidações.
16 PASSAR NA CPA 10
SIMULADO - MÓDULO 1
Essas questões foram extraídas do material oficial oferecido pela Anbima e, por essa razão, cabe res-
saltar que essas questões não fazem parte do programa de certificação e responder essas questões
ajudarão você e testar seus conhecimentos, mas não deve ser confundido com expectativa de cair
essas questões em sua prova.
17 PASSAR NA CPA 10
5. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é
A. uma autarquia vinculada e diretamente subordinada ao Ministério da Econômica;
B. composta por um presidente e quatro diretores, todos nomeados pelo Ministro da
Econômica;
C. responsável por regulamentar as matérias previstas na Lei das Sociedades Anônimas;
D. responsável por ressarcir os investidores por danos sofridos em investimentos realiza-
dos no mercado de capitais.
18 PASSAR NA CPA 10
GABARITO - MÓDULO 1
6. D. Justificativa: Compete à Susep proteger a captação de poupança popular, realizada por meio
de operações de seguro, previdência complementar aberta, de capitalização e resseguro;
19 PASSAR NA CPA 10
MÓDULO 2
ÉTICA,
REGULAÇÃO
E ANÁLISE
DO PERFIL DO
INVESTIDOR
Este capítulo se propõe a expor algumas
das principais medidas adotadas pelos
participantes de mercado para prevenir
lavagem de dinheiro, bem como identificar
de maneira adequada os investidores.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 8 A 10 QUESTÕES.
PREVENÇÃO CONTRA A LAVAGEM DE DINHEIRO
Para começarmos esse módulo (que é muito importante para sua prova e sua carreira), quero
deixar uma sugestão de um filme para seu momento de lazer: “Polícia Federal, a lei é para todos”.
Esse é um filme que, para alguns, tem viés político. Mas o ponto é que o filme mostra os basti-
dores da Operação Lava Jato, e não há nada mais atual e real no combate ao crime de lavagem
de dinheiro do que essa operação.
Deixando o seu momento de lazer de lado e voltando aos estudos, vamos entender a impor-
tância da prevenção à lavagem de dinheiro.
Em termos simples, a lavagem de dinheiro corresponde à prática pela qual se inserem na eco-
nomia formal recursos decorrentes de atividades ilícitas, por meio da ocultação ou dissimula-
ção de sua verdadeira origem.
Em sua forma mais recorrente, portanto, a lavagem de dinheiro envolve três etapas indepen-
dentes, que muitas vezes ocorrem de forma sequencial ou simultânea.
Ocultação: a segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento contábil dos re-
cursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências que conecta o dinheiro à sua origem
ilícita. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos para con-
tas anônimas, preferencialmente em países amparados por fortes leis de sigilo bancário;
21 PASSAR NA CPA 10
atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a ca-
deia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.
Na legislação brasileira, o conceito de lavagem está expresso na Lei 9.613/98 que, em seu artigo
1°, conceitua o crime de lavagem como “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal”.
Contudo, é importante notar que o referido artigo, em seus parágrafos 1° e 2°, impõe as mes-
mas penas para quem:
“(...) ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal:
⯁⯁ os converte em ativos lícitos;
⯁⯁ os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depó-
sito, movimenta ou transfere;
⯁⯁ importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros;
⯁⯁ utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes
de infração penal;
⯁⯁ participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade
principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
Resumindo: ficam sujeitas às punições aplicáveis aos crimes de lavagem de dinheiro to-
dos que de alguma forma contribuem para qualquer uma das etapas tradicionais do
processo de lavagem de dinheiro.
O COAF é o órgão máximo no combate à lavagem de dinheiro. Ele está vinculado ao Ministério
da Economia1 e tem como finalidade disciplinar, aplicar penas administrativas, receber,
exami-nar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas na Lei, sem
prejuízo da competência de outros órgãos e entidades.
1. A partir de Janeiro de 2019, o COAF passa ser vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. No
entanto, segundo o edital da Anbima, será cobrado em sua prova temas que estejam vigentes a pelo menos 6
meses, portanto, durante o primeiro semestre 2019 devemos levar para a prova o conteúdo da maneira que está
exposto na apostila.
22 PASSAR NA CPA 10
Porém, para que as atividades do COAF sejam bem-sucedidas, é importante que todas as insti-
tuições visadas, no que diz respeito à lavagem de dinheiro proveniente do crime, mantenham
em registro todas as informações de relevância sobre seus clientes e suas operações.
Além dos bancos, devem combater a lavagem de dinheiro as empresas e instituições que tra-
balham com a comercialização de jóias, metais preciosos e obras de arte. Esses são casos clás-
sicos de produtos usados para praticar o crime.
Além do COAF, outras autoridades, tais como o BACEN, a CVM, a Polícia Federal, a Receita
Federal, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público cumprem importante papel no
combate à lavagem de dinheiro.
No que se refere ao sistema financeiro, contudo, merecem especial atenção as normas emiti-
das pela CVM e pelo BACEN. As principais iniciativas regulatórias advindas desses órgãos para
combate à lavagem de dinheiro são:
⯁⯁ Instrução CVM 301. Dispõe sobre a identificação, o cadastro, o registro, as operações, a
comunicação, os limites e a responsabilidade administrativa de que tratam os incisos I
e II do art. 10; I e II do art. 11; e os arts. 12 e 13 da Lei 9.613/98, referente aos crimes de
lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
⯁⯁ Circular BACEN 3.461. Consolida as regras sobre os procedimentos a serem adotados
na prevenção e no combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei
9.613/98.
Você vai ver o termo “conheça seu cliente” no seu dia a dia e também na prova da ANBIMA
através da sigla KYC (know your costumer, cuja tradução literal é conheça seu cliente).
As instituições financeiras são alvos dos criminosos porque, em seus sistemas, fica fácil colocar
e ocultar dinheiro proveniente de atividade ilícita. É exatamente por isso que o BACEN e a CVM
criaram as normas citadas no tópico anterior. Essas normas dispõem, entre outras coisas, so-
bre a identificação, cadastro, registro e comunicação de operações de seus clientes.
CADASTRO
Uma das principais atuações preventivas ao alcance das instituições financeiras diz respeito à
manutenção de um cadastro completo e atualizado dos clientes. Nesse sentido, quanto mais
completo um cadastro, mais facilmente são identificadas operações suspeitas.
23 PASSAR NA CPA 10
Para que uma instituição financeira possa atender a essa necessidade de manter o cadastro
de seu cliente atualizado, é necessário que haja processos internos devidamente delineados
para com, no mínimo, uma periodicidade para que seja feita essa atualização. Essa atualização
pode ser feita por meio de atendimento pessoal ou até mesmo atendimento eletrônico, como
caixas eletrônicos, sistema de internet ou ligações telefônicas gravadas.
Apenas ter o cadastro do cliente atualizado não é suficiente. É necessária uma observação
também na movimentação financeira do cliente e se esta é compatível com sua atividade pro-
fissional ou com sua renda declarada.
INFORMAÇÕES DO KYC
Já sabemos que o processo de “conheça seu cliente” (ou KYC) tem como principal finalidade
a prevenção ao crime de lavagem de dinheiro. Mas já que é para conhecer seu cliente, vamos
entender qual informação devemos buscar junto ao nosso cliente:
⯁⯁ dados documentais (RG, CPF, endereço), no de Pessoa Física e CNPJ no caso de Pessoa Jurídica;
⯁⯁ profissão, no caso de pessoa física;
⯁⯁ grau de escolaridade, no caso de pessoa física;
⯁⯁ patrimônio, no caso de pessoa física;
⯁⯁ renda mensal, em caso de pessoa física;
⯁⯁ faturamento mensal dos últimos doze meses, em caso de pessoa jurídica;
⯁⯁ no caso de pessoa jurídica, as informações dos sócios devem estar registradas;
Dica de ouro: esse procedimento não deve ser feito apenas para cumprir as normas do BACEN,
mas também no intuito de proteger sua instituição, bem como sua reputação como profissional.
24 PASSAR NA CPA 10
COMUNICAÇÃO AO COAF
Já falamos em um dos tópicos anteriores que o COAF é responsável pelo controle de ativida-
des financeiras com o objetivo de combater a lavagem de dinheiro, certo? O ponto é que o
COAF não conseguiria agir com eficácia se tivesse de agir sozinho. Por isso, o BACEN, delibera
em sua circular sobre a obrigação de as instituições comunicarem o COAF sobre movimenta-
ções, conforme listado abaixo:
⯁⯁ de emissão ou recarga de valores em espécie, em um ou mais cartões pré-pagos, em
montante acumulado igual ou superior a R$50.000,00 ou o equivalente em moeda es-
trangeira, no mês-calendário;
⯁⯁ de depósito em espécie, saque em espécie, ou saque em espécie por meio de cartão
pré-pago, de valor igual ou superior a R$50.000,00;
⯁⯁ de emissão de cheque administrativo, TED ou de qualquer outro instrumento de transfe-
rência de fundos contra pagamento em espécie, de valor igual ou superior a R$50.000,00;
⯁⯁ realizadas ou serviços prestados cujo valor seja igual ou superior a R$10.000,00 e que,
considerando as partes envolvidas, os valores, as formas de realização, os instrumentos
utilizados ou a falta de fundamento econômico ou legal possam configurar a existência
de indícios dos crimes previstos na Lei 9.613/98;
⯁⯁ realizadas ou serviços prestados que, por sua habitualidade, valor ou forma, configurem
artifício que objetive burlar os mecanismos de identificação, controle e registro;
⯁⯁ realizadas ou os serviços prestados, qualquer que seja o valor, a pessoas que reconheci-
damente tenham perpetrado ou intentado perpetrar atos terroristas ou neles participa-
do ou facilitado o seu cometimento, bem como a existência de recursos pertencentes ou
por eles controlados direta ou indiretamente;
⯁⯁ os atos suspeitos de financiamento do terrorismo.
As comunicações ao COAF, nesses casos, devem ser realizadas até o dia útil seguinte à sua
verificação, sem que seja dada ciência à parte cuja ação foi comunicada ou a terceiros.
Vale ainda lembrar que diversas outras empresas, por desenvolverem atividades sujeitas a sua
utilização para a lavagem de dinheiro, têm obrigações de comunicação de operações suspeitas
ao COAF. Entre elas, podemos destacar:
⯁⯁ as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
⯁⯁ as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou com-
pra e venda de imóveis;
⯁⯁ as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, obje-
tos de arte e antiguidades;
⯁⯁ as empresas de transporte e guarda de valores;
⯁⯁ as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, interme-
deiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de
recursos em espécie, tal como concessionárias automotivas.
25 PASSAR NA CPA 10
Quando falamos sobre a obrigatoriedade de comunicação ao COAF, notamos que a cir-
cular do BACEN dispõe que todas operações suspeitas devem ser comunicadas ao COAF.
Para sair do campo da subjetividade, vamos detalhar um pouco mais o que seriam, segun-
do a BACEN, operações suspeitas:
⯁⯁ operações cujos valores pareçam ser objetivamente incompatíveis com a ocupação pro-
fissional, os rendimentos e/ou a situação patrimonial ou financeira de qualquer parte
envolvida, tomando-se por base as respectivas informações cadastrais;
⯁⯁ operações realizadas entre as mesmas partes ou em benefício das mesmas partes, nas
quais haja seguidos ganhos ou perdas no que se refere a algum dos envolvidos;
⯁⯁ operações que evidenciem oscilação significativa em relação ao volume e/ou frequência
de negócios de qualquer das partes envolvidas;
⯁⯁ operações cujos desdobramentos contemplem características que possam constituir ar-
tifício para burla da identificação dos efetivos envolvidos e/ou beneficiários respectivos;
⯁⯁ operações cujas características e/ou desdobramentos evidenciem atuação, de forma rei-
terada, em nome de terceiros;
⯁⯁ operações que evidenciem mudança repentina e objetivamente injustificada relativa-
mente às modalidades operacionais usualmente utilizadas pelo(s) envolvido(s);
⯁⯁ operações realizadas com finalidade de gerar perda ou ganho para as quais falte, objeti-
vamente, fundamento econômico;
⯁⯁ operações com a participação de pessoas naturais residentes ou entidades constituídas
em países que não aplicam ou aplicam insuficientemente as recomendações do Grupo
de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gaf);
⯁⯁ operações liquidadas em espécie, se e quando permitido;
⯁⯁ transferências privadas, sem motivação aparente, de recursos e de valores mobiliários;
⯁⯁ operações cujo grau de complexidade e risco se configurem incompatíveis com a qualifi-
cação técnica do cliente ou de seu representante;
⯁⯁ depósitos ou transferências realizadas por terceiros, para a liquidação de operações de
cliente, ou para prestação de garantia em operações nos mercados de liquidação futura;
⯁⯁ pagamentos a terceiros, sob qualquer forma, por conta de liquidação de operações ou
resgates de valores depositados em garantia, registrados em nome do cliente;
⯁⯁ situações em que não seja possível manter atualizadas as informações cadastrais
de seus clientes;
⯁⯁ situações em que as diligências previstas de confirmação de identificação ou de exigên-
cias adicionais a pessoas politicamente expostas não possam ser concluídas;
⯁⯁ operações ou propostas cujas características indiquem risco de ocorrência dos crimes
previstos na Lei 9.613/98, ou com eles relacionados;
⯁⯁ propostas de início de relacionamento e operações com pessoas politicamente expostas
de nacionalidade brasileira e as oriundas de países com os quais o Brasil tenha elevado
número de transações financeiras e comerciais, fronteiras comuns ou proximidade étni-
ca, linguística ou política;
⯁⯁ operações oriundas ou destinadas a países ou territórios que aplicam insuficientemente
as recomendações do Gaf, conforme informações divulgadas pelo próprio BACEN;
26 PASSAR NA CPA 10
RESPONSABILIDADES ADMINISTRATIVAS E
LEGAIS DE ENTIDADES E PESSOAS FÍSICAS
SUJEITAS À LEI E À REGULAMENTAÇÃO
Essa obrigação carrega em si séria consequência administrativa, uma vez que, caso veri-
ficada alguma irregularidade, esse diretor constará, junto com a instituição, como parte
do Processo Administrativo Sancionador correspondente, estando sujeito a penalidades
administrativas na pessoa física.
Ademais, outros administradores das instituições financeiras que deixem de cumprir as obriga-
ções de prevenção à lavagem de dinheiro também estarão sujeitos a penalidades administrativas,
sem prejuízo de eventual responsabilização civil ou penal. Nos termos da Lei 9.613/98, as penali-
dades administrativas cabíveis – que podem ser aplicadas cumulativamente – são as seguintes:
⯁⯁ advertência;
⯁⯁ multa pecuniária variável não superior:
i. ao dobro do valor da operação;
ii. ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realiza-
ção da operação; ou
iii. ao valor de R$20.000.000,00, o que for menor;
iv. inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de
administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9o da Lei 9.613/98;
v. cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação
ou funcionamento.
RESPONSABILIDADES E CORRESPONSABILIDADES
No tópico anterior falamos sobre as penalidades que incorrem sobre as pessoas físicas e jurídicas
que estão sujeitas à lei de lavagem de dinheiro. Isso partindo do princípio de que não há crime sem
que que haja um criminoso. Por essa razão, vamos entender as penalidades para os criminosos.
27 PASSAR NA CPA 10
REDUÇÃO DE PENA
O criminoso terá sua pena reduzida de 1 a 2/3, ou até mesmo será convertido o regime prisio-
nal, se ele colaborar com as investigações e entregar provas de sua colaboração.
ÉTICA NA VENDA
O mercado financeiro tem uma ética própria, que precisa ser respeitada nas interações de seus
representantes junto ao público, a fim de zelar pela construção de uma relação de confiança,
sem a qual o desenvolvimento do mercado financeiro não é viável. Ou seja, é necessário ter
visão de longo prazo na relação com clientes. Afinal, se o mercado financeiro atuar de forma
predatória e extra vista junto ao público, este se sentirá acuado e desencorajado a adquirir
produtos e contratar serviços.
Claro que, em se tratando de ética, teríamos muito a tratar. Porém, para sua prova de certifi-
cação CPA-10, vamos tratar de venda casada, restrições do investidor, além dos padrões éticos
de front runner e insider trading.
VENDA CASADA
Eu costumo dizer por aqui que “quem nunca fez uma venda casada que atire a primeira capi-
talização”. Embora seja, infelizmente, comum no mercado - que, aliás, deveria ser combatida –,
a venda casada é uma prática vedada no mercado.
Em termos mais técnicos a venda casada é o ato de subordinar a venda de um produto ou ser-
viço à aquisição de um outro produto ou serviço.
Para um exemplo prático, é só imaginar um gerente de uma agência bancária que condiciona
a emissão de um cartão de crédito à compra de título de capitalização que, carinhosamente,
chama de “poupança forçada”.
Importante ressaltar que a venda casada não se caracteriza por vantagens oferecidas a clien-
tes em nome do relacionamento que possui com a instituição. Como exemplo podemos usar o
fato de os bancos, por padrão, ofereçam a seus clientes isenção de tarifas bancárias quando o
investidor possui um determinado volume financeiro aplicado com aquela instituição.
28 PASSAR NA CPA 10
RESTRIÇÕES DO INVESTIDOR: IDADE, HORIZONTE
DE INVESTIMENTO, CONHECIMENTO DO
PRODUTO E TOLERÂNCIA AO RISCO
Dentro da proposta de uma conduta ética que visa zelar pela relação de longo prazo com
os clientes, o sistema financeiro e seus profissionais devem, independentemente de qual-
quer imposição regulatória, calibrar as recomendações que fazem aos clientes a necessi-
dades, anseios e limitações deles.
Nesse sentido, importa analisarmos quatro variáveis comuns a qualquer cliente: idade, hori-
zonte de investimento, conhecimento do produto e tolerância ao risco.
Horizonte de investimento: a palavra “horizonte” em nosso mercado pode ser traduzida por
“tempo”. Por isso, horizonte de investimento seria o tempo que o investidor irá precisar do seu
recurso. Se o investidor está investido recursos para uma viagem que acontecerá em 3 meses,
não se pode alocar os recursos desse investidor em produtos com vencimento mais longo e
sem possibilidade de resgate. Ao passo que um investidor jovem que investe para sua aposen-
tadoria, que está programada para acontecer em 30 anos, estará mais disposto a assumir um
produto de investimento com vencimento maior.
Conhecimento do produto: não se pode esperar que o cliente tenha um conhecimento prévio
do produto que está adquirindo. No entanto, espera-se que você, enquanto profissional do
mercado financeiro certificado pela ANBIMA, informe ao cliente todas as condições do produ-
to. Em razão disso, é inadequado sugerir produtos de maior complexidade para clientes com
conhecimentos e experiência de investimentos limitados.
Tolerância ao risco: eu tenho pavor de altura e, por isso, pular de paraquedas é uma experi-
ência que eu não recomendo. No entanto, essa adrenalina pode fazer muito bem a algumas
pessoas. No mercado financeiro a lógica é a mesma. Ao passo que alguns investidores têm um
apetite maior para produtos mais arrojados, temos investidores que são conservadores e não
estão dispostos a assumir riscos com investimentos.
29 PASSAR NA CPA 10
ANÁLISE DO PERFIL DO INVESTIDOR – API
Esse é um tema que tem um peso considerável em sua prova da Anbima e isso tem uma razão
bem óbvia. Você, enquanto profissional certificado, tem, entre outras atribuições, a missão de re-
comendar produtos de investimentos a seus clientes e essa recomendação deve ser pautada na
real necessidade do investidor. Para dar mais respaldo à sua recomendação é que a CVM, através
da instrução normativa 539, vai regular esse instrumento de análise de perfil do investidor.
Cada instituição terá seu procedimento para colher informações de perfil do investidor, mas a
premissa dos pontos a serem analisados são:
⯁⯁ o período em que o cliente deseja manter o investimento;
⯁⯁ as preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos;
⯁⯁ as finalidades do investimento.
Para além desses pontos, os responsáveis pelas verificações de suitability devem considerar os
custos associados a produtos, serviços ou operações – tanto diretos como indiretos –, abstendo-
se de recomendar aqueles que impliquem custos excessivos e inadequados ao perfil do cliente.
Para avaliar esse perfil, contudo, os responsáveis pelas verificações de suitability devem avaliar
e classificar seus clientes em categorias de risco previamente estabelecidas por eles mesmos.
Embora o perfil do investidor possa ser bem detalhado, o mercado trabalha conceitualmente
com 3 perfis de investidor:
⯁⯁ conservador;
⯁⯁ moderado;
⯁⯁ agressivo.
30 PASSAR NA CPA 10
Em complemento e a fim de melhor verificar a adequação, também os produtos devem ser
analisados e classificados em categorias. Essa classificação deve considerar, no mínimo:
⯁⯁ os riscos associados ao produto e aos ativos subjacentes a esse produto;
⯁⯁ o perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto;
⯁⯁ a existência ou não de garantias;
⯁⯁ os prazos de carência.
Com essa previsão, a CVM entende que está protegendo ao menos a confiança no sistema fi-
nanceiro, pois o cliente fica expressamente ciente de que está agindo fora das recomendações
emitidas por integrantes do sistema de distribuição e pelos consultores de valores mobiliários.
Ademais, isso é feito sem privá-lo de acessar determinadas operações, evitando o que poderia
ser visto como limitação arbitrária e injusta. Essa foi, portanto, a saída encontrada pelo regu-
lador para tutelar o bem jurídico que a regulação busca proteger ao menor custo possível à
liberdade econômica dos clientes do sistema financeiro.
31 PASSAR NA CPA 10
Quanto a regras, procedimentos e controles internos obrigatórios, tem-se que as pessoas ha-
bilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição e os consultores de valores mo-
biliários que se organizem sob a forma de pessoa jurídica são obrigadas a:
1. Estabelecer regras e procedimentos escritos, bem como controles internos passíveis de
verificação, que permitam o pleno cumprimento do dever de verificação da adequação
do perfil do investidor.
2. Adotar políticas internas específicas relacionadas à recomendação de produtos comple-
xos, que ressaltam, no mínimo:
⯁⯁ os riscos da estrutura em comparação com a de produtos tradicionais; e
⯁⯁ a dificuldade em se determinar seu valor, inclusive em razão de sua baixa liquidez;
⯁⯁ indicar um diretor estatutário responsável pelo cumprimento das normas estabeleci-
das pela Instrução CVM 539.
É importante notar que o diretor indicado à CVM como responsável pela elaboração e obser-
vância das regras de suitability deve ter sua nomeação ou substituição informada à CVM no
prazo de sete dias úteis.
Igualmente, esse diretor deve encaminhar aos órgãos de administração da sua instituição, até
o último dia útil dos meses de janeiro e julho, relatório relativo ao semestre encerrado no mês
imediatamente anterior à data de entrega, contendo, no mínimo:
⯁⯁ uma avaliação do cumprimento pela pessoa jurídica de regras, procedimentos e contro-
les internos de suitability.
⯁⯁ as recomendações a respeito de eventuais de ciências, com o estabelecimento de crono-
gramas de resolução dessas.
É importante notar que o dever de verificação da adequação dos produtos, serviços e opera-
ções ao perfil do cliente é dispensável nos seguintes casos:
⯁⯁ se o cliente for investidor qualificado;
⯁⯁ se o cliente for investidor profissional;
⯁⯁ se o cliente for pessoa jurídica de direito público.
⯁⯁ se o cliente tiver sua carteira de valores mobiliários administrada discricionariamente por
administrador de carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM.
Essas dispensas fazem sentido na medida em que se referem a agentes econômicos de grande
conhecimento ou capacidade de análise, entendidos como plenamente capazes de verificar os
produtos e serviços que são adequados ou não a si.
32 PASSAR NA CPA 10
CÓDIGOS DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS DA ANBIMA
A Anbima, como dissemos no capítulo anterior, não tem força reguladora, isto é, não cria leis
ou normas de mercado, no entanto, para seus associados ele cria procedimentos internos que
visam melhorar a qualidade da informação prestada aos investidores e demais participantes
do mercado financeiro e de capitais. Entre os códigos que a Anbima criou, vamos estudar so-
mente os seguintes:
⯁⯁ Código de regulação e melhores práticas para o programa de certificação continuada;
⯁⯁ Código de regulação e melhores práticas de administração de recursos de terceiros;
⯁⯁ Código de regulação e melhores práticas para distribuição de produtos de investimentos.
Segundo o edital da prova, todos estes códigos deveriam ser abordados neste módulo, no
entanto, para que seu aprendizado seja mais fluido, eu, intencionalmente, estou distribuindo
esses códigos ao longo do curso.
Assim, os códigos de distribuição e aquisição de valores mobiliários, bem como o código de distri-
buição de de produtos de investimentos serão estudados no módulo 4. O código de administra-
ção de recursos de terceiros será estudado no módulo 5. Isso porque, vamos, primeiro estudar os
produtos para em seguida falarmos sobre os códigos que normatizam os produtos, combinado?
Agora vamos falar sobre o código de regulação e melhores práticas para o programa de
certificação continuada.
O Código tem como objetivo estabelecer princípios e regras para elevação e capacitação
técnica dos profissionais das Instituições Participantes.
Como eu disse, a Anbima não tem força reguladora, mas seus participantes que sejam regu-
lamentados pelo BACEN e CVM, concordam, expressamente, que o desempenho adequado
das Atividades Elegíveis excedem o limite de simples cumprimento da Regulação que lhes são
aplicáveis, devendo, dessa forma, submeter-se também aos procedimentos estabelecidos por
este Código. Em outras palavras, estou dizendo que o código da Anbima complementa a regu-
lação e seus participantes estão de acordo com isso.
Já que estou frisando que o código não se sobrepõe à regulação, é importante destacar que,
caso haja alguma divergência entre a regulação e o código, devemos sempre desprezar o có-
digo e observar a regulação.
33 PASSAR NA CPA 10
ASSOCIAÇÃO E ADESÃO AO CÓDIGO
As instituições que desejarem se associar à ANBIMA ou aderir ao Código, deverão ter seus pe-
didos de associação ou adesão aprovados pela maioria dos membros da Diretoria, observadas
as regras previstas no Estatuto Social da Associação. Veja, uma instituição, mesmo que não
seja associada à Anbima pode solicitar aprovação em sua adesão à este código.
CERTIFICAÇÕES
As certificações CPA-10, CPA-20 e CEA possuem relação entre suas atividades e dominância entre
si. Ou seja, a CPA-20 têm dominância na CPA-10 e a CEA tem dominância na CPA-20 e na CPA-10.
Em outras palavras, estou afirmando que com a CPA-20 você pode exercer funções da CPA-20 e
da CPA-10 e, com a certificação da CEA você pode exercer as funções de CPA-10, CPA-20 e CEA.
Vale destacar que certificação CGA não possui nenhuma relação às demais. Ou seja o profis-
sional com esta certificação está habilitado para ser gestor de carteira, mas não pode exercer
funções da demais certificações.
O profissional que é aprovado no exame de certificação que possui vínculo com uma instituição
participante da Anbima é considerado um profissional certificado, ao passo que o profissional que é
aprovado no exame, mas não tem vínculo com uma instituição é considerado profissional aprovado.
34 PASSAR NA CPA 10
VII. Evitar quaisquer práticas que infrinjam ou conflitam com as regras e princípios conti-
dos neste Código e na Regulação em vigor;
VIII. Adotar condutas compatíveis com os princípios de honestidade moral e profissional;
IX. Impedem a intermediação de investimentos ilegais e não participem de qualquer ne-
gócio fraudulentos ou corruptos, manipulação ou distorção de preços, declarações
falsas ou lesão aos direitos de investidores;
X. Sejam responsáveis e não contribuam para a veiculação ou circulação de notícias ou
de informações falsas ou imprecisas sobre o mercado financeiro e de capitais; e
XI. Zelar para que não sejam dadas informações imprecisas a respeito das atividades
que é capaz de prestar, como também sobre suas qualificações, seus títulos acadê-
micos e experiência profissional.
As Instituições Participantes devem assegurar que seus profissionais, no exercício de suas ati-
vidades, não tenham:
I. Sido inabilitados exercer funções em instituições financeiras autorizadas pelo BACEN,
CVM, pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar ou pela Superin-
tendência de Seguros Privados;
II. Sua autorização suspensa, cassada ou cancelada; e/ou
III. Sofrido punição definitiva, nos últimos cinco anos, por sua atuação como administra-
dor ou membro de conselho fiscal de entidade sujeita ao controle e fiscalização dos
órgãos reguladores mencionados anteriormente.
São considerados descumprimento às obrigações e princípios deste Código não apenas a ine-
xistência das regras e procedimentos exigidos, mas também a não implementação ou imple-
mentação inadequada para os fins previstos no código.
QUALIFICAÇÃO E TREINAMENTO
Dessa forma a gente conclui o módulo 2. Vamos testar um pouco nosso conhecimento desse
módulo nas questões abaixo.
35 PASSAR NA CPA 10
SIMULADO - MÓDULO 2
As questões listadas abaixo não representam necessariamente as questões que cairão em seu
exame de certificação. O objetivo das questões é promover uma melhor compreensão do con-
teúdo estudado, mas isso não deve ser confundido com “questões que cairão em seu exame”.
36 PASSAR NA CPA 10
4. Quanto ao registro das operações dos clientes, as instituições financeiras são obri-
gadas a mantê-lo
A. integralmente, sem identificar esses clientes, pelo prazo mínimo de cinco anos;
B. integralmente, sem identificar esses clientes, pelo prazo mínimo de dez anos;
C. integralmente, identificando esses clientes, pelo prazo mínimo de cinco anos;
D. integralmente, identificando esses clientes, pelo prazo mínimo de dez anos.
37 PASSAR NA CPA 10
9. Ao praticar a lavagem de dinheiro, um indivíduo estará criminalmente sujeito
A. à pena de inabilitação para o exercício do cargo de administrador das pessoas jurídicas;
B. às penas de reclusão e multa;
C. à pena de cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, opera-
ção ou funcionamento;
D. à pena de reclusão, apenas.
38 PASSAR NA CPA 10
14. Em procedimentos e controles internos obrigatórios, determinados pelas regras de
suitability, a instituição financeira é responsável por
A. elaborar relatórios periódicos da verificação da Adequação do Perfil do Investidor
(API), submetendo-os ao Banco Central;
B. contar com uma área jurídica responsável pelo cumprimento das normas;
C. ter um diretor estatutário responsável pelo cumprimento das normas;
D. elaborar relatórios periódicos da verificação da Adequação do Perfil do Investidor
(API), submetendo-os à auditoria externa.
39 PASSAR NA CPA 10
GABARITO - MÓDULO 2
3. D. J ustificativa: O princípio “conheça seu cliente” ao almejar reunir as mais diversas infor-
mações sobre os clientes das instituições financeiras, possibilita a realização de uma
análise mais precisa sobre regularidade ou irregularidade das operações realizadas
pelos clientes, permitindo identificar aquelas consideradas suspeitas de acordo com
o patrimônio e/ou a renda do investidor, análise essa que funciona como proteção da
instituição financeira e de seus profissionais.
6. C. Justificativa: De acordo com a Instrução CVM 301, art. 7o, e a Circular BACEN 3.839, as
instituições financeiras têm a obrigação de comunicar a ocorrência de determinadas
operações suspeitas ao Coaf.
9. B. J ustificativa: O art. 1o da Lei 9.613/98 prevê pena de reclusão e multa para a prática
do crime de lavagem de dinheiro e é aplicável tanto a quem cometer o crime quanto a
quem ajudar no processo de lavagem de dinheiro.
40 PASSAR NA CPA 10
10. B. J ustificativa: A alternativa enquadra corretamente cada uma das situações como
prática promocional e de venda casada, respectivamente.
11. D. J ustificativa: De acordo com a Instrução CVM 539, art. 1o, § 1o, as regras de suitability
incidem sobre as recomendações realizadas pela forma de contato pessoal ou com o
uso de qualquer meio de comunicação, seja sob forma oral, escrita, eletrônica ou pela
rede mundial de computadores.
12. C. Justificativa: A Instrução CVM 539, art. 2o, § 2o, determina que, para a verificação da
compatibilidade da situação financeira do cliente com o produto, serviço ou operação,
seja analisado, no mínimo, (i) o valor das receitas regulares declaradas pelo cliente; (ii)
o valor e os ativos que compõem o patrimônio do cliente; e (iii) a necessidade futura de
recursos declarada pelo cliente.
13. B. Justificativa: A falta de atualização das informações do perfil do cliente é uma das
hipóteses estabelecidas pela CVM de vedação à recomendação de produtos ou
serviços aos clientes pelos integrantes do sistema de distribuição e pelos consul-
tores de valores mobiliários.
41 PASSAR NA CPA 10
MÓDULO 3
NOÇÕES DE
ECONOMIA
E FINANÇAS
Neste módulo vamos falar sobre
economia e finanças. O Objetivo é que
você, após concluir o módulo, tenha
total entendimento sobre os princípios
básicos de nossa economia.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 3 A 5 QUESTÕES.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
O termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei), daí “regras da casa (lar)”.
E por que estou começando esse módulo com uma introdução tão gringa? Pra você entender
que vamos falar sobre o efeito da desvalorização do dinheiro e como podemos medir essa dis-
tribuição e consumo de bens e serviços. Exatamente como a definição de economia.
A proposta inicial será analisarmos o conceito de microeconomia para então projetarmos para
a macroeconomia. Em outras palavras, a minha proposta nesse módulo será introduzir o con-
ceito de economia a sua realidade para, então, projetarmos para a economia do país.
Se quisermos medir a sua riqueza, podemos medir usando o seu salário anual e somá-lo com
seu patrimônio, certo? A soma de tudo que você produz durante um ano pode ser traduzido
em sua capacidade de gerar riqueza.
Para medirmos a evolução de riqueza de uma país (estado, ou cidade), usamos como medida o
PIB, Produto Interno Bruto. O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais, em termos mo-
netários e a valor de mercado, produzidos em uma determinada região durante certo período.
Dizemos que esses bens e serviços são “finais” para eliminar os valores dos bens intermediá-
rios utilizados no seu processo de produção. Além disso, normalmente, para fins de compara-
ção internacional, o período considerado é de um ano.
PIB = C + I + G + NX
Onde:
⯁⯁ C = Consumo das famílias;
⯁⯁ I = Investimentos das empresas;
⯁⯁ G = Gastos do Governos
⯁⯁ NX = Exportações Líquidas (Exportações – Importações).
Para efeitos de comparação, se durante um determinado ano o país teve de PIB U$ 1.000,00 e,
no outro ano, o mesmo país teve um PIB de U$ 1.100,00, seria correto dizer que esse país teve
43 PASSAR NA CPA 10
um crescimento de 10%? Não, não seria correto afirmar esse crescimento, pois temos um fator
que deve ser levado em consideração na hora de entender a produção de riqueza. Esse fator é
a inflação. Falaremos a seguir sobre os indicadores de inflação.
Como eu não sei exatamente sua idade, não posso introduzir o tema inflação pedindo para
você comparar seu salário de 10 anos atrás com o salário atual. Para alguns alunos, pensar em
10 anos atrás é o mesmo que lembrar de assistir TV Globinho ao chegar da escola. Então, para
que tenhamos um exemplo bem prático, gostaria de compartilhar um dado histórico contigo:
você sabia que em 1994 o salário mínimo no Brasil era de R$ 64,79?
A pergunta que fica é: o que uma família fazia com R$ 64,79 por mês? Acredite, muita
coisa. Com R$ 64,79 por mês era possível ir ao mercado e comprar suprimentos para
toda a família, pagar as contas de consumo (água e luz) e, talvez, sobrar para comprar um
sorvete para cada um dos filhos.
O ponto é que hoje, com R$ 64,79, você não consegue comprar uma cesta básica. De um ponto
do vista bem simples, podemos dizer que o preço dos produtos vem subindo ao longo do tempo.
Assim podemos definir a inflação: o quanto o preço dos produtos sobe com o passar dos anos.
A real é que popularmente dizemos que a inflação é o aumento generalizado de preços, mas
economicamente seria correto dizer que inflação é a desvalorização do dinheiro.
Em outras palavras, o fato de não conseguirmos comprar muita coisa com R$ 64,79 em 2018 é
porque o dinheiro hoje vale muito menos do que valia em 1994.
Tudo bem, você já entendeu que inflação é a desvalorização da moeda local - ou, popularmen-
te dizendo: o aumento generalizado de preços –, vamos então entender como podemos medir
com eficiência essas distorções.
O IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística), e serve de parâmetro ao CMN para definir a meta de inflação.
Ele é calculado pelo consumo das famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos, de qualquer
fonte de renda e residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém,
Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia.
44 PASSAR NA CPA 10
Tipo de Gasto Peso % do Gasto
Alimentação 25,21%
Transportes e comunicação 18,77%
Despesas pessoais 15,68%
Vestuário 12,49%
Habitação 10,91%
Saúde e cuidados pessoais 8,85%
Artigos de residência 8,09%
Total 100%
Resumindo, o IBGE pesquisa mês a mês o preço dos itens acima para chegar a uma média
ponderada de aumento. Quanto maior for a variação do IPCA em um período, menor será o
poder de compra do brasileiro. O Conselho Monetário Nacional entende que ter um IPCA em
alta e sob controle é importante para economia.
Se muitas pessoas estão consumindo uma cesta de produtos, o preço dessa cesta pode au-
mentar. Mas isso é sinal de que essas pessoas estão com renda.
Anualmente, o CMN estabelece uma meta de inflação ao Banco Central. É como se o CMN dis-
sesse ao BACEN: “Eu, CMN, entendo que para o crescimento do nosso PIB temos de ter uma
inflação anual de 4,5% com intervalo de 1,5%”. Em outras palavras, a inflação terá como piso da
meta 3,0%, 4,5% como centro da meta e teto da meta de 6,0%.
O Bacen vai executar políticas monetárias (veremos mais adiante) para cumprir essa meta.
COPOM
O Comitê de políticas monetárias, COPOM, foi criado em 1996. Em junho de 1999, o Brasil come-
çou a adotar as “Metas de Inflação”, definidas pelo CMN, utilizando o índice IPCA. A partir daí, o
COPOM virou o responsável por executar a política monetária denominada como Taxa Selic.
45 PASSAR NA CPA 10
⯁⯁ Uma vez definido o viés, compete ao presidente do BACEN a tarefa de executá-lo;
⯁⯁ Reunião em dois dias (terças e quartas), sendo o primeiro dia reservado para apresenta-
ção de dados e discussões e o segundo para votação e definição da taxa de juros;
⯁⯁ Calendário de reuniões (8 vezes ao ano) divulgado até o fim de outubro, podendo reunir-
-se extraordinariamente, desde que convocada pelo Presidente do Banco Central;
⯁⯁ Divulgação da ATA de reunião em 6 dias úteis em português e em 7 dias em Inglês;
Caso a Inflação (medida pelo IPCA ultrapasse a meta estipulada pelo CMN (somado o intervalo
de tolerância), o Presidente do Banco Central deve explicar os motivos do não cumprimento da
meta através de uma Carta Aberta ao Ministro da Econômica.
Imagine que você tem em R$ 1.000.000,00 e quer investir seu dinheiro para recebê-lo mais a
frente com um rendimento. Você tem 2 opções:
1. Abrir/comprar uma empresa que vai te dar 15% de lucro ao ano.
2. Investir seu dinheiro no mercado financeiro e ter um rendimento de 20% ao ano.
Se o rendimento no mercado financeiro te 20%, por que você iria abrir uma empresa para
ganhar 15% em um ano? Em outras palavras, quanto maior for a taxa de juros de mercado,
menor será o incentivo para investimento em produção. Por isso o BACEN usa lança mão da
taxa Selic que vai:
3. Ser utilizada como política monetária, pelo COPOM;
4. Balizar as demais taxas de mercado.
SELIC META
O COPOM, como vimos no tópico anterior, vai definir em sua reunião a taxa Selic META. A Selic
Meta é utilizada como política monetária para controle da liquidez de mercado. Em outras pa-
lavras, a SELIC META é utilizada para controlar a quantidade de dinheiro disponível em nossa
economia e, com isso, controlar a inflação.
46 PASSAR NA CPA 10
Vamos exemplificar pra deixar mais fácil:
Imagine um cenário em que a inflação esteja completamente descontrolada.
Imagine que o CMN tenha definido como meta de inflação 4,5% a.a. e, ao chegar no mês de
junho, já estamos com inflação em 10% a.a.
Qual é o desafio para o COPOM executar uma política monetária que derrube esse índice?
Nesse cenário, é altamente recomendado que o COPOM aumente a taxa Selic. A lógica é a se-
guinte: quanto maior for a taxa Selic, maior será a rentabilidade obtida para quem investir seu
dinheiro nos títulos públicos federais. Os bancos, por sua vez, são os maiores investidores do
Governo e, com uma taxa alta eles tenderão a investir seu dinheiro no governo ao invés de con-
ceder crédito ou até mesmo aumentar muito a taxa de juros dos empréstimos nas agências.
Dessa forma, com o crédito mais caro, menos pessoas tendem a tomar dinheiro emprestado
dos bancos para investir em produção. Com menos dinheiro em circulação (porque os bancos,
ao invés de injetar na economia com crédito, investiram no governo), menos consumo; e com
menos pessoas dispostas a consumir, os comerciantes tendem a baixar seus preços, tendendo
assim a uma baixa da inflação.
SELIC OVER
A taxa utilizada pelo mercado financeiro como taxa principal de juros é a Selic OVER. Essa taxa,
apresentada na forma de percentual ao ano, é a taxa média das operações de financiamento
de um dia (compromissadas), lastreadas em títulos públicos federais, realizadas no Selic, pon-
deradas pelo volume das operações. É divulgada todos os dias, aproximadamente às 9 horas
da manhã, sempre no dia seguinte ao dia de referência.
Resumindo: a Selic Meta não pode ser confundida com a taxa de juros de mercado. A taxa de
juros de mercado é a Selic Over. A Selic Meta pode ser representada pela a taxa máxima que o
governo estaria disposto a pagar.
Curiosidade: historicamente, a Selic over tem ficado 0,10% abaixo da Selic Meta.
47 PASSAR NA CPA 10
IGP-M (ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO MERCADO)
Semelhante ao IPCA, mas calculado por uma instituição privada (a FGV), o IGP-M foi criado
para abranger outros setores da economia que não o do consumidor, mas sim o de atacado e
da construção civil.
⯁⯁ 60% do Índice de Preços por Atacado (IPA);
⯁⯁ 30% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC);
⯁⯁ 10% do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC).
Por sua composição, esse indicador engloba diferentes etapas do processo produtivo, sendo
bastante utilizado como indexador de contratos (por exemplo, de aluguel de imóveis) e muito
influenciado pelo aumento nos preços dos produtos no atacado. Apesar de ser um indicador
muito importante, o IGP-M não é considerado o indicador oficial de inflação do Brasil, mas am-
plamente aceito pelo mercado como um indicador fidedigno.
Historicamente, o IGP-M tem uma variação muito próxima à variação do IPCA. É importante
que haja um indicador de mercado para que o controle de variação de preços não seja mo-
nopólio do Estado. Um Estado que detém o monopólio dos indicadores econômicos não gera
confiança aos investidores estrangeiros, pois esses dados seriam facilmente manipulados.
E por falar em investidores estrangeiros, vamos entender a relação de nossa moeda com o
resto do mundo. Vamos falar sobre taxa de câmbio.
Aqui nasce mais uma taxa de juros importante para nossa economia: o DI.
48 PASSAR NA CPA 10
Sua função é, portanto, transferir recursos de uma instituição financeira para outra. Em outras
palavras, para que o sistema seja mais fluido, o banco que tem dinheiro sobrando empresta
para o que não tem.
A taxa DI é o principal indexador do mercado de renda fixa. A maior parte dos títulos de renda
fixa pós fixados negociados no mercado está indexado ao DI.
Exemplo: Um CDB que rende 100% do DI vai render de acordo com a variação dessa
taxa. Se o DI fechar o ano com 10%, esse CDB vai pagar 10%. Se o DI fechar o ano com
5%, esse CDB vai pagar 5%.
Curiosidade 1: Embora não exista uma regra, historicamente, o DI tem ficado entre
0,01 e 0,02% abaixo da Selic Over.
Curiosidade 2: Como você pôde ver nesse tópico, o CDI não é a taxa, mas o instrumento
para chegarmos na taxa DI. No entanto, o mercado usualmente o chama de “taxa CDI”.
TR - TAXA REFERENCIAL
No início dos anos 90, a Taxa Referencial foi criada pelo Plano Collor II (que depois viraria o Plano
Real) para combater a inflação no país. Ela deveria ajudar a controlar os juros, servindo como
referência para que as taxas de juros do mês seguinte não refletissem a taxa do mês anterior.
Hoje, quase duas décadas depois, a TR é usada principalmente como TR Mensal. Ela é utilizada para
remunerar a Caderneta de poupança, o FGTS e corrigir alguns contratos de crédito imobiliário.
A TR, deriva da TBF (Taxa Básica Financeira) que, por sua vez, será composta das taxas de ju-
ros das Letras do Tesouro Nacional (LTN) praticadas nas operações definitivas no âmbito do
mercado secundário e registradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). A
TBF de um mês será uma média ponderada entre as taxas médias das LTNs com vencimentos
imediatamente anterior e imediatamente posterior ao prazo de um mês, seguida da aplicação,
ao valor resultante, de um fator multiplicativo fixado em 0,93 (noventa e três centésimos).
Com base na TBF, o banco central aplica um fator redutor e chega na TR, conforme a seguir:
49 PASSAR NA CPA 10
Onde:
⯁⯁ TBF = Taxa básica financeira;
⯁⯁ R = fator dedutível.
Fique ligado: é correto afirmar que a TR deriva das LTNs, assim como é correto afirmar que
a TR deriva da TBF, uma vez que a TBF deriva dos LTN’s também.
Se você já viajou ou pensa em viajar para o exterior, deve imaginar que o câmbio envolve moe-
das estrangeiras. E isso está absolutamente correto. Taxa de Câmbio é o preço de uma unidade
monetária de uma moeda em unidades monetárias de outra moeda.
É comum no mercado utilizarmos a nomenclatura XYZ/ABC para indicar o par de moedas ob-
servado, onde ABC é conhecida como “moeda de base” e XYZ é a “moeda de contagem”. No
Brasil, a taxa de câmbio mais observada é a BRL/USD, ou seja, a taxa de câmbio entre o dólar
norte-americano e o real brasileiro. Essa taxa indica a quantidade de reais necessária para
comprar um dólar. Assim, por exemplo, se BRL/USD = 3,00, isso significa que são necessárias
três unidades de real (a moeda de contagem) para se obter uma unidade de dólar (a moeda de
base). Em outras palavras, cada dólar vale três reais, neste exemplo.
A taxa de câmbio spot é a taxa para compra e venda imediata de dólares. Também conhecida no
Brasil como “dólar pronto”, é a taxa pela qual os participantes do mercado de câmbio estão dispos-
tos a comprar e vender a moeda estrangeira em determinado momento da sessão de negociação.
A taxa PTAX, por sua vez, é uma média das cotações do dólar no mercado, calculada pelo Ban-
co Central do Brasil por meio de metodologia própria.
Embora a PTAX seja considerada a taxa de câmbio oficial do Brasil ela não pode ser considera-
da como o preço da moeda em uma casa de câmbio. Quando você compra dólar em uma casa
de câmbio está incluso o Spread (diferença entre o valor da compra e o valor da venda) da cor-
retora e outros custos. A PTAX é utilizada para liquidação de contratos no mercado financeiro.
BENCHMARK
Falamos até aqui sobre alguns indicadores de mercado (CDI, SELIC, IPCA, etc). Agora, pra
gente começar a falar sobre investimentos nos próximos módulos, é preciso ter em mente
uma coisa importante: o Benchmark. A tradução literal desta palavra é “Referência”. En-
tão, para o mercado financeiro vamos sempre buscar uma referência para saber sobre o
resultado de um produto de investimento.
50 PASSAR NA CPA 10
Deixa eu dar um exemplo para você: se eu disser a você que no meu banco tem um produto de
investimento que está rendendo 30% ao mês. Você acha que é um bom investimento? Só com
essa informação é bastante provável que você considere um bom rendimento, né? Mas e se eu
disser que em outros bancos é comum ter um retorno de 50% ao mês. Agora, o resultado que
meu banco oferece parece baixo, né?
Em outras, quando você analisou meu produto de maneira isolada, parece ser um bom rendi-
mento, mas quando você comparou com outro produto notou que não era tão bom assim. O
Benchmark neste caso, é o outro banco.
Em resumo, dizemos que Benchmark é o parâmetro que utilizamos para comparar os produtos
de investimento. O Benchmark mais comum, embora não único, no mercado é o DI. Se eu disser
a você que um produto está rendendo 100% do DI. Estou dizendo este produto tem uma renta-
bilidade igual ao DI e, portanto, está dentro da médio do mercado para produtos desta natureza.
IBOVESPA
Embora não seja tema de sua prova, este indicador é extremamente importante para o mer-
cado de ações para seu pleno entendimento do assunto que vamos tratar no módulo 6. O Ibo-
vespa é a média da cotação das empresas com maior volume de negociação de ações na B3.
A B3 divulga minuto a minuto a variação média do preço das ações com maior volume de
negociação através do índice Bovespa (a bolsa que conhecemos hoje como B3 era conhecida
como Bovespa, Bolsa de Valores de São Paulo). O índice Bovespa é chamado popularmente de
Ibovespa ou também de IBOV.
No mercado financeiro temos muitas formas de calcular os juros, e é isso que vamos abordar
de agora em diante.
51 PASSAR NA CPA 10
TAXA DE JUROS NOMINAL E TAXA DE JUROS REAL
Imagine que você tem em suas mãos hoje a quantia exata para comprar um computador. Po-
rém, ao invés de fazer essa compra, você resolve investir esse dinheiro em um investimento
que te paga 20% a.a., para que daqui 1 ano você compre o tão sonhado computador.
Agora imagine que esse computador sofra um reajuste de 30% em um ano. Imaginou? Pois é,
nesse exemplo, por mais que você tenha ganho 20% em um ano, você perdeu poder de com-
pra, pois o preço do computador subiu 30%. Caso queira comprá-lo, terá que desembolsar um
pouco mais de grana.
Esse exemplo representa o ganho nominal e o ganho real de uma aplicação. Ganho nominal é
quanto um investidor recebe ao fazer uma aplicação, e ganho real é quanto o investidor real-
mente ganha com essa aplicação. Confuso?
Basta fazer:
Certo? Errado.
O cálculo não é tão simples assim. Para achar a taxa real de um investimento, é necessário
abusar um pouco mais do conceito de matemática financeira através da seguinte fórmula:
52 PASSAR NA CPA 10
Dessa forma, chegamos à conclusão que, embora a taxa nominal do investimento tenha sido
10% ao ano, a taxa real simulada no exemplo acima é de 9,52%. Isso significa que esse inves-
tidor teve um aumento do poder de compra de 9,52% e não 10%, como parecia inicialmente.
Resumindo:
⯁⯁ Taxa nominal: o retorno que o investidor recebe por seus investimentos durante um
período.
⯁⯁ Taxa real: é o aumento do poder de compra que um investimento traz a seu detentor; é
a taxa nominal descontada a inflação.
Dica de ouro: a taxa real de um investimento não pode ser confundida pela simples subtra-
ção da taxa nominal pela inflação. As taxas devem ser descontadas, conforme a fórmula
acima. Apesar de não podermos subtrair, a taxa real será SEMPRE um pouco inferior ao
resultado da subtração da taxa nominal pelo IPCA.
É interessante notar alguns pontos adicionais sobre a taxa de juros real e sua relação com a
taxa de juros nominal:
5. se a taxa de inflação for maior do que a taxa de juros nominal durante o período de um
investimento, a taxa de juros real ficará abaixo de zero. Ou seja, o rendimento real em
um investimento pode ser negativo, o que significa que o poder de compra do investidor
pode se reduzir entre o momento da aplicação dos recursos e o momento do recebimen-
to do montante principal acrescido dos juros.
6. se a taxa de inflação for negativa, isto é, se houver deflação, a taxa de juros real será
superior à taxa de juros nominal. Isso significa que o poder de compra do investidor pode
crescer a um ritmo maior do que aquele indicado pela taxa de juros nominal oferecida
em determinada aplicação financeira.
Em tese, a política monetária deveria ajustar as taxas de juros nominais de uma economia confor-
me se perceba maior ou menor risco de inflação, o que deveria manter a taxa de juros real relati-
vamente estável ao longo do tempo. Entretanto, esse fenômeno não é necessariamente verifica-
do na prática, e a taxa de juros real pode apresentar flutuações significativas ao longo dos anos.
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
Já sabemos que juros é o valor do dinheiro no tempo. O que vamos saber a partir de agora é
que existem algumas formas de calcular os juros. Matematicamente, o cálculo dos juros é cha-
mado de capitalização. Entre outros regimes de capitalização temos de destacar o regime de
capitalização simples e composta.
53 PASSAR NA CPA 10
Antes de entrarmos no tema, tenho um recado importante: apesar de abusarmos das fórmu-
las matemáticas nos próximos tópicos, você não precisa fazer conta em sua prova da ANBIMA.
É necessário apenas conhecer e distinguir as fórmulas. Podemos começar?
CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
Às vezes, pode parecer que chamar algo de ‘simples’ é exagero. Mas a Capitalização Simples é
realmente simples. E o que a torna tão fácil de entender é o fato de que nela o juro não incor-
pora ao capital para efeito de novos juros periódicos.
Se tivermos uma taxa de juros de 2% ao mês e quisermos encontrar qual é a taxa proporcional
a 1 ano, basta multiplicar a taxa pelo prazo desejado, que nesse caso é 12, ficando assim:
2 x 12 = 24%
VF = VP x ( 1 + taxa x prazo )
Onde:
⯁⯁ VF = Valor Futuro ou montante;
⯁⯁ VP = Valor Presente ou capital inicial.
Fique ligado: sempre que vamos fazer cálculos com números que são expressos em per-
centual (%), é preciso convertê-los para o formato decimal. Para fazer isso, basta dividir o
número por 100. Que, no caso de 1%, ficaria 1/100 = 0,01.
54 PASSAR NA CPA 10
Agora você tem uma taxa expressa ao ano e precisa saber o resultado do semestre. Tão sim-
ples como o nome dessa capitalização é a fórmula para calcular.
VF = VP x [ 1 + ( taxa x prazo ) ]
VF = 1000 x { 1 + [ 0,24 x ( 6 ) ] }
12
VF = 1000 x [ 1 + 0,120 ]
VF = 1000 x 1,120
VF = 1.120,00
No regime de capitalização simples, não existe a capitalização dos juros, e assim os juros de
um período não geram juros nos períodos seguintes. Principalmente em economias com ele-
vadas taxas de inflação, como historicamente é o caso do Brasil, tal regime de capitalização
não é utilizado com frequência. Em seu lugar, o regime de capitalização composta tende a ser
preferido. Nesse regime, o montante inicial cresce de maneira geométrica ao longo do tempo,
e o valor de principal acrescido de juros em um dado período serve como base de cálculo para
os juros do período subsequente.
CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
prazo desejado
VF = VP x ( 1 + taxa ) prazo que tenho
Pra deixar tudo mais fácil de se comparar, vamos analisar com os mesmos dados que utiliza-
mos no exemplo de capitalização simples.
55 PASSAR NA CPA 10
Quanto teríamos em um regime de capitalização composta, se aplicarmos R$ 1.000,00 a uma
taxa de 1% a.m. por um período de 12 meses?
12
VF = 1000 x ( 1 + 0,01 ) 1
12
VF = 1000 x ( 1,01 )
VF = 1000 x 1,1268
VF = 1.126,82
Feito isso, agora vamos também entender o segundo exemplo, em que tínhamos um capital
inicial de R$ 1.000,00 com uma taxa de 24% a.a. e período de capitalização composta:
6
VF = 1000 x ( 1 + 0,24 ) 12
0,5
VF = 1000 x ( 1,24 )
0,5
VF = 1000 x ( 1,24 )
VF = 1000 x 1,1135
VF = 1.113,55
Dicas de ouro: no regime de capitalização composta, o prazo estará em uma potência mate-
mática, ao passo que no regime de capitalização simples o prazo está multiplicando a taxa.
Cada regime de capitalização que mencionamos um pouco mais acima possui suas pecu-
liaridades matemáticas para cálculo, certo? Vamos usar essas peculiaridades para enten-
der e calcular taxas equivalentes e proporcionais. Não se assuste com os cálculos, porque
a matemática é bem tranquila.
Não sei se você notou, mas no regime de capitalização simples a taxa cresce e diminui na mesma
proporção do tempo. Isto é, se tenho a taxa ao mês e quero encontrar a taxa expressa ao ano, bas-
ta multiplicar pela quantidade de meses que desejo, no caso, 12. Justamente por termos as taxas
crescendo de forma proporcional é que vamos chamá-las de taxas proporcionais nesse regime.
56 PASSAR NA CPA 10
Já no regime de capitalização composta, as taxas não se movem de maneira proporcional. 1%
ao mês não é proporcional a 12,68% ao ano, por isso chamamos de taxa equivalente. Em ou-
tras palavras, para o regime de capitalização composta teremos sempre taxas equivalentes,
pois apesar de não serem proporcionais, se equivalem no tempo.
Imagine que tenhamos uma taxa expressa ao mês de 1%. Quanto será essa taxa expressa ao ano?
Taxa proporcional = 1 x 12
Questão resolvida! Eu disse que era tranquilo. Agora vamos encontrar qual taxa é equivalente
a 1% a.m. no período de 1 ano no regime de capitalização composta.
12
Taxa equivalente = [ ( 1 + 0,01 ) 1 - 1 ] x 100
12
Taxa equivalente = [ ( 1,01 ) - 1 ] x 100
Perceba que, enquanto no regime de capitalização simples nós encontramos a taxa propor-
cional de 1% ao mês no período de 12 meses, isto é, 1 ano igual a 12% ao ano, no regime de
capitalização composta o resultado é 12,685% a.a.
Agora vem uma pergunta: qual dos dois regimes de capitalização é o melhor?
Para encontrar a resposta é necessário saber se vamos capitalizar ou descapitalizar a taxa. Confuso?
Veja, se temos a taxa expressa ao mês e queremos descobrir num período maior, por exemplo ao
ano, estamos capitalizando a taxa. Se temos uma taxa expressa ao ano, e queremos saber a res-
peito de 1 período menor, por exemplo 1 mês, estamos descapitalizando. Faz sentido para você?
Vamos colocar na prática:
1. Capitalização
⯁⯁ 1% ao mês é equivalente a 12,68% ao ano. (vide conta anterior)
⯁⯁ 1% ao mês é proporcional a 12% ao ano. (vide conta anterior)
57 PASSAR NA CPA 10
2. Descapitalização
⯁⯁ 12% ao ano é equivalente a 0,94% ao mês.
⯁⯁ 12% ao ano é proporcional a 1% ao mês.
Agora que você já sabe usar e abusar da matemática, vamos aprender sobre fluxo de pagamentos.
VOLATILIDADE: CONCEITO
A gente falou nos tópicos anteriores sobre indicadores econômicos, inflação, taxa de juros.
Agora, imagine que tomo emprestado de você R$ 1.000,00 hoje e lhe pago os mesmos R$
1.000,00 daqui 1 ano. Isso faz sentido para você? Se você entendeu o conceito de inflação é
bastante provável que essa proposta não te agrada, né? Afinal você vai perder poder de com-
pra em função da inflação, não é mesmo?
Esse efeito de desvalorização provocado pela inflação é apenas um fator que pode mudar o
valor do dinheiro ao longo do tempo. Diversos fatores de mercado podem afetar o valor do
dinheiro e, consequentemente, dos ativos que a gente negocia no mercado financeiro. Um
exemplo clássico para analisarmos é quando vemos a mudança no preço das ações que são
negociados na B3. Uma ação, pode, por exemplo, começar o dia sendo negociada valendo
R$ 10,00 e terminar o dia valendo R$ 18,00. Essa mudança constante de preços de um ativo,
por qualquer que seja o motivo, é chamada de volatilidade.
Se você entendeu o conceito de volatilidade, vai ficar muito tranquilo para você entender o que
é marcação a mercado. Marcar a mercado é precificar um ativo no mercado pelo seu preço
atual. O preço de um ativo é determinado por vários fatores:
⯁⯁ oferta e demanda;
⯁⯁ risco assumido pelo investidor ao comprar o ativo;
⯁⯁ facilidade de vender esse ativo no mercado secundário, entre outros.
58 PASSAR NA CPA 10
Quando um investidor compra um ativo é importante que ele consiga acompanhar a evolução
de preços deste ativo em função dos fatores que citei acima.
Deixe-me fazer um spoiler sobre os títulos de renda fixa que serão estudados nos próxi-
mos módulos.
Definição de título de renda fixa: os títulos de renda fixa têm um vencimento, uma taxa
conhecida no momento da negociação, e representam a dívida do emissor.
O fato de eu ter deixado a palavra ‘vencimento’ destacada no parágrafo anterior é porque va-
mos abordar com mais carinho esse ponto agora.
Se sabemos que os títulos de renda fixa têm um vencimento, sabemos, por consequência, que
existe um prazo para o investidor receber seu dinheiro de volta.
Agora pense num investidor (ou um fundo de investimento) que tem em sua carteira di-
versos títulos com valores e vencimento diferentes. Como saberíamos qual o prazo médio
de recebimento dessa carteira?
*As características desses títulos serão abordadas nos próximos módulos. Para este tópico
quero que se atente apenas ao valor dos títulos e seus respectivos vencimentos.
59 PASSAR NA CPA 10
Se fossemos calcular o prazo médio de recebimento desses títulos considerando somente os
vencimentos, teríamos uma distorção, pois temos um título de R$2.000.000,00 que vence em
1800 dias e os demais títulos têm um vencimento mais curto. Se fizermos uma proporção, che-
garemos que 97,32% (a proporção da Debênture de R$ 2.000.000,00 para o saldo total) da car-
teira desse investidor vence em 1800 dias e 2,68% da carteira tem um vencimento mais curto.
Então vamos aprender a calcular esse prazo médio ponderado. No Brasil, uma Resolução
do Conselho Monetário Nacional define a fórmula “oficial” para cálculo do prazo médio
ponderado como:
dj
152
PMP = ( 1 + i ) x 1
VP 252
Onde:
⯁⯁ PMP é o prazo médio ponderado;
⯁⯁ dj é o número de dias úteis a decorrer até cada fluxo;
⯁⯁ i é a taxa interna de retorno (em base anual com 252 dias úteis);
⯁⯁ VP é o valor presente do título.
Assustou? Calma que a minha missão é deixar as coisas mais simples para você. A primeira
coisa que você precisa lembrar é que você vai precisar fazer contas na prova da ANBIMA.
Vou encontrar o prazo médio com você aqui apenas para você entender o conceito, com algu-
mas dicas importantes sobre esse tema para sua prova.
A primeira a coisa a fazer aqui é somar o total da carteira (coluna a), depois multiplicar o valor
de cada título com o respectivo vencimento (coluna a x b). Feito isso, basta dividir a coluna
soma das multiplicações pelo valor total da carteira, assim:
3.630.260.000 = 1.766,55
2.055.000
Assim, chegamos que o prazo médio da carteira que montamos é de 1766,55 dias. Em outras
palavras vimos aqui que na média o prazo de recebimento dessa carteira é 1766 dias.
60 PASSAR NA CPA 10
O que você precisa levar para prova?
⯁⯁ Prazo médio ponderado considera o prazo e o valor dos títulos;
⯁⯁ Títulos de valores maiores têm peso maior e, portanto, puxam o recebimento para perto de si.
Se você quiser saber um pouco mais sobre esse tema, eu gravei um vídeo e coloquei nesse
link aqui para você: https://youtu.be/l9EVFdbZdfk (veja apenas se quiser complementar seu
conhecimento, o que falo no vídeo não cai em sua prova).
Ainda usando nosso empréstimo como exemplo, imagine que você, ao me emprestar R$
1.000,00, investiu seu dinheiro no Tiago e tem agora um recebível, certo? Em outras palavras,
você gerou caixa para mim. Isso é o mercado primário.
A definição do mercado primário é quando uma empresa capta recursos dos investidores ao
lançar um título no mercado pela primeira vez. Isso gera caixa para a empresa.
Seguindo nosso exemplo, imagine que você tenha necessidade de resgatar seu dinheiro antes
do prazo acordado comigo. Tenho uma sugestão para você: que tal negociar minha dívida com
seu cunhado? Você vende a dívida para ele, recebe à vista e eu pago, no vencimento, para ele.
Isso vai gerar liquidez ao seu título. Assim é o mercado secundário: ele possibilita a liquidez
dos ativos negociados. É quando os ativos são negociados de investidor para investidor e não
geram caixa para a empresa emissora do título.
61 PASSAR NA CPA 10
SIMULADO - MÓDULO 3
Algumas questões deste módulo foram extraídas do material oficial da ANBIMA. No entanto
isso não pode ser confundido com a divulgação de questões da prova. As questões abordadas
aqui não representam (em hipótese alguma) questões da prova. Devem ser respondidas como
teste de seu conhecimento com objetivo de auxiliar em sua compreensão.
4. A taxa DI é:
A. apurada diariamente e aplicada com base em dias úteis;
B. apurada diariamente e aplicada com base em dias corridos;
C. apurada mensalmente e aplicada com base em dias úteis;
D. apurada mensalmente e aplicada com base em dias corridos.
62 PASSAR NA CPA 10
5. A taxa de juros utilizada para o cálculo da remuneração dos saldos das contas vin-
culadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é a:
A. Taxa Básica Financeira;
B. Taxa Referencial.;
C. Taxa Selic.;
D. Taxa DI.
7. A diferença entre as taxas de juros nominal e real é dada pela taxa de:
A. Câmbio;
B. Inflação;
C. juros básica;
D. desconto.
63 PASSAR NA CPA 10
9. Após a sua emissão, a negociação de títulos e valores mobiliários ocorre no mercado:
A. Secundário;
B. Derivativo;
C. Complementar;
D. primário.
10. Instrumento utilizado pelo banco Central do brasil para controlar a liquidez do
mercado financeiro:
A. Política Fiscal;
B. Política Monetária;
C. Política Cambial;
D. Política Creditícia.
11. Em um cenário de elevação da taxa básica e juros (SELIC) é esperado, por consequência:
A. Elevação do IPCA;
B. Redução do IPCA;
C. Redução do DI;
D. Elevação do IGP-M.
64 PASSAR NA CPA 10
GABARITO - MÓDULO 3
1. D. Justificativa: A definição de PIB nos diz que tal medida representa a soma, em
valores monetários, de todos os bens e serviços finais (e não intermediários, para
evitar dupla contagem) produzidos por uma economia (ou seja, em determinada
região), durante um período (normalmente, um trimestre ou um ano), consideran-
do o valor de mercado dos bens e serviços (e não seu valor de produção ou seu
custo). Assim, apenas a alternativa (d) está correta.
3. B. Justificativa:
No Brasil, os empréstimos interfinanceiros (ou seja, aqueles entre bancos
e outras instituições financeiras) são remunerados pela taxa DI.
4. A. Justificativa: A taxa DI é apurada e divulgada diariamente pela B3 com base nas ope-
rações de emissão de Depósitos Interfinanceiros pré-fixados, selecionando-se apenas
as operações de um dia útil de prazo (over), considerando apenas as operações reali-
zadas entre instituições de conglomerados diferentes (Extragrupo), desprezando-se as
demais (Intragrupo), e é aplicada considerando-se apenas os dias úteis, em uma base
de 252 dias úteis por ano.
5. B. Justificativa: A taxa de juros utilizada para o cálculo da remuneração dos saldos das
contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é a Taxa Referen-
cial, conforme a Lei 8.177/91.
65 PASSAR NA CPA 10
8. A. Justificativa: A função do índice de referência (benchmark) é oferecer parâmetro
de comparação para o desempenho de um ativo financeiro, uma carteira de ativos
ou um fundo de investimento.
11. B. Justificativa: Quando a taxa de juros aumenta, podemos dizer, tecnicamente, que o
preço do dinheiro no mercado aumenta. Com o custo do dinheiro maior, temos que
menos pessoas e empresas estarão dispostos a tomar crédito. Com menos crédito em
circulação temos um consumo menor. Com menos pessoas consumindo temos queda
dos preços e, consequentemente, redução do IPCA.
66 PASSAR NA CPA 10
MÓDULO 4
PRINCÍPIOS DE
INVESTIMENTO
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 5 A 10 QUESTÕES.
AS 3 PREMISSAS PARA SE RECOMENDAR UM INVESTIMENTO
O cliente sempre quer saber quanto a aplicação dele vai render. Você pode responder isso
usando a Rentabilidade absoluta ou a relativa.
⯁⯁ Rentabilidade absoluta é expressa em percentual. Ex.: fundo rendeu 10% ao ano.
⯁⯁ Rentabilidade relativa faz referência a um benchmark. Ex.: fundo rendeu 90% do DI.
Assim como no tópico anterior, existem outras duas maneiras de mostrar a rentabilidade de
um investimento ao cliente.
⯁⯁ Rentabilidade observada: está relacionada com o conceito de passado.
⯁⯁ Rentabilidade esperada: é calculada como a média da rentabilidade observada.
⯁⯁ Representa uma expectativa (esperança) de retorno do investidor.
Pois a rentabilidade de um investimento deverá, sempre ser observada com a mesma premis-
sa. Um determinado investimento vai sempre pagar para o investidor a rentabilidade nominal.
Para sabermos quanto, de fato, aumentou o poder de compra do investidor, é preciso descon-
tar a inflação do período.
68 PASSAR NA CPA 10
RENTABILIDADE BRUTA VERSUS RENTABILIDADE LÍQUIDA
Os investimentos, por definição, trazem rendimentos ao investidores e, por essa razão, este
rendimento estará, na maioria das vezes, sujeito a incidência de imposto de renda e, em alguns
caso, incidência de imposto sobre operações financeiras.
Quando estamos falando de rentabilidade bruta, estamos falando da rentabilidade sem descontar
os impostos, ao passo que a rentabilidade líquida é quando descontamos os impostos devidos.
LIQUIDEZ
Isso é importante. Não que os outros tópicos não sejam, claro. Mas a liquidez, que é a maior
ou menor facilidade de se negociar um ativo, convertendo-o em dinheiro, bate de frente com
o perfil do investidor.
Quanto mais fácil for converter um ativo em poder de compra sem perda, mais líquido é consi-
derado o ativo. Isso significa que esse ativo é bom para um investidor conservador, por exem-
plo, e pode ser usado como argumento para convencer o cliente.
RISCO
Risco pode ser definido como a probabilidade de perda ou ganho numa decisão de investimen-
to, ou o grau de incerteza do retorno de um investimento. Normalmente, o risco tem relação
direta com o nível de renda do investimento: quanto maior o risco, maior o potencial de renda
do investimento. A seguir, eu explicarei um pouco mais sobre os tipos de riscos mais importan-
tes a serem observados.
Considerando que os investidores são racionais, concluímos que eles só estarão dispostos a
correr maior risco em uma aplicação financeira para ir em busca de maiores retornos. Isso é
algo do próprio ser humano: a gente só vai naquele restaurante caro porque sabe que o retor-
no será enorme. A comida vai estar uma delícia.
Assim, entre dois investimentos de mesmo retorno, o investidor prefere o de menor risco; e
entre dois investimentos de mesmo risco, o investidor prefere o de maior rentabilidade.
69 PASSAR NA CPA 10
RISCO DE MERCADO
Sabe o mercado perto da sua casa? Vou chutar que você pagou R$ 5 na caixa do leite. Quinze
dias depois, o mesmo leite estava custando R$ 8. Esse exemplo simples explica o Risco de Mer-
cado, que é basicamente quando o preço de um ativo é alterado pelo mercado.
O preço dos ativos oscila por natureza em um espaço de tempo. Uns mais, outros menos. A
isso chamamos de volatilidade, que é uma medida dessa oscilação. Assim, os preços das ações
são mais voláteis (oscilam mais) que os preços dos títulos de renda fixa.
RISCO DE LIQUIDEZ
Imagine que você comprou um ativo por R$ 20. Amanhã, você precisa desesperadamente ven-
dê-lo, mas o valor dele caiu para R$ 15. Isso é Risco de Liquidez.
Trata-se da dificuldade de vender um determinado ativo pelo preço justo e no momento desejado. A
realização da operação, se ela for possível, implica numa alteração substancial nos preços do mercado.
RISCO DE CRÉDITO
Basicamente, o Risco de Crédito é o risco de calote. Aposto que você já sentiu esse medo algu-
ma vez na vida. Talvez ao emprestar dinheiro pra um amigo, e ele ficar de pagar depois de uns
meses. Só que esse amigo some e você nunca mais vê a cor do dinheiro. Isso é risco de crédito.
Ele está sempre associado a possíveis perdas que um credor possa ter pelo não pagamento
por parte do devedor dos compromissos assumidos em uma data acertada, seja este compro-
misso os juros (cupons) ou o principal. Há vários tipos de risco de crédito: um investidor, ao
comprar um título, sempre estará ́ na mira de em um ou mais destes tipos de risco de crédito.
70 PASSAR NA CPA 10
FATORES PARA ADEQUAÇÃO DE
PRODUTOS DE INVESTIMENTO
Deixa eu te avisar uma coisa importante: agora que você será um profissional certificado pela
Anbima, em toda reunião familiar, virá aquela tia solteirona, ou aquele primo que vive enrolado
perguntar para você qual é o melhor investimento que existe.
A resposta para isso é: não existe um melhor investimento. O que existe é o melhor investi-
mento para você em determinado momento.
Estou querendo dizer que TODOS os produtos disponíveis no mercado financeiro são produtos
que atendem uma necessidade específica de investimento. Ou seja, mais importante do que
saber falar do produto é saber entender a necessidade do seu cliente.
Os objetivos dos investidores devem, sempre, ser olhados em primeiro lugar para fazer a adequação.
Então, quando o investidor tem um tempo longo para investir, dizemos que seu horizonte de
investimento é longo.
Para conhecer melhor a situação financeira do investidor vamos tratar de finanças pessoais.
Voltaremos a esse assunto com detalhes, na aula de suitability dentro do código de regulação
e melhores práticas que será abordado no final do módulo 6.
71 PASSAR NA CPA 10
FINANÇAS PESSOAIS
72 PASSAR NA CPA 10
SIMULADO - MÓDULO 4
73 PASSAR NA CPA 10
5. Para ajudar na adequação de investimentos, devemos orientar o investidor a orga-
nizar suas finanças pessoais, para as finanças pessoais, devemos elaborar:
A. Balanço patrimonial empresarial, fluxo de caixa, e orçamento doméstico;
B. Balanço patrimonial pessoal, fluxo de caixa e orçamento doméstico;
C. Balanço patrimonial pessoal, fluxo de ganhos mensais e orçamento doméstico;
D. Balanço patrimonial pessoal, fluxo de caixa e orçamento bancário.
74 PASSAR NA CPA 10
GABARITO - MÓDULO 4
7. B. Justificativa: o risco de liquidez é o risco que está associado que o investidor tem de
converter seu ativo em poder de compra (dinheiro) pelo preço justo, portanto, está
associado a dificuldade de vender seu ativo no mercado secundário.
75 PASSAR NA CPA 10
MÓDULO 5
FUNDOS DE
INVESTIMENTO
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 10 A 15 QUESTÕES.
INTRODUÇÃO A FUNDOS DE INVESTIMENTOS
Quando, no primeiro parágrafo, eu citei que o fundo opera sob a forma de condomínio, é por-
que os cotistas, ao aplicarem certo valor em um fundo, compram uma quantidade de cotas
e pagam uma taxa de administração ao administrador para que este coordene as tarefasdo
fundo, entre elas, ade gerir seus recursosno mercado.
Ao comprar cotas de um fundo, o cotista está aceitando suas regras de funcionamento (aplica-
ção mínima, prazo de resgate, horários, custos) e passa a ter os mesmos direitos dos demais
cotistas, independentemente da quantidade de cotas que cada um possui.
Se você lembra do módulo que tratamos os ativos de renda fixa e renda variável, sabe que
existem diversos títulos de valores mobiliários no mercado e, para o investidor comum, ter de
escolher entre tantos ativos com tantos emissores diferentes pode não ser uma tarefa muito
simples. Eis a primeira vantagem de um fundo de investimento: ao investir em um fundo, é o
gestor desse fundo que vai escolher quais ativos comprar para compor a carteira do fundo e,
com isso, rentabilizar os recursos dos investidores.
Outra vantagem é que, por ser uma comunhão de recursos, o gestor pode acessar produtos de
investimentos mais estruturados.
Uma analogia que gosto de fazer com os fundos de investimentos é com a ceia de natal de sua
família. Bem, eu não sei se você comemora o natal, mas vai entender a dinâmica.
A cena é a seguinte: Estamos a 30 dias do Natal e você precisa preparar a ceia para sua família.
Você pega a carteira e percebe que tem apenas R$ 300,00 para essa missão. Com esse valor
você vai ao supermercado do seu bairro, escolhe alguns poucos produtos e volta para casa.
Na noite do dia 23 para o dia 24, você começa a preparar a ceia. Depois de um dia de trabalho
insano, você vai dedicar-se por horas a fio entre a pia, o fogão e a geladeira.
77 PASSAR NA CPA 10
Tudo pronto, ceia de natal pronta, mesa posta, começam a chegar os familiares. Só que você
não contava com a vinda daquela tia que se casou com um homem que tem 3 filhos e os trou-
xe para celebrar o Natal. Claro que, com o recurso limitado que você tinha para a festa, a ceia
precisou ser controlada e dividida de forma cuidadosa para que todos se alimentassem.
Para solucionar esse problema de ter pouca grana e ainda ter de trabalhar por horas entre a
pia, fogão e geladeira, seria melhor que você juntasse seus R$ 300,00 com R$ 300,00 de cada
um dos 30 parentes que virão a sua ceia.
Agora, o saldo para sua ceia de natal saltou de R$ 300,00 para R$ 9.000,00. Nada mal, né? Ao
invés de ir ao mercado, você escolhe um buffet que vai chegar uma hora antes da ceia e deixar
tudo pronto para toda a família. Uma ceia muito mais farta, mais completa e, para você (e toda
sua família), simples, pois chegou pronta. Certamente a empresa de buffet se esforçou para
escolher os melhores produtos para você e ainda lembrou de tirar a azeitona da salada (um
pedido feito por sua sogra).
Essa analogia, que parece fugir do assunto de fundos de investimentos, tem muito mais seme-
lhança do que parece. Vamos a elas:
1. No primeiro cenário você, com seus recursos, foi ao mercado comprar os produtos para
a ceia. No mercado financeiro seria o mesmo de você usar seu poder de poupança e ter
de escolher qual produto vai investir para compor seu patrimônio de ativos. O ponto é
que, devido ao baixo valor de investimento, você tenha de escolher um produto que traga
uma menor rentabilidade;
2. Além de você mesmo ter de escolher o produto, você teria de dedicar tempo para saber
quando comprar ou quando vender esse produto para buscar a maior rentabilidade.
3. No segundo cenário, você, ao invés de escolher o que comprar com R$ 300,00, juntou
seus recursos com todos os membros de sua família e entregou para empresa de buffet.
Isso seria o mesmo que entregar seus recursos para o gestor do fundo que vai escolher
o que comprar para compor a carteira do fundo. Só que estamos falando de um gestor
profissional e de um valor maior do que R$ 300,00.
4. Além disso, a empresa de buffet lembrou que sua sogra não gosta de azeitonas e as tirou
da salada. Isso é para dizer que o gestor do fundo não pode investir seu dinheiro onde ele
bem entender. Ele precisa obedecer às regras do fundo (tecnicamente, isso é chamado
de regulamento).
5. Último ponto é que, como você deve imaginar, a empresa de buffet entregou um serviço
muito bom para sua família e ainda teve lucro ao prestar esse serviço. Com um fundo de
investimento é a mesma coisa: o administrador cobra uma taxa de administração pela
prestação de serviço.
Se você conseguiu entender o conceito de fundos de investimentos, vai ficar mais fácil enten-
der tudo que trataremos no decorrer desse módulo.
78 PASSAR NA CPA 10
REGISTRO DOS FUNDOS
Imagine que você escolheu investir em um fundo que é administrado pelo Banco do Brasil.
Esse fundo tem um CNPJ próprio e não será o mesmo CNPJ do Banco do Brasil, o BB é so-
mente o ADMINISTRADOR desse fundo. Em outras palavras, ele é responsável por conduzir
o fundo e isso não deve ser confundido com investir o dinheiro no Banco do Brasil. O BB
apenas presta um serviço.
Fiz essa observação para deixar claro uma coisa aqui: um fundo de investimento possui CNPJ
próprio e, como qualquer outra empresa, terá um administrador. O administrador do fundo é
o responsável legal do fundo perante os investidores e perante os órgãos reguladores.
Para que um fundo de investimento chegue ao mercado é necessário que seja feito um re-
gistro e, como você deve imaginar, esse registro será feito pelo administrador do fundo. Esse
registro deve ser feito junto a CVM com os seguintes documentos e informações:
⯁⯁ regulamento do fundo;
⯁⯁ dados relativos ao registro do regulamento em cartório de títulos e documentos;
⯁⯁ formulário de informações complementares, exceto para fundos destinados a investido-
res qualificados;
⯁⯁ declaração do administrador do fundo de que firmou os contratos com terceiros para
prestação de serviços junto ao fundo, quando for o caso;
⯁⯁ nome do auditor independente;
⯁⯁ inscrição do fundo no CNPJ;
⯁⯁ formulário padronizado com as informações básicas do fundo, conforme modelo dispo-
nível na página da CVM na rede mundial de computadores, devidamente preenchido; e
⯁⯁ lâmina elaborada de acordo com a legislação, no caso de fundo aberto que não seja des-
tinado exclusivamente a investidores qualificados.
79 PASSAR NA CPA 10
DOCUMENTOS DOS FUNDOS
Já que o fundo de investimento é uma prestação de serviço de uma instituição financeira, será
que essa mesma instituição financeira pode pegar o dinheiro dos investidores em fundos de
investimentos para, por exemplo, emprestar a seus clientes no cheque especial? A resposta
para essa pergunta é um sonoro NÃO.
Vamos entender uma instituição financeira “por dentro”. De um lado, temos a tesouraria do
banco que busca captar recursos emprestado de investidores pagando a menor taxa possível
para que, com esse dinheiro, possa emprestar aos tomadores de crédito. Acontece que, nesse
80 PASSAR NA CPA 10
caso, o banco vai procurar pagar a menor taxa possível a seus clientes, já que quanto menos
ele pagar de juros, maior será seu spread e, consequentemente, seu lucro.
Agora, indo para o fundo de investimento, temos que o gestor do fundo, que compra ativos
para compor a carteira desse fundo, a fim de buscar a maior rentabilidade possível para en-
tregar aos cotistas. Faz sentido para você que temos aqui um baita conflito de interesses? De
um lado o banco querendo captar dinheiro e pagar a menor taxa possível. Do outro, o gestor
precisa investir o dinheiro dos cotistas com a maior taxa possível.
Para evitar que esse conflito de interesse possa comprometer a relação fiduciária do adminis-
trador com os cotistas, as instituições financeiras devem criar procedimentos que segregam
essas atividades. Em resumo, a função de administração de recurso de terceiros (fundos de
investimentos) não pode operar junto da administração de recursos próprios (tesouraria do
banco). Essa segregação é conhecida como Chinese wall.
O Chinese Wall que, em tradução para o nosso bom português significa muralha da china, re-
presenta uma barreira de informações que deve existir em toda instituição financeira que se
propõe a administrar fundos de investimentos.
Como vimos, o investidor, ao colocar dinheiro no fundo, contrata uma prestação de serviço. O
gestor vai comprar ativos para compor a carteira do fundo. Esses ativos são de propriedade do
fundo, mas a propriedade do fundo pertence aos cotistas.
Vale lembrar que o patrimônio do fundo não se mistura com o patrimônio de seus presta-
dores de serviços. Todos os ativos que compõem a carteira de um fundo de investimento
pertencem ao fundo e, portanto, aos cotistas do fundo. Lucros e perdas são distribuídos
igualmente entre os cotistas na valorização (ou desvalorização) da cota. E por falar em
cota, vamos entender esse tema agora.
COTA
As cotas do fundo são a cereja deste grande bolo. Elas correspondem a frações ideais do pa-
trimônio do investidor e sempre são escriturais e nominativas. Quando digo que as cotas são
escriturais estou dizendo que, ao comprar uma cota do fundo, o investidor não leva a cota
fisicamente para casa, e sim tem suas informações lógicas em um sistema de dados. Se você
está lendo essa apostila em seu computador (não a imprimiu), você tem a apostila, mas ela é
escritural, não física. Quando digo nominal é que essas cotas devem, obrigatoriamente, ser
registradas em nome do cotista.
81 PASSAR NA CPA 10
Quando o investidor investe em um fundo de investimento, na prática ele compra cotas desse
fundo. A quantidade de cotas que o investidor tem será sempre a mesma a não ser que:
⯁⯁ O investidor faça resgates em seu fundo de investimento;
⯁⯁ O investidor faça novas aplicações no fundo;
⯁⯁ Haja a antecipação de IR semestral (come cotas, que detalharei mais adiante);
O que se espera ao investir em um fundo de investimento é que as cotas desse fundo va-
lorizem ao longo do tempo e, como qualquer investimento, precisamos saber o preço que
pagamos ao investir e o preço que vendemos ao resgatar os recursos investidos no fundo. O
administrador tem de calcular diariamente o valor da cota (e suas variações) do fundo, e, para
isso, lança mão da seguinte fórmula:
As cotas de um fundode investimento fechado e seus direitos de subscrição podem ser trans-
feridos, mediante termode cessão e transferência, assinado pelo cedente e pelo cessionário,
ou por meio de negociação emmercado organizado em que as cotas do fundo sejam admitidas
à negociação. Já que eu citei aqui nesse parágrafo “fundo fechado” e “fundo aberto”, nada mais
justo do que falarmos sobre os tipos de fundo. Bora?
TIPOS DE FUNDOS
Os fundos de investimentos, como vimos até aqui, são instrumentos que facilitam o acesso ao
investidor ao mercado de capitais e, devido a essa facilidade, é natural que diversos tipos de
investidores demandem por produtos específicos.
Você deve concordar que um investidor que consegue aportar R$ 500,00 em um fundo de
investimento tem necessidades diferentes daquele investidor que aporta R$ 1.000.000,00,
82 PASSAR NA CPA 10
certo? Justamente por termos as mais variadas demandas de investidores no mercado é que
temos também os mais variados tipos de fundos de investimentos. Veremos a seguir.
FI x FIC
FUNDOS ABERTOS
Neste tipo de fundo, como o nome sugere, o investidor pode entrar a qualquer momento. O
número de cotas nesse fundo é variável, ou seja, quando o investidor investe seu dinheiro, no-
vas cotas (no valor do dia) são criadas, e quando o investidor resgata seu investimento, essas
cotas deixam de existir.
O Fundo Aberto não tem uma data de vencimento, portanto o investidor não precisa renovar
sua aplicação. Isso é considerado vantagem dos fundos abertos, pois o cotista pode sacar os
recursos a qualquer momento.
A recompra das cotas nesse tipo de fundo é garantida pelo administrador. Quando o investidor
compra novas cotas, gera recursos para que o gestor compre ativos no mercado financeiro
para compor a carteira do fundo. Ao vender, o gestor vende os ativos no mercado financeiro
para honrar com os resgates.
Os fundos abertos podem ser com ou sem carência. Em caso de fundo sem carência, o investi-
dor pode “entrar e sair” a qualquer momento, ou, falando de um jeito mais técnico, o investidor
pode comprar e vender cotas a qualquer momento. O fundo com carência permite a entrada
a qualquer momento, porém os resgates são permitidos apenas ao final do prazo de carência.
FUNDOS FECHADOS
Ao contrário dos fundos abertos, aqui o investidor não pode entrar ou sair a qualquer momen-
to. O número de cotas nesse fundo é limitada, portanto o gestor não pode criar cotas quando
da aplicação de novos cotistas.
Esse tipo de fundo tem data certa para a entrada de cotistas (quando da abertura do fundo ao
mercado, ou em período de novas captações) e pode, ou não, ter um vencimento. Se houver
vencimento, esse fundo faz o resgate compulsório das cotas no respectivo vencimento.
83 PASSAR NA CPA 10
A recompra das cotas a qualquer momento não é um benefício desse tipo de fundo. Por isso,
se o investidor quiser resgatar suas cotas antes do vencimento do fundo, terá de negociar suas
cotas com outro investidor no mercado secundário.
Esse tipo de fundo está muito presente no ambiente de negociação da bolsa de valores (B3),
o que permite que suas cotas sejam negociadas no mercado secundário com mais facilidade,
apresentando uma liquidez maior para o detentor das cotas desse fundo.
Como vimos no primeiro módulo de nosso curso, existe um perfil de investidores que, por defi-
nição, possuem mais conhecimentos de mercado: os investidores qualificados e profissionais.
Esse tipo de fundo deve ser destinado exclusivamente para esse tipo de perfil. Em outras pa-
lavras, o fundo para investidor qualificado (ou profissional) não pode admitir investidores não
qualificados, exceto nos casos abaixo:
⯁⯁ empregados ou sócios das instituições administradoras ou gestoras deste fundo ou so-
ciedades a elas ligadas, desde que expressamente autorizados pelo diretor responsável
da instituição perante a CVM.
84 PASSAR NA CPA 10
Os fundos destinados a investidores profissionais são bem semelhantes aos fundos destina-
dos a investidores qualificados, diferenciando-se apenas no tipo de investidor que admite.
Além dos investidores profissionais, esse fundo pode admitir:
⯁⯁ os empregados ou sócios das instituições administradoras ou gestoras deste fundo ou
empresas a ela ligadas, desde que expressamente autorizados pelo diretor responsável
da instituição perante a CVM;
⯁⯁ investidores relacionados a investidor profissional por vínculo familiar ou vínculo socie-
tário familiar, desde que no mínimo 90% (noventa por cento) das cotas do fundo em que
se pretenda ingressar sejam detidas por tais investidores.
O fundo criado para receber apenas um cotista e esse for um investidor profissional, é consi-
derado fundo exclusivo.
Quando o investidor investe seu dinheiro em um fundo, o que é feito, na prática, é comprar
cotas desse fundo para que essas se valorizem ao longo do tempo e de acordo com o resultado
dos ativos que compõem a carteira do fundo.
COTA DE ABERTURA
Chamamos de cota de abertura aquela que já é conhecida no início do dia. O seu cálculo é
feito com base no valor do patrimônio líquido do fundo no dia anterior, acrescido da variação
do DI de um dia.
Esse tipo de fundo permite ao investidor saber com antecedência o valor que pagará pela cota
(em caso de investimento) ou receberá (em caso de resgate). Pelo fato do valor da cota ser
conhecida na abertura do mercado e não haver mudança ao longo do dia, esse tipo de cota
só é permitido em fundos que, por sua natureza, apresentam baixa volatilidade de preços dos
ativos, sendo eles:
⯁⯁ Fundo de renda fixa;
⯁⯁ Fundos exclusivos;
85 PASSAR NA CPA 10
COTA DE FECHAMENTO
Diferente do fundo com cota de abertura, aqui o investidor só saberá o valor da cota no fecha-
mento do dia. Em outras palavras, o valor da cota nesse tipo de fundo reflete toda a variação
dos ativos no dia. O valor da cota é divulgado no fechamento do mercado. Esse tipo de precifi-
cação é obrigatório para fundos que apresentam maior oscilação em suas cotas.
MARCAÇÃO A MERCADO
Se estamos falando até aqui que a cota do fundo de investimento terá um valor para a nego-
ciação, é natural que o preço das cotas deriva da valorização ou desvalorização dos ativos que
compõem a carteira do fundo, certo?
Agora imagine que o gestor do fundo compre títulos de renda fixa com taxa pré-fixada para
a carteira e precifique a cota do fundo pelo que chamamos de “curva do papel”, que, em ou-
tras palavras, considera apenas a projeção de juros do título sem considerar as oscilações de
mercado. Acontece que os títulos pré-fixados estão sujeitos à alteração de preço durante sua
maturação, ou seja, enquanto esse título não chega ao vencimento, o valor dele pode mudar
diariamente, ou até mais vezes no mesmo dia.
Se um fundo é precificado (marcado) somente com a projeção do papel, pode trazer distorção
de preços e promover a distribuição de riqueza entre cotistas. Talvez, visualmente fique mais
fácil entender esse conceito. Observe o gráfico abaixo:
Esse gráfico refere-se a um título real emitido pelo Tesouro Nacional, uma LTN que vence em
01/01/2023 e foi adquirido no dia 02/02/2016. Esse título foi comprado com uma taxa de 12,57%.
86 PASSAR NA CPA 10
A projeção chamada de “curva do papel” (linha verde) projeta um crescimento contínuo e não
considera as oscilações de mercado. Já a linha azul, chamada de “curva de mercado”, precifica
o ativo diariamente considerando as oscilações de mercado e, como você pode ver, apresentou
uma valorização, até o momento desse print, de 25,60% devido a uma queda na taxa de juros.
Se o investidor que detém esse título resolve vendê-lo hoje, deverá fazer pelo preço de merca-
do (linha azul) e, nesse caso, realizar um lucro maior do que os 12,57% contratados. Se for ven-
dido pelo preço do papel (linha verde), o investidor vai ter um lucro, porém, esse lucro é menor
do o preço de mercado representa. Em outras palavras, ao vender pelo preço contratado, o
investidor sofrerá uma perda, pois venderá mais barato do que realmente vale.
O que vimos no exemplo acima é o conceito prático de marcação a mercado. Agora vamos
aplicar a marcação a mercado para fundos de investimentos.
Um investidor comprou uma cota no dia 02/02/2016 por R$ 480,00 e vem carregando essa cota
até o dia 01/03/2018, quando decide vender. Se analisarmos o gráfico, veremos que o preço
teórico (linha verde) traz um valor nesse dia de aproximadamente R$ 560,00, ao passo que a
linha azul em aproximadamente R$ 660,00, ou seja, R$ 100,00 de diferença.
No mesmo dia que esse investidor pede o resgate de sua cota, outro investidor resolve com-
prar essa cota. O correto é vender por R$ 660,00 (preço de mercado). Se o custodiante vende
por R$ 560,00 o investidor que está vendendo a cota receberá menos do que vale e o que está
comprando comprará por menos do que vale. Nesse caso o investidor que compra está sendo
beneficiado em detrimento do que vende. Em outras palavras, houve aqui uma transferência
de riqueza entre os cotistas.
A marcação a mercado em fundos de investimentos é justamente para evitar que haja essa
transferência de riquezas entre cotistas e, basicamente, consiste em precificar as cotas dos
fundos de investimento pelo valor de mercado dos títulos que compõem a carteira. Em outras
palavras, é a precificação da cota pelo valor do dia. A marcação a mercado é obrigatória para
todos os fundos de investimentos, com exceção dos fundos exclusivos que podem ter esse
procedimento dispensado por solicitação do cotista.
Como vimos há pouco, quando o investidor investe, ele compra cotas, e quando resgata, ele
vende as cotas. Esse processo é chamado de cotização e descotização, respectivamente.
87 PASSAR NA CPA 10
O regulamento do fundo deve prever ao cotista qual o prazo para a cotização e descotização
de forma que o rendimento do investidor será contabilizado apenas após a conversão em co-
tas e cessa na descotização. A descotização de cotas não pode ser confundida com o resgate.
Para os fundos com carência, o regulamente pode prever resgate antes do prazo de carência,
com ou sem rendimento.
O valor a ser recebido na data de pagamento do resgate é referente ao valor da cota na data
de conversão de cotas. Portanto, pode haver diferença entre o dia em que o investidor solicita
o resgate, o dia em que o administrador calcula o valor da cota para pagamento e o dia do efe-
tivo pagamento. Esses prazos constam no regulamento e na lâmina de informações essenciais.
Existe uma nomenclatura bastante utilizada no mercado financeiro e que também é usada
para indicar, em dias úteis, os prazos para a realização de operações em geral.
Por exemplo, no caso de resgate de fundos, podemos ter um fundo com as seguintes caracte-
rísticas indicadas na lâmina de informações:
Exemplo 1:
⯁⯁ data de conversão de cotas: D+0;
⯁⯁ data para pagamento do resgate: D+3.
Considerando que o dia “D” é o da solicitação do resgate, para este exemplo, o cálculo do valor
das cotas é realizado no mesmo dia da solicitação (conversão em D+0), e o pagamento do res-
gate é realizado três dias úteis após a data de solicitação do resgate (D+3).
Exemplo 2:
⯁⯁ data de conversão de cotas: D+1;
⯁⯁ data para pagamento do resgate: D+4.
Considerando que o dia “D” é o da solicitação do resgate, para este exemplo, o cálculo do valor
das cotas é realizado no dia seguinte à solicitação (conversão em D+1), e o pagamento do res-
gate é realizado quatro dias úteis após a data de solicitação do resgate (D+4).
Exemplo 3:
⯁⯁ data de conversão de cotas: D+30;
⯁⯁ data para pagamento do resgate: D+31.
Considerando que o dia “D” é o da solicitação do resgate, para este exemplo, o cálculo do valor
das cotas é realizado 30 dias após a solicitação (conversão em D+30), e o pagamento do resgate
é realizado um dia útil após a data de conversão de cotas (D+31).
O pagamento do resgate deve ser efetuado em cheque, crédito em conta corrente ou ordem
de pagamento, no prazo estabelecido no regulamento, que não pode ser superior a 5 (cinco)
dias úteis, contado da data da conversão de cotas.
88 PASSAR NA CPA 10
Os fundos abertos podem realizar o resgate compulsório de cotas, desde que:
⯁⯁ o regulamento ou a assembleia geral de cotistas o autorize e determine claramente a
forma e condições por meio do qual referido procedimento se realizará;
⯁⯁ seja realizado de forma equânime, simultânea e proporcional entre todos os cotistas; e
⯁⯁ não seja cobrada taxa de saída.
No caso de fechamento dos mercados e/ou em casos excepcionais de iliquidez dos ativos fi-
nanceiros componentes da carteira do fundo, inclusive em decorrência de pedidos de resgates
incompatíveis com a liquidez existente, ou que possam implicar alteração do tratamento tribu-
tário do fundo ou do conjunto dos cotistas, em prejuízo destes últimos, o administrador pode
declarar o fechamento do fundo para a realização de resgates.
Um fundo fechado para resgate deve ser comunicado imediatamente à CVM e o fundo deve
permanecer fechado para aplicações enquanto estiver fechado para o resgate.
Nesse tópico citamos fatos relevantes e assembleia. Então, para que seu aprendizado seja fluído,
vamos abordar esses temas a seguir.
Essa divulgação é feita na forma prevista no regulamento do fundo, por meio do Sistema de
Envio de Documentos disponível no site da CVM e para a entidade administradora de mercado
organizado em que as cotas estejam admitidas à negociação (para os fundos fechados).
89 PASSAR NA CPA 10
A CVM considera relevante qualquer ato ou fato que possa influir de modo ponderável no valor
das cotas ou na decisão dos investidores de adquirir, alienar ou manter tais cotas.
Qualquer ato ou fato relevante divulgado deve ser mantido nos sites do administrador e do
distribuidor do fundo.
Os investidores de um fundo de investimento que emite um fato relevante devem avaliar se tal
fato influencia sua decisão de investir nesse produto.
Como já vimos ao longo desse módulo, o fundo de investimento é uma prestação de serviços
que funciona sob o regime de condomínio e que, embora possua um administrador, esse não
detém todos os poderes de decisão do fundo. Decisões mais relevantes ao fundo devem ser
deliberadas em uma assembleia de cotistas. O Fundo de investimento, através de seu adminis-
trador vai convocar assembleia geral de cotistas no mínimo uma vez por ano.
Já que eu citei aqui no item acima que a assembleia é que vai deliberar sobre a mudança de re-
gulamento no fundo de investimento, permita-me mostrar uma exceção. O regulamento pode
ser alterado, independentemente da assembleia geral, sempre que tal alteração:
I. decorrer exclusivamente da necessidade de atendimento a exigências expressas da
CVM ou de adequação a normas legais ou regulamentares;
II. for necessária em virtude da atualização dos dados cadastrais do administrador ou
dos prestadores de serviços do fundo, tais como alteração na razão social, endereço,
página na rede mundial de computadores e telefone;
III. envolver redução da taxa de administração ou da taxa de performance.
Sempre que houver mudança no regulamento por motivos citados no item I e II, o fundo tem
até 30 dias para comunicar os cotistas. Caso a mudança seja motivada pelo item III, o fundo
deve comunicar os cotistas tão logo seja feita a alteração.
90 PASSAR NA CPA 10
Exceção citada, voltemos à assembleia.
CONVOCAÇÃO
Para deliberar sobre as demonstrações contábeis do fundo, deve haver no mínimo uma as-
sembleia por ano, e essa deve acontecer no máximo em 120 após o término do exercício social
do fundo. Para realização dessa assembleia, as demonstrações contábeis do fundo devem
estar publicadas no site do administrador no mínimo 15 dias antes da assembleia.
Bem, nesse tópico falamos, além da assembleia, sobre administrador, gestor e custodiante.
Vamos abordar esses tópicos a seguir.
SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES E
RESPONSABILIDADES NOS FUNDOS
O fundo de investimentos, como já falamos aqui, é uma prestação de serviço. Ele possui CNPJ
próprio e um administrador. Vamos tratar aqui, de forma detalhada, a função do administra-
dor e dos demais participantes do fundo de investimentos.
91 PASSAR NA CPA 10
A administração de um fundo de investimento inclui um conjunto de serviços relacionados
direta ou indiretamente ao funcionamento e à manutenção do fundo, podendo ser prestados
pelo próprio administrador, ou por terceiros que ele contratar em nome do fundo. O adminis-
trador tem poderes para praticar os atos necessários ao funcionamento do fundo, sendo
responsável pela constituição do fundo e pela prestação de informações à CVM.
Além dos profissionais (ou empresas) listados acima, o administrador pode contratar para o fundo:
⯁⯁ consultoria de investimentos: o fundo pode contratar por iniciativa do administrador
ou dos cotistas um conselho consultivo ou comitê técnico de investimento que contribui-
rá com o gestor na decisão de investimento.
⯁⯁ atividades de tesouraria, controle e processamento dos ativos financeiros: respon-
sável por controlar e registrar o caixa do fundo para liquidação das cotas. Quando o
fundo for administrado por instituição financeira, é dispensada a contratação do serviço
de tesouraria.
⯁⯁ escrituração da emissão e do resgate de cotas: responsável por registrar o lançamen-
to de novas cotas e a liquidação das cotas quando do resgate.
⯁⯁ classificação de risco por agência de classificação de risco de crédito: agência que vai
classificar o nível de risco dos ativos que compõem a carteira do fundo;
⯁⯁ formador de mercado: com objetivo de aumentar a liquidez do fundo de investimento,
o formador de mercado assume a obrigação de colocar no mercado, diariamente, ofertas
firmes de compra e de venda para uma quantidade de cotas pré-determinada e conheci-
da por todos. (mais utilizados para fundos fechados com cotas negociadas na B3).
92 PASSAR NA CPA 10
O administrador do fundo tem a responsabilidade solidária com os prestadores de serviço que
contratar, por eventuais prejuízos causados aos cotistas, em virtude de condutas contrárias à
lei, ao regulamento ou aos atos norma vos expedidos pela CVM. A contratação de prestadores
de serviço devidamente habilitados é faculdade do fundo, sendo obrigatória a contratação
dos serviços de auditoria independente.
Traduzindo isto: se algum prestador de serviço causar prejuízo aos cotistas em função de ativi-
dades que não estejam previstas em regulamento, a responsabilidade é também do adminis-
trador e não somente dos prestadores de serviço.
O administrador e o gestor possuem liberdade de tomar decisões que, em mãos erradas, po-
dem trazer prejuízo aos cotistas do fundo. Para evitar problemas dessa natureza, a CVM criou
normas de conduta que devem ser rigorosamente observadas e cumpridas, conforme a seguir:
⯁⯁ exercer suas atividades buscando sempre as melhores condições para o fundo, empre-
gando o cuidado e a diligência que toda pessoa ativa e proba costuma dispensar à admi-
nistração de seus próprios negócios;
⯁⯁ atuar com lealdade em relação aos interesses dos cotistas e do fundo, evitando práticas
que possam ferir a relação fiduciária com eles mantida, respondendo por quaisquer in-
frações ou irregularidades que venham a ser cometidas sob sua administração ou gestão;
⯁⯁ exercer, ou diligenciar para que sejam exercidos, todos os direitos decorrentes do patri-
mônio e das atividades do fundo, ressalvado o que dispuser o formulário de informações
complementares sobre a política relativa ao exercício de direito de voto do fundo;
⯁⯁ empregar, na defesa dos direitos do cotista, a diligência exigida pelas circunstâncias, prati-
cando todos os atos necessários para assegurá-los e adotando as medidas judiciais cabíveis;
⯁⯁ sem prejuízo da remuneração que é devida ao administrador e ao gestor na qualidade
de prestadores de serviços do fundo, esses agentes devem transferir ao fundo qualquer
benefício ou vantagem que possam alcançar em decorrência de sua condição;
Citei acima o que o administrador e gestor tem de fazer, agora cito o que é vedado para ele:
⯁⯁ é vedado ao administrador, ao gestor e ao consultor o recebimento de remuneração,
benefício ou vantagem, direta ou indiretamente por meio de partes relacionadas, que
potencialmente prejudique a independência na tomada de decisão de investimento pelo
fundo.
⯁⯁ a vedação não incide sobre investimentos realizados por: fundo de investimento em co-
tas de fundo de investimento que invista mais de 95% de seu patrimônio em um único
fundo de investimento; ou fundos de investimento exclusivamente destinados a investi-
dores profissionais, desde que a totalidade dos cotistas assine termo de ciência.
93 PASSAR NA CPA 10
Em resumo, o administrador e o gestor devem ter conhecimento das regras estabelecidas pela
CVM sobre o exercício da atividade de administração de carteira de valores mobiliários. Seu
papel é zelar pela integridade do fundo, assegurar que as ações tomadas estejam de acordo
com a política de investimento para ele e, acima de tudo, proteger os interesses dos cotistas.
Dica de ouro: o administrador e o gestor não são responsáveis por restituir ao fundo even-
tuais prejuízos ocorridos em investimentos realizados em ativos que estejam alinhados
com o objetivo e a política de investimento do fundo.
O administrador e o gestor da carteira do fundo devem ser substituídos caso sejam descreden-
ciados para o exercício da atividade de administração de carteiras de valores mobiliários, por
decisão da CVM, renúncia ou destituição, por deliberação da assembleia geral.
Ao adquirir cotas de um fundo, o investidor está concordando com suas regras de funciona-
mento e passa a ter os mesmos direitos e deveres dos demais cotistas, independentemente
da quantidade de cotas que possui. O exame do regulamento é fundamental para a tomada de
uma decisão de investimento.
Além dos direitos citados acima, os administradores de fundos de investimento devem divul-
gar informações para os cotistas, a CVM e as entidades do mercado, como a ANBIMA. Para os
94 PASSAR NA CPA 10
cotistas, as informações devem ser divulgadas de maneira equitativa e simultânea, por meio
eletrônico ou no site do administrador ou do distribuidor.
O administrador deve informar ao cotista diariamente via site o valor da cota no dia, men-
salmente um extrato com informações gerais sobre a rentabilidade, e anualmente as de-
monstrações contábeis do fundo, bem como o informe de rendimentos para efeitos de
declaração anual de ajuste de IR.
Como sabemos, um fundo de investimento é uma prestação de serviço. Outra coisa que é
amplamente difundida no mercado financeiro é que “não existe almoço de graça” em lugar
nenhum. Ou seja, para o investidor investir em um fundo de investimento, ele terá custos.
Vamos exemplificar a taxa de performance. Imagine um fundo ativo que tenha como objetivo
superar o Ibovespa: resultado do Ibovespa no período foi de 10% e do fundo foi de 15%. Dessa
forma, o fundo superou seu benchmark em 5%. Logo, o fundo pode cobrar no máximo 20% so-
bre o que excedeu, ou seja, sobre 5%, que no caso seria 1% (20% de 5% é 1% deste 5%). Dessa
forma o fundo entregaria uma rentabilidade de aproximadamente 14%.
95 PASSAR NA CPA 10
A taxa de performance pode ser cobrada somente depois de ser deduzido todas as outras
despesas do fundo;
⯁⯁ Taxa de entrada: embora não seja usual no mercado, a legislação prevê que o fundo
pode, desde que previsto em regulamento, cobrar para o investidor entrar no fundo;
⯁⯁ Taxa de saída: assim como a taxa de entrada não é usual, mas é permitido que o fundo
cobre de investidor para sair do fundo.
POLÍTICAS DE INVESTIMENTOS
Até aqui já sabemos que um fundo de investimento é uma prestação de serviço de gestão de
recursos. O que vamos entender nesse tópico é que cada fundo de investimento terá em seu
regulamento um objetivo e uma política pela qual o gestor buscará alcançar o objetivo do fun-
do. Confuso? Calma, deixarei as coisas mais claras.
Dica de ouro: o que eu coloquei em negrito nos itens acima é para chamar sua atenção
para o fato que o fundo passivo acompanha e o fundo ativo supera.
Além dos fundos passivos e ativos podemos encontrar o fundo alavancado. Esse tipo de fundo
normalmente é um fundo ativo e, portanto, seria um fundo ativo alavancado. A definição de
“alavancado” se deve ao fato de que esse fundo pode utilizar, como estratégia de gestão de ati-
vos, derivativos que exponham o fundo a risco superior ao valor de seu patrimônio líquido. Em
outras palavras, é um fundo que pode ter uma perda maior do que o valor investido do fundo.
Caso esse fundo apresente um prejuízo maior do que seu patrimônio líquido, o cotista será
convidado (na verdade, é obrigado, mas não ficaria bem escrever isso aqui, né?) a aportar mais
recursos para cobrir o prejuízo do fundo. Melhor dizendo, a responsabilidade por cobrir even-
tuais prejuízos do fundo alavancado é do cotista.
96 PASSAR NA CPA 10
CLASSIFICAÇÃO CVM
Esse é um tema que com certeza será bem cobrado em sua prova, e trata da maneira de como
os fundos de investimentos são classificados pela CVM.
A classificação CVM classifica os fundos de acordo com o risco que cada fundo vai se expor no
mercado. Ou, melhor dizendo, limita a atuação em ativos que não estejam de acordo com o
objetivo do fundo. Já que os ativos negociados no mercado financeiro possuem riscos diferen-
tes entre si, nada mais prudente do que classificar os fundos de investimentos com base nos
riscos que os fundos assumem ao comprar um ativo para sua carteira.
A instrução normativa CVM 555 prevê que os fundos devem, de acordo com o mercado em que
atuam, se enquadrar em uma categoria específica, sendo elas:
⯁⯁ Fundo de Renda Fixa;
⯁⯁ Fundo Cambial;
⯁⯁ Fundo Multimercado;
⯁⯁ Fundo de Ações.
Como o nome sugere, esse fundo aloca a maior parte (no mínimo 80%) de seus recursos em
ativos de renda fixa. São fundos de natureza conservadora e buscam acompanhar a variação
dos indicadores de renda fixa.
O que veremos a seguir é que mesmo no segmento de renda fixa existem divisões que sepa-
ram os fundos de acordo com a especificidade de renda fixa que o fundo explora. Em outras
palavras, temos subcategorias de fundos de renda fixa. Essas subcategorias são divididas con-
forme a tabela a seguir:
97 PASSAR NA CPA 10
FUNDO DE CRÉDITO PRIVADO
Um fundo de renda fixa que aloque mais da metade de seu PL em ativos de emissão privada
está expondo o fundo a um risco de crédito maior e, por essa razão, deve constar em sua no-
menclatura “Fundo de renda fixa crédito privado”.
O Fundo de investimento que investe em ativos de crédito privado (lembra que todo ativo de
renda fixa é um título de crédito, certo?), com percentual maior do que 50% de seu PL, deverá
seguir as seguintes regras:
⯁⯁ Na denominação do fundo, deverá constar a expressão “Crédito Privado”;
⯁⯁ O regulamento, o formulário de informações complementares e o material de venda do
fundo deverão conter, com destaque, alerta de que o fundo está sujeito a risco de perda
substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não paga-
mento dos ativos integrantes de sua carteira, inclusive por força de intervenção, liquida-
ção, regime de administração temporária, falência, recuperação judicial ou extrajudicial
dos emissores responsáveis pelos ativos do fundo.
FUNDO CAMBIAL
Como o próprio nome sugere, é um fundo que usa moedas estrangeiras como parâ-
metro de rentabilidade.
Um Fundo Cambial investe no mínimo 80% de seu PL em ativos que busquem acompanhar a
variação de preços de moedas estrangeiras.
FUNDO MULTIMERCADO
Se nos atentarmos ao nome desse tipo de fundo, assim como fizemos nos anteriores, pode-
mos concluir que o nome da classe do fundo nos diz muito sobre que mercados o fundo pode
explorar. No caso dos fundos multimercados não há restrição quanto a qual mercado, tam-
pouco sobre o mínimo de PL que deve ser alocado em cada ativo. Em outras palavras, o fundo
multimercado, por definição pode investir livremente em múltiplos mercados.
O percentual mínimo que o fundo vai explorar de cada mercado estará descrito no regulamen-
to do fundo apenas.
FUNDO DE AÇÕES
Outro nome praticamente autoexplicativo. Um fundo de ações investe no mínimo 67% do seu
Patrimônio Líquido em ações negociadas no mercado à vista de bolsa de valores.
98 PASSAR NA CPA 10
A performance destes fundos está sujeita à variação de preço das ações que compõem sua
carteira. Por isso, são mais indicados para quem tem objetivos de investimento de longo prazo.
A tabela a seguir resume a classificação CVM com os respectivos critérios para os fundos se
enquadrarem em sua categoria:
Classificação Critério
Fundo de Renda Fixa. Investe no mínimo 80% do PL do fundo em ativos de renda fixa.
TRIBUTAÇÃO
Como era de se esperar, em fundos de investimentos também temos tributação. Pra você que
já entendeu como funciona a tabela de renda fixa, vai ficar bem simples esse tópico.
Já sabemos que os fundos de investimentos abertos não têm vencimento (o que vence são os
ativos que compõem a carteira do fundo e serão substituídos pelo gestor a medida que ven-
cem ou precisam ser negociados no mercado). Por não ter vencimento, o investidor pode ficar
o tempo que quiser em um fundo.
Acontece que se o IR for cobrado somente no resgate, pode haver uma inconsistência entre o IR
do título (que compõe a carteira) e o IR devido do investidor. Para evitar essa distorção, a receita
federal criou o sistema de antecipação semestral de IR que acontece nos últimos dias úteis dos
meses de maio e novembro. O popularmente conhecido “come cotas”. Em outras palavras, o fun-
do de investimento recolhe IR da valorização das cotas a cada 6 meses, independente do resgate.
99 PASSAR NA CPA 10
TABELA REGRESSIVA
Assim como vimos nos instrumentos de renda fixa, aqui se aplica a tabela regressiva de IR,
porém essa tabela aplica-se somente no resgate e considera o que fora antecipado no come
cotas. Portanto, o IR total devido de um fundo de investimento (exceto fundo de ações) será
de acordo com a tabela regressiva e o tempo de permanência do investidor, mas deve-se se
observar a antecipação do come cotas.
Vamos a um exemplo:
Imagine um investidor que comprou 100 cotas de um fundo de investimento de longo prazo no
dia 02 de janeiro desse ano, por R$ 10,00 cada. Então ele vendeu, no dia 10 de junho do mesmo
ano, por R$ 12,00 cada. No dia 31/05 (último dia útil de maio) a cota estava valendo R$ 11,00.
Nota-se que no resgate devemos verificar o prazo de permanência do investidor no fundo e aplicar
a alíquota, conforme a tabela regressiva de IR, e descontar o que fora antecipado no come cotas.
Informações importantes: fundos de curto prazo terão como alíquota mínima 20% indepen-
dente do prazo de permanência do investidor, portanto, as únicas alíquotas possíveis em um
fundo de curto prazo são 22,5% e 20%.
O Fundo de investimento em ações não tem come cotas, e sim alíquota única cobrada somente
no resgate, uma alíquota de 15%.
IOF
Além do IR, os fundos de investimentos estão sujeitos à tributação de IOF nos seguintes casos:
⯁⯁ fundos de renda fixa, cambial e multimercados estão sujeitos ao IOF de acordo com
a tabela regressiva desse imposto, cobrado somente em caso de resgates com prazo
menor ou igual a 29 dias;
⯁⯁ fundo com carência tem alíquota de 0,5% ao dia de IOF caso o investidor resgate antes
do vencimento da carência. Essa alíquota é cobrada sobre todo o valor de resgate e é
limitada a 100% do ganho nominal do investidor.
COMPENSAÇÃO DE PERDAS
Imagine uma situação em que o investidor, ao invés de ganhar dinheiro com seu investimento,
registre uma perda. Nos fundos, o investidor pode compensar perdas em um investimento futuro.
Quando o investidor aplica em vários fundos do mesmo administrador, a perda realizada em um fun-
do pode ser utilizada para abater o rendimento que será tributado em outro, desde que os fundos
tenham a mesma classificação (exemplo: “Fundos de Longo Prazo” só podem compensar prejuízos
de outro “Fundo de Longo prazo”; “Fundos de Ações” só podem compensar com “Fundos de Ações”).
O administrador, aliás, não é obrigado a oferecer essa compensação. Porém, sua capacidade
de oferecê-la ao cliente é uma vantagem competitiva. A perda de um fundo somente pode ser
utilizada para compensar lucros futuros após a ocorrência do resgate do fundo com prejuízo.
O Código para administração de recursos de terceiros tem por objetivo estabelecer princípios
e regras para Administração de Recursos de Terceiros visando, principalmente:
I. A manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da institucionaliza-
ção de práticas equitativas no mercado financeiro e de capitais;
II. A concorrência leal;
III. A padronização de seus procedimentos;
IV. A maior qualidade e disponibilidade de informações, especialmente por meio do envio
de dados pelas Instituições Participantes à ANBIMA;
V. A elevação dos padrões fiduciários e a promoção das melhores práticas de mercado.
As Instituições Participantes devem assegurar que o presente Código seja também obser-
vado por todos os integrantes de seu Conglomerado ou Grupo Econômico que estejam
autorizados, no Brasil, a desempenhar o exercício profissional de Administração Fiduciária
e Gestão de Recursos de Terceiros.
Importante ressaltar que o Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham
a ser editadas normas, após o início de sua vigência, que sejam contrárias às disposições ora
trazidas, de maneira que deve ser desconsiderada, caso haja contradição entre as regras es-
tabelecidas neste Código e a Regulação em vigor, a respectiva disposição deste Código, sem
prejuízo das demais regras nele contidas.
Nos casos dos Fundos de Investimento em cotas de Fundos de Investimento que invistam mais de
noventa e cinco por cento de seu patrimônio em um único Fundo, é vedada a utilização de qual-
quer instituto jurídico ou estrutura de produto, cuja implicação econômica, de forma direta ou indi-
reta, resulte em desconto, abatimento ou redução artificial de taxa de administração, performance
e/ou qualquer outra taxa que venha a ser cobrada pela indústria de Fundos de Investimento.
As Instituições Participantes devem garantir, por meio de controles internos adequados, o per-
manente atendimento ao disposto neste Código, às políticas e à Regulação vigente.
Para assegurar o cumprimento do disposto no caput, as Instituições Participantes devem
implementar e manter, em documento escrito, regras, procedimentos e controles que:
I. Sejam efetivos e consistentes com a natureza, porte, estrutura e modelo de negócio
das Instituições Participantes, assim como com a complexidade e perfil de risco das
operações realizadas;
II. Sejam acessíveis a todos os seus profissionais, de forma a assegurar que os procedimentos
e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização sejam conhecidos;
III. Possuam divisão clara das responsabilidades dos envolvidos na função de controles
internos e na função de cumprimento das políticas, procedimentos, controles internos
e regras estabelecidas pela Regulação vigente (“Compliance”), da responsabilidade das
demais áreas da instituição, de modo a evitar possíveis conflitos de interesses com as
atividades de Administração de Recursos de Terceiros, intermediação, distribuição ou
consultoria de valores mobiliários;
IV. Descrevam os procedimentos para a coordenação das atividades relativas à função de
controles internos e de Compliance com as funções de gestão de risco;
V. Indiquem as medidas necessárias para garantir a independência e a adequada autorida-
de aos responsáveis pela função de controles internos e de Compliance na instituição.
As Instituições Participantes devem manter em sua estrutura área(s) que seja(m) responsá-
vel(is) por seus controles internos e Compliance. Estas áreas devem:
I. Ter estrutura que seja compatível com a natureza, porte, complexidade e modelo de
negócio das Instituições Participantes;
II. Ser independente(s) e reportar-se ao diretor indicado na Comissão de Valores Mobili-
ários pelos controles internos e pelo Compliance;
III. Ter profissionais com qualificação técnica e experiência necessária para o exercício
das atividades relacionadas à função de controles internos e de Compliance;
A Instituição Participante pode designar um único diretor responsável pelos controles internos
e pelo Compliance, ou pode indicar diretores específicos para cada uma dessas funções.
SEGREGAÇÃO DE ATIVIDADES
O exercício da Administração de Recursos de Terceiros deve ser segregado das demais atividades
das Instituições Participantes e de seu Conglomerado ou Grupo Econômico que possam gerar
conflitos de interesse, por meio da adoção de procedimentos operacionais, com o objetivo de:
I. Mitigar a ocorrência de ilícitos legais ou contrários à Regulação;
II. Promover a segregação funcional das áreas responsáveis pela Administração de Re-
cursos de Terceiros das demais áreas que possam gerar potenciais conflitos de inte-
resse, de forma a minimizar adequadamente tais conflitos;
III. Garantir a segregação física de instalações entre a área responsável pela Administra-
ção de Recursos de Terceiros e as áreas responsáveis pela intermediação e distribui-
ção de ativos financeiros;
IV. Propiciar o bom uso de instalações, equipamentos e informações comuns a mais de
um setor da empresa;
V. Preservar informações confidenciais e permitir a identificação das pessoas que te-
nham acesso a elas;
VI. Administrar e monitorar adequadamente as áreas identificadas como de potencial
conflito de interesses.
As Instituições Participantes devem exigir que seus profissionais assinem, de forma manual ou
eletrônica, documento de confidencialidade sobre as informações confidenciais, reservadas
ou privilegiadas que lhes tenham sido confiadas em virtude do exercício de suas atividades
profissionais, excetuadas as hipóteses permitidas em lei.
A Gestão de Recursos de Terceiros consiste na gestão profissional dos ativos financeiros inte-
grantes das carteiras dos Veículos de Investimento, nos termos estabelecidos nos Documentos
dos Veículos de Investimento, neste Código e na Regulação vigente.
A gestão dos Veículos de Investimento deve ser exercida por profissional devidamente habilita-
do e autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários para o exercício da atividade de Gestão
de Recursos de Terceiros.
O Gestor de Recursos deve estabelecer procedimentos para o controle e monitoramento das ope-
rações realizadas entre os Veículos de Investimento sob a mesma gestão, com critérios que bus-
quem mitigar eventuais conflitos de interesse e assimetria entre os Veículos de Investimentos.
MATERIAL TÉCNICO
O Material Técnico deve possuir, no mínimo, as seguintes informações sobre os Fundos 555:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Tributação aplicável;
V. Informações sobre os canais de atendimento.
Nas agências e dependências das Instituições Participantes, devem-se manter à disposição dos
interessados, seja por meio impresso ou passível de impressão, as informações citadas acima.
SELO ANBIMA
A veiculação do selo ANBIMA tem por finalidade exclusiva demonstrar o compromisso das Ins-
tituições Participantes em atender às disposições deste Código.
A ANBIMA não se responsabiliza pelas informações constantes dos documentos divulgados
pelas Instituições Participantes, ainda que façam uso do selo ANBIMA, nem tampouco pela
qualidade da prestação de suas atividades.
Cabe à Diretoria da Associação regulamentar as regras de uso do selo ANBIMA.
HISTÓRICO DE RENTABILIDADE
O Fundo 555 pode divulgar rentabilidade diária, desde que observados os requisitos nos itens acima.
Na divulgação de outros dados quantitativos, tais como patrimônio sob gestão, deve ser infor-
mada a fonte e a data de referência da informação.
Caso haja mudança na classificação, nos termos estabelecidos pela Comissão de Valores Mo-
biliários, mudança do Gestor de Recursos, ou, ainda, mudança significativa na política de in-
vestimento do Fundo, a Instituição Participante pode divulgar, adicional e separadamente à
sua rentabilidade obrigatória acumulada nos últimos doze meses a rentabilidade relativa ao
período posterior à mudança, informando o que foi alterado.
Quando o código se refere a mudança significativa, está citando uma ou mais mudanças, con-
forme abaixo:
I. A alteração do objetivo de investimento do Fundo 555;
II. A alteração da classificação ANBIMA, nos termos estabelecidos pela Diretriz ANBIMA
de Classificação de Fundos 555;
III. A mudança do índice de referência (benchmark) do Fundo 555;
IV. As situações em que os Fundos 555 espelhos que invistam mais de noventa e cinco por
cento em cotas de um único Fundo quando houver a substituição do Fundo investidor.
As Instituições Participantes devem incluir, com destaque, nos documentos abaixo indicados,
os seguintes avisos obrigatórios:
Material Técnico:
I. Caso faça referência a histórico de rentabilidade ou menção a performance:
i. “Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros”;
ii. “A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos*”;
iii. “O investimento em Fundo não é garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito”.
III. Caso o Fundo 555 opte por divulgar rentabilidade ajustada ao repasse realizado dire-
tamente ao investidor de dividendos, juros sobre capital próprio ou outros rendimen-
tos advindos de ativos financeiros que integrem a carteira, a Instituição Participante
deve seguir a metodologia ANBIMA que trata do cálculo de rentabilidade para Fundos
555 que distribuem dividendos, juros sobre capital próprio ou outros rendimentos
advindos de ativos financeiros diretamente aos investidores, disponível no site da As-
sociação na internet, e incluir no Material Técnico aviso com o seguinte teor:
i. “A rentabilidade ajustada considera o reinvestimento dos dividendos, juros so-
bre capital próprio ou outros rendimentos advindos de ativos financeiros que
integrem a carteira do Fundo repassados diretamente ao cotista.”
IV. Caso o Fundo 555 altere sua classificação, nos termos estabelecidos pela Comissão de
Valores Mobiliários, altere o Gestor de Recursos, ou, ainda, altere significativamente sua
política de investimento, deve ser incluído no Material Técnico aviso com o seguinte teor:
i. “Este Fundo alterou [classificação CVM/Gestor de Recursos e/ou significativa-
mente sua política de investimento] em [incluir data].”
No uso de mídia impressa e por meios digitais escritos, o tamanho do texto e a localização dos
avisos e informações devem permitir sua clara leitura e compreensão.
Pronto, cobrimos todo assunto do módulo 5. Agora vamos treinar um pouco seu conhecimen-
to com questões de simulado dos temas.
8. Considere um fundo com data de conversão de cotas em D+0 e data para pagamen-
to do resgate em D+3. Nesse caso, a contar da data de solicitação, o cálculo do valor
das cotas é realizado:
A. no dia seguinte;
B. após três dias úteis;
C. após quatro dias úteis;
D. no mesmo dia.
9. Considere um fundo com data de conversão de cotas em D+0 e data para pagamen-
to do resgate em D+3. Nesse caso, a contar da data de solicitação, o pagamento do
resgate é realizado:
A. no mesmo dia;
B. após três dias úteis;
C. no dia seguinte;
D. após quatro dias úteis.
10. Considere um fundo com data de conversão de cotas em D+1 e data para pagamen-
to do resgate em D+4. Nesse caso, a contar da data de solicitação, o cálculo do valor
da cota que servirá de base para o pagamento do resgate é realizado:
A. no dia seguinte;
B. no mesmo dia;
C. três dias úteis após a conversão das cotas;
D. quatro dias úteis após a conversão das cotas.
11. Para atender às solicitações de resgate que ocorrem em determinado dia, o gestor
de um fundo de investimento:
A. comprará ativos;
B. venderá ativos;
C. fará hedge dos ativos;
D. tomará empréstimo para o fundo.
14. Um investidor decidiu investir em um Fundo de Investimento Renda Fixa que aloca
seus recursos em debêntures de diversos emissores e prazos, em vez de aplicar
numa única debênture de uma empresa. Nesse caso, ao aplicar nesse fundo, o
investidor beneficiou-se:
A. da alavancagem do fundo;
B. da garantia de rentabilidade superior do fundo;
C. da isenção de imposto de renda ao investir no fundo;
D. de um risco menor em função da diversificação do fundo.
20. Uma das dificuldades do gestor de um fundo de investimento para replicar a per-
formance de índices de mercado é a:
A. cobrança da taxa de administração;
B. impossibilidade de usar derivativos para hedge;
C. mudança constante na metodologia dos índices;
D. marcação a mercado dos ativos.
30. Nos Fundos de Renda Fixa de Curto Prazo, na classificação da Receita Federal, o
come-cotas incide:
A. anualmente pela alíquota de 15%;
B. anualmente pela alíquota de 20%;
C. semestralmente pela alíquota de 20%;
D. semestralmente pela alíquota de 15%.
33. Entre as alternativas de investimento abaixo, não ocorre a cobrança de IOF para
resgates de aplicações em prazos inferiores a 30 dias nos:
A. Fundos de Ações;
B. Fundos Multimercados;
C. Fundos Cambiais;
D. Fundos de Renda Fixa.
1. A. J ustificativa: O regulador exige dos administradores dos fundos uma série de proce-
dimentos. O registro do fundo na CVM é um deles.
7. A. J ustificativa: Caso o cotista de um fundo com carência tenha necessidade imediata dos
recursos e não esteja disposto a esperar o prazo de carência, pode existir a possibilidade
de pagamento de uma taxa ou da perda da rentabilidade acumulada no período.
10. A. Justificativa: Considerando que o dia “D” é o dia da solicitação do resgate, para
este exemplo, o cálculo do valor das cotas é realizado no dia seguinte da solicita-
ção (conversão em D+1).
12. C. Justificativa: Nos fundos fechados é necessário transacionar a cota com outro in-
vestidor, caso exista o desejo de transformar as cotas em recursos financeiros, e isso
normalmente ocorre em uma bolsa de valores.
14. D. Justificativa: Num fundo com vários a vos, ao se somar os retornos e se avaliar o risco,
será obtido um valor para o risco menor do que as somas dos riscos individuais dos ativos.
15. A. J ustificativa: A liquidez é um aspecto positivo dos fundos de investimento, pois ela
permite o resgate (fundo aberto) ou a negociação da cota (fundo fechado) diariamente.
18. A. J ustificativa: A afirmativa I está correta, pois fundos de investimento são considerados
“comunhão de recursos” e constituídos com o objetivo de promover a aplicação cole-
tiva dos recursos de seus participantes – cotistas. Dessa forma, funcionam como um
veículo que tem a finalidade de captar e investir recursos no mercado financeiro, com
vantagens, sobretudo, para o pequeno investidor individual. As afirmações II e II estão
erradas, pois não pode se ter a garantia de que a rentabilidade do fundo será superior ao
investimento individual, nem a rentabilidade dos títulos é dividida entre os investidores.
19. C. Justificativa: Ao contrário do gestor ativo, o gestor passivo procura replicar a compo-
sição de um determinado índice de referência para o fundo para que a performance
do fundo seja a mais próxima possível.
21. B. J ustificativa: Marcação a mercado é o ato de atualizar o valor dos ativos dos fundos
para o valor do dia.
23. C. Justificativa: A taxa de administração é uma taxa fixa expressa em percentual ao ano,
calculada e deduzida diariamente do valor da cota dos fundos de investimento.
24. A. J ustificativa: A taxa de performance é a taxa que pode ser cobrada dos cotistas
somente quando a rentabilidade do fundo supera a de um indicador de referência.
26. A. J ustificativa: Os fundos de Renda Fixa aplicam uma parcela significativa de seu patri-
mônio (mínimo 80%) em títulos de renda fixa prefixados ou pós-fixados.
27. C. Justificativa: O fundo Cambial deve manter, no mínimo, 80% de seu patrimônio inves-
tido em ativos que sejam relacionados, diretamente ou indiretamente (via derivativos),
à variação de preços de uma moeda estrangeira.
28. B. J ustificativa: Para fins de tributação, os fundos de curto prazo têm prazo médio da
carteira de títulos menor ou igual a 365 dias.
29. A. J ustificativa: Nos fundos de Renda Fixa de longo prazo, o come-cotas é aplicado se-
mestralmente pela alíquota de 15%.
30. C. Justificativa: Nos fundos de Renda Fixa de curto prazo, o come-cotas é aplicado se-
mestralmente a alíquota de 20%.
33. A. Justificativa: Um fundo de investimento em ações não têm a incidência de IOF para
resgates em prazos inferiores a 30 dias. Nos demais produtos, os investidores são
tributados pelo IOF caso resgatem suas aplicações em prazos inferiores a 30 dias.
INSTRUMENTOS
DE RENDA
FIXA E
RENDA
VARIÁVEL
Neste capítulo vamos conhecer os
instrumentos de renda fixa e renda
variável que são comercializados
no segmento de varejo.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 8 A 13 QUESTÕES.
INTRODUÇÃO
Esse é um dos módulos mais densos em sua prova, mas fique tranquilo(a), nós vamos evo-
luindo o conteúdo aos poucos e, se você tiver um pleno entendimento dos primeiros tópicos,
vai chegar ao final do módulo com o conteúdo na ponta da língua. Para começarmos o papo
vamos entender o que é um título de renda fixa.
RENDA FIXA
Uma pergunta bem simples, mas que sempre está presente em nossas aulas de tira-dúvidas,
é essa: o que, de fato, é renda fixa?
Se eu pedir a você uma grana emprestada talvez você, por ir com minha cara, pode me em-
prestar. Uma certeza que eu tenho é que, caso sua resposta seja sim para minha solicitação,
você me fará, no mínimo, 2 perguntas e idealmente me fará 3 perguntas:
As três perguntas em potencial são:
1. “Quando você vai me pagar?”
2. “Quanto de juros você vai me pagar quando me devolver o dinheiro?”
3. “Você tem alguma garantia para me oferecer?”
Pronto, você acabou de aprender tudo sobre renda fixa. Essa é a definição de um instrumento
de renda fixa: um título que tem vencimento, tem uma taxa de juros conhecida no momento
da contratação e pode, ou não, oferecer uma garantia adicional.
Se você entendeu o conceito simples que acabo de colocar vamos deixar as coisas um
pouco mais técnicas.
Quando o agente superavitário investe seu dinheiro em um título de renda fixa está, na práti-
ca, emprestando o dinheiro ao agente deficitário (o emissor do título). Esse título, por sua vez,
será constado nos passivos do emissor. Em outras palavras, representa a dívida do emissor.
Se esse é o conceito de um título de renda fixa, o que seria então um título de “renda variável”?
Em outras palavras, a renda variável é um instrumento que não tem relação com dívida, mas com
propriedade. Uma ação do Banco do Brasil é uma propriedade que foi transferida ao investidor.
Quando uma empresa quer crescer, naturalmente será necessário investimentos esse in-
vestimento será chamado de “capital próprio” (ações) ou capital de terceiros (dívida, ou
melhor dizendo, renda fixa).
Quando o investidor compra uma ação ele está incorporando dinheiro ao caixa da empresa,
por isso, é chamado de capital próprio.
Apesar de eu ter citado o mercado de ações como renda variável cabe destacar que não é o
único e vamos abordar cada um dos títulos em cada um dos mercados ao longo desse módulo.
Outra coisa que precisamos ter muito claro ainda introduzindo o assunto do módulo é que o
governo vai tributar todo tipo de renda existente no mercado e no caso dos investimentos no
mercado financeiro não seria diferente. Ou seja, tudo que o agente superavitário ganha inves-
tindo seu dinheiro será tributado. Por isso vamos abordar tributação agora.
IOF
O Imposto sobre Operações Financeiras (famoso IOF) aparece várias vezes na sua vida: quando
compra algo parcelado, uso de moeda estrangeira no cartão de crédito, cheque especial. Mas
você sabe como ele aparece na prova da ANBIMA ou, melhor dizendo, no mercado financeiro?
Nesse caso o investidor terá um ganho de apenas R$ 34,00. No entanto, sobre esse saldo será
calculado o IR que, aliás, é nosso próximo tema.
Dica de ouro: investimentos em renda variável não sofrem essa tributação sob ne-
nhuma hipótese.
IMPOSTO DE RENDA
Além do IOF, os investimentos serão tributados com Imposto de Renda (IR). A cobrança desse
tributo será feita, no mercado de renda fixa, também conforme uma tabela regressiva, que
você vê aqui embaixo:
Não sei se você notou, mas tanto no IOF quanto no IR os investimentos com prazos maio-
res pagam menos imposto. A razão disso é muito simples: o governo quer incentivar os
investimentos de longo prazo.
Na prática, essa tabela funciona assim: imagine que um investidor tenha investido R$ 1.000,00
em um instrumento de renda fixa e, ao solicitar o resgate, tenha aferido, 7 meses depois, ga-
nho de R$ 200,00. No período de 7 meses o investidor está sujeito a alíquota de 20%. Nesse
caso, pagará R$ 40,00 de IR, tendo apenas R$ 160,00 de lucro líquido.
Outro ponto importante é que, caso haja cobrança de IOF, essa cobrança será realizada primei-
ro para que o saldo líquido dos rendimentos possam ser tributados de IR.
Tudo que vimos até aqui sobre tributação aplica-se apenas para o mercado de renda fixa. No
caso de renda variável, a coisa é um pouco mais simples. O mercado de renda variável será
sempre isento de IOF e terá uma tributação fixa que, na maioria dos casos, será de 15%.
Cada produto de renda fixa ou renda variável terá regras específicas sobre a tributação. Mas,
em linhas gerais, obedecerá o que descrevemos aqui. Quando estivermos abordados cada in-
vestimento eu detalharei a forma de cobrança e as especificações do produto. Para continuar
nossa introdução, vamos falar de uma garantia adicional que alguns produtos do mercado
oferecem: o Fundo Garantidor de Crédito.
Antes de conhecer alguns dos principais investimentos, vamos entender sobre o mecanismo
de proteção aos investidores, o FGC.
O FGC (Fundo Garantidor de Crédito) é uma instituição privada que visa proteger os investido-
res contra o risco de crédito existente nas instituições financeiras. Basicamente, os bancos se
reuniram para criar um “seguro” contra o calote e também trazer uma vantagem competitiva
para os bancos de menor porte.
O Fundo oferece aos investidores uma cobertura de até R$ 250.000,00 por CPF por instituição.
Isto é, se o investidor tem até R$ 250.000,00 em um banco, ele conta com cobertura integral
em caso de solvência daquela instituição.
Para entender melhor: vamos assumir que o Sr. Investonildo da Silva tenha R$ 1.000.000,00
aplicados em quatro bancos diferentes.
Banco A: R$ 250.000,00
Banco B: R$ 250.000,00
Banco C: R$ 250.000,00
Banco D: R$ 250.000,00
Se o banco A entra em recuperação judicial na data de hoje, o investidor terá cobertura integral
do valor aplicado no banco A (R$ 250.000,00). Após ter acionado o FGC, o Sr. Investonildo tem,
durante os próximos 4 anos, cobertura de R$ 250.000,00 por instituição, porém, agora, limita-
do somente a R$ 750.000,00 (pois ele já usou R$ 250.000,00). Sua garantia voltará a ser de R$
1.000.000,00 somente 4 após o recebimento da garantia.
CADERNETA DE POUPANÇA
A poupança é, de longe, o investimento mais popular e mais antigo (criada em 1861) do Brasil,
mas está longe de ser o investimento mais rentável ao investidor. Aposto que pelo menos uma
vez na vida você já abriu uma poupança (ou muito provavelmente tem uma até hoje).
Ela possui rentabilidade mensal, isto é, paga juros ao investidor somente 1 vez por mês. Esse
pagamento é feito no dia do aniversário da poupança, que se dá sempre no dia de sua aplicação.
Pronto, aqui a gente começa a falar, de fato, de renda fixa. O CDB é o instrumento de renda
fixa mais popular do nosso mercado pois é aqui que banco pode tomar dinheiro emprestado
de seus clientes.
O CDB pode ser emitido por bancos comerciais, bancos de investimento e bancos múltiplos,
além, é claro da Caixa Econômica Federal.
Agora a gente vai começar a entender sobre os produtos de renda fixa que possuem lastro e,
portanto, têm uma garantia maior para o investidor.
Pausa para explicar o que é lastro: segundo o Wikipedia, “Lastro, em Economia, é a garantia
implícita de um ativo”. Traduzindo de um jeito bem simples, lastro é quando temos um ativo
real dando garantia a uma operação. Esse ativo pode ser um imóvel, por exemplo.
Agora que entendemos o lastro, vamos estudar a LCI, Letra de crédito imobiliário. Como o pró-
prio nome sugere, é um título que gera crédito para o mercado de imóveis no Brasil.
Imagine que você vá até seu banco e solicite um crédito para comprar um apartamento no
valor de R$ 300.000,00. Você já se perguntou de onde sai essa grana que financia seu imóvel?
Bem, se você já se perguntou isso antes de conhecer a LCI, tenho o prazer de anunciar que seu
QI é diferenciado. Nenhuma pessoa normal faria esse tipo de pergunta. Parabéns!
O fato é que um banco, ao emprestar dinheiro para você nessa linha de crédito, não pode tirar
dinheiro do saldo em CDB, por exemplo. A razão para isso é bem simples. Um CDB, via de regra,
tem prazo mais curto se comparado aos longuíssimos prazos concedido no crédito imobiliário.
Então, o banco tem uma “gaveta especial” de onde tira dinheiro para emprestar a você e aos
demais clientes que queiram realizar o sonho da casa própria (ou das casas próprias). Essa
gaveta é chamada de LCI.
Acontece que seu crédito imobiliário tem a garantia do seu apê, certo? Isso significa que, caso
você não consiga pagar, o banco pode executar a garantia tomando o imóvel para restituir o
crédito. Em outras palavras, a chance do banco tomar calote nesse tipo de crédito é muito bai-
xa e, por consequência, o risco de crédito desse produto é também muito baixo.
E por falar em risco de crédito, esse produto conta também com a cobertura especial do FGC.
Isso significa que é correto dizer que uma LCI tem garantia real + a cobertura do FGC.
A LCI foi criada em 2004 e pode ser emitido por bancos comerciais, bancos múltiplos com
carteira de crédito imobiliário, Caixa Econômica Federal, sociedades de crédito imobiliário, as-
sociações de poupança e empréstimo, companhias hipotecárias e demais espécies de institui-
ções que venham a ser expressamente autorizadas pelo Banco Central.
A LCI, como sabemos, é um título de renda fixa e, portanto, será tributado conforme a nossa
tabela regressiva de IR, certo? Quase certo.
Uma peculiaridade muito importante para esse tipo de título é que investidor PF está isento
de IR. Ou seja, todo o rendimento obtido através deste produto não terá cobrança de IR. Isso
torna o produto muito atrativo para os investidores PF.
Pausa para um café e para acalmar a fera socialista que pode existir dentro de você: existe uma
corrente ideológica na economia que luta contra esse “abuso rentista” que alega que os investi-
dores colocam seus recursos em produtos “improdutivos” e ainda por cima não pagam imposto.
Olha só: a indústria da construção civil é uma das indústrias que mais emprega no Brasil, portan-
to, tem alta arrecadação. Além disso essa indústria atua em um mercado de necessidade básica,
afinal, todo socialista (e capitalista) quer ter uma casa, certo? O ponto é que quanto mais dinheiro
estiver alocado nesse tipo de produto, mais crédito haverá para a construção civil, mais emprego
teremos em toda cadeia produtiva, mais imóveis teremos à venda; e quanto maior a oferta de
imóveis, menor tenderá a ser seu valor. Sacou a importância da isenção de IR para esse produto?
Agora que já sabemos que a LCI é um título lastreado no crédito imobiliário, que tem garantia real,
cobertura do FGC e isenção de IR para pessoa física, vamos para mais algumas características:
⯁⯁ Prazo mínimo de 12 meses se for atualizada anualmente por índice de preços (IPCA ou IGP-M);
⯁⯁ Prazo mínimo de 36 meses se for atualizada mensalmente por índice de preços (IPCA ou IGP-M);
⯁⯁ Prazo mínimo de 90 dias se não for atualizada por índice de preços. Melhor dizendo ser
for indexada ao DI, por exemplo;
A LCA, Letra do Crédito do Agronegócio, faz dupla sertaneja com a LCI. Elas têm até nome pa-
recido, né? Mayara e Maraisa que se cuidem, aqui é sofrência.
Brincadeiras a parte, um jeito bem simples de entender a LCA é ler tudo que escrevi sobre LCI
e trocar a palavra imobiliário por agronegócio. Basicamente, os investimentos realizados em
LCA são direcionados para crédito do agronegócio.
Sempre que um produtor rural precisa de um crédito para financiar sua safra de café (ou qual-
quer outro produto), pode recorrer a uma linha de crédito em um banco comercial, de inves-
timento ou múltiplo. Esse crédito terá uma garantia, que pode ser uma propriedade rural ou
até mesmo o penhor da safra.
Se você entendeu bem a LCI, fica fácil entender a LCA. Abaixo eu listo as características que,
com exceção da possibilidade de ser emitida com atualização mensal por índice de preços, o
restante é exatamente igual a LCI.
⯁⯁ Prazo mínimo de 12 meses se for atualizada anualmente por índice de preços (IPCA ou IGP-M);
⯁⯁ Prazo mínimo de 90 dias se não for atualizada por índice de preços. Melhor dizendo, ser
for indexada ao DI, por exemplo;
⯁⯁ Prazo máximo do título não pode exceder o prazo máximo da carteira de crédito que
dá lastro à operação;
⯁⯁ Como não há resgate antes de 90 dias, o IOF, mesmo para PJ, não será cobrado;
⯁⯁ Pessoa Jurídica paga IR conforme tabela regressiva;
⯁⯁ Isenção de IR para investidor PF. (estou repetindo esse tópico porque é importante
pra caramba, vai por mim).
⯁⯁ É um título custodiado e liquidado na clearing de renda fixa da B3.
OPERAÇÃO COMPROMISSADA
Essa é mais uma modalidade de investimento oferecida por bancos onde, nesse caso, o inves-
tidor compra um título de propriedade do banco. Não confunda propriedade com emissão.
Agora com uma linguagem um pouco mais técnica, uma compromissada é uma operação que
possui lastro em ativos de propriedade do banco, e o banco assume o compromisso de recom-
prar esse ativo do investidor.
Apesar de ser um título lastreado em outro ativo, o risco desse investimento é da instituição
financeira que emite a compromissada.
Características:
⯁⯁ Título lastreado em algum ativo de propriedade do banco;
⯁⯁ Possui cobertura do FGC se o lastro for título emitido por empresa ligada ao banco emis-
sor da compromissada;
⯁⯁ Tributação conforme a tabela regressiva de IR tanto para PF quanto para PJ;
⯁⯁ Sujeito a cobrança de IOF se resgatado antes de 30 dias.
Até aqui tudo que vimos são títulos de renda fixa emitidos por bancos ou lastreado em títulos
emitidos pelos bancos, agora veremos os títulos de renda fixa emitidos pelo Governo Federal.
Sim, o nosso governo gasta mais do que arrecada com impostas e, por isso, tem de recorrer ao
mercado financeiro para financiar as atividades do governo.
Por se tratar do Governo Federal, os títulos públicos são considerados de baixíssimo risco de
crédito. Afinal, é praticamente impossível o Governo Federal declarar falência e sumir da face
da Terra, né? Brincadeiras a parte, esse título é considerado seguro pois, na pior das hipóteses,
o governo pode emitir papel moeda para pagar seus títulos.
Os títulos são representados por letras e notas, sendo que as letras, por padrão, não pagam
cupom de juros, enquanto as notas têm por padrão pagar cupom ao investidor.
A LTN é um título pré-fixado e, por isso, o investidor conhece a taxa que remunera o título no
momento da compra. Esse título é sempre negociado com deságio sobre seu valor de face.
Pausa para explicar o que é deságio: a palavra deságio pode ser facilmente comparada com a
palavra desconto. Então, seria correto dizer que o investidor compra esse título com “descon-
to” sobre o valor de face? Sim!
A LTN, quando emitida, tem em seu valor de face sempre R$ 1.000,00. Ou seja, no vencimento
o investidor vai receber R$ 1.000,00 por esse título e, por isso, vai pagar menos do que valor.
Exemplo: O título vence daqui 3 anos, e ao comprar hoje, o investidor paga por ele R$ 650,00.
Assim, se quisermos saber qual a taxa pactuada no período, basta dividir o valor futuro pelo
valor presente, assim ó:
Nesse caso, ao investir R$ 650,00 o investidor tem de retorno 53,85% ao período de 3 anos. Quan-
to maior for a taxa de juros pactuada no momento da compra, menor será o preço de compra.
Portanto, é correto afirmar que o preço do título (PU) é inversamente proporcional à taxa de juros.
A LFT é um título pós-fixado e tem como indexador a taxa Selic over. Ou seja, quando o investidor
compra esse título, ele vai ganhar como remuneração a variação da taxa Selic ao longo do tempo.
A negociação desse título é com base no valor de mercado, e seu preço é atualizado de acordo
com a valorização do título ao longo do tempo.
Vamos a um exemplo prático. O Tesouro Nacional determinou que esse título no dia 01/07/2000
tem seu valor nominal de R$ 1.000,00. Esse título foi lançado no mercado com valor de R$
1.000,00, e agora teríamos de saber qual a taxa Selic acumulada no período.
(Para facilitar nossa vida, a calculadora do cidadão do BACEN, nesse link ajuda no cálculo)
Após fazer uma consulta da calculadora do link acima, cheguei a esse resultado.
Podemos então concluir que esse é o valor do título na data da consulta? Quase. Temos de
acrescentar um eventual ágio ou deságio sobre o título. De acordo com a oferta e demanda
sobre esse título, ele pode ser negociado com ágio ou deságio sobre o valor de mercado.
Explico com um caso prático. Em uma consulta breve no site do tesouro (nesse link), pude no-
tar que no dia 25/06/2018 uma LTF está sendo negociada com deságio de 0,02%, o que significa
que o Tesouro vai pagar 0,02% + a variação da Selic ao longo do tempo. Esse deságio deixa o
título 0,02% mais barato e sempre que eu pago algo mais barato, eu tenho maior lucro, certo?
A propósito, o preço do título nesse dia estava R$ 9.562,72, e se você comparar com a imagem
acima vai notar que está mais barato. Na imagem temos o valor de R$ 9.569,26. Olhando os nú-
meros, faz sentido para você que, ao comprar o título nesse dia, estamos pagando um pouco mais
barato do que deveria? Assim, podemos assumir que o título está sendo negociado com deságio
sobre o valor de mercado e, por isso, vai pagar uma rentabilidade superior à variação da Selic.
Em resumo, a LFT é um título pós fixado, indexado à Selic e que pode apresentar uma rentabi-
lidade diferente da taxa Selic do período em função do ágio ou deságio.
Agora vamos ao título híbrido. A NTN-B é um título que tem um componente pós-fixado +
uma taxa pré-fixada. O componente pré-fixado é o IPCA, assim, a NTN-B paga a variação
do IPCA + uma taxa pré.
Assim como a LTF, uma NTN-B foi emitida em julho de 2000 com o valor de R$ 1.000,00 e é
corrigida diariamente pela variação do IPCA.
Pausa para explicar o que é cupom: alguns títulos de renda fixa podem pagar juros periódicos,
e esses juros são chamados de cupom. Para facilitar sua compreensão, analise o fluxo de caixa
de um título com cupom.
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
+ resgate principal
Valor investido
Como você pôde notar na imagem acima, o cupom é o pagamento periódico do rendimento
do título. Um título zero cupom terá seu fluxo de caixa desenhado conforme imagem abaixo:
⯁⯁ NTN-B principal: este título é um título zero cupom, ou seja, o rendimento é pago junto
do principal no resgate do título;
⯁⯁ NTN-B: este título paga cupom semestral para o investidor. Em outras palavras, o inves-
tidor recebe o rendimento a cada 6 meses.
A NTN-F é um título pré-fixado com cupom semestral. Este título, assim como a LTN, tem em
seu valor de face R$ 1.000,00 e é negociado em função do pagamento semestral de juros. O
fluxo de caixa deste título será como o da NTN-B, pois o cupom é pago semestralmente. Assim,
podemos concluir que a diferença entre esses títulos é somente o indexador.
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
Pagamento de cupom
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
(rendimento)
+ resgate principal
Valor investido
TESOURO DIRETO
DEBÊNTURES
Até aqui falamos de títulos emitidos por bancos e pelo governo. Agora vamos entender como as
empresas não financeiras podem captar recursos no mercado através da emissão de títulos de
renda fixa. As NPs e Debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas não financeiras.
Pra deixar as coisas bem simples, vamos começar pelas debêntures. Elas são títulos de renda fixa
emitidos por empresas de sociedade anônimas (S/A) para captação de recursos de longo prazo.
Não existe padronização das características desse título. Ou seja, a debênture pode incluir:
⯁⯁ Qualquer prazo de vencimento;
⯁⯁ Amortização (pagamento do valor nominal) programada na forma anual, semestral, tri-
mestral, mensal ou esporádica, no percentual que a emissora decidir;
⯁⯁ Remunerações através de correção monetária ou de juros;
⯁⯁ Remunerações através do prêmio (podendo ser vinculado à receita ou lucro da emissora);
⯁⯁ Direito dos debenturistas: além das três formas de remuneração, o debenturista pode
gozar de outros direitos/atrativos, desde que estejam na escritura, com o propósito de
tornar mais atrativo o investimento neste ativo;
⯁⯁ Conversão da debênture em ações da companhia;
⯁⯁ Como regra geral, o valor total das emissões de debêntures de uma empresa não poderá ́
ultrapassar o seu capital social;
⯁⯁ Resgate Antecipado: as debêntures podem ter na escritura de emissão cláusula de res-
gate antecipado, que dá ao emissor (a empresa que está captando recursos) o direito de
resgatar antecipadamente, parcial ou totalmente as debêntures em circulação;
⯁⯁ Aplicação em debêntures não estão cobertas pelo FGC, mas apresenta outros tipos de
garantias, que aliás veremos a seguir com detalhes.
A gente viu acima que uma debênture não conta com a cobertura do FGC. Se não tem FGC,
qual seria a garantia do investidor ao emprestar dinheiro para a empresa que emitiu a Debên-
ture? Notou que eu escrevi “emprestou dinheiro para a empresa”? Pois é, fiz isso para lembrar
você que sempre que o investidor aloca seus recursos em um título de renda fixa ele está, na
prática, emprestando dinheiro ao emissor.
Bem, retomando a questão da garantia: como a Debênture é um título que não conta com a
garantia do FGC, é necessário que exista outra garantia, certo? Por isso uma Debênture terá
uma entre as quatro garantias abaixo:
⯁⯁ Garantia real: aqui a empresa que emite a dívida (debênture) aliena um bem à operação.
Em outras palavras, um bem real da empresa fica “preso” de forma que a empresa não pode
negociar, vender ou transferir o bem até que as debêntures sejam quitadas. Se a empresa
não tiver caixa para pagar as debêntures o bem pode ser vendido para quitação dos títulos;
⯁⯁ Garantia flutuante: aqui também temos um bem real dando garantia a operação, no
entanto essa garantia pode ser substituída. Ou seja, a empresa é livre para negociar essa
garantia em outra operação, desde que substitua o bem;
⯁⯁ Garantia quirografária ou sem preferência: já ouviu falar a expressão “la garantia soy
yo”? Pois é, na garantia quirografária não existe um bem real dando garantia ao título, e a
única garantia que o investidor tem está associado à capacidade da empresa para pagar.
Se a empresa falir, os investidores concorrem em igualdade de condições com os demais
credores quirografários (sem preferência), em caso de falência da companhia;
⯁⯁ Garantia subordinada: como o próprio nome sugere, essa garantia está subordinada às
demais. O que difere essa garantia da quirografária é o fato de que o detentor das debên-
tures não concorre em igualdade de condições com os demais credores da empresa, mas
estão subordinados a estes. Em outras palavras, se a empresa falir, o investidor que tem
essa debênture será o último da fila para receber (se é que vai receber).
ESCRITURA
A gente viu até aqui que uma debênture é um título de renda fixa emitido por empresa não fi-
nanceira e tem suas garantias. Agora precisamos entender onde estão essas informações para
que o investidor possa saber exatamente onde está colocando seu dinheiro.
Essas informações estão dispostas no documento chamado escritura. A escritura de uma de-
bênture especifica os direitos dos investidores, deveres dos emitentes, todas as condições da
emissão, os pagamentos dos juros, prêmio e principal, além de conter várias cláusulas padro-
nizadas restritivas e referentes às garantias (se a debênture for garantida).
AGENTE FIDUCIÁRIO
A emissão pública de debêntures exige a nomeação de um agente fiduciário. Deve ser ou uma
pessoa natural capacitada ou uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central para o
exercício dessa função e que tenha como objeto social a administração ou a custódia de bens
de terceiros (ex.: corretora de valores).
O Agente Fiduciário poderá ́ usar de qualquer ação para proteger direitos ou defender interes-
ses dos debenturistas. No caso de inadimplência da emitente, o agente deve:
⯁⯁ Executar garantias reais, receber o produto da cobrança e aplicá-lo no pagamento, inte-
gral ou proporcional, dos debenturistas;
⯁⯁ Requerer falência da emitente, se não existirem garantias reais;
⯁⯁ Representar os debenturistas em processos de falência, concordata, intervenção ou
liquidação extrajudicial da emitente, salvo deliberação em contrário da assembleia
dos debenturistas;
⯁⯁ Tomar qualquer providência necessária para que os debenturistas realizem os seus créditos;
TRIBUTAÇÃO
A tributação em debêntures obedece a tabela regressiva de IR. Simples assim. Sem siglas
ou nomes difíceis.
DEBÊNTURES INCENTIVADAS
No final de 2010, o Governo brasileiro editou uma série de medidas para estimular a constru-
ção de um mercado privado de financiamento de longo prazo.
Para incentivar os investidores a financiar essas obras, o governo resolveu isentar de imposto
investidores pessoa física que alocarem recursos na Debênture incentivada.
Assim, as empresas dos segmentos listados abaixo podem solicitar ao ministério a qual é vin-
culada uma autorização para emitir debêntures incentivadas.
a) Logística e transporte;
b) Mobilidade urbana;
c) Energia;
d) Telecomunicações;
e) Radiodifusão;
f) Saneamento básico; e
g) Irrigação.
RENDA VARIÁVEL
AÇÕES
O primeiro tipo de renda variável que estudaremos é também o mais famoso: as Ações nego-
ciadas na Bolsa de Valores.
A ação representa a menor “fração” do capital social de uma empresa, ou seja, a unidade do
capital nas sociedades anônimas. Quem adquire essas “frações” é chamado de acionista, e vai
ter uma certa participação na empresa, correspondente a quantas dessas “frações” ele detiver.
O ponto é que, por ser dono, se a empresa der prejuízo isso pode ser repassado para você. Ou
seja, não pense que, ao comprar uma ação você só tem benefícios, pois a verdade não bem assim.
Como uma empresa que tem suas ações na bolsa de valores tem milhões de sócios, é impor-
tante saber que existem 2 tipos de ações e que cada uma lhe confere direitos diferentes. Va-
mos falar sobre essas ações agora.
TIPOS DE AÇÕES
⯁⯁ Ações ordinárias: Essas ações são chamadas de ON e conferem ao seu detentor o direi-
to a voto nas assembleias dos acionistas da empresa. Em outras palavras, o investidor
que compra ações ON pode, de fato, “mandar” na empresa. Uma empresa pode emitir
até 100% de ações ordinárias.
⯁⯁ Ações preferenciais: Essas ações são chamadas de PN e não conferem ao seu detentor
direito a voto na assembleia de acionistas, mas dão preferência no recebimento dos lucros
gerados pelas empresas (os dividendos que estudaremos mais adiante). Uma ação PN tem
pelo menos 10% a mais de dividendo do que uma ação ON. Um ponto importante é que se a
empresa ficar 3 anos consecutivos sem distribuir lucros essa ação passa a ter direito a voto
na assembleia. No máximo 50% das ações de uma empresa podem ser dessa categoria.
Falei que o acionista ordinário é o cara que pode, de fato, mandar na empresa, certo? Então
quer dizer que para eu ter o controle da empresa basta comprar ações ordinárias que já pos-
so mandar nos “paranauê tudo”? Não, não é bem simples assim. O controlador da companhia
precisa manter 50% + 1 das ações ordinárias da empresa. Estou falando isso para você não
confundir com 50% + de todas as ações.
Deixa em explicar isso com um exemplo: O Banco do Brasil é uma empresa que tem ações na
bolsa, mas é controlado pelo Governo Federal. Vamos imaginar, de forma hiperbólica, que o
Banco do Brasil tem 1.000 ações. Destas, 500 são PN e 500 são ON. Para que o Governo Fede-
ral possa sempre ser o controlador ele precisa ter 251 ações ON. Assim ele garante que sempre
terá o maior poder de voto já que a ação ON confere um voto por ação.
Agora que entendemos o que é uma ação, vem a pergunta: como é que uma ação chega ao
mercado financeiro? Ou melhor dizendo, se a padaria do seu bairro quiser vender ações, o que
ela deve fazer? A resposta é: para vender ações no mercado financeiro, uma empresa precisa
contratar uma instituição financeira que vai estruturar a oferta pública de ações.
Pronto, já sabemos o que é uma ação e como este ativo chega ao mercado financeiro. Estamos
quase prontos para estudar as particularidades desse papel. Eu disse “quase prontos” porque
agora vou falar sobre os termos utilizados no mercado e que vamos usar bastante daqui pra
frente. Bora?
⯁⯁ Day trade: Combinação de operação de compra e venda realizadas por um investidor
com o mesmo título em um mesmo dia;
⯁⯁ Swing Trade: modalidade de investimento de curto prazo. Quando os investidores man-
têm os títulos por prazo pequeno;
⯁⯁ Buy and Hold: modalidade de investimento no mercado que o investidor compra as
ações e as mantém em sua carteira por um longo período de tempo. O termo Buy and
Hold deriva do inglês, que traduzido, significa comprar e segurar.
⯁⯁ Circuit breaker: Sempre que acionado, interrompe o pregão. Na B3 é acionado sempre
que o Índice Ibovespa atinge uma queda de 10% (30 minutos de paralisação) e persistin-
do a queda, 15% (1 hora de paralisação);
⯁⯁ DARF: Documento de arrecadação da Receita Federal;
⯁⯁ Home broker: É um moderno canal de relacionamento entre os investidores e as socieda-
des corretoras, que torna ainda mais ágil e simples as negociações no mercado acionário,
permitindo o envio de ordens de compra e venda de ações pela Internet, possibilitando o
acesso às cotações, o acompanhamento de carteiras de ações, entre vários outros recursos;
⯁⯁ Liquidez: Maior ou menor facilidade de se negociar um título, convertendo-o em dinheiro;
⯁⯁ Lote-padrão: Lote de títulos de características idênticas e em quantidade pré-fixada pe-
las bolsas de valores.
DIREITOS DO ACIONISTA
Quando o investidor compra ações no mercado, ele está, como já dissemos, se tornando só-
cio do empreendimento no qual resolva aportar seu capital. Por isso, ele terá alguns direitos,
conforme a seguir:
⯁⯁ Ganho de capital: Quando o investidor vende as ações por um preço superior ao da
compra. Esse lucro está sujeito à tributação, conforme detalhado no próximo tópico;
⯁⯁ Subscrição: Direito aos acionistas de aquisição de ações por aumento de capital, com
preço e prazos determinados. Garante a possibilidade de o acionista manter a mesma
participação no capital total;
⯁⯁ Tag Along: Direito do acionista ordinário de vender suas ações em função da troca de con-
trole da companhia por, no mínimo, 80% do valor pago pelo novo controlador. Algumas em-
presas, em seu estatuto, oferecem tag along em percentual maior que 80% e a todos os acio-
nistas. A recompra dessas ações é feita por meio de uma OPA (oferta pública de aquisição
de ação) quando as empresa oferecem os acionistas a possibilidade de recomprar as ações.
Ainda na linha dos direitos dos acionistas, vamos listar o que chamamos de eventos societários. Al-
guns representam literalmente o lucro, mas não dependem da ação do acionista, e sim da empresa.
⯁⯁ Dividendos: Distribuição de parte do lucro aos seus acionistas e que são pagos exclu-
sivamente em dinheiro. O Estatuto da empresa pode prever o percentual do lucro que
será distribuído aos acionistas, se essa informação for omissa no estatuto o percentual
mínimo a ser distribuído é de 25%. Isento de Imposto de Renda;
⯁⯁ Juros sobre o Capital Próprio: Quando a empresa retém parte do lucro para reinvesti-
mento, deverá pagar juros aos acionistas por esse valor. Esses proventos são pagos em
dinheiro, como os dividendos;
⯁⯁ Bonificações: Correspondem à distribuição de novas ações para os atuais acionis-
tas, em função do aumento do capital. Excepcionalmente pode ocorrer a distribuição
de bonificação em dinheiro;
⯁⯁ Grupamento (Inplit): Reduzir a quantidade de ações aumentando o valor de cada
ação (Objetivo: Menor risco);
⯁⯁ Desdobramento (Split): Aumenta a quantidade de ações reduzindo o valor da ação
(Objetivo: Maior liquidez).
Como tudo na vida tem bônus e ônus, aqui não é diferente. Falamos sobre os direitos, agora
vamos falar sobre as despesas e riscos que o investidor tem ao investir nesse mercado.
⯁⯁ Corretagem: é uma tarifa para pela investidores ao seu agente de custódia (corretora)
por toda ordem de compra e venda executada;
⯁⯁ Custódia: Uma espécie de tarifa de manutenção de conta, cobrada por algumas corre-
toras. Sempre que o investidor mantém alguma ação em custódia na corretora ele está
sujeito a essa tarifa. Atualmente, muitas corretoras, por iniciativa própria, oferecem isen-
ção dessa tarifa a seus clientes;
⯁⯁ Emolumentos: Os emolumentos são cobrados pelas Bolsas por pregão em que tenham
ocorrido negócios por ordem do investidor. A taxa cobrada pela Bolsa é de 0,035% do
valor financeiro da operação;
⯁⯁ Imposto de renda: O Imposto de renda no mercado de ações tem como regra alíquota
única de 15%. No entanto, devido a riqueza de detalhes que envolve a tributação nesse
tipo de operação, vamos dedicar o tópico a seguir para tratar sobre esse assunto.
TRIBUTAÇÃO
Em janeiro desse ano, o investidor compra R$ 100.000,00 em ações. Passados três meses, em
abril, esse investidor aliena (vende) as ações por um total de R$ 120.000,00.
Assim sendo, temos um lucro de R$ 20.000,00 a ser tributado, certo? Nesse caso será retido
na fonte pela corretora 0,005% sobre o valor total da venda, ou seja, (120.000 x 0,005) R$ 6,00.
O investidor, por sua vez, precisa recolher 15% sobre o lucro via DARF sendo 15% sobre 20.000,
um total de R$ 3.000,00. Por ter sido retido na fonte R$ 6,00 o investidor desconta na DARF
recolhendo apenas R$ 2.994,00.
Já que o Imposto de Renda é cobrado sobre o ganho nominal, imagine uma situação em que o
investidor, ao invés de ganhar dinheiro com seu investimento, registre uma perda. Nesse caso,
o investidor pode compensar perdas em investimento futuro. Ou seja, se ele perdeu dinheiro
em janeiro e ganhou em maio, poderá compensar.
Vamos a um exemplo:
No mês de janeiro, o investidor vendeu ações com um prejuízo total de R$ 5.000,00. No mês de
março o mesmo investidor vendeu ações com lucro de R$ 8.000,00. Assim, o prejuízo anterior
será compensado e será recolhido IR somente sobre R$ 3.000,00 (8.000 – 5.000).
Essa compensação pode ser feita a qualquer tempo no futuro. No entanto, se o investidor não
fizer a compensação no mesmo ano do prejuízo, terá de levar esse prejuízo à sua declaração
anual de ajuste de IR para que possa compensar em anos futuros.
A única observação é que a compensação pode ser feita somente para investimentos da mes-
ma modalidade. Se o investidor teve prejuízo com day trade, poderá compensar somente com
day trade; se perdeu com swing trade ou Buy and Hold, poderá compensar somente com
swing trade ou Buy and Hold.
Pra gente finalizar este módulo vamos abordar o código que vai tratar da distribuição de pro-
dutos de investimentos. O conteúdo abaixo foi extraído do próprio Código Anbima.
OBJETIVO E ABRANGÊNCIA
As Instituições Participantes devem assegurar que o presente Código seja também observado
por todos os integrantes de seu Conglomerado ou Grupo Econômico que estejam autorizados,
no Brasil, a distribuírem Produtos de Investimento.
O presente Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham a ser editadas normas,
após o início de sua vigência, que sejam contrárias às disposições ora trazidas, de maneira que deve
ser desconsiderada, caso haja contradição entre as regras estabelecidas neste Código e a Regulação
em vigor, a respectiva disposição deste Código, sem prejuízo das demais regras nele contidas.
As Instituições Participantes devem garantir, por meio de controles internos adequados, o per-
manente atendimento ao disposto no código, às políticas e à Regulação vigente.
As Instituições Participantes devem manter em sua estrutura área(s) que seja(m) responsá-
vel(is) por seus controles internos e compliance.
A Instituição Participante pode designar um único diretor responsável pelos controles internos
e pelo compliance, ou pode indicar diretores específicos para cada função.
As Instituições Participantes devem exigir que seus profissionais assinem, de forma manual ou
eletrônica, documento de confidencialidade sobre as informações confidenciais, reservadas
ou privilegiadas que lhes tenham sido confiadas em virtude do exercício de suas atividades
profissionais, excetuadas as hipóteses permitidas em lei.
GESTÃO DE RISCOS
A Gestão de Riscos deve prever regras e procedimentos sobre o Plano de Continuidade de Ne-
gócios observando-se, no mínimo:
I. Análise de riscos potenciais;
II. Planos de contingência, detalhando os procedimentos de ativação, o estabelecimento
de prazos para a implementação e a designação das equipes que ficarão responsáveis
pela operacionalização dos referidos planos;
III. Validação ou testes no mínimo a cada doze meses, ou em prazo inferior, se exigido
pela Regulação.
A validação ou testes de que trata item acima tem como objetivo avaliar se os Planos de Conti-
nuidade de Negócios desenvolvidos são capazes de suportar, de modo satisfatório, os proces-
sos operacionais críticos para continuidade dos negócios da instituição e manter a integridade,
a segurança e a consistência dos bancos de dados criados pela alternativa adotada, e se tais
planos podem ser ativados tempestivamente.
O conteúdo dos documentos exigidos neste capítulo pode constar de um único documento,
desde que haja clareza a respeito dos procedimentos e regras exigidos em cada seção
PUBLICIDADE
Para fins do código de distribuição, não são considerados Material Publicitário ou Material Técnico:
I. Formulários cadastrais, questionários de perfil do investidor ou perfil de investimen-
to, materiais destinados unicamente à comunicação de alterações de endereço, tele-
fone ou outras informações de simples referência para o investidor;
II. Materiais que se restrinjam a informações obrigatórias exigidas pela Regulação vigente;
III. Questionários de ‘due diligence’ e propostas comerciais;
IV. Materiais de cunho estritamente jornalístico, inclusive entrevistas, divulgadas em
quaisquer meios de comunicação;
V. Saldos, extratos e demais materiais destinados à simples apresentação de posi-
ção financeira, movimentação e rentabilidade, desde que restritos a estas infor-
mações ou assemelhadas;
VI. Propaganda de empresas do Conglomerado ou Grupo Econômico da Instituição
Participante que apenas faça menção a Produtos de Investimento, a departamen-
tos e/ou empresas que realizam a Distribuição de Produtos de Investimento em
conjunto com os outros departamentos ou empresas que desenvolvam outros ne-
gócios do Conglomerado ou Grupo econômico.
MATERIAL TÉCNICO
O Material Técnico deve possuir, no mínimo, as seguintes informações sobre o Produto de In-
vestimento:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Tributação aplicável;
V. Informações sobre os canais de atendimento;
VI. Nome do emissor, quando aplicável;
VII. Classificação do Produto de Investimento;
VIII. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de
liquidez, de mercado e de crédito, quando aplicável.
AVISOS OBRIGATÓRIOS
As Instituições Participantes devem incluir, com destaque, nos Materiais Técnicos os se-
guintes avisos obrigatórios:
Caso faça referência a histórico de rentabilidade ou menção a performance:
A. “Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros.”;
B. “A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.”;
No uso de mídia impressa e por meios digitais escritos, o tamanho do texto e a localização dos
avisos e informações devem permitir sua clara leitura e compreensão.
REGRAS GERAIS
As Instituições Participantes devem disponibilizar seção exclusiva em seus sites na internet so-
bre os Produtos de Investimento distribuídos, contendo, no mínimo, as seguintes informações:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia de investimento;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Nome do emissor, quando aplicável;
V. Tributação aplicável;
VI. Classificação do Produto de Investimento;
VII. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de
liquidez, de mercado e de crédito, quando aplicável; e
VIII. Informações sobre os canais de atendimento.
As Instituições Participantes devem possuir canais de atendimento compatíveis com seu porte
e número de investidores para esclarecimento de dúvidas e recebimento de reclamações.
As Instituições Participantes devem no seu processo de Conheça seu Cliente buscar conhecer seus
investidores no início do relacionamento e durante o processo cadastral, identificando a necessida-
de de visitas pessoais em suas residências, seus locais de trabalho e em suas instalações comerciais.
O documento de que trata o parágrafo acima deve conter regras que sejam efetivas e consis-
tentes com a natureza, porte, complexidade, estrutura, perfil de risco dos Produtos de Investi-
mento distribuídos e modelo de negócio da instituição e deve conter, no mínimo:
I. Procedimento adotado para aceitação de investidores, incluindo procedimento para
análise e validação dos dados, bem como a forma de aprovação dos investidores;
II. Indicação dos casos em que são realizadas visitas aos investidores em sua residência,
local de trabalho ou instalações comerciais;
III. Indicação do sistema e ferramentas utilizadas para realizar o controle das informa-
ções, dados e movimentações dos investidores;
IV. Procedimento de atualização cadastral, nos termos da Regulação em vigor;
V. Procedimento adotado para identificar a pessoa natural caracterizada como benefici-
ário final, nos termos da Regulação em vigor;
VI. Procedimento adotado para veto de relacionamentos em razão dos riscos envolvidos.
SUITABILITY
A verificação do perfil do investidor não será aplicada nas exceções previstas na Regulação
vigente. A Instituição Participante é responsável pelo Suitability de seus investidores.
Agora vamos treinar um pouco o que você aprendeu nesse módulo. Antes, porém, cabe um
aviso importante. Algumas questões que estão listadas no simulado abaixo foram extraídas do
material oficial da ANBIMA, mas nem por isso devem ser consideradas como questão de prova.
As questões abaixo não têm a intenção de replicar uma prova, mas testar seu conhecimento
de uma maneira abrangente. Ter um bom desempenho nesse simulado não significa, necessa-
riamente, ter um bom desempenho na prova.
9. São isentos do imposto de renda sobre os rendimentos das Letras de Crédito Imobi-
liário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) as:
A. Pessoas Físicas;
B. Pessoas Jurídicas;
C. Pessoas Físicas e Jurídicas;
D. Pessoas Físicas, Pessoas Jurídicas e instituições financeiras.
12. Um Certificado de Depósito Bancário (CDB) resgatado após 200 dias corridos de
aplicação terá seus rendimentos tributados à alíquota de:
A. 15,00%;
B. 17,50%;
C. 20,00%;
D. 22,50%
13. Considerando os tipos de garantias e as espécies das debêntures, corre maior risco
de crédito o investidor que adquirir títulos:
A. com garantia real;
B. com garantia flutuante;
C. da espécie quirografária;
D. da espécie subordinada.
14. Uma Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) tem o seu valor nominal atualizado:
A. pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M);
B. pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA);
C. pela Taxa Selic;
D. pela Taxa DI.
16. No Tesouro Direto, desde que respeitada a regra do valor mínimo de R$ 30,00, um
investidor pode adquirir fração mínima igual a:
A. 0,01 título;
B. 0,05 título;
C. 0,10 título;
D. 0,20 título.
20. Os rendimentos obtidos em uma operação compromissada com prazo de 500 dias
corridos serão tributados pelo imposto de renda à alíquota de:
A. 15%;
B. 17,5%;
C. 20%;
D. 22,5%.
1. B. J ustificativa: As ações ordinárias dão a seus detentores o direito a voto nas assem-
bleias de acionistas, diferentemente do que ocorre com as ações preferenciais.
3. D. J ustificativa: Os juros sobre capital próprio são pagos pela companhia com base na
existência de lucros retidos em exercícios anteriores, diferentemente dos dividendos,
que são pagos com base na existência de lucro no exercício atual.
4. D. J ustificativa: Os emolumentos são taxas cobradas pela bolsa de valores nas opera-
ções que são registradas em seus sistemas, incluindo aquelas envolvendo ações.
6. A. J ustificativa: As LCIs podem ser emitidas por bancos comerciais, bancos múltiplos
com carteira de crédito imobiliário, Caixa Econômica Federal, sociedades de crédito
imobiliário, associações de poupança e empréstimo, companhias hipotecárias e outras
instituições que venham a ser autorizadas pelo Banco Central do Brasil para isso.
7. A. J ustificativa: Letras de Crédito do Agronegócio podem ser emitidas apenas por ins-
tituições financeiras. Companhias securitizadoras, empresas do setor agropecuário e
usinas de açúcar e álcool não são instituições financeiras.
8. C. Justificativa: De acordo com a norma vigente, o prazo mínimo de vencimento para LCI
e LCA é de 90 dias.
10. D. Justificativa: O CDB é um depósito a prazo que representa uma dívida da instituição
emissora para com o investidor, ou seja, é um passivo do emissor (instituição financeira).
11. B. J ustificativa: O FGC oferece garantia de até R$ 250.000,00 para pessoas físicas e jurídicas
nas aplicações em papéis emitidos por um mesmo conglomerado financeiro, até o limite
global de R$ 1.000.000,00 para um mesmo investidor em um período de quatro anos.
15. D. J ustificativa: A LFT não faz pagamentos de juros periódicos, mas sim no vencimento,
com base na Taxa Selic do período.
16. A. J ustificativa: O Tesouro Direto permite a aquisição de 0,01 título (ou seja, um centési-
mo de título), desde que o valor seja igual ou superior a R$ 30,00.
PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR
ABERTA
O objetivo deste capítulo é que os
candidatos compreendam os conceitos
básicos sobre Previdência Complementar
Aberta, entendendo o funcionamento
da Previdência Social no Brasil, quais
os benefícios em contribuir para
complementação da aposentadoria
oficial, o processo de avaliação dos
planos em função das necessidades
e objetivos dos clientes.
EXIGÊNCIA NA PROVA:
DE 3 A 6 QUESTÕES.
PREVIDÊNCIA SOCIAL X PREVIDÊNCIA PRIVADA.
Para começar a falar de Entidade Aberta de Previdência Complementar, vamos aprender a diferen-
ciar os dois tipos de previdência. Em suma, uma é do Estado, e a outra é privada. Simples assim.
A Previdência Social é aquela paga pelo trabalhador ao governo na forma do INSS. Ela é como um
seguro controlado pelo governo para que o trabalhador não deixe de receber uma renda ao se
aposentar, sofrer invalidez no trabalho, ter doenças, ficar grávida ou sofrer acidentes. O recebi-
mento possui um teto estabelecido pelo INSS a fim de manter em equilíbrio as contas públicas.
A Previdência Privada (também chamada de Complementar, o tema deste módulo), por sua
vez, é particular e serve como um complemento do INSS. Ela é opcional, e você retira todo o
valor investido mais os rendimentos no final, ao se aposentar. Ou seja, é uma reserva pessoal
investida no mercado financeiro, sem teto de recebimento, dependente apenas do valor con-
tribuído durante os anos. Antes de mergulharmos na previdência privada, vamos entender
melhor as características do INSS.
Na Previdência Social, a contribuição é obrigatória por lei para os trabalhadores que fazem
parte do sistema formal de emprego.
O modelo da Previdência Social brasileira adota o regime de repartição simples, que funciona
em regime de caixa. Nesse caso, as contribuições dos trabalhadores ativos são utilizadas para
o pagamento dos benefícios dos aposentados, pensionistas e demais segurados do INSS. Em
suma: o trabalhador ativo financia o trabalhador aposentado.
Já entendemos que o INSS é um “seguro” mantido pelo governo e que, para os trabalhadores
formais, a adesão é obrigatória. Mas não é somente os trabalhadores com regime de CLT que
podem contribuir para esse sistema. Vejamos quem mais pode contribuir para o INSS:
⯁⯁ Empregado/Empregado doméstico: como já falamos aqui, o trabalhador contratado
sob o regime de CLT tem obrigação de contribuir para o INSS. Condição para se tornar
segurado: deve estar trabalhando e ter a carteira de trabalho assinada.
⯁⯁ Trabalhador avulso: trabalhador que presta serviço a diversas empresas, sem vínculo
de emprego. Condição para se tornar segurado: deve possuir cadastro e registro no sin-
dicato ou órgão gestor de mão de obra.
⯁⯁ Contribuinte individual: pessoa que trabalha por conta própria (autônomo) ou que
presta serviço de natureza eventual a empresas, sem vínculo empregatício. Condição
para se tornar segurado: deve, obrigatoriamente, inscrever-se e pagar, mensalmente, as
contribuições por meio de guia de recolhimento. O empreendedor individual (MEI) deve
optar pelo Simples Nacional e recolher a contribuição por meio do Documento de Arre-
cadação do Simples Nacional.
⯁⯁ Segurado especial: agricultor familiar, pescador artesanal ou indígena que exerce ativi-
dade individualmente ou em regime de economia familiar. Condição para se tonar segu-
rado: é necessário comprovar o exercício da atividade rural ou pesqueira.
⯁⯁ Segurado facultativo: pessoa maior de 16 anos de idade que não tem renda própria,
mas contribui para a Previdência Social, como o estudante, a dona de casa e o síndico
não remunerado. Condição para se tornar segurado: deve se inscrever e pagar, mensal-
mente, as contribuições.
Já que falamos que o trabalhador contribui para o INSS enquanto está ativo precisamos com-
plementar com um pouco mais de detalhes sobre a fonte de recursos do INSS. O INSS arrecada
recursos para pagar os aposentados, pensionistas e outros segurados de três fontes:
1. Da contribuição dos trabalhadores (como citamos na introdução deste capítulo).
2. Dos empregadores. As empresas que contratam funcionários sob o regime CLT devem
contribuir mensalmente junto de seus colaboradores.
3. Impostos. Esses impostos vêm da CSLL (Contribuição Sobre a Lucro Líquido das empre-
sas), COFINS (Contribuição sobre a renda bruta das empresas), a contribuição sobre a
renda líquida dos concursos e prognósticos (sorteios de mega senas e afins).
Já entendemos quem pode contribuir para o INSS, de onde vêm as receitas dele, mas a per-
gunta que fica é: o que o contribuinte ganha ao contribuir para esse sistema? O INSS oferece
alguns benefícios aos seus contribuintes, conforme veremos abaixo.
⯁⯁ Salário Maternidade: se você é mãe e deu à luz um bebê enquanto estava trabalhando,
você sabe do que estou falando. O Salário maternidade é uma renda temporária paga a
mãe que acabou de ter filho para que ela possa recuperar se e acompanhar os primeiros
meses do crescimento do filho.
⯁⯁ Auxilio doença/auxilio acidente: uma renda mensal temporária para o trabalhador
que, devido a alguma doença grave ou acidente, está impossibilitado de exercer suas
atividades laborais.
⯁⯁ Pensão por morte: um pagamento feito ao dependente do segurado que falecer ou, em
caso de desaparecimento, ter sua morte declarada judicialmente.
⯁⯁ Auxílio reclusão: pago aos dependentes do segurado que esteja preso em regime
fechado ou semiaberto.
⯁⯁ Salário família: valor pago ao empregado de baixa renda, inclusive doméstico, e ao tra-
balhador avulso, de acordo com o número de filhos.
⯁⯁ Aposentadoria: esse é o mais conhecido pagamento feito pelo INSS. Um pagamento
realizado mensalmente ao trabalhador que cumpriu um período de contribuições e está
elegível a receber. É uma renda vitalícia. A aposentadoria paga pelo INSS tem um limite
de R$ 5.531,31 e é exatamente por ter esse limite que o contribuinte deve procurar uma
previdência complementar. Seu papel, como profissional certificado, é orientar o investi-
dor/contribuinte nessa escolha.
Já vimos todo o conteúdo necessário da previdência social. Vamos entender agora, de fato, a
previdência complementar.
Já entendemos que o INSS adota o regime de repartição simples, certo? A previdência comple-
mentar adota o regime de capitalização. Basicamente, é o mesmo que dizer que o investidor
coloca o dinheiro dele em um fundo que vai, ao longo do tempo, rentabilizar esse dinheiro
para que o investidor aumente seu patrimônio e possa complementar sua aposentadoria. O
ponto é que uma EAPC (Entidade Aberta de Previdência Complementar) não pode, assim como
um fundo, comprar ativos no mercado financeiro. Para isso, ela terá de alocar os recursos dos
investidores em um fundo de investimento especificamente constituído.
Vamos falar bastante dos FIEs daqui em diante. Esse é o fundo que é constituído especifica-
mente para que as EAPC possam acessar o mercado financeiro. Ou seja, o investidor escolhe
o plano de previdência complementar e esse plano, por sua vez, vai alocar os recursos nesse
fundo de acordo com a política de cada plano.
TAXA DE CARREGAMENTO
O plano de previdência, naturalmente, tem suas despesas. Essas despesas são repassadas ao
investidor através de taxas. A primeira taxa que vamos abordar aqui é a taxa de carregamento.
Essa taxa corresponde às despesas administrativas das instituições financeiras com pessoal,
emissão de documentos e lucro. Pode ser cobrada do investidor na entrada, na saída ou na
portabilidade, ou até mesmo na entrada e na saída de um mesmo investimento (Ex.: 1% na
entrada e 1% na saída).
É importante saber que a taxa de carregamento pode ser cobrada somente sobre o valor apli-
cado e nunca sobre o rendimento. Portanto, quando uma EAPC cobrar a taxa de carregamento
na saída, o valor aplicado do rendimento deve estar bem claro para que a cobrança seja feita
somente sobre o principal.
A regra para essa cobrança é que seja de no máximo de 10%, mas as EAPC podem cobrar
qualquer percentual, desde que seja respeitado esse limite. Além dessa flexibilidade, a taxa
de carregamento pode ser cobrada de forma flexível para “premiar” investidores com maior
volume de recursos ou mais tempo de contribuição.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO
Essa cobrança é semelhante ao que ocorre nos fundos de investimentos. Uma taxa fixa ex-
pressa ao ano e cobrada sobre o valor total do patrimônio da EAPC. Um valor anual para que
o administrador continue fazendo o seu bom trabalho.
TIPOS DE PLANO
Vimos, ao estudar a previdência social, que o contribuinte não consegue resgatar de uma vez
tudo o que contribuiu. Uma característica importante sobre as EAPC é que o investidor pode
receber todo o saldo acumulado de uma única vez, ou receber em forma de renda mensal.
O investidor pode, ainda, contratar um pecúlio para seu plano. O pecúlio trará alguns benefí-
cios para o investidor ou beneficiários. Entenda os casos:
⯁⯁ Renda por invalidez: renda a ser paga ao participante, em decorrência de sua invalidez
total e permanente ocorrida durante o período de cobertura e depois de cumprido o pe-
ríodo de carência estabelecido no plano.
⯁⯁ Pensão por morte: renda a ser paga ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na proposta de ins-
crição, em decorrência da morte do Participante ocorrida durante o período de cobertu-
ra e depois de cumprido o período de carência estabelecido no Plano.
⯁⯁ Pecúlio por morte: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao(s) beneficiário(s)
indicado(s) na proposta de inscrição, em decorrência da morte do participante ocorrida
durante o período de cobertura e depois de cumprido o período de carência estabelecido
no Plano.
⯁⯁ Pecúlio por invalidez: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao próprio parti-
cipante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o período
de cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido no Plano.
Acredite, esse tipo de portabilidade parece ser mais fácil (e menos burocrático) do que trocar
de operadora de celular.
TRIBUTAÇÃO
TABELA REGRESSIVA.
Prazo Alíquota
Até 2 anos 35%
De 2 a 4 anos 30%
De 4 a 6 anos 25%
De 6 a 8 anos 20%
De 8 a 10 anos 15%
Acima de 10 anos 10%
Dá pra perceber que esse modelo é recomendado para investidores que possuem um ho-
rizonte de tempo maior pois, por quanto mais tempo o investidor permanecer no plano,
menor será sua tributação.
Perceba que nessa tabela o que devemos analisar não é necessariamente o prazo de per-
manência do investidor/contribuinte, mas sim o valor que ele receberá em forma de renda
quando da saída do plano.
Importante: essa tabela é chamada de compensável pois o contribuinte deve levar o IR retido
na fonte pela EAPC para sua declaração anual de ajuste de IR. Nesta declaração, ele deve somar
as demais receitas que tenha, abater eventuais despesas e, dessa forma, ter em sua declaração
o resultado definitivo o IR a pagar, podendo, inclusive, ser restituído de parte do valor pago.
Cabe ressaltar que, em caso de resgate total ou parcial, será descontado na fonte somente 15% de
IR independente do valor. Portanto, em caso de resgate oportuno, não podemos precisar o valor
que o investidor pagará de IR mas somente o percentual que ficará recolhido na fonte (que é 15%).
Após o recolhimento desse percentual, o investidor, em sua declaração anual de ajuste, pode
ter de pagar mais ou ser restituído.
O contribuinte pode migrar seu regime de tributação de compensável (progressivo) para re-
gressivo. No entanto, em caso de mudança, o tempo de contribuição passa a contar a partir da
mudança do plano. Isso quer dizer que seu tempo zera quando você muda a tributação, então
explique isso muito bem ao cliente.
Começamos a apostila com uma sopa de letrinhas. E terminaremos ela com mais um pouco de
sopa. Então pode vir com a sua colher.
VGBL e PGBL são os dois principais produtos de previdência privada do país. A principal di-
ferença entre os dois é que o PGBL compra Imposto de Renda sobre todo o valor acumulado
(dinheiro investido + rendimento), enquanto o VGBL cobra somente sobre o rendimento.
O ponto a ser explorado com o cliente é o tempo que ele está disposto a ficar no plano de
previdência. Em planos mais longos, o PGBL muitas vezes oferece mais vantagens. O VGBL
costuma ser mais vantajoso a curto e médio prazo.
VGBL
O VGBL, ou Vida Gerador de Benefício Livre, é aconselhável para aqueles que não têm renda
tributável, já que não é dedutível do Imposto de Renda.
Nele, porém, ainda que seja necessário o pagamento de IR sobre o ganho de capital. É preciso
pagar Imposto de Renda sobre o rendimento na hora do resgate. Se você investiu 1000 reais e
ao final do ano tiver 1.140 reais, o IR será abatido do valor de 140 reais.
PGBL
O PGBL, Plano Gerador de Benefício Livre, é mais vantajoso para aqueles que fazem a declara-
ção do imposto de renda pelo formulário completo. O PG, como é chamado no mercado, per-
mite que o contribuinte deduza até 12% de sua base de cálculo de IR através de sua declaração
de ajuste anual de IR.
Na prática, isso significa que o investidor/contribuinte deixa de pagar IR no dia de hoje para
investir essa parcela de seu rendimento mensal que “sobrou”, e pagar IR lá na frente, quando
do recebimento do resgate.
Vamos simular um contribuinte que possua uma renda bruta anual de R$ 54.000,00 e tenha
dois dependentes.
Como é sabido, esse contribuinte terá de fazer uma declaração anual de ajuste de IR. Essa de-
claração seria, conforme tabela abaixo:
Grave bem o valor que será pago de IR nessa simulação para que possamos simular uma de-
claração de IR com investimento em um PGBL.
Perceba que o valor de IR devido caiu para R$ 421,55. Foi investido R$ 6.480,00 em um PGBL.
Em resumo: esse contribuinte deixou de pagar imposto hoje, investiu o dinheiro em um PGBL
e irá pagar esse imposto somente no futuro.
O titular do plano deve estar contribuindo para o regime geral (INSS) ou outra providência ou
outra previdência oficial, ou ainda, estar aposentado pelo INSS. Caso o plano esteja em nome
dos dependentes, como mulher ou filhos acima de 16 anos, eles terão de contribuir para o INSS
para que o responsável pelo investimento possa fazer a dedução.
Já os dependentes menores de 16 anos ficam livres dessa exigência, uma vez que estão abaixo
da idade mínima permitida para o trabalho sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), que prevê a contribuição obrigatória para um regime de Previdência Social.
Esse plano é indicado para aqueles que têm como deduzir as contribuições da base de cálculo
do seu IR, ou seja, fazem a Declaração Anual de Ajuste do Imposto de Renda da Pessoa Física
usando o formulário completo e têm renda bruta (renda tributável) suficiente para absorver
esse desconto, que é limitado em 12% da renda.
Algumas questões deste simulado foram extraídos do material oficial da ANBIMA e, por essa
razão, não representa questões que fazem parte do exame. Ter um bom desempenho nessas
questões não implica em garantia de aprovação na prova. Essas questões devem ser respondi-
das não com o objetivo de decorar a questão para a prova, mas como base de conhecimento.
9. Uma das diferenças entre o Plano Gerador de Benefício Livre - PGBL e o Vida Gerador de
Benefício Livre - VGBL é o fato de que apenas no
A. PGBL há garantia de rentabilidade;
B. VGBL há garantia de rentabilidade;
C. PGBL é possível deduzir as contribuições na declaração anual de imposto de ren-
da da pessoa física;
D. VGBL é possível deduzir as contribuições na declaração de imposto de renda anu-
al da pessoa física.
11. Um cliente perguntou ao seu gerente qual o órgão responsável por fiscalizar
os planos de previdência complementar abertos. Nesse caso, o gerente deverá
orientá-lo a procurar a
A. Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc);
B. Superintendência de Seguros Privados (Susep);
C. Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
D. Secretaria da Receita Federal (SRF).
8. A. J ustificativa: A renda mensal por prazo certo consiste em uma renda mensal a ser
paga por prazo pré-estabelecido ao participante/assistido. Na proposta de inscri-
ção, o participante indicará o prazo máximo, em meses, contado a partir da data de
concessão do benefício, em que será efetuado o pagamento da renda. Se, durante o
período de pagamento do benefício, ocorrer o falecimento do participante/assistido
antes da conclusão do prazo indicado, o benefício será pago ao beneficiário (ou aos
beneficiários), na proporção de rateio estabelecida, pelo período restante do prazo
determinado. O pagamento da renda cessará com o término do prazo estabelecido.
10. B. J ustificativa: Os PGBL e VGBL são estruturados como fundos de investimento, não
adotam remuneração fixa e não há garantia de rendimentos.