CEZAR, T. Livros de Plutarco PDF
CEZAR, T. Livros de Plutarco PDF
CEZAR, T. Livros de Plutarco PDF
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Professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da
UFRGS; e-mail: [email protected]
O Plutarco brazileiro
João Manuel Pereira da Silva é o autor de um conjunto biográfico
cujo título chama imediatamente a atenção: O Plutarco brazileiro, publicado
em 1847. O trabalho, revisto e aumentado, foi publicado em Paris, em
1858, sob o título Os varões illustres do Brazil, durante os tempos coloniais.
Essas obras fazem, evidentemente, eco a algumas idéias de Januário da Cunha
Barbosa. Pereira da Silva, por exemplo, na epígrafe que abre Os varões, não
deixa dúvida quanto ao regime de historicidade no qual seu empreendimento
intelectual se coloca: “A história não tem parte mais agradável e mais instrutiva
que a vida particular dos grandes e virtuosos personagens que se distinguiram
no teatro do mundo.” A citação de Victor Cousin revela uma das variações
da historia magistra preconizada por Barbosa em seu projeto. Igualmente
importante foi a recepção da obra no IHGB, divulgada pelo próprio autor
no prefácio de 1858. O depoimento de Manoel Araújo de Porto Alegre foi
um dos comentários escolhidos:
O Plutarco Brazileiro é um momento triunfal; é uma obra de longo
folego, que ganhará de dia em dia novas perfeições, novos toques de
remate com o andar dos annos, com a colheita dos factos, com o
engrandecimento do numero, e com a perfeição e a madureza que
o tempo estampa em todos os trabalhos historicos. Este livro
brindado às lettras do paiz terá longa duração, e augura ao seu
auctor uma nomeada duradoura, si elle durante a sua vida o for
retocando, e ampliando como convêm: um erro estampado é um
veneno que se lança à posteridade; é um ponto falso de projecção
no perimetro da historia; e toda a humanidade é desviada da senda
da verdade, logo que os idealistas ou historiadores falsificam os
acontecimentos (Silva, 1858, p. 9).4
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O Plutarco brazileiro de 1847 e os Varões illustres provêm de um mesmo
cânon cultural cuja origem encontra-se no IHGB. Pereira da Silva produz
uma versão plausível à proposta de Januário Cunha Barbosa. Por outro lado,
ele demonstra que os modelos historiográficos do Brasil no século XIX eram,
e este não parece ser um caso isolado, ainda mais dependentes da cultura
clássica, cujas referências continuam válidas e atuantes, do que da história
científica (metódica ou positivista). Em conseqüência, do mesmo modo que
a opção romântica, ou a visão medievalizada do passado nacional (aquela
que via no Peri de José de Alencar quase um cavaleiro medieval), não é uma
posição cultural e política homogênea, a historiografia brasileira também
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Referências bibliográficas