Marafao FernandoPinhabel D PDF
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Banca Examinadora
Prof. Dr. Sigmar Maurer Deckmann (Presidente)
Prof. Dr. José Policarpo Gonçalves de Abreu - UNIFEI/IEE
Prof. Dr. Pedro Gomes Barbosa - UFJF/DEE
Prof. Dr. Amauri Lopes - UNICAMP/FEEC/DECOM
Prof. Dr. José Antenor Pomilio - UNICAMP/FEEC/DSCE
Prof. Dr. Luiz Carlos Pereira da Silva - UNICAMP/FEEC/DSCE
Este trabalho apresenta uma Metodologia Seletiva de Identificação das parcelas conside-
radas ideais de tensão e corrente elétricas em um sistema polifásico, bem como das parcelas
associadas a distúrbios e fenômenos responsáveis pela deterioração da qualidade de energia.
Através de tal metodologia e das técnicas estudadas, é possı́vel discutir e propor uma abor-
dagem alternativa na definição de uma Teoria de Potência Unificada, adequada a condições de
formas de onda não-senoidais e/ou assimétricas, bem como propor estratégias de compensação
para condicionadores de energia, tais como os Filtros Ativos de Potência.
iii
Abstract
Considering the areas of Power Quality and Power Conditioning, this work proposes and
discusses the use of a Selective Identification Methodology in order to identify the so-called
ideal, as well as the disturbing, voltage and current components in a general polyphase power
system.
Considering the proposed selective methodology and the related digital algorithms, it is pos-
sible to discuss and suggest an alternative approach to define a promising Unified Power Theory,
which could be adequate for non-sinusoidal and unbalanced waveform conditions. Moreover,
the same methodology can be used to propose several compensation strategies for different
power conditioning equipments, such as e.g., Active Power Filters.
This work also presents a brief study concerning the required digital controllers for the
experimental implementation of a shunt active filter prototype. Particularly, it has been pointed
out the repetitive controller applied to the implementation of a selective harmonic current
compensator. The selective compensator allows minimizing the dominant harmonic components
in order to reduce the THD levels and to increase the power factor of a specific installation.
v
Agradecimentos
Ao professor José Pomilio pelas valiosas colaborações em torno da definição das estratégias
de compensação, bem como das discussões a respeito das teorias de potência estudadas e da
implementação do protótipo do filtro ativo. Ao professor Amauri Lopes, pelas contribuições nos
estudos referentes às técnicas de processamento digital, em especial sobre estudo e aplicação
da Transformada-γ.
Finalmente, à FAPESP e à CAPES pelo apoio financeiro e à Analog Devices pelo forneci-
mento da plataforma do DSP utilizado.
vii
Ringraziamenti
Desidero ringraziare a tutti gli amici del Laboratorio di Condizionamento di Energia Elet-
trica e del Dipartimento di Sistemi di Controllo dell’Energia, per la convivenza amichevole e
senza dubbio, per la assistenza nei momenti più difficili. In particolare, ringrazio agli amici
Edson, Ricardo, André, Leonardo, Luciana, Karina, Marcio, Rafael, Geomar, J. Carlos, Ale-
xandre, Kenji, Helmo, Sérgio, Marcelo, Thiago, Roney.
Ringrazio al professore José Antenor Pomilio per la sua collaborazione durante lo sviluppo
delle strategie di compensazione, per le discussioni a rispetto delle teorie di potenza e so-
prattutto, per la contribuzione dell’assemblaggio del set up sperimentale. Ringrazio pure, al
professore Amauri Lopes per le sue contribuzioni durante gli studi delle tecniche digitali, in
particulare, quelle riferite allo studio ed applicazione della Trasformata-γ.
Ed infine, ringrazio tanto la Fapesp quanto la Capes per il finanziamento del progetto ed
all’Analog Devices per fornire la piattaforma del DSP utilizzato.
ix
Sumário
Resumo iii
Abstract v
Agradecimentos vii
Ringraziamenti ix
1 Introdução Geral 1
1.1 Motivações e objetivos do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Qualidade de energia elétrica - QEE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.1 Histórico e problemática atual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.2 Normalização da QEE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.3 Condições ideais x reais de fornecimento e consumo de energia . . . . . . 7
1.2.4 Monitoramento da QEE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3 Condicionamento de energia elétrica - CEE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.1 Impactos da eletrônica de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.2 Soluções pelo lado do consumidor de energia (carga) . . . . . . . . . . . . 12
1.3.3 Soluções pelo lado do fornecedor de energia (fonte) . . . . . . . . . . . . 13
1.3.4 Soluções sistêmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
xi
SUMÁRIO
AD Conversor Analógico-Digital
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
CA Corrente Alternada
CEE Condicionamento de Energia Elétrica
CEM Compatibilidade Eletromagnética
CLP Controladores Lógicos Programáveis
CC Corrente Contı́nua
CIGRÉ International Council on Large Electric Systems
CRU Circunferência de Raio Unitáiro
CSH Compensação Seletiva de Harmônicos
CSPE Comissão de Serviços Públicos de Energia
DB Controlador Dead-Beat
DCT Discrete Cossine Transform
DEC Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor
DFO Deformação de Forma de Onda
DIC Duração de Interrupção Individual por Consumidor
DSP Digital Signal Processors
FACDS Flexible Alternate Current Distribution Systems
FACTS Flexible Alternate Current Transmission Systems
FAP Filtro Ativo de Potência
FEC Freqüência Equivalente de Interrupção por Consumidor
FFT Fast Fourier Transform
FIC Freqüência de Interrupção Individual por Consumidor
FIR Finite Impulse Response
HVDC High Voltage Direct Current
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
IIR Infinite Impulse Response
LMS Least Mean Square
MDQE Monitor Digital de Qualidade de Energia
NEI Norma Euclidiana Instantânea
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAC Ponto de Acoplamento Comum
PLL Phase-Locked Loop
PI Controlador Proporcional-Integral
xv
Lista de Siglas e Definições
xvii
LISTA DE FIGURAS
4.1 Sistema de segunda ordem: relação entre os coeficientes nos planos “z” e “γ”. . 137
xxi
LISTA DE TABELAS
Introdução Geral
O tema proposto para este trabalho, bem como suas diversas ramificações, está basica-
mente relacionado a duas grandes áreas de engenharia elétrica atual, a de Qualidade de Energia
Elétrica (QEE) e a de Condicionamento de Energia Elétrica (CEE).
Assim, tendo em vista a reestruturação ocorrida no setor elétrico em função das privatizações
e alterações no modelo energético internacional e suas respectivas conseqüências técnicas, ta-
rifárias e legais, este trabalho passa por uma breve discussão sobre definições de QEE e im-
plicações de CEE, para então explorar a utilização de técnicas de processamento e controle
digital de sinais em aplicações de sistemas de energia.
Tomando-se tais dispositivos como uma solução viável e flexı́vel para problemas de QEE,
dentre os diversos tópicos relacionados com o desenvolvimento dos FAP, serão apresentados e
discutidos alguns subsı́dios básicos para sua concepção e implementação. Destaca-se que neste
trabalho foram exploradas várias técnicas de processamento digital, que aliadas à metodologia
seletiva proposta, possibilitam o desenvolvimento de algoritmos para filtragem, identificação de
freqüência ou cálculo de componentes de seqüência positiva, no domı́nio do tempo, os quais po-
dem ser utilizados no controle de um filtro ativo. Destacam-se também os estudos e propostas
de controladores digitais, responsáveis por garantir que o filtro ativo implementado siga uma
referência pré-determinada.
1
1 Introdução Geral
Assim, a principal motivação deste trabalho é separar e desmistificar estes dois assuntos
mostrando que a definição de uma teoria de potências geral, abrangente e alinhada com as
mais variadas mudanças da engenharia elétrica, é uma questão fundamental não apenas para
aplicações em eletrônica de potência ou instrumentação de energia, mas para o setor elétrico
como um todo.
No que diz respeito à concepção e implementação de filtros ativos, espera-se deixar claro que
a compensação de distúrbios é uma mera questão de definição de variáveis de controle, que na
maioria das vezes, podem ser definidas sem nenhuma necessidade de cálculos de potência, mas
sim diretamente a partir das grandezas elétricas de tensão e corrente. Neste caso, a teoria de
potência, deve apenas auxiliar na compreensão e identificação dos principais fenômenos fı́sicos
envolvidos no fornecimento e consumo (transferência) de energia, de forma que uma vez feita
a escolha de uma determinada estratégia de compensação, se tenha uma boa previsão de como
se comportará o sistema compensado.
• Fazer uma análise crı́tica das principais propostas de Teoria de Potência apresentadas ao
longo dos últimos anos;
• Discutir uma possı́vel proposta de Teoria Unificada, baseada nas contribuições de diversos
autores e explorando a proposta de uma Metodologia Seletiva de Decomposição dos sinais
elétricos;
• Apontar as várias aplicações de tal teoria no setor elétrico, bem como as conseqüências
da substituição da teoria de potência convencional em sistemas CA senoidais;
• Apresentar os subsı́dios básicos à implementação dos filtros ativos de potência, bem como
definir uma topologia para implementação de protótipo experimental;
• Discutir o projeto dos controladores digitais de tensão e corrente do filtro ativo, especial-
mente a técnica de controle repetitivo utilizada para compensação seletiva de harmônicos
de corrente;
A) Fatores Técnicos
Do ponto de vista técnico, alguns pontos podem ser destacados, como por exemplo, os
avanços da eletrônica de potência e da eletrônica digital.
razão disso é que o chaveamento eletrônico, sendo um processo não-linear, é capaz de injetar cor-
rentes harmônicas indesejáveis na rede de suprimento e, ao lado de outras cargas não-lineares,
pode comprometer o funcionamento de sistemas sensı́veis à presença de distorções da forma de
onda senoidal.
Para acentuar os problemas deste tipo de carga, deve-se ressaltar que em sistemas po-
lifásicos, o comportamento de cada fase pode ser independente, visto que as caracterı́sticas
não-lineares podem ser distintas entre as fases. Isto significa que cada fase do sistema elétrico
pode apresentar distúrbios diferentes e em instantes diferentes, o que caracteriza as assimetrias
encontradas nas instalações e sistemas atuais.
Portanto, considerando que uma grande parte das aplicações industriais, comerciais ou re-
sidenciais tem algum tipo de dependência da eletrônica digital e dos micro-processadores, fica
claro que os equipamentos atuais se tornaram mais sensı́veis a distúrbios na energia ou na QEE,
do que eram no passado.
Baseado apenas em tais fatores técnicos, nota-se um paradoxo interessante: enquanto a uti-
lização da eletrônica de potência segue crescente nos últimos anos e com ela alguns problemas
causados principalmente por processos de conversão de energia (CA-CC-CA), as cargas com
algum tipo de estágio digital seguem cada vez mais sensı́veis a distúrbios da rede elétrica.
Assim, pode-se visualizar a importância de se estudar as relações entre cargas que geram
Além dos pontos discutidos acima, podemos citar ainda vários outros fatores relacionados
principalmente com a reestruturação do setor elétrico, tais como:
A energia que circula entre fontes geradoras e consumidores deixou de ser vista apenas
como um bem gerido e fornecido por empresas estatais, para ser visto como um “bem comum”
ou “produto de comercialização” entre setores que geram, distribuem ou consomem energia.
Como tal, toda e qualquer caracterı́stica que possa diferenciá-la de um fornecedor para outro,
passou a ser extremamente importante. Isto porque tais caracterı́sticas que podem estar dire-
tamente associadas com a QEE, podem ser definidas em contratos de fornecimento e compra de
energia, estabelecendo por exemplo, os valores para o kWh comercializado e multas contratuais.
Face à inexistência de competição, à polı́tica de preços impostos pelo estado e aos contratos
de fornecimento pouco flexı́veis, o setor elétrico público, em vigor até a segunda metade do
década de 90, não estava apto, ou mesmo interessado, em atribuir com a clareza de hoje, o
adjetivo “qualidade” à energia comercializada. Os consumidores deveriam comprar a energia
que lhes fossem entregue, com as caracterı́sticas que possuı́ssem, uma vez que as normas sobre
o assunto ainda eram relativamente brandas. Se um determinado consumidor necessitasse de
determinadas caracterı́sticas para energia em sua instalação, como por exemplo, tensão per-
feitamente senoidal e constante durante 99,9 % do tempo, tal consumidor deveria entrar em
acordo e, muito provavelmente, pagar para que a concessionária fizesse as melhorias necessárias.
Por outro lado, se uma determinada indústria, em decorrência de seu processo produtivo,
provocasse distúrbios na qualidade de energia do seu PAC (Ponto de Acoplamento Comum),
seria muito difı́cil que a concessionária conseguisse que esta indústria solucionasse tal situação,
por carência de normas especı́ficas.
No panorama atual estas relações estão sendo modificadas. Hoje é do interesse das for-
necedoras de energia que esta esteja dentro dos melhores padrões de qualidade, de forma a
garantir que os consumidores, principalmente os industriais de grande porte, não migrem de
um fornecedor para outro.
Entretanto, muitas discussões estão pendentes e requerem normas especı́ficas que ainda
estão em elaboração. Sem estas normas, é muito difı́cil estabelecer valores à energia com
melhor ou pior qualidade, principalmente porque não estão claros quais os métodos de análise,
os instrumentos de monitoração ou equipamentos de condicionamento a serem utilizados, bem
como os protocolos de comunicação a serem adotados pelos sistemas de gerência de dados, etc.
C) Fatores Ambientais
Apesar de muitos textos só considerarem os fatores técnicos e outros os fatores técnico-
contratuais nas análises de qualidade de energia, já existem indı́cios que os fatores ambientais
também poderiam ser incluı́dos no contexto de qualidade de energia, ou seja, a energia elétrica
oriunda por exemplo, de fontes renováveis e ou não-poluentes, teriam um “padrão de qualidade”
superior a energia gerada através de queima de carvão ou petróleo.
Para atingir esta condição, diversas instituições nacionais e internacionais vem trabalhando
para definir o conjunto de recomendações que fariam parte das normas sobre QEE [4, 5, 6, 7, 8,
9, 10, 11, 12]. Entretanto, algumas diferenças básicas ainda podem ser notadas se comparadas
as recomendações, por exemplo: européias (através das definições da IEC ou do CIGRÉ) e
americanas (através das definições do IEEE).
é pouco ou muito sensı́vel a estes distúrbios. Focando uma visão global de sistema elétrico,
pode-se imaginar que se todos os equipamentos se adaptassem a tais recomendações, os padrões
de qualidade de energia estariam sempre dentro dos limites pré-definidos.
No entanto, isto pode não ser verdade se todos estiverem no limite do permitido, ou seja,
se os equipamentos sensı́veis estiverem no seu limite de sensibilidade e os equipamentos causa-
dores de distúrbios também estiverem nos máximos permitidos, o conjunto destes pode levar à
condições onde os limites sejam superados.
Assim, com o foco não nos equipamentos, mas no sistema elétrico ou instalação industrial
como um todo, as recomendações do IEEE limitam os nı́veis de distúrbios oriundos de proble-
mas de QEE. Neste caso, não são os equipamentos especı́ficos que são avaliados, mas sim as
instalações completas, principalmente no que tange às limitações de emissão de distúrbios. Do
ponto de vista global, pode-se imaginar que este enfoque seja mais adequado do que o anterior.
No entanto, não se pode esquecer que o fato dos indicadores globais estarem dentro dos limites
aceitáveis, não significa que localmente na instalação não existam cargas extremamente ruido-
sas interferindo no funcionamento de cargas sensı́veis ou simplesmente ocasionando prejuı́zos e
perdas de energia.
Desta forma, parece interessante que se encontre uma abordagem intermediária entre tais
linhas de recomendações de forma a limitar os indicadores especı́ficos (cargas), bem como os
indicadores globais (sistema elétrico) de qualidade de energia. No Brasil, trabalhos vem sendo
realizados desde a década de 90, com participação de grupos de pesquisa, representantes da
sociedade, das concessionárias, dos consumidores, entidades regulamentadoras (CSPE, ANEEL,
ONS, etc), acadêmicos, etc.
Com isto, considera-se que um sistema CA polifásico ideal, deve satisfazer às seguintes
condições de operação em regime:
Essas cinco condições garantem que o sistema atenda adequadamente a qualquer carga pre-
vista para operar com corrente alternada na freqüência nominal e que ainda opere em condições
de máxima conservação de energia.
Entretanto, na prática é impossı́vel satisfazer totalmente essas condições ideais, pois a rede
e os equipamentos elétricos estão sempre sujeitos a falhas ou perturbações que deterioram de
alguma maneira as condições que seriam desejáveis para sua operação. É muito importante
observar que mesmo as condições de fornecimento de energia (tensão) têm se distanciado das
ideais.
A Tabela 1.1 a seguir, apresenta alguns dos principais distúrbio de QEE, a categoria em
que se enquadram, bem como possı́veis causas e conseqüências dos mesmos. Aplicam-se as
seguintes siglas:
• TRANS - Transitórios;
Destaca-se que vários outros distúrbios elétricos ainda poderiam ser adicionados à tabela
anterior, no entanto, como não é este o motivo principal deste trabalho, maiores detalhes e
discussões podem ser encontrados em [2, 17].
Tomando como referência as condições de operação do sistema ideal, bem como as normas
que regem o mesmo, é necessário definir e monitorar indicadores de qualidade de energia, os
quais devem quantificar o afastamento dessas condições que o sistema real experimenta.
Vale ressaltar que até pouco tempo atrás, as atenções eram voltadas apenas para os distúrbios
relacionados com desligamentos e paradas de produção, ou seja, interrupções. É natural que
assim fosse, pois neste caso os prejuı́zos financeiros por parte dos consumidores, são evidentes.
Estimativas indicam que só nos Estados Unidos, dezenas de bilhões de dólares são perdidos por
ano, em função de interrupções de energia elétrica [2] e esta ainda é a maior fonte de prejuı́zos
quando se trata de QEE. Muitos autores tratam este problema como uma questão de continui-
dade de fornecimento mas, uma vez que suas origens tem caracterı́sticas técnicas como falhas
de operação, proteção ou falta de suporte reativos, não deixa de ser uma questão de QEE.
No Brasil, os principais indicadores relacionados às interrupções são o DEC, FEC, DIC e FIC,
definidos pela ANEEL.
Por outro lado, é crescente o número de trabalhos sobre a definição de indicadores de QEE
relacionados com cada um dos distúrbios da Tabela 1.1 [15, 16, 20, 21, 22, 23], bem como
técnicas de processamento dos mesmos e também sobre o desenvolvimento de instrumentos
capazes de avaliá-los [24, 25, 26].
3. o meio ambiente não está sendo prejudicado no atendimento das condições anteriores.
Assim, como a área de QEE, a área de CEE tem muitas variações e o termo é empregado
para representar diversas funções distintas, principalmente no que diz respeito às aplicações da
eletrônica de potência.
Neste contexto, sabendo que a questão financeira é de primordial interesse, será discu-
tido como a Metodologia de Identificação Seletiva dos Distúrbios permite que determinados
distúrbios possam ser minimizados ou eliminados de forma isolada. Com isto, os condicionado-
res podem ser projetados especificamente para um ou mais tipos de distúrbio, de acordo com
a relevância dos mesmos no processo, restringindo os custos agregados à sua compensação.
Como exemplo prático, basta tomarmos os conversores de freqüência variável, hoje extrema-
mente difundidos em praticamente todos os segmentos da indústria, seja por possibilitar ajustes
na velocidade ou no torque das máquinas utilizadas. Dentre outras vantagens, tais dispositi-
vos tornaram o controle de máquinas operatrizes mais simples, robustos e mais econômicos do
que no passado. No entanto, os estudos comprovam que os problemas causados pela operação
de tais conversores podem ser bastante negativos para a instalação ou sistema elétrico onde o
mesmo encontra-se conectado devido, por exemplo, às elevadas taxas de distorção da forma de
onda da corrente (recortes) que estes dispositivos provocam.
A partir de diferentes pontos de vista, são discutidas a seguir algumas soluções para pro-
blemas de QEE.
adequação pode se dar basicamente de duas formas, diretamente através da utilização de equi-
pamentos que não provoquem distúrbios ou instalando compensadores em suas instalações, de
forma que os distúrbios sejam minimizados e não se propaguem para o sistema de fornecimento
de energia.
Muitos trabalhos vem sendo realizados no ambiente acadêmico e industrial, para desenvolver
conversores e cargas eletrônicas com baixa DHT (Distorção Harmônica Total) e alto fator de
potência. Neste sentido, são de extrema valia as recomendações das normas européias (IEC,
por exemplo) que tem como foco principal o projeto dos equipamentos.
B) Foco na Instalação
Considerando que mesmo que todos os equipamentos estejam dentro das especificações re-
comendadas, o conjunto destes em uma instalação industrial pode fazer com que os indicadores
globais de qualidade excedam os limites permitidos, tornando necessário o uso de compensado-
res nesta instalação. Assim como já acontece com o fator de potência, onde os consumidores
industriais são responsabilizados por sua compensação ou pagamento de multas mensais, espera-
se que em pouco tempo, estes mesmos consumidores sejam responsáveis por não provocar ou
propagar distúrbios de QEE para o sistema de potência.
Para mitigação deste tipo de distúrbio, várias soluções podem ser adotadas, dentre elas a
instalação de filtros harmônicos passivos (LC), capacitores ou reatores controlados, filtros ativos
de potência com ou sem armazenadores de energia, etc.
As soluções atuais incluem a utilização de filtros ativos de potência, os quais serão explorados
nos próximos capı́tulos, bem como associações de filtros ativos e passivos (filtros hı́bridos) e
podem ser instalados próximos aos PAC com problemas, ou distribuı́dos ao longo dos ramais
de distribuição, dependendo da necessidade.
Neste sentido, as soluções mais promissoras parecem estar relacionadas com o desenvolvi-
mento de fontes alternativas e renováveis de energia, as quais através de sistemas de geração
distribuı́da, desde que devidamente regulamentados, podem contribuir para garantir a conti-
nuidade e qualidade da energia elétrica. Além disto, destacam-se os trabalhos desenvolvidos
para consolidar as tecnologias FACTS (Flexible AC Transmission Systems), Custom Power [28]
e mais recentemente, os FACDS (Flexible AC Distribution Systems), as quais serão bastante
importantes para a manutenção da confiabilidade e solução de problemas de QEE.
O Capı́tulo 2 traz uma análise crı́tica e detalhada de várias propostas de teoria de potência
no domı́nio do tempo e da freqüência, com intuito de identificar as semelhanças e pontos posi-
tivos de cada uma, de forma a possibilitar uma proposta unificada.
O Capı́tulo 3 traz uma discussão sobre o que seria uma possı́vel proposta de Teoria de
Potência Unificada, formulada a partir da junção das principais contribuições de outros au-
tores, com as contribuições deste trabalho, bem como apresenta uma metodologia seletiva de
identificação das componentes ideais ao funcionamento do sistema elétrico e seus respectivos
desvios em condições reais de operação.
Por fim, o Capı́tulo 7 traz as conclusões gerais deste trabalho, no que diz respeito aos temas
abordados e apresenta algumas sugestões para trabalhos futuros que possam dar continuidade
a esta pesquisa.
Sobretudo nas últimas três décadas, diversas contribuições têm sido apresentadas. As prin-
cipais propostas vêm de especialistas de três grandes grupos de estudos:
• o grupo de estudos do IEEE para Situações Não-Senoidais, o qual é presidido pelo pro-
fessor Alexander E. Emanuel e tem a participação de autores como R. Arseneau, M. Cox,
A. Domijan, P. Filipski, E. Gunther, dentre outros. Além das publicações individuais dos
autores, algumas contribuições importantes foram [32, 33] e mais recentemente [34].
• o grupo de estudos presidido pelo professor Alessandro Ferrero, o qual conta com a par-
ticipação de autores como L. Czarnecki, M. Depenbrock, A. Emanuel, P. Tenti, P. Mat-
tavelli, L. Cristaldi, J. Willems, dentre outros. Independentemente do grupo do IEEE,
este grupo vem se reunindo a cada dois anos desde 1991, em encontros especı́ficos sobre
definições de potência (I-VI International Workshop on Power Definitions and Measure-
ments under Non-sinusoidal Conditions) e importantes contribuições têm sido apresen-
tadas [35, 36, 37, 38, 39, 40, 41];
• por fim, apesar de não constituı́rem um grupo institucional ou oficial, destacam-se os
esforços de vários pesquisadores sobre as propostas de teorias de potências instantâneas,
principalmente relacionando definições de potência, com técnicas de filtragem ativa [42,
43, 44, 45, 23, 46, 47, 48, 49].
17
2 Definições de Potências Elétricas: Histórico e Discussão
No entanto, ainda restam muitas perguntas sem resposta, nem convergência na opinião dos
especialistas. Algumas delas são:
P1 Qual o domı́nio mais adequado à análise da potência elétrica: tempo ou freqüência?
P2 Por que a necessidade da definição de potência aparente?
P3 Como definir e relacionar as parcelas de potências com seus respectivos fenômenos fı́sicos 1 ?
P4 As diferentes componentes de potência, causadas pelos diversos tipos de distúrbios, devem
ou não ser incluı́dos no valor de uma componente não-ativa?
P5 Por que separar a componente fundamental, das componentes harmônicas de um sistema?
P6 O termo potência reativa deve ser designado apenas para sinais fundamentais ou para todo
espectro harmônico?
P7 Até que ponto é possı́vel relacionar os novos conceitos, aos conceitos tradicionalmente
aceitos ?
P8 Qual a relevância das transformações de eixos de referência, do tipo a, b, c ⇒ α, β, 0 ou
a, b, c ⇒ d, q, 0, na definição de uma teoria de potência?
P9 Como utilizar as componentes de potência para tarifação ou atribuição de responsabilida-
des, ou seja, quais parcelas são responsabilidade das agências distribuidoras de energia e
quais são dos consumidores?
P10 O que pode ser feito para manter a potência elétrica o mais próximo possı́vel das condições
ideais de conservação de energia?
A única certeza parece ser o fato de que a teoria convencional, ainda ensinada nos cursos
de engenharia elétrica e utilizada há mais de um século, tem se mostrado incompatı́vel com
a realidade dos sistemas polifásicos não-lineares que são encontrados com freqüência nas ins-
talações atuais [19, 32, 33, 39, 41]. Como já mencionado, tais questões tomaram proporções
ainda maiores após a reestruturação do setor elétrico mundial.
S 2 = P 2 + Q2B + DB
2
, (2.1)
sendo S é a Potência Aparente definida por:
∞
X
S= V h Ih , (2.2)
h=1
e Vh e Ih são as tensões e correntes eficazes (rms - root mean square) da componente harmônica
h:
s s
Z Th Z Th
1 1
Vh = vh2 dt Ih = i2h dt , (2.3)
Th 0 Th 0
sendo Th o perı́odo da onda em uma dada freqüência (fh ) e v e i são as tensões e correntes
instantâneas.
No caso da teoria de Budeanu, principalmente pelo fato de não isolar as correntes ativas e
reativas das correntes harmônicas, tal objetivo não é facilmente atingido. Por exemplo, elimi-
nando as correntes harmônicas, estarı́amos alterando o valor das potências ativa e reativa. Por
outro lado, uma vez que a potência reativa QB pode ser composta por tensões e correntes de
várias freqüências, seu valor não pode ser usado para projeto de compensadores passivos, como
P1 = V1 I1 cos φ1 , (2.7)
q
S 1 = V 1 I1 = P12 + Q2B1 . (2.9)
S1
Q B1
P1
P1
FP = = cos φ1 , (2.10)
S1
o qual nestas condições também é conhecido como fator de deslocamento ou simplesmente cos φ1 .
Mesmo não tendo sido proposto pela primeira vez por Budeanu [30], o fator de potência tem
sido utilizado em conjunto com suas definições e aplicado a tarifação de energia ou mesmo para
projeto de instalações e sistemas de potência (por exemplo, projeto de cabos e transformadores).
Além da consideração de sinais senoidais, outra simplificação bastante utilizada para siste-
mas multi-dimensionais, é a de sistemas equilibrados. Assim, os valores de P , QB e S, para
sistemas trifásicos por exemplo, podem ser definidos como:
Nos sistemas elétricos atuais, onde distorções de forma de onda e assimetrias estão quase
sempre presentes, as simplificações acima discutidas perdem sua validade e as equações originais,
as quais contemplam todo o espectro harmônico, deveriam ser utilizadas em conjunto com
algum tipo de adaptação para sistemas polifásicos assimétricos, como por exemplo as definições
de médias aritméticas ou geométricas propostas pelo IEEE Standard Dictionary e discutidas
em [51]. Entretanto, tem-se constatado e discutido que tais simplificações ou modificações
não produzem resultados confiáveis nos sistemas elétricos atuais e deveriam ser abandonadas
[19, 51, 52, 53, 54] e substituı́das por novas abordagens [26, 34, 55, 56, 57, 58, 59].
No caso dos medidores digitais, dado a falta de normalização especı́fica sobre este assunto,
principalmente no que tange aos algoritmos utilizados, destaca-se que não é raro encontrar
equipamentos, ditos baseados no princı́pio de Budeanu, nos quais o método é aplicado de forma
totalmente equivocada. Entre os erros mais comuns está o método de obtenção do valor eficaz,
utilizando relações válidas apenas para formas senoidais.
S 2 = P 2 + Q2K + DK
2
, (2.14)
onde:
• Tv e Ti são os perı́odos correspondentes a tensões e correntes respectivamente;
São chamados de componentes comuns aqueles que podem ser encontrados tanto na corrente
de carga, quanto na fonte de alimentação e componentes não-comuns são aqueles que, devido
a não-linearidades no sistema fonte-carga, não se apresentam nos dois lados do sistema.
S 2 = SR2 + SX
2 2
+ SD (2.18)
n
X n
X
SR2 = Vn2 . In2 . cos2 φn 6= PBudeanu
2
(2.19)
1 1
n
X n
X
2
SX = Vn2 . In2 . sin2 φn (2.20)
1 1
n p m n p
X X X X X
2
SD =( Vn2 . Ip2 ) + Vm2 .( In2 + Ip2 ) (2.21)
1 1 1 1 1
onde SR seria proporcional a parte ativa da potência, SX à parte reativa compensável com
elementos passivos e SD à parte proporcional aos componentes distorcivos (não-comuns).
Algumas desvantagens deste método relacionam-se com a necessidade de uma FFT, bem
como o fato de não trazer informações sobre os sinais de tensão e corrente que originam cada
parcela de potência e ainda o fato de que SR não é igual a P de Budeanu, pois :
Z T ∞
X
1
P = v.i dt = Vh .Ih . cos φh 6= SR , (2.22)
T 0 1
Além disto, outro problema desta definição é que a potência SX segue o conceito de Budeanu
que traz os sinais defasados em 90o em todas as freqüências harmônicas. Por fim, destaca-se que
a abordagem da proposta de Shepherd ainda se restringe a fenômenos dos sistemas monofásicos.
Vale ressaltar que a teoria proposta por estes autores tinha como principal motivação a
compensação das potências que não fossem ativas e mesmo não tendo sido adotada, as dis-
cussões sobre harmônicos comuns e não-comuns são bastante interessantes e estimularam novas
discussões sobre não-linearidades das cargas. Tal abordagem foi utilizada por Sharon em [62],
onde o autor sugere modificações à proposta de Shepherd et al. e dedica-se ao detalhamento
do projeto de um compensador ótimo de reativos, por meio de elementos passivos.
Para facilitar a compreensão de sua proposta, em [50] o autor dividiu sua formulação em três
etapas, para mostrar como a metodologia evolui de circuitos lineares monofásicos, para chegar
em sistemas trifásicos, assimétricos e não-lineares. Esta também foi a abordagem utilizada para
esta revisão.
e corrente (i )
ia X∞ i ah √ X Iah
∞
i , ib ∼
= i bh
, 2Re Ibh ejhω1 t , (2.24)
ic h=0 ich h=0 Ich
onde: vabc e iabc são as tensões e correntes instantâneas, h representa os harmônicos do sistema,
Vabc e Iabc são os valores rms complexos da tensão e da corrente e ω1 é a freqüência fundamental.
Os valores das tensões utilizadas são referidos a um ponto ou zero artificial [38].
O autor também define o valor “rms generalizado” ou “equivalente” dos vetores acima.
Para isto é utilizado o conceito de norma média de vetores k . k:
s s
Z T Z
1 1 T 2
k v k, (v · v ) dt = (v + vb2 + vc2 ) dt (2.25)
T 0 T 0 a
e
s s
Z T Z T
1 1
k i k, (i · i ) dt = (i2a + i2b + i2c ) dt , (2.26)
T 0 T 0
v · v = v t .v , (2.27)
sendo “t” a representação de vetor transposto.
Para as próximas deduções, considera-se que em um circuito genérico, a carga pode ser
representada por dois conjuntos de admitâncias:
∗ ∗ ∗
Ph = Re(Vah Iah + Vbh Ibh + Vch Ich ) (2.32)
∗ ∗ ∗
Qh = Im(Vah Iah + Vbh Ibh + Vch Ich ). (2.33)
No intuito de dividir a corrente total (i ) em várias parcelas, a primeira componente de
corrente identificada por Czarnecki é a “corrente ativa” como definida por Fryze [31], ou seja:
P
ia = .v (2.34)
kv k2
sendo
P
= Ge (2.35)
kv k2
que é a condutância equivalente média do circuito, a qual é responsável pelo consumo da
potência ativa P.
Esta definição de “corrente ativa” mostra que, assim como vários outros autores, Czarnecki
também defende que tal termo deveria ser reservado para a parcela de corrente que multiplicada
pela tensão (v ), resulta na potência ativa média de um circuito, ou seja, aquela que transfere
efetivamente energia da fonte para a carga, que por sua vez, irá convertê-la em algum outro
tipo de energia, trabalho ou perdas:
Z
1 T
ia · v = P = v · i dt. (2.36)
T 0
Portanto:
∞
X
√
i a = Ge .v = 2.Re (Ge .V h .ejhω1 t ) . (2.37)
h=0
Qh 2
Bh = − . (2.42)
k vh k
Como demonstrado em [19], estas parcelas de corrente são ortogonais entre si, portanto:
ki k2 = ki a k2 + ki r k2 + ki s k2 (2.43)
e multiplicando ki k2 por kv k2 , resulta:
C) Circuito Não-Linear
As correntes harmônicas originadas por não linearidades da carga, ou seja, correntes em
freqüências distintas daquelas presentes na tensão, formam uma nova componente denominada
i h:
∞
X
√
ih = 2.Re Ih .ejhω1 t , (2.45)
h=0
a qual também é ortogonal às demais componentes de corrente e tem um valor rms equivalente
dado por:
sX
kih k = kin k2 , (2.46)
n∈N g
onde Ng representa o conjunto de componentes harmônicas geradas na carga, devido às suas
não-linearidades.
ki k2 = ki a k2 + ki r k2 + ki s k2 + ki h k2 , (2.47)
o que resulta em termos de potência em:
i u = i − (i a + i r + i h + is ), (2.49)
a qual também é mutuamente ortogonal às demais, ou seja:
ki k2 = ki a k2 + ki r k2 + ki h k2 + ki s k2 + ki u k2 (2.50)
A corrente i u também poderia ser calculada como:
ki uh k = Ah .kv h k (2.51)
Du = ki u k.kv k. (2.52)
Portanto, no caso geral, a potência Aparente seria expressa pelas cinco parcelas a seguir:
E) Discussão
A proposta de Czarnecki, apesar de interessante, não tem sido muito utilizada por outros
autores, provavelmente pela complexidade do equacionamento no domı́nio da freqüência. No
entanto, é interessante notar que tal proposta, além de auxiliar na compreensão dos fenômenos
fı́sicos que compõe o sistema elétrico, poderia ser implementada tanto em sistemas de análise
e monitoração de energia, quanto em sistemas de condicionamento de energia, desde que utili-
zando sistemas adequados de processamento digital de sinais [63, 64].
Seja do ponto de vista de análise, quanto de controle, a proposta parece muito interessante
se o objetivo for a identificação, tarifação ou compensação das “correntes” de distúrbio, en-
tretanto, ainda deixa algumas dúvidas como por exemplo: como atribuir responsabilidades ou
compensar distúrbios na “tensão” de fornecimento, ou ainda, o que mudaria nas decomposições
propostas se a tensão fundamental do sistema for assimétrica (este tipo de distúrbio parece
não ter sido abordado)? Além disto, destaca-se que por se tratar de uma definição no domı́nio
da freqüência, eventuais inter-harmônicos presentes nos sinais de tensão e corrente, podem não
ser interpretadas corretamente (vide (2.23) e (2.24)). Para isto, a complexidade matemática e
implementacional das análises seriam ainda maiores.
No entanto, é importante destacar que Czarnecki tem sido um dos autores mais ativos nas
discussões sobre teorias de potência. Como resumido, sua abordagem objetiva subdividir a
corrente de um sistema ou circuito elétrico em várias sub-parcelas, cada qual associada com
um tipo diferente de fenômeno fı́sico e conseqüentemente, responsável por uma componente
de potência distinta. Czarnecki também tem contribuı́do para discussões como a necessidade
ou não da definição de potência aparente, visto que esta é muito mais uma interpretação ma-
temática do que fı́sica; bem como para estudos de compensadores ativos ou passivos; e ainda
para desmistificar determinadas teorias [19, 65, 66] ou questionar sobre quais seriam os verda-
deiros requisitos para uma “teoria de potências”.
Uma vez que o foco de sua proposta é a associação com os fenômenos fı́sicos, em trabalhos
recentes o autor vem denominando tal proposta de Teoria das Componentes Fı́sicas de Cor-
rente, do inglês, Theory of the Current’s Physical Components (CPC) [66].
Como será visto adiante, a abordagem de Czarnecki no domı́nio da freqüência tem muitas
semelhanças com as definições de Depenbrock no domı́nio do tempo [52, 67].
Provavelmente os dois trabalhos mais referenciados do grupo são de 1996. No primeiro deles
as principais questões sobre as definições de potência em condições não-ideais foram explicita-
das em um questionário distribuı́do para várias concessionárias de energia e depois discutidas
ponto a ponto [32]. No segundo, uma metodologia alternativa foi proposta para adequar as
definições de potência para o caso geral com distorções e assimetrias [33].
Assim, em [33] o grupo já sugeria algumas definições bastante interessantes, como por exem-
plo a utilização de valores de tensão e corrente “equivalentes” para o sistema trifásico, bem como
a “Potência Aparente Efetiva”, como uma alternativa ao cálculo da potência aparente de forma
“vetorial” ou “aritmética”, como proposta pelo próprio IEEE anteriormente. Neste trabalho
o grupo também defendia a separação da contribuição das ondas fundamentais de seqüência
positiva, das outras parcelas de potência, bem como definia várias parcelas de potência, como
por exemplo, as potências não-ativa (tudo que não gera P) e não-fundamental (h 6= 1, parcela
atribuı́da aos harmônicos, inter-harmônicos e suas interações).
as quais devem ser válidas para sistemas a quatro fios. Para sistemas trifásicos a três fios, as
mesmas poderiam ser simplificadas por:
r
1 2
Ve = (V + Vbc2 + Vca2 ) (2.56)
9 ab
e
r
1 2
Ie = (I + Ib2 + Ic2 ) , (2.57)
3 a
destacando que tal simplificação é obtida pelo modelo equivalente trifásico, descrito em [34], e
não a partir das duas equações anteriores.
Assim, de forma distinta das definições vetoriais ou aritméticas para o cálculo da potência
aparente, os autores definem a “Potência Aparente Efetiva” como sendo o produto:
Se = 3Ve Ie , (2.58)
Como já comentado, a Potência Ativa (P) é um dos poucos consensos da área e neste caso
também é expressa pela integração da potência instantânea:
Z t+kT
1
P = (va ia + vb ib + vc ic )dt, (2.59)
kT t
onde “T” é o perı́odo de integração, “t” é o instante inicial da integração e “k” é um número
inteiro que define o número de ciclos da integração.
Desta forma, os autores também definiram o “Fator de Potência Efetivo” como a razão:
P
F Pe = , (2.60)
Se
o qual, do ponto de vista de medição e tarifação de energia, pode ser bem mais rigoroso do
que se baseado nas definições convencionais. Esta definição de fator de potência está de acordo
com a definição apresentada por Lyon em [30].
Baseados nas grandezas equivalentes, ainda seria possı́vel calcular uma parcela de Potência
Não-Ativa como:
p
N= Se2 − P 2 (2.61)
Ie2 = Ie1
2 2
+ IeH , (2.63)
onde os ı́ndices (1) e (H) representam respectivamente, os componentes fundamentais de 60/50Hz
e os harmônicos do sistema.
Tomando as tensões como exemplo, tais componentes por fase podem ser obtidos por:
r
1 2 2 2 2 2 2
Ve1 = [3(Van1 + Vbn1 + Vcn1 ) + Vab1 + Vbc1 + Vca1 ] (2.64)
18
e
q
VeH = Ve2 − Ve12 . (2.65)
Expressões similares também são válidas para as correntes.
Se2 = Se1
2 2
+ SeN , (2.66)
onde:
onde S1+ é a Potência Aparente Fundamental de Seqüência Positiva e pode ser calculada por:
q
S1+ = (P1+ )2 + (Q+ 2
1) , (2.73)
sendo:
Q+ + + +
1 = 3V1 I1 sin φ1 , (2.75)
as potências Ativa (W) e Reativa (var) Fundamentais, definidas como no caso dos sistemas
trifásicos equilibrados e com formas de onda senoidais.
P1+
F P1+ = , (2.76)
S1+
o qual também poderia ser associado com o fator de deslocamento (cos φ1 ) dos sistemas trifásicos
equilibrados e senoidais.
Várias outras parcelas de potência ou relações entre estas, ainda poderiam ser extraı́das da
abordagem proposta em [34], no entanto, já é possı́vel tecer alguns comentários sobre vantagens,
desvantagens e semelhanças desta proposta em relação a outras referências:
B) Vantagens
• O fato de separar as componentes fundamentais e de seqüência positiva, das demais parce-
las da tensão, corrente e potência, é um ponto importante no que tange a compreensão dos
fenômenos fı́sicos, bem como em relação à medição e tarifação das potências envolvidas
no processo de fornecimento de energia;
• As novas definições tem uma estreita relação com os conceitos convencionais para o caso
senoidal e balanceado;
• A definição de Potência Aparente Efetiva parece mais rigorosa e útil do que as definições
convencionais;
C) Desvantagens
• Uma vez que o foco principal dos trabalhos desenvolvidos pelos autores em questão sempre
foi a normalização dos protocolos de medição e tarifação de energia em condições não-
senoidais e/ou desbalanceadas, todas as definições são baseadas em valores rms, quando
na verdade poderiam ter sido generalizadas no domı́nio do tempo e então aplicadas para
tarifação;
• Outro ponto que ainda requer aprimoramento em se tratando de uma recomendação IEEE,
é o fato de que os algoritmos e protocolos para os cálculos das componentes fundamentais,
harmônicas ou de seqüência positiva não foram abordados;
D) Discussão
Baseado nos comentários anteriores, pode-se afirmar que a proposta atual do grupo do
IEEE é bastante interessante e apresenta inovações importantes em relação às recomendações
anteriores do próprio IEEE. Tal proposta também traz várias semelhanças com as propostas de
outros autores contemporâneos, principalmente com os trabalhos de Czarnecki e Depenbrock,
semelhanças que vem sendo moldadas ao longo das duas últimas décadas através das várias
publicações e discussões de artigos destes autores.
Como será discutido adiante, seria extremamente produtivo e viável a unificação das prin-
cipais propostas no domı́nio do tempo e da freqüência, para formulação de uma teoria de
potências unificada e geral.
Pw
iw = ( ) v = Ge v, (2.77)
V2
a qual corresponde à parcela que efetivamente transfere potência para a carga e possui a mesma
forma de onda da tensão (como já definido, Pw é a potência ativa média e V é o valor rms da
tensão). E
ib = i − i w , (2.78)
a qual representa uma corrente de ocupação adicional do sistema elétrico.
É importante destacar que desde que seja assumida uma dada periodicidade para os sinais
de tensão e corrente, as expressões anteriores são válidas para qualquer forma de onda.
Uma vez que estas duas componentes de corrente são ortogonais, o produto escalar entre
elas é igual a zero e seus valores rms podem ser associados como:
Z T
1
Pw = V .Iw = v.i dt , (2.81)
T 0
Pb = V .Ib , (2.82)
que é a Potência Reativa de Fryze e também pode ser encontrada na literatura com o nome de
Potência Fictı́cia ou Não-Ativa
A) Vantagens
• Uma grande contribuição da teoria de Fryze foi a introdução do conceito de ortogonalidade
não entre as parcelas de potência, mas sim em sua origem, ou seja, às componentes da
corrente ativa e residual;
B) Desvantagens
• Pelo fato de agrupar todos os “distúrbios” de corrente na parcela ib ou conseqüentemente
na potência Pb , tal teoria não permite o aprofundamento dos estudos sobre cada tipo
de fenômeno fı́sico envolvido na transferência de energia, bem como não permite a mo-
nitoração para fins de tarifação ou compensação “seletiva” de determinadas parcelas de
corrente e potência;
• Não separa nem mesmo as contribuições das fundamentais do sistema, das demais com-
ponentes. Portanto, não permite o projeto em separado de compensadores de energia
passivos, usualmente econômicos e ainda de utilidade para muitas instalações;
C) Discussão
É importante ressaltar que algumas das definições de Fryze, como por exemplo a definição
de corrente e potência ativa, vem sendo utilizadas e aprimoradas por vários outros autores, dos
quais pode-se destacar [55, 58, 59, 69, 70, 71, 72].
O resultado destes novos trabalhos foi a expansão da teoria de Fryze para sistemas multi-
dimensionais [55, 73], bem como propostas para o cálculo instantâneo da parcela de corrente
ativa (iw ) [35, 52, 70], o que possibilitou o desenvolvimento de filtros ativos de potência, para
maximização do fator de potência de uma instalação.
Como será discutido adiante, neste trabalho defende-se a idéia de que a linha de traba-
lho baseada no aprimoramento da proposta de Fryze, bem como a possibilidade de separar as
tensões e correntes em suas várias possı́veis sub-parcelas, parece a forma mais adequada de se
encontrar uma teoria de potências aplicável seja para os estudos, como também para tarifação
e compensação, de sistemas elétricos sob condições não-ideais.
A teoria original proposta pelos autores ficou conhecida como Teoria pq e tem como base
a transformação algébrica de coordenadas de um sistema trifásico para um sistema bifásico
(a, b, c⇒α, β), também conhecida como Transformação de Clarke [77]. A princı́pio, essa teoria
foi desenvolvida para sistemas trifásicos a três fios, mas já trazia desde sua primeira publicação
uma menção a sistemas com quatro fios (neutro). Através de contribuições de vários autores
ao longo das quase duas décadas de utilização da teoria [43, 44, 47, 78, 79], as publicações mais
recentes de Akagi trazem uma teoria estendida, onde a presença de 4 fios no sistema trifásico
foi incorporada ao método de cálculo de suas variáveis, além de outras considerações [45].
A Teoria pq define duas potências “reais” instantâneas (pαβ e p0 ) e uma potência “ima-
ginária” instantânea (qαβ ) para o sistema trifásico a quatro fios:
p0 v0 0 0 i0
pαβ = 0 vα vβ · iα . (2.85)
qαβ 0 vβ −vα iβ
Observando-se (2.85), pode-se concluir que a potência instantânea real seria formada pela
componente de seqüência zero (p0 = v0 .i0 ), que circula por um “circuito monofásico de seqüência
zero”, o qual é independente, e pela componente pαβ definida pelo produto das tensões ins-
tantâneas em uma fase pelas correntes instantâneas correspondentes às mesmas fases (produto
escalar), ou seja:
pαβ = vα iα + vβ iβ (2.86)
e desta forma, representaria a potência real ativa instantânea que circularia pelo sistema bifásico
formado pelos circuitos α e β. A Figura 2.2 ilustra como seria a divisão dos circuitos nas coor-
denadas α, β, 0 [45].
A potência formada pela soma dos produtos de tensões de uma fase, pelas correntes em
outra fase (produto vetorial) é definida como uma nova grandeza elétrica, a potência imaginária
instantânea (qαβ ):
qαβ = vβ iα − vα iβ . (2.87)
Assim como proposto em [79], a potência imaginária como definida acima tem sinal contrário
do proposto originalmente por Akagi et. al.. O termo potência imaginária poderia ser associado
a vários aspectos:
Figura 2.2: Circuitos que contribuem para o fluxo de potência instantânea - Teoria pq.
• o fato de que pela álgebra vetorial adotada e sendo a potência imaginária ortogonal à
potência real, a qual é definida sobre eixo real das coordenadas, a potência imaginária
resulta no eixo imaginário das coordenadas;
• também pelo fato que, ao contrário das potências instantâneas reais, esta componente
não participa da transferência de potências entre fontes geradoras e as cargas, conforme
indicado na Figura 2.3;
• por fim, pelo fato de ser apenas uma definição matemática, a qual é utilizada para quan-
tificar as parcelas de potência instantâneas que correspondem a interações de energia,
entre as fases do sistema, sejam elas constante ou não.
Em relação às unidades a serem usadas pelas componentes de potência explicitadas, a su-
gestão proposta em [45] era que as potências instantâneas reais (p0 e pαβ ) teriam dimensões
de Watt [W] e a potência imaginária teria dimensão de Watt Imaginário [WI]. Recentemente,
é consenso entre os autores que adotam tal teoria, usar a unidade Volt-Ampère Imaginário [vai].
A equação a seguir traz uma analogia ao cálculo convencional de potência instantânea para
um sistema trifásico a quatro fios, com a teoria apresentada:
Figura 2.3: Fluxo instantâneo de potência real e imaginária no sistema - Teoria pq.
Com isso observa-se que a potência instantânea trifásica é dada pela soma das potências
instantâneas reais de Akagi, ressaltando que a presença da componente de seqüência zero (p 0 )
é indesejada no sistema elétrico.
A) Principal Contribuição
Embora Depenbrock tenha recentemente chamado a atenção da comunidade cientı́fica para
o fato de que já em 1962, seu trabalho de doutorado teria tratado de assunto similar [80, 81], a
principal contribuição da Teoria pq e seus autores relaciona-se com o desenvolvimento de uma
técnica de compensação ativa de distúrbios sem a necessidade de armazenadores de energia.
Observando a existência desta parcela de potência que é trocada a todo instante entre as
fases do sistema e que, se calculada a contribuição desta potência em cada fase, sua soma ins-
tantânea resulta nula, foi possı́vel então o desenvolvimento de um conjunto de equações que
permite encontrar correntes de referência para o controle dos filtros ativos, os quais utilizavam
a energia de uma dada fase para compensar os distúrbios das outras e assim sucessivamente,
sem a necessidade de elementos passivos (indutores ou capacitores) para armazenarem energia.
Usando as expressões das correntes iα e iβ decompostas para retornar ao cálculo das com-
ponentes de potência, tem-se que:
pαβ = vα .iαp + vα .iαq + vβ .iβp + vβ .iβq = pαp + pαq + pβp + pβq . (2.97)
A soma das potências instantâneas pαp , pβp e p0 coincide com a potência trifásica de um
sistema a quatro fios (p3φ ), ou seja :
Por outro lado, a soma das potências instantâneas pαq e pβq resulta nula a todo instante
como segue:
O fato das potências reativas instantâneas se anularem quando somadas entre si, levou os
autores a concluı́rem que se um compensador eletrônico (ativo) criasse a interação entre as
fases, estaria eliminando2 estas parcelas de potência que são indesejadas ao sistema elétrico,
uma vez que só contribuem para o acréscimo de perdas. Considerando as correntes reativas ins-
tantâneas como as referências para os compensadores, automaticamente a potência imaginária
seria eliminada, reduzindo as perdas do sistema e elevando o fator de potência. Destaca-se que
pela transformação inversa de (2.84), pode-se calcular o valor instantâneo das correntes reativas
nas coordenadas originais a, b, c.
Seguindo a abordagem proposta [75], as potências pαβ e qαβ poderiam ser decompostas ainda
como:
B) Desvantagens
Até este ponto a Teoria pq parece bastante eficiente para o projeto de compensadores
eletrônicos, no entanto, existem limitações e desvantagens desta proposta quando formalizada
como uma “teoria de potência”, a qual deveria ser geral o suficiente para ser aplicada nas mais
diversas áreas da engenharia elétrica. Alguns pontos podem ser destacados:
fı́sicos, com suas respectivas contribuições nas grandezas elétricas de tensão, corrente e
potência em seu sistema de coordenadas original (a, b, c). Além disto, já foi demonstrado
por vários autores que abordagens similares podem ser obtidas sem a necessidade de tais
transformações [44, 47, 70, 71, 73, 82];
• uma vez que a Teoria pq é baseada em sistemas trifásicos, sua aplicação em sistemas
com maior número de fases requer alterar e ampliar a dimensão das matrizes utilizadas.
Entretanto, deve-se destacar que não é possı́vel sua aplicação em sistemas monofásicos;
• no caso das tensões de alimentação não seguirem a condição anterior, é necessária a escolha
de uma técnica de controle para o dispositivo de compensação que possibilite atingir os
objetivos desejados, sejam eles: eliminar a potência imaginária, eliminar a contribuição de
harmônicos, manter a potência ativa constante no ponto de acoplamento comum (PAC),
manter as correntes do PAC senoidais e equilibrada, eliminar a corrente de seqüência zero,
dentre outras [83]. Ressaltando que a escolha de um dos objetivos de controle acima para
a filtragem ativa, não significa que os outros estarão sendo satisfeitos, ou seja, o controle
do dispositivo pode estar garantindo um objetivo e prejudicando outro [13, 14];
• mesmo que se faça uma escolha correta no momento de projetar o controle de um com-
pensador, fica quase impossı́vel ter visão e controle “seletivo” dos distúrbios envolvidos,
já que foram agrupados nas parcelas αβ;
• não prevê a separação das contribuições dos sinais fundamentais daqueles com distorções
harmônicas.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que, embora uma das vantagens atribuı́das a este
método seja o fato de que as transformações propostas separam as componentes de seqüência
zero (assimetrias) das demais, trabalhos mais recentes demonstram que tal separação é válida
apenas sob condições especı́ficas e deveria ser reconsiderada [44, 66, 81, 84].
C) Discussão
O trabalho desenvolvido por Akagi et al. é sem dúvida muito interessante e foi uma das
maiores contribuições dos últimos anos, no campo de compensação de distúrbios, mas não
pode ser tratada como uma teoria de potências simples e geral a ponto de ser incorporada por
exemplo aos conceitos básicos no ensino de engenharia elétrica ou mesmo para aplicações como
monitoração ou tarifação de energia. O espaço dado ao seu estudo neste trabalho, baseia-se no
fato de que sua ampla divulgação e utilização em sistemas de condicionamento de energia, pode
criar a imagem de que sua generalização para outras áreas da engenharia elétrica se dariam de
forma simples e direta, o que não é verdade.
D1 o fato de que correntes não-ativas não contribuem para a transferência de energia de um sis-
tema, sendo relacionadas apenas com perdas e problemas de interferência eletromagnética;
D3 o fato de que normas e recomendações deveriam trazer regras claras sobre como determi-
nar tais funções temporais, sendo que tais regras deveriam ser aplicáveis para sistemas
genéricos, sem restrições e da forma mais simples possı́vel;
D5 “potências” não-ativas são grandezas de importância secundária, uma vez que são derivadas
das “correntes” não-ativas e não o contrário;
D6 a única componente de corrente que possui uma definição livre de contradições, é a corrente
ativa, no entanto, a decomposição da corrente não-ativa em sub-componentes pode ser de
extrema importância em determinadas aplicações. Assim, as normas deveriam definir os
métodos e algoritmos necessários para tais decomposições, permitindo que o número de
parcelas a serem calculadas varie de acordo com a aplicação final.
onde “m” indica o número de condutores (fios) conectados a um determinado terminal (nó)
elétrico, independentemente se são condutores de fase ou retorno de um circuito. O sı́mbolo
“0” significa que as tensões do circuito devem ser medidas entre cada condutor e um “ponto
de referência virtual ” e não em relação a outro condutor do circuito (retorno ou neutro),
como realizado com freqüência. A discussão sobre a definição do referencial de medida para
as tensões, é um assunto que recentemente tem atraı́do a atenção de alguns especialistas no
assunto [38, 40, 85] e será detalhado no próximo capı́tulo.
Com isto, a potência instantânea ou potência coletiva instantânea seria dada por:
pΣ = v 0 · i . (2.104)
Uma vez definidos os valores coletivos instantâneos, os valores “rms coletivos” quadráticos
podem ser calculados como:
Z T
1
IΣ2 = i2Σ = i2Σ (t)dt = (i · i ) (2.105)
T 0
Z T
2 2 1 2
VΣ0 = vΣ0 = vΣ0 (t)dt = (v 0 · v 0 ) , (2.106)
T 0
onde o sı́mbolo (x) significa que o valor médio de “x” está sendo calculado.
Como definido por Buchholz e recentemente sugerido pelo IEEE [34, 68], as definições
anteriores podem ser usadas na definição de uma “Potência Aparente Equivalente ou Coletiva”,
a qual segundo vários autores, é a mais rigorosa apresentada até então, pois considera todos
os fenômenos envolvidos com as correntes e tensões do sistema elétrico, sejam elas perdas,
transferência de energia, oscilações, etc.
A “Potência Ativa (Coletiva)” também pode ser definida através das expressões anteriores
como:
Z T
1
PΣ = pΣ (t)dt = (v 0 · i ), (2.108)
T 0
a qual tem o mesmo significado e resulta idêntica à potência ativa convencional (P). Assim, o
fator de potência poderia ser definido por:
PΣ
FP = . (2.109)
SΣ
As “m” correntes iνp são matematicamente proporcionais às respectivas tensões e podem
ser calculadas instantaneamente sem nenhum tipo de atraso, para quaisquer formas de onda
da tensão, periódicas ou não. O autor denominou tais correntes de “power currents”, ou seja
correntes de potência, as quais são responsáveis pela circulação da potência instantânea.
A grande utilidade da definição de iνz é o fato de que tais parcelas de corrente poderiam ser
compensadas sem a necessidade de armazenadores de energia [80].
Entretanto, uma vez que iνp não coincide com a corrente ativa de Fryze para tensões
periódicas, a qual segundo o próprio Depenbrock, é a definição mais aceita para corrente ativa,
torna-se então necessária a identificação de algumas outras parcelas de corrente para melhor
caracterizar os circuitos analisados. A primeira delas é a corrente ativa instantânea:
PΣ
iνa = Ga · vν0 Ga = 2
, (2.113)
VΣ0
onde Ga é a condutância equivalente média do circuito e iνa coincide com a definição de Fryze.
É importante ressaltar, que iνa só poderá ser calculada de forma “instantânea”, em condições
periódicas e regime permanente (condição muito especı́fica), onde a razão Ga é um número
constante, mesmo em condições desequilibradas e não senoidais. Do contrário, o cálculo desta
parcela fica limitado ao perı́odo de integração escolhido no cálculo de PΣ e VΣ0 .
DΣ2 = VΣ0
1
.IΣd . (2.115)
Uma vez que (v 10 ) e (i d ) são ortogonais entre si (v 10 · i d = 0), o cálculo instantâneo da
potência de distorção D resultaria nulo, o que significa que não há transferência de energia
desta forma, entretanto, havendo circulação da corrente (i d ), existem perdas nos circuitos e no
sistema elétrico em geral, as quais só podem ser caracterizadas através da utilização dos valores
coletivos rms como na expressão 2.115. Notar a semelhança com a expressão 2.69.
E) Vantagens
A proposta de Depenbrock também não tem sido utilizada por muitos outros autores, mas
é bastante interessante e apresenta algumas caracterı́sticas a serem destacadas:
• permite o cálculo instantâneo da corrente iνz , a qual representa a parte da corrente não-
ativa que poderia ser compensada sem armazenadores de energia;
• sugere o cálculo no domı́nio do tempo de diversas parcelas de tensão e corrente, como por
exemplo, componentes fundamentais e harmônicas, ativas e não-ativas, etc;
• sugere o cálculo de parcelas da potência aparente relacionadas com os sinais de tensão e
corrente decompostos;
• permite o projeto de compensadores passivos ou ativos, com ou sem armazenadores de
energia;
• por utilizar as definições de Buchholz, possui uma metodologia rigorosa no tratamento de
sistemas polifásicos com ou sem assimetrias.
F) Discussão
As definições de iνp e iνz propostas por Depenbrock, possuem algumas semelhanças com as
correntes ativa e reativa de Akagi et al., apesar de realizadas de forma completamente distinta.
Propostas similares a esta de Depenbrock, foram apresentadas quase que simultaneamente no
contexto internacional por Tenti et al. [70] e Willems [44], onde estes autores exploraram a uti-
lização do “Multiplicador de Lagrange” para o cálculo das corrente iνp . Uma análise detalhada
de tal método também pode ser encontrada em [71, 88].
Uma das contribuições mais importantes de Depenbrock tem sido o trabalho de divulgação
da potência aparente de Buchholz, bem como sobre a necessidade de definir um “ponto de
referência virtual” para as medidas das grandezas elétricas. Depenbrock também tem tentado
demonstrar que a definição de uma teoria e a sua implementação em sistemas de medição e con-
trole no domı́nio do tempo, nada tem a ver com as chamadas Teorias de Potência Instantâneas
[81, 89], apresentadas por exemplo, em [45, 49, 78, 90].
2. A soma das tensões deve ser zero em qualquer instante, o que pode ser obtido com a escolha
adequada do ponto de referência para a medição (como proposto por Depenbrock).
O conceito de norma instantânea foi introduzido e é bastante utilizado nas definições das
variáveis:
v
u N
uX √
kw k = t wn2 = w · w (2.116)
0
onde wn é a enésima fase de tensão ou corrente. Esta definição de norma instantânea é distinta
da definição de valor rms equivalente de Czarnecki (2.25), uma vez que é calculada instantane-
amente.
que representa o valor rms das variáveis wn . Para sistemas polifásicos, senoidais e simétricos,
o valor da norma instantânea é constante, ou seja, kw k = kW k.
A corrente ativa instantânea ip é definida como a mı́nima corrente necessária para propor-
cionar a potência média requerida pela carga, e pelo princı́pio de balanço de potência, pode-se
afirmar que:
v · ip = v · i = p (2.118)
onde p é a potência instantânea da carga.
ki k2 = ki p k2 + ki q k2 (2.121)
As definições das diferentes componentes de potência instantânea foram:
p = kvk.kip k (2.122)
que é a potência ativa instantânea e
q = kv k.kiq k (2.123)
que é a potência reativa instantânea.
s = kv k.kik ⇒ s2 = p2 + q 2 . (2.124)
Os autores definem ainda uma parcela de corrente útil ia , como a parcela de corrente ativa
simétrica que seria consumida por uma carga resistiva equilibrada, de mesma potência média
que uma carga distorciva qualquer, desde que periódica.
v P
ia = = v. , (2.125)
R kV k2
onde:
kV k2
R= , (2.126)
P
sendo P a potência ativa média e V o valor rms da tensão.
pa = kv k.ki a k , (2.127)
e a diferença entre a potência ativa instantânea (p) e seu valor médio (pa = P ) resulta:
pf = p − p a , (2.128)
onde pf representa a flutuação de potência que não afeta a transferência efetiva de energia para
as cargas, mas eleva o valor rms das correntes e as perdas do sistema, reduzindo assim o Fator
de Potência.
A corrente if poderia ser usada para compensação com filtragem ativa, e é dada por:
p P
if = ip − ia = ( 2
− ), (2.129)
kv k kV k2
no entanto, destaca-se que por ter natureza proporcional ao vetor de tensões, estas correntes
não podem ser compensadas sem a utilização de elementos armazenadores de energia. Notar a
semelhança entre if e iνv em 2.114.
A) Discussão
Resumindo, esta teoria pode ser bastante útil e correta, desde que as considerações iniciais
sejam cumpridas. A compensação das correntes iq e if garantem a minimização das perdas
neste tipo de sistema elétrico.
As maiores vantagens deste método são a expansão para sistemas polifásicos e a utilização
de valores instantâneos de normas de vetores para definir as componentes de potência ativa,
reativa e aparente. Assim, Tenti et al. generalizaram as definições de Fryze e associaram suas
definições à teoria proposta por Akagi et al., mas sem a necessidade das transformações de
coordenadas desta última.
A principal desvantagem é que para os sistemas atuais de alimentação, onde muitas vezes as
próprias fontes de tensão não são puramente senoidais e simétricas, este método não pode ser
aplicado sem que novas considerações e adequações sejam feitas. Além disto, pelo fato de fo-
carem principalmente as aplicações e de filtragem ativa e condicionamento de energia, também
não possibilita identificar os distúrbios de freqüência fundamental, de distorções harmônicas ou
inter-harmônicas, o que do ponto de vista de monitoração da qualidade de energia ou tarifação
pode ser necessário.
Por fim, na abordagem proposta também não foram contempladas as aplicações em siste-
mas monofásicos, as quais, como será demonstrado no próximo capı́tulo, representam um caso
particular deste método.
Partindo de uma análise vetorial das grandezas elétricas e considerando que a potência
instantânea polifásica transmitida para o sistema é expressa pelo produto escalar dos vetores
instantâneos de tensão e corrente:
va ia
v = vb i = ib . (2.130)
vc ic
Assim,
p3φ = v · i , (2.131)
onde p3φ é uma referência à potência instantânea em um sistema trifásico. Define-se i p como
sendo a projeção do vetor i sobre o vetor v . Pelas propriedades da álgebra vetorial, o vetor i p
é proporcional a v , de forma que:
v · i = v · ip . (2.132)
Com isso, chega-se a uma expressão muito semelhante à definida, independentemente, por
Tenti et al., a qual utilizava os conceitos de Multiplicador de Lagrange e norma instantânea:
v ·i p3φ
ip = 2
.v = .v , (2.133)
kv k kvk2
destacando que não existem restrições quanto aos vetores v e i . Esta equação também pode
ser associada à definição de Fryze, no entanto aqui também são usados somente valores ins-
tantâneos.
iq = i − ip (2.134)
é ortogonal à v , satisfazendo as seguintes propriedades:
v · i q = 0; (2.135)
ki k2 = ki p k2 + ki q k2 . (2.136)
Willems decompõe as correntes instantâneas em dois vetores ortogonais entre si, um pro-
porcional à tensão e outro ortogonal. O vetor i p é definido como corrente ativa instantânea e
corresponderia ao fluxo de energia entre fontes e cargas, enquanto o vetor i q é definido como
corrente não-ativa instantânea e não contribui para a transferência de potência:
i = i p + i q. (2.137)
Estas duas parcelas de corrente contém a mesma informação das correntes ativa e reativa
definidas por Akagi at al., mas neste caso sem a necessidade do cálculo das potências reais e
imaginárias e das transformações de eixos.
Em analogia com a Teoria pq, a potência real instantânea é definida diretamente por p 3φ e
a potência imaginária instantânea é definida como o vetor resultante do produto vetorial:
q =v ×i (2.138)
e sua magnitude pode ser calculada com a norma instantânea:
kq k = kv × i k = kv k.ki q k. (2.139)
Com isto pode-se definir a potência aparente instantânea (s) como sendo:
s = kv k.ki k, (2.140)
onde
s2 = p23φ + kq k2 . (2.141)
Assim como na Teoria pq, a potência imaginária representa uma parcela de potência, por-
tanto de corrente (i q ), que circula entre as fases do sistema sem participar da transferência de
energia para as cargas. Sendo que do ponto de vista de compensação, a estratégia de compensar
i q , sem elementos armazenadores de energia, para redução nas perdas do sistema também é
válida.
A) Vantagens
Dentre as vantagens atribuı́das pelo autor a esta proposta, destacam-se:
• não se restringe ao sistema trifásico, e assim poderia ser aplicada a qualquer sistema
polifásico, inclusive ao monofásico (não demonstrado nas referências);
• não faz restrições quanto aos sinais de tensão e corrente envolvidos, nem mesmo sobre
sua periodicidade;
• é desenvolvida diretamente através das variáveis instantâneas originais, sem necessidade
da transformação de eixos;
• é baseada num equacionamento simples e bem definido, através de conceitos clássicos da
álgebra vetorial.
Vale ressaltar que uma das discussões de Willems em relação às definições de Akagi et
al. refere-se à possibilidade de correntes de seqüência zero i0 influenciarem no valor de q .
De acordo com Akagi e seus co-autores, seqüência zero só contribui para o valor da potência
real instantânea. Entretanto, Willems cita o exemplo de um sistema com tensões equilibradas
(v0 = 0), mas com correntes desequilibradas (i0 6= 0) e afirma que neste caso a corrente de
seqüência zero contribui para o valor de iq , mesmo para cargas resistivas. Este assunto vem
sendo estudado em outros trabalhos e o maior problema parece ser o nome associado às correntes
iq , as quais não podem ser confundidas com a nomenclatura convencional para corrente reativa.
Mais adiante este assunto será retomado.
B) Discussão
É importante observar que não havendo restrições na definição de corrente ativa (2.133), no
caso de um sistema com tensões assimétricas, a corrente ativa instantânea i p , projetada sobre
a tensão, guarda uma dada proporcionalidade, mas deixa de ter a mesma forma de onda. Tal
propriedade foi abordada em [71, 88] e será retomada no próximo capı́tulo.
Esta última afirmação significa que a compensação de i q reduz as perdas do sistema, mas
não garante um fluxo de potência constante, nem maximiza o fator de potência. Para isto,
Inspirado em trabalhos como [35, 58], o próprio Willems fez algumas modificações em seu
equacionamento inicial [74, 91, 92] para tentar expandir as propostas de seu trabalho inicial e
associá-las a componentes fundamentais, harmônicas e de seqüência positiva, negativa e zero
(abordagem semelhante à que será discutida para a proposta de teoria unificada). Também
vale ressaltar os trabalhos recentes do autor a respeito das definições de potência aparente e da
influência do referencial adotado para as medidas de tensões [41, 85].
As potências “ativa” e “reativa” instantâneas são definidas como em 2.131, 2.138, onde o
enfoque principal foi dado à álgebra vetorial empregada e às operações de produto escalar e
vetorial. Assim, as correntes correspondentes são dadas por:
iap
p.v
i p = ibp = (2.142)
v ·v
icp
e
iaq
q×v
i q = ibq = , (2.143)
v ·v
icq
as quais possuem as seguintes propriedades:
• e ainda:
i 2 = i 2p + i 2q , (2.144)
s2 = p2 + kq k2 , (2.145)
p2 + kq k2
kik2 = . (2.146)
kvk2
Os autores também definiram o “fator de potência instantâneo” (f p):
p
fp = , (2.147)
s
Sabendo que p3φ é a potência trifásica instantânea e que as correntes se dividem em ativa e
não-ativa, portanto a potência instantânea também se divide em:
p = p + pe q = q + qe, (2.150)
onde o sinal barrado representa as componentes médias (CC), que se originam da componente
fundamental simétrica (seqüência positiva). E o sinal oscilatório representa os componentes CA,
originados de componentes harmônicas e componentes fundamentais assimétricos (seqüência
negativa), ou seja:
Aqui também vale destacar que o termo instantâneo deveria ser evitado, na associação com
as correntes provenientes das parcelas médias ou oscilatórias da potência.
A) Vantagens
A proposta de Peng et al. é bastante abrangente e expressa uma poderosa ferramenta para
fins de compensação de distúrbios instantâneos. Uma das vantagens deste método é o fato de
não necessitar da transformação de coordenadas proposta por Akagi et al., pois utiliza definições
de produtos escalares e vetoriais, de forma rigorosa, para formular a base matemática da teoria
apresentada.
B) Desvantagens
Um dos problemas na definição de Peng et al. é que o produto cruzado dos sinais fun-
damentais, equilibrados ou não, com qualquer componente harmônica também contribui para
o valor oscilatório das potências. Por outro lado, produto de tensões e correntes de mesma
freqüência podem gerar potência média. Separar estas contribuições é uma tarefa factı́vel, mas
sem dúvida, muito mais complexa do que a forma apresentada por Peng et al. [52, 71, 93].
A maior desvantagem deste método como teoria de potências é que a tentativa de associação
com os fenômenos fı́sicos, não se dá diretamente pelas grandezas elétricas relacionadas aos cir-
cuitos (tensão e corrente), mas sim pelas componentes de potência ativas e reativas, constantes
ou oscilatórias.
Considerando tais inconvenientes, os trabalhos mais recentes de Peng et al. [72, 94] tem
buscado adequar suas propostas iniciais às discussões apresentadas em [34, 58, 59, 71].
2.3 Conclusões
Não obstante os vários trabalhos e autores que defendem a necessidade de escolher um
domı́nio ou outro (tempo e freqüência) para formular uma teoria de potências geral e eficiente
para representar o sistema elétrico em qualquer situação, existe uma reciprocidade muito grande
em trabalhos nos dois domı́nios de análise [34, 58, 59, 70]. A presença de sinais fundamentais,
harmônicos e inter-harmônicos, assimetrias, correntes ativa e não-ativas, pode ser considerada
em ambos os domı́nios, mesmo que de forma mais complexa para o domı́nio da freqüência.
Neste caso, os sinais precisam ser decompostos por séries e transformadas matemáticas, mas
muitas vezes fazendo com que a compreensão de fenômenos se torne mais direta [57, 95].
Embora sabendo que uma teoria devesse ser genérica em termos de suas possı́veis aplicações,
já está claro que grande parte das confusões a respeito das teorias de potência está relacionada
com o objetivo para qual seus autores as desenvolveram e as disponibilidades tecnológicas para
sua implementação. Ou seja, enquanto as definições voltadas à tarifação e instrumentação de
energia nem sempre podem ser aplicadas a objetivos como projeto de compensadores ou mesmo
identificação de algumas parcelas de corrente de distúrbio; aquelas voltadas para compensação
de energia, destacando as ditas teorias de potências instantâneas e suas extensões, não são
interessantes para aplicações em medição, tarifação e monitoração da qualidade de energia.
Outra provável fonte de equı́vocos a respeito das teorias de potência é a questão da nomen-
clatura. Como pode-se observar na revisão das teorias mencionadas, variáveis com significados
fı́sicos ou matemáticos distintos possuem denominações similares de acordo com as diferen-
tes propostas. Basta observar as definições das correntes ativa (real, ativa instantânea, ativa
média) e reativa (fictı́cia, não-ativa, imaginária, reativa instantânea, etc.) para se ter um idéia
das variações no significado e definição matemática. A nomenclatura utilizada na próxima
seção é uma tentativa de uniformização e difere daquelas empregadas em [34, 36, 42, 59, 71].
Discussões recentes também apontam para a definição do referencial de medida das tensões
do sistema (virtual, neutro, terra, etc), como um ponto bastante interessante e importante a ser
estudado. Tal escolha traz implicações diretas nas definições de potência aparente, na avaliação
das perdas no condutor de retorno (quando existente) e na compensação de sistemas trifásicos
com quatro fios.
Portanto, sabendo que quanto mais simples e rigoroso for o embasamento teórico de uma
teoria de potência, maiores são as probabilidades de sua aceitação e aplicação e, considerando-
se que esta deve estar apta a ser utilizada nas situações e aplicações mais genéricas, o próximo
capı́tulo sugere uma abordagem unificada das principais propostas discutidas. Em tal capı́tulo,
também será apresentada uma metodologia de decomposição seletiva dos sinais de tensão e
corrente, a qual pode ser aplicada tanto no domı́nio do tempo, quanto da freqüência.
59
3 Metodologia Seletiva e Contribuições à Unificação das Teorias de Potência
Restringindo-nos ao sistema trifásico (abc), algumas das principais questões parecem ser:
1 O ponto de referência deve ser modificado de acordo com o tipo de conexão do sistema a
ser mensurado (conexão ∆, conexão Y flutuante ou conexão Y com condutor de retorno
“r”)?
3 Qual o significado fı́sico das tensões medidas em relação a um ponto de referência externo
(virtual)?
Tal ponto de referência (0) é o ponto comum formado pela associação de “m” resistores
idênticos, conectados entre cada condutor do circuito que se deseja mensurar e o ponto “0”.
As tensões vν são as tensões sobre cada um destes resistores (vide Figura 3.1) e embora
Depenbrock tenha sugerido a utilização do sub-ı́ndice “0” para tais variáveis (v a0 . . . vm0 ), neste
texto tais tensões serão simplesmente va . . . vm , como definido de (3.1)-(3.3).
va* Z ia a
vb * Z ib b
vc* Z ic c Carga
terra o u
real S is t e m a
Z ir r
+ + + +
va0 vb0 vc0 vr0
• Através das Leis de Kirchhoff, pode-se concluir que tais grandezas formam um conjunto
de “m” tensões cuja soma resulta nula a todo instante (2.103);
• Através deste método de medição, as componentes homopolares serão atenuadas, em
1
função do divisor resistivo formado pelo circuito, para m=4 de seu valor original [81, 97],
ou seja, as tensões vν não representam todo o conteúdo homopolar nas fases1 ;
• Formam um conjunto fechado de tensões que representam a diferença de potencial entre
os terminais de uma carga polifásica (tensão sobre os bipólos da carga).
questão, bem como as perdas nos condutores de fase e de retorno. Entretanto, vale destacar
que este último caso deve ser interpretado como um caso particular (existência de condutor de
retorno).
• Nos sistemas com condutor de retorno, os cálculos de potência continuarão válidos, inde-
pendentemente se o condutor “r” é de retorno ou não. Isto porque é necessária a medição
das “m” tensões e correntes do sistema que inclui o condutor de retorno. Assim, conside-
rando por exemplo a existência de tensões homopolares, qualquer que seja a carga, estas
provocarão a circulação de uma corrente no condutor de retorno e tanto a potência, como
as perdas neste condutor serão calculadas corretamente;
• Com condutor de retorno, as tensões em relação ao ponto virtual não representam perfei-
tamente as tensões sobre os bipolos da carga. Por exemplo, considerando a presença de
componentes homopolares na tensão, a presença do condutor de retorno faz com que tais
componentes sejam aplicadas aos terminais das cargas, o que não é representado pelas
medidas de va0 . . . vm0 , pois excluem tais componentes.
A) Discussão
Esta última observação é bastante importante e não vem sendo abordada nas discussões
sobre o assunto. Como já mencionado, se o objetivo é o cálculo das potências médias ou ins-
tantâneas, a abordagem continua válida e nenhuma modificação é necessária ao método, desde
que as “m” tensões e correntes do sistema sejam medidas em relação ao ponto comum virtual.
Entretanto, considerando que um mesmo instrumento possa ser empregado tanto para
medição de energia (potência), como para monitoramento de QEE, surge uma inconsistência: se
tal instrumento com referência no ponto virtual fosse usado para medir por exemplo a DHT das
tensões por condutor ou o espectro destas, todo o conteúdo harmônico relativo a componentes
homopolares não seria identificado nas tensões das m − 1 fases. Além disto, vale ressaltar que
3
Entende-se por condutor de retorno aquele conectado a um ponto comum dos bipolos da carga (sem uma
fonte direta de tensão associada ao mesmo) e ao terra real do sistema.
4
Os sistemas sem condutor de retorno filtram as componentes homopolares.
nos paı́ses onde a conexão com condutor de retorno é mais comum, incluindo o Brasil, a grande
maioria dos instrumentos e métodos de medição para tarifação de energia, são baseados em
técnicas convencionais com no máximo “m-1” medidas de tensão e corrente, as quais utilizam
um dos m condutores como referência para as tensões.
Apesar de utilizada com uma certa freqüência, a solução para tal problema não é óbvia e,
consiste em conectar o ponto de referência “0” ao condutor de retorno (ponto “r”). Neste caso,
a tensão vm ou vr será nula e as tensões va . . . vm−1 representarão exatamente a diferença de
potencial entre os terminais dos bipolos de carga, com ou sem componentes homopolares.
Nesta configuração, ao mesmo tempo que permitiria a análise do espectro harmônico das
tensões nos terminais das cargas, incluindo as componentes homopolares, a medida da potência
transferida da fonte para a carga ainda estaria sendo calculada de forma coerente. Isto porque,
as componentes homopolares das tensões ou correntes, estariam sendo computadas nas medidas
dos m − 1 condutores.
Neste caso, no que diz respeito à quantificação das componentes homopolares de tensão
(fundamentais ou harmônicas), vislumbra-se a viabilidade de um indicador de qualidade baseado
na tensão do condutor de retorno vr , como sendo um indicador de componentes homopolares.
A mesma abordagem poderia ser adotada na quantificação da potência homopolar transferida
na presença do condutor de retorno.
p(t) = p = v · i = va ia + vb ib + · · · + vm im . (3.4)
Através de uma decomposição em componentes ortogonais, a qual é baseada no cálculo do
Multiplicador de Lagrange [98, 99], já foi demonstrado e discutido em outros trabalhos
[44, 47, 70, 73, 71], que é possı́vel identificar a mı́nima parcela de corrente instantânea capaz de
fornecer a mesma potência instantânea p, para uma dada tensão (este método será detalhado
na próxima seção - decomposição 3). Tal parcela mı́nima de corrente em cada condutor (ν)
será dada por:
p v ·i
iνr = ge · vν ge = 2
= , (3.5)
vΣ v ·v
v a ia + v b ib + · · · + v m im
∴ iνr = .vν , (3.6)
va2 + vb2 + · · · + vm2
i z = i − i r, (3.8)
corresponde à parcela de corrente instantânea que não participa da transferência de energia
média5 entre fontes e cargas do sistema, uma vez que é ortogonal ao vetor v . Esta parcela
tem o mesmo “significado” atribuı́do à iαq e iβq da Teoria pq, ou seja, é a parcela de corrente
responsável pela troca de energia ao longo dos vários condutores e elementos armazenadores de
energia entre si. Como discutido, a eliminação (compensação) desta componente instantânea
não requer armazenadores de energia e reduziria o valor das perdas Joule ao longo do sistema.
Em [71] a denominação de “correntes ortogonais” foi sugerida para i z , entretanto, neste texto
5
Neste texto, quando
R se fala em transferência de energia, faz-se referência ao fenômeno fı́sico de conversão
de energia média (E = P.dt) e não ao fenômeno de energização ou magnetização de campos eletromagnéticos.
sugere-se o termo correntes de potência zero definido por Depenbrock (zero power ou power-
less), como ficará evidente a seguir.
p = v · i = v · ir + v · iz (3.9)
ou ainda,
p = p r + pz . (3.10)
Expressões similares a esta podem ser encontradas em uma vasta literatura, que vai dos
sistemas senoidais monofásicos até sistemas não-senoidais polifásicos [34, 42, 44, 71, 100, 101],
o que mostra que já é consenso que a potência instantânea pode ser dividida em duas compo-
nentes básicas, onde: pr tem uma forte relação com a transferência de energia entre a fonte e a
carga e pz representaria a corrente que circula nos circuitos e sistemas elétricos, sem transferir
energia. Sob determinadas condições, pr é associada à potência ativa (P) de um circuito e pz à
potência reativa e são encontradas em muitos textos como pp e pq .
Em sistemas polifásicos, p pode ser oscilatório em torno de um valor médio (P) ou ter apenas
valor médio (P), dependendo dos sinais de tensão e corrente (assimetrias e distorções na tensão,
desequilı́brios e/ou não linearidades nas cargas). No caso de p oscilatório, a parte oscilante é
devido apenas à pr . Isto porque, apesar de existir uma potência oscilante pνz em cada fase
do circuito, sua contribuição para o conjunto polifásico (pz ) resulta nula, como discutido em
[42, 44, 71], o que significa que as correntes iνz somente expressam a troca de energia entre as
fases ao longo do sistema.
Uma observação importante e que deve ser ressaltada é que a presença de componentes
homopolares ou assimetrias tanto nas tensões, quanto nas correntes, também pode contribuir
para o acréscimo de pνz por fase [44, 84], uma vez que são responsáveis por oscilações de energia.
Tais oscilações podem ocorrer inclusive em sistemas com cargas polifásicas puramente resistivas
e representam um efeito caracterı́stico de sistemas elétricos desbalanceados [102].
Z T Z T Z T
1 1 1
P = p dt = pr dt + pz dt . (3.14)
T 0 T 0 T 0
Como já discutido, se a parcela pz relaciona-se apenas com oscilações e trocas de energia do
sistema, a mesma não representa transferência real de energia:
Z T
1
pz dt = 0 , (3.15)
T 0
o que significa que quando se calcula a potência ativa P, não se está avaliando a contribuição
de pz , ou ainda, que os efeitos devido à circulação das correntes i z estariam sendo desprezados,
o que faz necessário definir uma nova variável para incluir as contribuições de pz .
Neste sentido, a definição de Buchholz para Potência Aparente Equivalente (SΣ ) parece ser
realmente interessante [34, 59]. Por ser calculada através dos valores rms coletivos da tensão e
da corrente (3.3), tal definição está apta a quantificar as contribuições de p r e pz em sistemas
multi-dimensionais, com ou sem a presença de fio de retorno. Desta forma,
SΣ = VΣ .IΣ . (3.16)
Esta definição de Potência Aparente deve trazer informações úteis ao projeto dos sistemas
de geração, transmissão e distribuição de energia, uma vez que representa o quanto de potência
(e corrente) total deve circular pelos condutores de um sistema multi-dimensional, fornecendo
energia para uma carga com demanda de potência média igual a P (assim fica respondida a
questão P2).
P
F Pe = , (3.17)
SΣ
o qual representa a razão entre a potência média demandada (P) e a máxima potência (SΣ )
requerida pelo sistema elétrico para o atendimento dessa mesma carga [30, 31, 57].
Destaca-se que até este ponto, a definição das componentes de potência reativa (ou ima-
ginária) e aparente instantâneas não foi necessária. Uma vez compreendida a existência das
parcelas de potência instantânea pr e pz e, como estas influenciam nos valores da potência ativa
P e da potência aparente (SΣ ), isso foi suficiente para definição do fator de potência equivalente
(F Pe ), o qual poderia ser utilizado para tarifação. Da mesma forma, o cálculo das parcelas de
corrente instantâneas ir e iz possibilitam o projeto de compensadores de energia. Notar que
P , SΣ e F Pe são valores médios, definidos no domı́nio do tempo e, portanto, não podem ser
considerados instantaneamente.
No entanto, como ainda não há consenso sobre a necessidade ou utilidade de tais componen-
tes de potência instantânea, o equacionamento a seguir mostra como seria possı́vel calculá-las
a partir das correntes ir e iz .
P
iνa = Ga · vν Ga = , (3.26)
VΣ2
1
RT
T 0
va ia + vb ib + · · · + vm im dt
∴ iνa = 1
RT .vν , (3.27)
v 2 + v 2 + · · · + v 2 dt
T 0 a b m
ou na notação vetorial:
P
ia = iP = .v , (3.28)
VΣ2
onde Ga é a condutância equivalente à uma carga resistiva equilibrada e constante em “T” e,
ia coincide com a definição da corrente ativa de Fryze (iw ), expandida por Depenbrock para o
caso polifásico e é proporcional à tensão. Uma vez que ia depende do valor médio da potência
instantânea e do valor coletivo rms das tensões, sugere-se desvincular esta componente do
termo instantâneo, denominando-a apenas de corrente ativa [31, 58]. Vale lembrar que i a não
precisa ser senoidal, apenas periódica. Como conseqüência, pode conter contribuições tanto da
componente fundamental, quanto de eventuais harmônicos presentes na tensão.
ir = ia + iv (3.29)
i v = ∆g .v (3.32)
e pode ser associada com variações na condutância equivalente instantânea do circuito, em
torno de Ga . Esta terminologia foi proposta por [73, 103] e detalhada em [71], em função dos
tipos de circuito que podem gerar ∆g.
Assim, multiplicando os valores coletivos instantâneos das correntes em 3.29, pelo coletivo
instantâneo da tensão, resulta:
in = i − ia = iz + iv , (3.34)
a qual relaciona-se com toda energia trocada (oscilações) entre fases do sistema ou entre fonte
e carga, sem efetivamente transferência de potência média (P) para as cargas. O termo ins-
tantâneo deve ser novamente evitado, uma vez que para o cálculo de i n é necessário calcular i a ,
o que não pode ser realizado instantaneamente. Se tal parcela de corrente (i n ) for compensada
em uma instalação, o fator de potência equivalente será unitário e as perdas serão minimizadas,
entretanto, destaca-se que tal compensação só pode ser realizada com a utilização de elementos
armazenadores ou fontes auxiliares de energia.
de corrente e o quanto a mesma representa no sistema elétrico, seria interessante definir uma
potência aparente não-ativa como:
q
SΣn = VΣ .IΣn = SΣ2 − P 2 ≡ N , (3.35)
a qual é calculada através de valores rms coletivos e pode ser associada à potência não-ativa
(N) definida em [34].
A) Discussão
Até este ponto, a abordagem apresentada tratou de generalizar, associar e unificar algumas
das principais propostas [34, 36, 59] e já é possı́vel discutir e ressaltar alguns pontos:
• Cada parcela de corrente, uma vez associada com a tensão medida, pode produzir distintas
componentes de potência (instantâneas ou não), mas não o contrário;
• O cálculo e o estudo das potências coletivas instantâneas pΣr , pΣz e sΣ parece ser interes-
sante no que diz respeito à quantificação do efeito de determinadas parcelas de corrente,
entretanto, pode ser desnecessário em grande parte das aplicações;
• O agrupamento das parcelas de corrente não-ativas em uma única parcela pode permitir
o projeto de compensadores ativos de energia, bem como a definição de uma componente
de potência associada com a mesma, a qual representa toda energia circulante em um
sistema elétrico que não será convertida em potência útil ou em outra forma de energia
necessária às cargas (P4);
• O termo “instantâneo” deve ser evitado para não gerar confusões, principalmente porque
são poucas as parcelas de corrente e potência realmente utilizáveis de forma instantânea.
As análises anteriores ainda podem ser estendidas em função da metodologia seletiva que será
apresentada a seguir, para identificar várias outras parcelas de corrente e tensão responsáveis
pela deterioração da qualidade da energia elétrica em um sistema.
Até aqui, as parcelas de tensão e corrente associadas à distorções e assimetrias dos sinais
medidos, bem como suas possı́veis causas e efeitos, ainda não foram identificados e analisados
isoladamente e isto é o que se pretende com o equacionamento proposto a seguir. Tal meto-
dologia poderia ser considerada uma generalização para o domı́nio do tempo, da proposta de
Czarnecki e apesar de discutida por Willems em alguns de seus trabalhos [74, 92], vem sendo
expandida e amplamente utilizada no contexto deste trabalho [13, 14, 16, 104, 88, 105, 71].
Destaca-se que tal proposta também pode ser associada com a recomendação do IEEE [34].
Como será discutido, a identificação de forma seletiva de tais parcelas permite o projeto
de compensadores seletivos de distúrbios [13, 14, 106], bem como a definição de grandezas e
indicadores para sistemas de medição, tarifação ou para fins de normalização [16, 88, 104].
Assumindo um sistema polifásico genérico, onde as tensões de alimentação podem ser não-
senoidais e assimétricas e as cargas quaisquer (lineares ou não), a Figura 3.2 ilustra como,
através da aplicação seqüencial de três decomposições de sinais, é possı́vel identificar o sub-
sistema que corresponderia às condições ideais de operação.
A primeira decomposição busca extrair dos sinais de tensão e corrente, as ondas senoi-
dais fundamentais, as quais ainda podem conter assimetrias; a segunda decomposição busca
identificar as componentes senoidais correspondentes à chamada seqüência positiva; e a ter-
ceira decomposição é responsável por identificar a parcela de corrente proporcional à tensão
Sistema não-senoidal
e desequilibrado
1
Sistema senoidal
e desequilibrado
2
Sistema senoidal
e equilibrado
3
Correntes
ativas
senoidal equilibrada, a qual é equivalente ao consumo de uma carga resistiva equilibrada, com
alimentação senoidal.
Como discutido no capı́tulo anterior, esta condição vem sendo desrespeitada pelo crescente
número de cargas variáveis e não-lineares de pequeno porte (eletrodomésticos, computadores,
retificadores, etc.), médio porte (compressores e máquinas de solda industriais, no-breaks, con-
versores de freqüência, etc.) e grande porte (conversores de alta potência, fornos de arco e de
indução, etc.). Com isso os sinais de tensão e corrente passaram a apresentar um conteúdo
harmônico e inter-harmônico bastante variado, sobretudo a corrente elétrica. Daı́ a necessidade
de separar a contribuição da componente fundamental, das distorções responsáveis pela deteri-
oração da qualidade da energia elétrica [34].
va1 vares
vb1 vbres
v = v 1 + v res = .. + .. (3.36)
. .
vm1 vmres
ia1 iares
ib1 ibres
i = i 1 + i res = .. + .. . (3.37)
. .
im1 imres
A utilização do termo “residual” (res) não é apenas para criar uma “nova” nomenclatura,
mas sim para diferenciar do ı́ndice h utilizado freqüentemente para representar as componentes
harmônicas do domı́nio da freqüência. Notar que neste caso não é necessário uma análise em
freqüência (FFT), basta calcular a componente fundamental e pela diferença com a entrada
(vide Figura 3.3), obtém-se o termo residual responsável por harmônicos e “inter-harmônicos”
com bastante precisão.
X Identificação X1 X res
da
-
Fundamental
+
Desta forma, se o objetivo for quantificar as distorções de forma de onda presentes nos
sinais de tensão e corrente, seja para avaliação, compensação ou tarifação, vres e ires seriam
as variáveis que devem ser monitoradas ou eliminadas. É claro que neste caso não é possı́vel
saber quais e quanto de cada harmônico ou inter-harmônico está presente no sinal, visto que
para isto seria necessária uma varredura completa no domı́nio da freqüência.
X Eliminação X res X1
da
-
Fundamental
+
Como discutido anteriormente e, dada a opção pelo ponto de referência virtual para a medida
das tensões, vale ressaltar que as “componentes homopolares” de freqüência não-fundamental
devem ser quantificadas através de uma associação entre as tensões medidas nos condutores de
fase ( m1 ) e no condutor de retorno ( m−1
m
), quando existente.
Do ponto de vista prático, o próximo capı́tulo discutirá alguns dos possı́veis algoritmos
digitais para implementação desta decomposição, bem como das que serão discutidas a seguir.
Sempre com o intuito de identificar os sinais ideais para a operação do sistema elétrico, a
segunda decomposição permite encontrar as tensões e correntes fundamentais balanceadas, ou
seja, as componentes de seqüência positiva dos sinais fundamentais.
Em [29], foi definido um método para o cálculo destas componentes baseado numa análise
fasorial (vetores complexos), onde a seqüência positiva é obtida através da soma média dos
valores rms dos sinais elétricos, deslocados de um operador defasador unitário que depende
do número de fases do sistema elétrico em análise. Para um sistema trifásico, por exemplo, a
seqüência positiva da tensão referida à fase “a”, seria calculada por:
1 j2π j4π
V̇a+ = (V̇a + V̇b e 3 + V̇c e 3 ) . (3.38)
3
Neste trabalho, propõe-se o cálculo de tais componentes no domı́nio do tempo [77, 107],
como será discutido no próximo capı́tulo.
+
va1 i+
a1
v+ +
1 = vb1 i+ +
1 = ib1 . (3.39)
+
vc1 i+
c1
Faz-se questão de destacar o termo “fundamental”, uma vez que todo este processo poderia,
se necessário, ser aplicado a cada freqüência harmônica, ou seja, poderiam ser calculadas as
componentes de seqüência para qualquer freqüência harmônica [29].
Neste ponto já se pode, por exemplo, definir um vetor auxiliar de tensões como:
vd = v − v+
1, (3.40)
v u1 = v 1 − v +
1 (3.41)
i u1 = i 1 − i +
1, (3.42)
os quais poderiam ser usados tanto para medir e monitorar o valor das assimetrias, quando
para controlá-las isoladamente de outros distúrbios (seletividade). Diversos trabalhos tem res-
saltado a importância do efeito destas assimetrias no sistema elétrico, que muitas vezes podem
ser mais prejudiciais do que as distorções de forma de onda [108]. Uma vez que considerar o
desequilı́brio nas outras freqüências harmônicas é tarefa factı́vel, mas muito mais complexa,
neste texto optou-se por explicitá-las apenas em função da fundamental 3.41 e 3.42.
X Xd
+ -
X1 X 1+ X u1
Sequência
Positiva -
+
Figura 3.5: Separação dos sinais em componente fundamental de seqüência positiva, desbalanço
e distúrbio.
Conforme estudado em [71], esta é provavelmente a mais geral das três decomposições e
trata-se de um método de minimização baseado em projeções vetoriais ortogonais [98, 109]. A
seguir serão resgatadas algumas deduções fundamentais para a sua compreensão.
Para encontrar o valor de λ12 que melhor aproxime as duas funções, define-se uma equação
de erro como sendo:
0
f e = f 1 − f 1 = f 1 − λ12 .f 2 . (3.44)
Para minimizar tal diferença é utilizado o critério da minimização do erro quadrático médio,
ou seja:
Z t2 Z t2
1 2 1
ε= . f dt =
e . [f 1 − λ12 .f 2 ]2 dt . (3.45)
t2 − t 1 t1 t2 − t 1 t1
O valor de λ12 que minimiza esse erro é obtido impondo-se a condição de extremo:
d²
= 0, (3.46)
dλ12
que resulta na relação:
1
Rt
t2 −t1
. t12 f 1 · f 2 dt
λ12 = 1
Rt . (3.47)
t2 −t1
. t12 f 2 · f 2 dt
Uma vez que f 1 e f 2 são vetores multi-dimensionais, o numerador da expressão anterior é
dado pela média do produto escalar destes dois vetores no intervalo t1 ≤ t ≤ t2 . O denomina-
dor por sua vez, é definido como sendo a norma quadrática média de f 2 no intervalo t1 ≤ t ≤ t2 .
Observa-se que a norma só será nula se f 2 se anular sobre todo o intervalo. O numerador
só será nulo se f 1 e f 2 forem ortogonais no intervalo sugerido. Neste caso λ12 vale zero e, de
acordo com 3.43, conclui-se que a única aproximação possı́vel é:
0
f 1 = 0, (3.48)
no intervalo t1 ≤ t ≤ t2 .
Notar que o intervalo t2 − t1 é arbitrário e que as funções f 1 e f 2 não têm restrições quanto
à forma de onda ou dimensão “m”.
Para sinais periódicos, a norma por perı́odo (∆t = T ) corresponde ao valor eficaz (rms), ou
seja, à média quadrática da função no intervalo considerado:
s Z tk +T
1
F 2 =k f 2 k= f 22 dt, (3.52)
T tk
1
R t2
t2 −t1
. t1
i · v dt
λiv = 1
R t = ge , (3.53)
t2 −t1
. t12 v · v dt
onde o numerador e o denominador correspondem respectivamente, à potência média e à norma
(ou valor coletivo) quadrática média da tensão, no intervalo t2 −t1 . Assim, como antecipado nas
seções anteriores, o multiplicador de Lagrange resulta na condutância equivalente do sistema
em análise (λiv = ge ).
v a ia + v b ib + · · · + v m im p p
ge = 2 2 2
= 2
= 2 . (3.54)
va + v b + · · · + v m kv k vΣ
Portanto, a mı́nima parcela de corrente que, associada à tensão, garante a mesma potência
instantânea p, pode ser calculada por:
0
i = i r = ge .v . (3.55)
Nestes casos, a potência instantânea (p) deve variar de forma não-proporcional à norma
quadrática das tensões (vΣ ) e conseqüentemente o valor de ge não é uma constante e, portanto,
não representa um conjunto de cargas lineares e equilibradas. Este é um dos principais motivos
para identificação da corrente resistiva média como em (3.28) e para isto basta considerar o
intervalo ∆t = t2 − t1 = T , onde T é o perı́odo da fundamental dos sinais, para calcular a
condutância equivalente média:
1
R tk +T
T
. tk
v a ia + v b ib + · · · + v m im dt P P
Ga = R t +T
= 2
= 2, (3.56)
1
. tkk va2 + vb2 + · · · + vm 2 dt kV k VΣ
T
Existem apenas dois casos onde a condutância equivalente instantânea (ge ) será sempre
constante, são eles:
Considerando os sistemas elétricos atuais, tanto um caso como outro são bastante especı́ficos
e difı́ceis de ocorrer. Entretanto, o segundo caso representa o subsistema formado após as
Decomposições 1 e 2, ou seja, um subsistema de tensões (v1+ ) e correntes (i+ 1 ) senoidais e
equilibradas, mas podendo estar defasadas entre si, devido ao comportamento não-resistivo
puro das cargas.
D) Condições ideais
Resgatando a discussão sobre as condições ideais de operação e, considerando-se que para
a máxima transferência de energia em um sistema elétrico, seria interessante que as tensões e
correntes fundamentais de seqüência positiva estivessem em fase (como em uma carga resistiva
equilibrada), a terceira decomposição é então aplicada tomando como referência o vetor de
tensão v1+ . Tal vetor representa as condições ideais de alimentação das cargas CA.
Considerando que o produto escalar a seguir, define a potência polifásica instantânea devida
aos componentes de seqüência positiva fundamental:
+
p+ +
1 = v1 · i1 , (3.57)
a projeção do vetor i+ +
1 sobre o vetor v1 é calculada pelo método do Multiplicador de Lagrange
de forma que o vetor instantâneo resultante:
p+
1 p+
1
i+
1a = +
+ 2 .v 1 =
+
+ 2 .v 1 (3.58)
kv 1 k (v1Σ )
seja denominado de corrente ativa fundamental de seqüência positiva e representa a corrente
ideal de um sistema elétrico, sendo que:
v1+ · i+ + +
1 = v1 · i1a . (3.59)
Em um sistema m-dimensional, (3.58) poderia ser reescrita como:
+ + + + + +
va1 ia1 + vb1 ib1 + · · · + vm1 im1 +
i+
1a = + + + + + + .v 1 , (3.60)
va1 va1 + vb1 vb1 + · · · + vm1 vm1
ou ainda:
i+
1aa v1+a
i+ + +
va1 + +
ia1 + vb1 + +
ib1 + · · · + vm1 im1 v+
1ab 1b
.. = + + + + + + . .. . (3.61)
. va1 va1 + vb1 vb1 + · · · + vm1 vm1 .
i+1am v1+m
Notar que usando a simbologia proposta, o ı́ndice “a” aparece duas vezes na parcela de corrente
ativa (“a”) fundamental de seqüência positiva, da respectiva fase “a”.
id = i − i+
1a , (3.62)
que define a parcela denominada corrente de distúrbio, a qual representa todas as formas de
deterioração do sinal de corrente (reativos, distorções, desequilı́brios, não-linearidades, etc.).
Uma vez eliminada ou compensada a parcela id , a corrente resultante seria apenas a corrente
ideal i+
1a . Desta forma id pode ser usada como referência de controle para dispositivos de com-
pensação, entretanto, deve-se ressaltar que assim como a parcela de corrente não-ativa i n , esta
corrente também não pode ser completamente compensada sem a utilização de armazenadores
ou fontes auxiliares de energia.
i+ + +
1q = i 1 − i 1a , (3.63)
a qual embora possa ser completamente compensada eletronicamente, sem elementos armaze-
nadores de energia, de acordo com as teorias convencionais, também pode ser compensada por
elementos puramente passivos, como por exemplo, bancos de capacitores ou indutores.
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- +
-
$%
+
Figura 3.6: Decomposição da corrente após a terceira decomposição.
1ºDecomposição 2ºDecomposição V
+ 3ºDecomposição
V 1u Vd
+ V res
+ - i
V
- V1 - V 1+ i 1a+ +
Identificação Identificação id
Multiplicador
da da sequência
i
fundamental i1 positiva
- i 1+
de Lagrange
-
- - i 1q+
+ i res
+ i 1u
+
ir i 1r
Multiplicador Multiplicador
de Lagrange - iz de Lagrange - i 1z
+ +
3ºDecomposição 3ºDecomposição
Como discutido anteriormente, cada uma destas parcelas poderia ser utilizada em algoritmos
de controle de compensadores eletrônicos, tais como filtros ativos, de forma que possibilitassem
sua compensação ou minimização. Além disto, vários outras sub-parcelas da potência apa-
rente podem ser calculadas através dos valores coletivos de cada parcela de tensão ou corrente
proveniente da metodologia seletiva, a fim de, por exemplo, monitorar ou mesmo tarifar deter-
minados distúrbios ou fenômenos especı́ficos de uma instalação [16, 105].
Trabalhos recentes [72, 94] mostram que propostas de decomposição e compensação seletiva
dos distúrbios, similares à apresentada neste trabalho, também vem sendo estudadas por outros
grupos de pesquisa, mesmo que de forma independente.
p = v.i , (3.65)
Z s1 i=i 1 1
+
vs Carga
v=v12 ou
Z s2 i 2 =i1 - 2
Sistema
onde v e i são a tensão e a corrente instantâneas do sistema em análise. Quaisquer que sejam as
formas de onda de tensão e corrente alternadas, a potência instantânea p é sempre oscilatória 6 .
Esta é uma caracterı́stica intrı́nseca deste tipo de sistema [102].
O que vem sendo discutido por outros autores [39] e sugerido neste texto, é que no caso
de sistemas monofásicos, a corrente instantânea seja dividida em corrente ativa e corrente não-
ativa, como apresentado a seguir.
onde o intervalo T = t2 − t1 deve ser maior ou igual a um perı́odo das ondas fundamentais de
v e i. Assim, P é a potência ativa (média) do sistema, V é o valor rms da tensão instantânea
v e Ga é a condutância média. Esta definição coincide exatamente com a definição de Fryze
para sistemas monofásicos e, qualquer que seja a forma de onda da tensão, a corrente ia será
exatamente proporcional e com o mesmo sinal desta.
De forma similar à abordagem anterior, uma vez definida a corrente ia , pode-se definir a
corrente não-ativa in , para sistemas monofásicos, como:
6
A não ser no caso de formas de onda retangulares.
in = i − i a , (3.67)
sendo que esta é matematicamente ortogonal à tensão v e não participa da transferência de
energia média P , mas provoca acréscimo no valor rms da corrente instantânea e perdas nos
condutores. No caso monofásico, a corrente in está relacionada apenas com armazenadores de
energia.
pa = v . i a , (3.68)
sendo a parcela da potência instantânea responsável pela transferência da energia média para
as cargas (pa = P ). Assim, pa é sempre oscilante em torno de uma valor médio positivo (P ) e
nunca assume valores negativos. No caso de cargas puramente não-resistivas, pa = 0. E
pn = v . i n , (3.69)
a qual relaciona-se com a presença de elementos armazenadores de energia (capacitores e in-
dutores) no sistema e terá sempre valor oscilatório em torno de zero (pn = 0). Para cargas
puramente resistivas, o valor de pn é sempre nulo.
Para definição da potência aparente (S), sugere-se a utilização de valores rms de tensão e
corrente, portanto:
p
S = V .I = Pa2 + Sn2 , (3.70)
onde:
Pa = P = V . I a Sn = V . I n (3.71)
são os valores correspondentes a pa e pn , quando calculados pelos valores eficazes das tensões e
correntes.
P
FP = . (3.72)
S
Se a forma de onda da tensão for distorcida, a da corrente ativa ia também será e, con-
seqüentemente, mesmo que a corrente não-ativa in seja nula ou tenha sido compensada, teremos
correntes distorcidas circulando pelo sistema elétrico, o que muitas vezes é indesejável.
1ºDecomposição 3ºDecomposição
+ Vres
V
- V1 i 1a
Identificação
Multiplicador
da
i
fundamental i1
de Lagrange - i 1n
- +
+ i res
ia
Multiplicador
de Lagrange - in
+
3ºDecomposição
3.6 Conclusão
Uma definição generalizada de teoria de potências não deve conter nenhum tipo de restrição
quanto às variáveis ou sistemas a analisar. Portanto, deve permitir não só o controle da quali-
dade da energia (compensação ativa ou passiva), mas também medição, monitoração, tarifação
e identificação das diferentes parcelas da tensão, corrente e suas respectivas componentes de
potências.
Assim, embora muito ainda possa ser discutido ou detalhado em função da abordagem uni-
ficada e da metodologia seletiva apresentadas, acredita-se que este capı́tulo aponte um bom
direcionamento no sentido de formalizar uma proposta de teoria de potência unificada.
Além disto, a decomposição dos sinais elétricos em suas possı́veis parcelas, permite analisar
eventuais não-linearidades do sistema, por meio de técnicas lineares aplicadas aos subsistemas
de variáveis.
“Muitas vezes a única forma de descobrirmos o que é possı́vel (certo), é descobrindo o que
não é possı́vel, em outras palavras, errando”.
Ou seja, das muitas propostas que vem sendo discutidas, inclusive no contexto deste tra-
balho, muitos erros foram e provavelmente ainda serão cometidos, mas a comunidade cientı́fica
internacional começa a dar sinais, de que uma abordagem unificada possa vir a ser definida nos
próximos anos.
No contexto nacional, vive-se um bom momento com as revisões ou edições de novas normas
e recomendações para o setor elétrico e muito trabalho ainda pode ser feito para direcionar estes
novos textos no sentido de evitar definições equivocadas.
Do ponto de vista acadêmico, é de se esperar que novas publicações de livros texto, bem
como a grade curricular de disciplinas relacionados com os temas de circuitos elétricos, sistemas
de potência, instalações elétricas, eletrônica de potência, etc, sejam revisados para incorporar
as discussões e definições modernas sobre a teoria de potência em sistemas mono ou polifásicos,
sob condições não-senoidais e/ou assimétricas.
v = v 1 + v res (4.1)
i = i 1 + i res . (4.2)
87
4 Técnicas de Processamento Digital de Sinais Utilizadas
Y (s) s2 + ω02
H(s) = = 2 , (4.3)
X(s) s + ωc s + ω02
onde ω0 = 2πf0 define a freqüência de sintonia do filtro (f0 ) e ωc = 2πfc define a largura da
banda de rejeição do filtro (fc ). O fator de qualidade do filtro (Q) é inversamente proporcional
a ωc e quanto maior seu valor, mais seletivo ou sintonizado será o filtro e mais lenta será sua
resposta dinâmica.
Y (z) b2 z −2 + b1 z −1 + b0
H(z) = = , (4.4)
X(z) a2 z −2 + a1 z −1 + a0
onde b e a são, respectivamente, os coeficientes do numerador e do denominar da função discre-
tizada, calculados a partir de (4.3) e da transformação bilinear para o domı́nio transformado “z”.
No caso prático de um filtro de segunda ordem, sintonizado em 60Hz, com uma faixa de
rejeição de 2Hz e uma freqüência de amostragem de 12kHz, os coeficientes a e b resultam como
na equação a seguir:
A resposta em freqüência do filtro descrito por (4.7) é mostrado na Figura 4.1(a). Notar que
a atenuação na faixa de interesse é da ordem de -35dB, se usada a precisão máxima definida
pelo próprio MatLab. A Figura 4.1(b) mostra a resposta do filtro se reprojetado para uma
faixa de rejeição de 10Hz.
0
0
−5 −10
Magnitude (dB)
−10
Magnitude (dB)
−20
−15
−20 −30
−25
−30 −40
−35
−50
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
100 100
50 50
Fase (graus)
Fase (graus)
0 0
−50 −50
−100 −100
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
Frequência (Hz) Frequência (Hz)
Para validar o projeto deste filtro no domı́nio do tempo, utilizou-se uma forma de onda qua-
drada (60Hz) como entrada do filtro rejeita-faixa. Como se sabe, tal forma de onda pode ser
decomposta em uma senóide fundamental e um conjunto de componentes harmônicas (resı́duo).
Assim, a Figura 4.2(a) mostra a entrada do filtro (traço pontilhado), bem como o sinal residual
de saı́da (contı́nuo). Através do procedimento descrito anteriormente, o sinal fundamental de
60Hz pode ser identificado como na Figura 4.3(a) (contı́nuo).
1
1
0.8
0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
Amplitude
Amplitude
0 0
−0.2 −0.2
−0.4 −0.4
−0.6 −0.6
−0.8 −0.8
−1 −1
0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4 0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4
Tempo (s) Tempo (s)
Figura 4.2: Filtro rejeita-faixa com onda de entrada quadrada (entrada - traço pontilhado,
saı́da - traço contı́nuo).
Observando as Figuras 4.2(b) e 4.3(b), pode-se concluir que o filtro com faixa de rejeição
em 2 Hz apresenta um efeito de filtragem mais efetivo do que aquele de 10Hz. Entretanto, sua
resposta dinâmica é bem mais rápida do que a do filtro de 2Hz. Portanto, a escolha da faixa
de rejeição (fator de qualidade do filtro) deve ser feita levando em consideração o máximo de
informações possı́veis sobre o sistema ou variável que se deseja processar.
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
Amplitute
Amplitute
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
−1.5 −1.5
0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4 0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4
Tempo (s) Tempo (s)
Figura 4.3: Identificação da onda fundamental (entrada - traço pontilhado, saı́da - traço
contı́nuo).
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
Amplitute
Amplitute
0 0
−0.5 −0.5
−1 −1
−1.5 −1.5
0.4 0.45 0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.4 0.45 0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8
Tempo (s) Tempo (s)
Figura 4.4: Resposta dinâmica do filtro rejeita-faixa (entrada - traço pontilhado, saı́da - traço
contı́nuo).
Apesar de não terem sido abordados neste trabalho, algumas soluções eficientes para este
problema se baseiam em técnicas de filtragem adaptativa, as quais, através de um critério
de minimização de erro (LMS, RLS), fariam uma correção adaptativa e em tempo real dos
parâmetros do filtro IIR [111], de forma que este estivesse sempre sintonizado com a freqüência
correta. Entretanto, deve-se destacar que tais soluções são computacionalmente muito mais
complexas do que a simples implementação de (4.7).
Por outro lado, considerando as aplicações baseadas em DSPs com aritmética saturada,
como o utilizado neste trabalho para implementação do protótipo do filtro ativo de potência,
os quais em sua maioria trabalham com resolução em 16 bits (DSPs dedicados à aplicações em
eletrônica de potência), alguns problemas podem ser encontrados.
Tais problemas se relacionam com o truncamento no valor dos coeficientes e saturação (trun-
camentos e arredondamentos) no valor dos resultados de operações como soma, subtração, mul-
tiplicações e divisões. São particularmente mais significativos em implementações de filtros ou
controladores sintonizados (como o filtro rejeita-faixa), de resposta infinita ao impulso (IIR) e
com freqüências de amostragem (fa ) muito maiores que a freqüência de sintonia (f0 ), normal-
mente fa À 50.f0 , como no caso considerado.
Como discutido em [110, 112, 113, 114], estes efeitos são normalmente chamados de efeitos
de quantizações e se relacionam com o posicionamento dos pólos e zeros do filtro digital ou
sistema de interesse, em função da região de estabilidade no domı́nio discreto transformado.
circunferência de raio unitário (CRU), com centro na origem do domı́nio transformado. Para
que um filtro ou sistema discreto seja estável, seus pólos devem estar localizados dentro da CRU.
Im {z}
pólos
1
z e r os
1
fa =
T a
R e {z}
- 1 1
Domínio-z
- 1
Figura 4.5: Pólos e zeros no Domı́nio-z (agrupamento sob elevadas freqüências de amostragem).
Para exemplificar os erros discutidos, foram simulados dois tipos de filtros sintonizados: um
filtro do tipo rejeita-faixas (filtro notch) e um do tipo passa-faixas, ambos com freqüência de
sintonia em 60Hz, banda passante ou de rejeição de 2Hz e freqüência de amostragem de 12kHz
(como nas simulações anteriores). A biblioteca de processamento digital de sinais do MatLab
(DSP Toolbox ) foi utilizada para emular o comportamento de um processador real com lógica
aritmética de ponto-fixo [114, 115]. Assim, funções especı́ficas de normalização de coeficientes,
truncamentos e arredondamentos foram definidos baseados no DSP de 16 bits utilizado na ob-
tenção dos resultados experimentais, o ADMC401.
DSP citado. É possı́vel observar que a atenuação na freqüência de interesse é de apenas 4dB,
enquanto deveria ser de aproximadamente 35dB (traço contı́nuo), o que torna o filtro comple-
tamente ineficiente para as aplicações sugeridas, conforme ilustram as Figuras 4.7 e 4.8.
−10
Magnitude (dB)
−30
Filtro Quantizado 16 bits
Filtro Ideal (continuo)
−40
0 20 40 60 80 100 120
100
−50
−100
0 20 40 60 80 100 120
Frequência (Hz)
A Figura 4.9 por sua vez, ilustra a simulação de um filtro passa-banda com as caracterı́sticas
citadas e emulando as mesmas condições experimentais do caso anterior. Também pode-se ob-
servar que a resposta em freqüência do filtro quantizado (traço pontilhado) não corresponde
àquela esperada (traço contı́nuo), o que significa que sua utilização resultaria em erros no pro-
cesso de identificação dos sinais fundamental e residual (Figura 3.3).
Existem várias técnicas convencionais para se minimizar tais erros e garantir a estabilidade
e eficiência dos filtros nestas condições [110, 112]. Entretanto, muitas vezes fica praticamente
impossı́vel obter os resultados desejados. Este é o caso de nossa aplicação, na qual deseja-se ob-
ter um filtro sintonizado em 60Hz, com banda passante de mais ou menos 2Hz e uma freqüência
de amostragem de 12kHz.
Assim, optou-se por investigar uma técnica pouco conhecida para discretização e processa-
mento dos filtros digitais, a Transformada-γ. Tal técnica foi apresentada por [116, 117, 118] e
mesmo apresentando ótimos resultados nas áreas de filtragem digital e estimadores para con-
trole digital, é pouco utilizada nas áreas de sistemas de energia ou eletrônica de potência.
Recentemente, os autores de [113] levantaram esta questão e mostraram que a aplicação de tal
transformada soluciona grande parte dos problemas de precisão mencionados. Detalhes podem
ser encontrados em [114, 119] e serão retomados no final deste capı́tulo.
1.5
0.5
Amplitute
−0.5
−1
−1.5
−2
0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4
Tempo (s)
Figura 4.7: Entrada (onda quadrada) e saı́da do filtro rejeita-faixa quantizado (16 bits).
1.5
0.5
Amplitute
−0.5
−1
−1.5
0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4
Tempo (s)
Figura 4.8: Identificação da onda fundamental através de filtro quantizado (16 bits).
0
Mag(fo) = −2dB (pontilhado)
−5
Magnitude (dB)
−10
−15
−20
Filtro Quantizado 16 bits
−25 Filtro Ideal (continuo)
−30
40 50 60 70 80
100
50
Fase (graus)
−50
−100
40 50 60 70 80
Frequência (Hz)
Neste caso, ao invés da utilização de um filtro IIR como na Figura 4.9, optou-se por avaliar a
utilização de um filtro sintonizado, baseado na Série Discreta de Fourier (SDF) para seqüencias
periódicas. Considerando o caso de seqüencias de comprimento finito, ou através da utilização
do método de janelamento circular, o método abordado também pode ser referenciado como
uma aplicação da Transformada Discreta de Fourier (TDF) [110].
Uma vez que se deseja identificar as ondas fundamentais no domı́nio do tempo, a equação
básica que rege a implementação do filtro analisado é baseada na identificação das componentes
da SDF responsáveis por tal freqüência:
N −1
2 X 2π
vm1 [k] = vm [k − c]. cos[ .c] , (4.8)
N c=0 N
Notar que o filtro descrito utiliza apenas os termos cossenoidais da SDF1 e, no caso de sua
aplicação para seqüencias finitas (ou janelas de amostras), o mesmo também é conhecido como
uma aplicação da DCT (Discrete Cosine Transform) de ganho unitário.
N-1 0
N-2 1
2
vm[k-N] vm[k]
Por ser baseado na identificação de uma única freqüência da SDF, o algoritmo é bastante
preciso em condições de regime e sua resposta dinâmica é fixa e limitada a 1 ciclo de 60Hz
(N amostras), como mostra a Figura 4.11. Nesta Figura tomou-se um sinal qualquer (traço
contı́nuo) como entrada do filtro, por exemplo uma tensão, com amplitude fundamental igual
a 100 e somou-se 5% de uma componente harmônica de ordem 5. O traço pontilhado mostra
a saı́da do filtro, a qual leva um ciclo de 60Hz (16,6666ms) para convergir para o valor correto
da onda fundamental do sinal de entrada, seja na inicialização, ou após um degrau da entrada
(50ms).
No caso dos estudos realizados, tanto nos simuladores quanto no programa do DSP utili-
zado, foram utilizadas janelas móveis (vetores) com 200 posições de memória, resultando em
filtros e tabelas com 200 coeficientes. Destacando que mesmo um número quatro vezes menor
de coeficientes (50) ainda garantiria uma boa precisão ao filtro.
100
80
60
40
20
0
c
−20
−40
−60
−80
−100
Figura 4.11: Resposta dinâmica do filtro FIR - N amostras (entrada - traço contı́nuo, saı́da -
traço pontilhado).
A Figura 4.12 ilustra um sinal com fundamental em 50Hz, visivelmente distorcido (traço de
menor amplitude), sendo filtrado através do filtro proposto. Observar que a fase do sinal filtrado
(traço de maior amplitude) resulta igual à do sinal original. A diferença entre as amplitudes
dos sinais é uma mera questão de escalas do osciloscópio, sendo o sinal com distorção medido
em valores reais (50 Volts/div), enquanto o sinal filtrado foi medido na saı́da do conversor
Digital-Analógico do DSP, portanto, com escala entre +/- 2,5V.
desequilibradas.
Mesmo sabendo que estas variações representam pequenos desvios e ocorrem muito lenta-
mente nos sistemas elétricos, o algoritmo pode resultar em perda de eficiência do processo de
filtragem. Além disto, mais adiante será discutida uma técnica de compensação seletiva de
harmônicos, a qual também utiliza um filtro baseado na SDF para melhorar a eficiência de um
filtro ativo na compensação de distorções harmônicas da corrente. Neste caso, é importante
garantir imunidade a eventuais variações da freqüência da rede.
Assim, para garantir imunidade a variações de freqüência, propõe-se uma estratégia baseada
na utilização de um algoritmo de sincronismo (Phase Locked Loop - PLL), o qual será detalhado
em uma das próximas seções. A idéia central é utilizar a informação da freqüência proveniente
do PLL para variar a freqüência de amostragem que o sistema digital deve impor ao conversor
AD, e garantir que o número de amostras dentro de um perı́odo da freqüência da rede seja
sempre constante (por exemplo, 200 amostras). Tomando 60Hz como a freqüência nominal do
sistema, tal algoritmo controla a taxa de amostragem para que esta fique sempre em torno de
12kHz. Esta estratégia foi desenvolvida e implementada para ser aplicada no controle do filtro
ativo de potência [127, 128], mas também pode ser utilizada para fins de monitoração da QEE.
4.1.3 Discussão
Dentre os vários métodos e procedimentos possı́veis para implementação da Decomposição 1,
a análise destes dois tipos de filtros (IIR e FIR) já permite algumas comparações e comentários:
O filtro IIR, por sua vez, tem uma resposta dinâmica mais lenta (normalmente) e dependente
da atenuação e banda de passagem do filtro projetado. Mas isto não significa que sua aplicação
não seja interessante em determinados sistemas, por exemplo, nos quais se deseje minimizar o
efeito de eventuais transitórios rápidos do sinal de entrada. Neste caso, a contribuição de tais
efeitos para o sinal filtrado de saı́da, seria diluı́da nos vários ciclos seguintes ao transitório.
Portanto, a escolha do tipo de filtro, no que tange à resposta dinâmica, obviamente deve ser
feita levando em consideração sua aplicação e contribuição no sistema de controle ou medição
como um todo. Além disto, retomando a questão colocada nos capı́tulos anteriores quanto
à utilização do termo “instantâneo” na definição de parcelas de tensão, corrente e potência,
ressalta-se que se tais parcelas são provenientes de processos de filtragem como os descritos, tal
nomenclatura é inadequada e sem sentido prático ou teórico.
Como discutido, nenhum dos dois tipos de filtros analisados é capaz de seguir variações
na freqüência fundamental do sinal de entrada, a não ser que alguma técnica adaptativa seja
utilizada. No caso do filtro FIR, propõe-se a utilização de um PLL para alterar a freqüência
de amostragem do sinal e garantir um bom funcionamento do filtro. No caso do filtro IIR, tal
possibilidade não foi abordada.
Neste sentido, é importante observar que o filtro baseado na SDF, por se tratar de um
filtro de resposta finita (FIR), é menos susceptı́vel a tais erros. Isto porque eventuais erros ou
aproximações no valor da variável de saı́da do filtro não influenciam as próximas saı́das, ou
seja, por não serem recorrentes, os erros não se somam ao longo do tempo. Por outro lado, face
à recorrência dos filtros IIR, eventuais problemas de quantização podem se somar ao longo do
processamento, podendo levar o filtro à instabilidade.
Considerando (4.6), pode-se observar que o filtro IIR requer 6 multiplicações, 2 adições e 2
subtrações, o que representa um número muito menor de operações do que as 201 multiplicações
e 200 adições de (4.8) (filtro FIR). Portanto, desde que os erros de quantização ou a resposta
dinâmica não sejam um problema, a utilização dos filtros IIR representa economia em tempo
computacional e capacidade de processamento.
Apesar de não ser usual o cálculo da seqüência positiva no domı́nio do tempo, esta é uma
possibilidade comprovada e de extremo interesse em diversas aplicações de sistemas de potência
[83, 88, 104, 107, 129, 123, 130, 131]. Neste trabalho, três técnicas de identificação das com-
ponentes de seqüência positiva, no domı́nio do tempo, foram avaliadas e serão discutidas a
seguir.
1 T T
v1+a = √ [v1a (t) + v1b (t + ) + v1c (t − )] (4.9)
3 3 3
1 T T
i+
1a = √ [i1a (t) + i1b (t + ) + i1c (t − )], (4.10)
3 3 3
onde v1+a e i+
1a são os escalares (não são vetores) correspondentes às componentes instantâneas
de seqüência positiva referidos a fase a, conforme as definições de Fortescue.
1 T T
v1−a = √ [v1a (t) + v1b (t − ) + v1c (t + )], (4.11)
3 3 3
1
v10a = √ [v1a (t) + v1b (t) + v1c (t)] , (4.12)
3
onde o fator de escala √1 garante a condição de invariância em potência [132].
3
De acordo com a teoria de Fortescue, para encontrar o valor da seqüência positiva referido às
outras fases (b e c) basta fazer os devidos deslocamentos rotacionais ou, neste caso, temporais:
+ + T
v1b = v1a (t + ) (4.13)
3
T
i+ +
1b = i1a (t + ) (4.14)
3
+ + T
v1c = v1a (t − ) (4.15)
3
T
i+ +
1c = i1a (t − ), (4.16)
3
já que o módulo das componentes é o mesmo.
Notar que as somas utilizadas nas equações anteriores (4.9)-(4.10) usam os sinais de tensão
e corrente em diferentes instantes. Considerando a implementação desta decomposição em sis-
temas amostrados, a principal questão prática é: como efetuar uma soma temporal que usa
valores de amostras futuras (+ T3 )?
Na verdade, como as variáveis utilizadas nesta decomposição são senoidais (devido a De-
composição 1), pode-se assumir que o sinal em T3 é igual ao sinal em − 2T
3
, ou seja:
No caso especı́fico da implementação digital, estas operações são obtidas com o auxı́lio de
um vetor circular (ou janela móvel), com amostras correspondentes a dois terços de perı́odo da
fundamental ( 32 T ). Aqui vale destacar que no caso da implementação discreta, para garantir a
precisão do algoritmo proposto, é aconselhável que o número de amostras por perı́odo funda-
mental seja divisı́vel por 3.
Com isso tem-se a decomposição que, a partir de um sistema de sinais senoidais, identifica
o subsistema composto por sinais senoidais simétricos ou as componentes fundamentais ins-
tantâneas de seqüência positiva.
Para ilustrar os resultados desta decomposição, a Figura 4.13 apresenta três sinais (tensões
ou correntes de fase), com ondas fundamentais assimétricas em amplitude (1-0,85-0,7) e com
10% de 3o , 5o e 7o harmônicos respectivamente. Na seqüência, a Figura 4.14 apresenta os
sinais fundamentais assimétricos (usando filtro IIR) e a Figura 4.15 mostra as componentes de
0.5
Amplitute
−0.5
−1
0.8 0.81 0.82 0.83 0.84 0.85 0.86 0.87 0.88 0.89 0.9
Tempo (s)
0.8
0.6
0.4
0.2
Amplitute
−0.2
−0.4
−0.6
−0.8
−1
0.8 0.81 0.82 0.83 0.84 0.85 0.86 0.87 0.88 0.89 0.9
Tempo (s)
0.8
0.6
0.4
0.2
Amplitute
−0.2
−0.4
−0.6
−0.8
−1
0.8 0.81 0.82 0.83 0.84 0.85 0.86 0.87 0.88 0.89 0.9
Tempo (s)
Figura 4.15: Componentes fundamentais de seqüência positiva para as três fases, após a De-
composição 2.
0.5
Amplitute
−0.5
−1
B) Algoritmos alternativos
Com o mesmo objetivo da implementação no domı́nio do tempo das componentes simétricas
de Fortescue e da identificação da seqüência positiva, outros algoritmos poderiam ser imple-
mentados.
Nos trabalhos [15, 20, 21] foi proposto um algoritmo que utiliza a matriz de transformação
para componentes ortogonais (α, β, 0) de Clarke [77], para então calcular as componentes de
seqüência através de operadores defasadores de um quarto do perı́odo T4 ou um quarto do
número de amostras N4 . Técnica semelhante também foi abordada em [130, 133], onde após
uma análise detalhada da transformação de coordenadas empregada, constatou-se que o método
poderia ser implementado com operadores defasadores de um sexto de perı́odo T6 .
Entretanto, vale destacar que tais métodos são computacionalmente, ou mesmo teorica-
mente, muito mais complexos do que o descrito na seção anterior, uma vez que necessitam das
transformadas direta e inversa de Clarke.
Basicamente, a técnica consiste em modificar o filtro baseado na SDF, proposto para iden-
tificação das ondas fundamentais, de forma a facilitar o cálculo posterior da componente de
seqüência positiva.
Em um sistema trifásico, a SDF1 deve ser aplicada a cada um dos sinais de tensão e corrente
(fases abc) para identificação das componentes fundamentais, ou seja:
N −1
2 X 2π
v1a [k] = va [k − c]. cos[ .c] , (4.19)
N c=0 N
N −1
2 X 2π
v1b [k] = vb [k − c]. cos[ .c] , (4.20)
N c=0 N
N −1
2 X 2π
v1c [k] = vc [k − c]. cos[ .c] . (4.21)
N c=0 N
No entanto, se o objetivo for a obtenção direta da componente fundamental de seqüência
positiva (associação das Decomposições 1 e 2) e observando as equações (4.9) e (4.10), pode-se
concluir que as componentes fundamentais das fases b e c devem ser atrasadas de 240o ( 2N 3
)
e 120o ( N3 ), respectivamente em relação à fase a. Assim, os filtros aplicados às fases b e c
poderiam ser modificados como:
N −1
0 2 X 2π 2N
v1b [k] = vb [k − c]. cos[ .(c − )] (4.22)
N c=0 N 3
e
N −1
0 2 X 2π N
v1c [k] = vc [k − c]. cos[ .(c − )] , (4.23)
N c=0 N 3
onde o sı́mbolo 0 representa as componentes fundamentais “modificadas” em função do cálculo
da seqüência positiva.
Desta forma, a componente de seqüência positiva da fase a pode ser calculada por:
1 0 0
v1+a [k] = √ (v1a [k] + v1b [k] + v1c [k]) (4.24)
3
e, conseqüentemente, as respectivas componentes da seqüência positiva das fases b e c seriam:
+ + 2N + + N
v1b [k] = v1a [k − ] e v1c [k] = v1a [k − ]. (4.25)
3 3
Portanto, uma vez que as componentes de corrente podem ser obtidas por equacionamento
similar, seria possı́vel definir os vetores tri-dimensionais de seqüência positiva e eventuais par-
celas associadas ao diagrama da Figura 3.5:
+ +
v1a i1a
+
v 1 = v1b + +
i 1 = i+ 1b
. (4.26)
+ +
v1c i1c
Para ilustrar os resultados desta decomposição, a Figura 4.17 apresenta três sinais (tensões
ou correntes de fase), com ondas fundamentais assimétricas em amplitude (1-0,85-0,7) e com
10% de 3o , 5o e 7o harmônicos respectivamente, bem como as componentes fundamentais de
seqüência positiva obtidas após a decomposição proposta (va1p, vb1p, vc1p). Na seqüência, a
Figura 4.18 apresenta a sobreposição da tensão de entrada com a componente de seqüência
positiva da fase “a”, ilustrando que a decomposição não gera defasagem entre entrada e saı́da.
4.2.3 Discussão
Os mesmos comentários da seção anterior sobre a Decomposição 1 são válidos para os dois
algoritmos propostos para efetuar a Decomposição 2.
Além disto, uma vez que eventuais variações da freqüência fundamental dos sinais medi-
dos podem influenciar nos resultados das Decomposições 1 e 2, ou seja, podem levar a erros
no cálculo das ondas fundamentais e das componentes de seqüência positiva, destaca-se a im-
portância em garantir imunidade à presença de tais desvios de freqüência.
Nos últimos anos, diferentes algoritmos e circuitos têm sido propostos no sentido de obter
tais informações. O foco dos estudos tem sido garantir boa resposta dinâmica, precisão em
regime permanente e robustez na presença de distorções harmônicas e desbalanços na tensão
da rede [136, 137, 138, 139, 140, 141].
demodulação ou circuitos PLL (Phase Locked Loop), sendo este último o método analisado
e proposto por este trabalho. Cada um destes métodos apresenta vantagens e desvantagens
dependendo da aplicação final, das condições da tensão da rede e das caracterı́sticas do sistema
analógico ou digital onde são implementados.
Uma análise interessante de tais modelos pode ser encontrada em [145, 147]. A associação
com a potência instantânea se dá pela relação dos sinais de entrada do PLL com suas variáveis
internas (senóides). Dependendo do modelo adotado, o PLL produz um conjunto de senóides
unitárias que podem estar em fase ou ortogonais às tensões medidas. Em [145] também foi
proposto um modelo PLL para sistemas monofásicos.
Entretanto, sob condições de distorção das formas de onda e assimetrias das tensões de
entrada, os modelos propostos ainda necessitavam de algum tipo de filtro para auxiliar na con-
vergência e garantir bons resultados na identificação da freqüência, especialmente os modelos
trifásicos [131, 145].
Um estudo detalhado destas estruturas de PLL mostrou que a necessidade de tal filtro não
é uma mera questão de ajuste às condições não-senoidais ou desequilibradas, mas sim uma
exigência dos modelos anteriores. A presença de tal filtro é uma premissa para garantir a orto-
gonalidade necessária ao funcionamento do PLL. No caso bastante especı́fico da implementação
de um PLL trifásico, onde as tensões medidas são senoidais e balanceadas, o efeito da presença
do filtro não é notado. No entanto, esta condição não pode ser expandida para o caso geral.
Assim, um novo modelo foi proposto com base em propriedades da álgebra vetorial e na
definição teórica de ortogonalidade entre funções temporais. Uma vez que a precisão e resposta
dinâmica do PLL estão relacionadas com o projeto de seu regulador proporcional-integral (PI),
também será discutida a metodologia de ajuste dos ganhos deste PI, bem como aspectos práticos
de sua implementação em sistemas discretos.
sendo os mesmos ditos vetores ortogonais (⊥) em um dado intervalo de tempo (t1 ≤ t ≤ t2 ),
com respeito a uma determinada função peso (w(t) > 0), se e somente se:
Z t2
v ⊥u ⇔ w(t) . (v (t) · u(t)) dt = 0 . (4.29)
t1
1
Assumindo a função peso como sendo o inverso do perı́odo de integração (w(t) = t2 −t 1
),
então a equação anterior pode ser reescrita como:
Z t2
1
dp = v · u ⊥ ≡ v (t) · u(t) dt = 0 , (4.30)
t 2 − t 1 t1
o que significa que a média do produto escalar entre dois vetores ortogonais deve ser sempre
nula, independentemente das suas amplitudes relativas ou formas de onda.
Como mencionado nos Capı́tulos 2 e 3, no caso de sinais periódicos, tais como funções
trigonométricas, a condição de ortogonalidade pode ser aplicada ao perı́odo T :
Z
1 t2
dp = v · u ⊥ ≡ v (t) · u(t) dt = 0 (4.31)
T t2 −T
e considerando um PLL digital, a expressão anterior pode ser implementada como a soma
discreta:
N m
1 X X
dp[k] = v · u ⊥ [k] ≡ { vl [k − c∆].ul [k − c∆]} = 0 , (4.32)
N ∆ c=1 l=1
Destaca-se que a equação anterior também pode ser interpretada como um filtro de média
móvel [110], e representa um método simples e eficiente para calcular o valor médio de valores
ou grandezas temporais.
Neste modelo, enquanto o algoritmo do PLL busca sintetizar a senóide unitária para sa-
tisfazer a condição de ortogonalidade com a tensão medida (vm ), o regulador PI converte o
erro do produto escalar (dperro ) em um sinal de correção da freqüência (∆ω), possibilitando a
identificação correta da freqüência do sinal de entrada (ω). Para melhorar a resposta dinâmica
inicial do PLL, a variável (ωf f = 2πfn ) é utilizada como valor de inicialização, sendo fn a
freqüência nominal do sistema em Hz.
PI ωf f I Atraso +π
dp∗ = 0 dperro ∆ω ω θ
KI +s.KP 1 1
+ + s 1+s.Ta
+ s
-
−π
1
PT
T 0
ω
dp u⊥ θ
v · u⊥ sen(θ)
vm
Mais adiante será apresentada e discutida uma estrutura de PLL trifásico, a qual, em
determinadas condições, pode ser interessante. Entretanto é importante destacar que mesmo
em aplicações trifásicas o modelo monofásico é perfeitamente capaz de fornecer a freqüência de
interesse (ω), uma vez que esta é a mesma para as outras fases do sistema. No que se refere
PSfrag
ao ângulo replacementsse o 1φ-PLL for aplicado sobre a fase “a”, por exemplo, os ângulos
de sincronismo,
de sincronia com as fases “b” e “c” podem ser obtidos como no diagrama da Figura 4.20, o
0 0 0
qual ilustra um gerador de senóides unitárias (ua , ub , uc ) sincronizadas com as tensões nas fases
a, b, c:
π
2
0
ua
θ φ sen(φ) 0
+ sen(φ − 4π
3
) ub
sen(φ − 2π
3
) 0
uc
a média sob o intervalo correto. A segunda técnica, ao identificar o desvio da freqüência do seu
valor nominal, altera a freqüência de amostragem do sistema digital, de forma que o número
de amostras em um ciclo T , seja sempre constante e igual a “N”, ou seja:
1 ω
fa = = N. . (4.34)
Ta 2π
Como a freqüência da rede normalmente apresenta pequenas variações em torno do seu valor
nominal, pode ocorrer que ao utilizar a primeira estratégia de adaptação, o número de amos-
tras calculado para o novo perı́odo seja uma dı́zima, dificultando ou limitando a atuação do
sistema. Por outro lado, utilizando a técnica de alterar a freqüência de amostragem, o número
de amostras do ciclo pode ser mantido constante com bastante precisão. Além disto, pequenas
variações na freqüência de amostragem não trazem prejuı́zos ao PLL ou aos outros algoritmos
digitais utilizados neste trabalho e por estas razões, foi a estratégia escolhida para ajustar o
filtro de média móvel.
A alteração da taxa de amostragem pode ser implementada com facilidade no DSP utilizado
(ADMC401), uma vez que é possı́vel a atualização em tempo real de uma variável (registrador
PWMTM) dedicado à definição do intervalo de amostragem (Ta ). Entretanto, deve-se levar em
conta que a mudança de Ta pode afetar os coeficientes de outros filtros ou reguladores baseados
nessa taxa de amostragem.
Aqui vale destacar que este algoritmo de adaptação da freqüência de amostragem é im-
portante não apenas para o funcionamento do PLL proposto, mas também para manter a
sintonia do filtro FIR (SDF) e do algoritmo de cálculo da seqüência positiva discutidos nas
seções anteriores.
Ainda sobre o filtro de média móvel, também é importante ressaltar que se sub-harmônicas
(modulações de freqüência inferior a da fundamental) forem esperadas, o filtro de média deveria
ser realizado sobre um perı́odo (T ) maior que um ciclo da fundamental (de acordo com a mı́nima
freqüência que se deseje garantir imunidade).
1
[u(t) − u(t − T )] ,
h(t) = (4.37)
T
onde u(t) define uma função degrau unitário.
Desta forma, o filtro de média móvel pode ser representado no domı́nio de Laplace como
sendo:
1 − e−sT
Hf ilter (s) =. (4.38)
sT
Entretanto, tal função de transferência não-linear pode ainda ser simplificada através da
utilização da Série de Taylor, resultando na aproximação linear descrita em (4.39). Além disto,
uma vez que os valores dos termos de ordem maiores que 1 são relativamente pequenos em
60Hz (em relação aos termos de ordem 0 e 1), os mesmos podem ser desprezados de forma que
a função de transferência do filtro resulte em um ganho praticamente constante e unitário, não
influenciando na função de transferência global do PLL [145].
2 (sT )3
1 − [1 − sT + (sT2!) − 3!
...] ∼
Hf ilter (s) = =1. (4.39)
sT
Uma vez que ωn é usado apenas no processo de inicialização do PLL (Figura 4.19), a função
ou planta a ser controlada pelo regulador PI é constituı́da apenas pelo integrador ( 1s ) e pelo
atraso digital, de forma que as funções transferência de malha aberta (Hma ) e malha fechada
(Hmf ) do sistema resultam respectivamente:
KI + s.KP 1 1
Hma (s) = P I(s) · Hplanta (s) = ( ).( ).( ) (4.40)
s s 1 + s.Ta
e
Vários métodos de ajuste dos ganhos do PI poderiam ser aplicados [138, 145, 152, 153]. No
entanto, com a consideração de altas freqüências de amostragem, ou seja, pequenos valores de
Ta , o sistema de terceira ordem (4.41) pode ser reduzido para forma canônica de segunda ordem
como em (4.42), sem influenciar ou prejudicar a controlabilidade do sistema.
2ξωn s + ωn2 KP s + K I
Hmf (s) = 2 2
= 2 . (4.42)
s + 2ξωn s + ωn s + KP s + K I
Tal consideração é possı́vel uma vez que o pólo relativo à função “atraso digital”, posici-
onado no semi-plano esquerdo do plano-s, está relativamente distante da origem e dos outros
dois pólos da função de transferência (4.41) e, portanto, pode ser desconsiderado [152, 153].
Desta forma, os ganhos do regulador PI podem ser ajustados de acordo com a equação
anterior, resultando:
Por exemplo, considerando um projeto onde a freqüência de malha fechado fosse definida
por ωn = 45rad/s e ξ = 0, 707, o diagram de Bode e a resposta ao degrau da equação de
segunda ordem (4.42) seriam como nas Figuras 4.22 e 4.23, respectivamente. Neste caso, o
ganho proporcional calculado foi KP = 64, enquanto o ganho integral foi KI = 2, 025.
Observando a Figura 4.22 pode-se notar que a resposta em freqüência do PLL funciona
como um filtro passa-baixas, minimizando o impacto das freqüências de entrada fora da faixa
Resposta em Frequência
5
0
Magnitude (dB)
−5
−10
−25
0
Phase (deg)
−45
−90
0 1 2 3
10 10 10 10
Frequência em rad/s
Resposta ao Degrau
1.4
1.2
0.8
Amplitude
0.6
0.4
0.2
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
Tempo(s)
de interesse. Por exemplo, freqüências de 120Hz (754 rad/s) seriam atenuadas de aproximada-
mente 22dB. Portanto, quanto menor a freqüência de malha fechada (ωn ), menos sensı́vel será
o PLL a ruı́dos ou distorções harmônicas do sinal de entrada. Como pode ser observado na
Figura 4.24, se ωn for reduzido à metade, a atenuação em 120Hz passaria para 27,5 dB (5,5 dB
a menos do que no caso anterior).
Resposta em Frequência
10
0
Magnitude (dB)
−10
−30
0
Phase (deg)
−45
−90
0 1 2 3
10 10 Frequência em rad/s 10 10
Portanto, destaca-se que o ajuste dos ganhos do controlador PI deve ser cuidadoso e deve
ser baseado na necessidade de cada aplicação final, seja ela, monitoração da freqüência para fins
de análise, aplicações em condicionamento de energia (filtros ativos, UPS, dispositivos FACTS),
bem como no nı́vel de ruı́do ou distorção esperado em tal aplicação.
Resposta ao Degrau
1.4
1.2
0.8
Amplitude
0.6
0.4
0.2
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
Tempo(s)
Para ilustrar o funcionamento do PLL monofásico proposto, a Figura 4.26 mostra o desem-
penho no caso de ωn = 20rad/s e ξ = 0, 707 e uma tensão de entrada distorcida em 15% de 7o
harmônico. A figura mostra a entrada (v), a senóide ortogonal (u) e o argumento θ variando
entre 0 ≤ θ ≤ 2π.
Na Figura 4.27, além da tensão de entrada e da senóide unitária, também estão indicados a
freqüência angular ω, a qual converge para o valor correto em menos de dois ciclos, bem como
o produto escalar (dp) e seu valor médio, o qual converge para zero devido à ação do regulador
PI. Destaca-se que, neste caso, a convergência é mais rápida do que a estimada na Figura 4.25,
simplesmente porque o PLL foi inicializado já com o valor nominal ωf f = 2πfn rad/s, onde fn
é a freqüência nominal do sistema (60Hz).
Notar que em momento algum da análise do PLL proposto foi necessário vincular o modelo
a eventuais definições de potências instantâneas.
O PLL trifásico analisado pode ser representado pela Figura 4.28. Como discutido em [145],
seu modelo simplificado e sua função de transferência resultam exatamente iguais às do modelo
monofásico proposto na Figura 4.21. Desta forma, tanto o critério de projeto dos ganhos do
regulador PI, quanto as análises de estabilidade dinâmica são válidas para os dois modelos.
Entretanto, no caso das tensões medidas serem senoidais e balanceadas, uma caracterı́stica
bastante conveniente deve ser destacada. Nesta situação, o valor médio do produto escalar (dp)
entre o vetor das tensões medidas (v) e das senóides ortogonais (u⊥ ) resulta constante mesmo
sem a necessidade do filtro de média móvel discutido na seção anterior. Desta forma, apenas
o regulador PI é necessário para garantir a ortogonalidade entre os sinais de entrada do PLL e
as senóides digitais.
Tal condição é válida mesmo considerando pequenas distorções ou desequilı́brios das tensões,
isto porque, de acordo com o projeto do regulador PI, este funciona como uma espécie de fil-
tro passa-baixas (bem como o filtro de média) e consegue minimizar a influência de pequenos
distúrbios na tensão medida.
PI ωf f +π
I Atraso
dp∗ = 0 dperro ∆ω ω 1 1
θ
KI +s.KP
+ + s 1+s.Ta
+ s
-
PT −π
1
T 0
ua⊥
ω sen(θ) θ
dp ub⊥
v · u⊥ sen(θ − 120o )
uc⊥ sen(θ − 240o )
va vb vc
É exatamente baseado nesta condição anterior que surge a relação com as definições de
potência instantânea. Considere que as senóides unitárias possam ser associadas à grandeza
corrente elétrica, o produto escalar entre as duas resultaria exatamente no valor da “potência
instantânea”. Considere ainda que o argumento de saı́da do PLL (θ) possa ser deslocado de
±90o , o resultado do produto escalar poderia ser equivalente a uma potência ativa ou reativa
(imaginária) instantânea, fazendo com que o argumento θ fosse ortogonal ou em fase as tensões
medidas. Como a associação de u⊥ com correntes é uma mera conveniência, tais corrente e
potências resultantes foram chamadas de fictı́cias em [147, 145].
Detalhes sobre em quais situações o filtro de média poderia ser evitado e em quais seu uso é
obrigatório, podem ser encontrados em [150, 151]. As discussões são basicamente relacionadas
com as condições das tensões medidas.
Portanto, assim como no caso do PLL monofásico proposto, um modelo geral e robusto para
o PLL trifásico também deveria conter o filtro de média sobre dp, o que torna o modelo trifásico
menos interessante, já que requer a medida das três tensões e maior complexidade computaci-
onal (maior número de operações e o cálculo de dois senos a mais do que no caso monofásico).
Além disso, como demonstrado na seção anterior, o modelo do PLL pode ser explicado baseado
puramente em conceitos da álgebra vetorial, especialmente o de ortogonalidade e não requer as
associações com grandezas elétricas.
Para ilustrar o funcionamento do PLL trifásico, as próximas figuras apresentam uma si-
Para avaliar a resposta do PLL a distúrbios na tensão de entrada ou mesmo a uma transição
brusca da freqüência, foi utilizado uma fonte de tensão programável (California Instruments).
A Figura 4.32 apresenta a tensão de entrada do PLL e a senóide unitária, já sincronizada com
a entrada. Observar que uma variação na amplitude da entrada (traço menor) não afeta o
desempenho do PLL.
Já no caso da Figura 4.33, a fonte foi ajustada para fornecer um degrau de freqüência de 50
para 60Hz em um determinado instante. Observar que com as tensões de entrada senoidais, o
PLL foi capaz de rastrear o novo valor da freqüência em aproximadamente um ciclo da tensão
(o traço contı́nuo representa a freqüência ω em rad/s).
50 Hz 6 0 Hz
• uma vez que a freqüência angular nominal é normalmente conhecida (ωn ), é recomendável
limitar a saı́da do regulador PI (ω) dentro de uma faixa apropriada, por exemplo, um
percentual da freqüência nominal. Esta preocupação deve minimizar instabilidades tran-
sitórias, ou mesmo que o sistema estabilize em um ponto indesejado;
• sempre que possı́vel, utilizar reguladores PI com parte integral auto-ajustável, ou seja,
algoritmos de anti-windup [152], os quais durante transitórios da entrada, priorizam a ação
proporcional do regulador e limitam a parte integral, para depois reajustar os limites da
ação integral em condições de regime permanente (tal algoritmo será discutido no Capı́tulo
6).
Considerando a segunda recomendação, deve-se destacar que o limite escolhido para limitar
a saı́da do regulador PI pode afetar a dinâmica do sistema. Observar que na inicialização de
um PLL com limitador em 10% no valor de ω, o sistema levou aproximadamente 30ms (Figura
4.34). Por outro lado, se o limitador for ainda mais estreito, por exemplo, 2% no valor de ω, o
sistema pode levar mais de 80ms (Figura 4.35). O traço superior das figuras representa o valor
de ω após o limitador, o traço do centro é o erro do produto escalar (dperro ) e o traço inferior
representa o argumento ou ângulo de saı́da (θ) do PLL.
F) Discussão
No contexto das decomposições de sinais propostas, esta última seção apresentou a discussão
de possı́veis modelos de PLL, apresentou e discutiu o modelo monofásico como o caso geral para
as aplicações de interesse, bem como critérios de projeto e análise. Resultados de simulação e
experimentais validaram as discussões.
Considerando o uso de um dos modelos propostos de PLL, ficaria então solucionado o pro-
blema das decomposições 1 e 2 (as quais utilizam filtro FIR), quanto à sensibilidade a variações
de freqüência.
Destaca-se que os modelos propostos não resultam de nenhuma associação com grandezas de
corrente e potência, mas simplesmente de conceitos de ortogonalidade entre vetores, o que pode
significar que os modelos seriam mais facilmente assimilados por estudiosos de outras áreas que
Figura 4.34: Saı́da do PI (ω) limitada em ±10% (traço superior), erro (traço intermediário) e
fase (traço inferior).
Figura 4.35: Saı́da do PI (ω) limitada em ±2% (traço superior), erro (traço intermediário) e
fase (traço inferior).
Portanto, destaca-se que, apesar da abordagem discutida fazer referência a tensões me-
didas, os mesmos princı́pios podem ser aplicados a qualquer outro sinal de entrada. Em [82]
por exemplo, o autor propõe a utilização de um PLL para sincronismo com as correntes medidas.
Por fim, uma vez discutidos e avaliados os modelos dos PLL propostos, a próxima seção
apresenta uma proposta de Detector de Seqüência Positiva, o qual utiliza um 1φ-PLL e, apesar
de apresentar os mesmos resultados em regime permanente do método de Fortescue, não é
diretamente baseado no mesmo.
No caso da decomposição baseada na TDF modificada, o PLL descrito na seção anterior po-
deria ser utilizado para garantir a precisão do método sob variações de freqüência. No entanto,
um novo Detector de Seqüência Positiva (PSD, de Positive Sequence Detector ) ainda poderia
ser proposto como ilustrado na Figura 4.36.
ω
v +
sin(θ + 90°) a1
PLL θ sin(θ −120° + 90°) k.u v +
b1
sin(θ − 240° + 90°)
v +
k c1
2
PSD
3
ua ub uc
va x
vb
vc
v⋅u 1T
T∑
0
ω
Figura 4.36: Detector de Seqüência Positiva (PSD).
Vamos considerar um sistema multi-dimensional (trifásico por exemplo), onde o PLL mo-
nofásico fosse aplicado à fase “a” das tensões. A implementação do PSD inicia-se com o avanço
do argumento de saı́da do PLL (θ) em 90o , resultando no ângulo de sincronia desta respectiva
fase (φa = θ + 90o ). Em seguida, através do gerador de senóides de sincronia apresentado na
Figura 4.20, define-se um conjunto (vetor) balanceado de senóides unitárias em fase com as
tensões trifásicas medidas.
ua sin(θ + 90◦ )
u = ub = sin(θ − 120◦ + 90◦ ) . (4.44)
uc sin(θ − 240◦ + 90◦ )
Na seqüência, o produto escalar entre o vetor u e o vetor das tensões medidas v é efetuado.
De acordo com as condições da tensão medida, tal operação pode resultar em uma parcela
média e outra oscilatória (x = x + x
e), onde a parte média, com o devido fator de escala, define
a amplitude das componentes de seqüência positiva das variáveis medidas.
Desta forma, o vetor de seqüência positiva das tensões pode ser definido no domı́nio do
tempo por:
+
va1 ua sin(θ + 90)
v+
1 =
vb1
+
= k . ub = k . sin(θ − 120 + 90) , (4.45)
+
vc1 uc sin(θ − 240 + 90)
Usando tal metodologia, a dinâmica do detector de seqüência positiva é afetada apenas pela
dinâmica do PLL e do filtro de média móvel e, como será demonstrado, tal dinâmica pode ser
ajustada para um perı́odo da freqüência fundamental.
Para validar o detector proposto por meio de simulações no SimCad, a Figura 4.37 apresenta
as tensões de um sistema assimétrico, onde as tensões das fases “b” e “c” são respectivamente
15% e 30% menores do que a fase “a” (1pu). Na mesma figura também estão apresentadas as
componentes de seqüência positiva (traço inferior), bem como o valor de k, o qual inicialmente
vale k = (1 + 0, 85 + 0, 70)/3 = 0, 85 (traço do meio) e após um afundamento trifásico de 50%,
converge para seu novo valor k = 0, 425. Como pode ser observado, o tempo de acomodação
do PSD é de aproximadamente 1 ciclo.
Na Figura 4.38, além da assimetria do caso anterior, as tensões de entrada ainda apresentavam-
se distorcidas respectivamente com 10% de 5o , 7o e 3o harmônicos. Como pode ser observado,
em apenas 1 ciclo o PSD converge para o valor correto da seqüência positiva.
O PSD proposto também foi avaliado através de sua implementação no Monitor Digital de
Qualidade de Energia (MDQEE) mencionado [24, 15] e resultados experimentais foram obtidos
utilizando uma fonte programável de potência (California Instruments). Na Figura 4.39, em
um determinado instante, as tensões das fases “b” e “c” sofreram uma redução de 30% e 15%,
respectivamente. Neste caso, o PSD mantém a dinâmica esperada e converge em apenas um
ciclo da fundamental.
Figura 4.40: Resultado experimental do PSD durante transitório e com tensões distorcidas.
A) Discussão
Ao contrário dos detectores tradicionais, destaca-se que, com exceção do filtro de média
móvel, o PSD proposto não necessita de nenhum outro tipo de filtro nas variáveis medidas e,
por utilizar o PLL em seu algoritmo, ainda é imune a eventuais variações na freqüência do
Desta forma, a Decomposição 2 poderia ser implementada diretamente através das grande-
zas medidas, sem a necessidade da identificação das componentes fundamentais (Decomposição
1), o que, em determinadas aplicações, pode ser interessante.
Assim, conclui-se que o PSD proposto é uma alternativa interessante para aplicações em
qualidade e condicionamento de energia (QEE e CEE).
Quanto à realização computacional da Decomposição 3, pouco precisa ser dito, uma vez que
é baseada em uma formulação matemática simples e de implementação direta. A seguir são
apresentados apenas alguns comentários sobre sua implementação.
onde as tensões e correntes nos “m” respectivos condutores são as amostras obtidas pelo con-
versor AD do DSP para cada uma das “m” grandezas.
Em aplicações com DSPs de ponto fixo, é usual tentar evitar o uso de operações de divisão.
No entanto, considerando o DSP utilizado, esta operação é realizada através de uma rotina
padrão e não representa problemas computacionais ou de precisão. Por outro lado, cuidado
deve ser tomado no escalonamento das variáveis, para que a realização da equação anterior não
resulte em saturações.
1
R tk
P P T
. tk −T a
v [k]ia [k] + vb [k]ib [k] + · · · + vm [k]im [k] dt
Ga [k] = 2
= 2 = R t . (4.48)
kV k VΣ 1
. tkk−T va [k]2 + vb [k]2 + · · · + vm [k]2 dt
T
Em tais condições, as estratégias mais comuns para minimizar os impactos das quantizações
sobre a estabilidade e desempenho do sistema a ser implementado são [110]:
• Evitar sistemas de ordem maiores do que 2, o que pode ser feito quebrando sistemas de
ordem elevada em vários sistemas de primeira e segunda ordem, conectados em cascata
ou em paralelo;
• Escolher a melhor forma para realização do sistema discreto, seja Forma Direta I ou II
(DFI, DFII) ou ainda, Forma Transposta I ou II (DFIt, DFIIt);
Entretanto, mesmo tomando tais cuidados, muitas vezes não é possı́vel obter um sistema
estável ou com a precisão necessária ou factı́vel com a capacidade computacional disponı́vel,
obrigando a escolha de soluções mais complexas, baseadas por exemplo, em técnicas de oti-
mização multi-dimensionais não-lineares para os coeficientes dos filtros, o que de modo geral
não é desejável.
∞
X
Xγ (γ) = x[k](∆γ + 1)−k . (4.54)
k=−∞
Im
pólos
z e r os
R e
0
&
' (
D om í n i o- γ
A posição relativa dos pólos e zeros no plano-γ depende do valor do parâmetro ∆. Consi-
derando o problema do agrupamento de pólos no Domı́nio-z, em função dos efeitos das quan-
tizações, os elementos agrupados em torno de z = 1 são espalhados na região próxima a γ = 0.
O espalhamento aumenta conforme o valor de ∆ diminui.
¯
¯
zXz (z) = (∆γ + 1)Xγ (γ) ¯γ= z−1 (4.56)
∆
ou
x[k + 1] − x[k]
−→γ γXγ (γ) . (4.58)
∆
Baseado em (4.58), define-se o “operador delta” δ{} como:
x[k + 1] − x[k]
δ{x[k]} = , (4.59)
∆
o qual é responsável pela realização da Transformada-γ:
Yγ (γ) β0 + β1 γ −1 + β2 γ −2 + · · · + βn γ −n
Hγ (γ) = = . (4.62)
Xγ (γ) α0 + α1 γ −1 + α2 γ −2 + · · · + αn γ −n
Assim como (4.59) pode ser vista como uma função derivada antecipativa, é interessante
observar que (4.68) pode ser interpretada como uma função de integração causal.
e desta forma, a seqüência de saı́da {y[k]} de um sistema no Domı́nio-γ pode ser calculado a
partir das amostras da entrada {x[k]}, de uma forma completamente distinta daquela utilizada
em (4.6). Para ilustrar tal procedimento, a próxima seção apresenta a realização de um sistema
de segunda ordem.
xk yk
Q + Q
β0 1/α0
o1
δ −1
i1
Q + Q
β1 − α1
o2
δ −1
i2
β2 −α2
Q + Q
Nesta figura, os blocos com sı́mbolo “Q” representam os efeitos de quantização relativos aos
truncamentos, arredondamentos e saturações. As variáveis intermediárias de entrada i e saı́da
o são definidas como:
Quanto aos coeficientes do sistema no plano-γ, a Tabela I mostra como calculá-los a par-
tir dos coeficientes da equação discreta no Domı́nio-z (4.6). Notar que a relação depende do
parâmetro ∆, o qual deve ser ajustado para mapear os dois sistemas, minimizando a sensibili-
dade aos efeitos de quantização.
Tabela 4.1: Sistema de segunda ordem: relação entre os coeficientes nos planos “z” e “γ”.
β0 = b0 α0 = a0
2b0 +b1 2a0 +a1
β1 = ∆
α1 = ∆
b0 +b1 +b2 a0 +a1 +a2
β2 = ∆2
α2 = ∆2
Para validar a implementação dos filtros digitais através da Transformada-γ, o mesmo filtro
rejeita-faixa (60 Hz, fc = 2 Hz, fa = 12 kHz), discutido na primeira seção deste capı́tulo,
foi implementado utilizando a equação (4.71). Os coeficientes do filtro foram transformados
1
segundo a Tabela 4.1, com um parâmetro ∆ = 32 .
A Figura 4.45 mostra que mesmo reduzindo o número de bits para 12, a resposta do filtro
ainda poderia ser considerada satisfatória (32db de atenuação em 60 Hz).
Uma vez feita a avaliação do filtro rejeita-faixa por meio de simulações discretas em MatLab,
o mesmo também foi implementado e avaliado experimentalmente no DSP ADMC401 de 16
bits. A Figura 4.46 ilustra o procedimento de identificação da fundamental de uma onda quase-
quadrada, primeiro pelo filtro baseado na Transformada-z (Figura 4.46(a)) e depois utilizando
a realização da Transformada-γ (Figura 4.46(b)). Observar que a realização em “z” resulta
fora de fase e com atenuação incorreta, enquanto a realização em “γ” resulta exatamente como
desejado.
−10
Magnitude (dB) Atenuação em fo −> −35 dB
−20
−30
−40
50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70
100
50
Fase (graus)
Fase em fo −> 0º
0
−50
−100
50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70
Frequência (Hz)
1.5
0.8 1
0.6
0.4 0.5
Amplitude
0.2
Amplitude
0 0
−0.2
−0.4 −0.5
−0.6
−0.8 −1
−1
−1.5
0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4 0.35 0.355 0.36 0.365 0.37 0.375 0.38 0.385 0.39 0.395 0.4
Tempo (s) Tempo (s)
10
0
Magnitude (dB)
−10
Atenuação em fo −> −32 dB
−20
−30
−40
50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70
100
50
Fase em fo −> 0º
Fase (graus)
−50
−100
50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70
Frequência (Hz)
Em [114] um filtro passa-banda implementado através do operador delta também foi utili-
zado no controle de um filtro ativo paralelo.
0 20
Magnitude (dB)
Magnitude (dB)
−10 0
−20 −20
Atenuação em fo −> −24 dB Atenuação em fo −> −43 dB
−30 −40
−40 −60
56 57 58 59 60 61 62 63 64 56 57 58 59 60 61 62 63 64
100 100
Fase (graus)
50 50
Fase (graus)
−50 −50
−100 −100
56 57 58 59 60 61 62 63 64 56 57 58 59 60 61 62 63 64
Frequência (Hz) Frequência (Hz)
1 1
(a) ∆ = 2048 . (b) ∆ = 256 .
Figura 4.47: Resposta do filtro em função da variação do parâmetro ∆ (filtro ideal - traço
contı́nuo, filtro quantizado - tracejado).
Apesar de não ter sido abordado neste trabalho, destaca-se que a utilização de algum tipo
de regra de otimização deste parâmetro seria de extremo interesse.
Assim, comparando a realização das equações (4.80) e (4.6), é possı́vel observar que a com-
plexidade computacional da realização no Domı́nio-γ (5 multiplicações, 4 adições, 2 subtrações
4.6 Conclusão
Seja no contexto das definições de teoria de potência, de monitoração e condicionamento
de energia ou da metodologia seletiva proposta, é fundamental que, além das linhas gerais de
uma estratégia de decomposição, ou mesmo uma estratégia de controle de filtros ativos, as
ferramentas matemáticas e computacionais necessárias sejam discutidas.
Além do estudo detalhado dos filtros IIR, FIR e das possı́veis implementações da Transfor-
mada de Fortescue, este capı́tulo também propôs um modelo matemático de PLL monofásico,
bem como um Detector de Seqüência Positiva auto-ajustável a desvios de freqüência da rede.
Em geral, a escolha de um ou outro algoritmo deve ser feita baseada nas necessidades e
disponibilidades do objetivo final da implementação, ou seja: resposta dinâmica, estabilidade,
precisão em regime, complexidade computacional, número de bits, etc.
Neste contexto, atenção também foi dada aos efeitos das quantizações nos sistemas micro-
processados de aritmética de ponto-fixo e uma técnica de projeto pouco usual (Transformada-γ)
nas áreas de qualidade e condicionamento de energia foi apresentada e detalhada.
Os Filtros Ativos de Potência (FAP) são dispositivos eletrônicos que possibilitam a com-
pensação em tempo real dos distúrbios da rede, através de um conversor CC/CA, com ou sem
elementos armazenadores e/ou fornecedores de energia, conectado em um determinado ponto
do sistema elétrico [42, 83, 157, 158, 159].
Diversos relatos em paı́ses como EUA, Canadá, Japão, Alemanha, Chile, apresentam boas
experiências de instalação de filtros ativos em sistemas de distribuição. No Brasil, apesar de
ainda não ser uma prática adotada regularmente, indústrias e concessionárias de energia dão
sinais de interesse por tais equipamentos e algumas experiências já estão em avaliação.
Neste capı́tulo serão discutidos alguns subsı́dios básicos à implementação dos FAP, bem
como questões em torno da escolha da topologia mais adequada em função dos custos e res-
ponsabilidades associadas a cada tipo de distúrbio, destacando a importância da identificação
seletiva dos distúrbios, como proposto no Capı́tulo 3. Por fim, serão apresentados detalhes do
protótipo referente à topologia escolhida para avaliação experimental.
143
5 Condicionamento de Energia Elétrica através de Filtros Ativos de Potência
Portanto, uma teoria de potência pode e deve ser utilizadas como ferramenta importante
na compreensão dos fenômenos a serem tratados ou compensados, mas não precisa necessari-
amente estar vinculada ao fornecimento das variáveis de controle de um FAP. Destaca-se que
os fenômenos que deterioram a qualidade de energia, antes de se apresentarem em termos de
componentes de potência, estão presentes nas tensões e correntes do sistema e, portanto, podem
ser tratados considerando apenas tais variáveis [13, 14].
Sobretudo na década passada, a tecnologia dos IGBTs (Insulated Gate Bipolar Transistor )
passou a dominar as aplicações relacionadas com condicionamento de energia e filtros ativos.
Nos últimos anos, uma nova tecnologia tem despontado como promissora para as aplicações de
alta potência, a dos componentes IGCTs (Integrated Gate Controlled Thyristor ). As Tabelas
5.1 e 5.2 apresentam o valores tı́picos de tensão e corrente para tais componentes.
1200V 2400A
1700V 1800A
3300V 1200A
Como pode ser observado, a capacidade de operação dos dois componentes é bastante ele-
vada. No entanto, ainda requer atenção, principalmente no que diz respeito ao nı́vel de tensão e
às freqüências de chaveamento. É interessante observar que para aplicação de filtros ativos, por
4500V 2200A
5500V 1800A
6000V 6000A
exemplo, na alta tensão de sistemas de distribuição de energia, a tensão sobre cada componente
semicondutor ainda está longe do que seria necessário (15 kV). Em tais aplicações, normalmente
são utilizadas estruturas com transformadores elevadores de tensão ou conversores de potência
multinı́vel [159].
Além das vantagens mencionadas acima, é importante destacar que técnicas matematica-
mente sofisticadas, as quais dificilmente poderiam ser implementadas em sistemas analógicos,
se tornam relativamente simples em sistemas digitais. Além disto, uma estratégia de controle
ou um algoritmo de análise pode se modificado, atualizado ou substituı́do em função de novas
condições de aplicação, sem muita dificuldade.
de processamento digital de sinais, buscando atingir um controle preciso das variáveis envolvi-
das.
nos custos do mesmo. Tais sensores devem apresentar uma resposta em freqüência ampla
e plana, para que não prejudiquem a compensação das distorções de forma de onda das
correntes, especialmente porque, quando se trata da compensação de cargas não-lineares,
o espectro de freqüências da corrente pode ser bastante espalhado e conter componentes
de freqüências elevadas. Para o protótipo deste projeto, foram utilizados sensores de efeito
Hall. Entretanto, se a intenção fosse a fabricação em escala e com baixo custo, alternativas
envolvendo divisores resistivos e circuitos diferenciais ou opto-isoladores deveriam ser
consideradas para redução dos custos;
8. Filtros passivos de saı́da - Uma vez definidos os itens anteriores, a principal função
dos filtros de saı́da nos filtros ativos em paralelo é não deixar que sinais múltiplos da
freqüência de chaveamento se propaguem do filtro para o sistema elétrico. No entanto, o
projeto não adequado destes filtros pode impedir que as correntes de compensação emulem
suas referências, prejudicando os resultados da filtragem. Tais filtros são usualmente
projetados como circuitos L, LC ou mesmo RLC [173, 174];
10. Dinâmica - A dinâmica de um filtro ativo se relaciona com fatores como: a estratégia da
compensação, a técnica de controle e chaveamento utilizada, a freqüência de chaveamento,
o projeto dos filtros de saı́da, etc;
Neste contexto, o setor elétrico brasileiro vive exatamente o momento em que tais reco-
mendações e normas vem sendo discutidas e colocadas em vigência, através de organismos como
a ANEEL, o ONS, representantes das concessionárias de energia e consumidores de médio e
grande porte.
Com isso, surgem as questões: apesar da forte tendência no Brasil de se associar todos
problemas de qualidade de energia diretamente às concessionárias, que interesse teriam
as distribuidoras de energia em instalar dispositivos condicionadores com a finalidade
de garantir as condições adequadas da corrente (em geral filtros paralelos), já que estas
deveriam ser responsabilidade dos consumidores? No passado, esta ação se justificaria,
dentre outros pontos, pela redução das perdas nos sistemas elétricos, ampliando assim
suas capacidades e lucros financeiros, além do que a redução nos nı́veis de distorção
e assimetrias da corrente podem inclusive, agregar mais confiabilidade aos sistemas de
monitoração, controle e proteção das redes. Por outro lado, que interesse teriam os
consumidores industriais em instalar equipamentos para garantir os nı́veis adequados da
tensão de fornecimento (em geral filtros série), mesmo que possuam processos sensı́veis à
deterioração desta, se isto fosse definido como responsabilidade total das distribuidoras?
Portanto, assumindo que os distúrbios deveriam ser eliminados por seus responsáveis diretos,
sejam concessionárias ou consumidores (a não ser quando acordado entre as partes), alguns
comentários podem ser feitos sobre as três principais topologias de filtros ativos de potência
(paralelo, série e unificado).
Vale destacar que as cargas não-lineares industriais, em sua maioria, podem ser modeladas
como fontes de correntes harmônicas, e que nesses casos os filtros em paralelo podem ser uma
Fonte Linha iS iC
PAC
iF
Carga genérica
Linear / Não-linear / Sensível
LF
CC
C
Filtro Paralelo
solução bastante eficaz para desviar as correntes harmônicas, evitando sua propagação pela
rede. Por este motivo, a topologia paralela foi escolhida para implementação do protótipo ex-
perimental.
De certa forma, os filtros série podem ser considerados circuitos duais aos filtros paralelos.
Seu princı́pio de funcionamento é baseado na capacidade deste tipo de filtro injetar ou absorver,
através de transformadores de acoplamento com a rede, parcelas de tensão (vF ) que, associadas
com a tensão de um determinado PAC (vS ), podem propiciar nı́veis mais elevados de qualidade
e confiabilidade das tensões supridas (vC ) [3, 167, 177, 178, 179].
sistema elétrico, tem-se o esquema da topologia de filtros série 5.2. Notar que de acordo com a
estratégia de compensação, pode ser necessária uma fonte auxiliar de energia no elo CC.
Fonte Linha vS vF vC
Carga genérica
1:X Linear / Não-linear / Sensível
CC
C
Filtro Série
Assim como o que ocorre com os filtros paralelos, alguns fabricantes já comercializam fil-
tros ativos série, principalmente para solução de problemas bastante especı́ficos em instalações
muito sensı́veis ou muito distorcivas. Destacam-se as soluções baseadas nos chamados Restau-
radores Dinâmicos de Tensão (DVR, Dynamic Voltage Restorers) para aplicações em nı́veis de
distribuição.
Desta forma, acredita-se que esta topologia pode ser indicada para casos bastante especı́ficos
de compensação, por exemplo, se uma concessionária e um consumidor industrial negociarem
a instalação conjunta do dispositivo, assumindo que ambos possuem responsabilidade sobre a
manutenção da qualidade de energia em um determinado PAC, ou ainda, se uma concessionária
resolvesse fornecer a uma certa indústria, ou conjunto destas, nı́veis flexı́veis de qualidade de
energia (Custom Power ) [28]. Ou seja, com um dispositivo deste tipo, poder-se-ia expandir
o controle sobre as variáveis do sistema, fornecendo energia mais pura (maior qualidade) em
P A C
Fonte L i nh a iH + v I - iG
iF
1 :X
)*,+.-,*/-021!34+!5 6*
798,:#;2< 5 1!0,*4+>=@? 021BA!C DE0 <
LF
J J C
Filtro U n if ic ad o
determinados horários e menos pura em outros. Neste contexto, destacam-se os estudos sobre
o conceito de qualidade contratada.
Através da metodologia seletiva, um filtro paralelo pode ser desenvolvido para compensar
toda a corrente de distúrbio id ou apenas os reativos da freqüência fundamental i+ 1q , as assime-
trias da corrente fundamental iu1 , a corrente não-ativa in , as correntes residuais ires ou ainda
harmônicos especı́ficos, como será detalhado adiante. É óbvio que tal escolha influencia no
dimensionamento, complexidade e nos custos do filtro a ser implementado.
Comentários semelhante podem ser feitos em relação às topologias série e unificada, nas
quais, além das parcelas de correntes mencionadas, as componentes de tensão de distúrbio
vd , tensão residual vres , tensão de assimetria vu1 , etc., também poderiam ser definidas como
variáveis de controle dos filtros ativos.
Problema
Q E E
M et od olog i a S elet i v a
(Teoria de Potência)
R es p on s abi li d ad e
F i lt ros A t i v os
Paral el o S é rie
U nif icado
E s t rat é g i as d e
C omp en s aç ã o
A estrutura básica do protótipo e do sistema no qual o mesmo foi avaliado está descrito na
Figura 5.5. Basicamente, tal protótipo é constituı́do de conversor de potência, filtros passivos
de saı́da, placas de sensores e condicionamento dos sinais e um DSP para processamento e
controle das variáveis, como detalhado a seguir.
iU P A C
vL iN2L
vM iN#M
F ont e vT iN#T
Lp
RK
V a ria c 3 F
VW#XZY,W[Y4\4]^4X_ `,W
a _ ]B\4W#Xcb[dfe2gh4i _ ]B\4W#Xcbkjl\#]Bmn o\i
ou
F onte p rog ra m á vel CK i PBL
i P,M
i P2T
F i l t ro A t i vo P a ra l el o
iN2L iNOM vN4N
LK
vL
C Controle de vM
Corrente
Conversor
CC/ CA
i PBL i P2M kQBR2S D S P
• potência de 5,5kW;
• elo CC formado por associação de capacitores, resultando em 2.2mF para tensões de até
900V;
Observar que os sinais de controle para tal conversor estão no mesmo nı́vel de tensão da
saı́da do DSP (5V), evitando assim circuitos adicionais. Desta forma, os pinos de saı́da do
modulador PWM do DSP foram conectados diretamente aos pinos de entrada dos drivers do
conversor. Para conexão foram utilizados cabos blindados.
Além dos capacitores do elo CC, existe ainda a possibilidade de se conectar uma fonte
de energia auxiliar (renovável por exemplo), a qual possa suprir eventuais necessidades de
injeção de potência. O retificador conectado a este elo, também poderia ter a função de manter
carregados os capacitores, mas neste caso a tensão não poderia ultrapassar a tensão retificada
da rede e por não ser controlado, provocaria correntes distorcidas na instalação a montante.
B) Variac trifásico
Para representar a rede trifásica, optou-se por utilizar um Variac trifásico de 9kW para
emular o comportamento da rede. Esta opção garante mais segurança ao protótipo. No entanto,
não podemos deixar de considerar que a presença da reatância série inserida pelo mesmo no
circuito é muito mais elevada que a reatância do sistema de potência real, seja no primário ou
secundário dos sistemas de distribuição.
D) Cargas
Foram utilizadas cargas lineares e não-lineares para emular um PAC com baixo fator de
potência e elevada distorção harmônica.
Por outro lado, dado o uso do Variac trifásico ou da Fonte CA Programável e, conside-
rando que o nı́vel de curto-circuito emulado por estes equipamentos é muito menor do que
aquele provido por um sistema de fornecimento real, o ripple de corrente do conversor pode
se propagar para as tensões do PAC, deteriorando sua forma de onda, mesmo na presença do
filtro indutivo de saı́da. Assim, em determinados experimentos, fez-se necessário a utilização
do filtro RC indicado na Figura 5.5 (pontilhado), para emular um sistema com elevado nı́vel
de curto-circuito.
Uma vez que os sinais medidos devem ser enviados ao DSP, estes são devidamente limitados
entre ±2V (faixa admissı́vel ao conversor AD do ADMC401) e disponibilizados através de cabos
do tipo flat para conexão ao DSP. O circuito de proteção também foi projetado de forma que,
quando ocorre qualquer problema em um dos dois sistemas de medição (tensão ou corrente),
é gerado um sinal auxiliar de proteção, o qual também é enviado ao DSP para desabilitar o
acionamento das chaves (pino PWMTRIP do DSP).
Dois circuitos de tensão CC variável (sempre entre ±2V ) também foram implementados
através de potenciômetros de precisão de forma a possibilitarem a aquisição de dois “ganhos
externos variáveis” (Kext ), os quais podem ser utilizados, por exemplo, para ajuste fino dos
ganhos de um controlador de corrente.
Para medida das correntes, foram utilizados sensores de efeito Hall (LA55-P, do fabricante
LEM), os quais possuem uma boa banda passante (200 kHz) e permitem ajuste no valor da
tensão de saı́da de acordo com as necessidades do projeto.
Para as tensões, foram avaliados circuitos com medida diferencial simples, bem como divi-
sores resistivos opto-isolados (HCPL7800a) e sensores de efeito Hall (LV-25P, LEM).
A Figura 5.6(a) mostra a comparação da saı́da dos circuitos de sensoriamento com entrada
nula, usando sensores Hall LV25-P (Ch1), circuito opto-isolado (Ch2), circuito diferencial (Ch3)
e a entrada (Ch4). Observar que a escala de tempo se encontra em 10µs e, assim sendo, o ruı́do
da entrada é de alta freqüência, bem como aquele da saı́da do circuito com o sensor Hall. A
saı́da do circuito diferencial apresenta um bom resultado, principalmente porque pelo seu fun-
cionamento, já exclui um pouco deste ruı́do da entrada nula e embora pareça introduzir uma
baixa freqüência na medida, isto não é verdade dada a escala de tempo utilizada. No caso do
circuito opto-isolado, a saı́da apresenta um ruı́do diferente daquele da entrada, o qual tem sua
origem no próprio componente e em seu circuito isolado de alimentação (bastante sensı́vel).
Na Figura 5.6(b) temos a mesma comparação, mas agora no cruzamento por zero de uma
entrada senoidal para os circuitos. A seqüência das figuras de cima para baixo representa a
saı́da do circuito opto-isolado, o sinal original, a saı́da do sensor Hall e a saı́da diferencial.
A Figura 5.6(c) mostra que de modo geral, para muitas das aplicações envolvidas, as di-
ferenças mencionadas anteriormente não seriam perceptı́veis, ou seja, o resultado usando um
ou outro sistema é muito semelhante. No entanto, deve-se ter pleno conhecimento da resposta
dos circuitos envolvidos, uma vez que, em determinadas aplicações ou estratégias de controle,
esta pode influenciar tanto na estabilidade quando na dinâmica do sistema como um todo. No
protótipo desenvolvido optou-se pela utilização do sensor Hall (LV-25P), o qual apresentou boa
Figura 5.6: Comparação dos circuitos de sensoriamento de tensão (LEM x Diferencial x Opto-
isolado).
O fator de escala ou de transformação do LA-55P é de 2000:1, o que significa que sua saı́da
em corrente tem uma amplitude 2000 vezes menor do que a corrente medida. Tal corrente de
saı́da é então convertida em tensão através de um resistor de medida (Rm ), a qual vai para
um circuito de condicionamento de ganho unitário (TL084) e, finalmente, é limitado dentro da
faixa de interesse de ±2V (detalhes no Apêndice 02).
1
KSI = 4 . KLA−55P . Rm . KT L084 = 4 . . 82 . 1 = 0, 164 (5.1)
2000
o que significa que com uma corrente de ±12, 2A no circuito de potência, teremos um sinal da
placa de condicionamento para o DSP com ±2V :
Assim, o ganho dos sensores de fase (KSV abc ) foram definidos de forma que com ±200V de
tensão, a saı́da para o DSP ficasse entre ±2V , o que equivale a
2V
KSV abc = = 0, 01 . (5.3)
200V
Já no caso do sensor da tensão do elo CC, o qual deve atingir valores superiores aos 450V
mencionados, o valor definido como fundo de escala foi 628V, portanto:
2V
KSV cc = = 0, 00318 . (5.4)
628V
[182].
A mesma estratégia foi adotada na medida das tensões, uma vez que a medida foi realizada
como descrito no Capı́tulo 3, em relação a um ponto de referência virtual e portanto, também
devem somar zero instantaneamente. Além disto, ainda foi realizada a medida da tensão do elo
CC.
Portanto, foram utilizados 4 sensores para as correntes, 2 sensores para as tensões de fase e
um sensor para a tensão CC, como descrito na Figura 5.5.
Para a implementação do filtro ativo, tal DSP representa uma ferramenta poderosa, com ca-
pacidade de processamento de 26 MIPS (26 milhões de instruções por segundo), com conversor
AD de 8 canais (±2V , 2µs por canal) e módulo PWM integrados à unidade de processamento
(ADSP-2171). Na placa de desenvolvimento do kit também haviam disponı́veis pinos de entra-
das e saı́das auxiliares, conversor DA, pino de proteção (PWMTRIP), comunicação serial, etc.
Além disto, a escolha por este sistema também se baseou na simplificação de sua linguagem de
programação, a qual é um tipo de Assembly com funções de linguagens de alto nı́vel.
Isto resulta em um sistema normalizado como quando utilizando variáveis por-unidade (pu).
Portanto, deve-se observar que os ±2V na entrada do DSP (conversor AD), são convertidos
para um valor digital correspondente a ±1pu, o qual, em nı́veis digitais, representa um valor
igual a 215 .
1pu
KAD = = 0, 5 . (5.5)
2V
Assim, tomando por exemplo um valor de tensão de fase igual a 180V, terı́amos um valor
digital no respectivo registrador do DSP, dado por:
5.5 Conclusão
Neste capı́tulo foram discutidos os subsı́dios fundamentais para implementação de filtros
ativos, bem como aspectos técnicos, econômicos e regulatórios relacionados à escolha de uma
ou outra topologia de filtro ativo para solução de problemas de QEE.
Neste contexto, considerando que os problemas de deterioração da QEE devam ser soluci-
onados pelos responsáveis por seu aparecimento, sejam consumidores (cargas) ou fornecedores
(concessionárias) e considerando que boa parte dos fenômenos têm origem nas cargas indus-
triais, as quais normalmente representam fontes de correntes, optou-se pela implementação de
um filtro ativo paralelo para demonstrar os resultados de algumas técnicas de compensação.
Como mencionado no primeiro capı́tulo, um dos objetivos deste trabalho é discutir e de-
monstrar como algumas das técnicas de processamento digital de sinais apresentadas, podem
ser utilizadas no controle de um filtro ativo de potência, independentemente das definições de
potência discutidas nos Capı́tulos 2 e 3.
Desta forma, uma vez identificadas as parcelas ideais e não-ideais (distúrbios) das tensões
e correntes, estas podem ser utilizadas na definição de estratégias de compensação de um filtro
ativo, independentemente da topologia do filtro escolhido. Entretanto, deve-se destacar que
uma mesma estratégia de compensação pode ainda ser implementada de diferentes formas, em
geral produzindo resultados distintos. E, dependendo dos controladores digitais aplicados, tais
diferenças podem se acentuar ainda mais.
Portanto, este capı́tulo traz uma breve discussão sobre a definição de uma estratégia de
compensação, apresenta os controladores digitais utilizados na implementação do protótipo do
filtro ativo de corrente (paralelo) e mostra os resultados de sua aplicação em um sistema com
carga não-linear.
Dentre as muitas possibilidades [13, 83, 163], as estratégias mais comuns encontradas na
literatura são:
• Sı́ntese de potência constante (SPC) [42]: a qual pode ser bastante interessante se as
tensões do sistema forem simétricas e senoidais, uma vez que garantem que fluxo de
potência constante para os sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia. Do
contrário, para compensar a potência não-resistiva e manter a potência ativa constante
163
6 Controladores Digitais e Resultados Experimentais do Filtro Ativo Paralelo
no PAC, o filtro ativo pode fazer com que as correntes do sistema compensado tornem-se
distorcidas e desequilibradas;
• Sı́ntese de corrente senoidal (SCS) [161]: que tem por objetivo manter as correntes do
sistema senoidais, equilibradas e em fase com a componente fundamental da tensão, in-
dependentemente das condições da tensão, minimizando assim a DHT de corrente e os
efeitos de eventuais desbalanços das cargas;
• Sı́ntese de carga resistiva (SCR) [14, 160, 166] ou Sı́ntese de fator de potência unitário
(SFPU): a qual é baseada no princı́pio de minimização da corrente instantânea e poderia
ser associada à compensação da parcela de corrente (iz ) discutida no Capı́tulo 3. Com
tal estratégia, a corrente sempre segue a forma de onda da tensão, como em uma carga
resistiva e, portanto, o fator de potência seria maximizado;
• Compensação seletiva de harmônicos (CSH) [125, 183]: menos comum que as anteriores,
a CSH tem sido proposta por meio de diferentes controladores digitais ou formas de
implementação e parece uma alternativa bastante viável para compensação de harmônicos
predominantes em uma instalação, além de elevar o fator de potência.
Em [13, 14], algumas destas estratégias foram comparadas do ponto de vista da compensação
da carga e do ponto de vista global de qualidade de energia, ou seja, levando em consideração
não apenas o objetivo da compensação, mas também seus impactos no sistema em que o fil-
tro ativo deve ser instalado. Destaca-se por exemplo, que a estratégia SCR pode ser bastante
interessante em situações onde a tensão do PAC apresenta-se um pouco distorcida, uma vez
que emulando uma carga resistiva, pode auxiliar no amortecimento de eventuais ressonâncias
entre cargas e/ou compensadores passivos sob tensão não-senoidal do sistema. Destas análises,
destaca-se mais uma vez a importância da regulamentação, uma vez que um filtro ativo pode
estar atingindo suas metas de compensação local e ao mesmo tempo provoca algum outro tipo
de distúrbio para o sistema como um todo.
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X c orrente SVM
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Controle de
tens ã o CC
+
1
controle da corrente de saı́da é dada pela função sLF
[174, 184].
Também devem ser considerados os ganhos dos sensores de tensão e corrente, bem como
os ganhos do conversor analógico digital do DSP, descritos no capı́tulo anterior. Por fim,
dependendo da técnica de modulação adotada, deve-se definir e considerar o ganho do conversor,
como será resumido na próxima seção.
Esta escolha baseia-se no fato de que esta técnica permite uma sobre-modulação em relação
à técnica convencional de Modulação por Largura de Pulso Senoidal (MLP ou PWM - Pulse
Width Modulation), da ordem de 15%, como descrito em [185, 186, 187]. Isto significa que com
o mesmo valor de tensão CC, é possı́vel sintetizar tensões CA trifásicas 15% maiores do que
quando se utiliza modulação PWM Senoidal.
em detalhes sobre o assunto, destaca-se que foi utilizada a técnica detalhada em [174, 186, 187].
Para fins do projeto dos controladores digitais a serem utilizados, independentemente de em-
pregar modulação SVM ou PWM, ambas devem ser representadas como um ganho na planta
a ser controlada, como resumido a seguir.
Considerando as variáveis
√ já transformadas para o sistema αβ, as mesmas são multiplicadas
por um ganho Ksvm = 1/ 3 de forma a possibilitar que a SVM trabalhe inclusive em condições
de saturação forte [186, 187, 188] e tal ganho deve ser considerado no projeto dos controladores
do sistema. Além disto, o conversor trifásico, trabalhando com este tipo de modulação,√ pode
ser representado na malha de controle como um ganho de aproximadamente Kout = 2.VCC
[187].
(a) Modulação SVM sem compensação do tempo (b) Modulação SVM com compensação do tempo
morto. morto.
Figura 6.2: Comparação entre modulação com e sem compensação do tempo morto.
S V M
iF* d ig ie r r o
iF
PI (s) Kout 1 / sL
Ki n
Figura 6.3: Diagrama de blocos da planta a ser controlada pelo regulador PI.
Desta forma, as funções de transferência de malha aberta sem e com o controlador são dadas
respectivamente por:
1 ωSC
GSC (s) = Kin .Kout . = (6.1)
s·L s
ωCC
GCC (s) = GSC (s).P I(s) = (6.2)
s
• Kin é o ganho de conversão do sinal real de corrente (em Amperes) para o domı́nio digital
(±1pu);
• ωSC e ωCC as freqüências naturais (rad/s) do sistema em malha aberta sem e com o
controlador PI.
De posse de tais expressões, pode-se então calcular os ganhos proporcional (Kp ) e integral
(Ki ) do regulador PI que serão implementados no DSP [153]:
ωCC fCC
Kp = = (6.4)
ωSC fSC
Kp .ωCC
Ki = .Ta (6.5)
tan(mf )
sendo, fCC a banda passante (Hz) e mf a margem de fase desejadas para o sistema com o
regulador PI e Ta é o perı́odo de amostragem utilizado.
Em geral, a banda-passante do controlador de corrente de um filtro ativo não pode ser nem
tão baixa que impossibilite a sı́ntese das correntes harmônicas necessárias, nem tão alta que
torne o sistema instável ou que desrespeite os critérios de Nyquist [110], por exemplo. Quanto
à margem de fase, são usuais valores entre 70o → 85o , para evitar que o sistema torne-se instável.
Antes de fechar a malha do filtro ativo, alguns testes foram feitos com o conversor funci-
onando apenas como fonte de corrente controlada (Figura 6.4). Esta configuração permite
testar com precisão o projeto do regulador PI, como descrito anteriormente.
Com um controlador definido para uma banda passante de 1kHz e margem de fase igual a
o
85 , se a referência é senoidal como em 6.4(a) (traço superior) o controle é perfeitamente capaz
de emular a corrente desejada (traço inferior). Já se a referência for alterada para uma forma
de onda quase-quadrada 6.4(b), a qual possui um espectro de freqüências maior que a banda
passante do PI, o resultado é uma resposta relativamente oscilatória nas transições bruscas da
referência.
Com base nestas duas figuras e dadas as caracterı́sticas lineares do controlador PI, conclui-
se portanto que, uma vez definidos os ganhos e a margem de fase do PI, este pode funcionar
melhor ou pior, dependendo do espectro do sinal de referência a ser seguido. Isto explica porque
tal tipo de controle pode ser muito eficiente para determinadas aplicações [189, 190] e menos
para outras [128, 191].
Como se trata de uma implementação digital do regulador PI, a corrente de saı́da (iF )
devidamente amostrada e convertida em nı́veis digitais, deve seguir o valor de sua referência
digital (iF ∗dig ). Do contrário, o erro de corrente é enviado ao controlador PI. Considerando-
se que na implementação digital, o ganho integral é multiplicado pelo tempo de amostragem
(em geral bem pequeno), seu valor é sempre menor que ±1pu, o que significa que a parte
integral do PI (ii [k]) dificilmente provocará algum tipo de saturação do algoritmo (overflow ).
O mesmo não pode ser dito sobre a parte proporcional (pi [k]), a qual, dependendo da escolha
da banda passante (fCC ), pode resultar em ganhos proporcionais fora da escala máxima de
±1pu. Desta forma é necessário inserir rotinas de escalonamento e limitações que possibilitem
(a) Referência senoidal (superior) e corrente de (b) Referência quase-quadrada (superior) e cor-
saı́da (inferior). rente de saı́da (inferior).
Figura 6.4: Conversor como fonte de corrente controlada através de regulador PI.
1 ωSC
GSC (s) = Kin · Kcc · = . (6.7)
s·C s
ωCC
GCC (s) = GSC (s) · P I(s) = . (6.8)
s
+ 1/ 2
p| [ k ]
K p/ 2 n 2n
+ 1
-1/ 2
i}~ ~ [ k ] +
pi| [ k ]
-1
i| [ k ]
Ki +
i | [ k -1]
K-1
Ki n
Figura 6.6: Diagrama de blocos da planta a ser controlada pelo PI do elo CC.
• Kin é o ganho de conversão do sinal real de tensão (em Volts) para o domı́nio digital
(±1pu);
• ωSC e ωCC são as freqüências naturais (rad/s) do sistema em malha aberta sem e com o
controlador PI.
Assim, pode-se calcular os ganhos proporcional (Kpcc ) e integral (Kicc ) do regulador PI que
serão implementados no DSP.
ωCC fCC
Kpcc = = . (6.10)
ωSC fSC
Kpcc · ωCC
Kicc = · Ta . (6.11)
tan(mf )
A margem de fase mf é escolhida tal que garanta a estabilidade do sistema. Em geral são
assumidos valores em torno de mf = 70o .
Notar que, como se trata de uma implementação digital do regulador PI, a tensão CC (V cc)
devidamente amostrada e convertida em nı́veis digitais deve seguir o valor de sua referência
digital (V cc∗dig ). Do contrário, o erro de tensão é enviado ao controlador PI, como ilustrado
na Figura 6.7.
+ 1/ 2
Kp cc/ 2 2n
p [ k ]
n
+ 1
-1/ 2
vw
[ k ] +
pi [ k ]
-1
i [ k ]
Kicc +
i [ k -1]
K-1
i
v
v
F ont e v
i %
V ariac 3 F iw
i
Ret i f i c a d or
Cont rol a d o
vw
L
R C v
Controle da
T ens ã o CC e v
da Corrente
Conversor
CC/ CA
i% i D S P
(a) De cima para baixo: tensão CC (100V/div), (b) De cima para baixo: degrau da tensão da
tensão da rede (100V/div), referência de corrente rede, referência de corrente (PLL) e corrente do
(2V/div) e corrente de entrada (5A/div). retificador.
Como pode ser observado na Figura 6.9(a), a corrente de entrada segue a forma de onda da
referência de corrente, a qual é definida pelo PLL discutido, e sua amplitude varia de acordo
com a tensão da rede onde o retificador está conectado, mantendo a tensão do elo CC constante
em 300V. Na Figura 6.9(b) pode ser observado o comportamento dinâmico do sistema quando
submetido a um degrau da tensão de entrada. Observar que o PI do elo CC leva em torno de
10 ciclos para convergir para um novo valor para a referência da corrente de entrada.
É usual que se coloque após o bloco do regulador PI, algum tipo de saturação que limite
o sistema dentro de valores aceitáveis, de forma que este sempre consiga convergir para um
ponto dentro dos objetivos desejados para o controle. Inicialmente esta foi a técnica adotada
nos controladores PI implementados (vide Figuras 6.5 e 6.7).
No entanto, para melhorar a resposta dinâmica do sistema, optou-se por adotar a técnica
de saturação dinâmica proposta em [193]. Este método pressupõe separar os limites das partes
proporcional e integral do regulador PI, de forma que nas transições bruscas, a parte propor-
cional receba um “peso” maior na regulação, já que é o controle proporcional quem atua nos
transitórios, enquanto a parte integral fica limitada ou mesmo zerada até que o sistema con-
virja para uma nova situação de regime. O diagrama de blocos da Figura 6.10 ilustra a rotina
implementada para o PI de corrente, por exemplo.
+ 1/ 2
Kp / 2n 2n
p [ k ]
-1/ 2 + 1
iZw [ k ] 1 - |Kp. i e r r o | +
pi [ k ]
L im -1
+ L im
Ki
i [ k ]
+
-L im
i [ k -1]
K-1
um controlador desenvolvido conceitualmente digital, tem como objetivo principal fazer com
que o sistema convirja para os valores de referência no menor número possı́vel de amostras,
sem necessidade de definições de banda passante ou ganho em uma freqüência especı́fica. Isto
significa que é um controle bastante robusto às transições bruscas no sinal de referência ou nas
variáveis a serem controladas.
Uma breve apresentação do projeto de um controlador dead-beat será feita a seguir e maio-
res detalhes do equacionamento do controle utilizado podem ser encontrados em [170, 171, 174,
186, 187, 193].
A Figura 6.11 representa a mesma planta da Figura 6.3, se substituı́do o controlador PI por
um controlador dead-beat. Definindo v inv [k] como sendo a tensão que o controle deve sintetizar
sobre cada ramo (ν) do conversor em um determinado instante k e v s [k − 1] a tensão no ponto
de acoplamento entre conversor e a rede no instante anterior. As expressões a seguir podem
ser utilizadas para o projeto dos ganhos do controlador, onde i∗F dig e iF são respectivamente a
corrente de referência e a corrente real na saı́da do conversor.
S V M
iF* d ig
ie r r o iF
DB Kout 1 / s L
Ki n
L
v inv [k] = Kidb · · ([i∗F dig [k − 1] − iF [k − 1]]) + 2 · Kvdb · v s [k − 1] − v inv [k − 1], (6.12)
Ta
onde:
1
Kidb = , (6.13)
KSI · KAD · Ksvm · Kout
1
Kvdb = . (6.14)
KSV abc · KAD · Ksvm · Kout
A Figura 6.12 ilustra o conversor funcionando como fonte de corrente controlada. Neste
caso, a forma de onda de referência pode ser senoidal ou quadrada que o desempenho do regula-
dor é muito semelhante. Isto permite concluir que, uma vez projetados os ganhos do regulador
Dead-Beat, seu comportamento e desempenho independem da forma de onda ou banda pas-
sante da referência.
(a) Referência senoidal (CH1) e corrente de saı́da (b) Referência quasi-quadrada (CH1) e corrente
(CH4). de saı́da (CH4).
Figura 6.12: Conversor como fonte de corrente controlada através de regulador dead-beat.
Já a Figura 6.13 mostra que o controlador projetado consegue seguir sua referência com
apenas dois passos de amostragem de atraso, ou seja, tomando o cruzamento por zero da re-
ferência como base, observa-se que a corrente real cruza o zero aproximadamente 200µs depois
(fa = 10kHz), o que equivale a dois passos de amostragem.
Com base nestas figuras e dadas as caracterı́sticas do controlador, conclui-se que o mesmo
pode representar uma alternativa interessante aos controladores PI lineares, especialmente se
grandes variações são esperadas em termos das referências do filtro ativo.
Nas próximas seções serão mostrados alguns resultados do filtro ativo com controle de
corrente através do controlador preditivo discutido. No entanto, destaca-se que esta deve
ser uma escolha bastante cuidadosa em função da precisão das informações e componentes
disponı́veis no sistema fı́sico. Além disto, a aplicação do dead-beat deve ser descartada em
aplicações conjuntas com outros algoritmos, os quais exijam que a freqüência de amostragem
seja variável, como no caso de algumas das técnicas descritas no Capı́tulo 4.
O conceito de controle repetitivo tem origem no princı́pio de “controle pelo modelo interno”
(do inglês, internal model control) e baseia-se na idéia de que a saı́da do controlador segue
(rastreia) uma determinada referência periódica, sem erros de regime permanente, se o modelo
que gera a referência for inserido na função de transferência de malha fechada [192, 195, 184].
i *B
G ( s )
z
No contexto deste trabalho, o controlador repetitivo tem sido usado em conjunto com a
estratégia de compensação seletiva de harmônicos, como proposto para o controle da tensão de
saı́da de fontes ininterruptas (UPS) em [174, 199] e aplicado a filtros ativos em [127, 128, 191,
z
Como já discutido no Capı́tulo 4, outra vantagem importante que deve ser ressaltada é que
a implementação de tal filtro é pouco sensı́vel a erros de quantização e, portanto, se aplica
muito bem a sistemas de aritmética saturada, como o DSP utilizado no protótipo.
unitário nas freqüências selecionadas e muito pequeno nas outras freqüências. As pequenas di-
ferenças são devidas à superposição espectral e não prejudicam o funcionamento do controlador.
Ordem harmônica
K p/ 2 n 2n
- 1 / 2 §
+ 1
i¤¥ ¥ ¦ [ k ] +
- 1
F «.¬® ( z) + L
+ K «®¬. 2n
+
- L
z¨ ©Eª
Já o ganho do controlador repetitivo (KSDF ) pode ser obtido de sua equivalência com
um controlador harmônico baseado em uma estrutura de eixos sı́ncronos rotacionais, como
descrito em [124, 201], de tal forma que cada filtro passa-banda de freqüência h ∈ N h pode ser
interpretado com um integrador na freqüência h. Assim, o ganho de tal integrador pode ser
obtido por:
2.2
KIh = , (6.16)
nph . T1
onde nph define o número de perı́odos da fundamental (T1 ) e o produto destes (nph . T1 ) define
o tempo de resposta desejado para o controle de um determinado harmônico h.
KIh
KSDF ' . (6.17)
0, 32 ω1
Considerando-se, por exemplo, KSDF = 1, terı́amos um tempo de resposta de aproxima-
damente 1,1 perı́odos da freqüência fundamental do sistema, o que corresponde a uma boa
resposta dinâmica para as aplicações de filtros ativos.
Por se basear em uma estrutura de filtro FIR (SDF), destaca-se também que o algoritmo
do controlador é pouco sensı́vel a erros de quantização e portanto, pode ser interessante para
implementações em sistemas com aritmética saturada.
harmônicos (CSH). Em particular, tomando-se a SCS como exemplo, será demonstrado que o
mesmo objetivo de compensação pode ser obtido de formas distintas e, também, como a escolha
de um ou outro controlador digital pode resultar em desempenhos distintos do filtro ativo. No
que diz respeito à CSH, será demonstrado como o método de compensação seletiva proposto
pode apresentar resultados muito vantajosos do ponto de vista do objetivo de compensação,
bem como do projeto dos componentes do filtro ativo.
id = i − i+
1a , (6.18)
onde i +
1a é a corrente ativa fundamental de seqüência positiva e i d a referência para a corrente
a ser sintetizada pelo filtro ativo paralelo (o FAP deve injetar -i d ).
Do ponto de vista da distorção de corrente, esta estratégia é, sem dúvida alguma, muito
interessante. Do ponto de vista de qualidade de energia global, alguns pontos devem ser levan-
tados:
• por forçar que a corrente do sistema seja senoidal e equilibrada, independentemente das
tensões do PAC, se estas apresentarem distorções e ou assimetrias, a potência fornecida
pelo sistema apresentará comportamento oscilatório em regime permanente;
• por impor correntes senoidais, resulta que o sistema de fornecimento interprete o PAC
compensado como uma carga resistiva apenas na freqüência fundamental. Em outras
freqüências o sistema percebe uma carga de impedância infinita, já que não existe corrente
circulando em tais freqüências. Considerando o caso de um PAC onde, além do filtro
ativo, houvesse um banco de capacitores para correção de fator de potência pré-instalado,
haveria pelo menos uma freqüência de ressonância relacionada ao mesmo e a falta de
amortecimento provocada pela sı́ntese de corrente senoidal poderia levar o sistema a
condições de operação instáveis, se tal freqüência de ressonância for excitada pela tensão
ou pela carga.
Tais discussões podem ser encontradas em detalhes em [13, 14]. Destaca-se que, na falta
de uma regulamentação especı́fica e polı́tica de incentivos mais adequada à instalação de filtros
ativos, esta vem sendo a técnica de filtragem mais utilizada nos últimos anos e, por isso, foi
implementada neste trabalho como forma de avaliação do protótipo.
No caso da SCS, o mesmo objetivo de compensação pode ser obtido, por exemplo, calculando
+
apenas a tensão fundamental de seqüência positiva (vS1 ) e fazendo com que o controle de tensão
do elo CC escalone a amplitude destes sinais, o qual pode ser utilizado como referência para as
correntes do sistema compensado (iS ) ou para as correntes da carga (iC ). Conseqüentemente,
por simples diferença, pode-se definir o erro de corrente que deve ser utilizado como referência
para o conversor do filtro ativo (iFref ). A Figura 6.18 ilustra o esquema proposto.
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Fonte
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Controle de
X SVM
+ + c orrente
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Controle de
tens ã o CC
+
Se o filtro ativo for capaz de gerar uma parcela de corrente (iF ) tal que a corrente do sis-
tema compensado siga a forma de onda da tensão fundamental de seqüência positiva, estará,
portanto, emulando uma carga resistiva balanceada, na freqüência fundamental do sistema. Se
a tensão do elo CC for mantida constante em regime permanente, significa que o filtro não
estará nem absorvendo nem entregando potência ativa (para isto seria necessário um elemento
armazenador de energia ou uma fonte auxiliar).
Ainda sobre o esquema da Figura 6.18, notar que a identificação da fundamental de seqüência
positiva pode ser implementada através de qualquer uma das técnicas propostas no Capı́tulo
4. O mesmo pode ser dito sobre o controlador escolhido para o controle da corrente de saı́da
do filtro ativo. A seguir, são apresentadas algumas possibilidades, bem como seus respectivos
resultados experimentais.
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Fonte
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Controle
X SVM
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Controle d e
tens ã o CC
+
Assim, a Figura 6.20 ilustra a compensação de um PAC com carga não-linear. Na Figura
6.20(a), a referência do controle digital é a tensão medida diretamente da rede, sem proces-
samento algum. Enquanto na Figura 6.20(b), a referência é a fundamental da tensão da rede
(filtrada através da DCT), o que garante a compensação não apenas dos harmônicos, mas
também dos reativos da carga.
Observar que com a referência filtrada, os ruı́dos presentes na tensão da rede (devido ao
chaveamento), não são reproduzidos na corrente do PAC, no entanto, devido ao comportamento
linear e limitado em freqüência e em ganho do regulador PI, o filtro ativo tem dificuldades em
eliminar completamente as transições bruscas da carga.
A Figura 6.21 apresenta os espectros das correntes da carga (retificador não-controlado com
carga resistiva-capacitiva) e à montante do PAC compensado. Pode-se observar que, apesar
da corrente após a compensação apresentar um comportamento muito melhor do que o da
corrente da carga, seu espectro ainda é bastante espalhado, o que significa que o filtro foi
capaz de diminuir o conteúdo harmônico do sinal, mas não de minimizá-lo. Tal efeito se dá
principalmente em virtude do controlador PI utilizado (fCC = 1kHz).
(a) De cima para baixo: tensão da rede, corrente (b) De cima para baixo: tensão da rede filtrada
na carga e corrente do PAC compensado. pela DCT, corrente na carga e corrente do PAC
compensado.
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Fonte
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X SVM
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Controle d e
tens ã o CC
+
(a) De cima para baixo: tensão da rede, corrente (b) De cima para baixo: tensão da rede filtrada
na carga e corrente do PAC compensado. pela DCT, corrente na carga e corrente do PAC
compensado.
Já a Figura 6.24 apresenta os espectros das corrente de carga e da corrente compensada.
Observar que, apesar da melhora em relação ao caso anterior, o espectro harmônico ainda está
longe do desejado para a estratégia SCS.
No que se refere ao valor do indutor (L) do filtro ativo, um agravante deve ser destacado:
no protótipo desenvolvido, a rede ou sistema de fornecimento foi emulada através de um Variac
trifásico, o qual possui uma indutância muitas vezes maior do que a de um sistema de forneci-
mento (PAC). Ao associar tal indutância à indutância do filtro ativo, resulta um novo valor de
(L), de difı́cil estimativa, o qual influencia no desempenho do controlador desejado [168].
Neste experimento foi necessário a utilização do filtro RC como indicado na Figura 5.5.
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Fonte
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Controle d e
tens ã o CC
+
Figura 6.26: PI: Tensão da rede (200V/div), corrente da rede (10A/div) e corrente da carga
(10A/div).
Os resultados desta seção serão utilizados como parâmetros de comparação com a estratégia
de compensação seletiva de harmônicos apresentada a seguir.
E) Discussão
Muitas outras possibilidades poderiam ser extraı́das da metodologia seletiva proposta no
Capı́tulo 3, bem como das técnicas de processamento discutidas no Capı́tulo 4. Em [114]
também foi avaliada a utilização do filtro notch IIR, baseado na Transformada-γ, para o cálculo
da referência fundamental de corrente para o controle do filtro ativo. Os resultados obtidos
mostram que seu desempenho é equivalente a obtida nas seções anteriores e só foi possı́vel
graças a utilização da Transformada-γ.
No que diz respeito a utilização dos reguladores PI e Dead-Beat, para o controle de corrente
do filtro ativo, pode-se afirmar que seus desempenhos poderiam ser melhorados em função de
um ajuste fino dos parâmetros dos controladores. Apesar de não ser tarefa fácil, considerando-
se o conhecimento preciso das variáveis envolvidas, incluindo filtros de saı́da, indutância da
fonte (Variac ou Fonte Programável), filtro RC, ganhos de sensores, etc., tal ajuste poderia ser
obtido, de forma a obter resultados de compensação superiores aos apresentados nas últimas
seções.
ganho elevado nas freqüências de interesse, bem como propiciar um ajuste de fase na referência
de corrente do filtro ativo de forma a corrigir eventuais atrasos ocasionados no controle digi-
tal ou nos circuitos de condicionamento, é proposto o uso do controlador repetitivo (seletivo)
apresentado em seção anterior.
Assim, uma vez definida a instalação de um filtro ativo em um determinado PAC, são ne-
cessários poucos estudos para se ter um bom conhecimento dos harmônicos predominantes em
tal instalação. Isto permite definir quais as freqüências que o controlador deve sintetizar para
minimizar a DHT do sistema.
O controlador repetitivo utiliza uma DCT para extrair da corrente total de distúrbio (i d ),
uma seleção de freqüências que corresponda àquelas predominantes (icsh ), as quais serão efeti-
vamente eliminadas pelo filtro ativo paralelo:
N −1
2 X X 2π
icsh [k] = id (k − c).( cos[ .h.(c + Na )]). (6.19)
N c=0 h∈N
N
h
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Fonte
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potência não-ativa.
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X SVM
+ + R ep eti ti v o
f V
- V
Controle d e
tens ã o CC
+
corrente compensada no PAC, bem como a corrente não-linear da carga. Já a Figura 6.31
apresenta os espectros da corrente da carga e da corrente do PAC compensado. Observar que
neste caso a compensação da corrente é bastante efetiva, minimizando todas as componentes
selecionadas até 19o . Neste caso, a distorção da corrente da carga (24, 9%) é reduzida na cor-
rente compensada para 3, 2%, o que atenderia a maioria das recomendações e normas nacionais
e internacionais.
A resposta dinâmica do sistema pode ser observada através das próximas figuras. Na Figura
6.34 é indicada a resposta do sistema quando da inicialização da carga não-linear e na Figura
6.35 é mostrada a resposta quando da inicialização do filtro ativo em um PAC com a carga em
funcionamento. Observar que em ambos os casos a resposta transitória é de aproximadamente
4 ciclos da fundamental, a qual é definida exclusivamente pela dinâmica do controlador PI
da tensão do elo CC. Como pode ser observado, a resposta do controlador de corrente é de
aproximadamente 1 ciclo.
Figura 6.30: Caso 1: Tensão da rede (200V/div), corrente da rede (10A/div) e corrente da
carga (10A/div).
21º
Figura 6.32: Caso 2: Tensão da rede (200V/div), corrente da rede (10A/div) e corrente da
carga (10A/div).
31º
Figura 6.35: Inicialização do filtro ativo com carga em regime: tensão no PAC (superior),
corrente compensada no PAC (central) e corrente da carga (inferior).
No que ser refere à DCT implementada, foram utilizados 200 coeficientes ou amostras por
ciclo da fundamental (N = TT12kHz
60Hz
= 12kHz
60Hz
).
6.3.3 Discussão
Comparando-se os resultados das estratégias SCS e CSH, conclui-se facilmente que a com-
pensação seletiva é muito mais eficiente do que a estratégia anterior, uma vez que a DHT da
corrente compensada chega a ser 6 vezes menor utilizando a CSH. Portanto, no que ser refere à
compensação harmônica, equivale a dizer que a compensação seletiva é mais eficiente na sı́ntese
de uma corrente senoidal no PAC. Além disto, as vantagens da utilização da CSH podem se
estender inclusive no que diz respeito ao dimensionamento do conversor de potência, e con-
seqüentemente nos custos agregados.
6.4 Conclusão
Neste capı́tulo foi demonstrado que, apesar de fundamentais para o entendimento dos con-
ceitos envolvidos, a implementação de filtros ativos de potência não passa necessariamente pelas
definições de potência discutidas nos Capı́tulos 2 e 3. Algumas estratégias de compensação com
objetivos especı́ficos foram discutidas e buscou-se demonstrar que, uma vez definido o objetivo
de compensação, várias técnicas e algoritmos distintos podem ser utilizados para realização da
mesma estratégia, tais como as técnicas propostas e/ou discutidas no Capı́tulo 4.
Além disto, foram apresentados alguns tipos de controladores digitais de tensão e corrente,
necessários à implementação do protótipo. Também foi discutido como a escolha de um ou
outro controlador pode influenciar a precisão, a dinâmica ou a complexidade do controle do
filtro ativo. Neste contexto, destaca-se a proposta do controlador repetitivo seletivo, o qual
demonstrou ser bastante eficiente na compensação seletiva de harmônicos.
Conclusão Geral
Assim, dentre as muitas propostas dos últimos anos, para o tratamento de sistemas po-
lifásicos não-senoidais, o Capı́tulo 2 apresentou uma análise detalhada das propostas de maior
destaque, buscando compará-las entre si de forma a identificar diferenças, semelhanças, incon-
sistências e pontos de convergência. Disto, pode-se destacar que várias são as semelhanças e
os pontos de concordância e muito embora diversos autores pareçam não convergir para uma
abordagem unificada, espera-se que este seja o caminho a ser adotado nos próximos anos. O
principal impedimento parece estar no fato de cada proposta ser direcionada para uma aplicação
especı́fica no setor elétrico (tarifação, monitoração, condicionamento, filtragem ativa, etc), sem
um esforço coletivo de aplicação das várias propostas em sistemas ou aplicações abrangentes
do sistema elétrico.
Com este intuito, o Capı́tulo 3 apresenta uma possı́vel proposta de unificação das teorias
analisadas. As discussões e propostas apresentadas baseiam-se principalmente nas definições
de Depenbrock, mas levam em considerações importantes contribuições de autores como Fryze,
Emanuel, Willems, Czarnecki, Akagi et. al. e Tenti et. al.. Além disto, foi demonstrado como
uma Metodologia Seletiva de Decomposição dos sinais de tensão e corrente pode auxiliar no
desenvolvimento prático de tal teoria de potência, bem como em aplicações de condicionamento
de energia, tais como a filtragem ativa. O princı́pio básico desta metodologia é fundamentado
no uso de técnicas de processamento digital de sinais para identificação seletiva das parcelas de
interesse, sejam as componentes ideais ou aquelas responsáveis pela deterioração da QEE.
199
7 Conclusão Geral
Um dos principais objetivos deste trabalho foi demonstrar como uma determinada topologia
de filtro ativo pode ser implementada com diferentes objetivos de compensação, os quais podem
ser obtidos através de diversas estratégias de compensação, e utilizando diferentes técnicas de
processamento e controle digital. Assim, o Capı́tulo 6 apresentou de forma comparativa os re-
sultados experimentais de duas estratégias de compensação (CSC e CSH), utilizando alguns dos
algoritmos discutidos no Capı́tulo 4. Destacam-se as discussões a respeito do projeto dos con-
troladores digitais, em especial o controlador repetitivo seletivo. Tal controlador foi utilizado na
implementação da estratégia de compensação seletiva de harmônicos, a qual mostrou-se muito
mais eficiente na compensação harmônica do que as estratégias convencionais de compensação.
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221
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Absolute Maximum Ratings Values SEMITRANS® M
Symbol Conditions 1) ... 123 D Units IGBT Modules
VCES 1200 V SKM 50 GB 123 D
VCGR RGE = 20 kΩ 1200 V SKM 50 GAL 123 D
IC Tcase = 25/80 °C 50 / 40 A
ICM Tcase = 25/80 °C; tp = 1 ms 100 / 80 A
VGES ± 20 V
Ptot per IGBT, Tcase = 25 °C 310 W
Tj, (Tstg) – 40 . . .+150 (125) °C
Visol AC, 1 min. 2 500 V
humidity DIN 40 040 Class F
climate DIN IEC 68 T.1 40/125/56
Diodes
IF= – IC Tcase = 25/80 °C 50 / 40 A
IFM= – ICM Tcase = 25/80 °C; tp = 1 ms 100 / 80 A SEMITRANS 2
IFSM tp = 10 ms; sin.; Tj = 150 °C 550
I2t tp = 10 ms; Tj = 150 °C 1500 A2s
Characteristics
Symbol Conditions 1) min. typ. max. Units
V(BR)CES VGE = 0, IC = 1 mA ≥ VCES – – V GB GAL
VGE(th) VGE = VCE, IC = 2 mA 4,5 5,5 6,5 V
ICES VGE = 0 Tj = 25 °C – 0,3 1 mA Features
• MOS input (voltage controlled)
VCE = VCES Tj = 125 °C – 3 – mA
• N channel, Homogeneous Si
IGES VGE = 20 V, VCE = 0 – – 200 nA
• Low inductance case
VCEsat IC = 40 A VGE = 15 V; – 2,5(3,1) 3(3,7) V
• Very low tail current with low
VCEsat IC = 50 A Tj = 25 (125) °C – 2,7(3,5) – V
temperature dependence
gfs VCE = 20 V, IC = 40 A 30 – S
• High short circuit capability,
CCHC per IGBT – – 350 pF self limiting to 6 * Icnom
Cies VGE = 0 – 3300 4000 pF • Latch-up free
Coes VCE = 25 V – 500 600 pF • Fast & soft inverse CAL
Cres f = 1 MHz – 220 300 pF diodes8)
LCE – – 30 nH • Isolated copper baseplate
using DCB Direct Copper Bon-
td(on) VCC = 600 V – 70 – ns
tr VGE = + 15 V / - 15 V3) – 60 – ns ding Technology
• Large clearance (10 mm) and
td(off) IC = 40 A, ind. load – 400 – ns
tf RGon = RGoff = 27 Ω – 45 – ns creepage distances (20 mm).
Eon 5) Tj = 125 °C
– 7 – mWs
Typical Applications: → B 6 - 85
Eoff 5) – 4,5 – mWs
• Three phase inverter drives
Diodes 8) • Switching (not for linear use)
VF = VEC IF = 40 A VGE = 0 V; – 1,85(1,6) 2,2 V
VF = VEC IF = 50 A Tj = 25 (125) °C – 2,0(1,8) – V 1)
Tcase = 25 °C, unless otherwise
VTO Tj = 125 °C – – 1,2 V specified
rT Tj = 125 °C – – 22 mΩ 2)
IF = – IC, VR = 600 V,
IRRM IF = 40 A; Tj = 25 (125) °C2) – 23(35) – A – diF/dt = 800 A/µs, VGE = 0 V
Qrr IF = 40 A; Tj = 25 (125) °C2) – 2,3(7) – µC 3)
Use VGEoff = -5 ... -15 V
Thermal Characteristics 5)
See fig. 2 + 3; RGoff = 27 Ω
Rthjc per IGBT – – 0,4 °C/W 8)
CAL = Controlled Axial Lifetime
Rthjc per diode – – 0,7 °C/W Technology.
Rthch per module – – 0,05 °C/W
Case and mech. data → B 6 - 86
SEMITRANS 2
by SEMIKRON 0898 B 6 – 81
VRSM VRRM IFRMS (maximum value for continuous operation) SEMIPACK® 1
90 A 140 A 140 A
Rectifier Diode Modules
IFAV (sin. 180; Tcase = . . .) SKKD 46 SKKD 81
SKND 46 1) SKKE 81
V V 57 A (71 °C) 90 A (80 °C) 90 A (80 °C)
SKND 811)
500 400 SKKD 46/04 SKKD 81/04 SKKE 81/04
700 600 SKKD 46/06 SKKD 81/06 SKKE 81/06
900 800 SKKD 46/08 SKKD 81/08 SKKE 81/08
1300 1200 SKKD 46/12 SKKD 81/12 SKKE 81/12
1500 1400 SKKD 46/14 SKKD 81/14 SKKE 81/14
1700 1600 SKKD 46/16 SKKD 81/16 SKKE 81/16
1900 1800 SKKD 46/18 SKKD 81/18 SKKE 81/18
2100 2000 – SKKD 81/20 SKKE 81/20
2300 2200 – SKKD 81/22 SKKE 81/22
SKKD 81
Symbol Conditions SKKD 46 Units
SKKE 81
IFAV sin. 180 (Tcase = . . .) 45 (86 °C) 80 (87 °C) A
ID 1) B2/B6 Tamb = 45 °C; P 3/120 50 / 60 63 / 70 A
P 3/180 54 / 66 70 / 85 A
SKKD SKKE
Tamb = 35 °C; P 3/180 F 95 / 120 135 / 175 A
© by SEMIKRON 0898 B 1 – 11
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CN4
RGON3
3
2
RGOFF3
1
REX3
J4 RVCE1
47uF/50V CCE1
DR1
RCE1 CN2
CN1 VCE1
TDT2A RTD1
5
1 RGON1 4
2
+ GND/0V CCE1 3
3 J1
4 C1 GON1 RGOFF1 2
VS
5 VIN1 GOFF1 1
E1
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
6
7 RTD1 REX1
8 ERROR REX2
E2 CN3
9 TDT2
10 VIN2 GOFF2 1
GON2 RGOFF2
11 GND/0V 2
12 CCE2
SEL SELECT J2 3
13
TDT1 RGON2
14 4
FLAT14 * R1
TDT1A
SKHI22 A/B
VCE2
RCE2
5
TDT2B
CCE2
R4 RVCE2
REX4
Q1 RGOFF4
R2 1
RGON4 2
3
R3 CN5
J3
DOCUMENTO CONFIDENCIAL
J3 - fechar para sinal de ERROR (não montar R1, R2, R3, R4 e Q1).
abrir para sinal de ERROR normal (montar R1, R2, R3, R4 e Q1).
MAT. PRIMA
FEITO DE:
CONFORME ESTRUTURA
DATA NOME DENOMINAÇÃO
© by SEMIKRON 000913 1
Apêndice 01 - Conversor de Potência utilizado
223
A1 A2 +12V
U1 ALETTA ALETTA
1
LM7812C/TO220
JP1 TP2 TP S1 1 T1 5 1 3 +12V R1
1
D1 IN OUT
1
+ 2
1 FUSE R2 10
1 F1 2
GND
2 BRIDGE 4K7
1
1 2 3
3 +12V-A
2
2 6
1
230V 4 3 7 1 3 TP1
1
HEADER 3 C1 C2 TP3 TP4 C3 C4
2
5
115V 6 D2 470u/35V 100n 47u 100n TP C5 C6 C7
TP TP 100n 100n 100n
2
-
LED
2
4 8
SW DPDT
1
2x0-15V 18VA
1
C8 C9 C10
1
C11 C12 100n 100n 100n
GND
C14 100n 100n
2
47u C13
2
-12V-A
470u/35V -12V
2
Medida das 3 tensões de 2 3
2
IN OUT
2
+12V 10
D3 LM7912C/TO220
2
C
A
B
U3 TP5 -12V
1
U4C
4
JP3 R4 R5 1N4148 +12V
HEADER 2 10K 10K TP JP2
1
2
3
10 +
1
C15 V-a V-a
1
JP4 8
22n R6 56k 1
1
9 -
2
1 1 R7 R8 V-b 2
1
2 2 TL084 D4 3
1 2 1 2
11
1
1
3 +12V V-c 4
4 47 47 C16 C17 1N4148 5
2
5 +12V 100n 100n -12V V-dc 6
Ganhos
1
7
1
HEADER 5 U7A 8 DSP
4
-12V -2V
externos R9 2 3 +
9
10
+2V
variáveis 1
1
JUMPER 3 22k 11
2 -
2
+12V C18 12
D5 +12V 100n TL084 13
11
2
14
C
A
B
U5 TP6
13
2
U4D
1
JP5 R10 R11 1N4148
HEADER 2 10K 10K TP R12 R13 -12V
1
2
3
12 +
C19 V-b Prot-dc
1
JP6 14
22n 56k 56k HEADER 14
1
13 -
2
1 1 R14 R15 -12V
1
2 2 TL084 D6 +12V
2
1 2 1 2
11
1
1
4 47 47 C20 C21 1N4148
U7D JP7
5
4
+12V 100n 100n -12V
R16 1
2
1
HEADER 5 2 12 +
-12V -2V 22k 2
14
1
13 - HEADER 2
+2V C22
JUMPER 3 100n TL084
11
2
+12V
2
D7
2
1
C
A
B
3 +
C23 V-c 56k
1
JP9 1
22n -12V
1
2 -
2
1 1 R20 R21
1
2
2 2 TL084 D8 +12V +12V -12V M1 M2 M3 M4
1 2 1 2
11
3
1
1
4 47 47 C24 C25 1N4148
5 +12V 100n 100n -12V R22 R23
2
HEADER 5
2
-12V -2V 10K 10K
1
R24
+2V +2V -2V M5 M6 M7 M8
2
JUMPER 3 220 VITE VITE VITE VITE
2
2
+12V
1
Geração dos limites para
D9 D10
1
2
C
A
B
1
HEADER 2 10K 22K TP 1N4148
1
2
3
5 +
C26 V-dc
1
1
JP11 7
22n
1
2
6
1 1 -
2
2
R27 R28
1
1
2 2 TL084 D12 D13
1 2 1 2
11
1
2
3 D14
1
4 47 47 C27 C28 1N4148 D15 1N4148
5 +12V 100n 100n -12V C29 1N4148
4V7
o conversor AD
100n
2
1
HEADER 5
-12V -2V
12
2
1
4V7 +12V D16 D17
1
10k
1
2
R34 2 1 2 1
2
Protezione
1
U9
5
6
8
R36 1k
2
1 2 1 2
TP 4148 R37 -12V
1
2 1 2 2 +
4
11
3 - 2 5 +
7 TL084
LM111
2
1 2 6 - 9 -
2
U7B
3
4
1
1 8
1
Title
sobre-tensão CC +12V
1
Aviso de
Size Document Number Rev
sobre-tensão CC A3 Schema tensione 01
+ 2
3 TP TP 3
2 6 ALETTA
GND
230V 4 BRIDGE i1_c 4
3 7
HEADER 3 5
1
5
1
115V 6 i2_a 6
1 3
0 C1 C2 C3 +12V 7
2
470u/35V 100n 47u 0 i2_b 8 DSP
1
4 8
1
SW DPDT 9
2
-
2x0-15V 18VA R4 i2_c 10
11
4
A1
U3 LM7912C/TO220 ALETTA 56k Potenciometro 12
1
13
para ganho
1
C4 C5 +12V 14
2
GND
C6 100n
variável
1
R1 D2 47u HEADER 14 JP4
2
U4A
4
470u/35V -12V Prot
1
1 2 2 3
IN OUT R8 1
2 3 +
+12V +2V +12V +2V 22k 2
1
1
4K7 LED 2 -
1
2
C12 HEADER 2
LEM1 C8 D3 LEM4 C9 D4 100n TL084 JP2
11
100n TP5 100n TP6 TP12
2
U2A U2C
4
1 R6 1N4148 1 R7 1N4148 1
2
2
2 2 2
1
1 2 3 TP 1 2 10 TP -12V TP
3 + 3 +
i1_a i2_a R11
1
1 8 HEADER 2
1
1
41 41
1
HEADER 3 1 2 - 9 -
2
R9 LA-55-P R10 56k
C10 TL084 D5 C11 TL084 D6 -12V R42
11
11
41 22n 41 22n
2
1 2
1N4148 1N4148 220
2
2
2
2
1
1
1
1
TP21 TP20 -2V -2V +12V +12V-B
C13 C14
1
TP TP -12V 100n -12V 100n
2
D9 R14 R15
2
2
+12V +2V +12V +2V D32
1
1 2
TP22 15k 4k7
1
2
4V7
U5
5
6
8
TP LEM2 C15 D7 LEM5 C16 D8 1N4148
2
100n TP7 100n TP8
1
U2B U4B 2 +
4
4
1 R12 1N4148 1 R13 1N4148 D12 D13 Prot
1
2
7
TP23 2 TP 2 TP
1 2 5 1 2 5 1 2 2 1 3
3 +
i1_b 3 +
i2_b
-
1
1
7 7
1
1
TP 41 41 LM111
1
6 - 6 -
1
2
LA-55-P R16 LA-55-P R17 1N4148 1N4148
4
1
C17 TL084 D10 C18 TL084 D11
1
-12V-B
11
11
41 22n 41 22n D14
1
TP24 TP25 TP26 1N4148 1N4148
2
2
1 2
R18
2
2
Proteção de
1
TP TP TP 47k
1
1
1
1
-2V -2V
C19 C20
1N4148 R19
sobre-corrente
1
1
2
1
+12V +2V +12V +2V C23
2
22k
100n
1
2
R24
2
2
LEM3 C21 D15 LEM6 C22 D16 i1_a -12V
100n TP10 100n U4C TP11
4
4
1 R20 U2D 1N4148 1 R21 1N4148 i1_b
2
2
2 TP 2 TP
1 2 12 + 1 2 10 +
1
3 i1_c 3 i2_c i1_c
1
3
14 8
1
1
41 41 R25
1
1
13 - 9 -
2
1
LA-55-P R22 C24 LA-55-P R23
22n TL084 D17 C25 TL084 D18 15k R26
11
11
41 41 22n
2
2
D19 +12V-B
2
2
1
2
2 1
1
-2V -2V
1
C26 +12V-A
-12V 100n C27 1N4148
1
-12V 100n
2
U6
5
6
8
D20 D21 D31
2
2 1 1 2 2 TP17
+12V + LED
+12V -12V Generação dos limites 3 -
7 1
1
para o conversor AD 1N4148 1N4148
1
2
R29 R30 D24 R31
4
1
1
J11 JP12 10 10 -12V-A
2 1 1 2
10K 10K JP5 JP6 R36
1 1 +12V-A +12V-B 1K2
2
+2V -2V 2 2 2 2 GND 1N4148 6k8
2
1
1 3 1 3 +12V
2
2
1
2
1N4148 JP7 JP8
1 2 2 1 2 1
1
1
1N4148 1 1
2 2 2 2 C32 C33 C34 C35 C36 100nF R37 47K
1
1 2 1 2
2
HEADER 3 HEADER 3
2
2
1
4
D26 HEADER 2 HEADER 2 -12V-A -12V-B R38 100K
D27 JP15 JP16 Prot 1 2 12 D33 1
+
2
11
2
HEADER 3 HEADER 3
1
D28 D29 HEADER 2 HEADER 2 -12V
1
R40
1N4148 1N4148
3K3
Title
2
2
-12V
Size Document Number Rev
A3 Schema sensore di corrente 02
225
a ADMC401 PROCESSOR BOARD
• 26 MIPS, Fixed-Point, 16-bit DSP Core. • The ADMC401 Single-Chip DSP-Based Controller.
• 2K X 24-Bit Internal Program Memory RAM. • External RAM that can be used to expand both the
• 2K X 24-Bit Internal Program Memory ROM. program and data memory externally.
• 1K X 16-Bit Internal Data Memory RAM. • A socket for a byte wide EPROM that can be used to
• 14-Bit Address Bus and 24-Bit Data Bus for boot load internal and/or external program and/or
External Memory Expansion data memory.
• 8 Input, 12-Bit Pipeline Flash Analog to Digital • A 12.96 MHz crystal and associated capacitors to
Converter inputs with < 2µs total conversion time. provide the CLKIN frequency.
• A Three-Phase, 16-bit, Center-Based PWM • A jumper to enable use of the internal power-on reset
Generator. system of the ADMC401 or an external reset
• An Incremental Encoder Interface Unit with provided by a push button switch.
Companion Encoder Event Timer. • A socket for a serial memory device (ROM or
• 12 General Purpose I/O Lines, Configurable as E2PROM) that may be used for serial boot loading on
Inputs, Outputs, Interrupt Sources or PWM Trip power up for stand alone operation.
Sources. • An isolated UART interface to the Motion Control
• An Internal Power-On Reset System (POR). Debugger. The signals are optically isolated from the
• A Two-Channel Event Timer Unit. remainder of the processor board. The AD7306 is
• A Peripheral Interrupt Controller. used to drive the appropriate signals on the 9-way
UART connector.
• Two Synchronous Serial Ports.
• An input power supply connector that accepts +5V
• Two Variable-Frequency, 8-Bit, Auxiliary PWM
Outputs. (VDD), ±5V (±AVDD) and GND. The +5V is used
to drive the digital circuits and the analog portion of
• A 16-Bit Watchdog Timer.
the ADMC401. The ±5V supplies are used for the
• A General Purpose, Interval Timer with Prescaler.
analog interface circuits of the processor board.
Refer to the ADMC401 datasheet for a full description of • An on board 5V to 5V dc-dc converter that provides
all features of the ADMC401. an isolated 5V supply for the UART interface circuit.
• Analog interface circuits that correctly offset the
The ADMC401 PROCESSOR BOARD is intended as a analog input signals to the ADC inputs of the
compact, highly integrated evaluation and software ADMC401. Eight independent analog interface
development platform for the ADMC401 controller. The circuits are included: one for each ADC channel of
processor board permits access through a UART the ADMC401.
connection to the Motion Control Debugger software • An on board precision 2.048V voltage reference
that operates under Windows 95 or Windows NT. using the REF191, that can be used to provide the
The Motion Control Debugger is used to download input reference for the ADCs of the ADMC401. The
executable code, examine the contents of registers, reference voltage is also brought to the connector
program memory and data memory, run executable underneath the board.
• Jumpers that permit setting of the PWM polarity, provides the isolated supply for the UART interface. The
enabling or disabling of the PWMTRIP input and processor board is laid out with separate analog and
enabling or disabling the serial memory device in the digital ground planes that are connected by a link (JP2)
socket. Additional jumpers are included on the board close to the power supply terminal block for noise
to allow selection of either internal or external immunity. This link should not be removed. An LED on
voltage reference for use with the ADC system of the the processor board indicates correct connection of the
ADMC401. VDD supply.
• Three socket blocks underneath the processor board
that permit access to all of the input and output The +AVDD and -AVDD supplies power the operational
signals of interest. The three sockets comprise two amplifiers used in the analog interface section. These
digital sockets (IF1 and IF3) and one analog socket amplifiers correctly offset the analog inputs to the board
(IF2). for interface to the ADC inputs of the ADMC401.
The ADMC401 PROCESSOR BOARD may operate in a Appropriate decoupling capacitors are provided on the
stand-alone mode, where the user must supply only the processor board for all three power supply inputs (VDD,
appropriate power supply voltages and either a UART +AVDD and -AVDD) to reduce noise coupling from the
connection to the Motion Control Debugger or a suitable external power supplies. However, for best performance,
serial memory device. In this case, the user must provide well-regulated external power supplies and correct wiring
suitable connectors to interface to the various input and are recommended.
output signals on the expansion connectors underneath
the board. Alternatively, the processor board may be The arrangement on the input power supply connector is
plugged into the ADMC CONNECTOR BOARD. The illustrated in Figure 1.
connector board provides easy access to all relevant input
and output signals via appropriate connectors and
terminal blocks. The connector board also provides an
easy interface to the International Rectifier PowIRtrain
modules to permit development of complete motor control -AVDD (-5 V) 4
solutions. In addition, the connector board adds new
functionality including an 8-channel, 12-bit, serial DAC, +AVDD (+5 V) 3
a differential line receiver for interface to an incremental GND
encoder with differential outputs, and a large prototype 2
area for system expansion. Refer to the documentation
for the ADMC CONNECTOR BOARD for further details.
VDD (+5 V) 1
J1
POWER SUPPLY REQUIREMENTS
Figure 1: Power Supply Connector of ADMC401 Processor
The ADMC401 PROCESSOR BOARD contains a 4-way Board.
terminal block for connection of external power supplies.
For correct operation, the following supplies are required:
REV. A Page 2
a Single-Chip, DSP-Based
High Performance Motor Controller
ADMC401
FEATURES Internal or External Voltage Reference
26 MIPS Fixed-Point DSP Core Out-of-Range Detection
Single Cycle Instruction Execution (38.5 ns) Voltage Reference
ADSP-21xx Family Code Compatible Internal 2.0 V 2.0% Voltage Reference
16-Bit Arithmetic and Logic Unit (ALU) Three-Phase 16-Bit PWM Generation Unit
Single Cycle 16-Bit 16-Bit Multiply and Accumulate Programmable Switching Frequency, Dead Time and
Into 40-Bit Accumulator (MAC) Minimum Pulsewidth
32-Bit Shifter (Logical and Arithmetic) Edge Resolution of 38.5 ns
Multifunction Instructions One or Two Updates per Switching Period
Single Cycle Context Switch Hardware Polarity Control
Zero Overhead Looping Individual Enable/Disable of Each Output
Conditional Instruction Execution High Frequency Chopping Mode
Two Independent Data Address Generators Dedicated Shutdown Pin (PWMTRIP)
Memory Configuration Additional Shutdown Pins in I/O System
2K 24-Bit Internal Program Memory RAM High Output Sink and Source Capability (10 mA)
2K 24-Bit Internal Program Memory ROM Incremental Encoder Interface Unit
1K 16-Bit Internal Data Memory RAM Quadrature Rates to 17.3 MHz
14-Bit Address Bus and 24-Bit Data Bus for External Programmable Filtering of Encoder Inputs
Memory Expansion Alternative Frequency and Direction Mode
High Resolution Multichannel ADC Two Registration Inputs to Latch Count Value
12-Bit Pipeline Flash Analog-to-Digital Converter Optional Hardware Reset of Counter
Eight Dedicated Analog Inputs Single North Marker Mode
Simultaneous Sampling Capability Count Error Monitor Function
All Eight Inputs Converted in <2 s Dedicated 16-Bit Loop Timer (Periodic Interrupts)
4.0 V p-p Input Voltage Range Companion Encoder Event (1/T) Timer
PWM Synchronized or External Convert Start
(Continued on Page 14)
REV. B
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