Mecânica Dos Solos - Hidráulica 2
Mecânica Dos Solos - Hidráulica 2
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Marangon
Mecânica dos Solos II – Edição Dez/2018
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Faculdade de Engenharia – NuGeo/Núcleo de Geotecnia Prof. M. Marangon
Mecânica dos Solos II – Edição Dez/2018
Assim, pode-se definir lençol freático como sendo reservatório subterrâneo de água
doce, onde a chuva que se infiltra no solo fica armazenada a uma profundidade
relativamente pequena, até se deparar com um maciço rochoso ou com um solo
praticamente impermeável. Dependendo da forma e a proximidade com a superfície, o
lençol freático pode chegar a formar uma nascente.
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Mecânica dos Solos II – Edição Dez/2018
“Livre” ou “Freática”: Ocorrem sob a ação da gravidade (geram pressão devida à carga
hidráulica – estudada neste capítulo 01) – Ocorrem em profundidades menores, de
interesse direto da Engenharia Civil, no que se referem às execuções de obras
(Poço n0 1).
“Artesiana”: Ocorrem sob a ação de pressão associada à condição geológica do local –
Ocorrem em profundidades maiores, geralmente em rochas, sendo obtida através
de perfuração mecânica de poços ditos “profundos” (Poço n0 2).
Figura 1.3 – Aspectos da água “livre” ou “freática” que predomina no local (NA2) e
ocorrência de acúmulo de forma suspensa – localizada (NA1).
O estudo de fluxo de água nos solos é de vital importância para o engenheiro, pois a
água ao se mover no interior de um maciço de solo exerce em suas partículas sólidas forças
que influenciam o estado de tensão do maciço. Os valores de pressão neutra (da água) e
com isso os valores de tensão efetiva (na estrutura granular) em cada ponto do maciço
são alterados em decorrência de alterações de regime de fluxo. De uma forma geral, os
conceitos de fluxo de água nos solos são aplicados nos seguintes problemas:
i – Conservação da energia
u v2
htotal = z + + carga total = carga altimétrica + carga piezométrica +
a 2g
carga cinética
* OBS.: Em uma condição de água estática, sem movimento, uma coluna de água de altura
(carga) “h” faz em uma área unitária 11 uma pressão “u”:
Força (peso)
u (pressão) = peso = vol. a = 1 .1. h . a = h . a
área
.h u
então: u = a = a .h logo, a carga piezométrica será: h=
1.1 a
Observa-se que a pressão da água em um ponto do solo se calcula multiplicando
simplesmente a carga hidráulica piezométrica (h) pelo peso específico da água.
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Para a maioria dos problemas envolvendo fluxo de água nos solos, a parcela
referente à energia cinética pode ser desprezada. Logo, considera-se a equação de carga
total igual a:
u
htotal = z +
a
Uma observação importante em relação ao movimento da água nos solos: Para que
haja fluxo de água entre dois pontos é necessário que a energia (carga) total em cada
ponto seja diferente. A água fluirá sempre de um ponto de maior energia (carga) total
para o ponto de menor energia (carga) total.
ii – Lei de Darcy
Este experimento deu origem a uma lei que correlaciona a taxa de perda de
energia da água (gradiente hidráulico – “i”) no solo com a sua velocidade de
escoamento “v” (Lei de Darcy).
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Δh
q = k. .A = k.i.A
L
A vazão (q) dividida pela área transversal do solo (A) indica a velocidade com
que a água “percola” o mesmo. O valor da velocidade de fluxo da água no solo (v) é dado
por:
q Δh
. = v v = k. = k.i
A L
Figura 1.6 – Exemplo de sistema com fluxo com a identificação de suas cargas hidráulicas
Para o ponto “A” tem-se como carga total os valores cotados na figura: htA = ha1 + hp1
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Para o ponto “B” tem-se como carga total os valores cotados na figura: htB = ha2 + hp2
A lei de Darcy é válida para um escoamento do tipo “laminar”, tal como é possível,
sendo considerado tal escoamento na maioria dos solos naturais. Um escoamento se define
como laminar quando as trajetórias das partículas d’água não se cortam; em caso contrário,
denomina-se o escoamento do tipo “turbulento”.
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É interessante notar que os solos finos, embora possuam índices de vazios “in situ”
geralmente superiores aos dos solos grossos, apresentam valores de coeficientes de
permeabilidade bastante inferiores a estes, por não haver interligação dos seus vazios.
A) Índice de vazios:
Quanto maior índice de vazios (e) → Maior coeficiente de permeabilidade (k) de
um solo.
A equação de Taylor correlaciona o coeficiente de permeabilidade com o índice de
vazios do solo. Quanto mais fofo o solo, mais permeável ele é. Conhecido o k para um
certo tipo de solo, pode-se calcular o k para outro solo pela proporcionalidade da equação
apresentada (mais utilizada para areias).
e13
k 1 1 + e1
=
k2 e 32
1 + e2
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B) Temperatura:
Quanto maior for a temperatura, menor a viscosidade da água e, portanto, mais
facilmente ela escoa pelos vazios do solo com correspondente aumento do coeficiente de
permeabilidade. Logo, k é inversamente proporcional à viscosidade da água.
Por isso, os valores de k são convencionalmente referidos à temperatura de 200C, o
que se faz pela seguinte relação:
k 20 = k T . T = k T .C V
20
Onde:
kT – valor de k para a temperatura do ensaio;
20 – viscosidade da água na temperatura de 200C;
T – viscosidade na temperatura do ensaio;
CV – relação entre as viscosidades, nas diferentes temperaturas.
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C) Estrutura do solo:
A combinação de forças de atração e repulsão entre as partículas resulta em
diferentes estruturas de solos, dependentes da disposição das partículas na massa de solo e
das forças entre elas. Estrutura dispersa terá uma permeabilidade menor que a floculada.
D) Grau de saturação:
O coeficiente de permeabilidade de um solo não saturado é menor do que o que ele
apresentaria se estivesse totalmente saturado. Essa diferença não pode, entretanto ser
atribuída exclusivamente ao menor índice de vazios disponível, pois as bolhas de ar
existentes, contidas pela tensão superficial da água, são um obstáculo para o fluxo.
Entretanto, essa diferença não é muito grande.
k .h i i
kh = i =1
n
.h
i =1
i
h i
kV = i =1
n
hi
k
i =1 i
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A determinação de k pode ser feita: por meio de fórmulas que o relacionam com a
granulometria (por exemplo, a fórmula de Hazen), no laboratório utilizando-se os
“permeâmetros” (de nível constante ou de nível variável) e in loco pelo chamado “ensaio
de bombeamento” ou pelo ensaio de “tubo aberto”. Para as argilas, a permeabilidade pode
se determinar ainda a partir do “ensaio de adensamento”.
É utilizado para medir a permeabilidade dos solos granulares (solos com razoável
quantidade de areia e/ou pedregulho), os quais apresentam valores de permeabilidade
elevados.
Este ensaio consta de dois reservatórios onde os níveis de água são mantidos
constantes, como mostra a Figura 1.11. Mantida a carga h, durante certo tempo, a água
percolada é colhida e o seu volume é medido. Conhecidas a vazão (Q) e as dimensões do
corpo de prova (comprimento L e a área da seção transversal A), calcula-se o valor da
permeabilidade, k, através da equação:
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h Q.L
Q = v.A.t = k.i.A.t = k .A.t k =
L A.h.t
Onde:
Q – é a quantidade de água medida que percola a amostra (cm3);
L – é o comprimento da amostra medido no sentido do fluxo (cm);
A – área da seção transversal da amostra (cm2);
h – diferença do nível entre o reservatório superior e o inferior (cm);
t – é o tempo medido entre o inicio e o fim do ensaio (s)
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Onde:
a – área interna do tubo de carga - bureta (cm2)
A – seção transversal da amostra (cm2)
L – altura do corpo de prova (cm)
h1 – distância inicial do nível d`água para o reservatório inferior (cm)
h2 – distância para o tempo t, do nível d`água para o reservatório inferior (cm)
t – intervalo de tempo para o nível d’água passar de h1 para h2 (cm)
E levando-se em conta que a vazão de água passando pelo solo é igual à vazão da
água que passa pela bureta, que pode ser expressa como:
dh
q=a.v q = a. (conservação da energia)
dt
dh h
a. = k. .A
dt L
h1
dh k . A t1
a. = . dt
h0 h L t0
Conduz a:
h 0 k.A
a. ln = .t
h1 L
Explicitando-se o valor de k:
a.L h a.L h
k= . ln 0 ou k = 2,3. . log 0
A.t h 1 A.t h1
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Consta basicamente de um painel (Figuras 1.13 e 1.14), com recipiente para água e
buretas graduadas para leituras de níveis de carga hidráulica e de um recipiente – câmara
(Figura 1.15) para amostra de solo. O sistema é alimentado por água conduzido por
mangueira, de um tanque próximo.
Figura 1.13 – Vista geral do Permeâmetro Combinado de Solos da UFJF, que pode ser montado
para ser utilizado com carga constante ou variável
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O fluxo para o caso estudado com o uso do permeâmetro, assim como em vários
outros problemas em Engenharia, ocorre de forma unidimensional, em que a vazão passa
por uma área constante o que implica em ocorrer um gradiente hidráulico constante e
consequentemente velocidade também constante.
Em uma situação em que há fluxo, motivado pela diferença entre cargas totais entre
dois pontos (face de entrada e de saída), como ilustrado na Figura 1.16 (carga h), a
dissipação desta carga (cuja pressão correspondente é “h. a ”) ocorre por atrito viscoso na
percolação através do solo.
Como é uma energia que se dissipa por atrito, ela provoca um esforço ou
arrastre na direção do movimento. Esta força atua nas partículas tendendo a carrega-las.
Só não o faz porque o peso das partículas a ela se contrapõe, ou porque a areia é contida
por outras forças externas (PINTO, 2000).
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Obs: Os casos (b), (c) e (d) são denominados fluxo transiente (quantidade de água
que percola varia com o tempo).
2h 2h
Temos: + = 0 Equação de Laplace
x 2 y 2
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Este método foi proposto pelo físico alemão Forchheimer. Consiste no traçado, a
mão livre, de diversas linhas de escoamento e equipotenciais, respeitando-se as condições
de que elas se interceptem ortogonalmente e que formem figuras “quadradas”. Há que se
atender também às “condições limites”, isto é, às condições de carga e de fluxo que, em
cada caso, limitam a rede de percolação.
As redes montadas por figuras com a/L constante e, em particular, “quadradas”
(a/L=1), implicam no atendimento às condições que lhes são impostas, isto é, por cada
canal de fluxo passa a mesma quantidade (Q) de água entre duas equipotenciais
consecutivas a mesma queda de potencial (h).
O método exige, naturalmente, experiência e prática de quem o utiliza. Geralmente,
o traçado baseia-se em outras redes semelhantes obtidas por outros métodos.
Para este caso, a rede de fluxo tem a configuração mostrada na Figura 1.20.
Numerosas linhas de fluxo e linhas equipotenciais podem ser traçadas, como as do
exemplo; em que se obtém Nd = 12 quedas de potencial e Nf = 5 canais de fluxo.
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Neste caso, observa-se que a água percola da esquerda para a direita em função da
diferença de carga total existente. Observa-se que as 13 linhas equipotenciais são
perpendiculares às 6 linhas de fluxo, formando elementos aproximadamente quadrados. A
rede é formada por 5 canais de fluxo (nf = 5) e por 12 quedas equipotenciais (nd = 12).
Nota-se que os canais de fluxo possuem espessuras variáveis, pois a seção
disponível para passagem de água por baixo da estaca prancha é menor do que a seção pela
qual a água penetra no terreno. Logo, a velocidade e o gradiente serão variável ao longo
do canal de fluxo. Quando o canal se estreita, sendo constante a vazão, a velocidade será
maior, gerando um gradiente hidráulico maior (Lei de Darcy). Conseqüentemente, sendo
constante a perda de potencial de uma linha equipotencial para outra, o espaçamento entre
as equipotenciais deve diminuir. Sendo assim, a relação entre as linhas de fluxo e
equipotenciais se mantém constante.
Piezômetro:
Na figura 1.20 observe que temos dois piezômetros “instalados” em uma mesma
linha equipotencial. Este dispositivo (piezômetro), mostrado na Figura 1.21, nada mais é
do que um tudo de PVC com a extremidade perfurada que permite a entrada da água, que
devido a um fechamento (selo, geralmente feito de bentonita) próximo a esta extremidade
permitirá o estabelecimento da coluna de água a ser medida (consequentemente a
determinação da pressão neutra no ponto).
A figura 1.21 (a) ilustra o esquema de montagem de um piezômetro, (b) a
instalação no campo e (c) o detalhe da extremidade do tubo perfurado, protegido por uma
tela ou tecido para não haver obstruções dos seus furos.
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Figura 1.22 – Rede de fluxo de uma fundação permeável de uma cortina de estacas-prancha
A Figura 1.23 ilustra um traçado de rede de fluxo feito à mão livre, sob um
vertedouro de concreto, tendo na fundação (extremidades) duas cortinas (paredes) verticais
até uma determinada profundidade.
Figura 1.23 – Traçado a mão livre de uma rede de fluxo de uma fundação de vertedouro
Figura 1.24 – Desenho da rede de fluxo para uma escavação (MASSAD, 2003)
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Figura 1.25 – Rede de fluxo em fundação de uma barragem de concreto, obtida por software
As Figuras 1.26 e 1.27 apresentam dois casos em que se apresenta o traçado das
linhas de fluxo e a utilização de filtros de proteção para o controle de fluxo de água que
ocorre. Na Figura 1.26 temos uma barragem de terra através da qual há um fluxo de água,
graças às diferenças de carga entre montante e jusante. Com intuito de proteger a barragem
do fenômeno de erosão interna (“piping”) e para permitir uma rápida drenagem da água
que percola através da barragem, usa-se construir filtros, como, por exemplo, o filtro
horizontal esquematizado no desenho.
Figura 1.26 – Rede de fluxo em uma barragem de terra com filtro na extremidade de jusante
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Segundo a Lei de Darcy, a vazão (q) no canal de fluxo será: q = k.i.A , sendo o
gradiente hidráulico (i) dado por:
∆htrecho
i=
Ltrecho
A carga total disponível (h) é dissipada através das linhas equipotenciais (nd), de
forma que entre duas equipotenciais consecutivas temos:
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h
h =
nd
Realizando a devida substituição, rescreve-se a vazão em cada canal de fluxo:
h
q = k.
nd
1 – Dado o problema de percolação da Figura 1.29, em que se apresenta a sua rede de fluxo
já traçada, determine a altura (carga piezométrica) em que a água se eleva no piezômetro
instalado em “P” (profundidade Zp, da referência) e a pressão neutra neste ponto “P”.
Figura 1.29 – Problema de percolação de água, com o traçado de sua rede de fluxo (GRAIG, 2012)
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Resolução:
Carga hidráulica do sistema de fluxo: Diferença de NA (entrada/saída) = h=4,5–0,5 = 4,0m
Perda de carga entre duas equipotenciais traçadas =∆h = 4,0/12 = 0,33m
Até o ponto “P” 2 quedas: ∆h= 0,66m (valor de perda de carga na percolação até o
ponto). Corresponde a altura que o NA de carga h=4,0m se abaixa.
Resolução:
Por se tratar de fluxo bidimensional, em que a área atravessada pela água não é constante,
faz-se necessário traçar previamente a rede de fluxo do problema ...
Optando por traçar 2 linhas de fluxo, obtém-se a mão livre o traçado abaixo:
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O número de quedas h até ao ponto A é de aproximadamente 3,5h, logo a perda até este
ponto é de 3,5 x (15/6) = 8,75m (perda de carga)
Então, o nível de água no tubo piezométrico instalado em A situa-se à 8,75m abaixo do
nível de água à montante, ou seja à 6,25m acima do nível do terreno em que está instalado.
3 – Para o vertedouro de concreto da Figura 1.31, já desenhada uma rede de fluxo, calcule
a “subpressão” (pressão da água junto à sua fundação), em função do peso específico da
água considerado “ w ”. Apresente o cálculo para os 6 pontos destacados (a, b, c, d, e, f),
em kN/m2 (kPa). Apresente também um gráfico esquemático com os valores obtidos.
Resolução:
Carga hidráulica do sistema de fluxo: Diferença de NA (entrada/saída) = h=7,0m
Perda de carga entre duas equipotenciais traçadas =∆h = 7,0/7 = 1,00m
Observe que até o ponto “a” 1 queda: ∆h= 1,00 (valor de perda de carga na percolação
até o ponto). Então, calculando a altura do nível da água dentro do piezômetro (tubo):
Hpiezométrica = 6,00+2,00 = 8,0m (como pode-se observar diretamente nas cotas do desenho)
Logo, ua= hpiez . w = 8,0. w kN/m2
Para os outros pontos, há perda de carga de 1,00m a cada ponto, logo, tem-se:
ub= hpiez . w = 7,0. w kN/m2
uc= hpiez . w = 6,0. w kN/m2
ud= hpiez . w = 5,0. w kN/m2
ue= hpiez . w = 4,0. w kN/m2
uf= hpiez . w = 3,0. w kN/m2
Gráfico esquemático com os valores obtidos para a subpressão na base da fundação:
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A Figura 1.32 ilustra diferentes exemplos de traçados de rede de fluxo (4 para fluxo
confinado e 2 para fluxo não confinado*), em solos isotrópicos e homogêneos.
Observe como os elementos impermeáveis (cortinas - paredes ou tapetes) ou
permeáveis (filtros - material drenante) influenciam a trajetória das linhas de fluxo.
a - Barragens Vertedouro
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* O traçado de redes de fluxo para problemas de fluxo não confinado, como é o caso dos exemplos
ilustrados na Figura 1.32 (“d” e “e”) serão abordados no curso de “Barragens de Terra e
Enrocamento”, visto na UFJF na disciplina “Geotecnia de Fundações e Obras de Terra”.
Solos Anisotrópicos
No que diz respeito ao fluxo de água, um solo é dito anisotrópico quando apresenta
diferenças no coeficiente de permeabilidade nas duas direções. Neste caso, as linhas de fluxo não
são mais perpendiculares às equipotenciais.
Para o traçado de redes nesta situação, como pode ser visto em Pinto (2006), recorre-se a
uma transformação do problema (Figura 1.33), em que se efetua uma alteração na escala na direção
x, de forma que se tenha:
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