09 - Endopróteses
09 - Endopróteses
09 - Endopróteses
I'
.
.. MATERIAISBIOCOMPATíVEIS
FADIGADE MATERIAIS
ENDOPRÓTESES
t:. CONCLUSÕES
. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Seção I
CAPíTULOSBÁsICOS
A evolução tecnológica permitiu um rápido desenvolvi- foram realizados 53 implantes de endopróteses construí-
mento da engenharia de materiais, principalmente daque- das a partir de "l" stents e poliéster, modelo patenteado
les utilizados na área cardiovascular. Esses avanços foram por Volodos em 1984.7,8
fundamentais para dar suporte à inspiração de mentes pri- Apesar de serem estudos inéditos, esses não tiveram
vilegiadas da cirurgia cardiovascular, como Thomas muita repercussão no ocidente e somente a partir dos traba-
Fogarty, Charles Dotter, Júlio Palmaz, Andréas Grüntzig, lhos de Juan Carlos Parodi é que o conceito da endoprótese
Juan Carlos Parodi, entre outros. ganhou força e despertou interesse da comunidade médica.
Com isso, novas alternativas terapêuticas endovascu- Em 1990, Parodi, em um modelo experimental de
lares foram disponibilizadas, que ao longo do tempo vêm-se aneurisma em cães, aplicou com sucesso enxertos endo-
mostrando seguras, eficazes, duráveis, minimamente invasi- luminais compostos de Dacron@ e stent de Palmaz, de-
vas e muito versáteis. monstrando que era factível o tratamento dos aneuris-
mas de aorta abdominal com esse tipo de dispositivo,9 A
O conceito de endoprótese surgiu com o desenvolvi-
partir dessa data, a cirurgia vascular sofreu uma grande
mento do primeiro stent por Dotter1 em 1969. Esse autor
transformação. A real possibilidade de transformar uma
descreveu a implantação de espirais tubulares em artérias
cirurgia de grande porte em um procedimento minima-
poplíteas de cães. As limitações técnicas da época retarda-
mente invasivo seduziu os especialistas, produzindo pro-
ram a utilização até a década de 1980, quando Cragg e
fundas mudanças no campo da cirurgia vascular.
Dotter et al.2,3publicaram novos estudos em que demons-
A técnica descrita por Parodi baseia-se no mesmo prin-
travam a aplicação desse tipo de dispositivo como ferra-
menta auxiliar das angioplastias. Tratava-se de um stent cípio da operação clássica, ou seja, a inclusão de uma próte-
se dentro do aneurisma. A diferença é que, em vez de aces-
fabricado a partir de uma liga metálica de níquel - titânio
sar a aorta através do abdome, a pró tese é introduzida por
(nitinol) com memória térmica, ou seja, capacidade de
uma das artérias femorais ou ilíacasforientada por radiosco-
alterar a forma em uma determinada temperatura.
pia. Para tanto, foi idealizado um sistema no qual a pró tese é
Em 1985, um ano após os estudos de Dotter, Julio Pal- montada sobre 2 stents, localizados nas suas extremidades.
maz et aL apresentaram o primeiro stent expandido por
Esse co~unto é montado dentro de uma bainha de material
balão.3.4 Esse foi o primeiro dispositivo endoluminal a ser
flexível que conduz a endoprótese até a posição do segmen-
aprovado pela FDA (Foodand Drug AdministmtÍlm) para co-
to arterial dilatado para a sua liberação. Os stents são expan-
mercialização e utilização em angioplastias coronárias. Desde
dido~ com a utilização de um cateter balão e fixam a prótese
então, foram descritos inúmeros modelos de stents, fabrica-
às paredes da artéria pela força radial (Fig. 9-1).
dos com diferentes ligas metálicas e sua utilização passou a
Atualmente, o termo endoprótese ou pró tese endolu-
fazer parte do dia-a-diadas intervenções endovasculares.
minal refere-se, portanto, à combinação de um esqueleto
A idéia da associação de um stent a uma pró tese metálico construído a partir da combinação de vários
(stent-graft = endoprótese revestida) para o tratamento de stents recobertos ou forrados por uma prótese de Dacron@
uma lesão arterial é creditada a Cragg. Porém, foi o Dr. ou PTFE. Em alguns modelos os stents somente estão pre-
Alexander Balko quem utilizou pela primeira vez a com- sentes nas extremidades do dispositivo, enquanto em
binação de um stent com uma pró tese para o tratamento outros os stents sustentam toda a extensão da prótese.
de um aneurisma em um modelo experimental em 1982. Estes stents são os responsáveis pela fixação do dispositi-
Nesse estudo foram utilizados esqueletos construídos vo à parede do vaso e, desta forma, atuam como um subs-
com "l" stent de nitinol recobertos com uma pró tese de tituto das anastomoses.
poliuretano implantados em um modelo de aneurisma St~nt-recoberto (stent-graft) refere-se a um único stent,
aórtico em carneiros.5 Esse trabalho demonstrou que era expandido por balão ou auto-expansível, recoberto inter-
possível a implantação do dispositivo via femoral, porém
não foi realizado sob controle radiológico mas mediante
a palpação direta da aorta do animal.
A primeira implantação de uma endoprótese aórtica re-
vestida guiada por radioscopia foi realizada por Lawrence
et al.6 que utilizaram uma endoprótese composta de "l"
stent e um tubo de woven poliéster (Dacron@). Tal disposi-
tivo foi implantado na aorta abdominal e na aorta toráci-
ca de 9 cães.
O Dr. Nicholas Volodos (Ucrânia) foi o primeiro a
tratar um paciente portador de aneurisma com uma Fig. 9.1. Sistema
de Parodio
endoprótese. Desse primeiro implante em 1986 até 1991,
Capítulo9
ENDOPRÓTESES
-
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Fig.9.2. Fotografia de
um stent de níquel -
titânio (NiTi)e do
férica. Estão indicadas, principalmente, para o tratamen-
to das lesões arteriais traumáticas, fístulas arteriovenosas fJjfF
- ..
,
. cilindro no qual foi
usinado.
ou falsos aneurismas, aneurismas periféricos e, mais
recentemente, para o tratamento da doença vascular obs-
compatibilidade, resistência à corrosão e baixo custo. Po-
trutiva do setor aortoilíaco e femoropoplíteo.
rém, apresenta menor radiopacidade e resistência que o
Existem vários tipos de endopróteses e stents-reco- cromo - cobalto.
bertos, alguns modelos ainda são de fabricação caseira O níquel - titânio é a única liga metálica com caracterís-
(home-made), porém, a maioria deles é dispositivo fabri- ticas de superelasticidade e memória de forma que lhe con-
cado por multinacionais e alguns deles estão sob investi- fere uma vantagem tecnológica se comparado a outras ligas.
gação na Europa e nos Estados Unidos. Apresenta ótima biocompatibilidade, resistência à corrosão
e baixa trombogenicidade. Sua baixa radiopacidade dificulta
MATERIAIS BIOCOMPATíVEIS10,11 a utilização com controle fluoroscópico (Fig. 9-2). Possui
propriedades que permitem sua ativação termicamente,
Biocompatibilidade é definida como a habilidade de um dispensando a utilização de balões para expansão dos
material atuar respondendo apropriadamente a uma apli- stents.
cação específica. Existem 2 fatores que determinam a bio- Embora não exista nenhum" material 100% seguro,
compatibilidade de um material: o grande número de rea- alguns problemas podem ocorrer durante e após o im-
ções induzidas pelo material e a degradação deste no plante desses dispositivos. A maior parte deles está rela-
organismo in vivo. Um material biocompatível pode ser cionada com o desempenho e as conseqüências da corro-
natural ou fabricado pelo homem. Seu principal objetivo são prematura da sua estrutura. Problemas relacionados
é substituir uma estrutura viva ou compor um dispositivo com reações alérgicas são raros mas podem ser observa-
que vai melhorar o desempenho de uma função natural. dos -principalmente na presença de substâncias como ní-
A moderna metalurgia e os avanços das pesquisas quel, molibdênio e cromo.
com polímeros permitiram que os fabricantes de disposi- Literalmente, polímero significa muitas partes. Os po-
tivos médicos diversificassem o portfólio de produtos límeros são cadeias longas de monômeros unidos através
construídos com materiais biocompatíveis. No segmento de ligações covalentes de alto peso molecular. Na indús-
endovascular, esses progressos foram observados princi- tria, as formas mais importantes são os plásticos e os elas-
palmente a partir das duas últimas décadas. Os avanços tômeros. Os elastômeros quando deformados voltam à
resultaram em produtos com melhor desempenho, mais forma original, enquanto os plásticos não (Fig. 9-3).
resistentes, menor perfil e memória de forma. Dentro do grupo dos plásticos, o náilon, o polietile-
As ligas metálicas e os polímeros são as principais no, as poliamidas e os poliésteres são os mais utilizados
matérias-primas utilizadas na fabricação dos stents, stent- na fabricação de cateteres e balões.
grafts e endopróteses. As ligas metálicas são misturas ho- Na construção de alguns dispositivos, como as endo-
mogêneas ou soluções sólidas de 2 ou mais metais. Os próteses, ainda são utilizados tecidos fabricados a partir de
átomos de um metal substituem ou ocupam posições in- polímeros que têm a função de recobrir, interna ou externa-
tersticiais entre os átomos de outro. Atualmente, as ligas
mais utilizadas na fabricação de stents são cromo - cobal-
to, cromo - cobalto e níquel (Phynox ou Elgiloy), níquel-
titânio (nitinol), aço inoxidável 316L, e o tântalo.
O cromo - cobalto tem como principais característi-
cas solidez, boa resistência à corrosão e radiopacidade
que permite uma construção de baixo perfil, característi-
ca muito importante na fabricação de pequenos disposi-
tivos como stents coronários.
O aço inoxidável 316L é indiscutivelmente a liga me-
tálica mais utilizada, principalmente, pela excelente bio- Fig. 9-3. Polímero.
Seção I
CAPíTULOS
BÁsICOS
mente, as estruturas metálicas. Os tecidos mais utilizados tes, podem afetar as reações de corrosão. Os diferentes
são o polietilenoteraftalato (Dacron@), obtido a partir do tratamentos térmicos e processos de conformação do
etileno glicol e ácido tereftálico, e o PTFEe (politetrafluoro- material mudam o tamanho do grão e o estado de ener-
etileno expandido). Ambos são utilizados há várias décadas gia do metal e causam heterogeneidade na superfície.14
na cirurgia convencional, o que de certa forma garante sua O corpo humano é um ambiente agressivo porque
utilização em dispositivos endovasculares. contém muitos sais. Quando os íons metálicos são dissol-
vidos de pontos onde a camada de óxido não está com-
pletamente desenvolvida, é formado um hidróxido metá-
FADIGA DE MATERIAIS
lico. Este é imediatamente envolvido por moléculas de
água e então atacam a camada passiva. Quando existem
Apesar de todos os avanços no desenvolvimento desses
íons cloreto, como no plasma humano, esses substituem
dispositivos, alguns problemas relacionados com o de-
as moléculas de água da camada passiva. Se a camada
sempenho comprometem os objetivos propostos. Dentre
passiva não está completamente desenvolvida, os íons
os mais comuns, a fadiga dos materiais é o problema de
maior relevância. metálicos dissolvidos formam um complexo com cloreto,
o qual é dissolvido nos fluidos do corpo.30 Quando o fil-
Entende-se por fadiga a diminuição progressiva da me passivo quebra localmente, a área anódica formada é
resistência de um material devido a solicitações repeti-
muito pequena e é cercada por uma área catódica muito
das. Se considerarmos que o sistema vascular arterial em grande. Isto pode causar uma corrosão local muito rápi-
10 anos vai pulsar aproximadamente 400 milhões de ve- da e uma inesperada destruição do materia1.15
zes fica fácil concluir que qualquer dispositivo utilizado Pites são a forma mais comum de corrosão em stents
dentro de uma artéria deverá apresentar comprovada re- intraluminais de NiTi. A velocidade de penetração de
sistência para trabalhar com eficácia e segurança no mí-
nimo durante 10 anos. um pite é aproximadamente 0,0046 cm/ano, sendo a
causa mais comum de fratura em stents (Figs. 94 a 9-6).16
Fraturas secundárias à fadiga poderão ocorrer tanto Atualmente todo e qualquer dispositivo que será uti-
nas ligas metálicas como nos polímeros. Quando relacio- lizado como implante permanente dentro da circulação
nada com metais, elas ocorrerão a partir de um defeito deve passar por uma série de ensaios mecânicos e eletro-
na superfície (porosidades ou rugosidades) ou em um químicos in vivo e in vitro, que comprovarão a segurança
ponto concentrador de tensão, evoluindo para uma fissu- do material a ser implantado. Estas recomendações fo-
ra e, conseqüentemente, para a fratura do materia1.12 ram. sugeri das em reuniões realizadas por técnicos de
O fenômeno que freqüentemente desencadeia uma FDA, engenheiros e médicos especialistas (Food Workshop
fratura é a corrosão galvânica, que ocorre com a presença
de um metal em um meio hidroeletrolítico, no caso o san-
gue. Quase todos os processos de corrosão metálica envol-
vem transferência de cargas eletrônicas em soluções aquo-
sas. As reações eletroquímicas envolvem reações anódicas
e catódicas. Nas reações anódicas, ocorre a liberação de
Fig. 94. Microscopia
elétrons, enquanto nas reações catódicas os elétrons são eletrônica de
consumidos. O processo de fadiga, neste caso, inicia-se a varredura de um
partir de uma pequena fissura que pode estar localizada segmento de arame
em um ponto de solda ou na união entre 2 arames. Esse de NiTicom uma
fenômeno pode ser acelerado por algum defeito no acaba- fissura. (labMat -
UFSC)
mento do material, principalmente quando a superfície do
dispositivo apresenta irregularidades e ou microfissuras.
É importante lembrar que todo e qualquer tipo de li-
ga metálica quando em contato com o oxigênio formará
em sua superfície um filme óxido, chamado de filme pas-
sivo, que oferece resistência à corrosão.13 .
Numerosos fatores que afetam a corrosão metálica,
porosidade e rugosidades aumentam a área superficial Fig.9-5. Fractografia
eletrônica de um
do implante passível de reagir. A estrutura, composição e segmento de arame
espessura da camada passiva são largamente dependen- de NiTirompido por
tes do metal e do ambiente. Metais contendo vários ele- fadiga. (labMat -
mentos, com defeitos de rede, impurezas e contaminan- UFSC)
Capítulo 9
ENDOPRÓTESES
Dispositivo Fabricante Tipo Estrutura Revestimento Delivery System Diâmetro Link Mercado
Evita Jotec Torácica Niti Poliéster (Dacronoo) Disp. tração axial 24-27 Fr http://www.jotec.netjdeutschjprodukt-stentprot.pml BR
Le Maitre
EndofitThoracic Stent Torácicaj
Vascular NiTi Ptfe (sanduiche) Êmbolo http://www.lemaitre.comjmedicaUaa.asp BR
Graft Ao Uniilíaca
(endomed)
Relay Bolton Torácica NiTI Poliéster(Dacron@) Disp.tração axial http://www.boltonmedical.comjhome.asp; BR
Tag Gore Torácica NiTi Ptfe Auto-expannsível 18-20 Fr http://www.goremedical.comjEnglishjProductsfTAGjlndex.htm BR
Excluder Gore Abdominal NiTi Ptfe Auto-expansível 18-20 Fr http://www.goremedical.comjEnglishjProductsjEXCLUDERAAAjlndex.htm BR
fi
Zenith AAA
Cook Abdominal
»"
Endovascular Graft Aço inoxidável Poliéster(Dacron@) Tração axial 18-22 Fr http://www.zenithstentgraft.comj BR
=r
Zenith TX2 TAA .- m
Cook Torácica Aço inoxidável Poliéster(Dacron@) Tração axial 18-22 Fr http://www.zenithstentgraft.comj BR O '"'
EndovascularGraft V1 Q).
CI
OJ o
Nano Torácicaj NiTi Ptfe 18-20 Fr BR »,
Easy(Apoio) Abdominal Tração axial http://www.nano.com.brf-br/?secao=ProdutosCaracteristicas; V1
ri
Sistema Endovascular O
Torácicaj , V1
Auto-Expansível Braile Aço inoxidável Poliéster (Dacron@) Êmbolo 17-20 Fr http://www.braile.com.br/portugue/Menustent.htm BR
Abdominal
Stent-Graft Abdominal
...
Capítulo 9
ENDOPRÓTESES
de nitinol, conformado em ziguezague, que possui me- dução idêntico ao da endoprótese bifurcada. Em setem-
mória térmica e fixada através de um monofilamento de bro de 1999 recebeu a aprovação do FDA.18.19
poliéster. A estrutura metálica recobre externamente Esse dispositivo utiliza o mesmo sistema de disparo
uma pró tese de woven de parede fina. Não possui hook.s da Talent, Xcelerant, o que o torna, muito seguro, leve e
nem barbs,portanto, a fixação ocorre através da força ra- preciso durante o implante (Fig. 9-10).
dial da estrutura metálica sobre as paredes dos colos pro-
ximal e dista!.
SISTEMA ENDOVASCULAR AUTO-EXPANSíVEL -
O sistema de introdução apresenta um diâmetro ex- STENT
terno de 22 Fr e a perna contralateral de 16 Fr. Este siste-
ma apresenta características especiais que diminuem o A Braile Biomédica do Brasil é uma empresa pioneira
atrito da estrutura metálica sobre as paredes internas do em nosso país no desenvolvimento de endopróteses para
cateter introdutor, visto que a prótese está fixada interna- tratamento de aneurismas torácicos. O sistema endovas-
mente. Os tamanhos disponíveis estão padronizados e cular é composto de um endoesqueleto de aço inoxidável
variam de 20 a 28 mm na aorta e 12 a 16 mm nas ilíacas. recoberto externamente por uma malha de dácron. Co-
É aconselhável, para que haja uma boa fixação, um dife- mercializado somente em modelos retos, está disponível
rencial de 10% a 20% a mais do diâmetro do colo da aor- em diâmetros que variam de 22 a 32 mm e comprimen-
ta a ser tratada. As extensões são variáveis e podem ser tos que variam entre 75 e 90 mm. É montado em um sis-
utilizadas nas distorções de tamanho. tema introdutor coaxial composto de teflon e nitino!.
Recentemente, a Medtronic passou a disponibilizar Esse dispositivo está sendo utilizado clinicamente
na Europa e na Austrália o sistema AneuRx Descending desde 1996, apresentando uma das séries mais expressi-
Thoracic Aorta (DTA), montado em um sistema de intro- vas no tratamento das dissecções tipo 111.20.21
A B c
'19.9-11. Sistema endovascular auto-expansível. (A e B) Endopróteses bifurcadas. (C) Endoprótese reta.
Recentemente, a mesma empresa apresentou seu dis- A estrutura é formada por Gianturco "Z" stents modifica-
positivo bifurcado modular composto por um esqueleto dos, separados entre si e fixos à parede da pró tese que re-
de nitinol fixado externamente a uma prótese de woven cobre internamente toda a estrutura, exceto nas extremi-
poliéster ultrafina (Fig. 9-11). dades. Possui farpas no primeiro stent não recoberto que
auxiliam na fixação da endoprótese. O sistema de intro-
,POLO - NANO ENDOLUMINAL
dução tem um calibre de 20 Fr (externo 22 Fr).25.26
Trata-se de um sistema modular, bifurcado e reto, com- Em maio de 2003 recebeu aprovação da FDA e pas-
posto de um endoesqueleto de "Z" stents de nitinol e sou a ser comercializado nos EUA. Atualmente, é comer-
PTFEe (politetrafluoroetileno expandido) ultrafino e cializado em vários países e continentes, inclusive no
resistente fornecido pela Impra-Bard Inc. Japão. Com mais de 10.000 implantes no mundo todo,
Foi o primeiro dispositivo bifurcado fabricado no apresenta resultados surpreendentes no que se refere à
Brasil e apresenta como principal característica o intro- migração e vazamentos.
dutor que possui um sistema de tração axial. Este meca- No final de 2003, o modelo desenvolvido para trata-
nismo distribui o atrito da endoprótese dentro do cateter mento de aneurismas torácicos começou a ser utilizado
facilitando o posicionamento junto às artérias renais no comercialmente na Europa. Tem como principal caracte-
momento da liberação da endoprótese. Ao mesmo tem- rística a ausência de stent proximal descoberto e a presen-
po permite que o cateter tenha baixo perfil (18-20 Fr) ça do mesmo distalmente.
facilitando a navegação em trajetos bastante tortuosos. Também está disponível em modelos fenestrados e
O primeiro implante foi realizado em junho de 1998, em modelos com ramos para as artérias viscerais utiliza-
quando foi iniciado um estudo clínico multicêntrico. Em dos no tratamento de aneurismas toracoabdominais. Es-
abril de 2000 a prótese recebeu o registro do Ministério ses dispositivos são sempre feitos sob medida e somente
da Saúde, sendo então comercializada e utilizada fora de utilizados com autorização especial e monitorização do
protocolos clínicos. fabricante (Fig. 9-13).27
Até o fInal do ano de 2005 haviam sido implantados
mais de 800 endopróteses ApoIo no Brasil, com resultados
comparáveis aos estudos com outros dispositivos.22.23.24 ' .. '"\. -'I
Em meados de 2006, a empresa lançou no mercado
uma nova geração, Easy (Endovascular Aortic System), basi-
~ ""'.,' ./
'
. <.
camente a evolução do sistema anterior com algumas me-
lho rias na sua construção e acabamento (Fig. 9-12). ~ Jt
1...,.;1
ENITH fNOOVASCULAR GR~FT
Comercializado pela Cook, esse dispositivo foi original-
mente desenvolvido por Lawrence-Brown. Também co-
nhecido como Perth HLB System, vem sendo utilizado
na Austrália desde 1994.
flg 0.1' Easy
Trata-se de um dispositivo modular, auto-expansível (Endovascular Aortic
e construído a partir de aço inoxidável e woven poliéster. System).
Capítulo 9
ENDOPRÓTESES
'RE BIFURCATED EXCLUDER E TAG ma evidência de vazamentos. Esse fenômeno foi atribuí-
do à porosidade do PTFEe utilizado.
Um dos mais modernos dispositivos endoluminais de- Em 1998 recebeu a marca CE e começou a ser utilizado
senvolvidos é o sistema Exc1uder da W.L. Gore and
na Europa o modelo para tratamento de aneurismas de
Associates.
aorta torácica, TAG, disponível em diâmetros de até 40 mm
Disponível nos modelos reto e bifurcado, essesistema é e comprimento de 200 mm. Esseera o dispositivo de maior
composto de um exoesqueleto de nitinol revestido interna- comprimento disponível no mercado. Apresentava uma
mente com PTFEe ultrafino. A construção é bastante com- barra longitudinal de nitinol que apresentou fraturas, resul-
plexa, porém o resultado final é surpreendente no que se tando na retirada do mercado do dispositivo em 2001.
refere à fixação e à integração da estrutura metálica junto Em março de 2004 foi lançada na Europa uma nova
ao PTFEe. Essa tecnologia confere grande flexibilidade ao versão, sem a barra de sustentação longitudinal. Esse
dispositivo aliado a um baixo perfil quando fechado. modelo recebeu a aprovação da FDA em março de 2005
Trata-se de um dispositivo modular, auto-expansível e (Fig.9-14).
que contém farpas na extremidade proximal, porém não
apresenta stent proximal descoberto. Apresenta algumas POWERLlNK SYSTEM
particularidades no sistema de introdução e liberação, Desenvolvido no Arizona Heart Institute em Phoenix e
sendo diferente de todos os outros dispositivos existentes.
fabricado pela companhia chamada Endologix, foi lança-
A endoprótese é liberada somente com o puxar de um fio da há mais de 7 anos.
de PTFEe, tomando a liberação muito rápida e precisa.
O modelo bifurcado é constituído de uma única pe-
Em 1997 recebeu a marca CE e até maio de 1999
ça, construída com um esqueleto de um único arame de
haviam sido realizados mais de 450 casos em todo o mun-
cromo - cobalto recoberto por PTFEe ultrafino muito
do. No outono de 1998, nos EUA, foi iniciada a fase I do
resistente, fabricado pela Impra-Bard. Não possui farpas
estudo clínico e que recebeu a aprovação da FDA para ou ganchos e sua fixação depende somente da força radial
sua comercialização em 2001.
exercida pelo stent e da força colunar resultante de um
Após a aprovação, sofreu uma modificação na cons- corpo principal bastante longo.
trução do PTFEe utilizado, recebendo um filme adicio- Esse dispositivo permite a implantação de uma endo-
nal para garantir maior impermeabilidade ao tecido, pró tese bifurcada não modular com relativa facilidade
pois havia uma freqüência bastante importante de cresci- através da inserção de uma guia rígida por punção con-
mento do diâmetro dos aneurismas tratados sem nenhu- tralateral. Por outro lado, a conformação em uma única
D E F
Marcas
radiopacas
Ganchosde
estabilizacão/fixacã
"
\ '-
\ \.
"
.'"
~ELAY, BOLTON MEDICAL em alguns tipos de trauma de grandes artérias. Para o tra-
tamento dos traumas vasculares, aneurismas ej ou pseu-
Esse dispositivo foi especialmente configurado para o
tratamento de aneurismas de aorta torácica. A constru- do-aneurismas de vasos periféricos existem dispositivos
ção tem como principal objetivo adaptar-se à geometria específicos, disponíveis em diversos tamanhos e materia-
tridimensional das tortuosidades do arco aórtico. O siste- is. Dentre eles, os mais conhecidos em nosso meio são o
Jostent Peripheral Stent Graft, Viabahn Endoprosthesis,
ma de disparo, chamado Transport, prioriza a navegabili-
dade em aortas tortuosas. Está construído a partir de um Atrium V12 e o Fluency da Bard.,.
cateter introdutor relativamente curto que deverá ser po- O Jostent Peripheral Stent Graft possui um esqueleto
sicionado ao nível das artérias renais. A partir deste nível, de aço inoxidável flexível em sandwich. Entre as 2 cama-
das encontra-se uma fina camada de PTFE expansível.
a endoprótese é conduzida dentro de um compartimen-
to de poliéster maleável, permitindo perfeita adaptação Esse sistema é expandido por balão e apresenta baixo
em tr<yetos excessivamente tortuosos. perfil e diâmetro variável, permitindo que um stent sirva
a 6 diferentes tamanhos. Está indicado principalmente
O implante é realizado em 4 passos, possibilitando o
reposicionamento da endoprótese junto ao colo proxi- no tratamento de pequenos traumas arteriais.
O Stent Graft Atrium V12 fabricado pela empresa
mal d~rante a implantação.
Atrium combina aço inoxidável e PTFE e o Fluency da
A endoprótese Relay possui uma estrutura de stents
independentes de nitinol fixada com sutura cirúrgica a Bard é construído a partir de uma estrutura de nitinol e
uma prótese tubular de poliéster. PTFE. O V12 é expandido por balão, enquanto o Fluency
Recebeu a aprovação da CE em abril de 2005 e tam- é auto-expansível.
bém está disponível no Brasil. Atualmente, está em anda- O Viabhan Endoprosthesis da Gore tem uma constru-
mento o estudo fase II nos Estados Unidos (Fig. 9-19). ção bastante complexa que combina uma malha de níquel
Os dispositivos descritos anteriormente estão indica- - titânio auto-expansível com PTFEe ultrafino. O sistema
dos no tratamento das dissecções, aneurismas da aorta e de disparo é semelhante ao da endoprótese Excluder. Está
disponível em diversos diâmetros e comprimentos o que
possibilita sua indicação nos casos de oclusões arteriais por
doença obstrutiva crônica principalmente no setor iliofe-
moral e femoropoplíteo.