Didatica Do Ensino Superior PDF

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DIDÁTICA DO ENSINO

SUPERIOR

Belo Horizonte
2

SUMÁRIO

EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NA HISTÓRIA ......................................................................................................... 4


EDUCAÇÃO, ESCOLA E PROFESSORES ............................................................................................................... 5
EDUCAÇÃO E VALORES .................................................................................................................................... 8
EDUCAÇÃO, VALORES E OBJETIVOS ................................................................................................................. 9
EDUCAÇÃO, VALORES, OBJETIVOS E PRIORIDADES .......................................................................................... 9
OBJETIVOS PRIORITÁRIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .................................................................................. 10
EDUCAÇÃO E ESCOLA ..................................................................................................................................... 11
EDUCAÇÃO E PROFESSORES........................................................................................................................... 13
O ENSINO E A APRENDIZAGEM NA VIDA HUMANA........................................................................................ 15
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ENSINO............................................................................................................ 18
TIPOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................................................................. 21
APRENDIZAGEM E MOTIVAÇÃO ..................................................................................................................... 22
APRENDIZAGEM E MATURAÇÃO.................................................................................................................... 23
FASES DA APRENDIZAGEM............................................................................................................................. 23
RELAÇÃO ENTRE ENSINO E APRENDIZAGEM .................................................................................................. 24
CONCLUSÕES SOBRE ENSINO E APRENDIZAGEM ........................................................................................... 24
O QUE É PEDAGOGIA ..................................................................................................................................... 25
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA PEDAGOGIA.................................................................................................. 25
DIVISÃO DA PEDAGOGIA ............................................................................................................................... 27
O QUE É DIDÁTICA ......................................................................................................................................... 28
DIDÁTICA GERAL E DIDÁTICA ESPECIAL .......................................................................................................... 28
DIDÁTICA E METODOLOGIA ........................................................................................................................... 28
CICLO DOCENTE ............................................................................................................................................. 29
PRIMEIRA FASE: PLANEJAMENTO .................................................................................................................. 30
SEGUNDA FASE: ORIENTAÇÃO ....................................................................................................................... 30
TERCEIRA FASE: CONTROLE............................................................................................................................ 30
COMO ENSINAR ............................................................................................................................................. 32
O CURRÍCULO E SEU PLANEJAMENTO ............................................................................................................ 32
CONSEQUÊNCIAS DO NOVO CONCEITO DE CURRÍCULO ................................................................................. 34
DIMENSÕES DO CURRÍCULO .......................................................................................................................... 35
PLANEJAMENTO DE CURRÍCULO .................................................................................................................... 36
SIGNIFICADOS DE ALGUNS TERMOS .............................................................................................................. 37
CUIDADOS PEDAGÓGICOS ............................................................................................................................. 38
PSICOLOGIA / SOCIOLOGIA / FILOSOFIA ........................................................................................................ 39

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COMPORTAMENTO DO ALUNO DURANTE O PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM .................................. 41


CONCEITOS .................................................................................................................................................... 41
CAUSAS DA INDISCIPLINA E POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA ORIENTAR A ATIVIDADE DO ALUNO PARA O ESTUDO
...................................................................................................................................................................... 41
O PRÓPRIO DOCENTE..................................................................................................................................... 42
A CONSTRUÇÃO ESCOLAR .............................................................................................................................. 42
O CURRÍCULO ESCOLAR ................................................................................................................................. 43
O PESSOAL DA ESCOLA................................................................................................................................... 43
AS QUESTÕES SOCIAIS ................................................................................................................................... 44
RESPONSABILIDADES ESPECÍFICAS DOS DOCENTES........................................................................................ 44
O PORQUÊ E O PARA QUÊ DA EDUCAÇÃO...................................................................................................... 47
PRINCÍPIOS .................................................................................................................................................... 47
OBJETIVOS ..................................................................................................................................................... 48
CARACTERÍSTICAS DOS OBJETIVOS ................................................................................................................ 51
TEORIAS EDUCACIONAIS MODERNAS: HERBART, DEWEY E FREIRE ................................................................ 52
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................. 61

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EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO NA HISTÓRIA

A construção do sistema escolar, não foi um trabalho que se fez senão com
grandes sacrifícios. Cada povo, cada século, cada pensador pedagogo contribuiu
com atos e teses para a melhoria do que se conhecia.
Longe está uma nação que possa· ser considerada possuidora de sistema
educacional definitivo, mesmo porque a educação é um ato atrelado às condições
da sociedade e esta por sua vez está em contínuo processo.
Importante observar que nos dias atuais ficam cada vez mais difíceis modelos
pedagógicos individuais. Importante saber, também, que a Escola Nova, influenciou
os destinos da educação ocidental e está ainda por ser estudada, aplicada, e, em
algumas situações, criticada e modificada.
O professor tem que entender que exerce um papel histórico:
Conhecer, aplicar, afirmar e rejeitar, propor e escrever são ações de vital
importância para a ciência chamada Educação.
No século XX - ao final do século XIX, política e filosoficamente os países já
haviam se estruturado melhor. Ao lado da França, a Inglaterra, a Alemanha e a
Rússia, no velho mundo e os Estados Unidos da América do Norte já tinham mais
clareza sobre o que pretendiam para a educação. Muitos programas foram
estruturados e aplicados. Congressos disseminaram e discutiram pesquisas e
projetos, conferências internacionais possibilitaram troca de informações. Alguns
trabalhos modelos são amplamente reconhecidos, por exemplo:
• Itália - Maria Montessori, médica que trabalhou com crianças
consideradas deficientes (em inteligência, física ou comportamento), demonstrando
que a aprendizagem, quando aplicada com o método ativo, produz efeitos altamente
eficientes para qualquer tipo de aluno;
• Alemanha - Kerchnsteiner identifica a escola à ação, de acordo com o
interesse dos alunos; também prova que a aprendizagem é melhor quando aplicada
essa metodologia;

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• Estados Unidos - Dewey lança a ideia do ensino por meio do tripé:


solução de problemas, método científico e trabalho em laboratório. Visa a educação
democrática;
• França - Cousinet preocupou-se com a formação do professor tendo
em vista o ensino ativo;
• Piaget - analisa as características psicológicas de cada fase de
aprendizagem do ser humano, fixando-se especialmente nas primeiras. Seus
trabalhos são difundidos com a denominação de construtivismo. Também da França
surge a ideia de Freinet, relativa à educação dentro do trabalho e voltada a ele;
• Argentina - Emília Ferrero absorve as propostas construtivistas e
propõe uma metodologia mais realista para a alfabetização;
• Brasil - Paulo Freire, dedicando-se à alfabetização de adultos, propõe
a aprendizagem como um fator político. Seus seguidores estendem suas propostas
para as demais categorias de alunos;
• Rússia - Vygotsky vê na aprendizagem um ato eminentemente social.

EDUCAÇÃO, ESCOLA E PROFESSORES

1 – Para que Ensinar?


Antes de estudar os aspectos didáticos propriamente ditos, é muito importante
refletir um pouco sobre o sentido da atividade docente. E, para ter consciência do
sentido de sua atividade, o professor precisa se perguntar:
 Para que ensino?
 Para que serve o que estou fazendo?
Isto Significa que os aspectos didáticos devem estar subordinados à definição
de propósitos educativos válidos para orientar nosso trabalho. "Os objetivos que nos
propomos alcançar junto às crianças são o elemento fundamental em nosso trabalho
letivo e quando realmente nos propomos ser educadores."
Segundo Mialaret, a formação pedagógica dos futuros professoes se sustenta
em quatro pilares principais:

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 Uma reflexão de ordem histórico-filosófico-sociológica a respeito da


instituição escolar, seu papel na sociedade e as finalidades atuais da educação.
 Um conjunto de conhecimentos científicos acerca da estrutura e do
funcionamento psicológico dos alunos, seja como indivíduos, seja como pequenos
grupos.
 A iniciação na prática dos diferentes métodos e técnicas pedagógicas
que permitam estabelecer a comunicação educativa eficaz.
 Estudo psicológico e pedagógico da didática das disciplinas escolares.

Estes quatro pilares necessários à formação pedagógica de todo docente


estão intimamente relacionados. Suas interações estão indicadas no esquema
seguinte:

Embora a Didática Geral se preocupe primordialmente com como ensinar, ou


seja, com métodos e técnicas, julgamos importante, antes de estudá-los, refletir
sobre o seu fundamento, sobre as razões do seu emprego e sobre os fatores que
intervêm em sua aplicação. Caso contrário, corremos o risco de nos converter em
escravos dos instrumentos (métodos e técnicas). Para evitar isso é de fundamental
importância refletirmos, antes de mais nada, sobre a educação.

2 – O que é Educação?

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Podemos começar a pensar sobre a educação analisando o seguinte fato


histórico:
Por ocasião do tratado de Lancaster, na Pensilvânia (Estados Unidos), no ano
de 1744, entre o governo da Virgínia e as seis nações indígenas, os representantes
da Virgínia informaram aos índios que em Williamsburg havia um colégio dotado de
fundos para educação de Jovens índios e que, se os chefes das seis nações
quisessem enviar meia dúzia de seus meninos, o governo se responsabilizaria para
que eles fossem bem tratados e aprendessem todos os conhecimentos do homem
branco.
A essa oferta, o representante dos índios respondeu:
"Apreciamos enormemente o tipo de educação que é dada nesses colégios e
nos damos conta de que o cuidado de nossos jovens, durante sua permanência entre
vocês, será custoso. Estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o
bem para nós e agradecemos de todo coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm
concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos
ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa.
... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte
e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando voltavam para nós, eles eram maus
corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e a fome.
Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam
a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como
guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não
possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores
da Virgínia que nos enviem alguns de seus jovens que lhes ensinaremos tudo o que
sabemos e faremos, deles, homens." (Extraído de um texto escrito por
Benjamin Franklin.)
Da resposta dada pelo representante dos índios podemos concluir que não há
forma única nem um -único modelo de educação. Em cada sociedade ou país a
educação existe de maneira diferente. A educação em pequenas sociedades tribais
de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades, por exemplo, é diferente da

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educação em sociedades camponesas, assim como essa difere da que é dada em


países desenvolvidos e industrializados, e esta por s a vez é diferente da educação
em países não industrializados, e assim por diante.
Cada país, cada sociedade tem realidades e valores diferentes e, por isso,
tem uma concepção diferente de educação. Foi para esse aspecto que o
representante das nações indígenas chamou atenção: “... aqueles que são sábios
reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo
assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação
não é a mesma que a nossa".
A ideia de educação de cada povo depende, portanto, da sua realidade
concreta e de seus valores. A educação dada pelas escolas o Norte aos jovens
indígenas não correspondia nem aos valores nem à localidade das nações
indígenas.

Educação e Valores
Numa linguagem bem simples, podemos dizer que valor significa uma
preferência por algo. Um valor está associado, a significados que conferimos às
coisas ou a situações que, fora de um contexto bem definido e localizado, podem
não representar muito. (...)
Atribuir sentido especial às coisas é, portanto, um ato que exige uma situação
concreta, na qual o indivíduo manifesta sua adesão a determinadas coisas ou repulsa
para outras tantas.
Quando discutimos os valores em educação, estamos nos referindo a coisas
que têm uma conotação positiva ou negativa.
Vejamos alguns exemplos de valores geralmente aceitos e difundidos em
nossas escolas:
• Através do estudo, os que são mais capazes chegam aos postos mais
importantes.
• O trabalho manual é uma ocupação inferior.
• Os que "não querem estudar" ficam relegados às tarefas que nossa
sociedade valoriza menos.

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• O mais importante de tudo é o lucro, a promoção pessoal, a ascensão


social mediante o esforço próprio, a poupança, a segurança, etc.

Educação, Valores e Objetivos


Se partirmos de valores diferentes, os objetivos da educação também serão
diferentes. "Os objetivos indicam os alvos da ação. Constituem, como lembra o
nome, a objetivação da valoração e dos valores. Poderíamos, pois, dizer que a
valoração é o próprio esforço do homem em transformar o que é naquilo que deve
ser, os objetivos sintetizam o esforço do homem em transformar o que deve ser
naquilo que é." (SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica.
São Paulo, Cortez, 1983. p. 42.).
O esquema seguinte facilita a compreensão do que foi dito:

No esquema acima, a Realidade 1 representa a situação original, e a


Realidade 2 essa mesma situação, porém transformada.

Educação, Valores, Objetivos e Prioridades


O homem não é um ser passivo. Por isso, perante determinada situação, cada
um reage de acordo com sua escala de valores. Alguns procuram transformar a
situação, pois ela não está de acordo com seus valores. Outros, no entanto, não
querem que seja modificada, pois ela corresponde a seus valores.
Os que querem que a situação permaneça como está geralmente estão se
beneficiando dela. Essas pessoas, inclusive, estabelecem hierarquias de valores que
procuram impor às demais. De maneira geral, na sociedade as hierarquias de valores
correspondem aos interesses dos grupos sociais privilegiados.

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Por isso, Dermeval Saviani propõe substituir o conceito de hierarquia,


tradicionalmente ligado a uma concepção rígida e estática, pelo conceito de
prioridade, mais dinâmico e flexível. A prioridade, de acordo com esse autor, é ditada
pelas condições da situação existencial concreta em que vive o homem. E para
esclarecer sua proposta, apresenta o seguinte exemplo:
"De acordo com a noção de hierarquia, os valores intelectuais seriam, por si
mesmos, superiores aos valores econômicos. (...) Assim, se vou educar, seja num
bairro de elite, seja numa favela, sempre irei dar mais ênfase aos valores intelectuais
do que aos econômicos. No entanto, a nossa experiência da valoração nos mostra
que na favela os valores econômicos tornam-se prioritários, dadas as necessidades
de sobrevivência, ao passo que num bairro de elite assumem prioridade os valores
morais, dada a necessidade de se enfatizar a responsabilidade perante a sociedade
como" um todo, a importância da pessoa humana e o direito de todos de participar
igualmente dos progressos da humanidade", (ld., ibid., p. 42.)

Objetivos Prioritários da Educação Brasileira


Segundo Dermeval Saviani, em face da realidade concreta do homem
brasileiro, temos os seguintes objetivos gerais e prioritários para a nossa educação:
 Educação para a subsistência;
 Educação para a libertação;
 Educação para a comunicação;
 Educação para a transformação.

Vejamos cada um desses objetivos:


Educação para a subsistência - "Uma análise mais detida revelará que o
homem brasileiro, no geral, não sabe tirar proveito das possibilidades da situação e,
por não sabê-lo, frequentemente acaba por destruí-las. Isto nos revela a necessidade
de uma educação para a subsistência: é preciso que o homem brasileiro aprenda a
tirar da situação adversa os meios de sobreviver." (Id, ibid, p. 43.).
Educação para a libertação - "Mas· como pode o homem utilizar os
elementos da situação se ele não é capaz de intervir nela, decidir, engajar-se e
assumir pessoalmente a responsabilidade de suas escolhas?

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Sabemos quão precárias são as condições de liberdade do homem brasileiro,


marcado por uma tradição de inexperiência democrática, marginalização econômica,
política, cultural. Daí a necessidade de uma educação para a libertação: é preciso
saber escolher e ampliar as possibilidades de ação". (Id., ibid, p. 43.)
Educação para a comunicação - "Como, porém, intervir na situação sem
uma consciência das suas possibilidades e dos seus limites? E esta consciência só
se adquire através da comunicação. Daí o terceiro objetivo - educação para a
comunicação: é preciso que se adquiram os instrumentos aptos para a comunicação
intersubjetiva". (ld., ibid, p. 43.)
Educação para a transformação - "Tais objetivos, contudo, só serão
atingidos com uma mudança sensível do panorama nacional atual, quer geral, quer
educacional. Daí o quarto objetivo: educação para a transformação." (Id., ibid, p. 43)

Educação e Escola
Educação não se confunde com escolarização, pois a escola não é o único
lugar onde a educação acontece. Em todo o lugar existem redes e estruturas sociais
de transferência de saber de uma geração para outra. Mesmo nos lugares onde não
há sequer a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado, existe
educação. Mesmo se as escolas fossem abolidas as crianças aprenderiam.
Será isso verdade?
Muitos pensadores e críticos educacionais discordam dessa /maneira de
pensar. Para Peter Drucker, por exemplo, "as escolas realmente precisam de
mudanças drásticas em todos os níveis, mas nós precisamos não é de uma 'não-
escola', e sim de uma instituição de ensino que funcione e que seja administrada
adequadamente".
Outros autores, que também questionam a qualidade de nossas escolas,
julgam necessário que haja alguma forma de educação sistemática.
Convém lembrar, também, que além dos lugares onde a educação se
processa de forma sistemática - as escolas -, existem lugares onde ela se processa
de forma assistemática. Entre esses lugares podemos citar: a família, a igreja, os
sindicatos, as empresas, os meios de comunicação de massa, etc.

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A família, por exemplo, é o primeiro elemento social que influi na educação.


Sem a família a criança não tem condições de subsistir. Tal necessidade não é
apenas de sobrevivência física, mas também psicológica, intelectual, moral e
espiritual. A família, no entanto, encontra uma série de problemas, na sua missão de
educar. A falta de preparo de muitos pais para exercer integralmente essa função é
o principal problema.
Dessa falta de preparo surge uma série de outros problemas: falta de
amor, de carinho, de trato adequado, frustração, etc.
Por isso, há necessidade da educação dos próprios pais para a paternidade e
a maternidade. Essa é também uma das funções da escola.
A escola só conseguirá preencher essa função quando houver o entrosamento
dos pais com a escola e com a comunidade.
Assim, a escola deve ser o ambiente em que pais e professores promovam
conjuntamente a educação. Aliás, toda a comunidade deve participar, criando
condições e buscando recursos, para que os pais e educadores possam
desempenhar sua missão. Só assim a escola deixará de ser um meio de perpetuar
os vícios da sociedade para tornar-se "um lugar, um ambiente, em que as crianças
ou jovens se reúnem entre si e com educadores profissionais, para tomarem
consciência mais profunda de suas aspirações e valores mais íntimos e mais
legítimos, e tomarem decisões mais esclarecidas sobre as suas vidas a partir de
aprendizagens significativas.
No entanto, essa transformação não é fácil. Isso porque não é possível fazer
uma mudança profunda na escola enquanto não se fizer também uma profunda
mudança social, "que proponha novos ideais comunitários e pessoais com uma nova
maneira de ver a realidade e a história e que valorize de forma diferente a educação
do povo e a cultura popular".
O maior problema, observa Paulo Freire, não é o fracasso da escola, mas o
fracasso da sociedade inteira como comunidade educativa. Enquanto IIlich considera
a escola como uma instituição que começa e termina em si mesma, Paulo Freire
estuda o problema da educação inserido dentro dos mecanismos sociais.
Nesse sentido, ele afirma: Não é a educação que forma a sociedade de uma
determinada maneira, senão que esta, tendo-se formado a si mesma de uma certa

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forma, estabelece a educação que está de acordo com os valores que guiam essa
sociedade.
A sociedade que estrutura a educação em função dos interesses de quem tem
o poder, encontra na educação um fator fundamental para a preservação desse
poder. (FREIRE, P e ILLlCHI, I. Diálogo. Buenos Aires, Búsqueda, 1975. p. 30.)
Diante dessa situação, o que é possível fazer? É o próprio Paulo Freire quem
responde:
"Só é possível uma transformação profunda e radical da educação quando
também a sociedade tenha se transformado radicalmente. Isso não significa que o
educador nada possa fazer. É muito o que ele pode realizar, ainda que para tanto
não conte com normas prescritas para suas atividades. Com efeito, ele mesmo deve
descobri-las e averiguar por si mesmo como praticá-las em sua situação histórica
particular".

Educação e Professores
O professor profissional não é o único agente da educação. Assim como a
validade e a necessidade da escola é questionada, também a necessidade da
existência de professores profissionais é posta em dúvida por alguns críticos
educacionais
Se admitirmos que o professor é um mero transmissor de informações ou um
fabricante de especialistas, podemos admitir que sua função não é tão necessária.
Sabemos, no entanto, que o professor não pode se limitar a um simples repetidor.
Sua função é bem mais ampla.
O que mais influi nas crianças das primeiras séries do Ensino Fundamental é
a personalidade do professor. O professor dominador que emprega a força, ordena,
ameaça, culpa, envergonha e ataca a posição pessoal do aluno, evidentemente
exercerá sobre a personalidade do mesmo, uma influência distinta do professor que
solicita, convida e estimula. Este, por meio de explicações, faz com que seus
objetivos adquiram significado para o aluno, o qual passa a ter uma atitude de
simpatia e colaboração.
Grande parte dos comportamentos e das atitudes dos alunos é provocada pelo
comportamento, pelos métodos e pelas atitudes do professor.

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"O professor que tem entusiasmo, que é otimista, que acredita nas
possibilidades do aluno, é capaz de exercer uma influência benéfica na classe como
um todo e em cada aluno individualmente, pois sua atitude é estimulante e
provocadora de comportamentos ajustados. O clima da classe torna-se saudável, a
imaginação criadora emerge espontaneamente e atitudes construtivas tornam-se a
tônica do comportamento da aula como grupo."
Segundo Frances Rummell, as principais características de um bom professor
- apresentadas por Juraci C. Marques, são:
 Os melhores professores estão profissionalmente alerta. Não vivem
suas vidas confinados ou isolados do meio social. Tentam fazer da comunidade e
particularmente da escola o melhor ambiente para os jovens.
 Estão convencidos do valor de seu trabalho. Seu desejo é exercer cada
vez melhor a profissão a que se dedicam.
 São humildes, sentem necessidades de crescimento e
desenvolvimentos pessoais, porque compreendem a grande responsabilidade da
função que exercem.
É bem verdade que atualmente existem muitas limitações que impedem que
o professor exerça essa função com maior eficácia. A superação de muitas dessas
limitações, no entanto, não depende exclusivamente dele nem do sistema escolar.
Como vimos, depende principalmente da transformação da estrutura social.
Mas, mesmo com relação a esse aspecto, o próprio professor pode
desempenhar um papel muito importante. Ele, mais do que qualquer outro
profissional, tem enormes possibilidades de ser um agente de transformação social.
Para tanto, é preciso que se proponha a ter uma participação ativa no processo
pedagógico. Deverá, por exemplo, indagar-se constantemente sobre a legitimidade
dos fins pedagógicos da escola, sobre os objetivos propostos, sobre o conteúdo
apresentado, sobre os métodos utilizados, enfim, sobre o sentido social e político de
sua própria atividade docente.
O professor, portanto, em sua atividade docente, poderá estar trabalhando
para mudar a sociedade ou para conservá-la na forma em que ela se encontra. Nesse
sentido, Maria Teresa Nidelcoff apresenta ·rês tipos de postura possíveis:

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a) Existem mestres para quem tudo está muito bem do jeito que está e
para quem os valores e as características da sociedade atual não devem mudar e
devem mesmo ser difundidos. Eles atuam conscientemente como representantes do
atual regime social, assumindo a responsabilidade de incorporar os alunos a tal
regime, e de adaptá-las ao sistema de vida e aos valores que a sociedade propõe.
b) Outros, que são a maioria, definem-se a si mesmos como 'professores'
e nada mais, 'professores-professores'. Afirmam que 'a escola é escola e a política é
política'. Em outras palavras: eles não percebem ou não querem perceber as
implicações ideológicas e sociais de muitas das tarefas e dos 'ritos' escolares. Com
sua atitude aparentemente apolítica e sua postura acrítica, eles se convertem de fato
em policiais - guardiões do regime social - sem sabê-lo e, muitas vezes, sem querê-
la. Na medida em que não trabalham para mudar, ajudam aos que querem conservar.
c) A terceira opção pode ser definida como o 'professor-povo'. Ele não
acredita que sua missão seja difundir entre o povo os valores do opressor; ao
contrário, acredita que o sentido de seu trabalho é ajudar o povo a se descobrir, a se
expressar, a se liberar. Quer construir a escola do povo, a partir do povo. Ou seja:
'professor-povo' é aquele que quer contribuir através do seu trabalho para a criação
de homens novos e para a edificação de uma sociedade também nova, onde se dê
primazia aos despossuídos e onde o povo se torne protagonista. Ele será um
professor para modificar, não conservar".

ENSINAR E APRENDER

O Ensino e a Aprendizagem na Vida Humana


O ensino e a aprendizagem são tão antigos quanto a própria humanidade. Nas
tribos primitivas os filhos aprendiam com os pais a atender suas necessidades, a
superar as dificuldades do clima e a desenvolver-se na arte da caça. No decorrer da
história da humanidade, o ensino e a aprendizagem foram adquirindo cada vez maior
importância. Por isso, com o passar do tempo, muitas pessoas começaram a se
dedicar exclusivamente a tarefas relacionadas com o ensino. Também surgiram as
escolas que são instituições voltadas para essas tarefas.

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Em nossos dias tal é a importância do ensino e da aprendizagem que ninguém


pode deixar de refletir sobre o seu significado. Para ter uma ideia dessa importância
basta considerar os seguintes fatos:
• Nos últimos dez anos, o conhecimento humano desenvolveu-se muito
mais do que em todo o restante da história da humanidade.
• Antes de 1500 a Europa estava editando livros a um ritmo de 1000
títulos por ano. Por volta de 1950, 120000 ao ano e, por volta de 1965, o mundo
editava 1000 títulos por dia.
Diante desses fatos concluímos que hoje, mais do que nunca, é necessário
refletir sobre o ensino e a aprendizagem. E as perguntas que logo de início fazem
todas as pessoas que passam a refletir sobre tal assunto, não têm respostas prontas.
Por isso, as questões sobre educação exigem uma atitude de constante abertura
para novas reflexões.
A primeira indagação que você mesmo deve estar se fazendo é a seguinte:

Afinal, o que é ensino e o que é aprendizagem?


Para responder a essa pergunta, podemos partir da seguinte constatação:
Não é só na sala de aula que se aprende ou que se ensina. Em casa, na rua, no
trabalho, no lazer, em contato com os produtos da tecnologia ou em contato com a
natureza, enfim, em todos os ambientes e situações podemos aprender e ensinar.
Cada situação pode ser uma situação de ensino-aprendizagem. Só os que não têm
uma atitude de constante abertura é que não aprendem ou não ensinam em todas
as situações.

Mas em que consiste essa atitude?


Consiste em ser capaz de indagar, pesquisar, procurar alternativas,
experimentar, analisar, dialogar, compreender, enfim, ter uma atitude científica
perante a realidade. Os grandes cientistas foram pessoas que procuraram aprender
e ensinar em todas as situações.
Vejamos, através de um texto de Monteiro Lobato, como o progresso científico
e tecnológico resultou dessa atitude:

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"Um dos primeiros mágicos que revolucionaram o mundo com suas invenções
foi o escocês Jaime Watt (Uót). Um dia, em que estava observando uma chaleira
d'água ao fogo, impressionou-se com a dança da tampa levantada pelo vapor. 'Se
esse vapor ergue uma tampa de chaleira, pode erguer tudo mais', pensou Watt. E
dessa ideia saiu a máquina a vapor, na qual o vapor d'água move um pistão, que por
sua vez move uma roda. A máquina a vapor causou verdadeira revolução industrial
no mundo.
Se a máquina a vapor move uma roda’, pensou outro inglês de nome
Stephenson - 'por que não há de mover-se a si própria?' - e dessa ideia nasceu a
locomotiva, que é uma máquina a vapor que se move a si própria.
Se a máquina a vapor se move na terra' - pensou um americano de nome
Fulton - 'por que não há de mover-se também no mar?' - e dessa ideia nasceu o
navio a vapor que iria mudar todo o sistema de navegação.
O povo riu-se da primeira máquina de Watt, da primeira locomotiva de
Stephenson e do primeiro navio a vapor de Fulton. Eram na realidade grotescos e de
muito pequeno rendimento. Mas aperfeiçoaram-se com rapidez, e hoje constituem
verdadeiras maravilhas da mecânica. (LOBATO, M. História do mundo para crianças.
São Paulo, Brasiliense. 1972. p. 208.)
Essa atitude científica, graças à qual temos o progresso tecnológico, também
é necessária àqueles que se dedicam à educação. Hoje, mais do que nunca, é
necessário ter uma atitude indagadora perante tudo o que se relaciona com a
educação.
Se em nossos dias, apesar do progresso tecnológico, as pessoas não
melhoraram muito, talvez isso se deva, em parte, à falta de questionamento no
campo da educação, principalmente no que se refere aos valores. "A questão dos
valores talvez seja a que mais coloca em causa a educação de nossos dias. Vencida
a fase da luta pela sobrevivência, diante de uma natureza, às vezes, inóspita e rude,
o homem contemporâneo encontra-se às voltas com formas de destruição nunca
antes imaginadas. A luta atual não se reveste de um otimismo encorajador e
romântico, mas sim de apreensões e inquietações diante do futuro. Neste quadro, o
saber distinguir o que é valioso ou não dentro dos propósitos de formação humana
exige uma atitude corajosa de ir além das aparências na busca das verdadeiras

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causas que regem nossos comportamentos. (...) Vincular a discussão dos valores da
educação a setores mais amplos, que envolvem a própria estrutura social como um
todo, é um caminho que esperamos venha o estudante de educação a percorrer para
o seu aprofundamento nesta questão". (GARCIA, W. E.).

Evolução do Conceito de Ensino


O conceito de ensino, assim como o conceito de educação, evoluiu graças
aos questionamentos e pesquisas realizadas por diversos pensadores, educadores,
psicólogos, sociólogos, etc.
Segundo o conceito etimológico, ensinar (do latim signare) é "colocar dentro,
gravar no espírito". De acordo com esse conceito, ensinar é gravar ideias na cabeça
do aluno. Nesse caso, o método de ensino é o de marcar e tomar a lição.
Do conceito etimológico surgiu o conceito tradicional de ensino: "Ensinar é
transmitir conhecimentos". Seguindo esse conceito, o método utilizado baseia-se em
aulas expositivas e explicativas. O professor fala aquilo que sabe sobre determinado
assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse.
Esse tipo de ensino, no entanto, por mostrar-se cada vez mais ineficaz,
passou a receber uma série de críticas. Essas críticas, formuladas a partir do final do
século passado, foram, aos poucos, dando origem a uma nova teoria da educação,
toma corpo, assim, um novo conceito de ensino e de educação que passou a se
denominar Escolanovismo ou Escola Nova.
Com a Escola Nova o eixo da questão pedagógica passa do intelecto (ensino
tradicional) para o sentimento; do aspecto lógico para o psicológico; dos conteúdos
cognitivos para os métodos ou processos pedagógicos; do professor para o aluno;
do esforço para o interesse; da disciplina para a espontaneidade; do diretivismo para
o não-diretivismo; da quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de inspiração
filosófica centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração
experimental baseada principalmente nas contribuições da Biologia e da Psicologia.
Em suma, trata-se de uma teoria pedagógica que considera que o importante não é
aprender, mas aprender a aprender.
Para funcionar de acordo com os princípios da Escola Nova, o ensino teria
que passar por uma sensível reformulação. "O professor agiria como um estimulador

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e orientador da aprendizagem cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos.


Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da
relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor. Para
tanto, cada professor teria de trabalhar com pequenos grupos de alunos, sem o que
a relação interpessoal, essência da atividade educativa, ficaria dificultada; e num
ambiente estimulante, portanto, dotado de materiais didáticos ricos, biblioteca de
classe, etc. Em suma, a feição das escolas mudaria seu aspecto sombrio,
disciplinado, silencioso e de paredes opacas, assumindo um ar alegre, movimentado,
barulhento e multicolorido." (SAVIANI, D. "As teorias da educação e o problema da
marginalidade na América Larina". São Paulo, Fundação Carlos Chagas ( 1982.)
Convém ressaltar, no entanto, que esse tipo de ensino e de escola é de difícil
realização. Ele implica custos bem mais elevados do que o ensino tradicional. Por
isso, a Escola Nova "organizou-se basicamente na forma de escolas experimentais
ou como núcleos raros, muito bem equipados e para pequenos grupos de elite. No
entanto, o ideário escolanovista, tendo sido amplamente difundido, penetrou nas
cabeças dos educadores, acabando por gerar consequências também nas amplas
redes escolares oficiais organizadas na forma tradicional. Cumpre assinalar que tais
consequências foram mais negativas que positivas, uma vez que, provocando o
afrouxamento da disciplina e a despreocupação com a transmissão de
conhecimentos, acabou por rebaixar o nível do ensino destinado às camadas
populares, as quais muito frequentemente têm na escola o único meio de acesso ao
conhecimento elaborado.
Em contrapartida, a Escola Nova aprimorou a qualidade do ensino destinado
às elites. (SAVIANI.)
No entanto, ao término da primeira metade deste século, um sentimento de
desilusão começa a se alastrar nos meios educacionais com relação ao
escolanovismo. Surge, então, uma nova concepção de ensino e de educação: a
concepção tecnicista.
Segundo a concepção tecnicista, o ensino deve se inspirar nos princípios de
racionalidade, eficiência e produtividade. Por isso, deve-se planejar a educação e o
ensino de maneira a evitar as interferências subjetivas que possam pôr em risco sua
eficiência. Deve-se operacionalizar os objetivos e, em certos aspectos, mecanizar o

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processo. Surgem, então, propostas pedagógicas tais como o enfoque sistêmico, o


microensino, o tele-ensino, a instrução programada, as máquinas de ensinar, etc.

Resumindo, podemos dizer o seguinte:


• Segundo a concepção tradicional de ensino, a iniciativa cabe ao
professor, que é, ao mesmo tempo, o sujeito do processo, o elemento decisivo e
decisório no ensino. A questão pedagógica central é aprender.
• Segundo a concepção de ensino da Escola Nova, a iniciativa desloca-
se para o aluno e o centro da ação educativa situa-se na relação professor-aluno. A
questão pedagógica central é aprender a aprender.
• Segundo a concepção tecnicista de ensino, o elemento principal passa
a ser a organização racional dos meios, e o professor e o aluno ocupam posição
secundária. Professor e aluno "são relegados à condição de executores de um
processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de
especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais." (SAVIANI,) A
questão pedagógica fundamental é aprender a fazer.

3 – Que é Aprendizagem?
O ensino visa a aprendizagem. Mas o que é a aprendizagem? A aprendizagem
é um fenômeno, um processo bastante complexo. Hoje existem muitas teorias sobre
a aprendizagem. Elas são estudadas pela Psicologia Educacional.
Inicialmente convém salientar que aprendizagem não é apenas um processo
de aquisição de conhecimentos, conteúdos ou informações. As informações são
importantes, mas precisam passar por um processamento muito complexo, a fim de
se tornarem significativas para a vida das pessoas. Todas as informações, todos os
dados da experiência devem ser trabalhados, de maneira consciente e crítica, por
quem os recebe.
Podemos descrever a aprendizagem como sendo "um processo de aquisição
e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de
perceber, ser, pensar e agir." (SCHMITZ.) Isso é bem mais do que aprender uma
informação. "Pode-se saber tudo a respeito de dentes: a sua estrutura, a causa de

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suas cáries e de suas moléstias e, ainda assim, nada disso alterar a conduta prática
na vida.
Só se aprende para a vida quando não somente se pode fazer a coisa de outro
modo, mas também se quer fazer a coisa desse outro modo. Só essa aprendizagem
interessa à vida e, portanto, à escola. Tal aprendizagem é, inevitavelmente, mais
complexa do que a simples aprendizagem informativa." (TEIXEIRA, A. Pequena
introdução à Filosofia da Educação. São Paulo. )
Alguns preferem definir aprendizagem como sendo a aquisição de novos
comportamentos. O problema é que o termo comportamento geralmente é reduzido
a algo exterior e observável. E, se limitarmos a aprendizagem ao observável, exclui-
se dela o que tem de mais essencial: a consciência, a formação de novos valores,
disposições e formas interiores de pensar, ser e sentir que se exteriorizam apenas
em algumas atitudes e ações, mas nem sempre são imediatamente observáveis.
(SCHMITZ, E. F.)

Tipos de Aprendizagem
Aprendizagem Motora ou motriz - Consiste na aprendizagem de hábitos que
incluem desde simples habilidades motoras - aprender a andar e aprender a dirigir
um automóvel, por exemplo -, até habilidades verbais e gráficas - aprender a falar e
a escrever.
Aprendizagem cognitiva - Abrange a aquisição de informações e
conhecimentos. Pode ser uma simples informação sobre os fatos ou suas
interpretações, com base em conceitos, princípios e teorias. A aprendizagem das
regras gramaticais, por exemplo, é uma aprendizagem cognitiva. Aprender os
princípios e teorias educacionais também é aprendizagem cognitiva.
Aprendizagem afetiva ou emocionar - Diz respeito aos sentimentos e
emoções. Aprender a apreciar o belo através das obras de arte é uma aprendizagem
afetiva.
A aprendizagem afetiva tem uma série de implicações pedagógicas. Ela é
decorrência do "clima" da sala de aula, da maneira de tratar o aluno, do respeito e
da valorização da pessoa do aluno e assim por diante. É importante observar, com
relação aos tipos de aprendizagem, que não se aprende uma só coisa de cada vez,

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mas várias. Quando uma criança aprende a escrever, por exemplo, aprende também
o significado das palavras e desenvolve o gosto pela apresentação estética da
escrita.

Aprendizagem e Motivação
Para que alguém aprenda é necessário que ele queira aprender. Ninguém
consegue ensinar nada a uma pessoa que não quer aprender. Por isso é muito
importante que o professor saiba motivar os seus alunos.
Através de uma variedade de recursos, métodos e procedimentos, o professor
pode criar uma situação favorável à aprendizagem.
Para criar essa situação o professor deve:
 Conhecer os interesses atuais dos alunos para mantê-los ou orientá-los.
 Buscar uma motivação suficientemente vital, forte e duradoura para
conseguir do aluno uma atividade interessante e alcançar o objetivo da
aprendizagem.

Entre motivação e aprendizagem existe uma mútua relação.


Ambas se reforçam.
A motivação da aprendizagem se traduz nas seguintes leis:
a) Sem motivação não há aprendizagem.
b) Os motivos geram novos motivos.
c) O êxito na aprendizagem reforça a motivação.
d) A motivação é condição necessária, porém, não suficiente.

O problema da motivação da aprendizagem é um assunto bastante complexo.


Hoje, cada teoria da aprendizagem apresenta um fator de motivação como sendo o
mais importante. A teoria de Piaget, por exemplo, apresenta como fator
preponderante de motivação "o problema", a situação-problema. Skinner, por sua
vez, considera como fator mais importante a "recompensa" ou o "reforço". Nesse
sentido, a teoria de Piaget dá mais ênfase ao desenvolvimento da inteligência,
enquanto as ideias de Skinner dão ênfase ao desempenho ou "performance".

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Aprendizagem e Maturação
Além da motivação, outra condição da aprendizagem é a maturação. A
maturação consiste em mudanças de estrutura, devidas em grande parte à herança
e ao desenvolvimento fisiológico e anatômico do sistema nervoso. Segundo Piaget,
a maturação cerebral fornece certo número de potencialidades (possibilidades) que
se realizam, mais cedo ou mais tarde (ou nunca), em função das experiências e do
meio social. O processo de maturação apresenta certo paralelismo com a idade.
Esta, porém, por si só não fixa os limites da maturação. A maturação, portanto,
resulta de diversos fatores: desenvolvimento biopsíquico, interesses, evolução
social, educação, etc.
Só quando o indivíduo estiver maduro para uma determinada tarefa, podemos
dizer que está apto para realizá-la. Só poderá aprender algo quando estiver maduro
para essa aprendizagem.
Embora a aprendizagem requeira um determinado grau de maturidade, a
própria aprendizagem - quando certas condições didáticas são observadas –
contribui para a maturação da pessoa.

Fases da Aprendizagem
A aprendizagem parte sempre de uma situação concreta. Por isso,
inicialmente a visão do problema ou da situação é sincrética, ou seja, é geral, difusa,
indefinida. Em seguida, através da análise, das considerações dos diversos
elementos integrantes, chega-se a uma visão total do problema' ou da situação. O
terceiro passo é a síntese. Através da síntese integram-se os elementos mais
significativos e essenciais. É através da diversificação, da análise que se chega à
síntese ou à integração.
Essas fases devem ser levadas em consideração no momento de se criar uma
situação de aprendizagem. O ponto de partida deve ser sempre a observação da
realidade para se ter uma visão global, ou síncrese, do assunto a ser ensinado. A
essa visão global seguese uma discussão sobre os diversos aspectos observados -
análise e, finalmente, procura-se integrar os aspectos conclusivos - síntese.

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Relação entre Ensino e Aprendizagem


Santo Tomás de Aquino disse que o professor está na mesma situação de um
médico ou de um lavrador. O médico e o lavrador funcionam como agentes externos,
pois a cura do doente ou o sucesso da plantação dependem da natureza do doente
ou da qualidade do solo. Da mesma forma, o professor também é um agente externo.
Ele colabora na aprendizagem do aluno, mas esta depende do próprio aluno.

Conclusões sobre Ensino e Aprendizagem


Há uma relação intrínseca entre o ensino e a aprendizagem. Não há ensino
se não há aprendizagem. É necessário conhecer o fenômeno sobre o qual o ensino
atua, que é a aprendizagem.
Para haver ensino e aprendizagem é preciso:
 Uma comunhão de propósitos e identificação de objetivos entre o
professor e o aluno.
 Um constante equilíbrio entre o aluno, a matéria, os objetivos do ensino
e as técnicas de ensino.

O ensino existe para motivar a aprendizagem, orientá-la, dirigi-la; existe


sempre para a eficiência da aprendizagem. O ensino seria, então, fator de
estimulação intelectual.

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PEDAGOGIA E DIDÁTICA

O que é Pedagogia
A palavra pedagogia vem do grego (pais, paidós = criança; agein conduzir;
logos = tratado, ciência). Na antiga Grécia, eram chamados de pedagogos os
escravos que acompanhavam as crianças que iam para a escola. Como escravo, ele
era submisso à criança, mas tinha que fazer valer sua autoridade quando necessária.
Por esse motivo, esses escravos desenvolveram grande habilidade no trato com as
crianças.
Hoje, pedagogo é o especialista em assuntos educacionais e Pedagogia, o
conjunto de conhecimentos sistemáticos relativos ao fenômeno educativo.
Temos diversas definições de Pedagogia: - Pedagogia é a ciência da
educação.
• Pedagogia é a ciência e a arte de educar.
• Pedagogia é a arte de educar.
• Pedagogia é a reflexão metódica sobre a educação para esclarecer e
orientar a prática educativa. (DURKHEIM e RADICE.)
O conceito moderno de Pedagogia é o seguinte: Pedagogia é a filosofia, a
ciência e a técnica da educação. (Prof. C. MATTOS). Esse conceito é completo
porque abrange todos os aspectos fundamentais a Pedagogia.

Aspectos Fundamentais da Pedagogia


Aspecto filosófico - Esse aspecto abrange os princípios fundamentais da
educação, tais como as relações da educação com a vida, os valores, os ideais e as
finalidades da educação.
Procura responder às seguintes questões:
• O que deve ser a educação?
• Para onde a educação deve conduzir as novas gerações?

O aspecto filosófico procura estabelecer as diretrizes da educação de acordo


com os valores de cada povo e de cada época.

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Aspecto científico - A Pedagogia moderna apoia-se nos dados apresentados


pelas ciências, procurando estabelecer o que é a educação. Ela se apoia
principalmente nos dados das ciências que estudam o comportamento humano.
O desenvolvimento científico de áreas do conhecimento como a Psicologia, a
Biologia, a Sociologia, a Antropologia, as Ciências Políticas e a Economia trouxeram
uma contribuição muito importante para o estudo do comportamento. A integração
dos conhecimentos dessas áreas tem possibilitado a identificação de fatores que
influenciam no comportamento. É impossível identificar o comportamento através de
uma única causa.
O comportamento humano é resultante de fatores psicológicos, biológicos,
antropológicos, sociológicos, econômicos e políticos.

Esses diferentes fatores interagem provocando constantes mudanças no


comportamento humano. Cada uma das áreas acima citadas centraliza seus estudos
e pesquisas num dos fatores.
A Psicologia, por exemplo, estuda o comportamento humano tendo como base
a natureza do indivíduo. O principal enfoque da Psicologia está nas diferenças
individuais (por exemplo, inteligência, atitudes) e nos processos (por exemplo,
percepção, motivação) que permitem explicar a variação de respostas diante de
situações ou estímulos semelhantes.
A Sociologia como ciência é muito menos centralizada na pessoa. Ela
desenvolve teorias sobre agrupamentos sociais e sobre os mais amplos processos
da sociedade. Ela estuda, por exemplo,' os valores sociais, as mudanças na
sociedade, os padrões de comportamento familiar, etc. Ela não estuda as diferenças

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individuais mas, sim, as diferenças que existem entre grupos de indivíduos (classes
sociais, grupos políticos e agrupamentos de trabalho).
Aspecto técnico - Refere-se à técnica educativa, ao como educar. Este
aspecto situa-se entre o filosófico e o científico, isto é, entre que deve ser e o que é,
ligando o ideal ao real. Sob o aspecto técnico estuda-se:
 Os métodos e processos educativos.
 Os sistemas escolares.
 As normas e diretrizes orientadoras da parte estática e da dinâmica de
cada escola.
 Os métodos e as práticas de ensino.
 As técnicas de trabalho escolar.

Divisão da Pedagogia

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O que é Didática
Agora que vimos o que estuda a Pedagogia e que situamos a Didática dentro
da Pedagogia vejamos o que é Didática. Isso é muito importante, pois a Didática é o
objeto de estudo deste Curso.
Já sabemos que a Didática é uma disciplina técnica e que tem como objeto
específico a técnica de ensino (direção técnica da aprendizagem). A Didática,
portanto, estuda a técnica de ensino em todos os seus aspectos práticos e
operacionais, podendo ser definida como: "A técnica de estimular, dirigir e
encaminhar, no decurso da aprendizagem, formação do homem". (AGUAYO.)

Didática Geral e Didática Especial


A Didática Geral estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem
regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno. A Didática Geral nos dá
uma visão geral da atividade docente.
A Didática Especial estuda aspectos científicos de uma determinada disciplina
ou faixa de escolaridade. A Didática Especial analisa os problemas e as dificuldades
que o ensino de cada disciplina apresenta e organiza os meios e as sugestões para
resolvê-las. Assim, temos as didáticas especiais das línguas (Francês, Inglês, etc.);
as didáticas especiais das ciências (Física,
Química, etc.)

Didática e Metodologia
Tanto a Didática como a Metodologia estudam os métodos de ensino. Há, no
entanto, diferença quanto ao ponto de vista de cada uma. A Metodologia estuda os
métodos de ensino, classificando-os e revendo-os sem fazer juízo de valor.
A Didática, por sua vez, faz um julgamento ou uma crítica do valor dos
métodos de ensino. Podemos dizer que a Metodologia nos dá juízos de realidade, e
a Didática nos dá juízos de valor.
Juízos de realidade são juízos descritivos e constatativos.
Exemplos:
• Dois mais dois são quatro.
• Acham-se presentes na sala 50 alunos.

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Juízos de valor são juízos que estabelecem valores ou normas.


Exemplos:
• A democracia é a melhor forma de governo.
• Os idosos merecem nosso respeito.

A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser metodologistas


sem ser didáticos, mas não podemos ser didáticos sem ser metodologistas, pois não
podemos julgar sem conhecer: Por isso, o estudo da Metodologia é importante por
uma razão muito simples: para escolher o método mais adequado de ensino
precisamos conhecer os métodos existentes.

Ciclo Docente
Os princípios, as normas e as técnicas de ensino são postos em prática
através das atividades de planejamento, orientação e controle do processo de
ensino-aprendizagem.
Essas atividades constituem as fases ou etapas do ciclo docente e são
representadas graficamente da seguinte maneira:

Essa representação mostra que as três fases estão interligadas e que


dependem uma da outra. Vejamos, agora, as atividades correspondentes a cada
fase:

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Primeira fase: Planejamento


Essa fase consiste na previsão e programação dos trabalhos escolares para
um curso (Plano de Curso) ou para cada unidade do Plano de Curso (Plano de
Unidade) ou para cada parte da unidade (Plano de Aula).
Aspectos que devem ser considerados no Planejamento:
• Características socioeconômicas do bairro ou da região.
• Características dos alunos.
• Recursos da região e da escola.
• Objetivos visados.
• Conteúdo necessário para desenvolver o ensino.
• Número de aulas disponíveis para cada assunto.
• Métodos e procedimentos que deverão ser desenvolvidos para melhor
compreensão, assimilação, organização e fixação do conteúdo.
• Meios para avaliação e verificação da aprendizagem.
• Bibliografia básica.

Segunda fase: Orientação


Nessa fase, o professor executa o que planejou. Nessa etapa todas as
atividades visam orientar o aluno para alcançar os objetivos propostos. É a fase que
requer mais habilidade do professor. Aqui ele deve exercer mais do que em outras
fases sua função de liderança, motivando os alunos para que aprendam. Através de
uma variedade de métodos, recursos e procedimentos, o professor procurará criar
uma situação favorável à aprendizagem.

Terceira fase: Controle


Esta fase permeia as outras duas. Ela consiste na supervisão constante do
processo de aprendizagem para que o mesmo seja conduzido de maneira eficaz.
Aqui convém lembrar que existe uma diferença entre eficácia e eficiência.
Vejamos, através de um exemplo, em que consiste esta diferença.
Um professor que ministra uma aula utilizando as melhores técnicas de
ensino, cumprindo rigorosamente o horário e utilizando um bom material didático,

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pode ser eficiente sem ser eficaz. Ele será apenas eficiente se, apesar de tudo o que
faz, não obtiver resultados. Mas será eficiente e eficaz quando os alunos aprenderem
o que ele ensinou. A eficácia, portanto, é a ação que alcança resultados. Eficiência
é apenas a ação realizada de acordo com as normas estabelecidas, mas sem
resultados.
Para que a ação do professor seja eficaz e não apenas eficiente, controle é
muito importante e engloba as seguintes atividades:
a) Sondagem: Antes de iniciar seu trabalho de ensino propriamente dito,
o professor deve procurar conhecer as características, as qualidades e dificuldades
de seus alunos. Fazer uma sondagem, portanto, consiste em levantar informações
sobre os alunos. (Isto ocorre na fase de
Planejamento.)
b) Prognose: Os dados colhidos na sondagem servirão de base para a
previsão ou prognose do que se pode esperar dos alunos de determinada turma.
c) Diagnóstico e retificação da aprendizagem: o estudo das causas da
aprendizagem deficiente logo que esta se manifesta (diagnóstico) servirá de base
para a seleção e o emprego de medidas, visando dar melhor assistência ao aluno e,
portanto, retificando a aprendizagem no devido tempo.
d) Manejo ou direção de classe: É a supervisão e o controle efetivo que
o professor exerce sobre uma classe de alunos, para criar um ambiente propício à
aprendizagem.

Há três tipos de manejo:


• Manejo corretivo - É aquele que se realiza através de punições (ficar
de castigo durante o recreio, suspensão, etc.).
• Manejo preventivo - É aquele que consiste em solicitar a colaboração
do aluno apelando para o aspecto afetivo. "Se você não fizer isso não serei mais seu
amigo.”
• Manejo educativo - Procura criar situações para que o aluno
desenvolva a autodisciplina. É exercido pela liderança democrática do professor.

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O manejo educativo é o melhor tipo de manejo, pois desenvolve o controle


democrático, do qual participam alunos e professores como membros do mesmo
grupo de trabalho que pretende alcançar os mesmos objetivos.

e) Verificação e avaliação - Consiste na verificação e avaliação do


rendimento escolar que deve ser feita ao longo de todo o processo de aprendizagem.
Rendimento escolar não consiste apenas na soma de conhecimentos adquiridos,
verificada pela capacidade de repetir o que foi dito pelo professor. Rendimento
escolar consiste, antes de mais nada, na soma de transformações operadas no
pensamento, na linguagem, na maneira de agir e nas atitudes frente a situações e
problemas.

COMO ENSINAR
Procedimentos de ensino, estratégias, métodos e técnicas.
Esses são alguns dos termos utilizados para designar aspectos relativos ao
modo de ensinar. Vejamos o significado específico de cada um desses termos:
 Estratégia - Trata-se de uma descrição dos meios disponíveis pelo
professor para atingir os objetivos específicos.
 Método - é um roteiro geral para a atividade. O método indica as
grandes linhas de ação, sem se deter em operacionalizá-las. Podemos dizer que o
método é o caminho que leva até certo ponto, sem ser o veículo de chegada, que é
a técnica.
 Técnica - É a operacionalização do método.
 Procedimentos - maneira de efetuar alguma coisa. Consiste em
descrever as atividades pelo professor e as atividades desenvolvidas pelos alunos.

O CURRÍCULO E SEU PLANEJAMENTO

1 – O que é Currículo?
Um programa de ensino só se transforma em currículo após as experiências
que a criança vive em torno do mesmo. A palavra currículo vem do latim - curriculum
- e significa percurso, carreira, curso, ato de correr. E seu significado não abrange

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apenas o ato de correr, mas também o modo, a forma de fazê-lo (a pé, de carro, a
cavalo), o local (estrada, pista, hipódromo) e o que ocorre no curso ou percurso
efetuado.
Da palavra curriculum temos, analogamente, a expressão curriculum vitae,
que engloba todos os dados pessoais, cursos, experiência e atividades que possam
dar uma ideia do que a pessoa conseguiu realizar durante a sua vida. Os dados são
apresentados como um todo integrado, variável para cada pessoa, mas que revela
continuidade, sequência e objetivos atingidos e/ou a atingir.
Aplicado à educação, o termo currículo apresenta uma variação no decorrer
do tempo. Essa variação depende da concepção de educação e de escola e,
também, das necessidades de determinada sociedade num dado momento histórico.
Tradicionalmente currículo significou uma relação de matérias ou disciplinas,
com um corpo de conhecimentos organizados sequencialmente em termos lógicos.
Alguns fatos históricos, no entanto, impuseram mudanças no modo de ver e
pensar do próprio homem, determinando-lhe, também, novas necessidades e
atitudes perante a vida. Diante de novas necessidades surgidas, os educadores
passaram a questionar o conceito de educação, de aprendizagem e,
consequentemente, de currículo. A preparação dos alunos para enfrentar um mundo
em constante transformação, passou a exigir uma dinâmica diferente da instituição
escolar. Nessa dinâmica, o aluno não é mais visto como um ser passivo que deve
apenas assimilar os conhecimentos que lhe são transmitidos pelos seus professores.
É visto, antes de mais nada, como um ser ativo que aprende não apenas através do
contato com o professor e com a matéria (conteúdo) mas através de todos os
elementos do meio. A partir desse novo enfoque, o currículo deixou de ser confundido
com distribuição de matéria ou carga horária de trabalho escolar.

O que é então currículo atualmente?


"Currículo é tudo que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais
e professor. Tudo que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para
o currículo." (SPERB, D.)

Vejamos outras definições de currículo:

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"Currículo significa muito mais do que o conteúdo a ser aprendido - significa


toda a vida escolar da criança. Um programa de ensino só se transforma em currículo
após as experiências que a criança vive em torno do mesmo" (REGO, M.S. e outros.)
"Consiste em experiências, por meio das quais as crianças alcançam a auto-
realização e, ao mesmo tempo, aprendem a contribuir para a construção de melhores
comunidades e de um melhor futuro." (RAGAN, W. R.)
Do que vimos até aqui sobre Currículo podemos concluir o seguinte:
 Tradicionalmente, currículo tem significado as matérias ensinadas na
escola ou a programação de estudos.
 A tendência, nas décadas recentes, tem sido de usar o termo currículo
num sentido mais amplo, para referir-se à vida e a todo o programa da escola,
inclusive às atividades extraclasse. Aliás, as atividades extraclasse são muito
importantes para a formação da personalidade da criança. Elas enriquecem o plano
escolar e, consequentemente, a personalidade da criança. Além disso são uma
importante fonte de motivação.
Julgamos oportuno chamar a atenção também para o denominado currículo
oculto. A escola - além de desenvolver o currículo explícito, referente à transmissão
do saber ao aluno - desenvolve também o currículo oculto, que se refere à
transmissão de valores, normas e comportamentos.
Enquanto o currículo explícito hierarquiza os graus escolares e os critérios de
avaliação por mérito ou prestígio, o oculto desenvolve nos alunos a aceitação da
hierarquia e do privilégio.

Consequências do Novo Conceito de Currículo


Segundo William Ragan são as seguintes as principais consequências do
novo conceito de currículo:
 O currículo existe somente nas experiências das crianças. Não existe
em livros de texto e nem nos programas de estudo. Em face do currículo, o programa
de ensino apresenta a mesma relação que o mapa de uma estrada tem com a
experiência da viagem. Para avaliar o currículo de uma escola, é necessário observar
cuidadosamente a qualidade das vivências que existem dentro dela.

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 O currículo inclui mais do que o conteúdo a ser aprendido. É verdade


que a seleção de conteúdo útil e exato é uma importante responsabilidade do
professor, mas o programa não se constitui currículo enquanto não se transforma em
parte da experiência da criança. A porção do conteúdo que se torna currículo para
uma criança pode diferir daquela que se transforma em currículo para outra. As
relações humanas na sala de aula, os métodos de ensino e os processos de
avaliação usados são partes tão importantes do currículo como o conteúdo a ser
aprendido.
 O currículo é um ambiente especializado de aprendizagem,
deliberadamente ordenado, com o objetivo de dirigir os interesses e as capacidades
das crianças para eficiente participação na vida da comunidade e da nação. Ele diz
respeito ao auxílio dado às crianças para enriquecer suas próprias vidas e contribuir
para o aperfeiçoamento da sociedade através da aquisição de informações,
habilidades e atitudes.
 A questão que preocupa o planejador do currículo não é apenas decidir
que matérias devem ser ensinadas para desenvolver o entendimento e alargar os
conhecimentos dos alunos; ele deve visar também à melhoria da vida do indivíduo e
da comunidade.

Dimensões do Currículo
O currículo pode ser determinado a partir de três dimensões fundamentais:
Dimensão filosófica - Refere-se ao tipo de educação apropriada a uma
cultura. Trata-se das opções de valor, baseadas na concepção que se faz do homem,
da sociedade, etc. Nessas concepções baseiam-se as escolhas feitas quanto aos
fins da educação, propósitos e conteúdo da escola.
Dimensão sócio-antropológica - Devido às transformações sociais que se
processam de forma acelerada, é necessário que a escola tenha uma visão lúcida
da realidade social com a qual está lidando para que possa desenvolver um trabalho
educativo, dinâmico e atual. Daí a necessidade de um levantamento de- dados sobre
as características da cultura na qual a escola está inserida. A escola precisa saber
quais são os padrões de comportamento que influenciam os alunos, as forças

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econômicas atuantes, as formas de estrutura familiar existentes, as tensões sociais


e as formas de comunicação.
Dimensão psicológica - Para que um currículo escolar seja bem-sucedido, é
necessário dar atenção ao desenvolvimento psicológico do aluno. Sabemos que nem
todas as crianças raciocinam com a mesma rapidez nem possuem o mesmo ritmo
de desenvolvimento psicomotor. É necessário, também, que se tenha uma boa
definição de aprendizagem.

Planejamento de Currículo
Considerando que o currículo é a soma de experiências vividas pelos alunos
de uma escola, é fácil concluir que o planejamento do currículo é o planejamento
dessas experiências.
Cada escola deve elaborar o seu planejamento de currículo com a
participação de todos aqueles que direta ou indiretamente estão ligados à dinâmica
do processo educativo: diretor, supervisor pedagógico, orientador educacional e
professores. Juntos definirão os objetivos finais, o conteúdo básico e delinearão os
métodos e as estratégias de avaliação, pesquisando ainda os recursos que poderão
utilizar. No planejamento do currículo devemos levar em conta a realidade de cada
escola e as sugestões apresentadas pelo Conselho Estadual de Educação (C.E.E.)
que abrangem os seguintes aspectos:
• subsídios para a elaboração dos currículos;
• relação das matérias que podem construir a parte diversificada numa
tentativa de atender peculiaridades locais;
• Normas de avaliação;
• Recuperação de alunos.

Esta orientação fornecida pelo Conselho Estadual de Educação baseia-se nas


diretrizes que emanam do Conselho Federal de Educação (C.F.E.). Estas diretrizes,
por sua vez, refletem à política educacional expressa na Constituição. Veja o quadro
a abaixo:

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Cabe ao Conselho Federal de Educação fixar, para cada grau, as matérias


relativas ao núcleo comum, definindo também seus objetivos e sua amplitude.
O Conselho Estadual de Educação estabelece as matérias que constituirão a
parte diversificada do currículo dó Ensino Fundamental.
A escola poderá ainda assumir a iniciativa da proposição de outras matérias e
incluí-Ias em seu currículo, se aprovadas pelo Conselho de Educação competente.
Significados de alguns termos
Para evitar confusões, apresentamos a seguir o significado de alguns termos
que, de alguma forma, se relacionam com o novo conceito de currículo:
Currículo pleno - É o conjunto formado pelos currículos das diferentes séries
e turmas escolares.
Guias curriculares - É um plano escrito, cujo objetivo é orientar os
professores no desenvolvimento final do currículo, numa situação de aprendizagem.
Apresenta sugestões sobre objetivos, conteúdos, técnicas, bibliografia específica,
etc. Geralmente são conclusões de debates entre professores sobre determinado
assunto. Os guias, geralmente utilizados pelas escolas, pertencem a órgãos oficiais.
Programa - Para alguns autores, programa é sinônimo de currículo. A
tendência, no entanto, é diferenciar programa de currículo. Programa consiste no

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detalhamento do currículo conforme as necessidades ou situações específicas da


escola, da sala de aula, do aluno.
Disciplina ou matéria - Disciplina ou matéria é um ramo do conhecimento,
organizado, com generalizações próprias para a explicação dos fatos que a ele se
relacionam e com método próprio de investigação. Por exemplo, a Sociologia estuda
os fatos sociais por meio de um método próprio de investigação.
Área de estudos - Conjunto de matérias caracterizadas pela integração de
conteúdos afins. Temos, por exemplo, a área de Estudos Sociais, que abrange
diversas matérias (Geografia, História, Organização Social e Política Brasileira).
Essas matérias abordam conteúdos relacionados entre si.
CUIDADOS PEDAGÓGICOS
As grades curriculares devem e sofrem uma lógica pedagógica.
Cabe ao professor cuidar para que estes elementos sejam observados:
• A ordenação - que consiste na distribuição das matérias de uma forma
simples, com linguagem comum a todos, que vai paulatinamente se complicando e
aprofundando à medida que os anos escolares vão passando até chegar à
especialização;
• A sequência - que diz respeito à necessidade de obedecer à ordem
proposta na grade curricular. Esse dado corresponde à árvore dos requisitos.
Algumas disciplinas sempre antecedem as outras pelo seu grau mínimo de
preparação. Essa antecedência é denominada de pré-requisito. Assim, o domínio da
tabuada é anterior à solução de problemas, a interpretação de textos é anterior à
análise dos mesmos sob o ponto de vista de Escolas Literárias, e assim por diante.
Acontece que na mesma série algumas matérias se complementam. São os co-
requisitos. Assim A Língua Portuguesa é co-requisito de Ciências Naturais,
Geografia, e assim por diante. No (s) ano (s) subsequente (s) sucedem-se as
disciplinas preparadas nos anos anteriores, são os pós-requisitos. Verifique a
situação da Contabilidade Comercial Avançada, em relação à Contabilidade Geral
Básica, ou da Geografia Geral, em relação à Geografia Econômica. Todas essas
considerações remetem à necessidade pedagógica do plano unificado de todos os
docentes envolvidos no conjunto curricular;

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• A interdisciplinaridade - o organizador da grade curricular geralmente


é um pedagogo, ou alguém que possua uma grande sensibilidade para inter-
relacionar uma a outra disciplina na mesma ou em séries diferentes. Entretanto, essa
sensibilidade, na prática, deverá vir acompanhada de um trabalho exaustivo do
professor, qual seja, o de planejar sua disciplina com a de outros colegas. Por
exemplo, o professor de Física deve estar atento à programação do professor de
Matemática, e assim por diante. Essa prática pedagógica fundamental para o êxito
da aprendizagem é denominada de interdisciplinaridade;
• A integração - significa a unificação, em uma única matéria, de outras
matérias afins. É o caso específico das Ciências Naturais. Anteriormente os
conteúdos estavam distribuídos entre Biologia, Física, Química, Programas de
Saúde. Atualmente todos eles se integram, acrescidos, ainda, da Ecologia, Educação
Ambiental, Educação Sexual etc.

Psicologia / Sociologia / Filosofia


Ultimamente uma série de autores de diferentes áreas do conhecimento vêm
trabalhando pela melhoria da educação. No que diz respeito ao currículo eis algumas
propostas:
• Racionalista acadêmica - no conjunto, os autores atribuem à escola
um papel conservador dentro do qual o aluno é iniciado na compreensão da tradição
cultural e no acesso às grandes produções da humanidade. O papel principal da
escola é organizar a estrutura do conhecimento. Com isso a programação das
matérias garante que a tradição cultural seja mantida, especialmente porque os
componentes da grade curricular serão clássicos, ensinados pelo método
aristotélico/tomista, ou seja: lógico/ racional. O professor tem o papel de estimulador,
na medida em que transmite conhecimentos, ou seja, na medida em que ensina. Esta
é a proposta da Escola
Tradicional;
• Cognitivista ou construtivista - no conjunto os autores consideram
que a escola deva organizar um currículo que estimule, por intermédio do manejo
consciente dos conteúdos, a resolução de problemas que façam o aluno tornar-se
um ser independente e eficiente em situações futuras. Os conteúdos somente têm

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sentido na medida em que sirvam para a resolução de problemas surgidos em


momentos ocasionais. O professor deve ser uma pessoa muito preparada pois,
mesmo planejando com antecedência as ações didáticas de sala de aula, as
atividades e questões que surgem são inusitadas e, dessa forma, devem ser
aproveitadas para provocar novas aprendizagens. Os alunos, por sua vez, estarão
em atividades construtivas completas. Para que tal construção ocorra, há um clima
de liberdade, participação e compreensão entre professor e alunos e estes, com eles
mesmos. A aprendizagem se faz porque se cria um ambiente de trabalho, e estimula-
se a autonomia intelectual. Esta será uma das propostas da Escola Nova;
• Experimentalista consumatória - no conjunto os autores consideram
a escola como um meio para a descoberta e realização de possibilidades individuais.
Essa descoberta se faz quando se vive em situações experimentais, ocasiões nas
quais os alunos descobrem por eles mesmos a solução para seus problemas. O
currículo, considerado como o conjunto de todas as atividades e conhecimentos de
uma escola, toma-se a saída, o meio, e a chegada da educação. Pedagogicamente
esta espécie de currículo é conhecida como Centro de Interesse. Esta é outra parcela
de educadores fígados à Escola Nova;
• Reconstrutivista social - no conjunto os autores consideram a escola
como um agente de melhoria da sociedade. Para que tal ocorra, o ponto de partida
é a própria sociedade, considerada tanto no seu contexto presente, quanto histórico.
Não despreza a liberdade do indivíduo, especialmente quando se abordam os
grandes temas sociais e problemas que afligem a comunidade. Em situação de sala
de aula, a sociedade é entendida como uma instituição em contínua mudança, que
tem problemas que precisam ser enfrentados e resolvidos pelo conjunto de
professores e alunos e a própria sociedade. Esta é outra parcela de educadores
fígados à Escola Nova;
• Tecnóloga - trata-se de um grupo que emerge dos avanços
tecnológicos. A preocupação central encontra-se no domínio da tecnologia
(comunicação, informática, locomoção). A preocupação fica restrita ao emergencial.
Apesar de ter uma força de pressão muito grande na atualidade, não é defendida
nem pelos tradicionalistas, nem pelos escolanovista, nem por nós.

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COMPORTAMENTO DO ALUNO DURANTE O PROCESSO DE


ENSINO/APRENDIZAGEM

Certa vez um professor afirmou que somente entraria em sala de aula para
lecionar quando os alunos modificassem seu comportamento, tornando-se mais
disciplinados. Essa fala é significativa na medida em que alerta para o sentido da
disciplina, ou melhor, da indisciplina em sala de aula e sua implicação no caso do
desenvolvimento da aprendizagem. Por outro lado, a afirmação suscita um
questionamento muito sério: Que vem a ser disciplina ou indisciplina dentro de uma
sala de aula? É possível avaliar-se o desempenho do professor pela disciplina
constatada em suas aulas?

Conceitos
O termo tem diferentes significados, e isolando-se, apenas, a questão
comportamental, tem-se:
• Para a Escola Tradicional diz respeito ao silêncio absoluto dos alunos
que ouvem as explicações do professor;
• Para a Escola Nova/Progressista o problema não existe;
• Para a Escola Globalizadora significa a concentração da atenção e
interesse em determinado processo de ensino/aprendizagem.

De qualquer maneira, o ser humano/aluno está em determinada ação


objetivada. O que parece estranho aos docentes, na realidade, é o ato de indisciplina,
insubordinação, desatenção, desassossego.

Causas da indisciplina e possíveis soluções para orientar a atividade do


aluno para o estudo

A agitação dos alunos em classe é uma realidade. Orientar a movimentação


é uma arte a ser desenvolvida pelo docente. Mas, para que tal aconteça é necessário
que se conheçam e se detectem as causas prováveis da indisciplina em aula.

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O próprio docente
Pode originar-se na sua falta de vocação e aptidão para enfrentar e aceitar as
tarefas específicas do magistério; ou pode estar no desconhecimento do conteúdo
pelo qual é responsável, o que o torna vulnerável pela insegurança que manifesta
diante de situações/questões didáticas problemáticas; pode originar-se na timidez,
ou no autoritarismo; nas limitações físicas não compreendidas e dominadas por ele
mesmo; pode ser, igualmente, reflexo de problemas familiares, sociais, e/ou
econômicos vividos.
Assim, um docente com problemas fatalmente provocará indisciplina pela falta
de domínio de si mesmo. Dessa forma, para que se resolva ou contorne a situação,
é necessário, anteriormente, conhecer-se e dominar-se.
Prováveis soluções - é necessário que o docente conquiste o grupo de
alunos a seus cuidados desde sua primeira apresentação em aula: ter uma postura
física, demonstrar aos alunos sua maneira de agir, o que pretende da classe, os
parâmetros que orientarão a relação professor/aluno e sua metodologia e sistema de
avaliação, dando ciência do conteúdo que será desenvolvido no decorrer do ano
escolar.

A construção escolar
A localização em ruas e avenidas com trânsito intenso, ou a arquitetura do
prédio com instalações adaptadas, sem condições pedagógicas, certamente são
fatores propícios para a agitação dentro da sala de aula.
Prováveis soluções - reconstruir o prédio é absolutamente impossível, mas
um tratamento mais participativo da comunidade pode minorar os malefícios. Aqui
entra a participação docente nas tarefas administrativas: sentir-se como um membro
daquela comunidade, mesmo que o seu local de moradia não seja o mesmo; dialogar
com os pais e alunos a respeito da propriedade efetiva do estabelecimento; discutir
com os colegas as formas mais ajustadas de arejamento das classes; cuidar para
que estrutura e mobiliário sejam respeitados seriam algumas formas para, pelo
menos, minimizar os problemas.

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O currículo escolar
A natureza dos conteúdos selecionados e a forma de organização das
atividades de uma escola podem ser fatores decisivos para a indisciplina.
Assim, escolas que trabalham na forma excessiva de Centros de Interesse,
nos quais, mês a mês, se projetam e se realizam inúmeros festejos de modo a
prejudicar o desenvolvimento do ensino em sala de aula podem ser altamente
indisciplinadas, ou, também, conjuntos de atividades didáticas que não respondem
às necessidades sociais e políticas da comunidade na qual se encontra a escola
podem ser fatores altamente indisciplinadores,
Prováveis soluções - a escolha de uma grade curricular não é, na maioria
das vezes, tarefa de competência dos docentes, mas é de sua responsabilidade um
planejamento consciente, realista, moderno e contínuo. O trabalho integrado de
diferentes disciplinas/matérias, a colocação de alunos em permanente atividade de
aprendizagem, o controle e a correção de tarefas executadas por eles são soluções
que promovem atividade comportada, conforme atestam os docentes e os próprios
alunos.

O pessoal da escola
A maioria dos estabelecimentos, especialmente nas redes públicas, tem suas
equipes de trabalho defasadas, sobrecarregando, assim, os que estão em atividade.
Ao mesmo tempo nem sempre o pessoal de apoio (secretários, servidores,
inspetores de alunos, bedéis, guardas escolares etc.) tem preparo pedagógico
específico para o relacionamento com os alunos. Fato idêntico pode acontecer com
a direção e mesmo com o próprio corpo docente, a quem caberia especificamente o
domínio da classe. Nessa realidade, todo o pessoal da escola poderá vir a ser uma
fonte de indisciplina escolar.

Prováveis soluções - um programa especial de discussões com


especialistas, abordando com todo o pessoal do estabelecimento, as origens e
soluções para o melhor relacionamento com o corpo discente pode ser um meio
eficaz de solução para o problema. É evidente que não basta a boa vontade do corpo
docente, pois uma administração mais esclarecida é de fundamental importância.

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As questões sociais
Agitações, greves, mudanças na estrutura econômica, desestruturação
familiar, comunidades permissivas ou opressoras, modelos comportamentais
apresentados pela TV, todos esses elementos, isoladamente ou no seu conjunto
promovem fatalmente a indisciplina. É evidente que o professor não é responsável
pela maioria dessas questões, e, igualmente, é evidente que também ele está
sofrendo esses efeitos.
Prováveis soluções - uma observação mais atenta ao conjunto das questões
sociais remete à conclusão de que, em sua maioria, estão em jogo as questões
políticas que envolvem a vida dos cidadãos. Aí entra a importância da
educação/educador para as soluções, que, na maioria das vezes, têm alcance
mediato, não imediato.
Imediatamente cabe ao professor a percepção clara da situação que está
sendo vivenciada por todos. Mediatamente compete-lhe trabalhar no
desenvolvimento do raciocínio social, por meio de uma metodologia que busque as
causas e consequências de atos pessoais e sociais. Exercitar a democracia na
eleição (no mínimo) dos representantes do Grêmio Estudantil, dos componentes da
Associação de Pais e Mestres e/ou Conselho de Escola; avaliar periodicamente o
comportamento desses representantes mediante seus planos de trabalho, corrigir os
rumos desses planos são medidas que, no conjunto encaminham a verdadeira
disciplina coletiva e, que, evidentemente devem ter na sua origem um projeto
especial e coletivo de estabelecimento.

Responsabilidades específicas dos docentes


É mais que evidente que o que se viu até o presente momento não esgota as
questões a respeito das prováveis soluções para o problema da indisciplina. É
interessante analisar com mais cuidado as responsabilidades específicas dos
docentes, com o intuito de se prevenir possíveis problemas.
Autoconhecimento - reconhecer-se como um sujeito vocacionado, isto é,
verdadeiramente direcionado para o magistério seria o primeiro passo. Com tal
autoconhecimento o docente já de antemão saberá que enfrentará problemas de
todas as ordens.

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Entretanto dada a sua disposição ao trabalho com alunos, tais problemas


tornam-se menores ou mais suportáveis.
Preparação específica e didática - não se espera que o professor domine
integralmente a arte e a ciência da Educação, mas que tenha um mínimo de
preparação e o estímulo para buscar o aprofundamento permanente de seus
conhecimentos e habilidades. Essas condições são imprescindíveis, notadamente na
sociedade altamente tecnológica dos dias atuais.
Sensibilidade às questões emocionais - o comum das escolas é não contar
com psicólogos em sua equipe de trabalho. A prática tem realmente demonstrado a
importância desse profissional no atendimento, visto que a maior parte dos
problemas enfrentados pelo professor pode ter amparo na Psicologia. A
personalidade segura do docente, é um primeiro passo, mas um segundo repousa
no diálogo tendo em vista o reconhecimento de cada aluno em particular,
reconhecimento esse que leva ao conhecimento das características individuais, com
base nos problemas familiares e culturais dos discentes.
A diagnose da população alvo, certamente fará com que o professor se
aproxime mais dos alunos problemáticos, tendo em vista a escolha de formas
alternativas para solução de seus problemas.
Não se deve esquecer que o equilíbrio emocional do próprio professor é fator
decisivo.
Estar em contato constante com a comunidade da escola - essa prática
fará com que o professor entenda que os alunos repetem os modelos de seus ídolos:
pais, personalidades da comunidade (que nem sempre são os modelos desejáveis
do estabelecimento/professor). Junto a isso está a sensibilidade para o
reconhecimento dos verdadeiros líderes dentro da sala de aula. Essa diagnose pode
remeter à necessidade de criação de projetos específicos de reeducação familiar.
Cumprimento das normas disciplinares e administrativas do
estabelecimento - há uma série de normas disciplinares, estabelecidas democrática
ou legalmente, que, uma vez cumpridas, produzem efeitos disciplinares: ser assíduo,
estar em sala de aula no seu decorrer, preparar cada aula em particular, manter os
alunos em classe, responsabilizando-se pela atividade de cada um em particular são
atitudes administrativas do âmbito docente, que auxiliam não só o próprio professor,

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como a administração global do estabelecimento, graças à organização e clima


produtivo que produzem.

Uso de recursos didáticos múltiplos e variados - finalmente, o emprego


de recursos múltiplos e variados é fundamental:
• Deixar claros para a classe não apenas os objetivos gerais de sua
disciplina em particular, como também os objetivos específicos de cada aula.
Quaisquer atividades que tenham claramente propostas suas origens, necessidades
e aplicações imediatas, ou não, soam como mais prazerosas;
• Manter os alunos ocupados. Aluno que não trabalha dá trabalho. Assim,
descobrir tarefas intermediárias para aqueles que são mais rápidos na conclusão de
suas atividades é de vital importância. Uma biblioteca de classe ajudaria e muito,
assim como salas ambientes, que favoreceriam atividades individuais para os mais
rápidos;
• Aplicar a estrutura curricular em espiral, de tal forma que os temas,
sendo retomados de série a série, permitam um retomo a conteúdos ainda não
dominados e uma evolução para patamares mais complexos de conteúdos;
• Usar métodos de pesquisa (bibliográfica, de campo e experimental) de
tal forma que os alunos se sintam produtores de sua aprendizagem.

Os defensores da Escola Nova, aliados aos educadores que criticam o regime


ditatorial porque passam alguns países, são unânimes em não querer abordar o
assunto DISCIPLINA. Ledo engano!
A verdadeira aprendizagem somente se concretiza com o aprendiz em
posição de verdadeira disciplina. Essa constatação faz-se em qualquer situação de
vida do ser humano: veja-se, por exemplo, atitude de concentração do jogador de
futebol em uma disputa de campeonato; do artista representando em uma peça; do
cientista defronte a sua bancada experimental; do professor ao propor o conteúdo
que programou e ao acompanhar as atividades de seus alunos.
Em suma, o que queremos enfatizar é que a exigência de disciplina não é um
ato punitivo, mas, constitui uma pré- disposição pessoal para adquirir conhecimentos,
habilidades e competências.

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O PORQUÊ e o PARA QUÊ da EDUCAÇÃO


Quando as pessoas e grupos sabem exatamente de onde vêm e exatamente
para onde vão, conseguem alcançar êxito com mais facilidade e em mais curto prazo.
O processo educacional tem o sentido de reforço ou mudança de
comportamentos individuais e/ou sociais. Quando se fala que as ações têm princípios
e fins, está-se referindo a atitudes, quer morais (princípios), quer comportamentais
(objetivos).
Em educação tanto um quanto outro fundamento são descobertos, debatidos,
explicitados e claramente postos, correspondem à busca de bens (espirituais ou
materiais - próximos ou remotos - concretos ou abstratos) que não se possui e se
deseja.

Princípios
Correspondem às origens e são entendidos como regras fundamentais que se
destinam a todas as pessoas, em qualquer tempo ou em qualquer lugar.
Duas são as fontes que propõem fins educacionais: a Filosofia, as instituições
de caráter universal, as Igrejas, por exemplo; e/ou Estado por intermédio de sua
Constituição.
No processo de projeto educativo, entretanto, o professor não professará
necessariamente tais princípios, mas deverá ter certeza dos bens que faltam à
humanidade (em qualquer tempo, ou lugar, ou pessoa), e propor-se a lutar por eles.
Uma tarefa de tal magnitude será tanto mais amena e eficaz quanto mais revelar
conhecimento de toda a coletividade acadêmica.
No caso da Constituição Brasileira (1988), outros princípios já estão
determinados e, na qualidade de professores desta nação, cumpre-nos observá-los.
São estes os princípios previstos na Constituição que regem a cidadania da nação.
Art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

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II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a


arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e a coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino (...);
VI - gestão democrática do ensino público (...);
VII - garantia do padrão de qualidade.

Provavelmente a muitos ocorrerá este pensamento: Por que o


descompromisso do cidadão relativamente à proposta constitucional? Este é
realmente o espírito do princípio e do objetivo: Não existindo o bem, ele é declarado
e todos aqueles que vivem e participam dos destinos de uma instituição devem
assumir o bem buscado e lutar por ele. Dentro da educação escolar essa obrigação
torna-se mais rigorosa.
Muitos professores após algum tempo de magistério desanimam por não
obterem bons resultados no ensino. Mas os resultados positivos, efetivamente,
correspondem a um trabalho, algumas vezes, até de uma geração, o que não libera
ninguém do empenho por alcançá-los.

Objetivos
Correspondem ao local, ou fim a que se pretende chegar.
Também os objetivos correspondem a bens desejáveis, pelos quais lutamos.
Advêm de correntes filosóficas e ideológicas, além de sofrerem a pressão de fatos
diários.
Suas fontes são mais numerosas:
Objetivo da escola: A escola tem obrigações, problemas e preocupações
curriculares próprias. Com as mudanças radicais que a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, 9394/96 está proporcionando aos rumos da educação brasileira,
as escolas, professores e alunos precisam consultar os Parâmetros Curriculares
Nacionais, se o nível escolar corresponder ao Ensino Fundamental ou Médio, e às
Diretrizes Curriculares, se o nível escolar for o Ensino Superior, uma vez que tais

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documentos apontam o objetivo proposto e que fatalmente irão estar na base das
avaliações institucionais, popularmente batizadas de provões.
Isso não impede que o próprio local do projeto expresse seus objetivos, isso
é mais verdadeiro quando se fala da instituição universidade. Observem-se alguns
casos:
• Uma escola pode ressentir-se da falta de sala especial para o
ensino/aprendizagem de Ciências;
• Outra pode estar mais interessada em criar o ensino específico de
computação;
• Outra pode pensar em melhorar o nível nutritivo da merenda;
• Outra pode estar repensando a relação diária entre professor e aluno;
• E assim por diante, tudo sempre correspondendo a bens que a escola
não possua, mas deseja.

Por ocasião do planejamento global da escola, o problema é levado ao


Conselho e assim transforma-se em Objetivos da Escola:
• Criar sala ambiente/laboratório de Ciências;
• Abrir um laboratório de computação;
• Incrementar a merenda escolar;
• Discutir o relacionamento existente entre professores e alunos;
• E assim por diante.

O objetivo geral que corresponde à descoberta do valor que tem a disciplina


dentro do Currículo Pleno. Este corresponde a todas as propostas de um curso:
Programas, Atividades, Semanas de Estudos, Sistema de Avaliação, Atividades
extraclasse, e assim por diante.
A determinação do objetivo dentro de cada área, atividade ou disciplina é
papel do professor com sua equipe de trabalho.
Os objetivos específicos são os que indicam as ações absolutamente
imediatas, e que permitem avaliação clara, e, na maioria das vezes, medíveis. Sua

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abrangência dirá respeito à operacionalização que se faz em relação aos três


domínios próprios do ser humano:

Observe:
• A inteligência diz respeito ao cognos, ou seja, o conhecimento, ela
refere-se ao conteúdo que o ser humano deve absorver e ao ensino que o professor
deve proporcionar;
• A ação diz respeito à necessidade que o ser humano tem de fazer,
realizar mostrando suas habilidades e no processo educacional corresponde à
pesquisa e/ou investigação;
• A sociabilidade diz respeito ao sentir prazeroso que o ser humano tem
em viver com os demais, que o leva ao sentimento de· apreciação ao que faz e ao
seu grupo e no processo educacional refere-se à extensão à sociedade daquilo que
foi aprendido e feito todos os seres humanos.

Objetivos cognitivos estão ligados, como diz seu nome, à área do


conhecimento. Na descrição a seguir, é bom verificar a existência de uma habilidade
para que esses desejos sejam alcançados, mas deve-se estar atento para o objeto
dessa habilidade, ou seja, ampliar a quantidade de conhecimentos.
Objetivos de pesquisa/investigação - exigem que o aluno tome uma atitude,
decida e execute determinada ação: Eles podem referir-se:
1. à aplicação do método experimental:
• observar, comparar, estabelecer hipóteses, analisar, sintetizar, criticar,
concluir, generalizar, avaliar e aplicar.

Objetivos apreciativos - por apreciação entenda-se: dar um preço, atribuir


um valor.

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E somente se aprecia aquilo que traz um Bem, Bem com o B em maiúsculo,


pois em educação a realidade imediata tem que ser trabalhada, mas seus frutos
precisam ser universais e perenes.
Por bem, aqui, portanto, estar-se-á dizendo o que tem um valor de e para a
natureza, e/ou indivíduo, e/ou sociedade. Estar-se-á trabalhando as questões
psicológicas, filosóficas e políticas que os conteúdos especificam.
Eis alguns exemplos:
- Conteúdo: doenças provocadas por bactérias:

Objetivos:
• Verificar a forma de prevenção de doenças provocadas por bactérias;
• Entrevistar a equipe do posto de saúde local para verificar o que tem
sido feito pela prevenção de doenças;
• Verificar o projeto de saúde em andamento na cidade;
• Analisar as profissões ligadas à área da saúde e o que fazer para se
entrar nesta força de trabalho;
• Participar como agente de saúde local;
• Pesquisar e trazer a biografia de um médico brasileiro que se destacou
ou se destaca hoje na área de saúde, mostrando porque ele é importante também
para o seu bairro e escola.

Características dos objetivos


- Expressão na forma de verbo de ação: descrever, avaliar, aplicar, e
assim por diante. Muitos textos não são expressos dessa forma, obrigando o docente
à sua correção. Entretanto, textos de lei, mesmo que formalmente incorretos, não
podem ser alterados;
- Objetividade: um objetivo deve ser claro e curto. As descrições ficarão
para o campo da metodologia intitulado de Procedimento;
- Hierarquização: o plano de trabalho do professor deve apresentar
todos os objetivos, na ordem em que eles apareceram neste texto. É lógico que os
específicos, porque instrumentais, são fáceis de verificação do comportamento final

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do aluno; são mais atrativos. Entretanto, quando se analisa a questão administrativa


do currículo, verifica-se que uma aula, um projeto e/ou um programa devem ser
estipulados para resolverem problemas maiores que a simples absorção de
determinado conteúdo;
- Clareza: leitor não pode ter dúvidas sobre o que o objetivo está
pretendendo. Por esse motivo a determinação de todos os objetivos é uma tarefa
demorada, e será mais bem-sucedida se for uma tarefa de grupo;
- Descrição: deve deixar clara a tarefa a ser cumprida ou o problema a
ser resolvido. Portanto, não pode aparecer apenas o verbo, mas toda a frase;
- Expressão de:
• Conteúdos - ou os conhecimentos a serem adquiridos;
• Habilidades - ou as atitudes a serem incorporadas;
• Apreciações - ou os valores a serem adotados;
• Aplicações - ou as propostas para a melhoria do indivíduo e sociedade.

Graças aos objetivos as ações humanas se distinguem das de todos os outros


animais. Em educação eles fazem a diferença entre professores, instituições
escolares/estados/países. Dão vida e personalidade ao ensino. Cada conteúdo é um
complexo que exige muitos alvos, pois: objetivos inexistentes, ou mal formulados
impedirão a escolha de metodologias, e, especialmente, não indicarão as condições
de promoção dos alunos.

TEORIAS EDUCACIONAIS

Teorias educacionais modernas: Herbart, Dewey e Freire


O quadro abaixo explicita uma comparação entre o modelo de teoria
educacional humanista, em seus procedimentos didáticos, e o modelo de teoria
educacional sob a influência dos valores da sociedade do trabalho, levando em conta
também os seus procedimentos didáticos.

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Herbart passos Dewey passos Freire passos didáticos


didáticos didáticos conduzidos pelo
conduzidos pelo conduzidos pelo Educador
Mestre Professor

Preparação Atividade e pesquisa Pesquisa e/ou vivência

Apresentação Escolha e/ou Seleção dos temas


formulação de geradores
problemas

Associação Arrolamento de dados Problematização

Aplicação Avaliação de hipóteses Ação social e política


e/ou experimentação

Para Herbart, o processo de ensino deveria cuidar da moralidade. Esse seria


o objetivo do ensino. A moralidade era, para ele, "liberdade, perfeição, boa vontade,
direito e retribuição". Ela poderia vingar se o ensino fizesse do homem um ser
autodeterminado. Em suas palavras, "um homem bom comanda a si próprio".
Herbart não admitia qualquer distinção entre instrução e educação. Sua
doutrina era a da "instrução educativa"; quanto mais ideias claras e verdadeiras na
consciência, mais teríamos uma criança e, posteriormente, um homem, com boa
conduta. Ou, nas palavras do próprio Herbart: "a disposição do coração (...) tem sua
fonte na mente (...), sentir e desejar são condições e, na maior parte, condições
mutáveis de conceitos". Assim, fazendo da ética humanista (a autodeterminação
para ser bom) a finalidade da educação, e da psicologia, o meio (massas de
pensamento - ideias e conceitos dirigem o interesse), Herbart fixou seus
procedimentos didáticos em cinco passos: preparação, apresentação, associação,
generalização e aplicação.

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A teoria educacional de Dewey ao contrário da de Herbart, não colocava um


tipo fixo de homem a ser alcançado. A sociedade do trabalho, como uma sociedade
dinâmica, deveria estar se transformando continuamente e, nesse sentido, Dewey
viu a educação como "o processo de reconstrução da experiência, dando-lhe um
valor mais socializado por meio do aumento das capacidades individuais". Assim,
pode-se dizer, os cinco passos didáticos de Dewey são, em verdade, seis passos:
há um passo que é o próprio processo: o aprender a aprender. Mais do que a
conclusão de cada lição do processo de ensino-aprendizagem, o que valeria a pena,
é que ele estaria treinando os indivíduos para a pesquisa, para o que seria o trabalho
natural da mente - resolver problemas novos. Ser um bom ser humano, para Dewey,
não era ser alguém com erudição, mas alguém capaz de resolver problemas. Daí
que, neste aspecto, Dewey não podia divergir daqueles que viam o seu método de
ensino - o ensino ativo - como estando em comunhão com a ideia de que o homem
é naturalmente ativo, transformador. Em termos soco escolares: alguém que deveria
se tornar integrado socialmente na medida em que continuasse a ser ativo. O adulto
continuaria a ser ativo na medida em que, enquanto adulto, fosse industrioso,
trabalhador - um profissional.
A situação histórica, hoje, na América, é que os educadores têm um número
de tarefas importantes para realizar. Uma vez que as condições efetivas do ensino
dependem, em larga medida, do que acontece fora da sala de aula, os educadores
devem se opor vigorosamente diante de qualquer medida que tenda a restringir ou
proibir seus direitos civis como membros da comunidade.
O comportamento imediato da teoria educacional de Dewey é o mesmo de
sua teoria moral e social. Elas clamam por uma dedicação à luta, em termos práticos,
pela ampliação da democracia, por meio de métodos da inteligência, ou seja,
métodos de investigação científica que vençam o princípio da autoridade para
resolver problemas humanos.
Hook estava certo na avaliação da teoria educacional de Dewey. E seu acerto
significa o momento propício para apontar o erro de muitos críticos, em particular, no
Brasil, que procuraram ver em Dewey alguém que teria levado o culto à técnica e à
prática cega - certamente frutos da sociedade do trabalho - para o âmbito
educacional, esquecendo-se da educação como elemento político. No Brasil dos

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anos 1980: tanto os educadores considerados de direita (José Mário Pires Azanha,
à frente) quanto aos que se auto reivindicavam como pertencentes à esquerda
marxista (José Carlos Libâneo e Dermeval 8aviani à frente), fizeram a leitura de
Dewey - justamente o filósofo da democracia - como um "tecnicista" ou alguém que
teria dado margem para o "tecnicismo" em educação. Mas a fala de Hook é
adequada: a teoria educacional de Dewey era política, em favor da ampliação da
democracia.

Paulo Freire: Educação libertadora versus Educação bancária


Paulo Freire, como Dewey, via a educação imbricada na política. Ao mesmo
tempo, em termos de didática, aceitou de Dewey os pressupostos do ensino ativo.
Os passos didáticos de uma teoria educacional inspirada na prática de Paulo Freire
só podem ser entendidos na sua concorrência com o que ele qualificou de "educação
bancária". Para Paulo Freire, a educação bancária era o adestramento do corpo, a
ideia de que, sendo o homem "corpo", é objeto manipulável, uma caixa onde se
depositam saberes. Como saberes nunca devem ser depositados, o que se deposita,
na verdade, são coisas, dogmas.
Em seus primeiros escritos, Paulo Freire via o homem como possuindo uma
vocação para sujeito da história e não para objeto, mas, nas condições do Terceiro
Mundo, esta vocação não estaria se explicitando, dado que as populações mais
pobres teriam sido vítimas de uma mentalidade paternalista e autoritária, herança do
colonialismo, neocolonialismo e escravismo. Fazia-se necessário, segundo Freire,
romper com isso, "libertar o homem popular" de seu tradicional mutismo. A educação
deveria, então, forjar uma nova mentalidade, trabalhando para a "conscientização do
homem" de cada país do Terceiro Mundo, frente aos seus problemas nacionais, e
engajar este homem na luta política.
A escola oficial, além de autoritária, estaria a serviço de uma estrutura
excessivamente burocratizada e anacrônica incapaz de colocar-se "ao lado dos
oprimidos". Procurando identificar-se com os oprimidos - aqueles que "não têm voz"
na sociedade, mas que, obviamente, ao contrário do que diziam as elites, "também
produzem cultura" -, Freire buscava uma educação comprometida com a solução dos
problemas da comunidade. A ideia de comunidade permaneceu, então, como um

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ponto de partida e um ponto de chegada da teoria educacional freireana (como em


Dewey e Anísio Teixeira). Daí as teses do ensino articulado aos regionalismos, ao
comunitarismo, aos costumes e à cultura do local de vida da população a ser
educada. Diga-se de passagem, que em alguns momentos, isso seguiu por vias
radicais, causando problemas de interpretação, no Brasil. Neste país, ao contrário
dos Estados Unidos, a história da escola fez-se através da ligação das elites com o
Estado, seguindo os modelos francês e alemão. Nos Estados Unidos, a escola
sempre foi paroquial, comunitária. Paulo Freire, como Anísio, no passado, adotando
o comunitarismo, nem sempre forneceu ao Brasil uma pedagogia capaz de ter êxito
em alguns lugares com total falta de tradição comunitária (embora em alguns locais,
com certa tradição no comunitarismo, colônia de imigrantes, por exemplo, ela tenha
caminhado de modo mais fácil, como foi o caso do Rio Grande do Sul).
A conscientização seria a arma contra a "educação bancária"
- A educação defensora do status quo vigente, calcada numa "ideologia de
opressão" que, segundo Freire, considerava o aluno como alguém despossuído de
qualquer saber e, por isso mesmo, destinado a se tornar depósito dos dogmas do
professor. Paulo Freire elaborou um procedimento que, para efeito de comparação
com Herbart e Dewey, ilustro sob a forma de cinco passos didáticos:

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Momento em que o educador


vive, realmente, na comunidade do
educando, participando de sua
linguagem e de seus problemas.
Neste passo, Paulo Freire quer que a
dicotomia educador-educando
Vivência e pesquisa desapareça, dando lugar ao
educando-educador-educador
educando. É neste momento em que o
educador começa a recolher o que
serão os "temas geradores" ou
"palavras geradoras".

A partir da vivência, o educador


recolhe temas e palavras e passa a
organizar junto com os educandos os
Temas geradores "círculos de cultura", o grupo onde
aconteceria o "diálogo amoroso",
humilde, horizontal entre

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Educando-educador e
educador educando. O "método
dialógico" aqui empregado, consistiria
na explicitação do relato dos
participantes a respeito de suas
experiências de vida, suas
dificuldades e problemas. O
"animador" do “centro de cultura", uma
vez tendo vivido na comunidade,
estaria apto a resgatar, nesse
momento, os "temas geradores" e as
"palavras geradoras", já previamente
"sentidos" por ele próprio na
comunidade, como que espelhando
dificuldades.

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A "problematização" implicaria
a ideia de que "ninguém educa
ninguém", e também de que "ninguém
se educa a si mesmo", mas "os
"Problematização através homens se educam em comunhão",
do diálogo "mediatizados pelo: mundo", como
escreveu Paulo Freire: a
problematização se faria, assim,
através do esforço pelo qual
educadores e educandos iriam
percebendo, criticamente, como
"estão sendo

no mundo com que e em que se


acham".

Através da "problematização",
educador-educando e educando-
educador poderiam fixar o ponto de
partida para a "conscientização".
Caberia ao educador-educando
Conscientização problematizar a visão de mundo dos
educandos-educadores que, por uma
série de razões, poderiam não estar
aptos a entender a realidade
criticamente. A
"conscientização" exigiria o
"pensar crítico", capaz de procurar a
"causalidade profunda" dos
acontecimentos, fazendo o
"desvelamento da realidade”.

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A "conscientização" se
Ação social e política completaria na ação social e política –
na “práxis de busca de libertação de
todos os homens da opressão”.

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REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 5ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1975.
Peeters ,F. e COOMAN, M.A. de . História da Educação. 10ª ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1971.
TOSI, Maria Reineldes. Didática Geral; um olhar para o futuro. 3ª ed. Campinas-SP.
Editora Alínea, 2003.
Ghiraldelli Júnior, Paulo. Didática e Teorias Educacionais. Rio de Janeiro: DP&A,
2000.
SILVA, T.M.N. A construção do currículo na sala de aula, o professor como
pesquisador. São Paulo. EPU - 1990.
PILLETI, Claudino. Didática Geral. 23ª edição. Série Educação -Editora Ática, 2006.

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