Principios Da Analise Do Comportamento e PDF
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Psicologia e Educação:
temas e pesquisas
Marília
2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS
Copyright© 2012 Conselho Editorial
Diretor:
Dr..José.Carlos.Miguel
Vice-Diretor:
Dr..Marcelo.Tavella.Navega
Conselho Editorial
Mariângela Spotti Lopes Fujita (Presidente)
Adrián Oscar Dongo Montoya
Ana Maria Portich
Antonio Mendes da Costa Braga
Célia Maria Giacheti
Cláudia Regina Mosca Giroto
Marcelo Fernandes de Oliveira
Maria Rosângela de Oliveira
Mariângela Braga Norte
Neusa Maria Dal Ri
Rosane Michelli de Castro
Parecerista
Susana Frisancho (Profesora Principal - Departamento de Psicología - Pontifica Universidad
Católica del Perú)
Ficha catalográfica
Serviço de Biblioteca e Documentação – Unesp - campus de Marília
Editora afiliada:
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punitivo, lembrando que sua função será determinada pelo seu efeito sobre
a resposta. Preferimos usar SR para enfatizar que o reforço é sempre melhor
do que a punição. Considerando que ensinar pode se resumir em arranjar
(planejar) contingências (SKINNER, [1968]1972), saber analisá-las é um
passo inicial fundamental para o educador. Matos (1992) fornece uma
excelente introdução ao tema.
Contingências de três termos encerram discriminações simples.
Porém, a função do SD pode ser condicionada pela participação de um
quarto membro na contingência. Por exemplo, quando estamos dirigindo,
normalmente paramos o automóvel ao nos deparar com um semáforo com
a luz vermelha acesa. Essa relação pode ser assim expressa: “se luz vermelha
(SD), então, pare (R) e isso evitará acidentes e multas (consequência3)”. Em
cidades com altos índices de assalto, no entanto, é perigoso permanecer
com o carro parado no cruzamento após determinada hora. Por essa razão,
os motoristas apenas reduzem a velocidade nos cruzamentos, mesmo sob
luz vermelha. Portanto, essa contingência seria descrita de modo mais
completo com a inclusão de mais uma cláusula “se”:
Estímulo con- Estímulo discrimi-
Resposta Consequência
dicional nativo
e isso evitará acidentes e
Se horário x a y e se sinal vermelho, então, pare
multas
Se horário k a z e se sinal vermelho, então, apenas diminua e isso evitará assaltos
Quadro 1 - Exemplo de contingência de quatro termos, em que o estímulo condicional
altera a função do estímulo discriminativo.
Ou, simbolicamente:
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Consequências aversivas como acidentes, multas e inúmeras outras têm o efeito de reforçar comportamentos
que as evitam ou removem. Por não serem produzidas, mas, ao contrário, evitadas ou removidas, são chamadas
reforçadores negativos.
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Relações de equivalência
Neste ponto, cabe um esclarecimento de natureza conceitual.
Àquela altura, o termo equivalência era usado sem um significado especial.
Anos depois, contudo, Sidman e Tailby (1982) o definiriam formalmente
de maneira análoga ao significado que lhe é atribuído na teoria matemática
dos conjuntos. Numa perspectiva comportamental, por conseguinte,
passam a ser considerados equivalentes estímulos cujas relações apresentem
as propriedades: reflexividade, simetria e transitividade.
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Any move by us to share our discoveries with them was regarded, at worst, as an invasion of turf and at best, as
well-intentioned but irrelevant. […]. It quickly became apparent that whether we wanted to show them how to
do it or to do it ourselves, we were unwelcome. Puzzled and disillusioned, we soon turned our attention almost
exclusively away from applications.
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Refiro-me, particularmente, à produção do autor relacionada à equivalência, que decorreu das pesquisas
sobre leitura. M. Sidman, porém, tem uma longa e produtiva carreira, durante a qual fez muitas e importantes
publicações sobre temas relevantes, entre os quais o controle aversivo do comportamento (ver, por exemplo,
SIDMAN, [1989]1995).
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levado os alunos a nomear, eles mesmos, aquelas palavras. Mais do que isso,
os dados evidenciavam que agora os participantes da pesquisa respondiam
a unidades menores do que a palavra, o que é imprescindível para a leitura
generalizada. De acordo com os autores, os dados apoiam “[...] a suposição
de Skinner ([1957]1978) de que o controle por unidades mínimas pode se
desenvolver a partir do estabelecimento de controle por unidades maiores.”
(DE ROSE et al., 1989, p. 342).
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motivador, uma vez que estariam lendo material com significado, além de
proporcionar-lhes a oportunidade de, dentro de algum tempo, virem a ler
pequenas sentenças.
Algumas considerações
O estudo resumido nos parágrafos anteriores foi seguido por
muitos outros, marcando a história da pesquisa analítico-comportamental
aplicada à educação, no Brasil. Várias considerações podem ser feitas a
respeito. Para os propósitos deste texto, irei me concentrar em algumas,
como se segue.
Embora os participantes da pesquisa tivessem exibido, de fato,
melhora em seu desempenho, ela não foi homogênea. Houve alguma
variabilidade na manutenção da linha de base, a qual foi bem mais acentuada
na generalização de leitura. No primeiro teste extensivo, a porcentagem de
palavras novas lidas corretamente variou de 0% a 56% entre os seis alunos,
ao passo que, no segundo teste (com um aluno a menos), a variação foi de
0% a 88%.
Apesar de, naquele momento, os autores terem argumentado que
a opção pelo uso de palavras inteiras se baseou no perfil dos alunos, mais
do que na sua eficácia para produzir leitura generalizada, este continuou
sendo utilizado, durante longo tempo, nas pesquisas que se seguiram e
também num importante projeto de extensão universitária, comentado
adiante. Quanto à pesquisa, houve esforços no sentido de se encontrar um
conjunto adequado de palavras a serem ensinadas, cujas sílabas pudessem
ser mais sistematicamente recombinadas, para maximizar a generalização
da leitura (DE ROSE et al., 1992; MATOS; HÜBNER-D’OLIVEIRA,
1992). A variabilidade nos dados de generalização, no entanto, tem sido
uma constante (SOUZA; DE ROSE, 2006).
Sidman (1971) havia empregado palavras monossílabas de três
letras. Seu esforço foi no sentido de garantir a compreensão da leitura do
pequeno conjunto de palavras escritas, usado em sua pesquisa. Na língua
portuguesa, há poucas palavras desse tamanho com significado, de sorte
que De Rose et al. (1989) tiveram de usar palavras maiores. Replicando
o procedimento de Sidman (1971), esses autores também visaram a
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Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/possivel-calcular-quantas-
palavras-surgem-dia-lingua-portuguesa-473887.shtml>. Acesso em: 30 jan. 2011.
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O papel da nomeação
Como já apontado neste texto, a discussão sobre a nomeação
divide pesquisadores da Análise do Comportamento entre aqueles que
defendem que a equivalência é um processo básico subjacente à linguagem
e os que afirmam o contrário – que a linguagem é que possibilitaria a
formação de classes de estímulos equivalentes.
No caso da linguagem, a escrita codifica a fala. Parafraseando
Shaywitz (2006, p. 46-56), esta é a linguagem que o cérebro entende.
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Para instrumentos de avaliação de leitura e outras habilidades relacionadas a ela, ver: Andrade (2010), Capellini
e Smythe (2008) e Fonseca (1997).
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Portanto, para que um texto possa ser compreendido, ele tem que ser
convertido em sons da fala. Em pesquisa recente com alunos do primeiro
ano escolar (PRADO et al., 2010), encontrei correlações positivas entre a
nomeação de palavras escritas e o emparelhamento palavra-figura e figura-
palavra (leitura com compreensão). A nomeação de palavras também se
demonstrou positivamente correlacionada com a composição de palavras
com letras móveis, a partir de ditado (análoga à escrita sob ditado), entre
outras. Ou seja, quanto melhor o desempenho das crianças em nomeação
de palavras impressas, melhor sua compreensão de leitura e sua escrita
(para considerações ulteriores sobre a relação entre nomeação e leitura, ver
CARDOSO-MARTINS; PENNINGTON, 2001).
No que concerne às habilidades numéricas, encontrei igualmente,
em pré-escolares com idade média de 5,2 anos, correlações positivas entre a
contagem e a equiparação de conjuntos de cinco a oito elementos (PRADO,
2008). Isso está de acordo com a literatura segundo a qual numerosidades
superiores a quatro requerem a contagem para sua discriminação e
reconhecimento exatos, ao passo que, para numerosidades menores, a
linguagem não é necessária (ver, por exemplo, HAUSER; SPELKE, 2004;
PRADO, 2010).
Pesquisas mostram que o processamento de estímulos numéricos
simbólicos e não simbólicos é realizado numa mesma região do cérebro:
os lobos parietais esquerdo e direito (DEHAENE; COHEN, 1997;
DEHAENE et al., 1999; CAPPELLETTI et al., 2007), enquanto estímulos
textuais são processados em outras regiões: frontal, parietotemporal e
occipitotemporal esquerdas (SHAYWITZ, 2006). São contribuições das
neurociências que permitem o seguinte tipo de reflexão: se o conhecimento
de estímulos e comportamentos só faz sentido, quando se foca a relação
entre ambos e se o cérebro é parte do corpo (SKINNER, 1990), a maneira
como cérebro se comporta diante de diferentes estímulos não pode ser
desconsiderada, pois, como mediador (SKINNER, [1969]1984), ele afeta
o comportamento final como um todo.
O que os avanços mais recentes do conhecimento científico
parecem apontar é que, em alguns casos, a nomeação é necessária e em
outros, não. Por conseguinte, na educação regular, não haveria por que
prescindir-se dela, dada a sua indiscutível importância. Quanto aos
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Conclusão
Este capítulo foi elaborado de acordo com uma proposta
de introduzir o leitor em alguns princípios básicos da Análise do
Comportamento e na aplicação desses princípios à pesquisa sobre
ensino-aprendizagem de leitura e de habilidades pré-aritméticas, as quais
se relacionam à cognição. Por essa razão, foi apresentada a definição de
equivalência, um instrumento conceitual por meio do qual analistas
do comportamento vêm pesquisando a cognição e o comportamento
simbólico, além de contribuir para a geração de procedimentos de ensino.
Também foi exposta uma parcela do conhecimento que outros
pesquisadores vêm produzindo sobre a aprendizagem da leitura, apontando-
se a possibilidade de cooperação com a Análise do Comportamento.
Finalmente, foram tecidas algumas considerações sobre a relação entre a
nomeação e habilidades relacionadas à leitura e pré-aritméticas.
Se este texto conseguir produzir mesmo que uma pequena
centelha que ilumine a necessidade da ciência para o avanço da educação,
ele terá cumprido sua função. É o que espero.
Referências
ANDRADE, O. V. C. A. Instrumentalização pedagógica para avaliação de crianças com
risco de dislexia. 2010. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010.
______; PRADO, P. S. T.; CAPELLINI, S. A. Desenvolvimento de ferramentas
pedagógicas para identificação de escolares de risco para a dislexia. Psicopedagogia, São
Paulo, v. 28, p. 14-28, 2011.
CAPPELLETTI, M. et al. rTMS over the intraparietal sulcus disrupts numerosity
processing. Experimental Brain Research, Berlin, v. 179, p. 631–642, 2007.
CAPELLINI, S. A.; SMYTHE, I. Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo-
linguísticas: livro do profissional e do professor. Marília: Fundepe, 2008.
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