Operações A - Cap. 4 Fragmentação de Sólidos

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Operações Unitárias A

Profª Mônica Bagnara


4. Fragmentação de sólidos
Conteúdo
Capítulo 4 – Fragmentação de sólidos

4.1 Objetivos da redução de tamanho


4.2 Mecanismo de redução de tamanho
4.3 Equipamentos empregados na fragmentação
4.4 Operações de moagem
4.5 Leis da divisão de sólidos
Grão de trigo Clínquer Mica

Fragmentação Fragmentação Fragmentação

Farinha de trigo Cimento Pigmento


Na indústria de processamento de alimentos

• O processo de moagem é utilizado na produção de farinha de


trigo e centeio.

• Sementes oleaginosas são trituradas e prensadas para acelerar a


extração do óleo com solventes e produção de farinha.

• Os moinhos de martelo são usualmente empregados na


produção de farinha de mandioca, batata entre outras.

• O açúcar e sal são moídos para obtenção de um produto mais


fino.
4.1 Objetivos da redução de tamanho
(também usa-se cominuição)
Aumentar a Modificar
área externa propriedades
Reatividade química
Reações químicas
Cor (intensidade)
Extração
Poder de revestimento
Secagem
Especificação de
Dimensões trabalháveis
produto

Separação de
Mistura íntima
constituintes
Granito: quartzo + areia Menor tamanho = mais
+ feldspato uniformidade
4.2 Mecanismo de redução de tamanho
Industrialmente, os mecanismos utilizados são:

Compressão Impacto

Corte ou dilaceramento Atrito


4.2 Mecanismo de redução de tamanho

Eficiência energética em torno de 2%!

Na fragmentação de sólidos cristalinos a clivagem ocorre em superfícies


preferenciais. A força aplicada deve ser suficiente para quebrar as ligações nos
nós da grade cristalina.
A aplicação de esforço causa formação de fissuras, até valor crítico, após ocorre
a ruptura do material. Observações indicam que a maneira como a operação é
conduzida afeta o tamanho de partículas.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
De modo geral, máquinas que efetuam fragmentação grosseira são
chamadas britadores e as que dão produtos finos são moinhos.

Alimentação Produto
Britadores
Primários 10 cm a 1,50 m 0,5 a 5 m
Secundários 0,5 a 5 cm 0,1 a 0,5 cm (10 a 3
mesh)
Moinhos
Fino 0,2 a 0,5 cm 200 mesh
Coloidal 80 mesh Até 0,01 μ
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
A relação de fragmentação, m:

𝐷$%$&$'(
𝑚=
𝐷)$%'(

Pode ser um fator limitante em alguns equipamentos.

Características gerais dos equipamentos:

- Rápido afastamento do sólido fragmentado da superfície de


trabalho; (água ou força centrífuga, por exemplo)

- Segurança: riscos de explosão pelo aquecimento e acúmulo de pó fino.


4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.1 Britadores primários

Britador de mandíbula
Apresenta como parte mais importante duas mandíbulas de aço-
manganês austenítico, uma fixa e a outra móvel, colocadas no interior
de uma carcaça de aço, ferro fundido ou aço-manganês. As mandíbulas
são revestidas com placas de desgaste corrugadas e substituíveis com
facilidade.
A principal aplicação dos britadores de mandíbulas é o britamento
primário de materiais duros e abrasivos.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.1 Britadores primários

Britador giratório
Compressão contínua. É constituído de um corpo cônico de carga,
seguido de outro de descarga. No interior há um eixo com uma cabeça
cônica de britamento.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.2 Britadores secundários

Britador de martelos
Opera principalmente por impacto, usado para fragmentar materiais
frágeis não abrasivos e materiais fibrosos, como milho, soja e café, pois
uma parte da ação de fragmentação é por corte.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.2 Britadores secundários

Britador de rolos
Normalmente localizado na sequência de um britador de mandíbulas.
Consta de dois rolos horizontais que giram à mesma velocidade em
sentidos contrários.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.2 Britadores secundários

Moenda ou galga
Consta de um ou dois rolos pesados de granito, concreto ou ferro
fundido que rolam no interior de uma panela reforçada. Os dois rolos
giram em torno de um eixo horizontal ligado ao eixo principal vertical
localizado no centro da panela
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.3 Moinhos finos

Moinhos centrífugos de atrito


Empregam força centrífuga para lançar o material a moer contra a
superfície de moagem. O elemento de moagem rola sobre o material
que está sendo moído, realizando uma dupla ação de moagem:
compressão e atrito.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.3 Moinhos finos

Rebolo
A moagem é realizada entre duas pedras horizontais pesadas
circulares, uma das quais é fixa. A outra gira em tomo de seu eixo. O
material é alimentado por cima, através de um furo central na pedra
superior, sendo moído por atrito entre as duas pedras, cuja superfície é
áspera. O produto sai lateralmente por ação centrífuga. Usado para
moer cereais, pigmentos, produtos, farmacêuticos, cosméticos, cortiça,
mica e amido. Este moinho está aos poucos sendo substituído pelo
moinho de rolos.
4.3 Equipamentos empregados na
fragmentação
4.3.3 Moinhos finos

Moinhos de bolas
Consta de um tambor cilíndrico rotativo com o comprimento
aproximadamente igual ao diâmetro e que em operação é parcialmente
cheio de bolas. O material a moer é alimentado no tambor e, à medida
que este gira, as bolas são levantadas até um certo ponto para depois
caírem diretamente sobre o material a moer.
O diâmetro das bolas relaciona-se com o diâmetro das partículas
grossas da alimentação:
𝐷* = 11 𝐷

https://www.youtube.com/watch?v=rp66z
PEIkmo
4.4 Operações de moagem
Pode-se operar a seco ou a úmido, sendo que a úmido pode haver uma
economia de até 25% de energia, além de possibilitar melhor controle e
classificação do material. As moagens podem ser operadas também em
batelada ou regime contínuo, podendo o último ser em circuito aberto
ou fechado.

Fonte: http://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA_13_Industrializacao-artigo2.pdf
4.5 Leis da divisão de sólidos
4.5.1 Lei geral

O trabalho necessário para reduzir as dimensões de uma


partícula é tanto maior quanto for a redução praticada.
𝛿𝑤 1
= −𝐾 %
𝑑𝐷 𝐷

Onde W é o trabalho fornecido ao eixo, D o diâmetro da partícula K


constante de proporcionalidade e n é uma constante empírica.

Para n ≠ 1:
𝐾 1 1
−𝑤 = %34 − %34
𝑛 − 1 𝐷) 𝐷$
4.5 Leis da divisão de sólidos
4.5.2 Lei de Kick, 1888 (n = 1)

O trabalho necessário para fragmentar o sólido é função logarítmica da


razão entre os tamanhos inicial e final do fragmento.
𝐷4
−𝑤 = 𝐾 𝑙𝑛
𝐷6

Sendo m a relação dos diâmetros e C a capacidade do britador, pode-se


escrever a energia total consumida em uma hora:
W = HP
−𝑊 = 𝐾 𝐶 ln(𝑚) C = ton/h
D = cm

- Utilizada para prever as alterações de consumo decorrentes de


modificações introduzidas numa operação que já vem sendo realizada;
- Aplica-se bem nas primeiras fases do britamento, quando as
modificações da extensão superficial não são importantes.
4.5 Leis da divisão de sólidos
4.5.3 Lei de Rittinger (1867), n = 2

O sólido a ser fragmentado inicialmente sofre uma deformação e fica


em estado de tensão até que, ultrapassado o limite de ruptura as
partículas se rompem.

1 1
−𝑤 = 𝐾 −
𝐷6 𝐷4

1 1 W = HP
−𝑊 = 𝐾𝐶 − C = ton/h
𝐷6 𝐷4 D = mm
A lei se aplica para partículas finas.
4.5 Leis da divisão de sólidos
4.5.4 Lei de Bond (1952), n =1,5

O trabalho é inversamente proporcional à raiz quadrada do tamanho


produzido.
1 1
−𝑤 = 2𝐾 −
𝐷6 𝐷4
Acrescentando-se a capacidade e substituindo 2K por 10 wi, sendo wi o
índice de trabalho do material, que depende da natureza do sólido.
100 1
−𝑤 = 𝑤$ 1−
𝐷6 𝑚
A energia pode ser calculada:
1 1
−𝑊 = 𝑘𝐶𝑤$ −
𝐷6 𝐷4
Sendo D em cm, 𝑤$ em kWh/t, C em ton/h, o valor de k é de 0,134 e W é
obtido na unidade hp.
4.5 Leis da divisão de sólidos
4.5.4 Lei de Bond (1952), n =1,5

Tabela 2 – valore de 𝑤i para moagem a úmido

Material Ρ (g/cm³) 𝑤$ (kWh/t)


Argila 2,51 6,30
Areia 2,65 16,46
Cimento 2,67 10,57
Mica 2,89 134,50
Sílica 2,71 13,53
Calcário 12,74

Para moagem a seco, multiplicar por 1,34.

A lei de Bond conduz a estimativas mais realistas. É a única para prever


consumo de máquinas que ainda não foram instaladas.
Exemplos
Exemplo 1
Consome-se 30 hp para moer 140 t/h de um material entre
2 mm e 1 mm. Qual a energia necessária para moer 120 t/h
do mesmo material entre 1 mm e 0,5 mm?
Exemplos
Exemplo 2 (Gomide, pg 98)
Fazer uma estimativa da energia necessária para britar 100
t/h de calcário, desde um diâmetro médio de 5 cm até o
diâmetro final de 8 Mesh Tyler (0,236 cm).
Considerações:
a) Supor que 80% do peso da alimentação passam por uma
peneira de 5 cm de malha e que o produto passa por uma
peneira 0,236 cm.
b) Todas as partículas de alimentação e do produto tem a
mesma forma geométrica.
c) Britamento a seco.
Exemplos
Exemplo 3 (Gomide, pg 99)
O britamento de hematita está sendo realizado a úmido
numa indústria com britador intermediário de cilindros
lisos. Na operação atual, ¼ hp é consumido para acionar o
britador vazio, e 14 hp são consumidos durante a
fragmentação de 6,4 t/h do minério, desde um diâmetro
médio de 3 mm a 1 mm. Faça uma estimativa do consumo
de energia a ser esperado depois de um ajuste no espaço
entre os cilindros, de modo a reduzi-lo a metade.
Exercícios
1. Discuta as causas mais importantes do afastamento entre a energia
real da fragmentação dos sólidos e a prevista teoricamente.

2. Que tipo de solicitação mecânica você recomendaria para fragmentar


os seguintes matérias: milho, cortiça, galena, borracha, polietileno,
breu, madeira, parafina e couro.

3. Cinco toneladas por hora de clínquer de cimento devem ser moídas


desde 2” até que 80% do material moído passem por uma peneira de
20 mesh Tyler. Faça uma avaliação da potência necessária para acionar
o moinho.
Exercícios
4. Para obtenção de açúcar, uma moagem primária permite a passagem
de 80% da massa inicial passe por uma peneira de 500 µm. Esse
produto é reduzido de tamanho novamente através de um moedor de
rolos, onde agora 80% do produto final passa em uma peneira de 88
µm. Para a segunda moagem, um motor de 5 HP é utilizado.
Considerando agora, que 80% do produto final passe em uma peneira
de 125 µm, mas com uma taxa de moagem (vazão mássica) 50% maior
que a anterior, verifique se o motor instalado possui potência suficiente
para operar o moedor.

5. A moagem do trigo está sendo realizada numa indústria com um


moinho de rolos. Na operação atual, 5HP são consumidos durante o
processo de fragmentação de 6,4 ton/h do trigo, desde um diâmetro de
3mm a 1mm. Um motor de 7HP está instalado para executar esse
trabalho. Verifique se o mesmo motor poderia ser utilizado quando um
ajuste no espaçamento entre os cilindros, de modo a reluzi-lo na
metade, fosse realizado.

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