Atualiz Diretriz Valvopatias 2017
Atualiz Diretriz Valvopatias 2017
Atualiz Diretriz Valvopatias 2017
2, Dezembro 2017
Autores da Diretriz:
Tarasoutchi F, Montera MW, Ramos AIO, Sampaio RO, Rosa VEE, Accorsi TAD, Lopes ASSA,
Fernandes JRC, Pires LJT, Spina GS, Vieira MLC, Lavitola PL, Bignoto TC, Togna DJD, Mesquita ET,
Esteves WAM, Atik FA, Colafranceschi AS, Moisés VA, Kiyose AT, Pomerantzeff PMA, Lemos PA, Brito
Jr. FS, Clara Weksler, Brandão CMA, Poffo R, Simões R, Rassi S, Leães PE, Mourilhe-Rocha R, Pena JLB,
Jatene FB, Barbosa MM, Souza Neto JD, Saraiva JFK
www.arquivosonline.com.br REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA - Publicada desde 1948
Conselho Editorial
Brasil Expedito E. Ribeiro da Silva (SP) Paulo Roberto B. Évora (SP)
Aguinaldo Figueiredo de Freitas Junior (GO) Fábio Vilas-Boas (BA) Paulo Roberto S. Brofman (PR)
Alfredo José Mansur (SP) Fernando Bacal (SP) Pedro A. Lemos (SP)
Aloir Queiroz de Araújo Sobrinho (ES) Flávio D. Fuchs (RS) Protásio Lemos da Luz (SP)
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André Labrunie (PR) Glaucia Maria M. de Oliveira (RJ) Ricardo Stein (RS)
Andrei Sposito (SP) Hans Fernando R. Dohmann (RJ) Salvador Rassi (GO)
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Bruno Caramelli (SP)
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Carisi A. Polanczyk (RS) Lucia Campos Pellanda (RS)
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Carlos Eduardo Rochitte (SP) Luís Eduardo Rohde (RS)
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Carlos Eduardo Suaide Silva (SP) Luís Cláudio Lemos Correia (BA) Ana Maria Ferreira Neves Abreu (Portugal)
Carlos Vicente Serrano Júnior (SP) Luiz A. Machado César (SP) Ana Teresa Timóteo (Portugal)
Celso Amodeo (SP) Luiz Alberto Piva e Mattos (SP) Cândida Fonseca (Portugal)
Charles Mady (SP) Marcia Melo Barbosa (MG) Fausto Pinto (Portugal)
Claudio Gil Soares de Araujo (RJ) Marcus Vinícius Bolívar Malachias (MG) Hugo Grancelli (Argentina)
Cláudio Tinoco Mesquita (RJ) Maria da Consolação V. Moreira (MG) James de Lemos (Estados Unidos)
Cleonice Carvalho C. Mota (MG) Mario S. S. de Azeredo Coutinho (SC) João A. Lima (Estados Unidos)
Clerio Francisco de Azevedo Filho (RJ) Maurício I. Scanavacca (SP) John G. F. Cleland (Inglaterra)
Dalton Bertolim Précoma (PR) Max Grinberg (SP) Jorge Ferreira (Portugal)
Dário C. Sobral Filho (PE) Michel Batlouni (SP) Manuel de Jesus Antunes (Portugal)
Murilo Foppa (RS) Marco Alves da Costa (Portugal)
Décio Mion Junior (SP)
Maria João Soares Vidigal Teixeira Ferreira
Denilson Campos de Albuquerque (RJ) Nadine O. Clausell (RS)
(Portugal)
Djair Brindeiro Filho (PE) Orlando Campos Filho (SP) Maria Pilar Tornos (Espanha)
Domingo M. Braile (SP) Otávio Rizzi Coelho (SP) Nuno Bettencourt (Portugal)
Edmar Atik (SP) Otoni Moreira Gomes (MG) Pedro Brugada (Bélgica)
Emilio Hideyuki Moriguchi (RS) Paulo Andrade Lotufo (SP) Peter A. McCullough (Estados Unidos)
Enio Buffolo (SP) Paulo Cesar B. V. Jardim (GO) Peter Libby (Estados Unidos)
Eulógio E. Martinez Filho (SP) Paulo J. F. Tucci (SP) Piero Anversa (Itália)
Evandro Tinoco Mesquita (RJ) Paulo R. A. Caramori (RS) Roberto José Palma dos Reis (Portugal)
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Presidente Editor-Chefe dos Arquivos Brasileiros SBC/CO – Danilo Oliveira de Arruda
Marcus Vinícius Bolívar Malachias de Cardiologia
Luiz Felipe P. Moreira SBC/DF – José Roberto de Mello Barreto Filho
Vice-Presidente
Eduardo Nagib Gaui Governador do Capítulo Brasil do ACC SBC/ES – Bruno Moulin Machado
Roberto Kalil Filho
Presidente-Eleito SBC/GO – Aguinaldo Figueiredo Freitas Jr.
Oscar Pereira Dutra Coordenadorias Adjuntas
SBC/MA – Márcio Mesquita Barbosa
Diretor Científico Coordenador de Relações Internacionais
Raul Dias dos Santos Filho David de Pádua Brasil SBC/MG – José Carlos da Costa Zanon
Diretora Financeira Coordenador da Universidade Corporativa SBC/MS – Delcio Gonçalves da Silva Junior
Gláucia Maria Moraes Oliveira Gilson Soares Feitosa Filho
Diretor Administrativo SBC/MT – Max Wagner de Lima
Coordenador de Diretrizes e Normatizações
Denilson Campos de Albuquerque José Francisco Kerr Saraiva SBC/NNE – Claudine Maria Alves Feio
Diretor de Relações Governamentais Coordenador de Registros Cardiovasculares
Renault Mattos Ribeiro Júnior SBC/PA – Sônia Conde Cristino
Otávio Rizzi Coelho
Diretor de Tecnologia da Informação Coordenador de Valorização Profissional SBC/PE – Paulo Sérgio Rodrigues Oliveira
Osni Moreira Filho Carlos Japhet da Matta Albuquerque
SBC/PB – Miguel Pereira Ribeiro
Diretor de Comunicação Coordenador de Novos Projetos
Celso Amodeo SBC/PI – Wildson de Castro Gonçalves Filho
Fernando Augusto Alves da Costa
Diretor de Pesquisa Coordenadores de Educação Continuada SBC/PR – Gerson Luiz Bredt Júnior
Leandro Ioshpe Zimerman Marcelo Westerlund Montera e Rui Manuel
dos Santos Póvoa SBC/RJ (SOCERJ) – Ricardo Mourilhe Rocha
Diretor de Qualidade Assistencial
Walter José Gomes Conselho de Planejamento Estratégico SBC/RN – Maria de Fátima Azevedo
Diretor de Departamentos Especializados Andrea Araújo Brandão, Ari Timeman, Dalton
Bertolin Precoma, Fábio Biscegli Jatene SBC/RO (SOCERON) – João Roberto Gemelli
João David de Sousa Neto
Editoria do Jornal SBC SBC/RS (SOCERGS) – Gustavo Glotz de Lima
Diretor de Relacionamento com Estaduais
e Regionais Carlos Eduardo Suaide Silva
SBC/SC – Maria Emilia Lueneberg
José Luis Aziz Presidentes das Soc. Estaduais e Regionais
Diretor de Promoção de Saúde SBC/AL – Pedro Ferreira de Albuquerque SBC/SE – Sergio Costa Tavares Filho
Cardiovascular – SBC/Funcor
SBC/AM – Marcelo Mouco Fernandes SBC/SP (SOCESP) – Ibraim Masciarelli
Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza
Francisco Pinto
SBC/BA – Nivaldo Menezes Filgueiras Filho
Ouvidor Geral
Lázaro Fernandes de Miranda SBC/CE – Sandro Salgueiro Rodrigues SBC/TO – Andrés Gustavo Sánchez
Introdução............................................................................................................................................página 1
Heart Team..........................................................................................................................................página 2
Estenose mitral..................................................................................................................................página 2
Insuficiência mitral primária crônica.......................................................................................página 5
Continuação........................................................................................................................................página 7
Insuficiência mitral secundária..................................................................................................página 8
Estenose aórtica................................................................................................................................página 10
Insuficiência aórtica crônica........................................................................................................página 14
Insuficiência tricúspide importante..........................................................................................página 17
Estenose tricúspide..........................................................................................................................página 19
Anticoagulação em valvopatia....................................................................................................página 21
Doença multivalvar..........................................................................................................................página 22
Disfunção de prótese valvar.........................................................................................................página 24
Trombose de prótese valvar.........................................................................................................página 26
Referências..........................................................................................................................................página 27
Atualização das Diretrizes Brasileiras
de Valvopatias: Abordagem das Lesões
Anatomicamente Importantes
Realização
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Coordenadores
Flavio Tarasoutchi
Marcelo Westerlund Montera
Autores
Flavio Tarasoutchi, Marcelo Westerlund Montera, Auristela Isabel de Oliveira Ramos, Roney Orismar Sampaio, Vitor
Emer Egypto Rosa, Tarso Augusto Duenhas Accorsi, Antonio Sergio de Santis Andrade Lopes, João Ricardo Cordeiro
Fernandes, Lucas José Tachotti Pires, Guilherme Sobreira Spina, Marcelo Luiz Campos Vieira, Paulo de Lara Lavitola, Tiago
Costa Bignoto, Dorival Julio Della Togna, Evandro Tinoco Mesquita, William Antonio de Magalhães Esteves, Fernando
Antibas Atik, Alexandre Siciliano Colafranceschi, Valdir Ambrósio Moisés, Alberto Takeshi Kiyose, Pablo Maria Alberto
Pomerantzeff, Pedro Alves Lemos Neto, Fábio Sândoli de Brito Júnior, Clara Weksler, Carlos Manuel de Almeida Brandão,
Robinson Poffo, Ricardo Simões, Salvador Rassi, Paulo Ernesto Leães, Ricardo Mourilhe Rocha, José Luiz Barros Pena, Fabio
Biscegli Jatene, Márcia de Melo Barbosa, João David de Souza Neto, José Francisco Kerr Saraiva
Nota: estas Diretrizes se prestam a informar e não a substituir o julgamento clínico do médico que, em última análise,
deve determinar o tratamento apropriado para seus pacientes.
Correspondência:
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Av. Marechal Câmara, 360/330 – Centro – Rio de Janeiro – CEP: 20020-907
e-mail: [email protected]
DOI: 10.5935/abc.20180007
Declaração de potencial conflito de interesses dos autores/colaboradores
da Atualização das Diretrizes Brasileiras de Valvopatias: Abordagem das Lesões Anatomicamente Importantes
Se nos últimos 3 anos o autor/colaborador das Diretrizes:
Alberto Takeshi Kiyose Não Não Não Não Não Não Não
Alexandre Siciliano
Não Não Não Não Não Não Não
Colafranceschi
Antonio Sergio de Santis
Não Não Não Não Não Não Não
Andrade Lopes
Auristela Isabel de Oliveira
Não Não Não Não Não Não Não
Ramos
Carlos Manuel de Almeida
Não Não Não Não Não Não Não
Brandão
Clara Weksler Não Não Não Não Não Não Não
Dorival Julio Della Togna Não Não Não Não Não Não Não
Evandro Tinoco Mesquita Não Não Não Não Não Não Não
Fabio Biscegli Jatene Não Não Não Não Não Não Não
Fábio Sândoli de Brito Júnior Não Não Não Não Não Não Não
Fernando Antibas Atik Não Não Não Não Não Não Não
Flavio Tarasoutchi Bayer Abbott Não Não Não Não Não
Guilherme Sobreira Spina Não Não Não Não Não Não Não
João David de Souza Neto Não Não Não Não Não Não Não
João Ricardo Cordeiro
Não Abbott Não Não Não Não Não
Fernandes
José Francisco Kerr Saraiva Não Não Não Não Não Não Não
José Luiz Barros Pena Não Não Não Não Não Não Não
Lucas José Tachotti Pires Não Não Não Não Não Não Não
Marcelo Luiz Campos Vieira Não Não Não Não Não Não Não
Marcelo Westerlund Montera Não Não Não Não Não Não Não
Márcia de Melo Barbosa Não Não Não Não Não Não Não
Pablo Maria Alberto
Não Não Não Não Não Não Não
Pomerantzeff
Paulo de Lara Lavitola Não Não Não Não Não Não Não
Paulo Ernesto Leães Não Não Não Não Não Não Não
Pedro Alves Lemos Neto Não Não Não Não Não Não Não
Novartis,
Ricardo Mourilhe-Rocha Não Não Não Não Servier, AHA, Não Não
SBC
Diretrizes
Figura 1 – Algoritmo com passos para diagnóstico anatômico, etiológico e funcional e definição de conduta.
Diretrizes
Características etiológicas
• > 90% dos casos nos países em desenvolvimento
• Sintomas entre a terceira e quarta décadas da vida
• Fusão comissural, espessamento de cúspides
Febre reumática
• Comprometimento do aparelho subvalvar
• Abertura em cúpula da cúspide anterior e redução da mobilidade da cúspide posterior
• Acometimento mitroaórtico
Diretrizes
Continuação
• 12 a 26% dos casos nos países desenvolvidos
• Mais comum em idosos
Degenerativa (calcificação do aparato valvar) • Pode chegar a 60% dos casos em pacientes com mais de 80 anos de idade
• Calcificação do anel valvar mitral
• Ausência de fusão comissural
• Relação com calcificação aórtica e coronariana
• Congênita
• Doenças reumatológicas (lúpus e artrite reumatoide)
• Drogas (metissergida e anorexígenos)
Causas raras
• Síndrome carcinoide
• Doença de Fabry
• Lesão actínica — pós-radioterapia
Sintomas
• Principal sintoma
• Inicialmente com eventos que aumentam a pressão venocapilar pulmonar (esforço físico, fibrilação atrial e gestação)
Dispneia
• Dispneia em repouso e dispneia paroxística noturna
(NYHA II–IV)
• Pode ser acompanhada por palpitações, hemoptise, disfonia, disfagia e tosse
• Pode ser acompanhada por eventos embólicos (cerebrais, mesentéricos e de extremidades)
Complicadores
• Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg em repouso
Hipertensão pulmonar • Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 60 mmHg ao esforço (teste ergométrico ou ecocardiografia com estresse
farmacológico)
• Relação com remodelamento do átrio esquerdo
Fibrilação atrial de início recente
• Manter razão normalizada internacional de 2,0 a 3,0
Tipo Considerações
• Tratamento de escolha na etiologia reumática
• Indicações:
Sintomas classe funcional (CF) II–IV e/ou fatores complicadores
Escore ecocardiográfico ≤ 8*
(aparelho subvalvar e calcificação ≤ 2)
• Contraindicações:
Trombo em átrio esquerdo
Insuficiência mitral moderada ou importante
Fenômeno embólico recente
• Estenose mitral reumática classe funcional III–IV com contraindicações à valvuloplastia mitral por cateter-balão
Tratamento cirúrgico (comissurotomia/troca valvar) • Estenose mitral reumática com fatores complicadores, não elegíveis para valvuloplastia mitral por cateter-balão
• Estenose mitral degenerativa refratária ao tratamento clínico
Estenose mitral degenerativa refratária ao tratamento clínico, com contraindicação ou alto risco ao tratamento
Implante valvar mitral transcateter
cirúrgico (em estudo)
*Individualizar em casos de escore ecocardiográfico 9–10.
Diretrizes
Figura 2 – Algoritmo para avaliação da estenose mitral importante. CF: classe funcional; FA: fibrilação atrial; VMBC: valvuloplastia mitral por cateter-balão.
Diretrizes
Características etiológicas
• Causa mais prevalente no Brasil
• Espessamento com retração das cúspides
Reumática • Acometimento comissural
• Acometimento mitroaórtico
• Frequente em adultos jovens
• Segunda causa mais frequente no Brasil
Prolapso da valva mitral e doenças associadas
• Protrusão de cúspides para o átrio esquerdo ≥ 2 mm
(flail, Barlow)
• Mais frequente na população de meia idade e idosa
• Endocardite infecciosa
• Síndrome de Marfan
Outras causas • Lúpus eritematoso sistêmico
• Lesões traumáticas
• Deformidades congênitas
Diretrizes
Sintomas
• Congestão pulmonar
• Inicialmente com eventos que aumentam a pressão venocapilar pulmonar (esforço físico, fibrilação arterial e gestação)
Dispneia (classe funcional II–IV) e fadiga/
• Dispneia em repouso e dispneia paroxística noturna
fraqueza
• Pode ser acompanhada por palpitações, tosse e edema
• Pode ser acompanhada por eventos embólicos
Complicadores
• Fração de ejeção ≤ 60%
• Remodelamento progressivo (diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo [DSVE] ≥ 40 mm)
Ecocardiograma
• Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg ou ≥ 60 mmHg ao exercício
• Volume do átrio esquerdo ≥ 60 mL/m2
Eletrocardiograma • Fibrilação arterial de início recente (< 1 ano)
Reumáticos
• Sintomático (classe funcional ≥ II) IIb C IIb C -
• Assintomático, com complicadores: -
Fração de ejeção entre 30 e 60% e/ou diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo ≥ 40 mm IIb B IIb B
Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg ou fibrilação atrial IIb B
• Insuficiência mitral reumática, assintomática e sem complicadores III - -
Diretrizes
Continuação
Reumáticos
• Sintomático (classe funcional ≥ II) IB - -
• Assintomático, com complicadores:
Fração de ejeção entre 30 e 60% e/ou diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo ≥ 40 mm IB - -
Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg ou fibrilação atrial IIa B - -
• Insuficiência mitral reumática, assintomática e sem complicadores III - -
Não reumáticos
Troca da valva mitral
• Classe funcional ≥ II, com anatomia desfavorável à plástica valvar IB IB IB
• Assintomático, com anatomia desfavorável à plástica valvar e complicadores:
IC
Diâmetro sistólico
Fração de ejeção entre 30 e 60% e diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo ≥ 40 mm IB IB
de ventrículo
esquerdo ≥ 45 mm
Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg ou fibrilação atrial IIa C IIa C IIa B
• Assintomático, insuficiência mitral por prolapso, com anatomia desfavorável à plástica
III III III
valvar e sem complicadores
Clipagem percutânea
Insuficiência mitral não reumática, com alto risco ou contraindicação a cirurgia e com
da valva mitral — IIa B* IIb B IIb C
sintomas refratários
MitraClip®
*Em centros com Heart Team. SBC: Sociedade Brasileira de Cardiologia; AHA: American Heart Association; ESC: European Society of Cardiology.
Figura 3 – Algoritmo para avaliação da insuficiência mitral primária importante. CF: classe funcional; FE: fração de ejeção; DSVE: diâmetro sistólico de ventrículo
esquerdo; PSAS: pressão sistólica da artéria pulmonar; FA: fibrilação atrial.
Diretrizes
Características etiológicas
• Alterações segmentares da contratilidade
• Disposição inadequada dos músculos papilares ou das cúspides valvares (“em tenda” ou com tracionamento apical —
tethering — e/ou por falha na coaptação das cúspides)
Isquêmica
• Dilatação ou deformidade anular mitral
• Avaliação de coronárias pela cinecoronariografia
• Avaliação de viabilidade pela ressonância magnética de coração
• Dilatação do anel valvar — dilatação ventricular
• Disfunção ventricular sistólica
• Disposição inadequada dos músculos papilares ou das cúspides valvares (“em tenda”, ou com tracionamento apical —
Dilatada
tethering — e/ou por falha na coaptação das cúspides)
• Dissincronia ventricular
• Alteração no acoplamento mecânico atrioventricular
• Anormalidades funcionais dos músculos papilares
Cardiomiopatia hipertrófica • Desproporção espacial entre o ventrículo esquerdo
• Deslocamento anterior da cúspide anterior da valva mitral — efeito Venturi
Sintomas
• Aumento da pressão diastólica final
• Congestão venocapilar pulmonar
Dispneia e fadiga/fraqueza
• Pode ser acompanhada por palpitações, tosse, ascite, edema e dor torácica
• Pode ser acompanhada por eventos embólicos
Diretrizes
Quadro 16 – Passo 4: avaliação de complicadores – insuficiência mitral secundária importante
Complicadores
• Agravamento das condições de base sem outras causas atribuíveis (elevação de pressão sistólica da artéria pulmonar,
Avaliação clinicoecocardiográfica aumento dos diâmetros ventriculares e queda da FEVE)
• Sintoma refratário ao tratamento clínico otimizado
FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo.
Tipo Considerações
Cirurgia (plástica ou troca valvar) Troca ou plástica valvar + revascularização miocárdica, quando indicada
Clipagem percutânea da valva mitral — MitraClip® Pode ser considerada após avaliação do Heart Team
Isquêmica
• Sintomático (classe funcional ≥ III) IIb B IIb B IIb C
IC
• Revascularização associada IIa B IIa B (fração de ejeção
> 30%)
Troca ou plástica da valva mitral
IIa C
(fração de ejeção
< 30%)
Dilatada
• Sintomático (classe funcional ≥ III) IIb B IIb B IIb C
Isquêmica
• Sintomas refratários (classe funcional ≥ III),
IIb B IIb
com alto risco ou contraindicação a cirurgia
Clipagem percutânea da valva mitral — MitraClip ®
Dilatada
• Sintomas refratários (classe funcional ≥ III)
Ib B IIb C
com alto risco ou contraindicação a cirurgia
SBC: Sociedade Brasileira de Cardiologia; AHA: American Heart Association; ESC: European Society of Cardiology.
Diretrizes
Diretrizes
Continuação
Tomografia computadorizada de tórax • Escore de cálcio valvar aórtico acima de 1.650 UA reforça possibilidade de valvopatia importante
multidetectora • Mulheres podem apresentar menor intensidade de calcificação valvar (média: 1.200 UA)
Estudo hemodinâmico • Gradiente ventrículo esquerdo/Ao (pico) ≥ 50 mmHg
• EAo de baixo fluxo/baixo gradiente com fração de ejeção preservada (“paradoxal”)
Área valvar aórtica indexada ≤ 0,6 cm2/m2
Fração de ejeção > 50%
Situação especial Gradiente médio ventrículo esquerdo/Ao < 40 mmHg
Volume sistólico indexado < 35 mL/m2
Impedância valvuloarterial > 5,0 mmHg/mL/m2
Escore de cálcio valvar aórtico > 1.650 UA
AVAo: área valvar aórtica; Ao: aórtica; EAo: estenose aórtica; FE: fração de ejeção.
Características etiológicas
• Associação com senilidade
• Prevalência: 3 a 5% da população > 75 anos
Aterosclerótica/degenerativa • Relacionada à calcificação valvar aórtica
• Presença de fatores de risco relacionados à aterosclerose
• Associação com doença arterial coronariana (50% dos casos)
• Fusão comissural
• Acometimento mitroaórtico
Reumática
• Faixa etária mais jovem
• Associada a variados graus de insuficiência aórtica
• Prevalência: 2% da população
Bicúspide • Associação com aortopatia (70% dos casos)
• Orientação laterolateral da fenda comissural: preditor evolutivo de estenose aórtica
Sintomas
Disfunção diastólica: hipertrofia ventricular esquerda redução de complacência deslocamento da
curva pressão/volume ventricular para cima e para a esquerda elevação das pressões de enchimento
Dispneia
hipertensão venocapilar pulmonar
Disfunção sistólica: ocorre na hipertrofia inadequada (afterload mismatch) e baixo fluxo/baixo gradiente
Desbalanço da oferta/consumo de oxigênio no miocárdio hipertrófico
Angina
Redução do gradiente de perfusão miocárdico (pd2 elevada)
Resulta da incapacidade de incrementos de débito cardíaco em situações de redução expressiva da resistência
periférica total
Síncope
Pode decorrer do uso de vasodilatadores (agentes deflagradores comuns)
50% dos casos estão associados a reflexo cardioinibitório
Complicadores
Disfunção de ventrículo esquerdo (fração de ejeção < 50%)
Ecocardiograma Marcadores de mau prognóstico (área valvar aórtica < 0,7 cm2, velocidade máxima do jato aórtico > 5,0 m/s, gradiente
médio ventrículo esquerdo/Ao > 60 mmHg)
Ausência de reserva inotrópica no teste ergométrico e/ou baixa capacidade funcional
Teste ergométrico / ergoespirométrico Hipotensão arterial durante esforço (queda de 20 mmHg na pressão arterial sistólica)
Presença de sintomas em baixas cargas
Ao: aórtica.
Diretrizes
Tipo Considerações
Cirurgia de troca
• Primeira escolha para pacientes de baixo risco e risco intermediário (STS) < 8%)
valvar aórtica
• É necessária decisão do Heart Team institucional
Implante de bioprótese • Via transfemoral é a preferencial
aórtica transcateter • Ampliada indicação para pacientes de risco intermediário (STS 4 a 8%)
(TAVI) • Alto risco cirúrgico (STS > 8% ou EuroSCORE logístico > 20%)
• Primeira escolha em risco cirúrgico proibitivo ou contraindicações à cirurgia convencional
Valvoplastia aórtica • “Ponte terapêutica” para procedimentos definitivos (cirurgia/implante de bioprótese aórtica transcateter)
por cateter-balão • Paliação nos casos com contraindicações definitivas à cirurgia convencional e implante de bioprótese aórtica transcateter.
STS: escore de risco da Society of Thoracic Surgeons, TAVI: implante de bioprótese aórtica transcateter (da sigla em inglês, transcatheter aortic valve implantation).
SITUAÇÕES ESPECIAIS
• Estenose aórtica importante de baixo fluxo/baixo gradiente com fração de ejeção
reduzida
Com reserva contrátil IIa B IIa B IC
Sem reserva contrátil IIa C - IIa C
• Estenose aórtica importante paradoxal sintomático IIa C IIa C
• Sintomático com expectativa de vida > 1 ano:
Com contraindicações/risco proibitivo à cirurgia convencional IA IA IB
Implante de TAVI**
Alto risco cirúrgico IA IA IIa B
Risco cirúrgico intermediário IIa A IIa B -
• Sintomático com instabilidade hemodinâmica importante, impossibilidade momentânea
IIa C IIb C IIb C
Valvoplastia aórtica de intervenção definitiva (TAVI ou cirurgia convencional) — “ponte terapêutica”
por cateter-balão ** • Tratamento paliativo em pacientes sintomáticos e com contraindicações à cirurgia
IIb C - IIb C
convencional e/ou TAVI.
*Considerar intervenção em portadores de lesão moderada (Recomendação IIa C); **Pré-requisito obrigatório: avaliação por Heart Team institucional, contemplando
risco cirúrgico, grau de fragilidade, condições anatômicas e comorbidades; TAVI: implante de bioprótese aórtica transcateter (da sigla em inglês: transcatheter aortic
valve implantation); Ao: aórtica; SBC: Sociedade Brasileira de Cardiologia; AHA: American Heart Association; ESC: European Society of Cardiology.
Diretrizes
Figura 5 – Algoritmo para avaliação da estenose aórtica importante. FE: fração de ejeção; TE: teste ergométrico; TAVI: implante de bioprótese aórtica transcateter (da
sigla em inglês, transcatheter aortic valve implantation).
Figura 6 – Algoritmo para avaliação da estenose aórtica baixo-fluxo e baixo-gradiente com fração de ejeção reduzida. FE: fração de ejeção.
Diretrizes
Figura 7 – Algoritmo para avaliação da estenose aórtica paradoxal. AVA: área valvar aórtica; FE: fração de ejeção; TAVI: implante de bioprótese aórtica transcateter
(da sigla em inglês, transcatheter aortic valve implantation).
Diretrizes
Continuação
• Necessário nos casos de dissociação clínico-ecocardiográfica (elevação da pressão de enchimento, regurgitação
Estudo hemodinâmico
aórtica durante a aortografia).
• Avaliação da aorta
Ressonância magnética • Avaliação de função ventricular em casos limítrofes
• Avaliação da função valvar nos casos de dissociação clinicoecocardiográfica
Tomografia de tórax • Avaliação da aorta
ERO: área efetiva do orifício regurgitante (da sigla em inglês: effective regurgitant orifice).
Características etiológicas
• Alta prevalência em nosso meio
Reumática
• Geralmente associada à lesão mitral
• Frequente em adultos jovens
Aterosclerótica • Geralmente associada à estenose aórtica
• Frequente na população idosa
Bicúspide • Associada a alterações da aorta (aneurisma, dissecção e coarctação)
• Frequente em adultos jovens
• Hipertensão arterial sistêmica, dissecção da aorta ascendente, síndrome de Marfan, espondilite anquilosante, aortite
Doenças relacionadas à alteração da
sifilítica, osteogênese imperfeita, síndrome de Ehlers-Danlos, síndrome de Reiter, estenose subaórtica e defeito do
geometria da raiz da aorta
septo interventricular com prolapso da cúspide aórtica
Outras • Endocardite infecciosa, degeneração mixomatosa, lesões traumáticas e artrite reumatoide
Sintomas
Ocorre por aumento da pressão diastólica final secundária à sobrecarga de volume sanguíneo no ventrículo esquerdo,
Dispneia
e consequente congestão venocapilar pulmonar
Ocorre pela redução da reserva miocárdica. Pode ocorrer angina noturna pelo aumento da regurgitação valvar
Angina
decorrente da bradicardia durante o sono
Complicadores
• Fração de ejeção < 50%
• Diâmetro diastólico de ventrículo esquerdo > 70 mm (não reumático) e > 75 mm (reumático)
Ecocardiograma
• Diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo > 50 mm (não reumático) e > 55 mm (reumático)
• Diâmetro sistólico de ventrículo esquerdo indexado > 25 mm/m2
• Fração de ejeção < 50%
Tomografia e ressonância magnética
• Valva bicúspide com indicação de intervenção + raiz da aorta > 45 mm
Diretrizes
Figura 8 – Algoritmo para avaliação da insuficiência aórtica importante. FE: fração de ejeção; DDVE: diâmetro diastólico de ventrículo esquerdo; DSVE: diâmetro sistólico
de ventrículo esquerdo; TAVI: implante de bioprótese aórtica transcateter (da sigla em inglês, transcatheter aortic valve implantation).
Diretrizes
Características etiológicas
• Acometimento reumático
• Prolapso e degeneração mixomatosa
• Lesão actínica por radiação (pós-radioterapia)
• Trauma torácico fechado
Primária • Endocardite infecciosa
• Biopsia endomiocárdica de repetição
• Síndrome carcinoide
• Congênita (Ebstein)
• Eletrodos de marcapasso ou desfibrilador
• Dilatação do ânulo tricúspide (> 40 mm ou > 21 mm/m2)
• Doença valvar do lado esquerdo do coração
• Fibrilação atrial de longa duração
Secundária
• Hipertensão arterial pulmonar primária
• Miocardiopatia de ventrículo direito (isquêmica, displasia arritmogênica, miocárdio não compactado e cardiomiopatia hipertrófica)
• Pericardite constrictiva
• Doenças reumatológicas
Causas raras • Drogas (metissergida/anorexígenos)
• Doença de Fabry
Diretrizes
Sintomas
• Na insuficiência tricúspide secundária, decorre da doença do lado esquerdo do coração (congestão venocapilar pulmonar e
Dispneia
hipertensão arterial pulmonar)
(NYHA II–IV)
• Dispneia aos esforços e paroxística noturna
• Principal sintoma
Fadiga • Associada a dor e edema de membros inferiores
• Mais comum na insuficiência cardíaca direita
NYHA: New York Heart Association.
Complicadores
Ecocardiograma • Insuficiência tricúspide primária: dilatação progressiva de ventrículo direito
Tipo Considerações
• Tratamento de escolha
• Indicações:
Abordagem cirúrgica de outra valvopatia na presença de anel tricuspídeo ≥ 40 mm e/ou insuficiência tricúspide
Plástica tricúspide com anel protético
moderada a importante
Insuficiência tricúspide isolada, refratária ao tratamento clínico, sem contraindicações e de baixo risco cirúrgico
• Contraindicações: disfunção sistólica do VD importante
• Quando plástica contraindicada
Troca valvar cirúrgica
• Preferência por prótese biológica
Implante valvar transcateter • Sintomas refratários ao tratamento clínico, com contraindicação ou alto risco a tratamento cirúrgico (em estudo)
VD: ventrículo direito
Plástica tricúspide com anel protético • Abordagem de outra valvopatia, insuficiência tricúspide moderada
a importante e/ou anel ≥ 40 mm com pressão sistólica da artéria IIa C IIb C IIaC
pulmonar ≥ 70 mmHg
• Insuficiência tricúspide importante isolada refratária ao tratamento clínico IIa C IIa C IIa C
• Insuficiência tricúspide importante primária assintomática isolada com
IIb C IIb C IIa C
dilatação ou perda de função progressiva de ventrículo direito
• Insuficiência tricúspide com indicação de abordagem sem
IC IC IC
Troca valvar cirúrgica possibilidade de plástica
• Preferência para prótese biológica IB - -
• Refratária ao tratamento clínico, com contraindicação ou alto risco a
Implante valvar tricúspide transcateter IIb C* - -
tratamento cirúrgico (em estudo)
*Considerar discussão junto ao Heart Team; SBC: Sociedade Brasileira de Cardiologia; AHA: American Heart Association; ESC: European Society of Cardiology.
Diretrizes
Figura 9 – Algoritmo para avaliação da insuficiência tricúspide importante. VD: ventrículo direito.
Diretrizes
Características etiológicas
• Causa mais prevalente
• Espessamento com retração das cúspides
Reumática
• Acometimento comissural
• Frequente em adultos jovens
• Endocardite infecciosa
• Lúpus eritematoso sistêmico
• Síndrome carcinoide
Outras
• Deformidades congênitas
• Mixoma atrial
• Lesão actínica (pós-radioterapia)
Sintomas
Fadiga • Principal sintoma
• Associada a dor e edema de membros inferiores
• Ausência de dispneia
• Pode estar associada a palpitações, ascite e sinais de disfunção hepática
Complicadores
Eletrocardiograma • Fibrilação atrial
Congestão sistêmica • Avaliação de comprometimento hepático (elevação de enzimas e alteração do coagulograma)
Tipo Considerações
• Tratamento de escolha
Valvuloplastia tricúspide por balão • Possível fazer em pacientes com refluxo tricuspídeo moderado
• Contraindicado se presença de trombo refratário à ACO e/ou vegetação
• Opção em caso de impossibilidade de valvoplastia por balão
Troca da valva tricúspide • Preferência por prótese biológica
• Preferível se associada à cirurgia para tratamento da valvopatia mitral
ACO: anticoagulação oral.
Diretrizes
Figura 10 – Algoritmo para avaliação da estenose tricúspide importante. FA: fibrilação atrial.
Anticoagulação em valvopatia a ser utilizada. Com relação aos NOACs, é importante ressaltar
que não houve trabalhos delineados especificamente para
Desde as Diretrizes Brasileiras de Valvopatias de 2011, foram
essa população que demonstraram benefício do seu uso para
publicados dados embasando o uso dos novos anticoagulantes
valvopatas. Assim, mantém-se a contraindicação à sua utilização
orais (NOACs), inibidores diretos da trombina ou antifator X, em nos grupos de maior risco: EM reumática e prótese mecânica.
pacientes valvopatas.
Também não se recomenda a aplicação do escore CHA2DS2-
Devido ao alto risco de fenômenos embólicos, esses pacientes VASc em pacientes com valvopatia anatomicamente importante;
continuam a apresentar indicação de anticoagulação em diversas isso porque essa avaliação subestima o risco em pacientes com
situações clínicas. A varfarina segue sendo a principal medicação escore ≤ 1.
Diretrizes
Continuação
Prótese biológica
Varfarina IB IB IC
• Fibrilação atrial
NOACs IIbC - -
• Ritmo sinusal mitral Varfarina IIb B IIa C IIa C
(6 primeiros meses) NOACs III - -
Varfarina IIb B IIa C IIb C
• Ritmo sinusal aórtica
AAS IIb C - IIb C
(6 primeiros meses)
NOACs III - -
Varfarina III - -
• Ritmo sinusal mitral
AAS III - -
(> 6 meses)
NOACs III - -
Varfarina IB - -
• TAVI em fibrilação atrial AAS + clopidogrel IIbC - -
NOACs IIbC - -
Varfarina - - -
• TAVI ritmo sinusal AAS + clopidogrel (6 meses, seguido por AAS por período indefinido) III - -
NOACs - - -
Varfarina IB IB IB
Prótese mecânica NOACs orais III B III B -
*Até 3 meses do implante, se baixo risco de sangramento; TAVI: implante de bioprótese aórtica transcateter (da sigla em inglês: transcatheter aortic valve implantation);
INR: índice internacional normalizado; NOACs: novos anticoagulantes orais; AAS: ácido acetilsalicílico; SBC: Sociedade Brasileira de Cardiologia; AHA: American
Heart Association; ESC: European Society of Cardiology.
• Presença de sopros distintamente caracterizados como mitral e aórtico – insuficiência, estenose ou dupla lesão
Exame físico • Excluir possibilidade de sopro causado por interferência hemodinâmica (ex.: sopro de Austin-Flint)
• Excluir possibilidade de valvopatias que são consequências de uma única valvopatia (ex.: IT secundária à doença mitral
• Exame físico especialmente importante para definir a predominância de uma das valvopatias
Eletrocardiograma • Sobrecarga de câmaras esquerdas, dependendo da valvopatia predominante com sobrecarga sistólica (pressão) ou diastólica (volume) do VE
• FA em valvopatias mitrais importantes
Diretrizes
Continuação
• Índice cardiotorácico aumentado, especialmente em associação de valvopatias regurgitantes
Radiografia de tórax • Sinais de congestão pulmonar
• Sinais de sobrecarga do ventrículo direito em lesão mitral estenótica associada
Ecocardiograma • Os achados ecocardiográficos variam de acordo com as valvopatias
Estudo hemodinâmico • Indicado na dissociação clinicoecocardiográfica
IT: insuficiência tricúspide; FA: fibrilação atrial; VE: ventrículo esquerdo.
Características etiológicas
• > 95% dos casos
• Típico de pacientes jovens
• Frequente evolução extemporânea
Febre reumática
• Sintomas entre os 20 e 40 anos
• Fusão comissural, espessamento de cúspides, frequente dupla disfunção – fisiopatologia complexa
• Comprometimento do aparelho subvalvar
• Insuficiência valvar por destruição do aparelho mitral e/ou aórtico
Endocardite Infecciosa
• Infecção metastática aórtica-mitral
• Pacientes idosos ou muito idosos
• Associação com valvopatia aórtica aterosclerótica
Calcificação do aparelho
• Calcificação do anel valvar mitral com calcificação caseosa
valvar
• Ausência de fusão comissural
• Relação com calcificação aórtica e coronariana
Síndrome de Marfan / • Insuficiências valvares mitral e aórtica
Ehlers-Danlos • Pesquisar acometimento de aorta ascendente
Sintomas
• Principal sintoma
Dispneia • Inicialmente com eventos que aumentam a pressão venocapilar pulmonar
(NYHA II – IV) • Pode ser acompanhada por palpitações, hemoptise, disfonia, disfagia e tosse
• Insuficiência cardíaca direita associada em portadores de hipertensão pulmonar
• Especialmente com associação de valvopatia aórtica regurgitante ou estenótica
Dor precordial
• Pode ser causada por hipertensão pulmonar
Baixo débito / síncope • Presente especialmente na associação EAo + IM
NYHA: New York Heart Association; EAo: estenose aórtica; IM: insuficiência mitral.
Complicadores
• PSAP ≥ 50mmHg em repouso
• Mais presente quando há EM associada
Hipertensão pulmonar
• Sintomas de insuficiência cardíaca direita
• Relação com aumento do risco cirúrgico
FA de início recente • Relação com remodelamento do AE
Aumento de diâmetros
• Considerar diâmetros a depender do tipo de lesão valvar
ventriculares
FA: fibrilação atrial; PSAP: pressão sistólica da artéria pulmonar; AE: átrio esquerdo.
Diretrizes
Tipo Considerações
Valvuloplastia mitral por cateter-balão • Casos de EM importante com anatomia favorável e valvopatia aórtica moderada
• Cirurgia conservadora da valva mitral quando há predomínio de estenose
Tratamento cirúrgico (comissurotomia /
• Evitar plástica valvar aórtica – frequente recorrência da valvopatia e sintomas, mesmo com bom resultado imediato
troca valvar)
• Abordagem da valvopatia anatomicamente moderada concomitante à intervenção da valvopatia importante
EM: estenose mitral.
Diretrizes
Características etiológicas
• Prótese mecânica:
Trombose
Pannus
Estenose de prótese • Prótese biológica:
Fibrose de folhetos
Calcificação de folhetos
Mismatch prótese-paciente (área efetiva do orifício indexada ≤ 0,85 cm2/m2)
• Central:
Degeneração de folheto (ruptura e perfuração)
Calcificação de folheto
Regurgitação de prótese
• Central:
Degeneração de folheto (ruptura e perfuração)
Calcificação de folheto
Sintoma
Dispneia
Fisiopatologia conforme disfunção predominante, determinando congestão venocapilar pulmonar
(NYHA II–IV)
NYHA: New York Heart Association.
Complicadores
• Progressão de disfunção ventricular sistólica
• Progressão de remodelamento de ventrículo esquerdo (caso diâmetros iniciais já elevados)
Ecocardiograma
• Hipertensão arterial pulmonar
• Calcificação importante de bioprótese
Anemia hemolítica • Ocorre em casos de regurgitação importante de prótese valvar, sobretudo se paravalvar
Tipo Considerações
• Tratamento de escolha
Cirurgia (retroca valvar)
• Indicações: disfunção importante de prótese valvar, com sintomas e/ou anemia hemolítica
Intervenção por cateter – valve- • Disfunção de bioprótese mitral ou aórtica em pacientes sintomáticos e com alto risco para cirurgia ou inoperáveis (após avaliação do
in-valve Heart Team)
Oclusão percutânea de • Em caso de regurgitação paravalvar importante, associada à anemia hemolítica ou a sintomas de insuficiência cardíaca
regurgitação paravalvar (classe funcional III–IV), em pacientes com alto risco para cirurgia e anatomia favorável ao procedimento, em centro capacitado
Diretrizes
Características etiológicas
• Interrupção da anticoagulação
Anticoagulação ineficaz • Interação medicamentosa/comportamental
• Razão normalizada internacional abaixo do alvo terapêutico
Sintomas
• Principal sintoma
Dispneia
• Distinguir entre discreta piora (classe funcional I) e sintomas mais nítidos (classe funcional II–IV)
Dor precordial • Possibilidade de embolia de coronária
Baixo débito/síncope • Indicativo de obstrução importante
Complicadores
Alto risco de embolização
• Trombo > 8 mm
associada a trombólise
• Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg em repouso
• Mais presente quando há estenose mitral associada
Hipertensão pulmonar
• Clinicamente – sintomas de insuficiência cardíaca direita
• Relação com o aumento do risco cirúrgico
Fibrilação atrial de início recente • Relação com o remodelamento importante do átrio esquerdo
Diretrizes
Tipo Considerações
• Terapia prioritária
Trombólise • rTPA 10 mg em bolus, seguido por 90 mg em 2 horas
• Estreptoquinase 500.000 UI em 20 minutos, seguido de 1.500.000 UI em 10 horas
Cirurgia valvar • Reservada para casos com alto risco de complicações hemorrágicas ou embólicas associadas a trombólise
rTPA: ativador tissular de plasminogênio recombinante (da sigla em inglês, recombinant tissue plasminogen activator)
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