O Sistema Unico de Assistencia Social No Brasil PDF
O Sistema Unico de Assistencia Social No Brasil PDF
O Sistema Unico de Assistencia Social No Brasil PDF
movimento
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
O texto a seguir é uma síntese do material disponível no livro O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL NO BRASIL (SUAS): uma realidade em movimento, publicado pela Cortez Editora, organizado
pelas Profs. Dras. Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira Silva e Silva e Raquel
Raichelis, que debate a pesquisa nacional realizada por três três Programas de Pós-Graduação
Pós (UFMA,
PUCSP, PUCRS) através do Programa PROCAD/CAPES. A pesquisa envolveu um número grande de
professores pesquisadores, mestrandos, doutorandos e alunos de iniciação científica e teve como espaço
temporal os anos de 2005 a 2010.10.
2
Doutora. Pontifica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
(PUC [email protected]
3
Doutora. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-SP).
(PUC [email protected]
[email protected]
4
Trata-se,
se, por parte da CAPES, do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica – PROCAD,
desenvolvido, em nível nacional, que contou também com o apoio financeiro do CNPq,i obtido mediante à
concorrência ao Edital MCT/CNPq 03/2008 – Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas .
de informações sobre esse processo, considerando a amplitude geográfica e a
diversidade da realidade nacional.
Essa abordagem requer vigilância, pois pode ser apreendida apenas como
definição geográfica e, se agregada a conceitos como vulnerabilidade e risco social,
podem estigmatizar a população e transformar esses territórios em guetos, que
afastem a população do usufruto das cidades. Importante ressaltar que o
equacionamento de grande parte das vulnerabilidades sociais não tem origem na
dinâmica local, depende de políticas macroestruturais que extrapolem os limites da
intervenção
nção no território. Além disso, a participação popular na escala das
intervenções territorializadas pode assumir um caráter restrito, pontual e instrumental,
com riscos de despolitização e isolamento, distante da inserção crítica na esfera
política da cidade
ade e em relações societárias mais simples.
Também são recorrentes nos debates temas como pacto federativo, esse
principalmente problematizado pelo papel da esfera estadual, , que para a maioria
dos municípios ainda não está sedimentado. . Embora as responsabilidades e
funções da gestão estadual estejam elencadas no sistema, há predominância da
esfera federal na relação com os municípios no SUAS. Tanto no que se refere ao
desenho e oferta de serviços, bem como ao financiamento, processo de capacitação
das equipes profissionais
rofissionais e às orientações e normativas técnicas, sendo esse um nó
crítico que precisa ser enfrentado.
Neiri B. Chiachio6
1.INTRODUÇÃO
Demarca-se,
se, inicialmente, os avanços apontados pelos participantes diante da
instalação do SUAS e o significado por eles atribuído ao Cras, pelo seu potencial
5
A pesquisa da região sudeste esteve sob a responsabilidade da PUC-SP,
PUC SP, com a coordenação das profas.
Maria Carmelita Yazbek e Raquel Raichelis e a participação de doutorandas e mestrandas do Programa de
Pós-Graduação
Graduação em Serviço Social, pesquisadoras convidadas, mestres e doutoras egressas do Programa,
atualmente vinculadas a outras instituições de ensino, responsáveis pela coleta de dados e elaboração dos
relatórios de pesquisa: Ana Maria A.Camargo, Ana Paula R.R.Medeiros, Andréa C.S.de Jesus, Gisela
Barahona, Maria Helena Cariaga, Maria Virginia Righetti F.Camilo, Maria Luiza Mestriner, Marilene F. Sant’
Anna, Neiri B.Chiachio, Rosana Cardoso, Rosangela Paz, Rosemeire dos Santos, Sonia Nozabielli e Vania
B.Nery.
6
Doutora. Pontifica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
(PUC
7
Este texto é parte do livro “O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em
movimento” organizado por Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira S Silva e Raquel
Raichelis, Editora Cortez, São Paulo, 2010, capítulo 4: Resultados da pesquisa empírica sobre implantação
e implementação do Suas nas regiões.
interventivo, proativo e preventivo, mesmo considerando o período inaugural de
existência dessas unidades no momento da pesquisa. 8
2. O CRAS EM MOVIMENTO
A instalação de Centros de R
Referência
eferência de Assistência Social (CRAS) como
unidades de referência da Proteção Social Básica (PSB) tem importante significado no
contexto de construção do SUAS.
8
A pesquisa em municípios do Estado de São Paulo: - São Paulo, Batatais, Guareí, Mongaguá, Novaa Canaã Paulista, Santo André,
Sumaré – foi aplicada no período de 20 de Junho a 9 de agosto de 2007, exceto as entrevistas com os gestores da capital e do Estado
que ocorreram em setembro de 2008 e abril de 2009, respectivamente. No Estado de Minas Gerais Gerai – Belo Horizonte, Carbonita,
Congonhas, Coronel Fabriciano, Janaúba e Limeira do Oeste – realizou-se
se no período de 8 de maio a 30 de julho de 2008.
9
É recente a Resolução que cria a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009) e constrói um
u padrão de
nomenclaturas e descritores para o funcionamento desses serviços.
Sabemos que espaços físicos adequados não garantem o bom desenvolvimento
das atividades do CRAS, mas em equipamentos precários elas terão dificuldade de se
desenvolver com qualidade.. (Castro, 2008). Os CRAS pesquisados revelam elementos
desta reflexão,, tanto com relação às condições dos prédios como pela quantidade e
qualidade dos equipamentos existentes, tais como computadores, instalações em rede
e a insuficiência de viaturas (SP)
(SP), em face de grandes deslocamentos para o
acompanhamento das famílias.
famílias
Contudo, prover
rover a assistência social de uma unidade estatal estrategicamente
instalada no ambiente de moradia, de luta cotidiana e vivência das populações em
situações de vulnerabilidade social, significa ir além da construção
construção de uma referência
territorial. Trata-se
se de marcar uma mudança paradigmática da política de assistência
social, considerando que o CRAS carrega sentidos e revela
revela intencionalidades do novo
desenho institucional. Equacionam-se
Equacionam se aqui duas variáveis para apreensão do
significado do CRAS nos territórios: sua arquitetura e os valores da política que são por
ela revelados. (Castro, 2008).
Entretanto,
ntretanto, a par do quadro insuficiente e frágil quanto ao desenvolvimento de
capacidades e qualificação,
qualificação a implantação do SUAS revelou abertura de postos de
trabalho.
A observação
ação do funcionamento dos CRAS revelou modos e estratégias
heterogêneas e mesmo compreensões diferenciadas de seu potencial de intervenção.
intervenção
Observou-se
se um conhecimento construído pela prática dos profissionais acerca
das necessidades e demandas sociais, embora raramente tenham sido detectados
estudos para sistematizar esses conhecimentos.
É importante
mportante observar a riqueza das situações que espelham as
multiterritorialidades e a multiplicidade de indivíduos, grupos e coletividades que
demandam intervenções sociais, muitas das quais extrapolam as possibilidades de
atenção da política
olítica de assistência social.
social
Quanto
nto ao perfil de atividades
ativi desenvolvidas pelos CRAS, a administração de
benefícios é preponderante,
preponderante pela inserção ou alteração de cadastros (quando
conectados no CRAS) e orientação e encaminhamento para acesso ao BPC, emb
embora
haja significativa ausência de acesso a cadastros de beneficiários. No caso do PBF,
constatada a ênfase no acompanhamento de condicionalidades, razão provável da
freqüência da visita domiciliar como atividade com peso considerável no conjunto do
trabalho técnico.
A construção
onstrução de mediações que promovam autonomização dos usuários e a
ênfase em sua travessia para outras políticas públicas parece indicar a compreensão da
assistência
ncia social como ação processante. Percebe-se,
Percebe se, nesse caso, a incorporação do
conceito de autonomia centrado na obtenção de rendimentos, “para
“para não precisar mais
depender da assistência social”. Expressa, ainda, uma tendência de considerar
alternativas estruturantes
ruturantes no campo de outras políticas públicas.
10
Art. 22 da LOAS – Lei no 8.742 de 07.12.1993. Decreto n nº 6.307, de 14.12.2007 dispõe
spõe sobre os benefícios eventuais: Art. 1º
Benefícios eventuais são provisões suplementares e provisórias, prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento,
morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública.
intervenção requisitando construções que possibilitem
possibil aproximações e interações com
os núcleos familiares contemporâneos
contemporâneos.
No
o geral, não foram identificados mecanismos de referência e contra
contra-referência
entre os serviços da rede, como uma ação organizada.
organizada. O procedimento de
encaminhamento é usual e importante, mas parece ocorrer sem o controle de sua
garantia e efetividade.
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS
Tiago Martinelli11
1. INTRODUÇÃO
11
Doutor. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-SP).
(PUC [email protected]
12
A pesquisa realizada contou com a participação de inúmeros pesquisadores vinculados ao Programa de
Pós-Graduação
Graduação em Serviço Social da PUC PUC-RS,
RS, durante os vários períodos em que foi desenvolvida. A
redação do texto foi elaborada pela equipe que finalizou a pesquisa. Agradecemos a todos que
participaram da etapa contribuindo assim com sua finalização. Esta produção é parte do capítulo do livro:
“O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movime movimento” organizado pelas
Professoras Doutoras Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira Silva e Silva e
Raquel Raichelis, publicado pela editora Cortez em 2010. Este trabalho sintetiza o capítulo intitulado de “A
implantação e implementação do SUAS no Paraná e no Rio Grande do Sul: um movimento em processo”,
de autoria de Berenice Rojas Couto, Jane Cruz Prates, Jussara Maria Rosa Mendes, Iraci de Andrade,
Tiago Martinelli e Marta Borba Silva.
Ass observações diretas intensivas (MARKONI e LAKATOS, 1996) realizadas a
partir da observação sistemática de CRAS, de entrevistas com
com gestores e de grupos
focais efetivados com técnicos, apoios administrativos e representantes de conselhos
municipais de Assistência Social mostraram alguns condicionantes comuns que
dificultam o processo de implementação do SUAS, mas os dados mais significativos
signi
mostram condições diferenciadas que dependem não só da apropriação e poder político
de gestores e da estrutura local disponibilizada pelo Estado para a execução da política,
mas do histórico de cada localidade, marcada por maiores ou menores expe
experiências da
sociedade em processos participativos.
Registra-se
se que os Estados pesquisados, e em especial o Paraná, possui uma
peculiaridade importante que é preciso que seja ressaltada; muitos dos gestores e
técnicos desse Estado tem participado ativamente do processo de debate nacional da
política de Assistência Social e contribuíram significativamente para o desenho
institucional do SUAS, assim que os achados dessa pesquisa apontam para questões
importantes que ao serem analisados mostram o espaço contraditório
contraditório representado pela
construção do Sistema Único de Assistência Social.
Verificou-se,
se, também,
também, uma sistemática defesa da importância da
implementação do SUAS e do fortalecimento e qualificação do comando único da
política de assistência social pelos Estados. No entanto permanece a contraditória
existência e sustentação político
político-financeira de estruturas
truturas terceirizadas, com atuação
paralela quando não conjunta ao comando único da política de assistência social.
Reitera-se
se a profunda cultura do primeiro damismo,
damismo, seja através da ocupação
do cargo de gestora do comando único da política de Assistência Social, ou de seus
“refinamentos” a exemplo das instituições privadas sem fins lucrativos que tercerizam as
competências dos órgãos públicos, ou até mesmo da atuação
atuação das associações de
primeiras damas que se articulam mensalmente, paralelo as reuniões do próprio
Colegiado Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS). Esses
fatores que foram identificados no processo de pesquisa empírica demonstram
demon a
necessidade de retomar o debate à cerca da política de assistência social, enquanto
uma política pública, respondendo por um dos pilares da proteção social brasileira
enquanto Seguridade Social.
Os processos relatados avaliam como central a definiç
definição
ão do campo específico
das responsabilidades da Política de Assistência Social. Ressalta-se
Ressalta se que a presença
ainda forte de diferentes compreensões da Assistência Social associadas à idéia do
campo que “faz de tudo”, do inespecífico, da desprofissionalização
desprofissionalização, da ajuda aos
pobres, entre outros, apresentam
apresentam-se
se hoje como resistências às novas normativas e
delimitações que buscam definir o campo específico de responsabilidade da política de
Assistência Social. Portanto, é essencial o aprofundamento do estabelecimento
estabelecime das
responsabilidades especificas da política, enquanto pré-condição
pré condição para se efetivar no
Brasil “as bases da construção de uma nova cultura política”, considerando a recente
implementação do Sistema Único de Assistência Social.
A afirmação do Sistema enquanto gestão e garantia de direitos sociais no
campo da assistência social exige um reordenamento que ultrapassa as questões
previstas nos instrumentos legais que o formalizam, ou seja, “incorporar a legislação à
vida da população pobre brasileira é necessariamente
necessariamente um dos caminhos, embora
insuficiente, para incidir na criação de uma cultura que considere a política de
Assistência Social pela ótica da cidadania” (COUTO, 2004, p.176). Portanto, é
necessário mais que isso, é preciso recolocar o debate sobre o espaço da política no
campo do acesso ao excedente do capital como forma de garantir vida digna a todos os
cidadãos brasileiros. Para que isso seja possível, os dados da pesquisa indicam que é
necessário insistir no debate da política enquanto direito e reafirmar o lugar do usuário
na condição de cidadão, pois os pré
pré-conceitos
conceitos e os preconceitos fazem parte do
cotidiano da atenção prestada pela Assistência Social.
Outro
o aspecto central a destacar é a necessidade de maior investimento na
participação popular, a partir da capacitação de conselheiros para um controle social
mais efetivo, iniciativas que contemplem a participação direta de representações do
público usuário nos processos de planejamento e capacitações ofertadas pelo Estado.
Nesse sentido nos parece importante as parcerias com Universidades, a realização de
pesquisas, qualificações e consultorias. Contudo, com relação a este último aspecto,
vale a preocupação que esse também não se transforme num espaço de
mercantilização, marcado pela oferta de cursos de baixa qualidade que não respondam
às necessidades dos profissionais e não contemplem os fundamentos e eixos
norteadores da Política e do SUAS. Apesar da constatação
constatação de que ainda permanecem
enraizados em muitas localidades os velhos traços clientelistas e patrimonialistas que
marcam essa política e a história do Brasil (COUTO, 2004), a expectativa é de que,
como processo, o SUAS pode contribuir para um avanço da emancipação dos sujeitos,
desde que não se descaracterize e tenha como eixo central, a participação popular, o
que requer uma atenção especial ao trabalho de base.
4. REFERÊNCIAS