Historien - A Saga de Kehinde PDF
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EQUIPE DE EDITORAÇÃO
EQUIPE DE REVISÃO
EQUIPE DE COMUNICAÇÃO
Coord. Prof. Rafael de Oliveira Cruz
Aldo Rabelo de Amorim ( graduando UPE)
Felipe Gilberto Peixinho (graduando UPE)
EQUIPE DE ARTE
Christoval Araújo dos Santos Júnior ( graduando UPE)
CONSELHO EDITORIAL
Profª Dra. Lina Maria Brandão de Aras (UFBA) Prof. Ms. Moisés Almeida (UPE)
Profª Ms. Andréa Bandeira (UPE) Profª Ms. Sheyla Farias (UFAL)
Prof. Ms. Carlos Romeiro (UPE) Prof. Ms. Harley Abrantes (UPE)
Profª. Dra. Rossana Regina G. R. Henz (UPE) Prof. Ms. Reinaldo Forte (UPE)
OBJETIVO DA REVISTA
É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação
dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998) é crime estabelecido no artigo 184 do Código Penal.
Sumário
EDITORIAL .............................................................................................................. 7
HISTORIA EM FOCO
Artigos
Boa leitura!
Introdução
O Estado7 Songai, sob a dinastia Askiya, caracterizou-se por uma
centralização política e por uma estruturação administrativa até então não
1
Graduando em História pela UFRGS e comunicador no Africanidades 2010.
2
Bacharel em História pela UFRGS.
3
Graduando em História pela UFRGS e comunicador no Africanidades 2010.
4
Referências a esta tradição local de mando podem ser encontradas em KERN, G da S. Relações entre o
islamismo, a estrutura do estado e a hegemonia do Mali na África Negra durante o século XIV e CISSOKO, S
M. Os Songhai do século XII ao XVI.
5
CISSOKO, S M. Os Songhai do século XII ao XVI, p 210.
www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf - sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h.
6
Sa’di, ’Abd al-Rahmãn ibn’Abd Allãh, 1596-1656? [Tarikh al-Sudãn]. Hunwick, John O. Timbuktu and the
Songhay Empire: Al-Sa’di’s Ta’rikh al-Sudan down to 1613, and other contemporary documents. Leiden: Brill,
2003.
7
O conceito de Estado que utilizaremos é o de um espaço territorial de fronteiras estáveis, organizado
burocraticamente e que possui ascendência política, econômica e militar sobre a população.
9
CISSOKO, S M. Os Songhai do século XII ao XVI, p.
210.www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf – sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h
10
CISSOKO, S M. Os Songhai do século XII ao XVI, p. 222 e
223.www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf – sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h
11
CISSOKO, S M. Os Songhai do século XII ao XVI, p. 224 e 225
www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf - sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h
12
CISSOKO,S M, Os Songhai do século XII ao XVI,p. 218
www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf - sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h
13
CISSOKO,S M. Os Songhai do século XII ao XVI,p. 219 e 220
www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf - sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h
14
DUCELLIER, A. organizador. A Idade Média no Oriente – Bizâncio e o Islão: dos bárbaros aos Otomanos.
Barros, L de, tradução. 1 ed, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1994, p 224-226.
11 idem.
15
CISSOKO,S M. Os Songhai do século XII ao XVI, p 143.
www.casadasafricas.org/site/img/upload/490777.pdf - sítio acessado em 15/07/2010 às 15:15h
16
BELTRAN, L. O Islã, a cultura e a língua árabes na África Negra. p 43.
www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n8_9_p41.pdf - sítio acessado em 15/07/2010 às 16:55h.
17
KERN, G da S. Relações entre o islamismo, a estrutura do estado e a hegemonia do Mali na África Negra
durante o século XIV: tomo II. www.casadasafricas.org/site/img/upload/521662.pdf - sítio acessado em
15/07/2010.
18
Para maiores informações sobre os manuscritos sudaneses, recomendamos o artigo de Constant Hames, que
pode ser acessado no sítio http://remmm.revues.org/index1182.html acessado em 15/07/2010 as 20:49 hs.
19
Segundo Ducellier (1994:242), o adab é “a soma dos conhecimentos que tornam o homem cortês e urbano, a
cultura profana (por oposição à ciência religiosa), de algum modo a cultura geral necessária ao homem cultivado
para preencher certas funções (secretário, vizir, cádi).
20
A palavra utilizada para identificar o conjunto de ensinamentos de Maomé. Estes ensinamentos são
denominados de a Tradição do Profeta ou Sunna, esta o pilar do direito islâmico.
21
Para entender o papel dos imãs e os problemas causados pelas lutas por sucessão quando de sua morte, ver
SOURDEL, D. et J. La civilisation de l’Islam classique. Paris: Artaud, 1968. pp. 161-170.
22
TOUATI, Houari. Islam et voyage au Moyen Âge. Paris: Éditions du Seuil. 2000, p. 23.
23
Essa Tradição forma parte das “ciências corânicas”, formadas também pela teologia e a filosofia, todas elas
com vários ramos. Essas ciências integravam o “curriculum” dos doutores especializados em questões religiosas;
além das estritamente vinculadas a todos os aspectos relativos ao Corão (sua gramática, as circunstâncias em que
tal versículo foi revelado a Maomé, as contradições entre os versículos etc.), incluía as ciências auxiliares, como
a filologia, a retórica, e ainda a historiografia. (Mais informações: GARCIN, Jean-Claude (org.). États, sociétés
et cultures du monde musulman médiéval (Xe-XVe siècle), v. 2 (Sociétés et cultures). Paris: Presses
Universitaires de France, 2000, p. 328.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 19
exemplos deixados por Maomé são considerados obras de direito, servindo
como fontes de doutrina24.
Em sua obra mais famosa, Ibn Kaldun faz uma referência aos doutores
e a como este conhecimento deveria ser passado de geração a geração:
24
Os Hadith mais antigos foram recopilados durante o Império Omíada. Na época não havia, ainda, uma
separação rigorosa entre uma recopilação de Hadith e um tratado de direito. (Ver: Verbete Hadith. In:
SOURDEL, Janine. SOURDEL, Dominique. Dictionnaire historique de l’islam. Paris: Presses Universitaires de
France, PUF, 1996, pp. 324-325)
25
IBN KALDUN. Introducción a la historia universal (Al-Muqaddimah). México: Fondo de Cultura Económica.
1987, p. 802.
26
IBN BATTUTA. A través del Islam. Madri. Alianza. 2005, p. 152.
27
HUNWICK, John O. E BOYE, Alida Jay. The Hidden Treasures of Timbuktu: Historic City of Islamic
Africa. London: Thames & Hudson, 2008, p. 10.
28
HUNWICK, John O. E. BOYE, Alida Jay.The Hidden Treaures of Timbuktu: Historic City of Islamic Africa.
London Thames & Hudson,2008, p.128.
29
Sa’di, ’Abd al-Rahmãn ibn’Abd Allãh, 1596-1656? [Tarikh al-Sudãn]. Hunwick, John O. Timbuktu and the
Songhay Empire: Al-Sa’di’s Ta’rikh al-Sudan down to 1613, and other contemporary documents. Leiden: Brill,
2003. P. 362
30
Sa’di, ’Abd al-Rahmãn ibn’Abd Allãh, 1596-1656? [Tarikh al-Sudãn]. Hunwick, John O. Timbuktu and the
Songhay Empire: Al-Sa’di’s Ta’rikh al-Sudan down to 1613, and other contemporary documents. Leiden: Brill,
2003. p. 363
O Tarikh de al-Sadi
A análise e transcrição dos manuscritos encontrados em Timbuktu
tornam possível afirmar que os doutores eram especialistas em estudar,
analisar e aplicar a ciência jurídica32. Esta característica é comum aos
grandes centros comerciais existentes no mundo muçulmano, pois os
doutores também faziam parte das famílias que enriqueceram com o
comércio. Cabe salientar que não existiam apenas escolas voltadas ao
ensinamento das ciências jurídicas, mas um conjunto de escolas que
ensinavam as ciências humanas como gramática e história, ciências
matemáticas e astronômicas, além de religião e direito social e comercial.
31
Sa’di, ’Abd al-Rahmãn ibn’Abd Allãh, 1596-1656? [Tarikh al-Sudãn]. Hunwick, John O. Timbuktu and the
Songhay Empire: Al-Sa’di’s Ta’rikh al-Sudan down to 1613, and other contemporary documents. Leiden: Brill,
2003.p. 364
32
Abu’l-Abass Ahmad ibn Khalid an-Naasiri as-Salaawi, al-Istiqsaa Li Akhbaar Duwwal’l-Maghrib’l-Aqsaa,
Daar’l- Bayda, 1955, p. 130.
33
Sa’di, p. 42
34
Sa’di, p. 42.
35
Sa’di, p. 40
36
Sa’di, p. 55
37
Sa’di, p. 56
38
Sa’di, p. 69
39
Sa’di, p. 39.
40
SAAD, Elias N. Social History of Timbuktu. Cambridge: Cambridge University Press, 1983. P. 95
Mapas
INTRODUÇÃO
1
Graduado em História (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS,
2010/1). Bolsista de Iniciação Científica PIBIC-CNPq no projeto "Escravos da fronteira: a escravidão no
Rio Grande do Sul colonial (2007/2 – 2010/1), orientado pela Prof.ª Dr.ª Helen Osório.
2
Graduanda em História (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Participou dos
programas de Bolsa Permanência e Bolsa Reuni da Universidade, desenvolvendo tanto atividades ligadas
à educação - como monitoria de disciplina - quanto atividades administrativas.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 31
Nos Estados Unidos, os estudos sobre a África no campo das
ciências sociais e da história possuíam uma perspectiva eurocentrista.
Os pesquisadores engajados na questão africana desenvolveram a
perspectiva de afrocentrismo com o intuito de contrapor-se ao
preconceito racial. Esse deslocamento de foco teórico da Europa para a
África possibilitou diversos desdobramentos positivos, no entanto,
tornou-se limitado porque embora superando o problema inicial,
mantém-se ainda dentro de uma lógica dualista reducionista, visto que
percebe europeus e africanos enquanto sujeitos homogêneos e sempre
antagônicos.3
6
PERROT, Michelle, “Sexuação da História”. In: HIRATA, Helena... [et al.] (orgs.). Dicionário Crítico
do Feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009, página 111; e SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria
útil de análise histórica”. In: Educação e Realidade, Porto Alegre, vol. 16 (2), jul/dez, 1990, p. 6.
7
Em uma obra de síntese Alberto da Costa e Silva ressalta as diferenças e semelhanças na condição das
mulheres pelo continente africano sem, contudo, se aprofundar nessa temática. Ver: COSTA E SILVA,
Alberto da. A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
10
MEILLASSOUX, Claude. Mujeres, graneros y capitales: economía doméstica y capitalismo. Cidade
do México: Siglo Veintiuno, 1977. p. 42.
11
Em um artigo de balanço historiográfico Silvia Lara localiza a importância da crítica iniciada por
Sidney Chalhoub a teoria do escravo-coisa. Ver: LARA, Silvia Hunold. “‟Blowin‟ in the Wind‟: E. P.
Thompson e a experiência negra no Brasil. In: Projeto História, São Paulo, (12), out. 1995, p. 47 e 50;
CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte.
São Paulo, Cia das Letras: 1990, p. 36 e 79.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 35
Apartando as questões de linhagem das questões políticas e
naturalizando as relações que delas advem, Meillassoux afirma que as
formas de linhagem são determinadas principalmente por implicações
práticas de ordem de eficiência na reprodução demográfica.12 Uma
interpretação discordante da de Meillassoux é a elaborada por Carla
Braga. A autora considera que a matrilinearidade determina o
pertencimento das crianças à família da mãe e que isso não implica
apenas um ganho de autoridade aos tios maternos, mas também às
próprias mães. Mães e tios maternos dividem a responsabilidade sobre
a criação das crianças. A autora relaciona a questão da autonomia a
três fatores – direito à herança, acesso ao trabalho e a matrilinearidade
–, não sendo possível, segundo ela, analisá-los separadamente, uma vez
que sempre encontram-se interligados.13
12
MEILLASSOUX, Claude. Mujeres, graneros y capitales: economía doméstica y capitalismo. Cidade
do México: Siglo Veintiuno, 1977. p. 45.
13
BRAGA, Carla. “They are squeezing us!” – Gender, Matriliny, Power and Agricultural Policies:
Case Study in Issa Malanga, Niassa Province, Northern Mozambique. Indiana: Paper to be presented at
the IASCP XIX Conference in Bloomington, 2000.
14
SLENES, Robert W.. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava,
Brasil, Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 144.
15
MACGAFFEY, Wyatt, “Lineage Structure, Marriage and the Family amongst the Central Bantu”, THE
JOURNAL OF AFRICA HISTORY (número especial sobre a história da familia na África), 24:2, 1983,
p.173-187. Apud SLENES, Robert W.. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da
família escrava, Brasil, Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. e RICHARDS,
Audrey, “Some Types of Family Structure amongst Central Bantu”, In: Radcliffe-Brown, A. R., e Forde,
Darylle (coord.), African Systems of Kinship and Marriage, London, Oxford University Press, 1950, p.
207-251. Apud SLENES, Robert W.. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da
família escrava, Brasil, Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 36
matrilineares e um pouco patrilineares, considerando-se que o
casamento deve contemplar os dois lados da família.16 Sobre esse ponto
é importante se considerar a sociedade apenas nos aspectos
hierárquicos, mas também nas relações horizontais e de rede. E, pensar
em uma sociedade de rede, pressupõe considerar que as relações de
poder entre os sujeitos não se restringem a um bilateralismo, mas que
os indivíduos aproveitam-se de diversas alianças possíveis, tanto entre
iguais, quanto entre assimétricos.17
16
RICHARDS, Audrey. “Some Types of Family Structure amongst Central Bantu”, In: Radcliffe-Brown,
A. R., e Forde, Darylle (coord.), African Systems of Kinship and Marriage, London, Oxford University
Press, 1950, p. 207-251. Apud SLENES, Robert W.. Na senzala uma flor: esperanças e recordações na
formação da família escrava, Brasil, Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 207.
17
ROSENTHAL, Paul-André. “Construir o „macro‟ pelo „micro‟: Fredrik Barth e a „micro-história”. In:
Revel, Jacques (org.). Jogos de Escala: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio
Vargas: 1998, p. 153-158.
18
, John K.. “Elite Women in the Kingdom of Kongo: Historical Perspectives on Women‟s Political
Power”, THE JOURNAL OF AFRICA HISTORY, 47 (2006), p. 437–60.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 37
Dessa forma, as mulheres estavam imbuídas da responsabilidade de
exercer papeis com atribuições específicas, de caráter intransferível e de
cujo resultado ficava dependente o sucesso político do grupo ao qual
pertenciam. Diante desses argumentos, não há como negar que,
naquela sociedade matrilinear, nem toda a autoridade estava em mãos
masculinas.
19
MELLO E SOUZA, Marina de. A Rainha Jinga – África Central, século XVII.
20
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 65.
21
As outras duas obras são La maravigliosa conversione alla santa fede di Cristo della regina Singa e
del suo regno di Matamba nell'Africa Meridionale escrita pelo padre Antonio de Gaeta, e publicada
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 38
Analisando as modificações causadas pela expansão do comércio
atlântico e, principalmente, pelo tráfico negreiro nas sociedades
africanas, M`Bokolo discute a situação de fragilidade do reino do Congo
nos séculos XVI-XVII, bem como a dissidência de sua periferia22. Nesse
contexto é que o autor situa o reino do Ndongo, enquanto um reino já
constituído no limiar do século XVI, situado ao sul do Congo, banhado
pelo rio Kwanza e habitado pelos chamados ambundos. Segundo o
autor, o ngola – pai de Jinga – que comerciava em São Tomé, desejava
estabelecer relações diretas com os portugueses que já circulavam por
essa região. Este, tendo sido acusado por outros comerciantes de violar
o monopólio comercial do rei do Congo, teve de travar guerra contra o
soberano impondo-lhe dura derrota – fato que marcou a independência
do Ndongo, em 1556.
em 1669, e História das Guerras Angolanas, escrita por Antonio de Oliveira Cardonega e publicada em
1680.
22
M`BOKOLO, Elikia. África negra – História e civilizações. Tradução de Alfredo Margarido. São
Paulo: Casa das Áfricas/Salvador: UFBA, 2009, Volume I. p.424-227.
23
MELLO E SOUZA, Marina de. A Rainha Jinga – África Central, século XVII p.1.
24
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 65. Nota 142.
25
M‟BOKOLO, Elikia. África negra – História e civilizações. Tradução de Alfredo Margarido. São
Paulo: Casa das Áfricas/Salvador: UFBA, 2009, Volume I. p. 426.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 40
entre ele e os Portugueses, com autoridade de concluir o
negócio da melhor maneira que lhe fosse sugerida pela
sua prudência. Acrescentou que, se os Portugueses
demonstrassem o desejo de a atrair ao cristianismo e de
a baptizar, não se recusasse, preferindo os interesses
reais ao particular gênio dela; tanto mais - dizia aquele
descrente – que as aparências exteriores eram uma coisa
e os sentimentos interiores outra coisa. 26 [grifos nossos]
26
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 66.
27
Os jagas constituíam um grupo guerreiro tido como inimigo dos ambundos, até o momento da
realização da aliança entre Jinga e o referido grupo.
28
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 71.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 41
sua autoridade. (...) Entre aqueles que experimentaram a
sua ferocidade, um foi o seu sobrinho, o legítimo herdeiro
do trono. 29
29
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 70.
30
M‟BOKOLO, África negra – História e civilizações. Tradução de Alfredo Margarido. São Paulo: Casa
das Áfricas/Salvador: UFBA, 2009, Volume I. p. 426.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 42
Talvez seja oportuno considerar neste ponto o estudo de Jean
Delumeau31 sobre o medo, especificamente no que diz respeito ao medo
da mulher – um dos agentes de satã, como classificou o autor.
Delumeau, ao analisar o discurso oficial sobre a mulher nos séculos
XVI-XVII – corrente no Ocidente, proclamado por teólogos, médicos e
juristas – constata a existência de uma longa tradição antifeminista,
que foi difusamente veiculada pelos referidos segmentos. Estes
produziram e difundiram um discurso que expunha o desprezo pela
mulher e que camuflava, segundo o autor, o medo de um ser misterioso
e inquietante que dependia da solidariedade masculina, especificamente
do padre e do marido – o que vai ao encontro do tom utilizado por
Cavazzi em todas as suas exposições acerca da necessidade de Jinga
converter-se à fé cristã e abandonar a poligamia.
31
DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Companhia das Letras,
1989.
32
DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Companhia das Letras,
1989. p. 333.
33
DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Companhia das Letras,
1989. p. 339.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 43
frisar que o autor da fonte aqui estudada integra o contexto europeu
abordado por Delumeau.
34
Segundo consta na nota 150 da obra de CAVAZZI, os jagas não constituíam uma nação ou mesmo um
grupo homogêneo. Seriam de fato uma seita, formada por indivíduos capturados na guerra, criados
conforme os ritos da seita jaga e incorporados nela. Estes dividiam-se em pequenos grupos e
disponibilizavam seus serviços a quem lhes oferecesse maior despojo de guerra. É evidente que devemos
ler tal descrição, observando o grau de preconceito direcionado contra os ritos africanos, o que é inerente
a um representante da fé católica em plena atividade missionária. Segundo M`Bokolo, os Jaga teriam
invadido o Congo entre 1568-1575, sendo reconhecidos pela violência, crueldade e canibalismo.
35
ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes – Formação do Brasil no atlântico Sul. São
Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 278.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 44
pertinente considerar que a união promovida pela rainha entre os jaga e
parte dos ambundos implicou o surgimento de uma identidade sócio-
cultural entre esse novo grupo.
36
COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança: a África antes dos portuguese. Rio de Janeiro: Ed.
Nova Fronteira, 1996, 2ed.. p. 442.
37
BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas (organização de Tomke
Lask). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2000.
38
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 78-79.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 45
Sentindo-se firmemente segura no trono, Jinga pensou
em dilatar as fronteiras de seu reino. Esquecendo todos
os benefícios dos Portugueses, determinou invadir toda a
região ocupada por eles. Mas, para poder dispor de
guerreiros mais aptos a tão grande empreendimento,
abraçou a seita dos Jagas e tornou-se chefe da mesma.39
39
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p.71-72.
40
Costa e Silva menciona que Jinga ocupou o posto de tembanza – mulher responsável pela preparação e
mistura do maji a samba –, que parece ser o mesmo posto denominado por Cavazzi como, xinguila.
41
ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes – Formação do Brasil no atlântico Sul. São
Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 278.
42
SCHAMA, Simon. O Desconforto da Riqueza: A cultura holandesa na Época de Ouro, uma
interpretação. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 47
lusitana havia o interesse em restabelecer o comércio negreiro com a
rainha africana. Nesse processo de reaproximação e estabelecimento de
acordos comerciais, a atuação dos missionários capuchinhos foi muito
aproveitada pela Coroa portuguesa.43 Segundo Alencastro, “(...) a
história de Jinga deve ser interpretada à luz da rivalidade entre os
jesuítas e os capuchinhos na África Central”.44 A análise sobre a
disputa entre as ordens, que já se estendia por mais de trezentos
anos45, é de grande utilidade para compreender como a rainha se utiliza
da conversão como estratégia política. Alencastro aponta que o cerne da
rixa entre os religiosos era justamente a escravidão - praticada pelos
jesuítas e condenada pelos capuchinhos. Ao que parece, os últimos
teriam ganhado notoriedade por atribuir-se a eles o que os mesmos
reconheceram como “maior feito missionário” na África do século XVII –
a maravilhosa conversão da rainha Jinga à fé católica – e, em
contrapartida, ainda apontavam o fracasso do batismo anterior,
realizado pelos padres jesuítas. É irônico perceber o fato de que o grupo
religioso que se aproximou da rainha é de fato aquele que condenava o
tráfico de escravos, que a rainha continua administrando em seu reino,
mesmo após a conversão.
43
A Bula Inscrutabili Divinae (1622), com o Papa Gregório XV, criou a Congregação para a
Evangelização dos Povos, com o nome de Propaganda Fide. Sua função estava ligada às atividades
missionárias, à elaboração de suas diretrizes, à formação e sustento dos missionários e à promoção da fé
cristã. Segundo nota explicativa de Alencastro, a Propaganda Fide representava um instrumento da
política romana nas dioceses ultramarinas portuguesas.
44
ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes – Formação do Brasil no atlântico Sul. São
Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 282.
45
ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes – Formação do Brasil no atlântico Sul. São
Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 277.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 48
encontra-se um testemunho de Jinga, dado num momento anterior a
conversão, no qual a rainha justifica a um padre sua recusa em aceitar
a conversão, vinculando-a a interesses tácitos:
46
CAVAZZI, P. Giovanni Antonio. Descrição histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola.
Publicado em três volumes em 1687. Tradução, notas e índices por P. Graciano Maria de Leguzzano,
O.M. Cap. Vol. I e II. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 80.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FONTE IMPRESSA
BIBLIOGRAFIA
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 52
ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes – Formação do
Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
Orlando Santos2
Introdução
1
Trabalho apresentado no XI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), realizado de 10 a 12 de novembro de 2010, Salvador – Bahia.
2
Doutorando em Ciências Sociais pelo PPGCS – UFBA. Mestre em Estudos Étnicos e Africanos pelo
Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos do Centro de Estudos Afro-Orientais da
Universidade Federal da Bahia (CEAO-UFBA). Licenciado em Ensino da Sociologia Pelo Instituto
Superior de Ciências da Educação da Universidade Agostinho Neto (ISCED/UAN).
3
A esse respeito, Pereira aponta que o processo de integração da economia angolana no mercado global
(inicio da transição para o multipartidarismo nos anos 90) reforçou a desigualdade de gênero no mercado
de trabalho. Três fatores centrais são apresentados como causas de tal desigualdade: 1) a migração de
grande parte das famílias da área rural para a capital a capital do país devido á guerra civil; 2) a
instabilidade do quadro econômico na passagem da primeira república para segunda república; 3) a
negligência do governo em relação a políticas públicas que de alguma forma protegessem as mulheres dos
efeitos da transição econômica e das transformações daí decorrentes para o mercado de trabalho
(PEREIRA, s/d).
4
SOGGE, 2006.
5
NAZARÉ, 1999.
6
A escolha dessas técnicas advêm do fato de as considerar capazes de garantir uma amplitude na
descrição e compreensão do nosso objeto de estudo. No caso da entrevista, partindo do pressuposto
segundo o qual ela é tanto mais proveitosa quanto os discursos são para os entrevistados um meio
privilegiado de dar um sentido às suas experiências, uma ocasião de formularem, graças às palavras, os
modos pelos quais atribuem um significado respeitante ao que viveram (SCHNAPPER, 2000, p.89). Por
outro, a sua qualidade de adaptabilidade, uma vez que através dela podemos explorar determinadas idéias,
testar respostas, investigar motivos e documentos, contribuíram de igual modo na sua escolha como
instrumento privilegiado da pesquisa. O critério utilizado para seleção das entrevistadas foi o da
representatividade social (GUERRA, 2006). Como tal, selecionamos pessoas que consideramos serem
capazes de comunicar as suas percepções da realidade através da experiência vivida, excluindo qualquer
pretensão em garantir a representatividade estatística do grupo. As entrevistadas estão diferenciadas
segundo a idade, naturalidade, escolaridade, estado civil, número de membros no agregado familiar e
tempo de exercício da atividade.
7
O termo será utilizado ao longo do trabalho, de forma genérica, para fazer menção, para fazer menção às
mulheres que desenvolvem atividade comercial na rua, fora dos mercados municipais
8
A entrada de indivíduos do sexo masculino nas atividades ligadas ao comércio de divisas, atividade
majoritariamente exercida por mulheres, fez surgir os doleiros.
9
SEMANÁRIO AGORA, 18/02/2008
10
FILHO, Silvio de Almeida C. Angola: vivências femininas de uma guerra sem fim. I Simpósio
Internacional: O Desafio da Diferença. Articulando Gênero, Raça e Classe. Salvador, 2000.
11
Candongueiros, Kinguilas, Roboteiros e Zungueiros: uma digressão pela economia informal de
Luanda. In VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra, 2004. Disponivel em:
http://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/CarlosMLopes.pdf. Acesso em: 20. Nov. 2007.
12
CARVALHO, 1997.
13
CESCONETO, 2004.
14
Segundo Lopes, as zungueiras são fruto do ajustamento da atividade tradicional das antigas
quitandeiras e dos novos vendedores ambulantes ao novo estatuto socioeconômico: a variação na venda
de produtos, os grupos etários envolvidos, registrando-se também um considerável número de jovens e
crianças (LOPES, 1999). Sobre o assunto ver LOPES, Carlos. (1999) – “Elementos para a Compreensão
do Sector Informal Urbano nos Países em Desenvolvimento: Anotações sobre o retalho informal em
Luanda e Maputo”, Comunicação apresentada ao Colóquio África – Populações, Ambiente e
Desenvolvimento, ISCSP, Lisboa; LOPES, Carlos. (2004) Candongueiros, Kinguilas, Roboteiros e
Zungueiros: uma digressão pela economia informal de Luanda. Comunicação apresentada no VIII
Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra, Neste último, ao falar acerca da evolução
da actividade das zungueiras, Lopes (2004) indica que, apesar de não se tratar de um fenómeno recente, a
presença destas sofreu um impulso significativo a partir de 1992, com o regresso à situação de guerra
civil no rescaldo do processo eleitoral. Por outro lado, o crescimento acelerado da população da capital, e
em particular de deslocados de guerra, como acima indicámos, têm sido apontados pelos estudiosos como
razão da proliferação da "zunga".
15
Segundo Mead (apud CARVALHO,1995) a especificidade da realidade humana resulta da
singularidade da atividade social, que radica na existência de símbolos. É com os símbolos e pelos
símbolos que os indivíduos interagem e atribuem um sentido à sua própria experiência e a experiência
com os outros, isto é, com os objetos sociais que os rodeiam. Fazendo recurso à perspectiva interacionista
simbólica pode-se dizer que “os atores que estão em interação numa dada situação social interpretam
esta situação e geram-na em função das suas interpretações elaboradas nestas próprias interações”
(CAMPENHOUT, 2003, p.67). Portanto o comportamento social passa a ser uma reação significativa ao
gesto do outro. Podemos então referir que o mundo social é constituído de ações interativas entre os
atores sociais, que são desenvolvidas pelo uso da linguagem. Através desta são transmitidas as intenções,
ações, pedidos, ensinamentos, trocas de auxilio, etc.
16
Nota-se nos últimos tempos certa apropriação do vocabulário do sector informal principalmente para fins
comerciais. A titulo de exemplo podemos citar a campanha promocional das operadoras de telefonia móvel
Unitel e Movicel denominadas “arreiou” e “kilape”.
17
Tecido em Kimbundu
18
GONÇALVES e LISBOA, 2007, p.88.
19
BOGDAN e BIKLEN, 1994, p.93
20
REVELLI, 1966;1977; BERTAUX, 1981; FERRAROTTI, 1981; CIFRIANI, 1987; CORRADI, 1988,
PASSERINI, 1988 apud CRESPI, 1997, p.224.
21
CASAL,1997, p.88.
22
Grande parte dessas deslocações foram efetuadas entre os finais da decada de 80 e inícios da década de
90. Estas datas concidem com marcos históricos importantes, nomeadamente: o período de transição entre
a I e a II República, que implicou reformas políticas e económicas; Assinatura dos Acordos de Bicesse, a
realização das primeiras Eleições Multipartidárias e o eclodir do conflito pós-eleitoral.
23
Lugar.
24
PEPETELA, 1990, p.139
Percepções do quotidiano
25
Para compreendermos a forma como estas mulheres concebem a atividade por elas exercida recorremos
ao conceito de «definição de situação», utilizado pela primeira vez pelo sociólogo americano William
Thomas. Segundo Thomas ” Quando os homens definem a sua situação como reais, elas são reais nas
suas consequências”.
26
Durante as entrevistas foram referidos valores que variam dos cinco aos trinta dólares norte-
ameriacanos por dia.
27
O conceito é aqui utilizado no sentido socioantropológico atribuído por apud Maia(2002) , isto é, como
sendo o modelo teatral, os actores representam o seu papel de homens públicos, segundo as convenções
que orientam a vida em público ou das relações publicas. Neste sentid,o o conceito é entendido como
cena de visibilidade em que as coisas aparecem ( GOFFMAN, 1973; SENNETT, 1979 apud MAIA,
2002, p.89)
28
Equivalente a usurpadora
29
No decorrer das entrevistas pudemos notar a necessidade que grande parte delas sente de serem ouvidas
e desabafar suas angústias com alguém.
30
SERRA, 2007, p.4.
31
BHABHA, 1997
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos no Centro de Estudos Afro-asiáticos da UFBA, professora
de História da África da UNEB, campus XIII. Esse artigo é parte da pesquisa em andamento referente a
pesquisa do doutorado.Email:[email protected]. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6866260075679758
2
DIAS, Marcelo Henrique. Economia, Sociedade e Paisagens da Capitania e Comarca de Ilhéus no
Período Colonial. 2007. 424f. Tese (Doutorado em História Social) – I FCH, Niterói, Universidade
Federal Fluminense, 2007, pp.350-353; Vilhena, op. cit. p.204
3
DIAS, Marcelo Henrique. Economia, Sociedade e Paisagens da Capitania e Comarca de Ilhéus no
Período Colonial. 2007. Tese (Doutorado em História Social) – IFCH, Universidade Federal Fluminense,
Niterói, 2007, p, 340
4
BARICKMAN, 2001. Os valores totais de alqueires constituem as remessas enviadas de farinha de
mandioca à cidade da Bahia, Salvador.
5
BARICKMAN, 200, p.743
6
SILVA, Ricardo Tadeu Caíres. Caminhos e descaminhos da abolição. Escravos, senhores e direitos nas
últimas décadas da escravidão (Bahia, 1850-1888). Curitiba: UFPR/SCHLA, 2007, p.25
7
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990. GOMES, F. S. Histórias de quilombolas: mocambos e
comunidades de senzalas no Rio de Janeiro – Século XIX. Dissertação de Mestrado. Campinas:
Unicamp, 1992.
8
SILVA, Ricardo Tadeu Caíres. Os escravos vão à justiça: a resistência escrava através das ações de
liberdade. Bahia; século XIX. Dissertação (Mestrado em História): Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2000
9
BARICKMAN, Bert. “Até a véspera”, o trabalho escravo e a produção de açúcar nos engenhos do
Recôncavo baiano (1850-1881)”, In: Afro-Ásia, n.° 21-22. Bahia: 1998-1999, pp. 177-237.
10
MAHONY, Mary Ann. Um passado para justificar o presente: memória coletiva, representação
histórica e dominação política na região cacaueira da Bahia Cadernos de Ciências Humanas -
Especiaria v. 10, n.18, jul. - dez. 2007, p. 752.
http://www.uesc.br/revistas/especiarias/ed18/traducao_mahony.pdf, p.742.
11
Localizei no APEB 47 processos de contrato de soldada, inclusive com os recibos de pagamento do
valor acordado em contrato.
12
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p..252.
13
APEB – Seção Colonial e Provincial Caixa 802, nº 7.
14
Localizei no APEB, Seção colonial provincial o livro de escrituras, compra e venda da Companhia
Internacional contendo 07 arquivos além do processo de penhora da Companhia.
15
APEB- Sessão Colonial e Provincial caixa 1606, Maço 4633
16
Decreto Lei nº 884 de 01/10/1856
17
Jornal Diário da Bahia, de 1863; Correio Mercantil de 1865
18
Decreto Lei nº 884 de 01/10/1856
19
Cf. Cid Teixeira, 2010.
20
Alfredo Silva publica em 1893, “Pequena Geografia da Comarca de Camamú”, detalha os números
do capital e dos empregados.
21
VAISTMAN, Maurício. O Petróleo no Império e na República. 2ª edição, Editora Interciência, Rio
de Janeiro, 2001.
22
TEIXEIRA. CID. História do Petróleo na Bahia, Editora Fernando José Caldas Oberlaender,
Salvador – BA, 2010
23
FREIRE, Bárbara Lemos. Maraú, Luz do Sol ao Amanhecer.
24
FRAGA FILHO, Walter. Encruzilhadas da liberdade: histórias de escravos e libertos na Bahia (1870-
1910), Campinas, Editora da UNICAMP, 2006
25
MAHONY, Mary Ann. Instrumentos Necessários. Escravidão e Posse de Escravos no Sul da Bahia
no Século XIX, 1822-1889 *.Revista Afro- Ásia
26
FREITAS, Antonio F. G. de e PARAÍSO, Maria H. Caminhos ao encontro do mundo. A capitania, os
frutos de ouro e a Princesa do Sul. Ilhéus: Editus, 2001.
27
MAHONY, Mary Ann. Um passado para justificar o presente: memória coletiva, representação
histórica e dominação política na região cacaueira da Bahia Cadernos de Ciências Humanas -
Especiaria v. 10, n.18, jul. - dez. 2007, p. 737 793.
http://www.uesc.br/revistas/especiarias/ed18/traducao_mahony.pdf, p.742
Referências Bibliográficas
28
FREIRE, Bárbara Lemos. Ivan Guanais. Maraú, luz do Sol ao Amanhecer.Salvador,2008,p.68-75
1
Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e
especialista em antropologia com ênfase em cultura afro-brasileira. Email Valdiné[email protected]
2
CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2008.
3
Esses procedimentos são chamados táticos porque eram executados no espaço do outro. O outro refere-
se à igreja católica, que era a detentora do espaço religioso das fazendas de cacau.
4
Entrevista realizada em julho de 2008.
5
Entrevista novembro 2008.
6
Entrevista realizada em agosto de 2006.
7
WEBER, Max. Sociologia da religião tipos de relações comunitárias religiosas in: Economia e
Sociedade. Brasília: Editora UNB. 2000, p. 280.
8
WEBER, Max. Sociologia da religião tipos de relações comunitárias religiosas in: Economia e
Sociedade. Brasília: Editora UNB. 2000, p. 280.
9
WEBER, Max. Sociologia da religião tipos de relações comunitárias religiosas in: Economia e
Sociedade. Brasília: Editora UNB. 2000.
REFERÊNCIAS
1
Aluna regular do mestrado em História da Universidade Federal da Paraíba. Licenciada e bacharel em
História pela Universidade Federal de Sergipe.
2
Na historiografia sergipana dos dois últimos decênios emergiu a temática das irmandades e da morte.
São estudos que evidenciam a morte como uma das principais preocupações do sergipano ao longo do
século XIX, corroborando com os resultados obtidos por João José Reis sobre a morte na Bahia
oitocentista (REIS, 2009).
FONTES CONSULTADAS
Manuscritos
SANTIAGO, Serafim Annuario Christovense: Costumes religiosos e
sociais da antiga capital de Sergipe. Manuscrito. IHGS.
Iconográfica
Imagem da Virgem da Boa Morte - Museu de Arte Sacra de São
Cristóvão.
Introdução
Comumente as representações sociais construídas em torno do
carnaval em Recife o associam aos maracatus, aos caboclinhos e ao
ritmo do frevo. No entanto, não são apenas essas práticas culturais que
representam a folia de momo na capital pernambucana, as escolas de
samba estão presentes na cidade há muitos anos3 e durante as décadas
de 1970 e 1980 eram as grandes atrações da festa de momo recifense,
mas essa história permaneceu durante muitos anos invisualizada por
parte da historiografia. Estranho o fato das escolas de samba
participarem do carnaval em Recife há tantos anos, mas mesmo assim,
1
Retomo aqui algumas discussões realizadas na disciplina „Identidade e cultura negra: debates
historiográficos‟ ministrada pelas professoras Marta Abreu e Hebe Mattos, no segundo semestre de 2009,
na Universidade Federal Fluminense.
2
Licenciado (2007) e Bacharel (2009) em História pela Universidade Federal de Pernambuco.
Atualmente é pesquisador do grupo de pesquisas do CNPq Culturas populares: novos desafios vinculado
a Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ). É Mestrando pelo Programa de Pós Graduação em História da
Universidade Federal de Pernambuco. Professor do curso de Graduação a distância em História da
UAB/UFRPE pólo de Carpina. Atua principalmente nos seguintes campos: História do Brasil República,
História Cultural, Cultura Popular, Cultura Negra, Identidades, Festas, Carnaval, Escolas de Samba;
Patrimônio Imaterial e Intelectuais.
3
De acordo com a pesquisa de mestrado que venho empreendendo as „primeiras‟ escolas de samba datam
na cidade dos anos de 1930. A primeira escola de samba em Recife, registrada sob essa nomenclatura foi
a Limonil em 1939.
4
Sobre os silêncios da História ver: FERRO, Marc. A História Vigiada. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Desenvolvi uma monografia sobre o silêncio dos intelectuais a respeito das escolas de samba no carnaval
em Recife: SILVA, Augusto Neves. Debate Historiográfico sobre as escolas de samba em Recife (1955 –
1970). Monografia de Conclusão de Bacharelado em História. Recife: UFPE, 2009. Saliento que existem
apenas alguns trabalhos que se referem a presença das escolas de samba na cidade do Recife resultado da
análise empreendida por memorialistas e folcloristas, no que tange aos trabalhos de cunho acadêmico
minha monografia de conclusão de curso é o primeiro trabalho escrito sobre o tema.
5
FERRO, Marc. A História Vigiada. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 02.
6
A Federação Carnavalesca Pernambucana (FCP) foi responsável pela organização do carnaval desde a
sua criação de 1935 até o ano de 1955. Sobre a participação da Federação Carnavalesca no carnaval em
Recife ver: VIDAL, Francisco Mateus Carvalho. A fresta do Estado e o brinquedo para os populares:
histórias da Federação Carnavalesca Pernambucana. Dissertação (Mestrado em História). Recife:
Universidade Federal de Pernambuco, 2010.
7
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3,
1989, p. 3-15.
8
Sobre o silêncio imposto as escolas de samba pelos intelectuais ver: SILVA, Augusto Neves. Debate
Historiográfico em torno das escolas de samba em Recife (1955 – 1970). Monografia de Conclusão de
Curso de História. Recife: UFPE, 2009.
9
CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da Folia: uma história social do carnaval carioca (1880 –
1920). São Paulo: Cia das Letras, 2001, p. 15.
10
CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da Folia: uma história social do carnaval carioca (1880 –
1920). São Paulo: Cia das Letras, 2001. P. 15.
11
ARAÚJO, Hiram. Carnaval: seis milênios de História. Rio de Janeiro: Gryphus, 2000; CABRAL,
Sérgio. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. 2. ed. Editora Lumiar, 1996, Rio de Janeiro;
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval Carioca: dos bastidores ao desfile. 4.ed. Rio
de Janeiro. FUNARTE; UFRJ, 2008; COSTA, Haroldo. 100 anos do carnaval do Rio de Janeiro. São
Paulo: irmãos Vitale, 2001; GOLDWASSER, Maria Júlia. O Palácio do Samba: Estudo Antropológico
da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1975; SEBE, José
Carlos. Carnaval, Carnavais. Ed. Ática. São Paulo, 1986; SOIHET, Rachel. A Subversão pelo Riso.
Estudos sobre o carnaval carioca da Belle Èpoque ao tempo de Vargas. 2.ed. Rio de Janeiro, Ed.
Fundação Getúlio Vargas, 2008; LEOPOLDI, José Sávio. Escola de Samba Ritual e Sociedade.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1977; PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura. O carnaval brasileiro,
o vivido e o mito. São Paulo, Brasiliense, 1992; AUGRAS, Monique. O Brasil do samba-enredo. Rio de
Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998.
12
SOIHET, Rachel. A Subversão pelo Riso. Estudos sobre o carnaval carioca da Belle Èpoque ao tempo
de Vargas. 2.ed. Rio de Janeiro, Ed. Fundação Getúlio Vargas, 2008. PP. 155 - 156.
13
SOIHET, Rachel. A Subversão pelo Riso. Estudos sobre o carnaval carioca da Belle Èpoque ao tempo
de Vargas. 2.ed. Rio de Janeiro, Ed. Fundação Getúlio Vargas, 2008, p. 159.
16
SOIHET, Rachel. A Subversão pelo Riso. Estudos sobre o carnaval carioca da Belle Èpoque ao tempo
de Vargas. 2.ed. Rio de Janeiro, Ed. Fundação Getúlio Vargas, 2008, p. 156.
17
SOIHET, Rachel. Op. Cit. P. 168.
18
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e
Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006, p. 48.
19
HALL, Stuart. “Que negro é esse na cultura negra?”, In: Da Diáspora: Identidades e mediações
culturais. Organização Liv Sovik; Tradução Adelaine La Guardia Resende ... (et all). Belo Horizonte:
editora UFMG, 2003, p. 325.
20
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Tradução de Vera.
Rio de Janeiro: Contrapaca, 1997, P. 243.
21
APPIAH, Kwame Anthony. Op. Cit. PP. 244-248.
22
APPIAH, Kwame Anthony. Op. Cit. P. 244.
23
LIMA, Ivaldo Marciano França. Identidade Negra no Recife: maracatus e afoxés. Recife: Bagaço,
2009, p. 17.
24
GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel
Moreira. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-
Asiáticos, 2001, PP. 15-29.
25
HALL, Stuart. “Que negro é esse na cultura negra?”, In: Da Diáspora: Identidades e mediações
culturais. Organização Liv Sovik; Tradução Adelaine La Guardia Resende ... (et all). Belo Horizonte:
editora UFMG, 2003, p. 327.
26
DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992, p. 151, apud: MONTENEGRO,
Antonio Torres. História, Metodologia, Memória. São Paulo: Editora Contexto, 2010, p. 131.
27
REAL, Katarina. O Folclore no carnaval do Recife. 2. ed. rev e aum. Recife: FUNDAJ, Editora
Massangana, 1990, p. 48.
28
REAL, Katarina. O Folclore no Carnaval do Recife. 2. Ed. rev. e aum. Recife: FUNDAJ: Editora
Massangana, 1990, p. 49. Grifo meu.
29
LIMA, Ivaldo Marciano de França. Entre Pernambuco e África. História dos Maracatus-nação do
Recife e a espetacularização da cultura popular (1960 – 2000). Tese de Doutoramento em História, UFF,
Niterói, Rio de Janeiro, 2010, p. 241.
30
Entrevista realizada por mim em 22 de abril de 2010, com o sambista José Bonifácio Dias dos Santos,
conhecido como Deca. Nascido em 1938. Seu Deca é um „sambista antigo‟ da cidade do Recife durante
muitos anos foi ligado a várias agremiações como a escola de samba Vai-Vai do Bairro do Pina. Segundo
ele mesmo me relatou iniciou sua vida no samba em 1954 desfilando pela Escola Almirantes do Samba.
Em 1984 é criada a FESAPE (Federação das escolas de samba em Pernambuco), em 1985 seu Deca chega
para trabalhar na diretoria dessa instituição onde permanece até os dias atuais. (Grifos Meu).
31
Escolas só com batuque, Diário da Noite, 26/01/1966, p. 02. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano. Sobre a proibição dos sopros no Rio de Janeiro ver: VIANNA, Hermano. O Mistério do
Samba. 6. ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, UFRJ, 2007, p. 124.
32
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução: Luis Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2004.
33
Manoel do Nascimento Costa (Manoel Papai) é presidente da Associação de Babalorixás & Yalorixas
dos Cultos Afro-brasileiros do Estado de Pernambuco (ABICABEP). É um das principais vozes do
movimento de unificação dos povos de origem Nagô. É babalorixá do Terreiro Oba Ogunté (Sítio do Pai
Adão), no bairro de Água Fria, considerada a casa mais antiga de culto Nagô de Pernambuco.
34
Xangô é a denominação em Pernambuco para as manifestações religiosas comumente associadas aos
negros, ao rito que na Bahia, por exemplo, é chamado de Candomblé.
35
COSTA, Manuel Nascimento. Candomblé e carnaval, In: Antologia do carnaval do Recife. Mário
Souto Maior e Leonardo Dantas da Silva (orgs). Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Centro de Estudos
Folclóricos, 1980, p. 247.
36
A escola de samba Estudantes de São José foi uma das primeiras agremiações do samba recifense
fundada em 1949. Grifos Meu.
37
Diário da Manhã. 06/02/1947. P.02 / 13/02/1947. P.06 / 16/02/1947. P.08. Arquivo Público Estadual
Jordão Emerenciano – APEJE.
38
Para saber mais sobre o papel e a função dos intelectuais na sociedade ver, entre outros: BOBBIO,
Norberto. Os intelectuais e o poder. São Paulo: UNESP, 1997; SAID, Edward W. Representações do
Intelectual: as conferências de Reith de 1993. Tradução de Milton Hatoum. São Paulo: Companhia das
Letras, 2005; SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: Intelectuais, arte e videocultura na
Argentina. Tradução de Sérgio Alcides. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2006.
39
Aníbal Gonçalves Fernandes nasceu em 30 de dezembro de 1894 e foi um „renomado‟ jornalista
recifense que teve sua carreira profissional ligada ao jornal Diário de Pernambuco.
40
Mário Carneiro do Rego Melo nasceu a 05 de fevereiro de 1884 e foi jornalista, historiador, geógrafo,
bacharel em Direito e músico.
41
A Lei que me refiro é a 3.346 do ano de 1955.
42
Em 1955, na primeira eleição popular para a prefeitura do Recife, foi lançando candidato pela Frente
do Recife, coligação que reunia seu partido o PSB, o PTB e o PTN, com apoio dos comunistas (então na
clandestinidade), o engenheiro e professor universitário Pelópidas da Silveira (1915 – 2008) que venceu
as eleições para Prefeito do Recife (1956 – 1960) com grande margem de votos cerca de 81 mil, In:
SANTOS, Taciana Mendonça. Alianças Políticas em Pernambuco: a(s) frente (s) do Recife (1955 –
1964). Dissertação (Mestrado em História). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2009, p. 02.
43
Nada decidido quanto ás subvenções carnavalescas. Correio do Povo, 21/01/1956, p. 03; O Prefeito e o
carnaval. Folha da Manhã, 20/01/1956 p. 08; Reexame da Lei que Oficializa o carnaval. Diário de
Pernambuco, 04/01/1956; Reexame da Lei que oficializou os festejos de momo, no Recife. Diário de
Pernambuco, 12/01/1956. Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano – APEJE.
44
Quando esses intelectuais escreviam que a folia carnavalesca estava fadada a desaparecer, era
desaparecer no sentido „original‟ da festa, perdendo suas „características‟ e assumindo novas que nada
tinham haver com a „tradição‟ regional.
45
Crônica da Cidade. Jornal do Commercio, 17/01/1956, P.02. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano – APEJE. (Grifos Meu)
46
Aqui e Ali. Folha da Manhã, 12/01/1956, P. 04. Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano –
APEJE.
47
Carnaval e Turismo. Diário de Pernambuco. 05/01/1956, p. 04. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano – APEJE.
48
Carnaval e Turismo. Diário de Pernambuco. 05/01/1956, p. 04. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano – APEJE. (Grifos Meu).
49
Carnaval e Turismo. Diário de Pernambuco. 05/01/1956, p. 04. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano – APEJE.
50
Prefácio do livro Carnaval das Letras, p. 20. PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. Carnaval das
Letras: Literatura e folia no Rio de Janeiro do século XIX. 2ª. ed. rev. Campinas, SP: Editora da
UNICAMP, 2004.
51
Carnaval e Turismo. Diário de Pernambuco. 05/01/1956, p. 04. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano – APEJE.
52
Estabelecidas as porcentagens para a verba destinada ao carnaval de rua. Correio do Povo, 25/01/1956,
p. 02; Regulamentada a Lei que oficializa o carnaval. Folha da Manhã, 24/01/1956, p. 09; Regulamento
da Lei de oficialização do carnaval. Folha da Manhã, 27/01/1956, p. 06. Arquivo Público Estadual Jordão
Emerenciano – APEJE.
53
Os 60% da verba destinada às agremiações seria distribuída obedecendo aos seguintes percentuais:
35% para clubes de frevo; 20% para blocos de frevo; 15% para Maracatus; 15% para caboclinhos; 10%
para troças e ursos; e 5% para as escolas de samba. Folha da manhã, 24/01/1956, p. 09.
Referencias bibliográficas
ARAÚJO, Hiram. Carnaval: seis milênios de História. Rio de Janeiro:
Gryphus, 2000.
54
GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel
Moreira. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-
Asiáticos, 2001, p. 40.
55
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Carnaval Carioca: dos bastidores ao desfile. 4. ed.
Rio de Janeiro. Editora da UFRJ, 2008, p. 26.
1
Mestra em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia (Campus I), especialista em
História e Cultura Afro-Brasileira (FAVIC) e licenciada em História pela Universidade do Estado da
Bahia (Campus II).
2
Entrevista cedida ao jornalista Renato Pompeu da Revista Retrato do Brasil/Reportagens, publicada em
quatro edições de setembro de 2006 a janeiro de 2007. Cf. entrevista Revista Retrato do Brasil?
Reportagem. Edição, nº 01, Setembro de 2006. Disponível no sítio eletrônico
http://www.oretratodobrasil.com.br/pdfs/RB_01/Um%20defeito%20sem%20maculas.pdf acesso em 15
de setembro de 2010 às 16h24min.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 143
Para Regina Zilberman (2003), o romance histórico é uma
narrativa que depende da história para existir, na medida em que funde
ficção e história confundindo-as por vezes. Antes de Zilberman, José
Antônio Pereira disse ser o romancista histórico um doublé de
historiador e literato capaz de se apropriar da verdade histórica, enfeitá-
la tirando-lhe a frigidez e monotonia e reapresentá-la adocicada pela
fantasia peculiar à ficção.3
É possível acreditar que romance histórico revela nas entrelinhas
as tendências e modos de ser de uma época, de modo que um mesmo
fato ou personagem podem assumir variadas interpretações. Em Um
defeito de cor, através da narrativa das memórias de uma senhora de 89
anos, que fora vendida em Uidá e escravizada em terras brasileiras, Ana
Maria Gonçalves propôs um diálogo com a historiografia e sobre a
veracidade de sua escrita afirmou:
5
Em vários outros momentos da narrativa esta postura se repete. Assim ocorre, por exemplo, quando é
alfabetizada na Língua Portuguesa ao assistir às aulas que eram dadas à sinhazinha. Cf. GONÇALVES,
Um defeito de cor. 2006, p. 92.
6
REIS & SILVA, Negociação e conflito.1989, p.14; 17.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 145
o seu dono, apesar de ter sido esta uma característica mais evidente
dentre os “ladinos, conhecedores da língua e das manhas para passar a
vida”, que dentre os negros mina, “africanos recém-chegados, que ainda
desconheciam a língua e as regras, os chamados boçais”.7
Com dez anos de idade, Luísa tomou consciência da dicotomia
existente entre a casa-grande e a senzala e esta revelação lhe
proporcionou uma nova visão da vida e do seu papel social. “Talvez, se
eu tivesse ficado trabalhando na casa-grande e morando na senzala
pequena, não teria sabido realmente nada sobre a escravidão e a minha
vida não teria tomado o rumo que tomou”— refletiu.8 A inconformidade
pela condição escrava se intensifica, principalmente a partir das
notícias acerca de levantamentos que aconteciam na capital: “[...] minha
situação não permaneceria para sempre como estava [...] eu ainda seria
liberta e ajudaria meu povo” 9— planejou numa espécie de pacto que
firmara em silêncio.
Revelando detalhes das relações travadas entre senhores e
escravos e das diversas formas de violência empregadas para tolher
seres humanos, Ana Maria Gonçalves imprimiu realismo ao seu texto
projetando um painel revelador dos artifícios de dominação dos cativos
pelos escravocratas. Mutilações, açoites e estupros foram relatados no
decorrer da narrativa como um alerta contra a falsa cordialidade do
escravismo no Brasil.
Admitindo-se que “as representações se inserem em regimes de
verossimilhança e credibilidade, não de veracidade” 10, é possível
considerar que em Um defeito de cor, através da saga de Kehinde,
precebe-se a valorização do protagonismo negro na luta anti-escravista.
Vários momentos da história da capital da província durante o
século XIX figuram a narrativa. Conflitos entre crioulos e africanos, a
7
REIS & SILVA, Negociação e conflito.1989. p. 20.
8
GONÇALVES, Um defeito de cor. 2006, p. 111.
9
GONÇALVES, Um defeito de cor. 2006, p. 135.
10
PESAVENTO, História & história cultural. 2008, p. 41.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 146
influência do haitianismo e da “Noite das Garrafadas” sobre o
comportamento dos provincianos e o planejamento da grande revolta
dos malês ocorrida em 1835, surgem na narrativa esclarecendo como a
dinâmica da escravidão urbana favoreceu a articulação de rebeliões
naquele contexto histórico.
Líderes do levante de 1835 são descritos e citados, como Elesbão
do Carmo, Manoel Calafate, Pacífico Licutan e Ahuna.11 Em Um defeito
de cor pretendeu-se retratar a rebelião em sua inteireza e embora a
narradora-personagem tenha deixado claro que não presenciou todas as
cenas descritas, o irromper da luta, a batalha, a devassa e a
perseguição aos negros envolvidos foram relembrados.
Maria Helena Machado (1988), no artigo Em torno da autonomia
escrava: uma nova direção para a história social da escravidão, ao
apresentar considerações acerca da historiografia da escravidão no
Brasil, destacou a necessidade de aprofundar o conhecimento acerca do
papel do escravo no processo de consolidação da sua liberdade.
Segundo Machado12, “a historiografia da escravidão esforça-se hoje para
superar as visões pessimistas a respeito do escravo e do liberto,
mergulhando nas fontes documentais que permitem reconstruir a
realidade da escravidão, não necessariamente sob o ponto de vista
heróico, mas realista”. Além de promover uma reavaliação do papel do
africano e seus descendentes em todo contexto do escravismo no Brasil
outros temas provocam diálogos a respeito de questões referentes à
identidade negra, ações afirmativas e políticas reparatórias, convergindo
para a valorização da trajetória de luta do povo negro e sua integração
sociopolítica.
A partir dos anos 1970, com a entrada significativa dos
movimentos negros no cenário político brasileiro, o Estado e a sociedade
passaram a discutir estratégias de combate ao racismo. Em Visões
11
GONÇALVES, Um defeito de cor. 2007. p. 499-500.
12
MACHADO, Em torno da autonomia escrava. 1988, p. 160.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 147
sobre as políticas de ação afirmativa, Rosana Heringer apresentou os
resultados da pesquisa “Discriminação racial e preconceito no Brasil”,
de 2003, pontuando o avanço no debate em torno das chamadas ações
afirmativas. Se, por um lado, ela percebeu a manutenção do “racismo
cordial” brasileiro — “aquela estranha condição de uma nação em que o
racismo está presente, porém aparentemente sem os agentes da
discriminação”13—, por outro, revelou a presença cada vez mais visível
do governo em debates sobre o tema, tornando mais difícil “varrer para
debaixo do tapete” a desigualdade racial brasileira. Somando-se a isso,
Rosana Heringer demonstrou em sua pesquisa que a aceitação positiva
a este tipo de ação aumentou se comparado ao resultado gerado por
uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 1995.14
Lançando um olhar sociológico ao que denominou Racismo à
Brasileira Edward Telles afirmou que a resistência às demandas da
população negra brasileira decorreu da contradição que as
reivindicações representam à ideologia da democracia racial e esse
quadro só começou a mudar com a queda desse mito, em fins dos anos
1970 e início dos anos 1980 e a formação do Movimento Negro
Unificado, em 1978, teve um papel definidor nesse sentido.15
Segundo Telles, já nos anos 1980, alguns estados implementaram
conselhos especiais sobre a condição dos negros. Em 1985, foi proposta
em nível federal pelo então Presidente da República José Sarney a
implementação de um Conselho Negro de Ação Compensatória, que não
chegou a ser concretizado. Entretanto, no centenário da assinatura da
Lei Áurea, a criação da Fundação Cultural Palmares trouxe a
possibilidade de inserção da população negra num espaço antes
destinado apenas às elites: a produção e o desenvolvimento cultural.
Foi ainda em 1988 que se assistiu à criminalização da prática do
13
HERINGER, Visões sobre as políticas de ação afirmativa. 2005. p. 55.
14
Sobre ambas as pesquisas e seus resultados, Cf. HERINGER, 2005.
15
TELLES, Racismo à brasileira. 2003, p. 70.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 148
racismo, legitimando mudanças no poder judiciário que garantiam a
expansão dos direitos da gente negra. Nos anos 1990 este debate
adentrou a academia e
16
TELLES, Racismo à brasileira. 2003, p. 76.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 149
escrita. Desse modo, segundo as formulações de Pesavento, um
romance histórico não se obriga à transmissão de verdades imutáveis
ou discursos de realidade e o historiador que se serve deste tipo de
literatura o faz com o propósito de cruzar narrativas percebendo as
aproximações e distanciamentos possíveis.17
Neste sentido, a análise de Um defeito de cor possibilita este
diálogo de temporalidades, bem como possibilita a visualização do papel
político e reparatório assumido pela obra. Em Trajetos de uma forma
literária, Perry Anderson (2007), afirmou que o romance histórico foi,
quase que por definição, o mais consistentemente político e essa
politização do romance fica evidente na obra em questão. Através da
saga de Kehinde, representa-se o papel do negro nas lutas de
resistência, em especial da mulher negra e, em certa medida, a
afirmação de uma identidade, uma vez que incita a pesquisa e estimula
a revisitação de temas relacionados às memórias do povo negro.
Vê-se assim que Ana Maria Gonçalves escreveu uma narrativa
influenciada pela emergência destes debates e tornou audível a voz do
escravizado, muitas vezes (oficialmente) considerado vencido em lutas
pela liberdade.
Não há dúvida de que Um defeito de cor é um texto ficcional e, por
vezes, parece se estender mais que necessário, afinal, são 952 páginas.
A narrativa, que flui rapidamente nos capítulos iniciais perde o ritmo
em determinadas passagens, talvez pelo excesso de detalhes e pela
tentativa de abarcar muitos fatos históricos de num único romance.
Todavia, Ana Maria Gonçalves atendeu ao apelo de resgatar histórias
singulares, reproduzindo sentimentos, fantasias e aspirações sem,
contudo, se desvencilhar da utilização de fontes documentais, o que é
evidenciado pela apresentação de referências bibliográficas e fontes
primárias ao final do texto, artifício que se faz presente em romances
históricos para convencer o leitor da autenticidade do escrito.
17
PESAVENTO, História & história cultural. 2008, p. 83-84.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 150
Certamente, esta foi uma estratégia da autora para dar credibilidade ao
seu produto, cuja leitura vincula o indivíduo ao contexto narrado.
Retomar trajetórias de vida como a de Kehinde, verdadeiras ou
não; reais ou fictícias; inventadas ou reveladas, traduzem a
independência, a ousadia e, mais que isso, a presença marcante e
definitiva do negro na história do país como ser autônomo, consciente e
determinado. Torna-se a revelação do percurso do negro que lutou e
mesmo quando caiu não se deu por vencido. E, porque não dizer, uma
versão silenciada da história do vencedor.
Referências Bibliográficas
Introdução
O Candomblé, uma das diferentes formas de expressão da
religiosidade afro-brasileira, possui pedagogia própria. Pedagogia
entendida, segundo Vera Maria Candau3, como a teoria que orienta o
processo ensino-aprendizagem a partir do “como fazer”, do “para que
fazer” e do “porque fazer”. É, portanto, uma teoria subjacente a pratica
educativa que se realiza e que pode acontecer tanto dentro, como fora
do espaço escolar. Isto porque a educação é compreendida como uma
pratica social produzida em um tempo e lugar. Marialda Jovita Silveira4
diz que a educação é um fenômeno interacional, produzido por pessoas
que desejam construir uma realidade a partir da escolha de um
conjunto de estratégias e meios que a sociedade colocou em pratica
para transmitir seus valores às gerações futuras e dessa forma
perpetuar suas identidades.
1
Texto apresentado em conferência no em I Colóquiuneo Africanidades Sala de Aula, ocorrido na
Universidade de Pernambuco, campus Petrolina, em novembro de 20910.
2
Mestre em Educação e Contemporaneidade (Uneb), pedagogo do IFBA/ campus Valença (BA), assogbá
do terreiro vintém de prata (Salvador-BA).
3
CANDAU, 1983
4
SILVEIRA, 2003, p.23.
5
FREIRE, 1987, p.32
6
CONCEIÇÃO, 2006
Conflitos
7
PRANDI, 2001, p.40-41
8
CAPONE, 2004, p.54
9
SIQUEIRA, 1998, p.56
Aprendizagem Vivenciada
Objetividade e Subjetividade
Senioridade
Referências
INTRODUÇÃO
A estrutura curricular e a dinâmica cotidiana da educação
escolar brasileira ainda funcionam a partir de um tipo ideal de aluno e
de professor que correspondem a um ser branco, masculino, cristão,
heterossexual, jovem2, excluindo, mesmo estando no interior da
instituição escolar, os sujeitos considerados fora desse modelo
universal, como é o caso dos negros. Através de vários mecanismos
sutis e cotidianos3, como o silenciamento, invizibilidade e
desvalorização das culturas e histórias dos africanos e afrobrasileiros,
a escola tem contribuído para a ratificação de preconceitos contra
esses grupos sociais e para o recalque de suas identidades, negando a
diversidade racial presente na sociedade e em seu interior, incorrendo
no erro da homogeneização e do universalismo. Assim,
1
- Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia- UNEB/ Salvador-
BA. Especialista em Educação e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Estadual de Santa Cruz –
UESC/Ilhéus – Ba. Especialista em História do Brasil pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/
Ilhéus- Ba.
2
- Vianna, 1998.
3
- Bourdieu, 1996.
4
- (CAVALLEIRO, 2001, p.84 apud GOMES, 2001).
5
- Ver Silva, 2003; Petean, 2008; Oliva, 2003.
6
- Ver Davis, 2000; Menezes, 2002; Meirelles, 2008.
7
- Almeida, 2010.
8
- Gomes, 2005.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
9
- Diário Oficial da União, Brasília, 10 de outubro de 2003.
10
- ( SANTOS, 2007, p. 46).
11
- Cavalleiro, 2001.
12
Ver Teixeira, 2003; Queiroz, 2004; Medeiros, 2007.
5 - REFERÊNCIAS
Introdução:
1
Mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Professor de História da América e
História Medieval da Faculdade Cenecista de Senhor do Bonfim (FACESB).
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 174
autor da obra Tratado Descritivo do Brasil(SOUZA,1971). Todos eles
deixaram testamentos, na ocasião de suas mortes, e estes por serem
registrados em diferentes datas, servirão como uma base das representações
diante da morte naquele contexto histórico, das mentalidades e cultura das
altas camadas da população baiana quinhentista.
As fontes serão analisadas através da abordagem micro-histórica
proposta pelo historiador Carlo Ginzburg, em seus artigos Sinais: Raízes de
um paradigma indiciário. (GINZBURG, 1989) e O inquisidor como antropólogo:
Uma analogia e as suas implicações.(GINZBURG, 1989.). Com o rigor e a
observação minuciosa dessas fontes poderemos captar diversas informações
que auxiliam na compreensão das atitudes culturais, religiosas e mentais
dos moradores abastados da Bahia do século XVI e início do XVII.
Utilizaremos como referencial teórico para conseguirmos compreender
estas relações entre vivos e mortos na sociedade baiana, a proposta sugerida
pelo historiador Roger Chartier, na sua obra - História Cultural: Entre
Práticas e Representações (CHARTIER, 1988). Os conceitos de prática e
representação são caros para esta análise, pois possibilitam a discussão
acerca das representações diante da morte, dos rituais, da religiosidade,
entre outros aspectos. A prática se torna visível na medida em que
observamos como esta elite da população baiana lidava com a convivência
com os mortos, já que esta transitava próxima de onde os cadáveres eram
enterrados, e como se produziam os testamentos, uma vez que expressavam
os últimos desejos do morto, estes que estavam carregados de influências de
uma imposição moral, cultural e religiosa da Igreja Católica.
2 Discute também, neste momento, a questão do cadáver, as sepulturas, o quarto do moribundo, entre outros.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 176
impressionar os observadores sociais. É, na realidade, um
fenômeno absolutamente inaudito. A morte, outrora tão
presente, de tal modo era familiar, vai desvanecer-se e
desaparecer. Torna-se vergonhosa e objecto de um
interdito(ARIÈS, 1989, p. 55.).
3 Estas guerras de Religião as quais Delumeau se referiu são as que ocorreram no século XVI, momento da
Reforma Protestante.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 178
mistérios e medos, mais ao mesmo tempo presente no cotidiano e cultura da
população.
Passando à historiografia brasileira sobre o assunto, destacamos as
obras de João José Reis e de Kátia Mattoso. Que discutiram acerca das
atitudes perante a morte na sociedade baiana oitocentista. O historiador
João José Reis em sua obra A Morte é uma Festa: Ritos Fúnebres e Revolta
Popular no Brasil do Século XIX ( REIS, 1992. ), teve como temática central
do seu estudo o movimento da Cemiterada, que ocorreu em Salvador, na
primeira metade do século XIX, e que teve por objetivo principal protestar
contra a mudança do local de enterros da população soteropolitana, que
passaria do interior das igrejas para o cemitério do Campo Santo, naquela
época, em 1836, recém-construído.
Para entender a motivação daquelas pessoas que destruíram o
cemitério, Reis observou vários aspectos da vida e sociabilidade dos baianos
do século XIX no que se referiam aos ritos fúnebres, as atitudes perante a
morte, religiosidade, o papel das irmandades nesta construção, e a
importância destes simbolismos para aquela população. Como Reis
argumentou: “A Cemiterada foi um episódio que teve como motivação central
a defesa de concepções religiosas sobre a morte, os mortos e em especial os
ritos fúnebres, um aspecto importante do catolicismo barroco.” ( REIS,1992,
p. 49.). E como essas tradições arraigadas foram se deparando com
contrapontos e críticas por parte de médicos e intelectuais que propunham a
civilidade de costumes e viam estes enterros no interior dos templos uma
atitude irresponsável e perigosa: “Os médicos viam os enterros nas igrejas
por uma ótica radicalmente diferente [...] para eles, a decomposição de
cadáveres produzia gases que poluíam o ar, contaminavam os vivos,
causavam doenças e epidemias. Os mortos representavam um sério
problema de saúde pública.”( REIS, 1992, p. 247.).
Assim, João José Reis, conseguiu esmiuçar as características desta
população de Salvador, seus confrontos e conflitos, mediante a construção
de uma História Social do período, e entender como esta revolta popular, em
Sobre os testamentos
4
Se referindo aos libertos na Bahia do século XIX Kátia Mattoso afirmou: “ visto que o liberto pode testar, ele
testará e registrará suas últimas vontades, planejará seu enterro e a distribuição dos bens que possui. Eis aqui um
magnífico material para um estudo das mentalidades e dos comportamentos”. (MATTOSO, 2004, p. 228.).
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 181
Regra geral, o testamento é o ato pelo qual o indivíduo lega aos
seus herdeiros obrigatórios, ascendentes ou descendentes, ou,
na falta destes, a terceiros, os bens que possuía quando vivo.
Há, porém, casos em que o testador falece sem deixar
nenhuma fortuna. Trata-se, então, de um testamento
espiritual, em que são consignadas as últimas vontades do
testador em relação ao modo de seu sepultamento e as várias
devoções de caráter religioso (missas, esmolas aos pobres,
etc.), do cumprimento das quais são encarregados membros de
sua família, parentes ou terceiros.( MATTOSO, 2004, p. 173.).
5 “Garcia d´Ávila tem descendência através de uma filha natural, a mameluca Isabel d Ávila (1554-1593), que
casando-se com Diogo Dias (1552-1597), um neto de Caramuru, lhe dá um neto, o 1° Francisco Dias d Ávila
(1580-1640), herdeiro do já vasto patrimônio do início do século XVII[...]” (PESSOA, 2003, p.86.).
6 “A trajetória da Casa da Torre se confunde com as vicissitudes enfrentadas pelas populações indígenas de
boa parte do nordeste ao longo do período colonial.” (PESSOA, 2003, p. 135.).
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 183
gerações que preservaram e ostentaram o seu poderio e tradição. Sobre sua
riqueza e poder Pedro Calmon complementou:
No fim de julho chegou aqui uma caravela d´El- Rei que trazia
gado; esta deu nova, com Men de Sá, governador, partira de
Cabo Verde,[...] primeiro que este navio três dias; espantam-se
todos não ser já aqui, e tememos haver arribado, ou permittir
Nosso Senhor algum desastre, para que venha sobre esta terra
toda perdição e desconsolação possivel, porque até a feitura
desta, não é chegada. (NÓBREGA, 1988, p. 170.)
Sua morte ocorreu no ano de 1572, três anos após ter deixado seu
testamento, e foi sentida pela população colonial. “Mem de Sá alcançou-lhe a
vida apenas para ver chegar o seu sucessor, e depois o abandonou, após
uma hábil e prospera administração de quatorze anos.” (SOUTHEY, 1981, p.
226.). Pouco depois da morte de Luís Fernandes de Vasconcelos, vitimado
por ataque de corsários “Morreu de sua enfermidade o governador Mem de
Sá, que o estava esperando para ir-se pera o reino, mas queria nosso senhor
leva-lo pera outro reino melhor, que é o do céu, por sua vida e morte e
principalmente pela misericórdia divina se pode confiar.” ( SALVADOR,
1982, p.175.). Assim terminaria um governo marcante, que se imbricou com
a trajetória pessoal de Mem de Sá. “Em Salvador, às 10 horas da manhã de
domingo do dia 2 de março de 1572 falecia o grande Governador, confortado
com os sacramentos da igreja” (WETZEL, 1972, p. 229.).
O último sujeito de estudo chamava-se Gabriel Soares de Souza e era
natural de Portugal. Aproximadamente no ano de 1567, quando era
acompanhante de uma expedição, arribou na Bahia, preferindo permanecer
nesta cidade quanto a frota retomou a viagem. Em terras coloniais acabou
adquirindo prestígio, “ chegando até a fazer-se senhor de engenho de açúcar
no rio Jequiriçá. (SOUSA, 1971, p. 15.). Frei Vicente do Salvador também
registra a sua influencia “Era Gabriel Soares de Souza um homem nobre dos
que ficaram casados nesta Bahia” (SALVADOR, 1982, p. 262.).
Quando da morte de seu irmão João Coelho, grande conhecedor dos
sertões, este lhe deixou um itinerário com uma rota para descobrir várias
7 “ o intento de Gabriel Soares levava nesta jornada era chegar ao rio São Francisco e depois por ele até a lagoa
Dourada, donde dizem que tem seu nascimento e pera isto levava por guia um índio por nome Guaraci, que Quer
dizer sol, o qual também se lhe pôs e morreu no caminho, ficando de todo as minas obscuras até que Deus,
verdadeiro sol, queira manifestá-las” (SALVADOR, 1982, p. 264.).
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 189
seguinte século pois essas minas se achavam evidentemente
no distrito da província, que, pelas que depois nela se
descobriram, se ficou chamado de Minas. (SOUSA, 1971,
p.17.).
Os testamentos
8 “ testamento nuncupativo é o testamento oral feito pelo testador e transcrito em documento elaborado pelo
tabelião na presença de testemunhas. Este ato de testar pode ser feito no tabelionato ou no próprio domicílio do
testador, se este estiver impossibilitado de se locomover.” (MATTOSO, 2004, p. 167.).
9 Para que seu corpo fosse amortalhado ele daria a quantia de cinqüenta cruzados.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 192
pelos padres do Mosteiro do Carmo, tendo esses clérigos como pagamento
quatro mil-réis.
A partir daí inicia a descrição dos seus bens e a divisão da sua
fortuna, e não deixou de expressar todas as benfeitorias realizadas nas suas
terras como a construção de capelas e na evangelização dos índios. Sobre
suas terras ele declarou:
10 O que demonstra a relação deste abastado senhor de terras com os cristãos-novos, descendentes de judeus
que foram convertidos à força ao Catolicismo pelo monarca português D. Manuel, em 1497.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 196
ordens religiosas influentes na colônia, e queria ser acompanhado por
religiosos destas duas ordens.
Devido a instabilidade e rotatividade dos colonos dos quinhentos e
seiscentos, não se sabia ao certo o local onde iria falecer, então Gabriel
Soares colocou no seu testamento hipóteses de locais onde poderia vir ao
óbito e como gostaria que se procedesse em cada caso: falecendo em
Salvador, solicitava o seu enterro na capela-mor de São Bento com o
seguinte escrito em sua lápide “aqui jaz um pecador”. Se estivesse no mar ou
na Espanha, o seu enterro deveria ser feito junto ao tumulo de sua esposa,
Ana de Argolo, que havia falecido antes, no Brasil.
No momento do trajeto do seu corpo em direção ao local do enterro,
Gabriel Soares solicitou que dois pobres o acompanhassem, e que fossem
recompensados por isso, este era outra prática funerária comum na Bahia
colonial. Os sinos não precisariam badalar neste momento, assim o queria.
Com relação as doações, deixava à Santa Casa de Misericórdia quarenta mil
réis e à Confraria do Santíssimo Sacramento cinco mil réis. Mesmo com
todo o cerimonial costumeiro, que este senhor de engenho seguiu, preferia
que não houvesse pompa no seu enterro.
As missas rezadas foram lembradas por Gabriel Soares no seu
testamento. O número de missas e os dias para a realização das mesmas.
Seriam 150 missas rezadas e 15 cantadas. No seu testamento ele especifica
e detalha com queria as mesmas, com o intento de, ao termino destas que
sua alma saísse do purgatório. Seus pais também foram lembrados, e para
eles, Gabriel Soares encomendou algumas missas.
Com os seus bens, separou uma quantia como dote para cinco
mulheres pobres, com o objetivo de auxiliar no casamento delas. O dote era
muito importante nos casamentos como afirmou a historiadora Maria
Beatriz Nizza da Silva “ A preocupação dos pais com o dote das filhas
transparece tão claramente na documentação do período colonial, que vemos
mesmo nos testamentos a utilização da Terça para ajudar a constituir dotes
às filhas casadouras” (SILVA, 1984. p. 101.). Como Gabriel Soares não tinha
herdeiros diretos, deixou uma parte dos seus bens para suas irmãs que
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 197
moravam em Lisboa. Também pediu para que o testamenteiro, que foi o Frei
Antônio Ventura, quitasse suas dívidas, que estavam no seu livro de contas.
Após realizado um inventário de sua fazenda, solicitava que fossem
vendidos os seus bens para pagar suas dívidas “para que minha alma não
pene na outra vida”. Isto demonstra o temor da morte e de não ir ao paraíso,
com isso querendo honrar todos os seus compromissos e demonstrar suas
virtudes, e com isso angariar um lugar no céu.
Deixou a maioria dos seus bens para o Mosteiro de São Bento, em
Salvador, com a condição que fosse enterrado lá, com sua mulher, na
capela-mor. Condição esta que se cumpriu. E também a obrigação, por parte
dos beneditinos, de rezar, todos os dias, pela sua alma. Gabriel Soares fez o
testamento de punho próprio e o assinou, o mesmo foi aprovado onze dia
depois de sua conclusão, no dia 21 de agosto de 1584. Sua abertura se deu
em dez de julho de 1592.
No dia 28 de junho de 1569, o governador geral Mem de Sá, iniciou a
elaboração do seu testamento, declarando a sua lucidez e entendimento. Ele
próprio encarregou-se de escrever o documento “de minha letra e Sinal”
(INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL, 1954, p. 3.) , ou seja, era um
testamento místico11. Primeiramente encomendou sua alma a virgem Nossa
Senhora e a Jesus, pedindo perdão e misericórdia, pois, segundo sua
consciência, viveu e morreu como católico. Para justificar sua boa conduta e
o mérito da sua ida ao Paraíso, começou a indicar seus feitos e boas obras
ao cristianismo.
Com relação ao seu enterro, estando em Salvador no momento do seu
óbito, pediu para ser enterrado no mosteiro de Jesus, “dentro da capella da
igreja nova onde me poram hua pedra em cima do meu corpo da melhor que
se achar de seis palmos de largo e oito e meio de comprido com letras que
11 “Testamento místico é escrito pelo próprio punho ao testador e entregue fechado e lacrado ao tabelião. Essa
prática permite ao testador guardar o segredo de suas intenções de última vontade, e é o privilégio de pessoas
alfabetizadas que possuem desejos e meios de aceitar um processo um pouco mais complicado do que o imposto
pelo testamento nuncupativo. O documento lacrado deve ser entregue ao tabelião na presença de testemunhas
que referendem sua autenticidade ou, pelo menos, sua origem. Nas mãos do tabelião permanece até que a morte
do de cujus o faça abrir na presença de testemunhas e de herdeiros.” (MATTOSO, 2004, p. 167.).
Macho em igual grão o não herde fêmea ainda que seia mais
velha e vindo a duvida de filho e neto que o herde o neto e
esta ordem se guardara nas fêmeas não avendo machos porem
sendo o neto de femea e o filho macho precedera a fêmea e
fallecendo os ditos meus filhos sem filhos nem netos de
legitimo matrimonio se Francisco de saa tiver algum filho de
molher branca que não fosse escrava nem preta nem da índia
ou do Brasil este em tal caso herdara o morgado e não tendo
filho e tendo filha fêmea ávida da mesma maneira ella quero
que o herde este morgado. ( INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO
ÁLCOOL, 1954, p. 7.).
12 “Que lhe peso e mereço e morrendo a fara a meu filho e me ajudara a cazar minha filha e lhe dara dote com
o que se cazase muito honradamente” ( INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL, 1954, p.10.).
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 200
Bahia “ vinte mil réis não lhos dando em vida e lhe darão mais dezassete mil
réis per hua obrigação de hum defunto cujo testamenteiro fui.” ( INSTITUTO
DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL, 1954, p.15.). Com relação as dívidas temos a
seguinte listagem: ao Mosteiro de São Francisco de Lisboa, a Fazenda Real,
Sebastião de Morais, aos herdeiros de Sebastião Machado e Gaspar
Lourenço, Pero Gonçalves, Francisco Barreto, aos seus criados e a dívida
pala posse de um escravo fugido. Destinou ainda duas escravas da guiné
para seus filhos. “ tenho duas escrava de guine por nome antonia e outra
por nome maria que estão em poder de Diogo da Rocha e estas se levarão ao
reino e se daram a meus filhos pera cada hum a sua a saber antonia a
francisco de saa meu filho e maria a dona filipa minha filha” ( INSTITUTO
DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL, 1954, p.17.). Havia uma alforria do escravo de
Diogo de Sá, que só receberia esta concessão após sua morte e cinco anos de
serviço. “ falecendo no brasil deixo a domingos gomes forro depois de servir
cinquo anos no engenho de seregipe ou no do ilheos”( INSTITUTO DO
AÇÚCAR E DO ÁLCOOL, 1954, p.16.).
Para testamenteiro no Brasil deixou a cargo do jesuíta Luís da Grã ou
então do provincial que estiver no cargo na sua morte, a Diogo da Rocha,
seu sobrinho e a Vicente Monteiro. Em Portugal, deixou nas mãos de Fernão
Rodrigues de Castelo Branco, Antônio de Sá e Jeronimo Pereira de Sá, que
era seu sobrinho. Para a elaboração do seu testamento, Mem de Sá levou
cerca de três meses, entre junho e setembro de 1569, então ao seu término,
passou o testamento com testemunhas presentes e pediu para guardar e
cumprir sua vontade.
Considerações finais
FONTES
Impressas:
INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL. Documentos para a história do
Açúcar. Rio de Janeiro, Instituto do açúcar e do álcool, 1954. Vol. III.
REFERÊNCIAS
REIS, João José. A Morte é uma Festa: Ritos Fúnebres e Revolta Popular
no Brasil do século XIX. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.
VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. São Paulo, ed.
Melhoramentos. 1975. Tomo I.
1 INTRODUÇÃO
1
Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduando em bacharelado na
mesma universidade. Foi bolsista voluntário de iniciação científica no Núcleo de Estratégia e Relações
Internacionais (Nerint) da UFRGS.
3 MARXISMO-LENINISMO-MAOÍSMO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Introdução
1
Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e bolsista
de Iniciação Científica (CNPq/PIBIC). [email protected] - telefone: (77) 8819-3563 -
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9263482250103708.
2
Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Rdq-
[email protected] – telefone: (77) 8822-6461.
3
Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
[email protected] – telefone: (77) 8837-1842.
4
Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
[email protected] – telefone: (77) 8818-7785 - Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0102257750698316.
5
Professor adjunto da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Doutor em Educação
pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). [email protected] Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1274035318009124.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 218
Patagônia, no Loteamento Kadija, na cidade de Vitória da Conquista-
BA. Esta escola atende alunos dos bairros Comveima I e outros
circunvizinhos. Entretanto, o espaço utilizado pela unidade escolar
não é pertencente à escola, pois o prédio é alugado em decorrência
das péssimas condições de estrutura física em que se encontrava o
colégio de origem, no Bairro Comveima I.
Essa pesquisa tem como finalidade verificar se o discurso da
professora entrevistada consegue compreender o currículo para sua
aplicação na prática escolar.
Para a coleta dos dados foi realizada uma entrevista semi-
estruturada com uma professora dos anos iniciais do ensino
fundamental.
Teorias Curriculares
6
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2007.
7
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da.Sociologia e teoria crítica do currículo:
uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e
sociedade. ed.7. São Paulo: Cortez, 2002.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 219
descrição das especificidades de um novo campo que marca a teoria
tradicional do currículo escolar, com o intuito voltado para o
“processo de racionalização, sistematização e controle”.8
No contexto de pós-guerra civil, ocorreu a submissão da
economia pelo capital industrial, monopolizando a livre competição.
Devido a esse sistema de monopólio, a produção passou a crescer,
apresentando a necessidade de ampliação da indústria e contratação
de novos trabalhadores. A sociedade, então, assume outra ideologia
com suas funções direcionadas ao que é proposto pela
industrialização. Exige-se excelente desempenho durante toda a
escolaridade e enfatiza-se que o sujeito possua força de vontade,
ambição e competência para construir sua carreira profissional e
chegar sempre há um patamar mais elevado. A escola entra nesse
processo como forma de dar prosseguimento aos interesses que
compunham a valorização da economia, homogeneizando as gerações
recentes e futuras com o objetivo de padronização.9
A partir de todos os acontecimentos nesse período, Bobbitt foi o
primeiro a escrever uma obra relacionada ao currículo, intitulada The
Curriculum, que obteve grande repercussão. Bobbitt, inspirado no
Taylorismo, trouxe uma mecanização para as escolas. Estas deveriam
ser padronizadas como são as fábricas, sendo os conhecimentos
distribuídos igualmente a todos os alunos e em todas as localidades,
ou seja, não havia a possibilidade de se admitir a subjetividade do
indivíduo, pois até a linguagem utilizada deveria ser eminentemente
industrial. Para que todos esses procedimentos ocorressem como
pensados, seria necessário um método infalível e que desse conta de
8
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da.Sociologia e teoria crítica do currículo:
uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e
sociedade. ed.7. São Paulo: Cortez, 2002, pag.: 9.
9
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da.Sociologia e teoria crítica do currículo:
uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e
sociedade. ed.7. São Paulo: Cortez, 2002.
10
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2007.
11
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2007.
12
SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
13
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da.Sociologia e teoria crítica do currículo:
uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e
sociedade. ed.7. São Paulo: Cortez, 2002.
14
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da.Sociologia e teoria crítica do currículo:
uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e
sociedade. ed.7. São Paulo: Cortez, 2002.
15
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983, pag.: 35,36 e 43.
16
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983.
17
SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, pag.:31 e 32
18
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983, pag.: 35,36 e 43.
19
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983.
20
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983.
21
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983.
22
SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, pag.:35
23
GIROUX, Henry. Pedagogia radical. São Paulo: Cortez, 1983.
24
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da.Sociologia e teoria crítica do currículo:
uma introdução. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e
sociedade. ed.7. São Paulo: Cortez, 2002, pag.: 14
25
PACHECO, José Augusto. Estudos curriculares: para a compreensão crítica da educação. Correio da
Educação, 2007. Disponível em:http://www.asa.pt/CE/Estudos_curriculares.pdf. Acesso em: 10 de Nov.
de 2010, pag.:4
26
SOUZA E MELLO, Maria Lucia de. Estudando o currículo com gênero do discurso. GT 12.
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT12-4568--Int.pdf. acesso em: 10 de
Dez. de 2010
27
SOUZA E MELLO, Maria Lucia de. Estudando o currículo com gênero do discurso. GT 12.
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT12-4568--Int.pdf. acesso em: 10 de
Dez. de 2010
28
SOUZA E MELLO, Maria Lucia de. Estudando o currículo com gênero do discurso. GT 12.
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/31ra/1trabalho/GT12-4568--Int.pdf. acesso em: 10 de
Dez. de 2010, pag.: 7
29
SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. ed. 3. Porto Alegre: Artmed, 1998.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 227
modelo estatal vigente, ou seja, existe uma política curricular que
determina e seleciona o que deve ser ensinado nas escolas e ao mesmo
tempo permite que estas adaptem o currículo diante de seu contexto.
Pode-se identificar como adaptação do currículo nas instituições,
mais especificamente na Escola Municipal Maria Santana localizada na
cidade de Vitória da Conquista, o Projeto Político-Pedagógico, que
começa fazendo um levantamento histórico da escola e caracterizando-a
diante da realidade local. A partir do discurso da professora
entrevistada foi possível identificar o currículo moldado tendo como
base esses pressupostos:
30
Docente entrevistada das séries iniciais do ensino Fundamental, com objetivo de analisar o seu
discurso sobre o entendimento de currículo.
31
SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise prática? In:
SACRISTÁN, J. Gimeno; GOMÉZ, A. I. Pérez. Compreender e transformar o ensino.4. ed. São Paulo:
Artmed, 2000, pag.: 128.
HISTORIEN – REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina out/abr. 2011. Página 228
O currículo nunca é somente um elemento neutro de
conhecimentos, que aparece de forma descontextualizada nas salas
de aula. Parte de uma “tradição seletiva”, que é selecionado por
sujeitos com concepções próprias para definição do conhecimento
visto como verdadeiro. Em virtude disso, é fruto de “tensões conflitos
e concessões culturais, política e econômicas que organizam um
povo”. 32
32
APPLE, W. Michael. A política do conhecimento oficial: faz sentido a idéia de um currículo nacional?
In: MOREIRA, Antonio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). 7. ed. São Paulo: Cortez, 2002, pag.: 59.
33
SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. ed. 3. Porto Alegre: Artmed,
1998.
34
SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. ed. 3. Porto Alegre: Artmed,
1998.
35
Docente entrevistada das séries iniciais do ensino Fundamental, com objetivo de analisar o seu
discurso sobre o entendimento de currículo.
36
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos
parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
37
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos
parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
38
Docente entrevistada das séries iniciais do ensino Fundamental, com objetivo de analisar o seu
discurso sobre o entendimento de currículo.
Considerações Finais
39
Docente entrevistada das séries iniciais do ensino Fundamental, com objetivo de analisar o seu
discurso sobre o entendimento de currículo.
40
CAVALIÉRI, Ana Maria Villela. Uma escola para a modernidade em crise considerações sobre a
aplicação das funções da escola fundamental. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Currículo:
políticas e práticas. ed. 7. Campinas, SP: Papirus, 1999, pag.:116
REFERÊNCIAS
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1
Professora de História da Educação do Departamento de Ciências Humanas e Letras da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. Mestranda em Educação-PUC/MG. Membro do grupo de pesquisa
“Educação e Relações Étnicas com Ênfase em Culturas Afro-brasileiras”, CNPq e docente no programa
de extensão universitária do Órgão de Educação e Relações Étnico-raciais com Ênfase em Culturas Afro-
Brasileiras, ODEERE/UESB. E.mail: [email protected].
2
Órgão de Educação e Relações Étnico-raciais com Ênfase em Culturas Afro-Brasileiras, da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia.
3
Atualmente 11.645/2008, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena. Uma conquista justa pelos indígenas brasileiros.
4
Conferência proferida na PUC/SP,em outubro de 1996.
5
Expressão criada na primeira metade do século XX para difundir a crença de que, se os negros não
atingem os mesmos patamares que os não-negros, é por falta de competência ou interesse,
desconsiderando as desigualdades históricas que a estrutura social expôs aos negros. Durante o Regime
Militar no Brasil, o governo centralizador, através do “Mito” da democracia racial, se encarregou de
disseminar a ideologia de uma sociedade igualitária em que as raças se irmanam. O mito da democracia
racial teve em Florestan Fernandes o seu mais severo crítico. (Cf. Fernandes, A integração do negro na
sociedade de classes. Vol. 1. São Paulo: Ática, 1978, p.43-270).
6
De acordo com GONÇALVES e SILVA (2004), ações afirmativas podem ser definidas como “[...] um
conjunto de ações políticas dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais, orientadas para oferta
de tratamento diferenciado com vistas a corrigir desvantagens e marginalização criadas e mantidas por
estrutura social excludente e discriminatória.” (GONÇALVES & SILVA, 2004, p. 12).
7
É válido ressaltar que fazem parte do conjunto de atividades do ODEREE/UESB o Projeto
ODEEREZINHO-Educação e Culturas Afro-brasileiras para crianças e adolescentes e os eventos: Semana
de Educação da Pertença Afro-brasileira, Encontro de Combate a Discriminação Étnica e a tradição do
Caruru de Cosme Damião Erês, Ibejis e Wunje que não serão objeto de discussão no presente trabalho.
11
O conceito de Raça aqui está sendo discutido conforme aponta Stuart Hall (2006, p.63), como sendo
uma categoria discursiva e não uma categoria biológica. Esse mesmo termo foi ressignificado pelo
Movimento Negro, que atribuiu a ele uma conotação política.
12
Tomaz Tadeu da Silva (1995), ao discutir o currículo escolar, se refere a esses saberes como “territórios
contestados”. Ver: Cultura, Identidades sociais: territórios contestados. Petrópolis RJ: Vozes, 1995.
13
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Este órgão tem como objetivo
planejar, orientar e acompanhar a formulação e a implementação de políticas educacionais, tendo em vista
as diversidades de grupos étnico-raciais como as comunidades indígenas, a populações afro-descendentes
dos meios urbano e rural e, neste caso, particularmente, as comunidades de áreas remanescentes de
quilombos. (Cf. Educação anti-racista : caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 / Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. – Brasília : Ministério da Educação, SECAD, 2005).
14
A opção pelo termo Formação Continuada utilizado aqui expressa a amplitude necessária do conceito
de construção do profissional. Essa formação não abrange apenas o professor, mas também inclui os
18
O Projeto ODEEREZINHO visa educar crianças e adolescentes para, desde cedo, conviver com as
diferenças, bem como, conhecer a história da cultura material e não material africana e afro-brasileira;
educar-se enquanto descendente de africano para positivar sua identidade afro-brasileira. Este é um
projeto direcionado para trabalhar com crianças que estejam matriculadas na rede oficial de ensino em
parceria com a prefeitura municipal de Jequié.
19
Professora Adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB.
20
A palavra forma aqui não está sendo empregada no sentido aristotélico, segundo o qual todas as coisas
são constituídas de matéria e forma, sendo a matéria aquilo do que o objeto é constituído e a forma a sua
configuração própria, que a distingue de tudo o mais. Esse é o modelo essencialista, metafísico, abstrato
de ver a formação. Mas compreendemos que a forma, a “essência” do educador, é constituída através de
seus atos e de suas interações com o mundo e com os outros.
Contexto, 2000
e Terra, 1996.
SANTOS, Sales Augusto dos. A Lei no 10.639/03 como fruto da luta anti-
racista do Movimento Negro. In Educação anti-racista : caminhos
abertos pela Lei Federal nº 10.639/03 /Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade. – Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, 2005.
Patrícia de Freitas1
3
ROCHA, Rosa M. de Carvalho. Almanaque pedagógico afro-brasileiro. Belo: Horizonte: Mazza
Edições, 2006. Recentemente foi lançada a coleção “A áfrica esta em nós”, um dos volumes foi reservado
as “Africanidades catarinenses”, ver referências.
Referências:
1
Graduanda em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), bolsista de iniciação
Científica-CNPq. E-mail: [email protected] – Telefone: (77) 8845-8721 – Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1291349215927267.
2
Profa. do Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Doutora
em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). E-mail: [email protected] – Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6102710300431983.
3
LINHARES, Maria Yedda. Pecuária, alimentos e sistemas agrários no Brasil (séculos XVII e XVIII).
Disponível em meio virtual < http://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg2-6.pdf>, consultado em
outubro 2010.
4
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. São Paulo:
Brasiliense/Publifolha, 2008.
5
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. São Paulo:
Brasiliense/Publifolha, 2008, p.158.
6
MATTOSO, Katia M. de Queirós. Bahia: a cidade do Salvador e seu mercado no século XIX. p.254.
7
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. São Paulo:
Brasiliense/Publifolha, 2008, p. 163-166.
8
MATTOSO, Katia M. de Queirós. Bahia: a cidade do Salvador e seu mercado no século XIX, p.255.
9
MATTOSO, Katia M. de Queirós. Bahia: a cidade do Salvador e seu mercado no século XIX, p.301.
10
ABREU, 1988, p.88-102. Apud Rodrigo F. Lopes. Nos Currais do Matadouro Público: O
abastecimento de carne verde em Salvador no século XIX. Disponível em e-mail virtual <
http://www.ppgh.ufba.br/IMG/pdf/Dissertacao_final.pdf>
11
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida ao senado da câmara em 10 de julho de
1780.
12
MATTOSO, Katia M. de Queirós. Bahia: a cidade do Salvador e seu mercado no século XIX.
13
SOUSA, Avanete Pereira. Poder Local, Cidades e Atividades Econômicas (Bahia século XVIII). São
Paulo 2003.
14
LOPES, Rodrigo Freitas. Nos Currais do Matadouro Público: O abastecimento de carne verde em
Salvador no século XIX. Disponível em e-mail virtual:
http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/pdfs/2p107.pdf>
15
DÓREA, Luís Eduardo. Os nomes das ruas contam histórias. Salvador: Câmara Municipal de
Salvador, 1999, p.87 e 95. Apud, Rodrigo F. Lopes. Nos Currais do Matadouro Público: O abastecimento
de carne verde em Salvador no século XIX. Disponível em e-mail virtual <
http://www.ppgh.ufba.br/IMG/pdf/Dissertacao_final.pdf.
16
LOPES, Rodrigo Freitas. Nos Currais do Matadouro Público: O abastecimento de carne verde em
Salvador no século XIX. Disponível em e-mail virtual:
http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/pdfs/2p107.pdf>
17
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida ao senhores do senado em 04 de março
de 1797.
18
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida aos senhores do senado em 4 de março
de 1797.
19
Carta do senhor José de Azevedo Almeida, marchante, presidente da província, apud, Rodrigo F.
Lopes. Nos Currais do Matadouro Público: O abastecimento de carne verde em Salvador no século XIX.
Disponível em e-mail virtual <http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/pdfs/2p107.pdf>
20
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida aos senhores do senado em 4 de março
de 1797.
21
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida aos senhores do senado em 4 de março
de 1797.
22
LOPES, Rodrigo Freitas. Políticos, Militares ou Monopolistas? Um olhar sobre o abastecimento de
carne verde na Bahia oitocentista. Disponível no site:
<http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/pdfs/2p107.pdf> consultado em outubro de 2010.
23
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida ao senado em 7 de novembro de 1792.
24
MATTOSO, Kátia M. de Queiroz. Bahia: A cidade do Salvador e seu comércio o século XIX. São
Paulo: Hucitec, 1978, apud, LOPES, Rodrigo Freitas. Políticos militares ou monopolistas?Um olhar
sobre o abastecimento de carne verde na Bahia oitocentista. Disponível no site: Disponível no site:
<http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/pdfs/2p107.pdf> consultado em outubro de 2010.
25
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida aos senhores do senado em 1797.
26
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida aos senhores do senado em 1797.
27
AHU – Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa, carta dirigida aos senhores do senado em 1797.
28
LENHARO, Alcir. As tropas da moderação: o abastecimento da Corte na formação política do Brasil,
1808-1842. São Paulo: Símbolo, 1979, p.45.
29
MATTOSO, Katia M. de Queirós. Bahia: a cidade do Salvador e seu mercado no século XIX. p.257 e
258.
REFERÊNCIAS
http://www.fafich.ufmg.br/temporalidades/pdfs/2p107.pdf
1
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. O presente trabalho foi realizado com
o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico–CNPq-Brasil. Email para
contato: Rua Manoel Cabeda Perez, n° 21; Jardim Isabel, Porto Alegre, RS. CEP: 91760-550. Fone: (51)
99860895; Email: [email protected]
2
Sobre o desenvolvimento histórico da Libéria e Etiópia entre 1880 e 1914, ver: ver: AKPAN, 1985,
p.263-294
3
Na bíblia judaica o seu nome não é mencionado. Na tradição etíope, a soberana chama-se Makeda. Nos
textos de origem islâmica, por sua vez, ela é conhecida como Balkis. De acordo com a lenda etíope, o
filho da Rainha de Sabá e do rei Salomão chamou-se Menelik I e teria reinado na Etiópia no século VIII
a.C, iniciando a dinastia salomônica que, com breves interrupções, governou o país até a deposição de
Hailé Selassié I, em 1974. Para mais informações, ver SOUZA NETO e MELO, 2010.
4
SILVA, 1996, p.174-175.
5
O rastafarianismo foi um movimento religioso, de caráter anti-colonialista, surgido na Jamaica a partir
de 1930, com a coroação de Ras Tafari Makonnen como imperador da Etiópia, sob o nome de Hailé
Selassié I. Seus adeptos afirmavam a divindade do imperador como encarnação terrena de Jah (Jeová).
Pregavam o retorno à África e viam a Etiópia como a „terra prometida‟ para os povos negros. Neste
sentido, ver: BARRET,1988; e RABELO, 2006.
6
Negus Negast („rei dos reis‟) era o título imperial etíope.
7
O Menelick. São Paulo, 15 de outubro de 1915. p.01
8
Conforme MIRANDA (2005, p.45), OLIVEIRA (2006, p.172) e FRANCISCO (2010, p. 129-130), as
menções à África nos respectivos jornais são reduzidas, o que de certa forma expressa a escassez de
informações sobre o assunto a que estavam submetidos os produtores desses periódicos. Exceção a essa
tendência são as referências à Abissínia e ao imperador Menelik II, que aparecem com mais frequência.
Os autores citados afirmam que os artigos referentes à Etiópia – e a África em geral – eram, por sua vez,
influenciados pelo pensamento de lideranças pan-africanistas como o jamaicano Marcus Garvey e o
norte-americano W. E. B. Du Bois, que nessa época mantinham algum contato com os jornais negros
paulistanos através do envio de exemplares de suas próprias obras e publicações. Estas eram, muitas
vezes, traduzidas e publicadas pelos jornalistas negros brasileiros.
9
O Getulino. Campinas, 20 de janeiro de 1924. p.02
13
O poema foi reproduzido no jornal pelotense A Alvorada. Pelotas, 24 de novembro de 1935, p.01
14
A Alvorada. Pelotas. 16 de julho de 1933. p.02. O antigo município de Cacimbinhas corresponde
atualmente ao município de Pinheiro Machado.
15
Na tradução inglesa da Bíblia, conhecida como King James Bible, publicada a partir de 1611, o termo
Ethiopia aparece cerca de 45 vezes. Nos textos atribuídos ao poeta Homero (Ilíada e Odisséia) também
encontram-se menções ao termo em mais de uma ocasião, assim como na História, de Heródoto.
16
Sobre a imagem que os europeus tinham da Etiópia em fins da Idade Média, MACEDO afirma: “A
partir do século XIII, a Etiópia passou gradativamente a ocupar lugar distinto no conjunto de estereótipos
difundidos na Europa cristã. Para tanto, contribuiu o fato de aquele espaço mal delineado ter sido
reconhecido como reino cristão. Cresceu o interesse por personagens etíopes próximos ou enquadrados na
tradição bíblica, como a célebre rainha de Sabá ou a suposta esposa etíope de Moisés. Popularizou-se a
idéia de que ali teria morrido São Tomé, o apostolo das Índias. Além disso, desde o princípio do século
XIV, o mito político-religioso atinente ao poderoso governante cristão das Índias Orientais, o Prestes
João, foi aplicado à Etiópia.” (MACEDO, 2001, p.122)
17
Os próprios portugueses chegaram a Abissínia por volta de 1487. Tentou-se uma aproximação
diplomática entre os monarcas abexins e os reis de Portugal, especialmente no que tange uma aliança
contra os muçulmanos na região. Durante esses contatos, os portugueses tentaram introduzir o catolicismo
entre a população abexim através do envio de missões jesuítas. Esses esforços se viram interrompidos
com a expulsão definitiva dos jesuítas da Etiópia, em 1636. Para mais informações a respeito dos contatos
entre a Europa e a Etiópia entre fins da Idade Média e o século XVII, ver: RAMOS, 1998.
18
Paul Henze acredita que “Menelik conscientemente estendeu sua fronteiras para incluir todos os
territórios que tinham formado o império medieval de Amde Tseyon.” (HENZE, 2000, p.152) A Ethiopia
da Antiguidade correspondia aproximadamente às regiões da Núbia, do Sudão e da atual Etiópia.
19
No entanto, o uso de tais terminologias por parte dos intelectuais do jornal A Alvorada para definir a
comunidade negra pelotense não se deu de forma simples e linear, encontrando alguma resistência entre a
população negra local e entre os próprios colaboradores do periódico. Para mais detalhes, ver
MARQUES, 2008, p.212-220.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOUZA NETO, João Maria Gomes de; MELO, Marcos José de. Literatura
Africana Antiga: Essa ilustre desconhecida. In: Revista Eutomia. Recife:
Ano II, vol. III, dezembro de 2010. p. 1-11.
INTRODUÇÃO
1
Graduando em História/ UFRuralRJ / Bolsista IC-FAPERJ/ Pesquisa: Juventude, religião e política
na Baixada Fluminense – ações e representações/ Sob Orientação da Professora Dr (a) Silvia
Fernandes.
2
Corten: 1996: 48
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 297
industrialização, abolição da escravidão, imigração, crescimento demográfico
e urbanização.
Em um contexto de transformações sociais, econômicas e políticas, o
cenário religioso mostrou-se dinâmico. Grandes reuniões avivalistas eram
promovidas em zonas fronteiriças durante o processo de expansão territorial.
Os atores que capitaneavam tais reuniões eram pregadores enérgicos que
conseguiam reunir massas de indivíduos. As pregações promoviam uma
religiosidade de forte cunho emocional e avessa a especulação intelectual. O
anti intelectualismo e o emocionalismo são traços identitários do
pentecostalismo ainda nos dias de hoje. A religiosidade era de forte
inclinação pragmática, fornecendo soluções espirituais aos problemas
cotidianos.
3
Rivera,: 2001: 163
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 298
oratória e organizativa (.....) uma religião hostil a investigação
intelectual4.
4
Thompson: 1987: 41
5
Fenômeno religioso no qual o individuo balbucia semanticamente sons ininteligíveis. É constatado em diversas
formas de religiosidade. No universo pentecostal é concebido como um dom divino que se manifesta no período
de fundação da igreja, a saber, o evento de pentecostes descrito na Bíblia no livro dos Atos dos Apóstolos.
6
Campos: 2005: 113
7
Corten: 1996: 48
8
Synan :1997:129
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 299
quer existia decorrendo em sua maior parte do proselitismo de seus
adeptos9.
O pentecostalismo no Brasil
Quando empregamos o termo pentecostalismo, não nos referimos a
um movimento religioso homogêneo e que se desenvolveu historicamente de
maneira linear. O pentecostalismo é heterogêneo em termos litúrgico,
doutrinário, organizacional, ritual e estético. A própria Assembléia de Deus
como será tratada mais adiante não corresponde a uma denominação
monolítica, organizada verticalmente e centralizadamente, mas sim a uma
pulverização de campos com aspectos heterogêneos 10.
9
Berger: 2001:14
10
Mariano: 2008
11
Freston: 1994: 70-71
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 300
primeira onda, a segunda não enfatiza a glossolalia, mas sim a cura divina.
A mensagem além de ter cooptado fieis de outras denominações, atraiu
indivíduos de extratos pobres como migrantes nordestinos.
Por fim, a terceira onda – denominada de neopentecostal - se inicia no
final da década de 1980. O contexto de emergência é o município do Rio de
Janeiro. O grande destaque é a Igreja Universal do Reino de Deus e em
menor medida a Internacional da Graça de Deus. Seus precursores são
desertores da Igreja da Nova Vida. A respeito das igrejas neopentecostais,
quatro características peculiares são marcantes, a saber, crença
proeminente na guerra espiritual contra Satanás e os demônios, ênfase na
teologia da prosperidade, liberalização no que diz respeito aos usos e
costumes e igrejas organizadas em contornos empresariais. Tais
características ensejam a condição de um fiel que legitima e se enquadra a
ordem vigente, rompendo com quaisquer resquícios de ascetismo e
sectarismo tão caros aos pentecostais da segunda e, sobretudo da primeira
onda12.
Durante os primeiros quinze anos após a chegada dos suecos, a
expansão da Assembléia de Deus se restringiu ao Norte e Nordeste do país.
Os primeiros núcleos da denominação eram ligados a missão pentecostal
sueca. Em virtude da ação proselitista de seus adeptos, bem como da ação
planejada de seus líderes, a igreja se expande para outras regiões do país.
Na década de 1930 a igreja conquista autonomia em relação à missão sueca.
A sede é transferida de Belém para o Rio de Janeiro. Desde o rompimento
com a missão sueca, o maior contato da Assembléia de Deus com o exterior
passa a ser com os americanos cuja influência se faz sentir, sobretudo, no
ensino teológico.
Em termos de organização a Assembléia de Deus caracteriza-se por
uma diversidade de campos. Um campo consiste em uma igreja matriz que
tem submetida sob o seu comando uma série de igrejas filiais. O conjunto
constituído pela matriz e suas congregações filiais é designado nos meios
pentecostais de ministério. Muitos desses campos ou ministérios
12
Mariano: 1999: 36
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 301
assembleianos não possuem relações uns com os outros. Antes possuem
divergências quanto a aspectos doutrinários ou porfias de caráter pessoal e
chegam a disputar a mesma clientela de fieis. Seus dirigentes sustentam
uma forma de liderança de cunho oligárquico e personalista. A seguinte
situação descrita por Rubens Fernandes é bastante elucidativa a respeito da
fragmentação denominacional da Assembléia de Deus.
13
Fernandes: 1994
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 302
evangélicos eram 2,6%. Na década de 1950 formavam 3,4%. Em 1960
passaram a ser 4 %. No censo de 1970 foram contabilizados 4,8 milhões de
evangélicos ou 5,2%. Em 1980, 7,9 milhões, o que equivaleria a 6,6%. Esse
censo foi o primeiro a diferenciar pentecostais e protestantes e destacava que
os protestantes históricos perfaziam 51% dos evangélicos computados. Em
1991, o censo constava que o Brasil tinha 13.189.282 evangélicos o que
perfazia 9 % da população nacional. Nesse censo os pentecostais
ultrapassaram os protestantes históricos em numero, perfazendo 65,1% dos
evangélicos. No censo de 2000 os evangélicos saltam para 26. 184. 941 de
pessoas, totalizando 15,45 da população. O catolicismo em contrapartida
vivenciou um processo de retração. Em 1940, 95,2 % da população se
declaravam católica. Em 1950 desce para 93,7. No censo de 1960 o
percentual permanece estagnado perfazendo um total de 93,1%. Na
contagem de 1970, 91,1%. Em 1980, 89,2%. No censo de 1991 registra 83,3
% de católicos. E finalmente em 2000 são computados 73,8 dos brasileiros
como católicos. Em numero absoluto corresponde 124.976. 912. Não
obstante, a paulatina retração, o catolicismo permanece sendo a religião
majoritária14.
Embora crescente, o aumento do pentecostalismo se da de forma
bastante desigual. Três denominações – Assembléia de Deus, Congregação
Cristã e Igreja Universal do Reino de Deus – concentram 74% dos
evangélicos.
O pentecostalismo cresce de forma desigual em termos
socioeconômicos. Seu crescimento se dá, sobretudo entre os estratos mais
pauperizados das áreas periféricas urbanas, ou dentro da população que
obtém no máximo até três salários mínimos. Seus adeptos são em maior
parte mulheres e pessoas pardas15.
14
IBGE: 2002 ; Mariano: 2004 ; Pierucci: 2004 ; Fernandes: 2009
15
Pierucci: 2004
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 303
UNIVERSO PESQUISADO E METODOLOGIA
A pesquisa concentrou-se no município de Nova Iguaçu16, território
pertencente à Baixada-Fluminense – região constituída por 13 municípios -
sendo o 2° maior município da região metropolitana do Rio de Janeiro,
perfazendo 11,1% da área territorial dessa metrópole. Até a década de 1970
a Baixada-Fluminense manteve um alto crescimento demográfico, sendo
Nova Iguaçu o município de maior crescimento. Ao longo do século XX o
município foi o principal receptor de migrações inter-regionais das zonas
periféricas. Ademais, o município teve incremento em sua composição
demográfica devido às migrações intrametropolitanas fluminense, sobretudo
de deslocamentos populacionais oriundos de Duque de Caxias, Nilópolis e
São João de Meriti17.
Economicamente até a metade do século XX, a economia do município
de Nova Iguaçu era baseada na produção e exportação da citricultura. Após
a segunda guerra, a região vivencia um processo de urbanização para o qual
foi de importância vital a inserção da linha de trem. A produção de
citricultura entra em declínio após a segunda guerra mundial. A localidade
passa a ser loteada por autoconstruções populares, tornando-se uma cidade
dormitório para trabalhadores que exerciam profissões de baixa-qualificação
e constituía grande parte da força de trabalho que foi vital para o
desenvolvimento da capital do Rio de Janeiro. Nos últimos decênios do
século XX, observam-se o desenvolvimento de um pujante setor terciário na
região com destaque para as atividades de advocacia, odontologia
lanchonetes, salões de beleza e vestuário18.
Socialmente Nova Iguaçu é caracterizada por mazelas sociais de
diferentes ordens, tal como alto índice de violência, precariedade de infra-
estrutura dos serviços e moradia, presença intensa do tráfico de drogas,
marginalização e segregação de amplos segmentos populacionais. Tal fato
16
Escassas são as investigações historiográficas sobre o município de Nova Iguaçu. Dessa forma temos de
recorrer a levantamentos demográficos ou sociológicos no intuito de contextualizar espacialmente e
historicamente a localidade onde se situam os templos estudados.
17
Oliveira: 2006
18
Rodrigues: 2006
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 304
pode ser denotado com dados estatísticos. Com efeito, a desigualdade de
renda é exacerbada a ponto dos 20% mais pobres do município concentrar
apenas 2,64% da renda de todo o município ao passo que os 20% mais ricos
detém 56,9%19. Tais condições de vida precária, segundo a literatura
especializada, têm sido apontadas como fatores que favorecem o crescimento
do pentecostalismo
METODOLOGIA
A partir do uso das Tele Listas foi realizada uma amostra das igrejas
Assembléia de Deus existentes em Nova Iguaçu20. Dessa amostra foram
escolhidos sete templos fundados entre as décadas de 1930 a 2000. Tal
como nos demais municípios da Baixada-Fluminense, os templos
evangélicos e em especial os da Assembléia de Deus permeiam as mais
diversas paisagens de Nova Iguaçu. Abarcam desde o caótico centro até as
recônditas zonas interioranas do município.
19
Conforme dados da CIDE divulgado em 2000.
20
A idéia de levantamento de templos evangélicos a partir da Tele Listas é oriunda da pesquisa
“Juventude, religião e política na Baixada. Fluminense - ações e representações”, coordenada pela professora
Silvia Fernandes e da qual participei como bolsista.
21
Fernandes:2009:109
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 305
qual é filiado22. Dessa forma, foram entrevistados desde humildes donas de
casas até pastores aposentados.
Os entrevistados foram convidados a falar sobre a igreja no que se
refere aos antecedentes do templo, sua fundação, possíveis cismas que a
igreja vivenciou ao longo de sua história, recursos materiais e financeiros
com os quais a igreja se desenvolveu, projetos de expansão, perfil econômico
e social dos participantes e outras questões relativas à dinâmica de
funcionamento das igrejas das quais são associados e de cuja história foram
testemunhas e participantes.
Sendo assim, fizemos uso da técnica História Oral para a realização
desse trabalho. Segundo Verena Albert, a história oral permite analisar
aquilo que de forma nenhuma pode ser apreendido pela fonte documental,
tal como as estratégias dos indivíduos no cotidiano para solucionar seus
problemas23. Nesse sentido, os depoimentos orais podem nos auxiliar na
destruição de estereótipos cristalizados e realizar uma maior
problematização de aspectos históricos que documentalmente passariam
despercebidos.
Um dado constatado no campo foi o de que os pentecostais têm certo
receio em liberar atas de fundação ou de reuniões que possam servir de
fonte documental para o estudo do movimento. Ademais, existem outros
aspectos da religiosidade estudada tais como os fatores relativos à vida
cotidiana das igrejas que não podem ser abarcados por quaisquer fontes
escritas. Nesse sentido, a fonte oral emerge como o meio privilegiado com o
qual podemos investigar as questões suscitadas ao longo das entrevistas e
quando estamos obstruídos de pesquisar pela via documental quer seja pela
inexistência de documentos ou ainda a não predisposição dos religiosos em
liberar os documentos escritos existentes.
22
Thompson: 1998: 244
23
Alberti : 2010: 164
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 306
emocionalismo, os pentecostais não são dados a racionalização e
planejamento prévio de suas ações. Francisco Cartaxo Rolim em trabalho
sobre o pentecostalismo na Baixada-Fluminense na década de 1970 afirma a
respeito da fundação de templos:
24
Rolim: 1985: 92-93
25
Na terminologia pentecostal, ponto de pregação alude a um local onde evangelistas e pregadores realizam
cultos e pregações no intuito de realizar conversões não constituindo uma igreja institucionalizada.
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 307
Bangu. Se reuniram e ali então começou o trabalho. E em
1953 foi fundada a congregação filial de Campo Grande, no
mesmo local e na época feita de sape, aquele material bem
inferior. (Homem, presbítero)
26
Bourdieu: 1998
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 311
mensagens), agem conjuntamente com esses na expansão das igrejas das
quais são filiados. Tais ações conjuntas podem ocorrer em campanhas de
evangelização em espaços públicos tais como quadras esportivas ou praças
públicas. Tal como evidencia o seguinte trecho.
CONCLUSÃO
Os dados obtidos com as entrevistas permitem constatar mudanças e
permanências nas trajetórias dos templos da Assembléia de Deus em Nova
Iguaçu. Simultaneamente à flexibilização de comportamentos e organização
outrora sectários, ocorre a conservação de fundamentos e dogmas
tradicionais, bem como o rechaço a possíveis diálogos inter-religiosos.
Os dados também permitem matizar a noção banalizada de que em
virtude do forte ethos emocional os pentecostais estariam inclinados a
aversão a racionalidade. Tal noção deve ser relativizada na medida em que
os depoimentos apontam para uma lógica no processo de fundação dos
templos.
Enfim, Um amplo campo de pesquisa e hipóteses existe a se explorado
pela historiografia em relação ao pentecostalismo. Parcas são as
Referencia Bibliográfica
ALVES, José Cláudio Souza, Baixada Fluminense: a violência na construção
do poder, Tese (Doutorado em Sociologia), Universidade de São Paulo, São
Paulo, 1998.
____. Novas Formas de crer: católicos, evangélicos e sem religião nas cidades,
São Paulo, CERIS, Promocat, 2009
.
FRESTON, Paul. 1994. "Breve história do pentecostalismo brasileiro." In: A.
Antoniazzi et al. (eds.), Nem anjos, nem demônios. Petrópolis: Vozes, pp. 67-
159.
27
Freston: 1994: 67
HISTORIEN - REVISTA DE HISTÓRIA [4]; Petrolina, out./abr. 2011. Página 313
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico de
2000. Rio de Janeiro, 2002.
THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. São Paulo: Paz e Terra,
1998.
INICIANDO O DEBATE
1
Graduado em História pela UPE, Pós-graduando (Lato Sensu) em "História do Brasil: cultura, política e poder
na contemporaneidade", pela Segmentos Instituto de Educação, e Graduando em Ciências Sociais pela
UNIVASF.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA:
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. São Paulo: Martin Claret.
2006.
Quércia Oliveira1
INTRODUÇÃO
1
Mestranda em Crítica Cultural na UNEB. Licenciada em História pela UPE e Bacharela em Comunicação
Social pela UNEB. Realiza pesquisa na área de Festas Populares, Relações e Representações Étnicas. Tem
produzido artigos, exposições fotográficas e documentários.
FAZEDORES DA HISTÓRIA
REFERENCIAS
BEHAR, Regina. Para que serve o professor de história?. In: FLORES, E. C.;
RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Competência. 11. ed. São Paulo: Cortez,
2001.
SOUZA, Andréia Lisboa de; SOUSA, Ana Lúcia Silva; LIMA, Heloisa Pires;
SILVA, Márcia. De Olho na Cultura: Pontos de Vista Afro-brasileiros.
Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural
Palmares, 2005.
1
Poeta. Tradutora. Doutora em Estética. Professora Assistente da Universidade do Sudoeste
da Bahia/UESB. Membro da Academia de Letras de Jequié.
Minha Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis
Mas a vida
matou em mim essa mística esperança
Eu já não espero
sou aquele por quem se espera
Hoje
somos as crianças nuas das sanzalas do mato
os garotos sem escola a jogar a bola de trapos
nos areais ao meio-dia
somos nós mesmos
os contratados a queimar vidas nos cafezais
os homens negros ignorantes
que devem respeitar o homem branco
e temer o rico
somos os teus filhos
dos bairros de pretos
além aonde não chega a luz elétrica
os homens bêbedos a cair
abandonados ao ritmo dum batuque de morte
teus filhos
com fome
com sede
com vergonha de te chamarmos Mãe
com medo de atravessar as ruas
com medo dos homens
nós mesmos
REFERÊNCIAS:
INVICTUS
Diamantes de Sangue
Hotel Rwanda
REFERÊNCIAS: