Guia de Leitura - Os Meninos Da Rua Paulo
Guia de Leitura - Os Meninos Da Rua Paulo
Guia de Leitura - Os Meninos Da Rua Paulo
Caro(a) professor(a),
Certa vez, o jornalista, poeta e escritor Cadão Volpato decla- Não à toa, Os meninos da rua Paulo é também um dos
rou: “Eu, que respeito criança, sonho e curiosidade, tenho o maiores orgulhos do catálogo infantojuvenil da Cosac Naify.
meu próprio sonho, que é escrever um livro inteiro que se Em sete anos, teve mais de 60 mil exemplares vendidos e é
equipare a apenas uma linha de Os meninos da rua Paulo”. o nosso campeão de adoções, chegando a 225 escolas por
De fato, a força literária da obra-prima de Ferenc Molnár é todo o país e mais de 20 mil estudantes. Foi selecionado
indiscutível. Tatiana Belinky, Edgard Scandurra, Laura San- pelo Governo Federal para o Programa Nacional Biblioteca
droni e Marçal Aquino são alguns dos que têm o romance da Escola (pnbe) e pela Secretaria Municipal de Educação
de Molnár entre seus livros de cabeceira. Poucas obras ti- de São Paulo para o Programa Minha Biblioteca. Em julho
veram uma trajetória tão bem-sucedida, inclusive no Bra- de 2012, a revista Nova Escola o incluiu em uma seleta lista
sil, desde a primeira edição, em 1952. Considerado um dos dos cem livros imperdíveis para despertar o gosto pela lei-
grandes clássicos da literatura húngara, por aqui alcançou tura, ressaltando: “[Os meninos da rua Paulo] é dessas raras
mais de um milhão de leitores e noventa reimpressões. As obras que se tornaram universais. E eternas”.
primeiras gerações a se emocionar com a história dos garo- É com muito entusiasmo que recebemos com frequência
tos que travam uma batalha épica para defender seu espaço relatos de experiências notáveis vivenciadas por educadores
de brincadeiras cresceram. Hoje, já pais e avós, têm a satisfa- e alunos a partir da leitura do livro. Por outro lado, também
ção de compartilhar a leitura com seus filhos e netos e, claro, são constantes os pedidos de materiais de apoio para o
reencontrar-se em Os meninos da rua Paulo. Ambientado trabalho em sala de aula. Com esta preocupação, a editora
na Hungria do final do século xix, o romance fala para ga- Cosac Naify desenvolveu este Guia de leitura – Os meninos
rotos de qualquer idade, época ou lugar. Ao tratar de temas da rua Paulo, com textos que abordam aspectos fundamen-
universais – honra, coragem, traição, lealdade, amizade –, tais para a compreensão do universo do romance.
Molnár projetou seu nome na literatura mundial. Nemecsek O Guia de leitura é uma aproximação da editora com as
ganhou título de herói, ao lado de Oliver Twist e Tom Sawyer. possibilidades de interação entre os docentes e nossos
livros. O crescente número de adoções escolares e os de- pacto do lançamento na Hungria e no mundo – incluindo
poimentos dos educadores sobre as atividades realizadas as diversas adaptações para o cinema e montagens teatrais,
por meio da literatura dão uma amostra de que obras como além do conjunto de estátuas em homenagem ao romance
Os meninos da rua Paulo podem ser importantes aliadas no construído em Budapeste. E, por último, apresentamos as
processo de ensino-aprendizagem. características que fazem desta obra um exemplo primo-
Este material recebeu o cuidadoso tratamento editorial roso de romance de formação.
que dispensamos a qualquer um de nossos livros. Os tex- Ao final, este Guia de leitura reproduz ainda o prefácio do
tos foram escritos por um redator fluente em húngaro e tradutor Paulo Rónai, o posfácio de Nelson Ascher e uma
os temas selecionados a partir das demandas que recebe- completa biobibliografia dos autores. Para auxiliar na expo-
mos dos próprios educadores. Esforçamo-nos em revelar sição em sala, a editora preparou uma densa e diversificada
as entrelinhas do romance, por meio de uma leitura apro- galeria de imagens, que pode ser projetada durante a aula,
fundada. Esmiuçamos a personalidade dos principais servindo de suporte visual. Há ilustrações da primeira edição
personagens – cada um com seus traços tão marcantes: húngara da obra, de 1907, cenas de diferentes filmes basea-
o senso de responsabilidade de João Boka, o caráter e hom- dos no romance, capas de edições pelo mundo, fotos antigas
bridade de Nemecsek, a dubiedade de Geréb, a coragem e e atuais, mapa de Budapeste, croquis, reproduções de jornais,
justiça de Chico Áts. Contextualizamos os espaços em que do caderno escolar de Molnár e até de ata de uma reunião do
se desenrola a história, da configuração de Budapeste pós- grupo de estudos do qual o autor era secretário. Para acessá-
-unificação da Hungria, passando por vias reais da cidade -las, basta clicar sobre os textos em azul ao longo da leitura.
descritas por Molnár, ao colégio da rua Lónyay, onde o pró- Com este material, oferecemos um ponto de partida
prio autor estudou. Levantamos os aspectos datados – e ao para a capacitação do professor e o planejamento das aulas.
mesmo tempo atemporais – do romance: a maneira formal Acreditamos no papel fundamental do educador como me-
com que os garotos se vestiam, como adultos em miniatura, diador do processo de aprendizagem e por isso é a ele que
as principais brincadeiras, o cenário urbano – sem auto- este material se destina.
móveis ou luz elétrica privada –, a moeda e a economia.
Relacionamos a obra com a vida de Molnár, que também Bom trabalho!
teve um grupo de amigos como o da rua Paulo, alguns dos
quais inspiraram personagens do livro. Recuperamos o im- Os editores
quem são
os meninos
da rua paulo
Quem são os meninos da rua Paulo
Quem são os meninos da rua Paulo
Quem são os meninos da rua Paulo
Um passeio
pelos
espaços do
romance
um passeio pelos espaços do romance
um passeio pelos espaços do romance
um passeio pelos espaços do romance
um passeio pelos espaços do romance
Alguns elementos
antigos em um
livro atemporal
alguns elementos antigos em um livro atemporal
alguns elementos antigos em um livro atemporal
alguns elementos antigos em um livro atemporal
alguns elementos antigos em um livro atemporal
alguns elementos antigos em um livro atemporal
alguns elementos antigos em um livro atemporal
A obra imita
a vida
a obra imita a vida
a obra imita a vida
O fim da história:
a repercussão
do romance
o fim da história: a repercussão do romance
o fim da história: a repercussão do romance
O árduo
percurso
rumo ao
amadurecimento:
o romance
de formação
o árduo percurso rumo ao amadurecimento: o romance de formação
o árduo percurso rumo ao amadurecimento: o romance de formação
o árduo percurso rumo ao amadurecimento: o romance de formação
o árduo percurso rumo ao amadurecimento: o romance de formação
notas
1 Palavra alemã que tem entre suas definições o significado de em nota que “o autor parece ter se esquecido de que os meninos da
“terra”. O alemão ainda é a língua estrangeira mais falada em ter- rua Paulo mudaram de bandeira”. [p. 178]
ritório húngaro, e era um idioma comum no final do século xix, 7 Reálgimnázium era algo muito próximo do que são nossas esco-
quando ainda existia o Império Austro-Húngaro. las técnicas nos dias de hoje.
2 Palavra alemã cujo significado pode ser “tomar algo de uma ví- 8 As chamadas orais, que assustam tanto os meninos da rua
tima”. Era usada em Budapeste no final do xix, por extensão de sen- Paulo, não existem mais na Hungria. Contudo, documento recente
tido, para dizer que certo objeto – uma bolinha de gude, um pião, ou do Ministério da Educação daquele país propõe a volta das chama-
qualquer outro brinquedo – seria tomado das mãos de seu dono e das orais e a declamação obrigatória de poemas.
que haveria luta no caso de resistência. Nas palavras de Molnár, “o 9 Bakhtin, Mikhail. Estética da criação verbal, 1997, p. 237
einstand é, portanto, uma declaração de guerra e, ao mesmo tempo, 10 Morgenstern, 1988, pp. 64-66 apud: Maas, Wilma Patricia Mar-
uma afirmação breve mas enérgica do estado de sítio, do regime da zari Dinardo; O romance de formação (Bildungsroman) no Brasil.
arbitrariedade e da pirataria”. [p. 30] Modos de apropriação
3 O distrito de Óbuda (Velha Buda), que fica ao norte de Buda, 11 Backes, Marcelo. Os anos de aprendizagem. In: Revista Entreli-
também compõe a cidade. vros, 28. São Paulo, Duetto, 2007, p. 49
4 Budapeste é uma cidade dividida em distritos, e não em bair- 12 Komőaromi, Gabriella. Elfelejtett irodalom: fejezetek a magyar
ros. Não há, no livro, nenhuma menção aos distritos, mas podemos gyermek és ifjúsági próza történetéből, 1900-1994. Budapeste: Morá
localizá-los graças às diversas referências de ruas e avenidas pre- Ferenc Ifjúsági Kiadó, 2005
sentes no romance.
5 Em alemão grund tem, entre outros, o sentido de “território”.
6 Infere-se que a bandeira é, num primeiro momento, verde e ver-
melha. Depois, quando os camisas-vermelhas a roubam, por falta de
recursos os meninos da rua Paulo fazem outra branca e vermelha
[p. 44]. Mas quando o professor Rácz confisca a mesma, o autor a
descreve como “vermelha, branca e verde” [p. 98]. Adiante, volta a
apresentá-la como “vermelha e verde”, quando Paulo Rónai coloca
Prefácio à edição brasileira
por Paulo Rónai
Em toda a literatura mundial contam-se nos dedos os clás- herança cultural do seu país de origem. O segundo: as autori-
sicos da juventude. Na maioria dos casos, são obras escritas dades culturais da Hungria convenceram-se da utilidade de
para adultos, que, com o tempo, geralmente graças a uma multiplicar esforços no sentido de divulgar no estrangeiro a
adaptação, se transformam em leituras para adolescentes. grande literatura daquele pequeno país.)
D. Quixote, As viagens de Gulliver, Robinson Crusoé, David Até 1945, para um livro húngaro transpor as barreiras do idioma
Copperfield, Os miseráveis são outros tantos exemplos de tinha de trazer uma mensagem de excepcional importância. Pois
semelhante transmutação. já nessa data havia versões de Os meninos da rua Paulo em inú-
Ainda mais raro o caso contrário: livros destinados origi- meros países. Tenho tido em mão traduções para o francês, o ale-
nariamente a um público de jovens e que passaram a inte- mão, o espanhol, o italiano e o esperanto; sei que depois surgiram
ressar pessoas de todas as idades. Um deles é, sem dúvida, outras, para o inglês, o russo, e mais alguns idiomas.
Os meninos da rua Paulo, do húngaro Ferenc Molnár. Como é que um livrinho especialmente escrito para os ado-
Muito mais que o português, o idioma húngaro merecia, até lescentes de Budapeste se metamorfoseia numa obra-prima
há pouco, a qualificação de “túmulo do pensamento”. Sem clássica, lida com encanto por pessoas de todas as idades, de
parentesco nem semelhança com qualquer das grandes lín- todos os países?
guas de cultura, essa língua confinava os escritores que dela No ponto de partida, em 1889, num dos arrabaldes de
se serviam ao auditório restrito de seus conterrâneos. Budapeste, houve um grupo de garotos, alunos do mesmo
(Digo há pouco, porque ultimamente esse estado de coisas colégio, que costumavam reunir-se, depois das aulas, num ter-
tem mudado. Não que o aprendizado do húngaro se tivesse reno baldio, para jogar pela, brincar de clube, fingir de exército,
tornado mais fácil. Ocorreram, porém, dois fatos novos. arremedar eleições, sentirem-se importantes, viver num mundo
O primeiro: a difusão por todos os cantos do globo de nume- que fosse só deles. Noutro ponto próximo da cidade, uma ilhota
rosa emigração húngara, por efeito das catástrofes da história do Jardim Botânico, outro magote de meninos formava outro
recente. Os letrados que dela faziam parte, mal se apoderaram império de faz de conta. Apenas, estes não tinham espaço para
da língua de sua nova pátria, tratavam de transpor para ela a jogar pela. Daí ocorrer-lhes a ideia óbvia de ocuparem o grund
Durante o século xx, educadores e psicólogos, pedagogos exemplos positivos ou negativos. É entre eles que se firmam
e outros pensadores procuraram entender como, quando e os vínculos mais vitais e se trocam as emoções mais profundas.
onde se formava a personalidade das crianças e dos jovens, O livro, como o fazem as mais antigas epopeias, desde a Ilíada
o que moldava seu caráter. Seriam os pais? A escola? Os li- de Homero (composta na Grécia há quase três mil anos), narra
vros, o cinema, a televisão, a internet? As hipóteses que não uma campanha militar, uma guerra por um pedaço de chão.
remetiam a características geneticamente herdadas tinham, Dois grupos de adolescentes urbanos (eles são todos meninos
em geral, uma coisa em comum: elas sempre enfatizavam a e têm cerca de catorze anos), confinados numa metrópole que
importância dos adultos. cresce rapidamente e lhes dá cada vez menos espaço para se
E, então, lá pela recente virada do milênio, alguns observa- divertirem, resolvem disputar um terreno baldio no qual,
dores começaram a chegar a conclusões diferentes. Talvez, além de brincarem de caubóis e índios, costumam jogar pela
sugeriram eles, as crianças se formem, se conformem ou se (um jogo primitivo de tênis). Se a conflagração é o pano de
deformem menos sob a influência de pais e mestres, de escri- fundo, o verdadeiro tema do romance é o das relações com-
tores e atores, do que de seus próprios pares, isto é, dos outros plexas que, em situações difíceis e independentemente de sua
meninos e meninas, rapazes e moças com os quais convivem. idade, homens estabelecem entre si. A disciplina militar e as
Redescobriu-se, assim, a roda. Pois, para quem tenha lido tensões que dela decorrem, a lealdade e a traição, o heroísmo
quando jovem e, de preferência, relido mais tarde, Os meninos e a covardia, a rivalidade, a inveja e a nobreza: todos esses ele-
da rua Paulo, de Ferenc Molnár, a constatação não tem nada mentos são tratados na obra com a mesma seriedade com que
de original. Afinal, este clássico da literatura juvenil, escrito há seriam abordados num livro para adultos.
quase cem anos num país distante, a Hungria, lembra-nos de Quanto aos adultos, eles se distinguem por sua ausência.
uma verdade tão central quanto óbvia: que, nas horas e situa- Eles e seu mundo são irrelevantes para os personagens, que
ções decisivas de suas vidas, os jovens querem mesmo é estar habitam seu próprio universo paralelo e autônomo, um pouco
uns com os outros. São os amigos e adversários que ocupam idealizado sem dúvida, mas, em traços gerais, idêntico ao de
suas mentes e darão e/ou receberão de cada qual as ideias e os seus pais e professores. O mundo dos garotos existe por si
FERENC NEUMANN nasceu na Hungria, em 1878, numa família teatro O advogado, 1902. Józsi, 1904. O diabo, 1907. Liliom,
judia de classe média. Como regiam as leis do Império Austro- 1909. O guarda imperial, 1910. O lobo, 1912. Carnaval, 1916.
-Húngaro, todos os cidadãos deveriam ter seus nomes tradu- Nuvem branca, 1917. O cisne, 1920. O moinho vermelho, 1922.
zidos para o húngaro. Assim, Neumann transformou-se em Amor celeste e terreno, 1922. Harmonia, 1923. Farsa no cas-
Molnár (“moleiro”). telo, 1925. Olímpia, 1928. Um, dois, três, 1929. Dalila, 1938.
Trabalhou como jornalista, estudou direito em Genebra Prelúdio a Rei Lear, 1922.
e, aos vinte anos, já publicava contos e poemas. No entanto,
o gênero que o tornou famoso foi o teatro. Suas peças foram no brasil “A chave”. In: Roteiro do conto húngaro. Rio de
encenadas em toda a Europa e muitas adaptadas para o cinema. Janeiro: mec, 1954. “Conto de ninar”. In: Mar de histórias.
Budapeste é o cenário de quase todos os seus escritos. Suas Org. Aurélio Buarque de Holanda. Vol. 8. Rio de Janeiro:
obras principais são: o volume de contos Gyrekek e o romance Livraria José Olympio, 1980. O poste de vapor. Trad. Paulo
A Pál utcai fiúk (Os meninos da rua Paulo). Schiller. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
E há quem diga que é, em parte, autobiográfico, expressão
nostálgica da sua infância. Além disso, Molnár foi correspon- adaptações para o cinema Os meninos da rua Paulo (1929),
dente da Primeira Guerra Mundial (1914-18) e viu rapazes de Béla Balogh. Coração vadio [Liliom] (1934), de Fritz Lang.
defendendo suas trincheiras com a própria vida, como os Homens de amanhã [No Greater Glory] (1934), de Frank Borzage.
personagens deste livro. I ragazzi della via Pál [Os meninos da rua Paulo] (1935), de
Com a ascensão do nazismo e o início da Segunda Guerra Mario Monicelli e Alberto Mondadori. Seis destinos [Tales of
Mundial, exilou-se nos Estados Unidos, em 1939. Durante o Manhattan] (1942), de Julien Duvivier. Carrossel [Liliom] (1956),
período comunista na Hungria sua obra foi banida. O autor de Henry King. O cisne [The Swan] (1956), de Charles Vidor. Essa
morreria em Nova York (1952). rua é nossa [Os meninos da rua Paulo] (1969), de Zóltan Fábri.
I ragazzi della via Pál [Os meninos da rua Paulo] (2003), de
ficção A cidade faminta, 1898. Música, 1908. Diário de um Maurizio Zaccaro.
correspondente de guerra, 1916. André, 1918.
biobibliografia
Vítima da perseguição nazista contra os judeus, veio para
TIBOR GERGELY (Budapeste, 1900) deu início a sua carreira
o Brasil em 1941 e aqui se naturalizou quatro anos depois.
artística aos vinte anos, após estudar desenho em Viena. Lá,
No Rio de Janeiro, trabalhou como professor de latim e de
trabalhou como desenhista de bonecos e decorador de palcos
francês, escreveu crítica literária para periódicos e organi-
no Teatro de Marionetes de Viena.
zou obras importantes, como Mar de histórias, antologia
Suas obras ganharam visibilidade com exposições em
do conto mundial publicada ao longo de quarenta anos, em
galerias europeias e norte-americanas. O artista emigrou
colaboração com seu amigo Aurélio Buarque de Holanda, e
em 1939 para os Estados Unidos, onde se lançou como ilus-
a coleção juvenil Brasil Moço, 27 volumes dedicados a es-
trador de livros infantis e juvenis. Morou durante muitos
miuçar a obra de escritores representativos da literatura
anos em Nova York, onde morreu em 1978. No Brasil, as
brasileira, no qual, em texto de apresentação, deixa claro
ilustrações de Os meninos da rua Paulo são seu único tra-
seu interesse na formação do jovem leitor: “Pedimos a
balho publicado.
professores de literatura e a críticos literários que facili-
tassem o acesso às obras assim exemplificadas, traçando
perfis dos escritores, comentando os trechos selecionados,
PAULO RÓNAI cresceu em Budapeste, lendo os livros de Fe-
elucidando as dificuldades, sugerindo pesquisas, forne-
renc Molnár. Ensaísta, tradutor, crítico literário, linguista
cendo bibliografias resumidas”.
e professor, curiosamente nasceu no ano de publicação de
Rónai traduziu para o português mais de cem livros, com
Os meninos da rua Paulo, 1907, no dia 13 de abril. Aficio-
destaque para os mais de quinze anos de trabalho nos de-
nado pelas línguas latinas, dedicou-se ao estudos do latim
zessete volumes d’A comédia humana de Balzac, sobre
e ainda na adolescência traduzia poetas latinos para revis-
quem defendeu tese na Sorbonne. Foi agraciado, entre ou-
tas e jornais húngaros. Aos 31 anos, já fluente em diversos
tros, com o Prêmio Nath Horst (1981), o mais importante
outros idiomas – ao longo da vida aprenderia nove línguas
em tradução, concedido pela Federação Internacional de
–, publica sua primeira tradução de um poema do portu-
Tradutores e pela Academia Sueca.
guês, idioma que aprendeu sozinho. A essa primeira incur-
Grande interlocutor da literatura brasileira no Leste Eu-
são seguiu-se uma antologia de poetas brasileiros, Brazi-
ropeu, Paulo Rónai morreu em Nova Friburgo (rj), no dia
lia Üzen (Mensagem do Brasil, 1939), e Poemas de Santos
1o. de dezembro de 1992.
(1940), seleção de poesias de Ribeiro Couto.
biobibliografia
ensaio Balzac e a comédia humana. Porto Alegre: Globo, Apuleio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1956. Uma
1947. Um romance de Balzac: a pele de onagro. Rio de Ja- noite estranha, de Alexandre Török. Rio de Janeiro: mec,
neiro: A Noite, 1952. Escola de tradutores. Rio de Janeiro: 1957. Mar de histórias. Org., com Aurélio Buarque de Ho-
mec, 1952. Como aprendi o português e outras aventuras. landa. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, c. 1945-82, 10
Rio de Janeiro: mec, 1956. A princesinha dengosa, 1966 vols. Antologia do conto húngaro. Rio de Janeiro: Civiliza-
[teatro infantil]. Vida de Balzac. Rio de Janeiro: Tecno- ção Brasileira, 1957. Obras de Viana Moog. Rio de Janeiro:
print, 1967. Babel e Antibabel. São Paulo: Perspectiva, 1970. Delta, 1966, 10 vols. Biblioteca do estudioso. São Paulo:
A tradução vivida. Rio de Janeiro: Educom, 1975. Não perca Lisa, 1969-73, 8 vols. Biografias literárias, de R. Magalhães
o seu latim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. O teatro Jr. São Paulo: Lisa, 1971, 10 vols. Coleção Brasil Moço. Rio
de Molière. Brasília: unb, 1981. Pois é. Rio de Janeiro: Nova de Janeiro: Livraria José Olympio, 1971 em diante, 25 vols.
Fronteira, 1990. Sete lendas, de Gottfried Keller. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, s/ d. Seleta Guimarães Rosa. Org. Rio de Janeiro:
tradução e organização Brazilia Üzen (Mensagem do Brasil: Livraria José Olympio, 1973.
antologia da poesia brasileira moderna). Versão para o hún-
garo. Budapeste: Vajda János Társaság, 1939. Santosi Versek
(Poemas de Santos). Versão para o húngaro. Budapeste: Of-
ficina, 1939. Latin Költök (Antologia de poetas latinos). Bu-
dapeste: Officina, 1941. Mémoires d’un Sergent de la milice
(Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio
de Almeida). Versão para o francês. Rio de Janeiro: Atlân-
tica, 1944. A comédia humana, de Honoré de Balzac. Porto
Alegre: Globo, 1946-55, 17 vols. Cartas a um jovem poeta: a
canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão
Rilke, de Rainer Maria Rilke. Trad. em parceria com Cecília
Meireles. Porto Alegre: Globo, 1953. Roteiro do conto hún-
garo. Rio de Janeiro: mec, 1954. Amor e Psique, de Lúcio
biobibliografia
A editora agradece a Éva Komar e Teréz Emõd, do Museu
de Literatura Petőfi, pela gentileza e ajuda fundamental na
obtenção das imagens deste guia.
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