Termodinâmica 2 - Equilíbrio de Fases
Termodinâmica 2 - Equilíbrio de Fases
Termodinâmica 2 - Equilíbrio de Fases
Assuntos
1. Equilíbrio líquido-vapor (ELV)
2. Equilíbrio líquido-líquido (ELL)
3. Equilíbrio sólido-líquido (ESL)
4. Exercícios
1
Ver também Sandler, capítulo 8, seções 8.1 e 8.2.
9.2 Equilíbrio de fases: cálculos
Os nomes de bolha e orvalho são dados por analogia aos fenômenos que
ocorreriam se o sistema atingisse aquela condição a partir de uma condição em que só
houvesse uma fase – a formação de uma bolha, por exemplo, por elevação de
temperatura ou abaixamento da pressão.
De maneira geral, estes cálculos são iterativos, e devem envolver dois laços.
Para pressões baixas, em que a fase vapor pode ser considerada ideal e a fase líquida
independente da pressão, o cálculo é bastante simplificado. Como regra, cálculos de
condição de bolha são mais simples que de orvalho, e cálculos de pressão são mais
simples que de temperatura – em situações extremas, são necessários algoritmos
específicos robustos.
Como exemplo, apresentemos um algoritmo geral para cálculo da pressão e
composição de bolha:
xi γ i f̂ i ref
yi = c
( 9-5 )
∑x γ
j =1
j j f̂ j
ref
2
Na verdade, este tipo de cálculo é chamado de flash isotérmico. Existem outros tipos de separação flash,
como o flash adiabático, em que a temperatura final não é conhecida, mas sabe-se que a entalpia do
sistema após a separação de fases deve ser a mesma que antes da separação de fases.
9.4 Equilíbrio de fases: cálculos
3
A existência de azeótropos liga-se à não-idealidade da fase líquida e à diferença entre as pressões (ou
temperaturas) de saturação das substâncias puras. Eventualmente, um pequeno desvio da idealidade em
conjunto com uma pequena diferença entre as condições de saturação também pode levar à formação de
um azeótropo.
9.6 Equilíbrio de fases: cálculos
0.8
0.6
P / atm
0.4
0.2
Curva de bolha
Curva de orvalho
0.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
x1, y1
355.0
Curva de bolha
Curva de orvalho
350.0
345.0
T/K
340.0
335.0
330.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
x1, y1
Figura 9-2. Dados de equilíbrio do sistema etanol (1) / n-hexano a 1,0 atm.
Casos mais raros, mas nem por isso pouco importantes, são os chamados
azeótropos de máxima temperatura. Nesse caso, os desvios negativos da idealidade
levam a valores de pressão de equilíbrio inferiores à pressão de saturação do
componente menos volátil. Esses sistemas são caracterizados por um ponto de mínimo
na curva de equilíbrio à temperatura constante, e um equivalente ponto de máximo na
curva de equilíbrio à pressão constante.
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4
Ver também Sandler, capítulo 8, seção 8.4.
9.8 Equilíbrio de fases: cálculos
de fases, e a composição das fases em equilíbrio é dada pelos pontos sobre a curva na
temperatura em questão. Como um exemplo, na Figura seguinte temos o
comportamento do sistema metanol / n-hexano.
320.0
Uma fase liquida
310.0
T/K
300.0
280.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
x1
Sistemas ternários têm uma descrição mais complexa. Nesse caso, na situação de
equilíbrio há 3 graus de liberdade, incluindo a pressão. Dados de sistemas ternários são
apresentados usualmente na condição de temperatura constante, e a definição da
quantidade de um composto em uma das fases define inequivocamente o sistema. Não é
possível visualizar graficamente dados de equilíbrio para sistemas com mais de três
componentes.
0.00
-0.01
a
-0.02
∆misG / RT -0.03
-0.04
-0.05 b
x1 x2
-0.06
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
x
Figura 9-4. Variação da energia de Gibbs devida à mistura para um sistema com
separação de fases líquidas.
5
Ver também Sandler, capítulo 8, seção 8.7.
9.12 Equilíbrio de fases: cálculos
T
∆ fus H ( T ) = ∆ fus H ( T f ) + ∫ ( C PL − C PS )dT ( 9-23 )
Tf
portanto:
∆ fus H ( T f )
∆ fus S ( T f ) = ( 9-26 )
Tf
de maneira que:
T
∆ fus H ( T f ) C PL − C PS
∆ fus S ( T ) =
Tf
+ ∫ T dT
Tf
( 9-27 )
pouco com a temperatura, e pode ser considerada como igual à do ponto de fusão. Desse
modo, a equação anterior se torna:
∆ fus H ( T f ) 1 1 ∆ fus C P ( T f ) Tf Tf
ln x1 = − − + − 1 − ln ( 9-29 )
R T T R T T
f
Essa expressão é conhecida usualmente como solubilidade ideal. O segundo
termo do segundo membro é usualmente muito menor que o primeiro, de maneira que
se pode aproximar a solubilidade ideal por:
∆ fus H ( T f ) 1 1
ln x1 ≅ − − ( 9-30 )
R T T
f
Essas últimas expressões são aproximadas, e não são válidas de maneira geral
principalmente por não levarem em conta a não-idealidade da fase líquida. Entretanto,
elas fornecem uma boa aproximação para muitos sistemas, além de permitir inferir o
comportamento geral do fenômeno.
Como o valor de ∆fusH é sempre positivo, e o valor de T é menor que Tf, vemos
que a solubilidade deve aumentar na medida que T se aproxima de Tf, e deve ser
crescente com respeito à temperatura até esse limite.
Uma outra observação é que, se invertermos a relação entre soluto e solvente,
podemos obter uma expressão para a solubilidade do solvente no soluto – logicamente,
em outras temperaturas. A junção das duas curvas permite construir o diagrama
completo de equilíbrio sólido-líquido, como mostrado na Figura 9-5, para o sistema
formado por fenol e benzeno. O ponto de mínimo na curva chama-se ponto eutético.
À esquerda da composição do ponto eutético, há somente benzeno no estado
sólido; à sua direita, somente fenol. No ponto eutético, coexistem três fases em
equilíbrio: uma fase líquida e duas fases sólidas.
A precipitação conjunta de dois sólidos não produz usualmente uma “solução
sólida,” mas cada sólido mantém sua individualidade, e pode ser considerado puro para
efeito de cálculo de equilíbrio de fases. São exceções a esta regra as ligas metálicas.
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40.0
20.0
T / oC
0.0
Ponto eutético
-20.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
x1
9.4. Exercícios
1. A Figura 9-6 apresenta as curvas de bolha e orvalho do sistema etanol (1) – n-
heptano a 60°C. Pede-se:
a. Identifique as regiões de vapor, líquido, de equilíbrio e o ponto de azeótropo.
b. Estime a pressão de equilíbrio em um sistema bifásico para concentrações de etanol
seja x1=0,1, x1=0,2, x1=0,6 e x1=0,8. Estime também a composição da fase vapor nesses
casos.
c. São dois os graus de liberdade desse sistema. Identifique completamente o sistema
que está a 60°C e 0,55 atm. O que você notou? Isso pode ser entendido como uma
violação da regra de fases de Gibbs?
9.16 Equilíbrio de fases: cálculos
0.80 0.80
0.60 0.60
P / atm
0.40 0.40
0.20 0.20
0.00 0.00
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
x1, y1
Figura 9-6. Diagrama de fases para o sistema etanol (1) – n-heptano a 60°C.
2. Considere um sistema formado por etanol (1) e n-heptano tal que x2=0,8 a 333,15 K.
Essa mistura é expandida isotermicamente da pressão atmosférica até a pressão de 0,1
atm. Descreva qualitativamente os fenômenos envolvidos com auxílio da Figura
anterior.
4. Uma mistura de 2-propanol (1) e heptano (2) a 313,15K está em equilíbrio líquido-
vapor: a fase líquida tem composição x1=0,2164, a fase vapor, y1=0,4209, e a pressão de
equilíbrio é 0,1924 bar. Sabendo que nessa temperatura a pressão de saturação do 2-
propanol é de 0,1256 bar e do n-heptano é de 0,1408 bar, calcule a atividade dos dois
compostos na fase líquida. Seria possível usar a lei de Raoult para prever o equilíbrio
líquido-vapor desse sistema?
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5. A não-idealidade de uma mistura água (1) e acetona (2) pode ser dada pela equação
de van Laar, que pode ser escrita na forma:
G EX αα xx
= 1 2 1 2
RT α1 x1 + α 2 x2
Mostre que a atividade da água é dada por:
α1α 22 x22
a1 = x1 exp
2
(α1 x1 + α 2 x2 )
A 56,2°C a pressão de saturação da acetona é igual a 1,013 bar, e a pressão de
saturação da água é igual a 0,164 bar. Qual é a composição da fase vapor em equilíbrio
com uma fase líquida cuja composição é de x1=0,32, e em que pressão se estabelece o
equilíbrio? Considere que em temperaturas entre 50°C e 100°C, α1 = 0,6105 α2 =
0,9972.
x1 y1 P / bar
10. Escreva as relações de equilíbrio para o ponto eutético de uma mistura binária. Qual
o número de graus de liberdade no ponto eutético?
11. Os seguintes dados estão disponíveis para os compostos benzeno (1) e naftaleno (2):
T f1 = 278,7 K ∆fusH1 = 9,84 kJ mol-1
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12. A não idealidade da solução aquosa formada por um polímero em água pode ser
dada pela equação de Flory-Huggins:
G
EX
φ φ V
= n1 ln 1 + n2 ln 2 + n1 1 + n2 χ12 φ1φ 2
RT x1 x 2 V2
Considere um polímero de massa 2000 g.mol-1, dissolvido em água. Faça um
gráfico da pressão de bolha do sistema em função da fração mássica de polímero a
293,15 K (obtendo a pressão de saturação da água nessa temperatura em alguma fonte
confiável), para valores de χ12 entre 0,0 e 0,6. O que se pode notar? Nos cálculos, use o
volume do polímero como 1800 cm3.mol-1 e da água 18,0 cm3.mol-1. Sugestão: use uma
planilha de cálculo.
15. [Prova – 2006] Uma mistura líquida de benzeno (1) e tolueno (2) em que x1 = 0,5,
inicialmente em temperatura ambiente, é resfriada até o aparecimento de uma fase
sólida. Qual a temperatura em que ocorre a formação dessa fase, e qual a fase sólida
formada?
Dados: ∆ fus H 1 ( T f1 ) = 6 ,61 kJ.mol-1 T f1 = 178,1 K
16. [Prova – 2007] A temperatura de fusão do benzeno é 5,53 ºC, e sua entalpia de fusão
é 9953 J.mol-1; a temperatura de fusão do ciclo-hexano é 6,6 ºC, e sua entalpia de fusão,
2630 J.mol-1. A diferença entre a capacidade calorífica em pressão constante na fase
líquida e na fase sólida na temperatura de fusão é negligenciável.
a. Considerando que esses dois compostos formem uma mistura líquida ideal, complete
a seguinte tabela para o equilíbrio sólido-líquido, indicando em que temperatura T
haverá formação de uma fase sólida, e qual composto constituirá essa fase.
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0,2
0,4
0,6
0,8
c. Considerando que os dois compostos não formam uma mistura ideal em fase líquida,
mas uma mistura cuja não-idealidade seja dada pela mesma expressão questão 9, aula 8,
com o mesmo parâmetro A obtido do equilíbrio líquido-vapor (considerado
independente da temperatura), complete a seguinte tabela:
0,2
0,4
0,6
0,8