15 Livros Essenciais para o Advogado Do Futuro - Jota
15 Livros Essenciais para o Advogado Do Futuro - Jota
15 Livros Essenciais para o Advogado Do Futuro - Jota
13/04/2018 – 09:30
Crédito: Pixabay
O
s currículos das faculdades mais antigas e (talvez por isso e apenas por isso) mais tradicionais do Brasil remontam basicamente ao
currículo do século XIX. O foco permanece no estudo dogmático do Direito e, quando há inovação, ela tem uma inspiração mais
ideológica ou idealista do que pragmática.
Por isso tornou-se corrente o discurso de que elas não estão preparando adequadamente o advogado do século XXI.
O advogado do século XXI deve ser pragmático e realista, além de conseguir raciocinar numericamente e conectado com as novas
tecnologias, utilizando o inglês como linguagem dos negócios. Até por isso, uma educação em um sistema jurídico anglo-saxão é
desejável.
JOTA lança e-book “O Futuro do Direito”: obra traz artigos e reportagens sobre mudanças no mundo jurídico
Vejamos então a lista de livros desse advogado “fora da caixa” ou, mais corretamente, com uma caixa mais ampla.
1) The Firm, the Market and the Law, de Ronald Coase
Trata-se de uma coletânea dos artigos mais importantes do fundador da Análise Econômica do Direito. Professor em Chicago, decifrou a
natureza da rma como feixe de contratos e os custos de transação que afetam o custo social. Advogados, como “engenheiros dos custos
de transação”, devem entender os problemas que afetam as transações no mercado, pois serão agentes que contribuirão para o desenho de
contratos e cientes. Partes são capazes de preci car e negociar seus direitos.
Nessa obra, advogados descobrirão a importância das instituições (regras do jogo) para o desenvolvimento econômico dos países, sendo a
legislação, a jurisprudência e o Poder Judiciário fatores essenciais para o sucesso ou insucesso do caminho econômico do Brasil. Portanto,
por mais que engenheiros e economistas descon em dos advogados e do Direito, eles fazem parte integrante da performance do país.
3) Game Theory and the Law, de Douglas Baird, Robert Gertner e Randal Picker
A leitura dessa obra permitirá a advogados obterem conceitos relevantes sobre a lógica da estratégia de diversas interações humanas
(jogos), tais como a negociação de contratos, delações premiadas e mesmo estratégias processuais. A operação Lava Jato e o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) estão aqui para nos lembrarem disso.
5) Retórica, de Aristóteles
A advocacia e a magistratura são atividades retóricas, de convencimento. Os advogados antigos estudavam as estratégias argumentativas.
A dogmática “matou” o estudo da retórica. Foi um equívoco. O processo é um embate de narrativas e a melhor argumentação ajuda a
vencer o embate.
Essa obra ensinará o advogado as origens “tópicas” (raciocínio jurídico indutivo com a solução jurídica a partir da discussão do problema
concreto). Era assim que romanos que criaram nosso sistema jurídico pensavam. Os juristas dogmáticos erram ao propor que a melhor
solução ao problema derivaria da dedução de regras abstratas e princípios jurídicos. Simplesmente o Direito não funciona assim na prática.
Essa obra colocará em cheque tudo que um brasileiro aprendeu no ensino primário e secundário sobre religião e capitalismo. Não há
pecado na acumulação de riqueza se isso serve a um bem comum.
Esqueça a hermenêutica e sua crítica ao trabalho de como juízes deveriam decidir. Juízes são humanos e tomam decisões a partir de
critérios que conseguimos hoje mapear. Advogados não são lósofos, são resolvedores de problemas que precisam trazer resultados
concretos. Um pé na realidade não faz mal a ninguém.
O advogado que não zer planejamento estratégico está metaforicamente “morto”. Nunca ouviu falar de análise S.W.O.T.? Preocupe-se. É
básico.
A tecnologia está rompendo com a forma tradicional de funcionamento de vários mercados e ela chegará ao Direito. Você acredita na OAB
e em sua capacidade de proteger o mercado jurídico? Então é melhor não andar de Uber, “vá de táxi” como dizia a música.
Temos de criar uma cultura menos personalista, mais impessoal e mais meritocrática no país. Não devemos favorecer a família e os amigos
nos negócios, muito menos no campo público. A luta contra o nepotismo é árdua, mas vale a pena.
Conheça a história do nosso sistema jurídico e também do Common Law. O Direito comparado ajuda a entender para que serve o sistema
jurídico e não é outra coisa senão para resolver problemas humanos.
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Luciano Benetti Timm – Advogado, árbitro e professor de Direito na FGVSP e na UNISINOS. Mestre e Doutor em Direito
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