A História Além Das Placas: Os Nomes de Ruas de Maringá (PR) e A Memória Histórica

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A HISTÓRIA ALÉM DAS PLACAS: OS NOMES DE RUAS

DE MARINGÁ (PR) E A MEMÓRIA HISTÓRICA

Reginaldo Benedito Dias'

Resumo: Tomando Maringá (PR) como estudo de caso, este artigo


analisa a relação entre o processo de nomeação de vias públicas e a
reprodução da memória histórica.

Unitermos: Maringá; nomes de ruas; memória histórica.

Preâmbulo

A prática de nomear ruas, quase sempre identificada como


distorção do trabalho dos vereadores, é atividade menos
inocente do que se costuma supor. Um olhar atento constata
que esse processo é caracterizado pelo esforço de perenização
da memória de personagens e fatos da história nacional ou local.
Trata-se de recorrente forma de reprodução e perpetuação da
chamada história oficial, baseada no culto à genealogia da nação
e edificação do Estado nacional, assim como aos fatos e
personagens correspondentes.
Essa estratégia apresenta, é verdade, suas limitações.
Primeiro, porque o critério de seleção se altera com o passar
dos anos. Em cidades seculares, caso de São Paulo, é comum
encontrar ruas antigas que mudaram de nome duas ou três vezes
(PORTO, 1996). Segundo, porque o tempo pode diluir o
significado das homenagens e tomá-Ias pouco mais do que uma
placa na rua. Para que não se perca o sentido que moveu a
nomeação, é imprescindível o acompanhamento permanente
de outros processos de informação e educação, como o ensino

. Professor do Departamento de História da UEM.

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de história e as festas cívicas (PINSKY, 1988; BITTENCOURT,
1988). Se o conteúdo histórico do nome da rua não é conhecido
pelo transeunte, é porque esses outros mecanismos não estão
sendo eficientes.
Considerada a necessidade da combinação de diferentes
formas de reprodução, fatos e personagens históricos, quando
convertidos em nomes de ruas, podem se incorporar à vida
cotidiana dos cidadãos. A despeito de eventuais limitações, a
tendência de buscar perenizar nomes e eventos, longe de ser hábito
desta ou daquela localidade, pode ser verificada em qualquer lugar
do mundo e é adotada por governos de ideologias diversas.
Regimes revolucionários tendem a rebatizar vias e
logradouros públicos com referências aos personagens e fatos
então instituídos. Procedimento análogo pode ser encontrado
em reviravoltas históricas. Nos países do Leste Europeu, com o
desmoronamento da "cortina de ferro", não foi raro o resgate
dos nomes adotados antes da implantação do "socialismo real",
forma de apagar os vestígios do "antigo regime". Por exemplo,
Leningrado, famosa cidade russa, voltou a ser conhecida pelo
seu nome original, São Petersburgo. 1
Em Paris, cuja história é marcada por sobressaltos e
restaurações, a atual Place de la Concorde teve vários nomes.
Quando de sua criação, no século XVIII, era Place Louis XV; no
período jacobino, palco das execuções pela guilhotina, tornou­
se Place de la Revolution; em 1795, sob a batuta dos girondinos,
converteu-se em Place de la Concorde; voltou a ser Place Louis
XV em 1814. Ainda houve duas alterações - Place Louis XVI
em 1823 e Place de la Charte em 1830 - antes que Louis

1 O nome Leningrado, evidentemente, foi homenagem ao maior líder da


Revolução Russa, efetuada logo após sua morte. O nome original, São
Petersburgo, já havia sido alterado no curso da Primeira Guerra Mundial. Como
a Rússia enfrentava a Alemanha, o nome soava germânico demais. A cidade,
então, foi rebatizada como Petrogrado, versão russa do nome original. Quando
houve a recente reviravolta histórica, cogitou-se a reintrodução do nome
Petrogrado, mas a opção, sintomática, foi por São Petersburgo.

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Philippe, visando à concórdia nacional, promovesse o retorno


da denominação que perdura até hoje.
Se é possível identificar atitudes universais nessa
estratégia de nomear ruas, é necessário perceber seu
entrelaçamento com as experiências locais. A perpetuação da
história oficial pode ser verificada na denominação das vias
públicas de todo o Brasil, mas as cidades, onde o batismo
efetivamente ocorre, costumam imprimir, por conta de sua
própria história, contornos específicos a esse processo. Analisar
a organização dos nomes de rua de uma cidade é aferir
dimensões significativas de sua relação com a história.
O presente artigo tem o objetivo de analisar esse tema
na experiência da cidade de Maringá (PR). Tomando como
referência temas da história oficial, pretende-se demonstrar
como o processo de denominação das ruas dessa cidade se
relacionou com o planejamento de seu traçado urbano, assim
como as marcas que vieram a ser introduzidas pela dinâmica
de sua experiência.

As marcas do planejamento e seus limites

Fundada em 1947, a cidade de Maringá é originária de


um processo de colonização do Norte do Paraná, iniciado na
década de 20 e realizado sob influxos do capital inglês, por meio
da Companhia de Terras Norte do Paraná, subsidiária da Paraná
Plantations. Previam-se o estímulo à produção agrícola e a
criação de núcleos urbanos. Embora o capital inglês cedesse
lugar, mediante a venda da companhia, a um grupo paulista no
contexto da Segunda Guerra Mundial,2 preservou-se o modelo
de colonização, incluída a região em que vinha se formando a
cidade de Maringá.
O projeto de colonização regional indicava a constituição
de núcleos urbanos a partir de uma dada distância e a edificação
de cidades que deveriam assumir a condição de pólos regionais.

2A partir de então, a empresa colonizadora passou a ser denominada como


Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná.

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Prevista para ser um desses pólos, Maringá nasceu sob o signo
do planejamento, característica que também influenciaria o seu
traçado urbano.
A companhia colonizadora, após patrocinar estudos sobre
a topografia, o clima e a vegetação do território destinado ao
município, encomendou ao urbanista Jorge de Macedo Vieira o
planejamento do traçado de Maringá, desenhado segundo o
modelo de "cidade jardim" (LUZ, 1997). Criou-se uma mitologia
em torno desse planejamento, exacerbada pelo fato de Jorge
de Macedo Vieira ter elaborado o projeto sem jamais ter posto
os pés na região.
O culto às potencialidades do planejamento foi muito além
de suas implicações no desenho urbano. Forjou-se uma
identidade que aliava, por meio da racionalidade do
planejamento, as noções de progresso e de ausência de
contradições. Na contracorrente dessa visão oficial, reproduzida
inclusive em trabalhos acadêmicos, surge uma leva de pesquisas
críticas, questionando os mitos do planejamento (CAMPOS,
1999; PAULA, 1999).
De qualquer forma, a condição de Maringá como cidade
planejada também marcou o processo de batismo de suas ruas,
fato visível a olho nu. Percebe-se que a denominação das vias
públicas de Maringá, tanto nos primeiros bairros quanto nos
fundados recentemente, obedece a certo planejamento,
seguindo determinada temática. Não há registros de que tenham
sido realizados rigorosos estudos a respeito, mas a simples
análise do mapa demonstra que a disposição dos nomes de
ruas não foi acidental. 3 Todavia, não se tratou, mesmo do ponto
de vista que lhe era subjacente, de um planejamento irretocável.
No conjunto, foram eleitos temas bastante diversificados.

3 Em Apucarana, município localizado a cerca de 80 quilômetros de Maringá e


colonizado pela mesma empresa, planejou-se batizar as primeiras ruas com nomes
das cidades paranaenses. Um dos administradores da colonizadora, ao analisar
a posição geográfica de Apucarana, que seria um ponto de interseção da malha
rodoviária estadual, teria previsto que "um dia o Estado do Paraná nela se
encontraria"(MARENA, 1988: 7). Hoje, no entanto, esse planejamento, por conta
da mudança dos nomes originais, está bastante descaracterizado.

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À guisa de visão panorâmica, há bairros em que as ruas
receberam, predominantemente, nomes de estados brasileiros
(Jardim Alvorada), capitais e importantes cidades latino­
americanas (Vila Morangueira), árvores e plantas (Conjunto
Borba Gato, Parque das Palmeiras, Jardim Vitória); rios (Res.
Branca Vieira, Res. João Paulino, Campos Elísios, Jardim
Oásis); pedras preciosas (Conj. Real); aves ( Res. Ney Braga,
Sanenge); planetas e astros (Jardim Universo); cantores
(Conjunto Cidade Alta) etc.
O foco privilegiado por este artigo, entretanto, está voltado
aos primeiros bairros, onde foram organizadas referências a
alguns dos principais fatos, processos e personagens da história
oficial: Descobrimento, Invasão Holandesa, Independência,
Guerra do Paraguai, Abolição da Escravidão, Proclamação da
República etc.
Cidades mais antigas foram contemporâneas, em alguns
casos, dos fatos referidos por esses marcos, assim como do
próprio processo de sua institucionalização pela história oficial.
A Rua 15 de Novembro pode ser encontrada tanto em cidades
seculares quanto naquelas de fundação recente, mas sua
institucionalização como nome de via pública, em um caso, tinha
de lidar com a memória viva do Império e, no outro, colocou-se
como fato consumado pela história oficial.
A esse respeito, vale a lembrança de um episódio do
romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis. O Sr. Custódio,
dono da tradicional "Confeitaria do Império", não sabia o que
fazer diante da Proclamação da República. Se mantivesse o
antigo nome de seu estabelecimento, poderia se indispor com
os republicanos e com o novo regime. Se alterasse o nome
para "Confeitaria da República", poderia se indispor com os
saudosos da monarquia e, ainda, correr o risco de o novo regime
não se estabilizar e acontecer uma reviravolta política no país.
Apesar de insólito, o episódio literário é ilustrativo das
vicissitudes que, muitas vezes, caracterizam o processo de
inscrição de heróis e fatos na galeria da história nacional. Nome

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sistematicamente usado para batizar ruas brasileiras, Tiradentes,
por exemplo, foi convertido à condição de herói somente no
período republicano, mais de um século depois de ter sido
executado pela coroa portuguesa (CARVALHO,1990).
Em Curitiba, usou-se o artifício de apagar referências ao
Império com topônimos republicanos. A Rua da Imperatriz virou
Rua 15 de Novembro; a Rua do Imperador foi convertida em
Rua Marechal Deodoro. A Praça D. Pedro II foi rebatizada como
Praça Tiradentes. Nesse logradouro, houve a incorporação de
uma estátua do "mártir da independência", uma das primeiras
a representá-lo como "Cristo cívico", e de um monumento à
República: "encontramos em destaque a estátua do positivista
Benjamin Constant e, acima do mesmo, o símbolo republicano
francês: uma estátua da Marianne, além da estátua do Marechal
de Ferro" (PEREIRA, 1998: 51).
Em Maringá, a maior parte dessas referências históricas
foi incorporada aos nomes das ruas na década de 1950, quando
a cidade vivia seus primeiros anos e promovia, ostensivamente,
o batismo de suas vias públicas. O trabalho dos planejadores e
dos legisladores de Maringá reproduziu determinada concepção
de história e seus critérios de relevância. Nesse período, as
referências privilegiadas já estavam consagradas como marcos
pela história oficial. A distância cronológica dos acontecimentos
permitia agrupá-los em temas, constituídos, para usar uma
expressão de Vesentini (1984), em verdadeiros nós explicativos
da história nacional.
A concepção subjacente identificava a história com o
passado remoto. Sintomaticamente, foram privilegiados
acontecimentos e processos dos séculos anteriores. Não houve,
nesse momento ou posteriormente, a constituição de um sítio
temático com referências ao século XX. Fatos e personagens
da história recente foram incluídos, como demonstram os casos
da Avenida Getúlio Vargas e da Praça 31 de março, apenas
isoladamente.
A Zona 2 está repleta de nomes ligados ao chamado

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Descobrimento do Brasil e ao início da colonização portuguesa:
Pedro Álvares Cabral, Mem de Sá, Estácio de Sá, Tomé de
Souza, Vaz Caminha, Monte Pascoal. Observa-se que, como a
Zona 1 era região comercial, o primeiro bairro residencial a ser
enumerado pelo planejamento teve suas ruas batizadas com
nomes extraídos da colonização do país, fato que acentua o
culto ao desbravamento e procura entrelaçar, simbolicamente,
as origens do país e da cidade. A principal via de acesso ao
bairro era, precisamente, a Avenida Novo Mundo. Se as ruas
tinham os nomes dos "descobridores" e dos primeiros
governadores do país, a Zona 2 era, não raro, local de residência
dos dirigentes da colonização da cidade. O loteamento da Zona
3 foi iniciado primeiro, mas os planejadores a reservaram para
a população de baixa renda, motivo pelo qual ficou conhecida
como Viia Operária (LUZ, 1997).
Talvez o planejamento tenha aspirado a atingir seu
requinte máximo na definição das ruas da Zona 3. Predominam,
nesse bairro, temas e personagens da história militar do Brasil.
Numa espécie de xadrez, as ruas paralelas à Avenida Brasil
fazem, quase sempre, referência à Guerra do Paraguai e ao
impasse militar com Rosas (Argentina) e Oribe (Uruguai), para
disputar a hegemonia sobre a bacia do Prata, enquanto as ruas
perpendiculares, na maior parte das vezes, aludem ao processo
de combate à ocupação holandesa e consecutivo
restabelecimento do domínio português. O bairro é circundado
pela Avenida Laguna, nome oriundo da Guerra do Paraguai.
Alguns aspectos, contudo, quebram a harmonia temática.
Em sentido perpendicular à Avenida Brasil, quase na divisa com
o centro da cidade, estão as pequenas Ruas Anhangüera, o
bandeirante, e Pombal, o ministro português do século XVIII.
Em seguida, há o desfile de personagens e batalhas relativos
ao combate à "invasão holandesa": Henrique Dias, Vidal de
Negreiros, Matias de Albuquerque, Furtado de Mendonça e
(Batalha de) Guararapes. Última da série, a Rua Tabocas, nome
de uma batalha que impulsionou, depois de anos de armistício,

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a ofensiva contra os holandeses, foi rebatizada como Madre
Sueli Giron. A Avenida Riachuelo, que também é perpendicular
à Avenida Brasil, homenageia a célebre vitória naval da Guerra
do Paraguai.
Entre as paralelas à Avenida Brasil, não pertencem aos
temas elencados a Avenida Mauá e as Ruas Santos Dumont e
Deputado Néo Alves Martins. No primeiro caso, o nome do
famoso empresário do império guarda coerência com as atividades
comerciais e industriais da avenida. No segundo, não se localizou
nem se deduziu nenhuma razão muito clara para a inclusão do
nome do "pai da aviação" em região temática tão definida. No último
caso, porém, houve mudança de denominação, visto que, antes
da homenagem ao deputado, a rua se chamava Aquidaban, nome
extraído da Guerra do Paraguai. Também dessa guerra vêm:
Marcílio Dias (marinheiro), Paiçandu (batalha), Barroso (o almirante
que comandou a vitória em Riachuelo), Inhaúma (almirante).
Itapura é uma base militar construída, em São Paulo, pouco
antes dessa guerra. Por sua vez, Monte Cáceros foi uma batalha
vencida no conflito contra Oribe e Rosas.
É de causar estranheza que as praças da Zona 3 tenham
sido batizadas com os nomes de Regente Feijó e Emiliano
Perneta, distantes da temática geral, Não é menos estranho
que Itororó, batalha em que Caxias disse a famosa frase "Sigam­
me os que forem brasileiros", e Humaitá, fortaleza conquistada
na Guerra do Paraguai, tenham se tornado nomes de avenidas,
respectivamente, nas Zonas 2 e 4.
Da mesma forma, a Avenida Tuiuti, outra batalha dessa
guerra, inicia-se exatamente onde termina a Vila Operária, e a
Rua Cerro Corá, referência ao episódio final do conflito bélico,
localiza-se na Zona 6. Felipe Camarão, índio que se aliou aos
portugueses na resistência aos holandeses, também não foi
incluído na Zona 3. Diferentemente do que ocorre nas
enciclopédias, onde costuma ficar ao lado de Henrique Dias e
Vidal de Negreiros, seu nome foi deslocado para a Zona 2.
Caxias e Tamandaré, comandantes de terra e água da

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Guerra do Paraguai, foram agraciados com vias centrais, talvez
porque seus nomes estejam ligados a muitos outros processos
bélicos. O Largo General Osório, outro comandante militar da
Guerra do Paraguai, está situado na Zona 6.
Lideranças ligadas - cada qual a seu modo - ao
abolicionismo serviram de referência para a Zona 4, onde se
encontram as Ruas Joaquim Nabuco, Luiz Gama, Princesa
Isabel, José do Patrocínio etc. Não se localizam, nesse bairro,
a Avenida dos Palmares e a Praça Zumbi, símbolos de
resistência negra à escravidão. A homenagem ao quilombo,
datada da década de 70, foi materializada na principal avenida
do Conjunto Liberdade. Em relação ao líder negro, houve um
hiato de mais duas décadas. A praça que ostenta seu nome foi
inaugurada no fim de 1999, na "Semana da Consciência Negra".
A separação não é desprovida de sentido, já que a ligação
desses fatos e personagens, embora relacionados à questão
da escravidão, não é tão direta. A maioria dos movimentos de
consciência negra prefere celebrar Palmares e Zumbi e criticar
o 13 de maio e a Lei Áurea. Com o tempo, o batismo das vias
urbanas, tradicional território de sedimentação da história oficial,
foi permeável à alusão a movimentos populares e seus
protagonistas.
Nas ruas da Zona 5, destoando dos outros bairros, não
se verifica, por motivos que não ficaram registrados e são difíceis
de aferir pela análise do mapa, uma lógica uniformizadora. Na
Zona 6, pode ser constatado, mais uma vez, certo padrão, mas,
em vez de personagens da história oficial, suas ruas
homenageiam, majoritariamente, expoentes da literatura
nacional: Machado de Assis, Raimundo Correa, Alberto de
Oliveira, Fagundes Varela.
Os temas e personagens históricos voltaram a ser
privilegiados na Zona 7, um dos maiores e mais populosos
bairros da cidade, que se tornou um recanto de homenagens à
Proclamação da República. De fato, aí se encontram várias ruas
com nomes de líderes republicanos, incluindo alguns dos

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primeiros presidentes da República: Floriano Peixoto, Marechal
Deodoro, Rui Barbosa, Benjamin Constant, Francisco Glicério,
Demétrio Ribeiro, Campos Sales, Quintino Bocaiúva etc.
Todavia, a data em que é comemorada a proclamação, 15 de
novembro, foi deslocada da Zona 7 e tornou-se nome de avenida
central.
A Proclamação da Independência não foi lembrada em um
bairro específico, mas era referência para uma seqüência de
avenidas e praças. Uma primeira alusão era a Avenida Ipiranga,
atual Getúlio Vargas, uma das mais centrais da cidade. Depois,
seguindo pela Avenida Brasil, principal via urbana, surgiam a Praça
José Bonifácio, a Praça 7 de Setembro e, virando à esquerda, a
Avenida Independência. Com o tempo, no entanto, essa seqüência
de referências foi diluída e/ou dispersa.
Ipiranga deixou de ser nome de via central e passou a
denominar, nas proximidades do Country Club, uma tranqüila
rua. Perto da Vila Nova, Ipiranga tornou-se, também, nome de
bairro periférico. Foi nessa região, desprovida de reiteradas
alusões à Proclamação da Independência, que D. Pedro I,
ausente das homenagens primeiramente inscritas nas vias
centrais, tornou-se nome de rua. Toda a extensão da Avenida
Luiz Teixeira Mendes, engenheiro ligado à empresa
colonizadora, já se chamou Independência, mas, hoje, esse
nome se aplica apenas ao pequeno trecho que separa a Praça
7 de Setembro da Praça dos Expedicionários.

A dinâmica das redefinições

Razões as mais diversas tornaram freqüente a prática de


rebatizar vias públicas. Em alguns casos, o nome ficou obsoleto.
A atual Avenida Bento Munhoz da Rocha foi, originalmente,
batizada como Avenida das Indústrias, mas o nome, por causa
da mudança do perfil da via pública, ficou desatualizado com o
passar dos anos e foi reaproveitado nos parques industriais 1 e 2.
A morte de celebridades nacionais e internacionais

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motivou o processo de modificação dos nomes de ruas. A
comoção causada pelo suicídio de Getúlio Vargas provocou, na
década de 50, a mudança do nome da Avenida Ipiranga. Em
1963, a Avenida Novo Mundo, que circundava a catedral, passou
a ser chamada de Papa João XXIII. O mesmo ocorreu com a
Praça Martius, rebatizada com o nome do Presidente Kennedy,
que havia sido assassinado em Dallas.
A prática de homenagens também interferiu. A antiga Rua
Bandeirantes se tornou Joubert de Carvalho, dada a intenção
de homenagear o compositor da canção "Maringá, Maringá" com
o nome de uma via central. A Avenida Willie Davids, outro nome
ligado à empresa colonizadora, foi rebatizada como governador
Parigot de Souza, quando morreu, na primeira metade da década
de 70, o chefe do Executivo estadual. O nome do ex­
homenageado já servira para batizar o estádio municipal.
Caso impressionante ocorreu com a Rua Havana, que
se converteu, em 1970, em Rua Guadalajara. Tratava-se de um
período em que, sob a tutela da ditadura militar, imperava a
doutrina de segurança nacional, esse emblema da guerra fria.
No clima do "pra frente, Brasil", o nome da capital cubana,
símbolo do comunismo no continente, foi substituído pelo da
cidade mexicana, calorosa sede, na campanha do
tricampeonato, da seleção brasileira de futebol. Deixando de
lado qualquer apreciação política a respeito, constata-se que
foi preservado o espírito que reinava na denominação das ruas
da Vila Morangueira. Na maioria das vezes em que ocorreu novo
batismo, porém, houve prejuízo para a temática geral.
Exemplo célebre é o da Avenida Abolição, que se
localizava no início das Ruas Princesa Isabel e Joaquim Nabuco
e que passou a atender pelo nome de Cidade de Leiria,
referência à cidade irmã portuguesa. Como o endereço da
ACEMA (Associação Cultural e Esportiva Maringá), clube da
colônia japonesa, é Avenida Kakogawa, a cidade irmã da terra
do sol nascente, poder-se-ia perguntar: por que o mesmo
procedimento não foi adotado no caso lusitano? Em linguagem

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popular, iriam vestir um santo para desnudar outro, visto que
teriam de remover o nome de Luís de Camões da rua em que
se situa o Centro Português. Em nome da diplomacia do
município, sacrificou-se a alusão ao fato histórico nacional.
Nenhum outro bairro teve seu planejamento temático tão
alterado quanto a Zona 2. Pedro Álvares Cabral perdeu o lugar
para Marcelino Champagnat, na rua em que se localiza o Colégio
Marista. Para compensar, rebatizaram a Praça das Caravelas com
o seu nome. Menos sorte teve Américo Vespúcio, que cedeu lugar
para o Padre Germano Mayer. Isso não deve ter contribuído, porém,
para abalar a memória do ex-homenageado, cujo nome, ocioso
lembrar, foi utilizado para batizar todo o "novo mundo".
Santa Maria, a caravela de Colombo, continua a ser nome
de rua, mas as outras duas, Pinta e Nina, já mereceram, desde
o início, tratamento menos privilegiado. Num processo de fusão,
batizaram uma rua do bairro como Pintanina e, algum tempo
depois, rebatizaram-na com o nome do vereador Arion Ribeiro
de Campos. Para completar, a Avenida Novo Mundo, como se
disse, ganhou o nome do Papa João XXIII.
Se, nesses e em outros casos, houve descaracterização
da temática geral, registre-se um caso em que, com o tempo,
um personagem prejudicado com o processo de redefinição foi
alojado em uma região apropriada ao significado de sua
intervenção histórica. Para homenagear os expedicionários com
nome de praça, foi despejado Frei Caneca, o revolucionário que
liderou a Confederação do Equador, movimento republicano que
se confrontou com o elitista e autoritário regime monárquico
encabeçado por D. Pedro I.
Muitos anos depois, Frei Caneca tornou-se nome de rua
do Conjunto Liberdade. A associação com o ideal de liberdade,
como ocorrera com Palmares, foi coerente. Curiosamente, o
frade carmelita, que estava alocado perto da Praça 7 de
Setembro, tornou-se vizinho de avenida homônima. Fruto de
critérios que não observam as contradições, a permanente
vizinhança é algo indigesta, uma vez que tal efeméride é um
símbolo do regime combatido pela Confederação do Equador.
As demandas locais e toponímia popular

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Há quem veja a homenagem materializada na nomeação
de ruas como uma faca de dois gumes. Motivo: a publicidade
em torno da rua ocorre, não raro, por causa de fatos tidos como
negativos: assaltos, acidentes automobilísticos, incêndios etc.
A Rua Joubert de Carvalho, por exemplo, foi estigmatizada como
ponto de prostituição.
Todavia, essas homenagens, na maioria dos casos, são
bem recebidas. Personalidades ligadas à Companhia de Terras,
há muito tempo, foram agraciadas com o nome de ruas: Arthur
Thomas, Gastão Vidigal, Luiz Teixeira Mendes. Nesse mesmo
espírito, devem ser assinaladas as homenagens às autoridades
municipais: ex-prefeitos Sincler Sambatti e João Paulino Vieira
Filho; ex-vereadores Nelson Abrão, Gerson (Kuriango) Soares,
Arion Ribeiro de Campos, Basílio Sautchuk, Napoleão Moreira
da Silva, Duque Estrada, Ary de Lima, Carlos Alberto de Paula
etc. Nomes de ex-governadores também foram incrustados nas
vias urbanas: Parigot de Souza, Ney Braga, Bento Munhoz da
Rocha Neto e (interventor) Manoel Ribas.
Se é comum homenagear autoridades e personalidades
com passado de comando político, registre-se que existe a
prática de batizar ruas com nomes de pioneiros, incluindo os
que não fizeram carreira pública. Isso se verifica, dispersamente,
em muitos bairros antigos, causando certo contraste com a
temática principal. Há bairros novos, dos quais o Jardim São
Silvestre é exemplo, em que a regra é as ruas terem os nomes
dos fundadores de Maringá.
O caso dos pioneiros pode ser entendido como parte da
história oficial do município, que alimenta a tradição de cultuar
os chamados desbravadores. De qualquer forma, como a
nomeação de vias públicas é uma prerrogativa dos poderes
públicos, ressalte-se que, nesse caso, é perceptível a influência
de uma entidade da sociedade civil, a Associação dos Pioneiros
de Maringá, zelosa guardiã da memória dos primeiros
moradores. Outras iniciativas dessa natureza tiveram conteúdo
relativamente heterodoxo. Consta que os fãs de Raul Seixas se

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mobilizaram para que seu ídolo fosse convertido em nome de
rua, devidamente incluída na região reservada aos cantores
nacionais. A Praça Zumbi dos Palmares foi reivindicada pelo
movimento de União e Consciência Negra.
Por vezes, amigos e familiares reivindicam a homenagem,
como aconteceu com Luiz Carlos Sossai, adolescente de 15
anos que teve sua vida ceifada, no final da década de 70, em
um acidente de trânsito e se tornou nome de rua da Vila Ipiranga.
Em contrapartida, um caso semelhante teve, recentemente,
desfecho oposto. Em 1997, uma vereadora conseguiu a
aprovação de uma lei para rebatizar a Praça da Glória, localizada
no bairro homônimo, com o nome de sua fiiha, morta em um
acidente de trânsito, mas os moradores se mobilizaram contra
essa iniciativa. Alegaram que a mudança causaria transtorno,
uma vez que estavam acostumados com o antigo nome. No
final de 1999, depois de muita polêmica, a lei foi revogada e a
denominação original foi restabelecida.
A história de Maringá não fornece muitos registros de
mobilização popular contra a mudança de nomes de ruas, mas
os moradores costumam demonstrar sua resistência de outras
maneiras. Quando a via pública é rebatizada, há a necessidade
de um longo período para a sedimentação do novo nome.
Somente os moradores mais antigos e os pesquisadores sabem
que a Rua Joubert de Carvalho se chamava Rua Bandeirantes
ou que a Avenida Getúlio Vargas se chamava Avenida Ipiranga.
Entretanto, não é difícil os moradores locais citarem, para dar
um exemplo, a Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto como
Avenida das Indústrias. Em um período de transição, cuja
duração varia de caso para caso, os dois nomes costumam ser
lembrados, havendo o cuidado de se referir ao mais recente
como a "antiga Rua Fulano de Tal".
A respeito da intervenção do povo, não pode ser olvidado
um fato incomum, ocorrido no final do mandato do ex-prefeito
Ricardo Barros (1988-1992). Pretendendo se despedir em alto
estilo, o prefeito programara, para os últimos três dias de gestão, a

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inauguração de três vias do "novo centro", região anteriormente
ocupada pelo pátio de manobras da estação ferroviária e que estava
sendo incorporada à malha viária urbana. Na verdade, apenas uma
via, a avenida projetada,. era totalmente nova. Os outros trechos
eram extensões de antigas avenidas que se encontravam
interrompidas pela presença do pátio de manobras (DIAS, 1995).
Eclodiu, porém, uma greve de servidores municipais,
motivada pelo atraso no pagamento do 13º salário. Os grevistas
não apenas impediram a solenidade oficial de inauguração das
novas vias como chegaram a realizar, eles próprios, uma
cerimônia carnavalizada e a rebatizar a avenida projetada.
Oficialmente, essa avenida receberia o nome do ex-prefeito
Sílvio Barros, pai de Ricardo Barros, mas os servidores
resolveram retirar a placa, invertê-Ia e escrever em seu verso o
nome do secretário municipal Antônio Tortato, falecido naquela
época ( DIAS, 1995).
Por intermédio da inversão promovida, os manifestantes,
ao mesmo tempo, homenageavam um personagem com o qual
tinham relações afetivas e retaliavam o prefeito da época. Não
se tratava de um ataque à memória do ex-prefeito, mas sim ao
seu parentesco com Ricardo Barros. Embora o nome de Antônio
Tortato não tenha vingado, a avenida não preservou o nome
que havia sido planejado (DIAS, 1995). No momento em que
este artigo é concluído, a avenida denomina-se (ex-prefeito) João
Paulino Vieira Filho. Entretanto, a interferência popular no
processo de nomeação oficial das ruas de Maringá pode ser
considerada como exceção.
Em compensação, há interessantes casos em que o povo
estabelece lógica própria e criativa para se referir aos espaços
e vias públicas, a despeito dos trâmites legais e da autorização
dos poderes instituídos. Quem visitar Maringá não deve se
surpreender se pouca gente souber responder onde se localiza
a Praça 7 de Setembro. É só mudar o texto e perguntar onde
fica a "Praça do peladão". Todo mundo vai dizer: " Siga pela
Avenida Brasil". Esse jocoso nome tem origem no fato de a praça,
que separa a parte pioneira da região nova da cidade, ostentar
o Monumento ao Desbravador, representado por uma grande

Hist. Ensino, Londrina, v. 6, p. 103-120, out. 2000 117

I
estatua nua. Se, em São Paulo, o povo chama o Elevado Costa
e Silva de "o minhocão", os maringaenses, com igual criatividade,
chamam a Praça 7 de Setembro de "Praça do peladão".
Seguindo pela Avenida Brasil, pouco acima da "Praça do
peladão", encontra-se o "Fim da picada". Esse nome remete às
origens da cidade, quando essa região era uma picada aberta
no meio da floresta primitiva. Apesar do elevado grau de
urbanização atingido pela atual "selva de pedra", esse trecho
continua sendo conhecido, com ou sem nomenclatura oficial,
como o "Fim da picada".

Considerações finais

As ruas de Maringá, a exemplo do que ocorre em outras


cidades, foram palco para a perpetuação de nomes de
personagens e de fatos da história oficial, nacional e local.
Verificou-se que esse processo se relacionou com a noção de
planejamento urbano, tendo em vista que os nomes das ruas,
como tendência, obedecem a certa organização temática. Não
foi difícil, porém, constatar, mesmo pelos critérios de relevância
norteadores, os limites do planejamento. Do ponto de vista da
constituição dos "nós explicativos" da história oficial, seria
preferível evitar o deslocamento de um personagem ou de um
fato para um sítio com outro eixo temático.
É forçoso constatar, também, que os processos da história
oficial arrolados neste artigo, emblemáticos das concepções
hegemônicas em dado período, vêm sofrendo, nos centros de
pesquisa, incessante reavaliação crítica. A Guerra do Paraguai
perdeu seu brilho épico, não faltando quem a chame de
genocídio. Os limites e o caráter elitista das proclamações da
independência e da república vêm sendo objeto de análises
exaustivas. A chegada dos portugueses foi descobrimento ou
conquista? A luta contra a "invasão holandesa" não teria servido
para restabelecer o domínio de outro invasor?
Essas considerações não têm a intenção de sugerir que
ocorra, sempre que houver reviravolta de interpretação, novo
batismo das ruas. A análise histórica não é neutra e qualquer

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critério é controverso. Deve-se observar, entretanto, que os
critérios de uma época não são impermeáveis ao olhar crítico
de outra. Um mergulho na história de Maringá comprova, aliás,
que o processo de denominação das ruas, longe de ser estático,
foi dinamicamente se sujeitando aos novos objetivos,
modificando o planejamento inicial.
Seja por alterar o planejamento e por quebrar a harmonia
temática, seja por tirar as referências de localização estabelecidas
para a população, esse processo de mudança de nomes de ruas
costuma ser criticado. Reconheça-se, não obstante, que essa
prática demonstra a dinâmica da cidade com os fatos e
personagens que pretende consagrar como nomes de suas vias
públicas, feita a observação de que não se verifica, em Maringá,
que as alterações tenham sofrido decisiva influência da reavaliação
do papel histórico. De qualquer forma, para além do programado,
o povo tem sua própria forma de se relacionar com os nomes dos
logradouros e a experiência concreta introduz dinâmicas que nem
sempre respeitam o estabelecido nas pranchetas.

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ABSTRACT: Taking Maringá (PR) as a case study, this artic/e ana/yses


the re/ationship between the process of nomination of public p/aces
(streets) and the reproduction of the hístorical memory.

Keywords: Maríngá; street names; historica/ memory.

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