Cultura Religiosa
Cultura Religiosa
Cultura Religiosa
ISBN:
Edição Revisada
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
Ronaldo Steffen
Thomas Heimann
2 HINDUÍSMO .................................................................................................. 33
3 BUDISMO ...................................................................................................... 44
4 ISLAMISMO .................................................................................................. 52
5 JUDAÍSMO..................................................................................................... 61
7 CRISTIANISMO .............................................................................................. 85
Ronaldo Steffen
Damos o braço a torcer e damos razão a você que tem resistência a essa
disciplina sob a alegação que ela não contribui e nem acrescentará
nada a sua formação técnica. Com exceção feita aos alunos matricula-
dos no curso de Teologia, e para quem as informações da disciplina
podem ser enquadradas como elementos técnicos importantes ao exer-
cício da função, não é pretensão da disciplina acrescentar informações
técnicas específicas a nenhum outro curso.
Além disso, importa considerar a relação que há, ou pode haver, entre
a religião e as manifestações importantes do espírito humano. A título
de introdução, consideremos como se relacionam religião e filosofia,
religião e ciência, religião e moral, religião e teologia.
16
Religião e filosofia
O que tem a filosofia a ver com a religião? Essa é uma pergunta impor-
tante e cuja resposta não é óbvia ou simples. Ao longo da história do
pensamento humano, vemos cooperação e competição entre ambas.
Em certo sentido, a cooperação e a competição pressupõem a mesma
concepção: a de que compete à razão filosófica provar a veracidade das
ideias religiosas. Ou, dito de outra maneira, que compete à razão filo-
sófica determinar se religião e superstição são a mesma coisa ou se são
coisas distintas e separáveis.
Onde, porém, buscar tais provas? Historicamente, têm sido elas busca-
das no raciocínio abstrato, na análise e comparação de ideias, na expe-
riência sensorial, no senso comum, nas explicações científicas, no sen-
timento moral. Diversos os pontos de partida, similaridade no modo
de argumentar. Parte-se de elementos geralmente aceitos e, se for o
caso, de verdades evidentes ou necessárias (que não podem ser nega-
das), aplicam-se as regras básicas do raciocínio lógico, seja dedutivo ou
indutivo, alcançando-se uma conclusão. Tal como se faz nos raciocí-
nios comuns ou nos científicos. Se o propósito é mostrar que a filosofia
justifica a religião e prova a existência de Deus (ou da realidade últi-
ma), temos os argumentos ontológicos, teleológicos, cosmológicos,
morais. Se o propósito é mostrar que a filosofia refuta a religião e pro-
va que Deus não existe, temos os argumentos do mal, os argumentos
evidencialistas, etc.
Mesmo aceitando que essa é a tarefa da filosofia, isso não quer dizer
que o filósofo acredita que é assim que as pessoas aceitam ou recusam
uma religião, com base em argumentos. As religiões seguem seu cami-
nho independentemente disso, e a preocupação com argumentos justi-
ficadores é, quando muito, secundária. Mas os argumentos mostrariam
se as pessoas são racionais na sua crença. Por outro lado, pode ser que
o pressuposto básico esteja errado, e não compete à filosofia funda-
mentar ou provar a verdade das crenças religiosas básicas. A tarefa da
filosofia, em relação à religião, seria mais modesta. Atualmente, muitos
filósofos, tendo em vista o desenvolvimento histórico das explicações
filosóficas, julgam que a filosofia pode ajudar a melhor compreender
as ideias religiosas e auxiliar as religiões a se livrarem de alguns ele-
mentos supersticiosos indevidamente acrescentados à fé básica, espe-
cialmente aqueles relacionados a confusões conceituais derivadas de
um uso inadequado da linguagem ou à compreensão equivocada das
teorias e hipóteses científicas, ou a preconceitos de natureza não religi-
osa. Essa abordagem tem mostrado-se mais produtiva do que as outras
duas opções.
Religião e ciência
Religião e moral
Religião e teologia
1 O FENÔMENO RELIGIOSO E A
EXPERIÊNCIA DO SAGRADO
Ronaldo Steffen
DOUGLAS FLOR
Além disso, importa considerar a relação que há, ou pode haver, entre
a religião e as manifestações importantes do espírito humano. A título
de introdução, consideremos como se relacionam religião e filosofia,
religião e ciência, religião e moral, religião e teologia.
Religião e filosofia
O que tem a filosofia a ver com a religião? Essa é uma pergunta impor-
tante e cuja resposta não é óbvia ou simples. Ao longo da história do
pensamento humano, vemos cooperação e competição entre ambas.
Em certo sentido, a cooperação e a competição pressupõem a mesma
concepção: a de que compete à razão filosófica provar a veracidade das
ideias religiosas. Ou, dito de outra maneira, que compete à razão filo-
sófica determinar se religião e superstição são a mesma coisa ou se são
coisas distintas e separáveis.
Onde, porém, buscar tais provas? Historicamente, têm sido elas busca-
das no raciocínio abstrato, na análise e comparação de ideias, na expe-
riência sensorial, no senso comum, nas explicações científicas, no sen-
timento moral. Diversos os pontos de partida, similaridade no modo
de argumentar. Parte-se de elementos geralmente aceitos e, se for o
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caso, de verdades evidentes ou necessárias (que não podem ser nega-
das), aplicam-se as regras básicas do raciocínio lógico, seja dedutivo ou
indutivo, alcançando-se uma conclusão. Tal como se faz nos raciocí-
nios comuns ou nos científicos. Se o propósito é mostrar que a filosofia
justifica a religião e prova a existência de Deus (ou da realidade últi-
ma), temos os argumentos ontológicos, teleológicos, cosmológicos,
morais. Se o propósito é mostrar que a filosofia refuta a religião e pro-
va que Deus não existe, temos os argumentos do mal, os argumentos
evidencialistas, etc.
Mesmo aceitando que essa é a tarefa da filosofia, isso não quer dizer
que o filósofo acredita que é assim que as pessoas aceitam ou recusam
uma religião, com base em argumentos. As religiões seguem seu cami-
nho independentemente disso, e a preocupação com argumentos justi-
ficadores é, quando muito, secundária. Mas os argumentos mostrariam
se as pessoas são racionais na sua crença. Por outro lado, pode ser que
o pressuposto básico esteja errado, e não compete à filosofia funda-
mentar ou provar a verdade das crenças religiosas básicas. A tarefa da
filosofia, em relação à religião, seria mais modesta. Atualmente, muitos
filósofos, tendo em vista o desenvolvimento histórico das explicações
filosóficas, julgam que a filosofia pode ajudar a melhor compreender
as ideias religiosas e auxiliar as religiões a se livrarem de alguns ele-
mentos supersticiosos indevidamente acrescentados à fé básica, espe-
cialmente aqueles relacionados a confusões conceituais derivadas de
um uso inadequado da linguagem ou à compreensão equivocada das
teorias e hipóteses científicas, ou a preconceitos de natureza não religi-
osa. Essa abordagem tem mostrado-se mais produtiva do que as outras
duas opções.
Religião e ciência
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E quanto à relação entre religião e ciência? Na maioria das vezes,
quando isso é discutido, por ciência entendem-se as ciências naturais,
como física, química, biologia. Há quem julgue que certas teorias cien-
tíficas estão em direta contradição com a crença religiosa. Um exemplo
contemporâneo pode ser encontrado na discussão entre evolucionismo
e a teoria do desígnio inteligente, ou criacionismo. Se olharmos para o
passado, este era o juízo feito por alguns acerca da relação entre helio-
centrismo e o relato bíblico cristão sobre a criação e o papel do ser
humano nela. Críticos religiosos do heliocentrismo, à época, julgavam
que a teoria geocêntrica era, essa sim, compatível com a crença cristã,
enquanto sua alternativa, incompatível. Hoje, nem mesmo grupos
fundamentalistas percebem uma contradição, e muito menos as igrejas
tradicionais ou os cientistas ateus ou agnósticos.
Religião e moral
Religião e teologia
A palavra Religião
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Conhecimento Religioso
Ainda tentando responder o que é religião, podemos dizer
que religião é um batismo numa igreja cristã. É um ritual
sagrado nas águas do Rio Ganges. É a adoração num templo
budista. Pode ser um muçulmano ajoelhado e orando para o
Alá. Ou os mesmos devotos do Islã peregrinando a Meca.
Pode ser um Judeu diante do Muro das lamentações em Je-
rusalém. São tantas as menções que seria impossível citar
todas.
O que pretendemos fazer é ligar os fatos. As ciências da reli-
gião procuram responder o que as atividades citadas acima
têm em comum. Nós procuramos, como pesquisadores, in-
vestigar os rituais de uma perspectiva externa. Buscamos
semelhanças e diferenças. Queremos entender como se dá o
processo historicamente e o que isso representa para socie-
dade hoje.
Tolerância religiosa
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Sincretismo Religioso
No Brasil é muito interessante falar sobre religião.
Isto porque temos aqui uma pluralidade religiosa
bem interessante. Além disso, encontramos o que
chamamos de Sincretismo Religioso. Isso acontece
quando misturamos elementos de várias religiões
numa só. Sincretismo é o termo que os historiadores
denominam de fusão ou interpenetrações de religi-
ões, ritos, crenças e personagens cultuais. Os cultos
afro-brasileiros são um exemplo comprovado de
sincretismo religioso. Queremos mostrar como isso
acontece através da fala de um personagem sertane-
jo do passado: Riobaldo Tatarana do Grande Sertão:
Veredas:
31
significa que eles são Católicos por tradição, mas não vão à
Conclusão
É importante ressaltar aqui a questão da tolerância. Religião
sem o devido respeito perde o sentido. Não é possível pre-
gar algo e praticar outra coisa. Por outro lado, a experiência
religiosa é importante na vida de todo o ser humano. Se vo-
cê ainda não passou por isso, busque entender um pouco
mais do assunto. Leia, reflita sempre.
33
2
Ronaldo Steffen
HINDUÍSMO
Perfil
Fundador: não há
Ano de fundação: as raízes do hinduísmo remontam a um período
entre 1500 a.C. e 200 a.C.
Textos sagrados: o Livro dos Vedas, que consiste numa coletânea de
quatro obras, das quais certas partes datam de 1.500 a.C.
Estatística: hoje, cerca de 80% da população da Índia é hinduísta. O
restante da população divide-se entre muçulmanos (10%), cristãos (4%)
e outros grupos (6%). Em todo o mundo, perfazem cerca de 13% da
população mundial.
2.1 História
O passado
A época conhecida como período védico tardio, de 1000 a.C. até 500
a.C., marcou uma virada no desenvolvimento religioso da Índia. Im-
portância especial tiveram os Upanishads, que até hoje são os textos
hinduístas mais lidos. Foram escritos sob a forma de conversas entre
mestre e discípulo, e introduzem a noção de Brahman, a força espiritu-
al essencial em que se baseia todo o Universo. Todos os seres vivos
nascem do Brahman, vivem no Brahman e, ao morrerem, retornam ao
Brahman.
Hoje
2.2 Ensinamentos
Deuses
O outro deus com grande significado para o culto é Shiva. Ele é o deus
da meditação e dos iogues, e em geral é retratado como um asceta. É
igualmente um deus do desvario e do êxtase, tanto criador como des-
truidor, o que o torna ao mesmo tempo aterrorizante e atraente. É ele
quem traz a doença e a morte, mas também o que cura. Na devoção
bhakti (cf. 3.1), ele é visto como um deus cheio de compaixão, que
salva o ser humano da transmigração.
As deusas
As divindades menores
Ser humano
Carma e reencarnação
O ser humano tem uma alma imortal que não lhe pertence. Depois da
morte, a alma volta a aparecer (renasce) numa nova criatura vivente.
Pode renascer numa casta mais alta ou mais baixa, ou pode passar a
habitar um animal.
O sistema de castas
sacerdotes (brâmanes);
guerreiros;
servos.
Vida e morte
A via do sacrifício
Como já se viu, a palavra indiana para "ato" é carma. Hoje ela é usada
para denotar todos os atos humanos e até mesmo a coletividade desses
atos. No período védico, o termo referia-se basicamente a atos religio-
sos ou rituais, em especial aos atos sacrificiais. Estes eram necessários
para incrementar a fertilidade e manter a ordem universal. Esse antigo
costume sacrificial, descrito nos Vedas, continua a desempenhar um
papel capital no hinduísmo. Fazendo sacrifícios e boas ações, muitos
hinduístas tentam obter a felicidade terrena. Em última análise, o obje-
tivo permanece o mesmo de outras correntes do hinduísmo: libertar-se
do círculo vicioso da transmigração do espírito.
Mundo
É plural
É meio
É maya
É lila
Perfil
3.1 História
A Índia antes do budismo
3.2 Ensinamentos
Uma vez que o budismo surge dentro do contexto hinduísta, como um
caminho individual para a libertação dos renascimentos, é natural que
muito de seus ensinamentos estejam marcados por esse pensamento.
Destacam-se, de modo especial, os pensamentos referentes às doutri-
nas do renascimento, do carma e da libertação (ou salvação).
Deuses
Buda rompe essa lógica. Nega que o ser humano tenha alma e rejeita a
existência de um espírito universal. A alma é fugaz e fruto da ignorân-
cia humana que promove o desejo, fundamental para a criação do
carma individual.
"Aquilo que você planta é o que colhe." O ser humano é dono de seu destino: o que
pensa e faz é determinante de seu futuro cósmico.
Vida e morte
A lei do carma
Analise os oito caminhos como uma proposta de conduta ética e tire suas próprias
conclusões.
Ética
não tomar aquilo que não lhe foi dado (não roubar);
Perfil
4.1 História
Com origem na Arábia, o islã está profundamente relacionado com a
cultura árabe. Ressalte-se, no entanto, que hoje apenas uma minoria de
seus seguidores é árabe. O islã está difundido por regiões da África e
Ásia, em especial, e é seguido por cerca de 15% da população mundial.
Maomé
Nasceu em Meca, na Arábia, por volta de 570 d.C. Nascido numa das
principais famílias da cidade, ficou órfão ainda criança. Criado por um
tio, Abu Talib, foi trabalhar como condutor de camelos para Khadidja,
viúva de um rico mercador. Quinze anos mais velha que Maomé, veio
a ser sua esposa e exerceu grande influência no desenvolvimento reli-
gioso do marido, que não teve outra esposa.
O cristianismo, por sua vez, também havia avançado por muitas regi-
ões do Oriente Médio. Estados tornaram-se cristãos, como a Abissínia
(atual Etiópia), bem como muitas tribos beduínas. Com certeza o gru-
po que mais influenciou Maomé em sua formação religiosa foram
monges e eremitas cristãos, que viviam isolados nos desertos da Ará-
bia. Devotos e generosos, eram pródigos na ajuda aos viajantes.
Era costume de Maomé retirar-se todos os anos para uma caverna aos
arredores de Meca com o fim de meditar. Este hábito também era prá-
tica corrente dos eremitas cristãos, que, diferentemente de Maomé,
fundamentavam sua meditação em algum texto sagrado, em geral os
evangelhos da tradição cristã.
De Meca a Medina
Jihad atribui-se ao conjunto das ações que Maomé desenvolveu para voltar a Meca.
4.2 Ensinamentos
Deus
Monoteísmo
Alá não se trata de um nome pessoal, mas é a palavra árabe que signi-
fica Deus. Etimologicamente, a palavra alah relaciona-se com a palavra
hebraica el, que é utilizada na Bíblia para nomear o Deus dos hebreus.
Revelação
Deus falou ao ser humano por intermédio de seu profeta Maomé. Ele é
o último dos profetas enviado por Deus à humanidade. Embora de
início Maomé estivesse próximo às tradições judaico-cristãs, delas se
distancia em razão de controvérsias tidas com os judeus sobre narrati-
vas do Antigo Testamento.
Ser humano
A bondade lhe é inata por graça divina e não se perde por qualquer
meio ou motivo. Não há a noção de um pecado herdado. O ser huma-
no é sempre bom. Quando muito, ele se esquece de sua origem divina
e da bondade que lhe é inerente. Para que isso não ocorra, o ser huma-
no necessita constantemente reavivar suas origens e qualidades divi-
nas.
Vida e morte
Os Cinco Pilares
As mulheres no islã
A morte
Mundo
Perfil
Data de nascimento: por volta de 1700 AEC (antes da era comum; é assim
que os judeus preferem identificar a cronologia antes de Cristo).
5.1 História
O judaísmo é uma religião inteiramente ligada à história. As narrativas
bíblicas começam com Adão e Eva, assim como nos relatos que apon-
tam as consequências do pecado, manifestadas no desejo humano de
rebelar-se contra Elohim (Deus). Segue-se a expulsão do paraíso. Mais
tarde, o mundo inteiro é destruído pelo dilúvio, salvando-se apenas
Noé e sua família, juntamente com todos os animais da Terra. Sodoma
e Gomorra, cidades sem Elohim, são aniquiladas, e a torre de Babel é
derrubada por representar a tentativa humana de chegar até o céu.
De Abraão a Moisés
A fase histórica seguinte tem seu ponto de partida com Abraão, quan-
do este sai da cidade de Ur, localizada no atual Sul do Iraque, por volta
de 1700 AEC. Seguindo orientação divina, Abraão saiu de sua terra e
62
foi em direção à terra indicada por Elohim, a fim de formar um grande
povo. Esse povo ganhou um nome após uma dramática luta entre um
anjo de Elohim e Jacó, neto de Abraão. Ao ser derrotado, o anjo dá a
Jacó o nome de Israel (o que venceu a Elohim). Os filhos de Jacó, mais
tarde, vieram a ser identificados como as doze tribos de Israel.
O reino de Israel
O exílio na Babilônia
O reino do Sul foi conquistado pelos babilônios em 587 AEC, que dei-
xaram como marca da ocupação a destruição do Templo de Jerusalém.
Os habitantes do reino do Sul tiveram a permissão de voltar a sua terra
em 539 AEC, e daí em diante se tornaram conhecidos como judeus.
63
O Templo de Jerusalém foi reerguido em 516 AEC.
Ocupação estrangeira
5.2 Ensinamentos
Deus
Elohim é algo que não pode ser expresso em palavras. O nome de deus
é representado pelas letras IHVH, um acrônimo que significa "eu sou o
que sou" em hebraico. Esse acrônimo costuma ser lido como Jeová ou
Javé, porém o nome real é tão sagrado que sempre se usa algum sinô-
nimo, como "o Senhor" ou "o nome". Jeová é o criador e o sustentador
do mundo. A ideia de que Elohim possa não existir é alheia a um ju-
deu.
MESSIAS
- Outros identificam que essa era chegou com a criação do Estado de Israel.
Até hoje, essa expectativa continua viva. Nem todos os judeus, porém
identificam o Messias como uma pessoa; alguns falam numa "era mes-
siânica": um estado de paz na Terra, com destaque especial para Israel.
Há alguns judeus que identificam a criação do Estado de Israel, em
1948, como o cumprimento dessa expectativa.
65
Ser humano
O ser humano, embora biológico, faz parte da essência divina e deve cumprir a
missão de Elohim aqui na Terra.
Vida e morte
Os escritos sagrados
A sinagoga e o sábado
As regras alimentares
Refletir:
A ética
Refletir:
As fases da vida
Os festivais
Mundo
6.1 Confucionismo
Você deve estar observando que hoje a China está despontando em
todo o mundo pelo seu crescimento econômico e, aos poucos, vem
sendo reconhecida como uma grande potência mundial. Talvez o que
você não saiba é que até 1911 a China foi uma potência imperial, onde
o imperador reinava acima de tudo. O imperador era considerado o
representante do país diante do supremo deus Céu.
O que havia por traz de tudo isso era uma ideologia confucionista. O
conjunto de pensamentos, regras e rituais sociais foi desenvolvido pelo
filósofo K'ung-Fu-Tzu. No Brasil, nós o conhecemos como Confúcio.
Além disso, Confúcio formulou normas para a vida religiosa, para os
sacrifícios e os rituais.
O confucionismo era, na verdade, uma religião estatal praticada pela elite e pelas
classes dominantes, a qual, no entanto, nunca se disseminou muito entre as
massas, as camadas mais amplas da população. Da mesma forma que o imperador,
em seu palácio em Pequim, ficava remotamente afastado das pessoas comuns, o
Céu era remoto e impessoal para a grande massa dos chineses pobres,
trabalhadores e camponeses. A Religião dos pobres era a adoração dos espíritos,
particularmente dos antepassados, religiosidade carregada de magia e traços de
outras religiões. (GAARDER, 2000, p.77)
71
Quem foi Confúcio
A carreira de Confúcio não foi um sucesso. Sua ambição era bem mai-
or. Alguns biógrafos chegaram a criar a lenda de que, por volta dos 50
anos, Confúcio realizou uma brilhante administração durante cinco
anos, avançando rapidamente de ministro de Obras Públicas para
ministro da Justiça e primeiro-ministro, fazendo de Lu uma província
modelo. "A verdade é que os governantes da época tinham medo da
franqueza e integridade de Confúcio, tanto medo que nunca o designa-
riam para qualquer posição de poder" (SMITH, 1991, p.156).
Suas obras
A filosofia de Confúcio
Há quatro coisas no Caminho da pessoa profunda, nenhuma das quais fui capaz de
fazer. Servir ao meu pai, como esperaria que um filho me servisse. Servir ao meu
governante, como esperaria que meus ministros me servissem. Servir ao meu
irmão mais velho, como esperaria que meus irmãos mais novos o servissem. Ser o
primeiro a tratar os amigos como esperaria que eles me tratassem. Essas coisas não
fui capaz de fazer.
Alguns provérbios
A Antiga China não era nem mais nem menos turbulenta do que as
outras terras. Do oitavo ao terceiro século a.C., porém, a China teste-
munhou o colapso da dinastia Chou, que foi um governo de paz e
ordem. Baronatos rivais ficaram em liberdade para fazer o que bem
entendiam, criando uma situação idêntica à da Palestina no período
dos juízes: "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada homem fazia o
que parecia certo aos seus próprios olhos".
Respeito às tradições
Deve ser transmitida dos velhos para os jovens, enquanto os hábitos e as ideias
devem ser conservados como uma teia ininterrupta de memória entre os portadores
da tradição, geração após geração. (...) Quando a continuidade das tradições de
civilidade se rompe, a comunidade é ameaçada. A menos que essa ruptura seja
consertada, a comunidade se esfacelará em (...) guerras de facções. Isso porque,
quando a continuidade é interrompida, a herança cultural não está sendo
transmitida. A nova geração se defronta com a tarefa de redescobrir, reinventar e
reaprender, por tentativa e erro, a maior parte daquilo que precisa saber. (...) Essa
não é tarefa para uma única geração.
A tradição deliberada
LI: o terceiro conceito, li, tem dois significados. Seu primeiro significa-
do é propriedade, a maneira pela qual as coisas devem ser feitas. As
pessoas precisavam de modelos, e Confúcio queria direcionar a aten-
ção delas para os melhores modelos oferecidos pela sua história social.
Propriedade é um conceito com amplo alcance, mas podemos perceber
o âmago do interesse quando ele diz:
"Se as palavras não forem corretas a linguagem não estará de acordo com a
verdade das coisas. Se a linguagem não estiver de acordo com a verdade das coisas,
os negócios não poderão ser concluídos com sucesso. (...) Portanto, um homem
superior considera necessário que os nomes por ele utilizados sejam falados
apropriadamente, e também que aquilo que ele fala possa ser transmitido
apropriadamente. O que o homem superior requer é que em suas palavras nada
haja de incorreto.”
TE: o quarto conceito axial que Confúcio procurou elaborar para seus
conterrâneos foi Te. Significa "poder". Especificamente, o poder por
meio do qual os homens são governados. Ele estava convencido de que
nenhum governante consegue reprimir todos os seus cidadãos o tempo
todo, nem mesmo grande parte deles na maior parte do tempo. O
governo precisa contar com uma aceitação da sua vontade, uma confi-
ança apreciável naquilo que está fazendo. Confúcio acrescentou que a
confiança popular era de longe a mais importante, pois "se o povo não
tiver confiança em seu governo, este não se sustentará". Para ele, so-
77
mente são dignos de governar aqueles que prefeririam não ter de go-
vernar.
6.2 Xintoísmo
Apenas para cultura geral, vamos tecer algumas considerações sobre o
xintoísmo, que tem grande influência sobre a cultura japonesa. A partir
dessa religião, poderemos entender a força de um povo, sua seriedade,
seus compromissos e sua devoção.
O Kojiki diz que as ilhas japonesas foram criadas por Izanami e Izana-
gi, que também habitaram a Terra como numerosas divindades, das
quais os japoneses são descendentes. A família real é descendente de
Jimmu Tenno (cerca de 660 a.C.), o primeiro imperador humano, neto
de Ni-ni-go, neto de Amaterasu, a divindade feminina Sol. No Shinto,
78
Amaterasu é reconhecida como a primeira no panteão das divindades,
mas não é a única. É apenas uma entre muitos. O xintoísmo primitivo
via o Japão como a terra dos deuses, o que explica o caráter nacionalis-
ta da religião. Acreditam que todos os japoneses têm origem divina,
mas, em especial, o imperador, que é descendente da própria deusa do
sol.
O Shinto, "o caminho dos deuses", pode ser descrito como um modo
ideal de comportamento. O seu sistema ético inclui os seguintes precei-
tos:
lealdade ao imperador;
gratidão;
verdade;
Principais ideias
purificação;
sacrifício;
oração;
79
refeição sagrada.
6.3 Taoísmo
Os problemas éticos, sociais e políticos estão no centro das discussões
da maioria das religiões orientais. É a opção pelo ser e não pelo ter. Se
as ideias de Confúcio são estimulantes para governantes sérios, o tao-
ísmo apresenta uma visão transcendente das preocupações com a vida.
É uma cultura oposta ao que estamos acostumados a viver no Ociden-
te. Serão recomendadas leituras complementares para quem tiver mais
interesse em conhecer melhor as ideias de Lao-Tsé (o grande e velho
mestre).
Lao-Tsé
Lao-Tsé se traduz como "o velho", "o velho amigo" ou "o grande e
velho mestre". Era contemporâneo de Confúcio. Um historiador chinês
relata que Confúcio ficou intrigado com o que ouvira a respeito de
Lao-Tsé e, certa vez, o visitou. Sua descrição sugere que aquele estra-
nho homem o desconcertou, enchendo-o, porém, de respeito:
Eu sei que um pássaro pode voar; sei que um peixe pode nadar, sei que os animais
podem correr. Criaturas que correm podem ser apanhadas em redes; as que nadam,
em armadilhas de vime; as que voam, atingidas por flechas. Mas o dragão está
além do meu conhecimento; ele sobe ao céu nas nuvens e no vento. Hoje vi Lao-
Tsé, e ele é como o dragão.
O livro sagrado
A história tradicional conta que Lao-tsé, entristecido com o seu povo pela
relutância em cultivar a bondade natural que ele pregava e buscando maior solidão
para os seus últimos anos de vida, montou nas costas de um búfalo e galopou para
o oeste, na direção do atual Tibete. No passo de Hankao, uma sentinela, percebendo
o caráter incomum daquele viajante, tentou convencê-lo a retornar. Não obtendo
êxito, pediu ao velho que, ao menos, deixasse um registro de suas crenças para a
80
civilização que estava abandonada. Lao-tsé, concordando com o pedido, recolheu-se
durante três dias e retornou com um magro volume de 5.000 caracteres intitulado
Tao Te King, ou O Caminho e o seu Poder. O livro pode ser lido em meia hora ou
durante toda a vida, e continua a ser, até os dias de hoje, o texto básico do
pensamento Taoísta. Um livrinho de apenas 25 páginas e 81 capítulos. (SMITH,
1991, p.194)
Os significados do Tao
A pessoa precisa deixar o Tao fluir para dentro e para fora de si mes-
ma, até toda a sua vida tornar-se uma dança na qual não há febres nem
desequilíbrios. Wu wei é a vida vivida acima da tensão:
Nada no mundo
Nada a suplanta.
Valores taoístas
Se danifica,
Yin/yang
Há o globo,
E me dá paz na morte.
Perfil
7.1 História
O contexto na Palestina
- pela diáspora;
Jesus
Jesus de Nazaré
Os evangelhos dizem pouca coisa sobre a vida que Jesus levou durante
30 anos em Nazaré com seus pais, José e Maria. Somente dois Evange-
lhos narram fatos relativos ao seu nascimento. Em contrapartida, os
quatro Evangelhos têm a preocupação de apresentar os três anos de
sua vida pública, centrando-se na proclamação da mensagem salvado-
ra.
Jesus, o messias
Jesus, como Cristo, assenta seus discursos bem distantes das ideias nacionalista-
revolucionárias de seu contexto.
Jesus, o ressuscitado
Jesus, a ascensão
Origens e primórdios
Em Jerusalém
O império cristão
Com Constantino, uma só lei, um só imperador. Por que não só uma religião, a fim
de unificar o império?
A língua
Os concílios
A política fiscal
O cisma
Tentativas de reunificação
7.2 Ensinamentos
Atualmente, há três grandes matrizes do cristianismo: catolicismo
romano, catolicismo ortodoxo e protestantismo. Internamente, cada
uma dessas três matrizes desdobra-se em inúmeras outras correntes.
Essa é uma dificuldade em afirmar um único pensamento cristão.
Deus
A Trindade
Jesus
HINDUÍSMO
Quem é Jesus?
É um avatar, alguém enviado por Deus para descer ao mundo material e
agir em um determinado tempo e lugar.
Por que ele veio?
Para estabelecer um darma (a paz e a justiça) e introduzir o batismo com
água.
Como morreu?
Terminada sua missão na Palestina, Jesus foi para a Índia, onde morreu
vários anos depois.
Que papel terá?
Os hindus acreditam que Jesus voltará, como prometeu, como um avatar,
para mais uma vez estabelecer a ordem.
ISLAMISMO
Quem é Jesus?
É um entre muitos profetas, como Moisés ou Maomé, e não o filho de
Deus.
Por que ele veio?
Sua missão foi trazer a mensagem de Deus para o povo da Palestina.
Como morreu?
Foi condenado à cruz, mas outro acabou crucificado em seu lugar por
intervenção divina. Ele então subiu aos Céus para encontrar Deus.
Que papel terá?
Voltará no final dos tempos para dirigir a humanidade no caminho da
96
salvação.
JUDAÍSMO
Quem é Jesus?
É um judeu comum que, como outros na História, se proclamava o
Messias.
Por que ele veio?
Não crê que Jesus seja um profeta.
Como morreu?
Morreu crucificado pelos romanos, por afrontar o poder do Império ao
declarar-se rei dos judeus.
Que papel terá?
Não atribui papel futuro a Jesus.
ESPIRITISMO
Quem é Jesus?
Um espírito, como os demais homens, mas com tal grau de evolução
moral que é visto como modelo e guia para a humanidade.
Por que ele veio?
Para oferecer os padrões éticos e morais necessários à evolução espiritual.
Como morreu?
Depois do suplício, não retornou em seu corpo. A ressurreição é uma
materialização de seu espírito - o chamado corpo espiritual.
Que papel terá?
Sua volta não se dará num corpo, mas em forma espiritual,
restabelecendo a ordem.
Ser humano
É único
De acordo com o cristianismo, o ser humano foi criado por Deus jun-
tamente com a natureza e os demais seres vivos. Nesse sentido, é parte
integrante dela. Todavia, ele foi feito de forma única, à imagem e se-
melhança de Deus, o que o distingue do restante da criação. A imagem
de Deus implica, entre outras coisas, que o ser humano foi dotado de
inteligência e, portanto, pode interpretar as leis do mundo e prover os
meios de preservá-lo. Em algumas tradições cristãs, o ser humano, a
natureza e Deus estão em níveis idênticos.
É mordomo da criação
Cuidar, proteger e cultivar toda a criação divina é tarefa do ser humano. O que
você tem feito em relação a isso?
É livre
Deus correu o risco, por assim dizer, de criar um ser passível de rebe-
lar-se e recusar a existência que lhe foi dada. Ainda assim, dotou o ser
humano de livre-arbítrio, tornando-o completamente livre e responsá-
vel pela sua liberdade.
Pode transcender
Vida e morte
As festas
Os símbolos
O Bom Pastor
Mundo
Dados do AT:
Lei Evangelho
1) Ensina o que nós devemos fazer 1) O que Deus fez e ainda faz pela nossa
ou deixar de fazer. salvação.
2) Manifesta o nosso pecado e a ira 2) Manifesta o nosso Salvador e a graça
de Deus. de Deus.
3) Exige, ameaça e condena
3) Promete, dá e sela o perdão, vida e
eternamente quem não cumpre os
Salvação ao que crê em Jesus.
mandamentos.
4) Provoca a ira no homem e o afasta 4) Chama e atrai para Cristo, opera a fé.
10
3
de Deus.
5) Deve ser pregada aos
5) Anuncia-se aos atemorizados.
impenitentes.
6) A lei serve como freio (impedindo
6) O Evangelho é a boa-nova da graça,
que o mal tome conta do mundo),
do amor de Deus em Cristo Jesus (João
espelho (revelando os erros
3.16) e motiva o cristão à prática das
humanos) e norma (mostrando ao
ações que agradam.
ser humano como agir).
As parábolas
O filho mais moço, que pede ao pai sua parte na herança que lhe
seria devida (conforme os costumes da época, ele tem direito a 1/3
dos bens paternos, porém abdica do direito dos bens que o pai ad-
quirir após o recebimento). Ressalta-se: o pai não tinha a obrigação
de atender a vontade do filho. O pai atende ao pedido do filho.
O ensino desta parábola: Jesus narra de forma clara que Deus é o Pai
que recebe o pecador que o busca em arrependimento. Os que retor-
nam, por piores que tenham sido as suas ações do ponto de vista hu-
mano, serão por Ele recebidos. Ele, porém, aponta para as atitudes, por
vezes hipócritas, de quem se julga de sua família e que se dá o direito
de discriminar quem errou e que, arrependido, deseja voltar a esse
convívio. Ao invés de lamentar e até estranhar que o arrependido é
aceito por Deus, em sua família, os cristãos devem alegrar-se, pois o
que Deus mais deseja é que todos se arrependam dos seus pecados e
vivam.
Um rei ajusta suas contas com seus servos. Um lhe deve dez mil talen-
tos (cerca de 480 mil quilos de ouro). Como o devedor não tem como
pagá-lo, o rei ordena que todos os seus bens sejam vendidos, bem
como sua família e ele mesmo. Desesperado, lança-se aos pés do rei e
suplica-lhe clemência. Não é que o rei o atende?! Tocado por tamanha
generosidade, sai aliviado da presença do rei. No caminho de sua casa,
encontra alguém um servo que lhe devia cem denários (cerca de
4.800kg de ouro) e, intransigentemente, insiste no recebimento da
dívida. Como não a recebe, vai às últimas consequências e conduz seu
servo à prisão.
Assim como alguém é perdoado em suas muitas faltas, também pode perdoar as
faltas daqueles que lhe são próximos.
visitar os presos;
10
7
auxiliar os pobres (alimentos, roupas, remédio, estudo, emprego);
À fase escolar seguinte, até 1501, conhecida como escola do trívio (es-
tudo da gramática, retórica e dialética), seguiu-se o quadrívio (geome-
tria, aritmética, música e astronomia). Assim, estava pronto para in-
gressar na faculdade de Direito.
Reflita: qual seu parecer sobre movimentos religiosos que oprimem as consciências
com o pavor da condenação eterna?
Sacerdote e monge
Lutero não era contra a ideia das indulgências, muito embora suas 95
Teses (1517) tenham tido como alvo exatamente as indulgências. Na
teoria, as indulgências constituíam um perdão relativo às penas impos-
tas pela própria igreja. Com os abusos, muitos passaram a entender
que o perdão podia ser estendido à diminuição das penas do purgató-
rio.
A reação da igreja
É agora um criminoso.
O exílio
Sem cumprir o interdito contra Lutero, o império amplia a liberdade religiosa: cada
príncipe é responsável pela escolha da religião.
A morte de Lutero
Anglicana
A Igreja Anglicana teve seu início em 1530, com Henrique VIII, deno-
minado pelo papa Leão X como "Defensor da Fé" por ter se posiciona-
do contra Lutero em 1521. Casado com Catarina de Aragão, viúva de
seu irmão, teve seis filhos, sobrevivendo apenas uma filha, Maria. Uma
vez que o casamento tivera sido apenas nominal, e como estivesse
impossibilitado de ter outros filhos com Catarina, Henrique VIII, em
seu desejo de um filho homem para ser seu herdeiro, alegou à igreja de
tradição católica romana escrúpulos religiosos sobre a validade de seu
casamento para solicitar sua anulação.
Seu sucessor, Eduardo VI, conduz a igreja mais para o lado calvinista,
e sua sucessora, Isabel I, procurou integrar na igreja todos os seus
súditos (católicos, luteranos e calvinistas), dando origem à Igreja An-
glicana, uma igreja para os anglos.
Presbiteriana
Batista
Metodista
Mórmons
Exército da Salvação
Testemunhas de Jeová
O grupo teve sua origem em 1872 com Charles Taze Russel, um ameri-
cano de família presbiteriana convertido ao movimento adventista.
Desgostoso com as religiões existentes, Russel formou um pequeno
grupo de amigos a fim de estudar a Bíblia.
Evangelho Quadrangular
Defendem que todo o mal que ocorre na vida do ser humano é fruto da
obra de espíritos malignos e demônios que precisam ser afastados
através das sessões de exorcismo ("descarrego"). O bem-estar na vida
terrena, inclusive o econômico-financeiro, é sinal visível da presença
divina na vida da pessoa e sua família. Seus líderes devem ter como
pré-requisito a visibilidade do Espírito Santo e vivem, exclusivamente,
das ofertas de seus fiéis, desafiados a contribuírem com o dízimo e
ofertas especiais como forma de demonstrarem sua dependência de
Deus.
10
Ronaldo Steffen
IGREJA LUTERANA E EDUCAÇÃO
10.1 O passado
Em 1517, acontecimento já visto em tópico anterior, os fatos não se
sucederam ao acaso, por duas razões: uma, e fundamental, é a com-
preensão de que no Universo, como na vida, as coisas não acontecem
ao acaso. Deus, o criador e mantenedor é quem conduz a bom fim
todas as coisas. Outra, o decorrente desta, é que os acontecimentos que
cercaram o aquela data prepararam o evento hoje denominado Refor-
ma.
Num escrito de 1520, Sobre as boas obras, Lutero define o novo rumo do
agir humano. A fé é certeza de que a promessa divina de salvação será
12
3
cumprida, e Deus faz isso como favor aos seres humanos. Receber um
presente dessa natureza, ser considerado justo e salvo sem merecer,
provoca uma reação de agradecimento, a única possível: amar quem
nos presenteou e aos outros presenteados, também tornados justos por
puro favor. Não é preciso mandar agradecer. É espontâneo, a partir do
amor que Deus teve com a humanidade. Para agradar o benfeitor, não
se eximirá de esforços agradecidos.
Boas obras não obtêm a salvação. Elas são agradecimento pela salvação já dada na
promessa divina.
Reflita: diante de Deus, autoridades religiosas e civis têm a mesma direção: agir
por agradecimento. Quando uma falha, a outra deve intervir. Qual sua opinião?
Ensino religioso nas escolas, inclusive públicas? Discuta com seus colegas e tome
posições.
Em tese, o cristão não precisa das regras do mundo secular, mas a elas se submete
devido aos não-cristãos, a fim de manter a boa ordem do mundo. Analise essa
afirmação tendo em vista a questão do aborto.
10.2 O presente
Quase 500 anos nos separam de Lutero. Embora o mundo tenha mu-
dado, a Igreja Luterana ainda mantém sua perspectiva histórica sobre a
educação e dela não se tem descuidado. O presente da educação lute-
rana pode reportar-se ao início do luteranismo no Brasil.
Por ocasião dos 170 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul
(1994), o doutor Lúcio Kreutz publicou o artigo Escolas da imigração
alemã no Rio Grande do Sul: perspectiva histórica, em livro editado pela
ULBRA (Os alemães no Sul do Brasil), e do qual extraímos boa parte
do texto deste tópico.
Para se ter uma ideia do valor atribuído à educação, basta recordar que
nas décadas de 1920/30 já havia, só no Rio Grande do Sul, uma rede de
1.041 escolas comunitárias (evangélicas e católicas), com 1.200 profes-
sores. É essa cultura de educação que vai pautar o fazer religioso da
Igreja Evangélica Luterana do Brasil, criada em 1900 com a vinda de
um missionário americano ao Sul do Brasil.
10.3 O futuro
Teologicamente, educação não é uma opção, mas um imperativo. Co-
mo imperativo, é impensável deixar de fazê-la, não apenas no âmbito
religioso apontando diretamente para o reino de Deus, mas, também,
no âmbito secular apontando para o reino de mundo.
11.1Catolicismo
Desde sua descoberta, em 1500, passando pela conquista, colonização e
estendendo-se até a Proclamação da República, são quase quatro sécu-
los em que o Brasil é reconhecido oficialmente como católico.
Direito de padroado. Você sabe o que é isso? Pesquise outras fontes e aprenda um
pouco mais sobre a formação religiosa e moral do povo brasileiro.
Como surgiu essa prática? Era uma recompensa dada ao Estado por-
tuguês pelo seu empenho na conversão de "infiéis". Cabia ao rei de
Portugal conquistar novas almas junto com a conquista de novas ter-
ras. Era da responsabilidade do Estado construir os templos e mostei-
ros, dotá-los de padres e religiosos e, ainda, nomear os bispos. Dessa
forma, o clero católico aqui presente fazia parte do funcionalismo pú-
blico, remunerado pelo Estado.
Por volta de 1850, havia nos EUA a ideia corrente de unicidade do continente
americano. Embutiu-se nessa concepção a de também haver uma só religião. Será
que isso favoreceu o avanço no Brasil das religiões ligadas ao protestantismo de
conversão?
11.4 Pentecostalismo
O movimento pentecostal chega ao Brasil nas primeiras décadas do
século XX. A primeira igreja formalmente criada foi a Congregação
Cristã do Brasil, em 1910, no Paraná e em São Paulo. No ano seguinte,
no Pará, é criada a Assembleia de Deus.
ênfase no exorcismo;
a cura é divina;
liderança carismática;
11.6 Espiritismo
Os meados do século XIX foram particularmente revolucionários para
o campo da biologia. Em 1859, era publicada a 1ª edição do livro Ori-
gem das espécies, de Charles Darwin, no qual o pesquisador defende a
evolução das espécies pelo processo de seleção natural. Não é propósi-
to discutir os méritos das colocações de Darwin, porém constatar que
ocorreram grandes mudanças provocadas pelos seus estudos ao asse-
verar que o universo dos seres vivos está absolutamente colocado
dentro dos domínios exclusivos da lei natural. Essa forma de enxergar
a vida, que já vinha sendo construída em séculos anteriores, passa,
agora, a influenciar muitos conhecimentos e pensamentos nos séculos
seguintes, inclusive no campo religioso.
Ser humano
SER HUMANO
Mundo
Passe
Deus
sincretismo;
Camdoblé
- Criador: Olorum;
Umbanda
- tradições africanas;
- espiritismo.
Cada legião, por sua vez, divide-se em sete grandes falanges, cada
uma com seu chefe específico, que se dividem em outras sete falanges
menores, também com seus respectivos chefes, e assim por diante.
Essa complexa hierarquia tem como alvo o ser humano, que, assim
como os orixás, legiões, falanges maiores, falanges menores e guias,
possui um espírito que não morre e tem possibilidade de infinito aper-
feiçoamento. Esse espírito possui individualidade própria e livre-
arbítrio, o que lhe possibilita buscar o aperfeiçoamento, alcançado pela
sintonia e harmonização com Zambi. O livre-arbítrio é que determina-
rá se as ações e intenções vão na direção da harmonização ou não.
Duma ou doutra forma, o espírito reencarnará e sofrerá a lei do carma,
segundo a qual o estado atual do ser humano é decorrente de atos
passados e determinante da vida posterior, à semelhança do hinduís-
mo e do kardecismo. No decorrer de uma encarnação, o ser humano
terá, de um lado, entidades que o querem ajudar, e de outro, entidades
que o querem prejudicar. As entidades que o querem ajudar são de-
nominadas de orixás, e as que o querem prejudicar são conhecidas
como kimbas, extremamente violentas, vingativas e cruéis.
Thomas Heimann
a TOURNIER, Paul. Culpa e graça: uma análise do sentimento de culpa e o ensino do evangelho. São
Paulo: ABU, 1985.
c COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão. São Paulo: Vida Nova, 1995, p.100-101.
15
5
prevenção: antes de cometer um ato ilícito, a culpa já pode surgir,
evitando que o indivíduo cometa o ato que está pensando. Ou se-
ja, a culpa antecipatória age prevenindo um possível erro moral
ou legal, podendo evitar um eventual prejuízo de terceiros;
d TOURNIER, Paul. Culpa e graça: uma análise do sentimento de culpa ..., p.200.
e Ibidem, p.201.
15
7
A típica frase "Essa ele me paga!" muitas vezes repetida por nós em
inúmeros e variados contextos e situações, expressa o que estamos
aqui afirmando. Todas as faltas, os erros, delitos e pecados exigem um
pagamento, que normalmente implicará uma proporcionalidade, isto
é, o tamanho (preço) do pagamento é proporcional ao tamanho do
erro. Exemplo: no Direito, um crime leve normalmente demanda uma
pena leve, já um crime grave demandará uma pena mais longa e seve-
ra. Também na prática da confissão católica, normalmente a penitência
é dada ao fiel de acordo com a gravidade do seu pecado.
f Ibidem, p. 201.
158
desta análise queremos apontar para uma proposta religiosa que vai
num caminho contrário, ensinando a total erradicação da culpa por
intermédio de Jesus Cristo.
gNota: o mito é contado aqui de forma muito resumida. Para uma melhor compreensão, devido à
complexidade do tema, sugere-se a leitura do texto de Freud na sua íntegra.
... é Deus mesmo quem paga, Deus mesmo pagou o preço de uma vez por todas, o
preço mais caro que ele poderia pagar: a sua própria morte, em Jesus Cristo, na
cruz. A obliteração (destruição/eliminação) de nossa culpa é livre para nós porque
Deus pagou o preço. Jesus Cristo veio "para salvar o que estava perdido" (Mt
18:11).j
Como consta na Escritura Sagrada: "O sangue de Jesus, seu Filho, nos
purifica de todo pecado" (1 João 1:7), "no qual temos a redenção pelo
seu sangue, à remissão dos pecados" (Efésios 1:7), "Pois também Cristo
morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos" (1 Pedro
3:18). Em síntese, a libertação total da culpa, a salvação, não é mais
uma ideia remota de perfeição, para sempre inacessível; mas é uma
pessoa - Jesus Cristo - que veio a nós, veio para ficar conosco, em nos-
sas casas, em nossos corações. O remorso é silenciado pela sua absolvi-
ção. Jesus substitui o remorso com uma simples pergunta, aquela que
fez ao apóstolo Pedro, que o tinha negado por três vezes: "Tu me
amas?" (Jo 21:15). Precisamos responder a essa questão e achar em
nossa ligação pessoal com Jesus Cristo paz para as nossas almas.k
k Ibidem, p.214
l Ibidem, p. 215.
16
1
dão. Numa dimensão humana, das relações interpessoais, poderíamos
afirmar que o perdão é uma das mais importantes ferramentas tera-
pêuticas existentes nesta vida. O perdão pode ser visto sob três aspec-
tos: o perdão divino, o perdoar a si próprio e o perdoar aos outros.
Poderíamos perguntar: O que é mais difícil, perdoar aos outros, pedir
perdão aos outros ou ainda se apoderar do perdão divino? Obviamen-
te que essa resposta está ligada a uma série de variáveis.
Parecia-lhe impossível (ao ser humano) que Deus pudesse remover a sua culpa sem
que ele tivesse de pagar alguma coisa. Pois a noção de que tudo tem que ser pago
m TARANTINO, Mônica. Perdoar é humano. Revista Isto É, 8 de janeiro de 2003, edição n.1736.
162
está profundamente arraigada e atuante em nós, tão universal quanto inabalável
por qualquer argumento lógico. Portanto, as pessoas que anseiam ardentemente
pela graça são as que têm maior dificuldade em aceitá-la. Seria uma solução muito
simples, e uma espécie de intuição se lhe opõe.n
Vale uma reflexão final para o tema em questão: o processo que leva a
uma verdadeira libertação da culpa, que parte da confiança no perdão
divino oferecido a nós, implica três momentos. Primeiro, o reconheci-
mento dos nossos erros, que leve a um verdadeiro e sincero arrepen-
dimento. Segundo, o firme desejo de corrigir a nossa vida, transfor-
mando-nos positivamente como pessoas e como cristãos. Como diz a
Bíblia, os frutos e as obras do cristão acompanham a verdadeira fé,
mas obras feitas como símbolo de gratidão, como consequência natural
da morada de Cristo em nossos corações e mentes, e não como forma
de pagar alguma culpa ou ganhar mérito diante de Deus. Finalmente,
libertar-se da culpa implica também uma disposição interna constante
em perdoar aos outros, num compartilhamento mútuo e recíproco do
perdão que nos é oferecido por Deus em Cristo Jesus. Culpa e perdão!
Questões existenciais que permanecerão atuando, afligindo e ressoan-
do nos corações humanos enquanto o indivíduo viver, mas cuja reso-
lução está mais próxima do nosso alcance do que podemos imaginar.
A resposta está na pessoa que se tornou a encarnação viva do amor, da
paz, do consolo e do perdão, chamada Jesus Cristo. Crer e apoderar-se
desse perdão, é a ferramenta terapêutica por excelência, fonte de vida e
alegria, da qual todos, sem exceção, podem fazer uso.
Caráter imoral
Força sobre-humana Clarividência (profanidade, nudez,
linguajar obsceno...)
Ameaça verbal ou física a
Expressão facial
Telepatia tudo que representa
alterada
Cristo/cristianismo
Mudança na voz
Habilidade para Entrar em estado de transe
(aspereza, zombaria,
predizer o futuro quando alguém ora
rouquidão...)
Habilidade para
falar em línguas
Incapacidade de confessar
Convulsões, prostração estrangeiras
Jesus de forma reverente
desconhecidas da
pessoa possuída
Fenômenos poltergeist
(p.ex.: ruídos inexplicáveis,
Insensibilidade à dor Estado de transe
telecinesia, odores
desagradáveis...)
At 16.16-18; Mc
At 13.4-11; Mc 5.1-5; Lc
Mt 8.28; At 19.16; Lc 1.21-24, 34; Lc 4.33;
9.41s; 1 Jo 4.1-6; 1 Co 12.3; 1
4.33; Mc 9.18-22; 5.1-5 1 Sm 18.10; Mc 9.18-
Sm 18.10
22
Fonte: Oropez, 2000. p.131.
Diante desse tema, que desperta inúmeras dúvidas sobre a sua etiolo-
gia, isto é, de onde surgem e por que se manifestam as possessões nos
indivíduos, segue uma série de possíveis interpretações para o fenô-
meno, que transversalizam a medicina e a religião.
Se Deus está do nosso lado, quem nos vencerá?... Em tudo isso temos a vitória por
meio daquele que nos amou. Pois eu tenho a certeza de que nada nos pode separar
do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades
ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem
o mundo lá de baixo. Em todo o universo não há nada que nos possa separar do
amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 8.31,
37-39)
13.2 Conclusão
Voltamos a afirmar que tratar desse tema exige prudência, sem abrir
mão de um olhar crítico e interdisciplinar, respeitando-se sempre os
diversos pontos de vista e interpretações trazidos pelos diferentes
grupos, científicos e/ou religiosos.
Até aqui, passamos por várias visões religiosas e suas respectivas res-
postas para as questões religiosas e existenciais. Cada uma, a sua ma-
neira, segue o que denominamos de filosofia de vida, os princípios ideais
que normatizam o seu modo específico de pensar.
14.1Ética e moral
As palavras ética e moral, embora usadas indiferentemente, possuem
significados distintos. A moral relaciona-se às ações, isto é, à conduta
real. A ética diz respeito aos princípios ou juízos que originam essas
ações. Nessa dimensão, a ética e a moral são como a teoria e a prática.
A partir dessa constatação, é possível afirmar que a ética é a teoria ou
filosofia moral. Todo ser humano tem uma moral em razão de que
pratica ações que podem ser eticamente examinadas. Contudo, nem
todos levam em conta quais são os princípios éticos que determinam
suas ações. Por isso, é fundamental avançar na compreensão da ética.
Para refletir
A ética normativa, por outro lado, procura mostrar quais ações são
certas e quais são eticamente inaceitáveis. Ela tem como pressupostos
determinados valores e, a partir deles, fornece normas para as ações.
Sua busca não é pelo que é certo ou errado, mas pela idealidade do que
deve ser. Nesse sentido, os Dez Mandamentos, por exemplo, são ações
de idealidade motivadas por uma ética normativa.
A ética normativa tem como pressupostos alguns valores e, a partir deles, fornece
normas para as nossas ações.
14.2Valores
Na Antiguidade, valor é o que deve ser objeto de preferência ou de
escolha. Contemporaneamente, identificam-se três aspectos no concei-
to de valor. Em primeiro lugar, valor não é somente a preferência ou o
objeto da preferência, mas é o preferível, o desejável, a partir de uma
expectativa normativa. Um segundo aspecto aponta que valor não é
simples ideal que pode ser posto de lado pelas preferências ou esco-
lhas efetivas, mas é guia ou norma das escolhas, sendo, por isso, o
critério para um juízo. O terceiro aspecto remete à ideia de que valor é
a possibilidade das escolhas, privilegiando umas em detrimento de
outras, repetindo sempre a mesma escolha quando as condições de-
terminadas para a escolha ocorrerem e concedendo a essas escolhas o
caráter de autênticas e certas, com pretensão à universalidade.
É possível também pensar que alguns valores são apenas meios para se
alcançarem outros valores mais desejados. Consideremos como exem-
plo o dinheiro: ele não tem valor intrínseco, em si mesmo e por si
mesmo, mas pode ser usado para se obter algum outro valor só atingí-
vel com o dinheiro.
Para refletir
Quais valores mais e melhor preenchem nossas preferências: dinheiro, carro, lazer,
saúde, liberdade, amizade, amor?
17
5
Dois fatos podem, ainda, ser ressaltados. Um é o que aponta para o
fato de que, ao tomarem decisões cotidianamente, os indivíduos prio-
rizam valores, mesmo sem terem consciência deles. Outro é que, ao
priorizarem valores, é comum que os interesses de uns contrariem os
de outros. Aquilo que é bom para um, pode ser o infortúnio de outro.
Quando isso acontece, ocorre o que denominamos de egoísmo ético.
Pesquise
Busque mais informações sobre o egoísmo ético e procure identificar se isso ocorre
a sua volta.
Teoria emotiva
Essa teoria entende que o amor é o mais alto valor e, por isso, quebrar
uma promessa por razões egoístas é considerado errado. O amor é tido
como o mais alto valor não por ser uma regra moral absoluta, mas pelo
fato de estar em jogo a produção das melhores consequências e da
satisfação humana a serem obtidas com uma determinada atitude.
Há, pelo menos, três respostas a essa questão: uma que afirma ser a
consciência inata ao ser humano; outra que diz ser ela imposta pelo
ambiente externo, sendo o ser humano moldado pelas condições cultu-
rais externas, como pensam a psicologia e as ciências sociais; uma
última, ainda, considera ser a consciência inata ao ser humano, apesar
de receber informações externas, agindo a partir destas, ou seja, ela
pune as pessoas quando rompem as normas, mas não determina abso-
lutamente essas normas.
Para refletir
A consciência:
é inata? ou
Uma questão em aberto ainda deve ser aqui lançada: todos têm a
mesma consciência?
14.5 Responsabilidade
A questão da ética centra-se, também, no senso de responsabilidade. A
pergunta que cabe para discussão é a referente a por quem e pelo que
as pessoas se sentem responsáveis. A título de reflexão, podemos falar
em duas possibilidades, que se completam, com relação à responsabi-
lidade: uma individual, em que o sujeito é responsável por si e pelo
que o rodeia, e outra coletiva, em que a sociedade é responsável pelas
ações que o sujeito não consegue fazer por si só.
14.6 Livre-arbítrio
O livre-arbítrio é o pressuposto segundo o qual as pessoas possuem
alternativas entre as quais podem escolher livremente o que é certo ou
errado, bom ou ruim e assim por diante.
17
9
Há duas correntes que conduzem a discussão do tema: uma é o deter-
minismo, que defende que nossas escolhas são determinadas pelos
elementos externos, herdados dos pais ou do ambiente no qual vive-
mos. Nesse caso, o livre-arbítrio é apenas uma sensação. Outra corren-
te, a do indeterminismo, argumenta que nossas escolhas são fruto de
vontade individual e tornamo-nos o que escolhemos ser.
Refletir
Crítica externa
Crítica interna
Assim como faz com os princípios que lhe são alheios, o cristianismo
também produz uma autoanálise e identifica, com relação à ética, duas
posturas comumente praticadas no seu interior. Uma mais negativa, a
legalista, e outra mais positiva, a pedagógica.
Amar a Deus
Amar o próximo
Honrarás a teu pai e a tua mãe para que te vás bem e vivas muito
tempo sobre a terra. Não desprezes nem irrites pais e superiores,
mas honra-os, serve-os, obedece-os, ama-os e quere-os bem.
Regras de ouro - Amar o próximo. Tratar os outros como gostaria de ser tratado.
15
Ronaldo Steffen
ÉTICA SOCIAL CRISTÃ APLICADA
O cristão, aquele que age eticamente, não apenas manifesta sua preo-
cupação com as pessoas e o Universo, mas também não faz um ar de
arrogante superioridade como se o resto, além dele, não existisse. Essa
preocupação que alimenta faz com que busque na ética social cristã
formas de poder equilibrar as relações sociais de modo que o seu pró-
ximo não perca a alegria de viver nem cause dano à existência dos
outros.
15.1 Amor-próprio
Em tempos de grande valorização da autoestima, autoimagem, marke-
ting pessoal, cuidado com o corpo e assim por diante, é prudente tocar
nesse tema, ainda que resumidamente. Pode um cristão ter amor-
próprio? Como ser criado e salvo por Deus, ele foi feito nova criatura e
recebeu, de graça, o favor de Deus. O ser humano é visto por Deus
como santo, bom. O cristão sabe disso. Sabe que recebeu o amor de
Deus para amar o próximo. Nesse sentido, o cristão tem amor-próprio.
É dele que emana o amor ao outro e a todas as criaturas divinamente
criadas.
Amor-próprio Não por causa de si. Não por causa dos outros.
Por causa de Deus, sim.
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Com isso, coloca-se o problema do amor-próprio não no amor, mas na
razão que o produz.
Cuidar do próximo não pode perder a dimensão nem do físico, nem do espiritual.
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7
15.3 Bioética
Como qualquer outra classe profissional, a classe médica também tem
como compromisso primordial a vida. Para isso, mais do que nunca há
um aprimoramento nas pesquisas médicas, concentrando-se em espe-
cial na área da genética. O cristianismo não se opõe de forma alguma
às pesquisas que respeitam a vida humana e que desenvolvem práticas
de defesa da vida ou estudos que visam a evitar a evolução de doen-
ças, bem como propiciar melhorias físicas e mentais aos seres huma-
nos.
15.4 Casamento
A ética cristã entende que o objetivo básico do casamento é criar as
condições para vivermos a plenitude da vida e ajudarmos uns aos
outros. Em vista disso, a família é considerada o centro da vida, escola
de aprendizado das virtudes cristãs e espaço de construção de um ser
humano que dignifica Seu criador.
Para refletir:
15.6 Inseminação
Não há muito que discutirmos em relação a esse tema se considerar-
mos a inseminação in vitro e a fecundação obtida com óvulo e esperma
do casal (inseminação homóloga). As dificuldades no tema se acentu-
am, no entanto, quando levamos em conta a inseminação heteróloga,
ou seja, que é realizada com óvulos ou espermas de pessoas que não
são parceiros.
15.7 Aborto
O tema tem, recorrentemente, voltado à discussão. Para o cristão, está
claro que o aborto é homicídio, e por uma única razão: a vida começa
na concepção. Há, porém, outros que assumem outras perspectivas em
que se aceita o aborto alegando a vergonha social de ser mãe solteira e
vítima de estupro, ameaça ao equilíbrio econômico da família, possibi-
lidade de o feto ter anomalias ou razões semelhantes. Para essas pesso-
as, pensamos que devam existir leis que regulem o restabelecimento de
ações sociais equilibradas, especialmente em razão da prática de abor-
to clandestino.
15.8 Eutanásia
O termo significa "boa morte", "morte serena", isto é, abreviar serena-
mente a vida de quem sofre doença incurável.
Para refletir:
Aqui, mais uma vez, cabe ao cristão evitar o juízo condenatório, mes-
mo não concordando com a prática da eutanásia.
O espírito de vingança ("olho por olho e dente por dente") não cabe nos princípios
da ética cristã.
15.10 Ecologia
O reino de Deus inclui todas as suas criaturas, inclusive o cosmos. O
Universo é criatura divina e compete ao filho de Deus conservá-lo.
Buscar a preservação do Universo é manifestação do amor, como prin-
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cípio ético. A conservação só será possível com mudanças de rumo do
ser humano. Deixar de lado a cobiça e o egoísmo é imprescindível.
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