Desenho de Observação PDF
Desenho de Observação PDF
Desenho de Observação PDF
Gina Dinucci
André Vilela
© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Luciara Bruno Garcia
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Dinucci, Gina
D583d Desenho de observação / Gina Dinucci, André Vilela.
– Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.
200 p.
ISBN 978-85-522-0250-9
CDD 741.2
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Fundamentos e
atitudes para o desenho
Convite ao estudo
O desenho é uma espécie de projeto do pensamento, é a
compreensão das ideias que se encontram em nosso intelecto e
também é a materialização do que vivenciamos e vemos. O objetivo
deste estudo é embasar o conhecimento sobre os procedimentos
para o ato de desenhar, atentando para a experimentação de
materiais e suportes, assim como pensar no desenho como recurso
poético, de registro, percepção de mundo, e uma ferramenta na
resolução de problemas. Para a compreensão de como esse
conhecimento se concretiza na prática, entraremos no universo
da ilustração a partir da história de Natália, nossa personagem ao
longo deste material.
Boa viagem!
Seção 1.1
Sensibilização do olhar e desenvoltura do traço
Diálogo aberto
Desenhar é uma forma de estar no mundo e conhecê-lo. Quando
desenhamos, olhamos para nossos referentes com um olhar mais
atento a seus detalhes, ao mesmo tempo que, para representar esse
olhar, precisamos sintetizar o que observamos, o que imaginamos e o
que pensamos. O que você pensa sobre o desenho? Qual é o seu estilo
de desenho? Você imagina por qual motivo o ser humano começou a
desenhar?
Para enriquecer essas reflexões, acompanharemos a ilustradora
Natália, que passará por diversas etapas de pesquisa para elaborar
um caderno de esboços. A ilustradora aceita o desafio de produzir
o material gráfico para o cliente, mas sabe que enfrentará algumas
dificuldades, pois não pratica o desenho de observação desde que saiu
da universidade. Para que o trabalho fique mais dinâmico, Natália decide
viver a experiência do personagem, percorrendo a cidade e registrando
as vivências no diário durante uma semana.
Ela elabora um cronograma de lugares para caminhar na cidade;
transportes a utilizar; pessoas com quem conversar; espaços onde comer
e descansar; e visitas a museus, monumentos, comércios e cinemas.
No entanto, no primeiro dia de suas pesquisas, Natália depara com uma
dificuldade que não imaginava que teria e muitas perguntas surgem nessa
reflexão: "O que devo observar? Como observar? Como representar as
principais características daquilo que vejo? Como transformar aquilo que
observo todos os dias em algo interessante e novo?" Vamos descobrir as
respostas para estas perguntas?
Bons estudos!
Fonte: Autor desconhecido, Pictogramas em gruta da Serra da Capivara, Brasil, Licenciado em domínio
público por Wikimedia Commons, Serra da Capivara, 2013. Disponivel em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Arte_rupestre#/media/File:Serra_da_Capivara_-_Several_Paintings_2b.jpg>. Acesso em: 10 maio 2017.
Reflita
Pesquise mais
Fonte: Autor: Egon Schiele, Estúdio Liebesakt, 1915. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons.
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Schiele_-_Liebesakt_Studie_-1915.jpg>. Acesso em: 10 maio 2017.
Fonte: Autor: Egon Schiele, Krumauer Stadtviertel, 1914. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia
Commons. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/70/Schiele_-_Krumauer_
Stadtviertel_-_1914.jpg>. Acesso em: 10 maio 2017.
Fonte: Autor: Egon Schiele, Autorretrato com fundo marrom, 1912. Licenciado sob domínio público,
via Wikmedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Egon_Schiele_-_
Selbstporträt_vor_braunem_Hintergrund_-_1912.jpeg>. Acesso em: 10 maio 2017.
Assimile
Lourenço Mutarelli constrói seus cadernos de esboço a partir do exercício
da liberdade de criação, sem o compromisso de que sejam um produto
com um propósito definido. Essa maneira de produzir em sketchbooks é
essencial para o aprimoramento do desenho e da poética de seu produtor.
Fonte: Autor: Henri Haris Lines, Desenho de árvores do Colwall Oaks, 1877. Licenciado sob domínio público, via
Wikimedia Commons. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Henry_Harris_Lines> Acesso em: 11 maio 2017.
Pesquise mais
Avançando na prática
Em busca de referências
Descrição da situação-problema
Você é um estudante de Artes Visuais e precisa preparar um trabalho
de análise de três obras de artistas contemporâneos que utilizam
a linguagem do desenho em suas criações. Quando estudou este
tema em seu curso, você não se identificava muito com as práticas e
visualidades dos trabalhos dos artistas apresentados. Então, não se
aprofundou nas reflexões sobre esse tema. A sua preferência estava
ligada a artistas figurativos clássicos que utilizam a linguagem da pintura.
Por esse motivo você está inseguro para abordar o assunto em sala de
aula. Os artistas que você precisa pesquisar consideram o processo de
criação como obra final. Diante da dificuldade de aproximação com o
tema, você se pergunta: de que forma posso iniciar uma pesquisa para
compreender melhor os procedimentos e os elementos que compõem
as obras destes artistas?
Resolução da situação-problema
A solução deste problema não é exata mas, no conteúdo desta seção,
há algumas pistas de como se aproximar de temas ligados à observação
e à interpretação de mundo. Talvez, a primeira ação para resolução deste
problema seria a abertura para novos conhecimentos. Se você não se
sente representado por certo tipo ou modalidade de arte, isso não deve
impedir que você se aprofunde nos estudos sobre esse assunto. Ampliar
o repertório é necessário para todos os momentos de nossa vida. Neste
caso, estudar a produção visual contemporânea com o olhar aberto será
imprescindível para que você se aproxime das obras destes artistas. Entre
as práticas que poderão auxiliá-lo nesta busca estão: ler textos de artistas,
filósofos, historiadores e curadores sobre o tema, buscar informações na
internet, debater o tema com seus amigos, frequentar espaços culturais
e galerias, além de estar atento ao que você observa.
6H 5H 4H 3H 2H H HB F B 2B 3B 4B 5B 6B 7B
Fonte: Autor: desconhecido, O homem velho. Licenciado sob CC 4.0 Internacional via Wikimedia Commons.
Foto: Welcome Images. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:An_old_man._Charcoal_
drawing._Wellcome_L0026703.jpg>. Acesso em: 16 maio 2017.
Sanguínea
Esse material se aproxima do efeito do carvão, porém possui cor
castanho - avermelhada, semelhante à terracota. Sua composição
é uma mistura de caulino e hematita, e sua utilização está presente
principalmente na produção de modelos vivos e paisagens há muitos
séculos. Assim como o carvão e o giz pastel seco, a sanguínea necessita
de um spray fixador para que o desenho não se perca ao ser tocado, pois
esses materiais não aderem totalmente ao papel.
Figura 1.10 | Homem – 5 (Giz Sanguínea), 1985
Fonte: Autor: desconhecido, Homem 5 (Giz Sanguinea), 1985. Licenciado sob CC 4.0 Internacional via Wikimedia Commons.
Foto: P. Demme, viúva e arquivista do artista. Disponível em: <https://goo.gl/bzy2YK>. Acesso em: 16 maio 2017.
Fonte: Autor: Edgar Degas, Bailarinas no Palco - Pastel sobre papel, Dalas, Texas, 1883. Licenciado sob domínio público,
via Wikimedia Commons. Foto: Museu de Dallas. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Degas_Ballet_
Dancers_on_the_Stage.jpg>. Acesso em: 17 maio 2017.
Bico de pena
Ferramenta utilizada para a escrita e o desenho, é uma ponta de
metal com um orifício, encaixada em um cabo. Seu formato se parece
com uma caneta, porém a tinta não está contida em um depósito como
nas canetas comuns, pois a sua ponta deverá ser mergulhada na tinta
(nanquim) para que se inicie o traço. Esse aparato proporciona traços
das mais diversas espessuras e apresenta certo grau de dificuldade
na sua utilização. No entanto, há no mercado canetas nanquim que
se assemelham à pena e são mais fáceis de serem manejadas. Esse
material é muito empregado em desenhos técnicos, em caligrafia e em
trabalhos com hachuras e mínimos detalhes.
Fonte: A.J.E. Terzi, A borboleta do cavalo (Gasterophilus Inentinalis), Iconographic Colletion, 1919. Licenciado sob
domínio público, via Wikmedia Commons. Foto: Wellcome Images, 2014. <https://goo.gl/0SmROr>. Acesso em: 17
maio 2017.
Os suportes
A escolha de ferramentas e suportes depende dos materiais que
serão utilizados e da intenção estética que se deseja. Há diversos tipos de
suportes para o desenho, sendo o mais comum o papel. Para desenhos
a lápis, qualquer papel poderá ser utilizado, mas existem gramaturas,
cores e texturas diversas, que oferecem diferentes efeitos. Gramaturas
mais altas constituem papéis mais encorpados e se adaptam melhor a
trabalhos com alta carga de pressão, ou a materiais aguados, como a
aquarela ou o nanquim. Os papéis mais finos são ideais para lápis, mas
poderão acomodar outros materiais, como bico de pena e giz pastel.
Menos comuns, mas possíveis de se produzir desenhos, são a tela de
tecido, a madeira e outros suportes não convencionais, como a parede,
no caso de murais e grafites. Na Arte Contemporânea, o suporte pode
ser o corpo, a areia, a terra, a arquitetura, enfim, não há uma regra para a
utilização de suportes, bastando experimentá-los e empregá-los às suas
necessidades plásticas e conceituais.
Experimentando linhas, texturas, pesos e ritmos
Com base no conhecimento das possibilidades gráficas, técnicas,
poéticas e práticas de observação, o ato de desenhar poderá tornar-se
dinâmico e adaptar-se a projetos, buscando melhores soluções, mas
também são elementos potentes na busca pelo trabalho autoral. Como
já foi dito, o desenho de observação não está preso à realidade, pois a sua
criação passa por um processo intelectual complexo e envolve muitas
Exemplificando
Existe uma infinidade de possibilidades de linhas, texturas e traços para
se construir o desenho. Observe a seguir alguns exemplos de desenhos
em que foram aplicados diferentes procedimentos de expressão gráfica.
Linhas delicadas com sombras e luzes:
Figura 1.13 | Salgueiro (espécie Salix): ramo com folhas, de S. Kawano
Fonte: Autor: S. Kawano, Salgueiro (Espcie Salix): ramo com folhas. Foto: Wellcome Images, 2017.
Licenciado sob CC 4.0 International via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://goo.gl/T2TG2u>.
Acesso em: 24 jun. 2017.
Fonte: Autor: Vanderpoel, Desenho a lápis de criança dormindo, 1907. Licenciado sob domínio público,
via Wikmedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pencil_Drawing_of_
Sleeping_Child,_Vanderpoel.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2017.
Fonte: Autor: Ricce, Retrato 1, 2004. Licenciado sob domínio público, via Wikmedia Commons. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ritratto_1.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2017.
Fonte: Autor desconhecido, Dois moinhos, 1862. Foto: Licenciado sob CC 4.0 International via Wikimedia
Commons. Wellcome Images. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/33/
Two_windmills_%28in_the_Netherlands%3F%29._Pencil_drawing_%28by_Lill_Wellcome_V0025435.jpg>.
Acesso em: 10 jun. 2017.
Fonte: Autor: Vander Vanderpoel, Desenho de jovem mulher, 1907. Licenciado sob domínio público, via
Wikmedia Commons. Disponível em: <https://goo.gl/gRhZWT>. Acesso em: 10 jun. 2017.
Fonte: Autor: Michelangelo, 1504. Licenciado sob domínio público, via Wikmedia Commons. Disponível em:
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/77/Battle_of_cascina3.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2017.
Exemplificando
Figura e fundo
A percepção de figura e fundo está diretamente relacionada à legibilidade da
imagem. Ao observarmos uma forma, vemos também sua relação com o
espaço em que se insere. Mas a nossa capacidade de representar figura e fundo
não foi sempre a mesma. Na história da arte, foi só a partir do século XVII que
as pinturas passaram a priorizar o efeito de profundidade, distinguindo de forma
mais elaborada e contundente a figura do fundo.
O conceito de figura e fundo também está muito ligado ao campo da psicologia
nos estudos da Gestalt1, que considera que a percepção humana das formas
ocorre a partir de um conjunto de relações. A teoria da Gestalt acredita que a
figura não possui maior importância que o fundo, pois ela só existe porque há
um fundo que a revele.
Na imagem a seguir, perceberemos que, dependendo da forma como
observamos, perceberemos imagens diferentes. Existe um triângulo vazado no
centro da composição ou os três círculos e o triângulo contornado de preto
estão cortados?
Figura 1.19 | Triângulo Kanizsa
Fonte: Gaetano Kanizsa, 1955. Licenciado por GNU Free Document License. Foto: Fibonacci, 2007. Disponível
em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kanizsa_triangle.svg>. Acesso em: 10 jun. 2017.
1
Conhecida também como psicologia das formas, a teoria da Gestalt, criada no final o século XIX, estuda o
comportamento do cérebro humano durante o processo de percepção humana através da visão.
2. Figura e fundo
a) Escolha um objeto para observar.
b) Localize este objeto em um fundo neutro (se o objeto for claro,
prefira fundo escuro, se for escuro, busque fundo claro).
c) Agora, observe os espaços negativos da composição, ou seja,
você desenhará o fundo com a intervenção do objeto, e não o objeto
em si. Sabendo que a forma é considerada positiva e o fundo, negativo,
seria como se o objeto não estivesse mais presente, deixando sua forma
estampada na composição. Para produzir este desenho, utilize uma
diversidade de linhas, traçados e texturas. Esta proposta necessita de muita
concentração, para que não se firme o olhar no objeto. Lembre-se a todo
Pesquise mais
O artista holandês M.C. Escher (1898-1972) desenvolveu muitos dos seus
trabalhos utilizando esta forma de observação e representação. Pesquise
mais sobre o artista e suas obras em seu site oficial. Disponível em:
<http://www.mcescher.com>. Acesso em: 19 maio 2017.
Fonte: Autor: Yves Klein, A cor azul, 1960. Fundação Stedelijk Museum Ammstendam Collection. Licenciado sob
CC 3.0 International via Wikimedia Commons. Foto: Jaredzimmerman (WMF), 2014. Disponível em: <https://goo.gl/
Y1eVVo>. Acesso em: 21 maio 2017.
Fonte: Yves Klein, Hiroshima, 1961. Licenciado sob CC 4.0 International via Wikimedia Commons. Foto:
MoicSC24, 2016. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hiroshima_yves_klein.jpg>. Acesso
em: 21 maio 2017.
Fonte: Ernest Ludiwig Kirchner, Stehendes Liebespaar, 1908 - 1909. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia
Commons. Foto: Van Ham Kunstaultionen, 2011. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ernst_
Ludwig_Kirchner_Stehendes_Liebespaar_1908-1909.jpg>. Acesso em: 21 maio 2017.
a) V-V-F-V-F.
b) V-V-V-F-V.
c) V-V-V-F-F.
d) F-V-V-F-F.
e) V-F-V-F-V.
Reflita
Assimile
O desenho de observação não deve ser discutido somente pelo
aspecto gráfico, pelo uso de matérias e suportes ou mesmo pela
qualidade técnica, mas sim como fonte de reflexão sobre o mundo e
sobre as experiências singulares.
Exemplificando
Fonte: Gabriel de Andrade, Croquis (exemplo de croquis para ilustrar artigo sobre desenho), 2005. Licenciado
sob CC by-sa-2.0. Via Wikimedia. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Croquis_-_sample.
jpg>. Acesso em: 24 maio 2017.
Exemplificando
Para exercitar a medição de um objeto utilizando um lápis, é necessário
seguir os seguintes passos:
Fonte: Autor: Joan Miró, Campo de Cultivo, 1923. Licenciado sob dominio público. WikArt.org. Disponível em:
<https://www.wikiart.org/en/joan-miro/the-tilled-field-1924>. Acesso em: 20 jun. 2017.
Fonte: Autor: Joan Miró, Mural de cerâmica para o Museu de Ludwygshafen - Alemanha. Licenciado sob
domínio público. Wikimedia Commons. Disponível em: <https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Miro-Wand_in_
Ludwigshafen_06.jpg>. Acesso em: 25 maio 2017.
Pesquise mais
Memória
O desenho de memória diz respeito à representação gráfica de
imagens observadas anteriormente. Conservar uma imagem na
memória e resgatá-la para representá-la posteriormente é um exercício
inteiramente dependente da observação atenta. Ou seja, quanto mais
a habilidade de observar estiver desenvolvida, mais elementos teremos
para relembrar na produção do desenho. Isso não quer dizer que essa
memória não seja influenciada pela ficção, imaginação e fantasia. Como
já vimos nesta seção, esses elementos estão sempre interligados em
maior ou menor grau, sendo impossível separá-los. É muito comum
que, quando estamos narrando uma história, ela esteja permeada por
fatos, como também por pedaços de imaginação e recordações. A
mesma história pode se tornar diferente a cada dia, a não ser que a
decoremos minuciosamente.
As propostas a seguir dizem respeito à criação visual a partir
de imagens mentais, histórias, sentimentos e percepções que se
encontram guardadas em nossas memórias.
Proposta 5 – retrato
a) Observe um colega de sala durante cinco minutos.
b) Esteja atento a todos os detalhes do rosto, como formato da
cabeça, distância entre os olhos, comprimento e largura do nariz,
formato da sobrancelha, tamanho da boca, volume das bochechas e
do maxilar. Guarde na memória todos os detalhes.
c) Sem olhar para o modelo, represente esse retrato em uma folha
de papel, utilizando carvão para desenho.
Proposta 6 – um objeto na memória/desenho cego
a) Escolha um objeto para representar.
b) Observe-o atentamente durante alguns minutos.
c) Desenhe este objeto sem olhar para o papel. Repita a prática por
pelo menos três vezes.
Proposta 7 – misturar memórias
a) Escolha três imagens fotográficas.
a) I, II e IV, apenas.
b) II, III e V, apenas.
c) I, II, IV e V, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV, apenas.
Representação da
forma, volume e
proporção no desenho
Convite ao estudo
Nesta segunda unidade, você vai estudar formalmente os
fundamentos da linguagem do desenho. Na primeira unidade, você
viu como nos sensibilizamos para desenhar, quais são as categorias
de pensamento mobilizadas do desenho – observação, memória
e imaginação – e de que maneira nos preparamos para desenhar.
Agora, você vai ter contato com uma abordagem mais técnica do
desenho, para compreender como funcionam os elementos dessa
linguagem e como pode praticar o uso dele. Para compreender
esses conteúdos, você vai acompanhar a trajetória de Gustavo, um
jovem interessado em desenho que se candidata a uma bolsa de
estudos com residência em Londres.
Nas últimas décadas, programas de incentivo a jovens
pesquisadores e criadores em todas as áreas têm se tornado cada
vez mais frequentes. Essas propostas e iniciativas são geralmente
promovidas por instituições de ensino e pesquisa ou organizações
não governamentais e financiadas muitas vezes por órgãos públicos
ou grandes empreendedores. Esses programas podem ser bolsas
de estudo, financiamento de pesquisas ou projetos de trabalho, ou
residências.
As residências são programas que financiam a permanência de
jovens pesquisadores e criadores em locais de trabalho nos quais
podem desenvolver seus projetos ou participar de projetos de
pesquisas em equipes, onde dispõem de todo o aparato necessário:
equipamentos, materiais, acesso a bibliografia e recursos de
desenvolvimento.
Os processos de seleção desses programas variam, indo de
análise de currículo e portfólio a entrevistas individuais, nas quais se
procura identificar os interesses e as potencialidades dos candidatos.
Gustavo, um jovem de 19 anos recém-saído de um curso de
Desenho Técnico e Artístico, acaba de se candidatar para um
programa de residência para aprofundamento e pesquisa em
desenho. O programa acontece numa instituição em Londres e tem
como objetivo receber jovens com interesse em diferentes áreas
que lidam com o desenho – design, moda, arquitetura, artes – para
que tenham vivências com nomes importantes dessas profissões,
troquem ideias e possam aprofundar suas pesquisas e identidade
pessoal no desenho. Para conseguir a bolsa, Gustavo deverá passar
por algumas etapas de um processo seletivo, com enfoque no
desenho.
O percurso que Gustavo tem que trilhar e apresentar para
participar dessas etapas de seleção da bolsa à qual ele se candidatou
é o do aprendizado e desenvolvimento do desenho, da construção
de suas competências como desenhista e do domínio dos recursos
da linguagem visual.
Nesta unidade, você estudará diversos conteúdos relacionados
ao desenho, especialmente à produção do desenho de observação,
que é a base para o desenvolvimento do desenho. Aprender a
desenhar significa desenvolver maior consciência da percepção
visual e das possibilidades de representação do desenho, procurando
reproduzir no papel aquilo que se vê. Para isso, é necessário entender
a configuração dos volumes e das massas, as proporções dos
corpos e objetos e suas relações com o espaço. Em cada uma das
seções desta unidade, serão abordados conteúdos relacionados às
competências específicas do desenho: identificar e construir formas,
utilizar os elementos básicos da linguagem visual e representar
volumes e proporções por meio dos recursos do desenho.
Nesse percurso de aprendizado, você vai conhecer algumas
possibilidades do desenho ao longo da história da arte até a
contemporaneidade e entender um pouco mais sobre seu papel
em algumas profissões.
Essa será uma trajetória muito semelhante à qual Gustavo deve
passar. No final de cada seção, veremos como ele pode responder
a cada etapa do processo de seleção.
Bom aprendizado!
Seção 2.1
Forma
Diálogo aberto
Na primeira etapa do processo seletivo para a bolsa de residência
em Londres, Gustavo deve escrever um texto contando como e
porque ele começou a desenhar e explicar seus primeiros passos
como desenhista. Nesse texto, ele deverá descrever como se deu
seu processo de aprendizagem formal do desenho, apresentando os
processos pelos quais ele aprendeu os fundamentos do desenho em
seu curso.
Gustavo consultou as pastas nas quais arquivou todas as suas
produções em três anos de curso, desde o começo. Ele se recorda de
que havia uma grande ênfase no desenho de observação e no exercício
dos recursos necessários para registrar as formas por meio das linhas
e traços. Ele passa a observar atentamente tudo o que está na pasta e
suas anotações. Seu objetivo é descrever no texto como se começa a
estudar, de maneira focada, os elementos fundamentais do desenho
de observação. Que elementos são esses e de que forma ele pode
apresentar seu papel na aprendizagem do desenho? De que forma
articular os fundamentos da linguagem do desenho para representar a
visualidade? Como o desenho representa o mundo visível?
Nesta primeira seção, para entender o que Gustavo precisa e
pretende apresentar nessa etapa do processo, você vai compreender
quais são os recursos da linguagem do desenho que são utilizados
para representar os objetos no desenho. Você verá como as formas
podem ser observadas e analisadas para serem reconstruídas no papel,
procurando manter relações com o objeto real. Nestes estudos, você
aprenderá como a linha, o elemento fundamental da linguagem do
desenho, é articulada para criar formas simples que estruturam as
formas compostas e complexas dos objetos.
Vamos começar?
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/marcador-preto-conjunto-de-movimentos-gm505923372-83939849>.
Acesso em: 12 maio 2017.
Exemplificando
A utilização de formas simples para estruturar objetos mais complexos é
uma estratégia para observar e também para fazer desenhos de criação
ou projetos.
Veja, por exemplo, as figuras planas a seguir, que mostram basicamente
desenhos de cadeiras e poltronas. Você perceberá que as qualidades
características destes móveis, como a simetria, podem ser obtidas pela
construção com forma geométricas básicas. Quais formas, ou partes de
formas, você identifica?
Figura 2.2 | Cadeira e conjunto de ilustração vetorial de ícones de estar
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/amphora-vases-isolated-clay-jars-egyptian-style-
gm624540734-109792081>. Acesso em: 12 maio 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/flores-e-ervas-selvagens-desenhado-%C3%A0-m%C3%A3o-
s%C3%A9rie-volume-de-1-vintage-gm540490986-96493557>. Acesso em: 16 maio 2017.
Reflita
Você viu nesta Seção alguns procedimentos de desenho que são
usados para garantir a verossimilhança dos desenhos com os objetos
representados (o mundo real). Estes recursos são usados por artistas
e diversos profissionais de áreas como moda, design e, arquitetura e
até de exatas.
Mas, se pensarmos nas produções artísticas, nas quais a liberdade
e a expressão são valorizadas, as regras que você aprendeu aqui
continuam as mesmas? Veja o desenho a seguir, de Theo van
Doesburg (1883–1931).
Figura 2.7 | Estudo para ritmo de uma dança russa (cerca de 1917-1918) - lápis
e tinta sobre papel
Fonte: Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Theo_van_Doesburg_study_1.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 2 jun. 2017.
a) F-F-V-F.
b) V-F-F-V.
c) V-V-F-F.
d) F-V-V-V.
e) V-F-V-F.
Reflita
Você já pensou em como fazer um desenho que expresse um conceito,
como em um infográfico?
A ilustração a seguir foi desenvolvida para ser utilizada em infográficos ou
como conceito. Você pode observar como se dá uma composição: vemos
cinco elementos (os homens de negócios) dispostos em um círculo (a mesa),
todos equidistantes entre si, nas mesmas posições e com objetos similares
(circulares: as canecas; e retangulares: notebook, tablet, agenda e papel).
A estrutura é harmônica, pois os infográficos não podem ser difíceis de ser
vistos e compreendidos, mas os elementos se repetem com pequenas
variações, para que a imagem não se torne monótona.
Figura 2.8 | Design: ilustração representando uma reunião de brainstorming,
conceito em 2D para infográfico
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/business-planning-brainstorming-top-view-concept-flat-icon-
of-round-office-conference-gm684943938-125872701>. Acesso em: 18 maio 2017.
Assimile
Uma composição visual é a organização dos elementos ou partes em
um todo, de acordo com as escolhas e critérios do autor. Conhecer as
propriedades de uma composição e como ela pode se apresentar como
resultado final é importante, tanto para criar uma peça visual como para
realizar desenhos de observação, pois assim o desenhista terá melhor
percepção de como a cena que está sendo registrada se organiza.
Exemplificando
Fonte: Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Escola_de_Atenas.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 17 maio 2017.
A proporção
Fonte: REMONT, Rose-Marie, PHILIPPI, Nicole. Aprenda a desenhar. São Paulo: 1980. Livraria Martins Fontes, p. 40.
Pesquise mais
O Renascimento italiano é uma escola artística muito importante na
história da arte ocidental. Nomes até hoje considerados fundamentais
na arte, como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael Sanzio, viveram
e trabalharam nesse período. Para saber mais sobre esse período da
história, acesse o site História da Arte. Disponível em: <http://historia-da-
arte.info/idade-moderna/renascimento.html>. Acesso em: 25 ago. 2017.
Leia também o livro A história da arte, de E. H. Gombrich.
Fonte: Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Vitruvian.jpg>. Acesso em: 19 maio 2017.
Fonte: http://www.istockphoto.com/br/vetor/couple-preparing-for-thanksgiving-dinner-in-the-kitchen-
gm607500202-104117309. Acesso em: 9 jun. 2017.
Exemplificando
A esfera é uma figura simples e talvez a mais eficiente para entendermos
como a incidência de luz e sombra evidencia o volume. O simples
contorno das esferas é um círculo, uma figura bidimensional.
Se você desenhar um círculo no papel, é impossível que seja compreendido
como uma esfera. A tridimensionalidade de uma esfera só pode ser obtida
no desenho por meio da representação das sombras, como as que
observamos na Figura 2.16. Olhando atentamente, você pode ver de que
lado a luz incide, quais são as áreas mais iluminadas das esferas e onde há
mais sombra. Essas sombras, chamadas de sombras próprias – as sombras
formadas em um objeto por seus próprios volumes –, são as que nos
ajudam a perceber sua tridimensionalidade.
Figura 2.16 | Esferas
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/abstract-group-of-white-spheres-on-white-
gm587185456-100775837>. Acesso em: 22 maio 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/cena-de-horror-com-gritando-assustador-face-humana-
gm533554489-56010778>. Acesso em: 13 jun. 2017.
Exemplificando
No desenho a seguir, que representa dois sólidos simples, você pode
observar como se comportam as sombras próprias e as projetadas.
Veja que tanto a esfera quanto o cubo têm seus lados recebendo luz de
forma diferente, o que faz com que a esfera tenha o lado de baixo menos
iluminado que o de cima, e a face frontal do cubo seja mais iluminada do
que a face que vemos à nossa esquerda. Estas são suas sombras próprias,
que definem seus volumes neste desenho. Agora, veja como há também
uma sombra triangular na parede, que se origina do ponto no qual a esfera
encosta nela. Esta é a sombra projetada dos objetos, que ajuda a definir,
no desenho, como eles ocupam o espaço.
Figura 2.19 | Desenho a lápis de esfera e cubo
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/l%C3%A1pis-de-desenho-de-um-cubo-e-esfera-
gm162651828-23203936>. Acesso em: 22 maio 2017.
Preencha a primeira célula com o cinza mais forte que você puder
obter, com máxima pressão sobre o lápis. O exercício de preencher a
célula inteira é importante, para que você pratique a regularidade da
pressão. Em seguida, passe a preencher as demais células, diminuindo
a pressão levemente, para obter tonalidades de cinza o mais próximo
possível umas das outras, mas ainda assim diferentes. Com a prática,
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/still-life-with-kettle-and-apple-pencil-drawing-
gm587525714-100848367>. Acesso em: 26 maio 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/city-landscape-made-by-ink-on-paper-
gm654589174-119109097>. Acesso em: 26 maio 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/l%C3%A1pis-de-desenho-de-um-cubo-e-esfera-
gm162651828-23203936>. Acesso em: 22 maio 2017.
a) F – F – V – F.
b) F – V – F – V.
c) V – F – V – F.
d) F – V – V – F.
e) F – V – V – V.
Representação do espaço
tridimensional no desenho
Convite ao estudo
O mercado de trabalho relacionado à produção e à criatividade
tem crescido e se diversificado nos grandes centros urbanos.
Ações como divulgação de marcas, lançamentos de produtos
e eventos diversos geram a demanda por uma gama cada vez
mais ampla de profissionais de criação e de atividade integradas
entre diferentes linguagens, como arquitetura, cenografia, moda,
design, arte, decoração etc. Todo esse movimento gera uma
diversidade de demandas, tanto no tipo de trabalho quanto no
tamanho. Por exemplo: muitos projetos não precisam do trabalho
de um escritório de arquitetura, mas somente de um arquiteto
que possa planejar e desenhar o ambiente de uma festa. Por isso,
muitos professionais contemporâneos precisam encontrar uma
forma de ter um espaço de trabalho que atenda ao tamanho de
suas necessidades sem altos custos. Assim surgiam os chamados
co-workings: grandes salas alugadas em grupo por diferentes
profissionais, onde instalam seu material de trabalho e dividem
com os demais as contas de luz, água e internet e, geralmente, um
espaço compartilhado para receber clientes e fazer reuniões.
Bons estudos!
Seção 3.1
Profundidade no desenho
Diálogo aberto
Retomando no nosso contexto de aprendizagem, Regiane, arquiteta,
e seus colegas cenógrafos, Gabriela e Júlio, decidem participar de
um concurso de projetos para um stand de exposição e espaço de
convivência para um evento de uma grande empresa. Para participar
do concurso, é preciso apresentar um estudo preliminar, que será uma
ilustração. Além disso, é preciso apresentar o resultado final não só do
espaço, mas de como ele vai ficar preenchido com toda a decoração
e elementos cenográficos. Agora, eles precisam trabalhar para criar o
estudo preliminar para o concurso.
Primeiramente, o grupo precisa decidir de que forma será feita a
apresentação de seu estudo preliminar. Depois de muita conversa, eles
elaboram uma lista das estratégias geralmente usadas para este tipo
de apresentação: impressão em plot, modelagem 3D no computador,
croquis feitos à mão, estudos detalhados em aquarela, maquetes ou
até mesmo fotografias de maquetes. Por fim, entram em um acordo: o
objetivo é se destacarem em um concurso, mostrando identidade. Por
isso, decidem que produzir desenhos à mão nos estudos preliminares
vai marcar mais presença entre os jurados. Júlio e Gabriela, no entanto,
se lembram de que os jurados precisam ter uma ideia bem clara do
resultado final, que será em um espaço amplo e aberto, e atenta para o
fato de que existem programas de computador específicos para isso. É
possível que o desenho passe a sensação de grandeza e profundidade
de um grande espaço arquitetônico e cenográfico? De que forma o
desenho pode apresentar e valorizar esses elementos?
Para pensar sobre essas questões, fazer as escolhas necessárias
e realizar a produção da sua apresentação de forma objetiva, mas
com qualidades artísticas e autorais como deseja, o grupo de jovens
profissionais precisará se dedicar ao estudo dos recursos e dos elementos
que a linguagem do desenho dispõe para representar de forma eficiente
o espaço tridimensional.
Nesta seção, você estudará as formas de representação da
profundidade, que é a propriedade que distingue os objetos no espaço
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/dasign-reuni%C3%B5es-de-neg%C3%B3cios-
gm495143094-77835349>. Acesso em: 1 jun. 2017.
Assimile
O volume é a expressão da tridimensionalidade dos objetos. No desenho, o
uso de luz e sombra é o principal recurso para expressar essa qualidade. Esses
elementos evidenciam os volumes dos objetos e traduzem para a linguagem
bidimensional do desenho a forma como os objetos ocupam o espaço.
A profundidade é a expressão da tridimensionalidade do espaço. No desenho,
ela é a representação da localização dos objetos no espaço, das distâncias
entre os elementos de uma composição e da referência do observador. Assim,
ela pode estabelecer um ponto de vista para quem vê a imagem.
Planos e enquadramentos
Antes de analisarmos as técnicas e os recursos da linguagem visual
para a representação da profundidade, precisamos falar sobre a noção
de ponto de vista: o enquadramento. Se recorrermos à linguagem
cinematográfica, que guarda diversas relações com o desenho,
entenderemos melhor o que é o enquadramento e a noção de ponto
Exemplificando
Determinar quais são os planos para cada cena ou sequência de um
filme é responsabilidade do diretor, normalmente em parceria com um
diretor de fotografia. Os dois trabalham basicamente a partir das noções
de planos aberto, médio e fechado, fazendo ajustes e alterações, para
planejar todas as cenas do filme, o que determina o tipo de câmera,
cenário e equipamento que será necessário. O estudo visual dessas cenas
se chama storyboard, que é como uma espécie de versão desenhada do
roteiro, como uma história em quadrinhos sem balões. A eficiência do
processo de edição da forma final da história depende muito de como
são filmados os planos de cada cena, planejados no storyboard. A seguir,
o exemplo do que é um storyboard.
Fonte: Licenciamento da imagem sob os termos de cc-by-sa-2.0, via Wikimedia Commons; Usuário Flicker
Rysom. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Storyboard_ryzom.jpg?uselang=pt-br>. Acesso
em: 6 jun. 2017.
Fonte: Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em:<https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Escola_de_Atenas.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 6 jun. 2017.
Fonte: Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons, usuário Muse dorsay. Foto de Pontauxchats ler.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Paul_C%C3%A9zanne_-_Les_Joueurs_de_cartes.jpg>.
Acesso em: 6 jun. 2017.
Reflita
Os artistas renascentistas usavam técnicas de pintura com o objetivo
de representar da maneira mais fiel possível o ponto de vista de um
espectador e as relações de distância e profundidade em um espaço
real. Para os egípcios, o importante era a representação dos personagens
e passagens de histórias míticas de sua cultura. A preocupação com a
verossimilhança com o espaço não estava em pauta. Já no início do
século XX, você viu como Cézanne subverte os princípios clássicos da
perspectiva para criar um espaço exclusivo da obra de arte, que contesta
a ilusão de profundidade real como única forma de representação.
Perceba que, ao estudar a História da Arte ou mesmo das formas de
representação do real, o contexto histórico e cultural influi na forma
como se pensa e se produz a arte. Nos dias de hoje, como pensamos as
formas de representação do real?
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/3-d-interior-aer%C3%B3grafo-desenho-desenho-de-caneta-de-
decorado-apartamento-casa-gm534460538-94835323>. Acesso em: 6 jun. 2017.
Pesquise mais
Para saber um pouco mais sobre a relação entre o desenvolvimento
das técnicas da perspectiva e a História da Arte, você pode pesquisar
na Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/termo3636/perspectiva>. Acesso em: 17 jul. 2017.
a) F-V-V-F.
b) V-F-V-V.
c) F-F-V-F.
d) F-V-F-F.
e) V-F-V-F.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I e IV.
e) III e IV.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/foto/ano-novo-conjunto-de-ramos-de-pinheiro-e-bolas-e-casquinhas-
gm607479652-104093997>. Acesso em: 7 jun. 2017.
Pesquiser mais
A câmara obscura foi um aparato ótico que proporcionou uma série
de descobertas sobre a projeção e a reprodução de imagens, além de
ter impulsionado a invenção da máquina fotográfica e seus inúmeros
desdobramentos. Para saber mais sobre a história do aparelho, visite o
blog Pré-Cinema , que fala a respeito da história do cinema. Disponível
em: <https://precinema.wordpress.com/2009/10/28/camara-escura/>.
Acesso em: 17 jul. 2017.
Projeções cilíndricas
As projeções cilíndricas não reproduzem exatamente a maneira de
o olho humano enxergar. Ela funciona como se raios paralelos fossem
projetados em ângulo de 90o com o plano do desenho e apontam
numa única direção. As perspectivas baseadas nessa projeção são usadas
especialmente em contextos de desenho técnico, como projetos de
engenharia mecânica ou para apresentação de peças de design para sua
confecção. O resultado apresenta ao mesmo tempo uma ideia da vista
do objeto e medidas exatas de suas faces. As projeções cilíndricas são
divididas em dois tipos: ortogonais e oblíquas. Vamos ver as principais
técnicas de perspectiva desenvolvidas a partir dessas projeções.
Projeção ortogonal
Perspectiva axonométrica
A partir de uma projeção ortogonal, são obtidas as perspectivas
axonométricas, pelas quais se pode ver três faces do objeto em diferentes
ângulos.
A aplicação mais usual da axonometria é na representação em
perspectiva de instalações hidráulicas e na confecção de peças em que
Perspectiva dimétrica
Na perspectiva dimétrica do mesmo armário (Figura 3.13), um dos
três eixos tem uma escala diferente dos outros dois. Dessa forma, há
uma mudança no posicionamento do ponto de encontro dos eixos, e a
representação do objeto parece mais próxima de uma observação real.
Figura 3.13 | Perspectiva dimétrica
Exemplificando
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/quadro-casa-com-dimens%C3%B5es-diagrama-de-
gm506288126-84135889>. Acesso em: 20 jun. 2017.
Perspectivas cônicas
Na projeção cônica, também chamada de projeção central, os
raios projetantes que designam a representação dos objetos no plano
de representação são todos originários de um mesmo vértice do cone,
como as geratrizes de uma forma cônica. Esse é o ponto de vista do
observador. Por isso, o método de perspectiva baseado na projeção cônica
representa os objetos de maneira muito mais fiel à qual apareceriam ao
olho humano. É o método mais usado em desenhos, pinturas artísticas
e pranchas de apresentações de projetos arquitetônicos, de design e de
cenografia, por exemplo.
Elementos do desenho em perspectiva
Uma vez que a perspectiva cônica imita a visão do olho humano,
devemos começar compreendendo quais são os elementos e os
Reflita
A imagem a seguir (Figura 3.19) é de uma pintura cubista do artista Juan
Gris. É o retrato de um homem na mesa de um café, lendo jornal. Os
princípios da representação do espaço no Cubismo, como propostos
por Pablo Picasso e Georges Braque, consistiam em fragmentar a
imagem em diversos pontos de vista e em sobrepor as perspectivas
decorrentes deles na mesma imagem. Assim, as imagens cubistas são o
resultado de extenso trabalho. Você consegue identificar esse trabalho
na imagem? O que você acha do fatio e desses artistas subverterem o
uso das técnicas de perspectiva? Qual é o papel da Arte?
Figura 3.19 | Juan Gris (1887–1927). Homem no café, 1914
Fonte: By Juan Gris (1887-1927), Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível
em:<https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=661271>. Acesso em: 21 jun. 2017
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/interior-de-esbo%C3%A7o-de-desenho-desenho-de-perspectiva-de-
um-espa%C3%A7o-de-escrit%C3%B3rio-gm624009706-109615525>. Acesso em: 20 jun. 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/abstract-3d-architecture-background-building-wireframe-
gm625755276-110256811>. Acesso em: 21 jun. 2017.
Fonte: Por Rafael Sanzio - Obra do próprio, Jebulon for photograph. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia
Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=28969771>. Acesso em: 21 jun. 2017.
Por fim, com os conteúdos que você estudou nesta seção, você
aprendeu que existem diversas técnicas de desenho em perspectiva,
que têm diversas aplicações, desde o desenho estritamente técnico até
produções com qualidades artísticas. Essas possibilidades da perspectiva
atendem, de diversas maneiras, às demandas de Júlio e Gabriela para
elaborarem uma boa apresentação do estudo preliminar de seu projeto
de cenografia para o concurso.
a) V-V-F-F.
b) F-V-V-F.
c) V-F-V-F.
d) F-F-V-V.
e) V-F-F-V.
2. Observe a imagem.
Fonte: Hasegawa Tōhaku - Emuseum. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=93748>. Acesso em: 26 jun. 2017.
Pesquise mais
A arte do Japão, assim como a de outros países do oriente, é pouco
estudada no ocidente. Não raramente, nossos cursos e livros de História
da Arte deixam essa produção de fora, ou apenas citam sua influência
na obra de alguns artistas ocidentais. A arte do Japão é de extrema
beleza e apuro técnico, além de manter tradições e conhecimentos
fundamentais de cultura do país. Vale a pena saber mais sobre este
assunto. Comece conhecendo a arte e arquitetura japonesas pelo portal
História do Mundo. Disponível em: <http://historiadomundo.uol.com.br/
japonesa/arte-e-arquitetura-japonesa.htm>. Acesso em: 17 jul. 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/cole%C3%A7%C3%A3o-de-vetor-de-tinta-de-desenho-%C3%A0-
m%C3%A3o-textura-hatch-gm536246439-57477408>. Acesso em: 26 jun. 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/cole%C3%A7%C3%A3o-de-vetor-de-tinta-de-desenho-%C3%A0-
m%C3%A3o-textura-hatch-gm536247833-57477560>. Acesso em: 26 jun. 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/vetor-desenho-%C3%A0-m%C3%A3o-e-flores-ex%C3%B3ticas-
plantas-tropicais-de-palmeiras-gm524378458-92177671>. Acesso em: 26 jun. 2017.
Fonte: Por Albrecht Dürer - Web Gallery of Art: Image Info about artwork. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia
Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=105788>. Acesso em: 26 jun. 2017.
Assimile
A hachura é uma técnica que consiste em criar tramas – ou texturas –
com linhas de diversas formas. Seu uso mais comum no desenho a lápis
ou a nanquim é a configuração de áreas de luz e sombra. As variações
nos efeitos de luminosidade são obtidas especialmente pela densidade
das tramas – ou seja, na concentração das linhas. A aplicação de hachuras,
portanto, cria gradações de sombra que criam a ilusão de volume,
característica do desenho, nos objetos.
Em desenhos artísticos, inúmeras variedades de linhas, pontos e elementos
gráficos podem ser exploradas, para conferir qualidades estéticas
diferenciadas às hachuras. Nos desenhos técnicos, a hachura é usada para
indicar as partes seccionadas em uma vista em corte dos objetos.
Texturas
Como explicamos, as hachuras criam texturas visuais. Os artistas e
desenhistas em geral também exploram as texturas como recursos com
diversos usos e finalidades em sua produção. Nós percebemos a textura
dos objetos quando os tocamos ou quando observamos atentamente a
sua superfície, que pode ser macia, áspera, lisa ou enrugada. As texturas
são elementos táteis, mas podem ser expressas visualmente, como nas
artes gráficas, no desenho e na pintura. A composição de uma textura
visual é feita por meio da utilização e combinação de linhas e pontos, e
também com manchas e efeitos gráficos.
Na figura a seguir, você observa um exemplo da diversidade das
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/pattern-with-vector-doodle-circles-texture-abstraction-illustration-
gm587195568-100787011>. Acesso em: 27 jun. 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/rua-caf%C3%A9-modo-de-exibi%C3%A7%C3%A3o-com-
%C3%A1rvore-e-mesa-de-centro-gm524714054-92255465>. Acesso em: 27 jun. 2017.
Fonte: <http://www.istockphoto.com/br/vetor/damasco-padr%C3%A3o-floral-royal-papel-de-parede-
gm516684870-89099781>. Acesso em: 27 jun. 2017.
Reflita
Usualmente, costuma-se atribuir a qualidade de um desenho à habilidade de
desenhista para fazer uma imagem figurativa: ouvimos sempre a expressão
“está igualzinho”. Mas, como vimos nesta terceira seção, trabalhos com
outras qualidades são tão – ou mais – importantes no desenho. Nos
exemplos que vimos de desenho de texturas, o valor das criações está
na sua beleza abstrata e na aplicação que é possível fazer dessas texturas
em ilustrações e estampas, por exemplo. Será que a capacidade de fazer
desenhos figurativos é a mais importante na criação artística, de design,
moda e outras áreas? O mercado de trabalho nessas áreas não está
procurando profissionais mais inventivos? Um desenhista que se dedique a
uma intensa pesquisa com texturas e estampas não poderá ser muito bem-
sucedido na moda ou na decoração, por exemplo?
Experimentando materiais
Convite ao estudo
Caro aluno,
Até o momento, você já percorreu um caminho de
aprendizagem bem diverso e proveitoso. Já estudou o desenho a
partir da sensibilização do olhar, conheceu inúmeras referências,
experimentou materiais e suportes e ampliou seus conhecimentos
sobre forma, volume, proporção, perspectiva e profundidade.
Agora chegou o momento de colocar em prática todos os
conhecimentos adquiridos nas unidades anteriores e expandir ainda
mais suas experiências com o desenho. Nesta quarta unidade você
irá experimentar diversos materiais, estudará algumas concepções
modernas e contemporâneas sobre o desenho e pensará nas
diferentes maneiras de criar e vivenciar a linguagem a partir de
procedimentos não tradicionais. Para a compreensão desses
conhecimentos, na prática, iremos conhecer a designer de moda
Paula e sua busca pela realização de uma coleção autoral de roupas.
Na sociedade contemporânea a moda está presente em
todos os lugares. Mesmo sem perceber somos constantemente
influenciados por sua força. Basta ligarmos a TV ou abrir uma revista
e somos bombardeados pela publicidade de moda, que determina
qual será a roupa que devemos usar na próxima estação. Nas redes
sociais, é cada vez mais comum surgir figuras midiáticas que tratam
de moda e comportamento, influenciando hábitos de consumo de
seus seguidores. Porém, mais do que conceber a moda como uma
manifestação fútil, ligada ao consumo, é importante entender que
ela representa um contexto social e cultural de nossa sociedade e
traduz uma determinada época. A moda é um eficaz instrumento
de análise social, e a partir de seu estudo podemos perceber as
mudanças ocorridas em nossa história, assim como apontar os
rumos para nossa sociedade contemporânea. Na indústria do
vestuário, o designer de moda, ou estilista, é o profissional responsável
pela criação e pelo desenvolvimento de produtos, de acordo com
pesquisas de mercado, antropológicas, sociais, culturais, de matérias-
primas e tendências. Para a criação de produtos, esse profissional
necessita ter o conhecimento avançado da linguagem do desenho,
pois este será seu principal instrumento de criação e comunicação
de ideias.
A designer de moda Paula está em busca de novos aprendizados
no campo do desenho. Durante muitos anos ela trabalhou como
estilista em uma grande indústria de vestuário, mas não tinha muita
liberdade para criar produtos, pois eles sempre estavam atrelados a
uma coleção internacional. Agora, Paula quer investir em sua própria
coleção e busca expandir seus conhecimentos sobre desenho
e suas possibilidades plásticas e conceituais, pois ela acredita que
se dominar essa área, o seu discurso criativo será mais eficaz. O
percurso de Paula em busca de novos conhecimentos será marcado
por grandes experimentos e descobertas. Para iniciar sua pesquisa, a
designer elabora os seguintes passos de ação:
• Exercitar técnicas e materiais.
• Pesquisar desenho além de suportes tradicionais.
• Estudar referências na história da arte e da moda.
Os objetivos de estudo nesta última unidade são o
aprofundamento no uso de materiais e fazeres da linguagem
do desenho a partir de variados exercícios de observação e o
conhecimento sobre desenho em um contexto expandido. Então,
aceita construir essa pesquisa junto com Paula?
Bons estudos!
Seção 4.1
Técnicas secas
Diálogo aberto
Até agora o seu conhecimento sobre o desenho já está bastante
adiantado. Você já percorreu inúmeros caminhos para entender as
especificidades da linguagem, porém chegou o momento de aprofundar
a prática com alguns materiais e reforçar os exercícios do olhar. Mas de
que forma o desenho pode auxiliar na solução de problemas em sua
profissão? Onde buscar pesquisas sobre a linguagem? De que maneira
podemos ampliar nossos conhecimentos e nossas práticas com o
desenho?
Para entender de que maneira o aprofundamento da prática do
desenho com diferentes materiais e em diversas situações poderá ser
essencial em um processo de criação, conheceremos a personagem
Paula, uma designer de moda que está em busca de um trabalho mais
autoral e direciona sua pesquisa na área do desenho de observação.
Para expandir seus conhecimentos sobre desenho, Paula resolve
iniciar seus estudos a partir das chamadas técnicas secas, utilizando
materiais como carvão, grafite e pastéis. Porém, a designer se lembra
de que na universidade trabalhou pouco com esses materiais e percebe
que necessita de ajuda para aprofundar seus conhecimentos. A partir
dessa constatação, Paula se inscreve em um curso regular de desenho,
no qual a ênfase se dará nas aplicações e nos usos de técnicas secas.
Nesse curso ela irá aprender a utilizar o material a partir do desenho de
observação de modelos vivos e objetos.
Durante o curso, a designer percebe que as práticas de observação
estão ajudando muito no entendimento do comportamento da
composição, da forma, da luz, do volume e das texturas, além de
oferecerem muitas ideias para peças de sua nova coleção. Com o
decorrer do processo, Paula se sente muito mais segura para criar seus
desenhos de moda de maneira mais ousada e artística, mas acredita que
seus conhecimentos deverão se expandir ainda mais. Ela quer dominar
a linguagem do design de moda e ampliar suas possiblidades de criação
e pesquisa.
Então, para se direcionar, a designer elabora as seguintes questões:
Exemplificando
Na paisagem (Figura 4.1) do artista francês considerado um dos maiores
representantes do Simbolismo, Odilon Redon, é possível observar a
utilização do carvão de forma dinâmica na aplicação de linhas, manchas,
texturas e hachuras diversas.
Figura 4.1 | As árvores, de Odilon Redon (1890) – Carvão sobre papel
Fonte: Odilon Redon, As árvores 1890. The Museum of Fine Arts, Houston, gift of Mrs. Harry C. Hanszen.
Licenciado sob domínio público e registrado no U.S Copyright Office. Disponível em: <https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Odilon_Redon_-_The_Trees_-_Google_Art_Project.jpg>. Acesso em: 6 jul. 2017.
Fonte: Odilon Redon, Retrato de mademoiselle Jeanne Roberte De Domecy, 1905. Licenciado
sob domínio publico. Disponível em: <https://www.wikiart.org/en/odilon-redon/portrait-of-
mademoiselle-jeanne-roberte-de-domecy-1905>. Acesso em: 8 jul. 2017.
Modelo vivo
O ser humano sempre sentiu a necessidade de representar-se.
A utilização do modelo vivo consiste na prática de desenhar o corpo
humano em diversas situações a partir da observação direta. Ao longo da
história, esse método foi extremamente importante para a produção de
grandes obras de arte e ainda hoje é um dos pilares nos estudos dessa
linguagem. Embora houvesse períodos em que essa prática tenha sido
questionada, ela nunca deixou de ser uma forma importante de estudo
sobre a representação do corpo humano, impulsionando diversos
artistas para novas direções estéticas.
Fonte: Michael Sweerts, O desenho da sala de aula, 1650-1660. Frans Hals Museum. Licenciado sob domínio público
e registrado no U.S Copyright Office. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sweerts,_Michael_-_
The_Drawing_Class_-_1656-58.jpg>. Acesso em: 6 jul. 2017.
Pesquise mais
Figura 4.4 | Clifftop Walk at Pourville, de Claude Monet (1882) – Óleo sobre tela
Fonte: Claude Monet, Clifftop Walk At Pourville, 1882. Licenciado sob domínio público. Disponível em: <https://
www.wikiart.org/en/claude-monet/clifftop-walk-at-pourville>. Acesso em: 7 jul. 2017.
Exemplificando
Fonte: Paul Czanne, Tigela, jarro e frutas, 1894. Licenciado sob domínio público. Disponível em: <https://www.
wikiart.org/en/paul-cezanne/fruit-bowl-pitcher-and-fruit-1894>. Acesso em: 11 jul. 2017.
Reflita
Representar um objeto não significa necessariamente copiá-lo da
maneira mais fiel possível. Dependendo da intenção do produtor da
imagem, essa representação pode se apresentar como uma imagem
abstrata, distorcida, invertida, modificada, sintética. Representar é a
corporificação daquilo que vivenciamos com o objeto representado, o
modo como o vemos, sentimos e entendemos, portanto seu resultado
não precisa ser exatamente a imitação do mundo real, ou precisa?
a) Pastel oleoso.
b) Tinta nanquim.
c) Carvão.
d) Lápis aquarela.
e) Tinta aquarela.
a) Retrato.
b) Paisagem.
c) Natureza-morta.
d) Pintura de objetos.
e) Pintura realista.
Fonte: Xia Chang, Bambu na chuva de verso, 1388-1410, China. Museu de Arte da Philadelphia, USA. Licenciado sob
domínio público por U.S. Copyright Office. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Xia_Chang,_
Chinese_-_Bamboo_under_Spring_Rain_-_Google_Art_Project.jpg>. Acesso em: 18 jul. 2017.
Lápis aquarelável
Esse material pode ser usado como um lápis de cor comum, ou
com o auxílio de pincel e água, oferendo um efeito de tinta aquarela. O
lápis aquarelável é muito utilizado em ilustrações e desenho de moda,
Tinta guache
Material de efeito opaco, a tinta guache é feita de uma mistura de
aglutinante e pigmentos moídos em pó, com alto poder de cobertura.
Sua origem aponta para a Idade Média, período no qual a tinta era
Fonte: Giacomo Balla, Futuro (estudo), 1918. Italia. Licenciado sob domínio público. Disponível em: <https://www.
wikiart.org/en/giacomo-balla/future-study-1918>. Acesso em: 19 jul. 2017.
Assimile
Lembre-se de que os materiais apresentados têm algumas maneiras
mais eficazes de utilização, mas isso não deve descartar formas mais
experimentais de se lidar com eles. Conforme sua experiência com tais
materiais, você saberá qual é a melhor maneira de trabalhar com suas
especificidades, assim como descobrir subterfúgios não convencionais
para conseguir efeitos inesperados.
Pesquise mais
Figura 4.9 | Moça com brinco de pérola, de Johannes Vermeer [1665?] – Óleo
sobre tela, 44.5 cm x 39 cm
Fonte: Johannes vermeer, Moça com brinco de prola, 1665. Holanda. Licenciado sob domínio público.
Disponível em: <https://www.wikiart.org/en/johannes-vermeer/the-girl-with-a-pearl-earring>. Acesso
em: 18 jul. 2017.
Pesquise mais
Reflita
Se pensarmos em um sentido mais abrangente, a abstração na arte existe
há muito tempo. Pense nos grafismos de diversos povos indígenas, na
arte do continente africano, nas pinturas corporais, nos tecidos, nos
complexos desenhos dos povos de cultura árabe e nas cerâmicas
orientais, por exemplo.
Exemplificando
Figura 4.12 | Centro branco (amarelo, rosa e lavanda sobre rosa), de Mark
Rothko (1950)
Fonte: Mark Rothko, Centro branco (amarelo, rosa e lavando sobre rosa), 1950. Disponível em: <https://www.
wikiart.org/en/mark-rothko/white-center>. Acesso em: 21 jul. 2017.
a) Tinta guache.
b) Tinta aquarela.
c) Tinta nanquim.
d) Tinta acrílica.
e) Tinta óleo.
2. Este material pode ser usado como um lápis de cor comum, ou com
o auxílio de pincel e água, oferendo um efeito de tinta aquarela. O lápis
aquarelável é muito utilizado em ilustrações e desenho de moda, por ser um
material dinâmico e de fácil manuseio. Se utilizado a seco, o lápis se assemelha
a um lápis de cor comum, com a diferença de ser um material mais macio,
com cores mais intensas.
Exemplificando
Fonte: Geoes Braque, castelo de La Roche Guyon, 1909. Licenciado sob domínio público. Disponível em:
<https://www.wikiart.org/en/georges-braque/castle-at-la-roche-guyon-1909>. Acesso em: 27 jul. 2017.
Fonte: Georges Braque, Vicdro, jarra e jornal, 1914. Licenciado sob domínio público. Disponível em: <https://
www.wikiart.org/en/georges-braque/glass-carafe-and-newspapers-1914>. Acesso em: 24 jul. 2017.
Fonte: Marcel Duchamp, Nove moluscos de malícia, 1915. Licenciado sob domínio público. Disponível em: <https://
www.wikiart.org/en/marcel-duchamp/nine-malice-moulds>. Acesso em: 27 jul. 2017.
Pesquise mais
Figura 4.18 | Modelo vivo, de Vânia Medeiros, Mônica Santana e Daniel Guerra
(2017)
Pesquise mais
a) Arte Contemporânea.
b) Arte Moderna.
c) Arte do Renascimento.
d) Arte Clássica.
e) Arte Abstrata.
a) Jackon Pollock.
b) Marcel Duchamp.
c) Pablo Picasso.
d) Georges Braque.
e) Leon Ferrari.