TCC Dionel Nhavene

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UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências Agrárias

ESTUDO SÓCIO-ECONÓMICO NAS COMUNIDADES


CIRCUNVIZINHAS ÀS PLANTAÇÕES FLORESTAIS NO
DISTRITO DE LICHINGA

(2009 – 2014)

Trabalho para obtenção do título de licenciatura em Engenharia

Florestal

Autor: Dionel Das Dores António Nhavene

Supervisor: Eng. Cássimo Lacerda Romua (MSc)

Unango, Outubro de 2015


UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências Agrárias

ESTUDO SÓCIO-ECONÓMICO NAS COMUNIDADES


CIRCUNVIZINHAS ÀS PLANTAÇÕES FLORESTAIS NO
DISTRITO DE LICHINGA

(2009 – 2014)

Trabalho para obtenção do título de licenciatura em Engenharia

Florestal

Autor: Dionel Das Dores António Nhavene

Supervisor: Eng. Cássimo Lacerda Romua (MSc)

Unango, Outubro de 2015

2
DECLARAÇÃO

Eu, Dionel Das Dores António Nhavene, declaro por minha honra que este trabalho nunca foi
apresentado em nenhuma outra instituição académica, para obtenção de qualquer grau
académico. Este relatório, constitui o fruto de trabalho de campo e de pesquisa bibliográfica,
estando as fontes utilizadas registadas no texto e nas referências bibliográficas.

Data: _____ _____ 20____

__________________________________________________________

iii
EPÍGRAFE

“A árvore, quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado
é de madeira.” (Provérbio árabe)

iv
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

Aos meus pais António Nhavene e Cristina João.

As minhas irmãs Mirela Da Tuca, Nércia Cristina e a minha avó Noémia Nhavene.

v
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida, protecção e por me presentear com esta
oportunidade.

Ao meu Supervisor, Msc Cássimo Lacerda Romua, por ter aceitado supervisionar este trabalho e
pelo acompanhamento que caracterizaram o período de sua elaboração.

Agradeço aos meus pais António Nhavene e Cristina João, as minhas tias Cacilda Nhavene,
Ermelinda Nhavene, as minhas irmãs Nércia Cristina e Mirela Da Tuca, aos meus primos Albino
Júnior, Ângela Moio, Alice Moio e a toda família em geral pelo apoio moral e material que
sempre me souberam prestar.

A minha namorada Fátima Magona pelo apoio e suporte.

Aos meus amigos e colegas, Eng. Dane de Almeida, Eng. Merlindo Manjante, Eng. Sérgio Jane,
Eng. Basílio Zandamela, Luciano Mariano, Benvindo Napuanha, Cassamo Ismail, Cláudio
Chissaque, dr. Marcelino Mondlane, dr. Celestino Loforte e a todos os funcionários e
colaboradores da Faculdade, que de certa forma também foram importantes para a minha
formação.

Peço minhas sinceras desculpas aos que de certa forma não foram por me mencionados nesta
obra, para que sintam-se agradecidos.

A todos o meu muito obrigado!

vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

CIP Centro Internacional de La Papa

DNTF Direcção Nacional de Terras e Florestas

Fa Frequências Absolutas

FIDH Federação Internacional das Ligas dos Direitos Humanos

INE Instituto Nacional de Estatística

INAS Instituto Nacional de Acção Social

MAE Ministério da Administração Estatal

MINAG Ministério da Agricultura

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

Nº Número

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

PEDDL Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito de Lichinga

PIB Produto Interno Bruto

Km² Quilómetro quadrado

SDAE Serviços Distritais de Actividades Económicas

SBS Sociedade Brasileira de Silvicultura

UCA União dos Camponeses e Associações

vii
ÍNDICE

DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. v

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ............................................................................ vii

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................. iv

ÍNDICE DE GRÁFICOS ................................................................................................................ v

ÍNDICE DE APÊNDICES ............................................................................................................. vi

RESUMO ...................................................................................................................................... vii

ABSTRACT ................................................................................................................................. viii

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1. Problema............................................................................................................................... 2

1.2. Objectivos: ........................................................................................................................... 3

1.2.1. Geral .............................................................................................................................. 3

1.2.2. Específicos ..................................................................................................................... 3

1.3. Justificativa........................................................................................................................... 4

1.4. Questões de estudo ............................................................................................................... 5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 6

2.1. Enquadramento sócio-económico e demográfico da província do Niassa ........................... 6

2.1.1. Actividades económicas ................................................................................................ 6

i
2.1.2. Indústria ......................................................................................................................... 7

2.1.3. Infra-estrutura ................................................................................................................ 7

2.1.4. Educação ........................................................................................................................ 8

2.1.5. Habitação ....................................................................................................................... 9

2.2. Potencial florestal em Moçambique ..................................................................................... 9

2.2.1. Florestas Nativas............................................................................................................ 9

2.2.2. Plantações Florestais.................................................................................................... 12

2.3. Papel das plantações florestais ........................................................................................... 14

3. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 16

3.1. Descrição e Localização Geográfica .................................................................................. 16

3.2. Clima .................................................................................................................................. 17

3.3. Solos ................................................................................................................................... 17

3.4. Vegetação ........................................................................................................................... 17

3.5. População e Actividades Económicas ................................................................................ 18

3.6. Infra-estruturas ................................................................................................................... 19

3.7. Habitação e condições de vida ........................................................................................... 19

3.8. Trabalho de campo ............................................................................................................. 19

3.8.1. Amostragem................................................................................................................. 20

3.8.2. Técnica de colecta de dados ........................................................................................ 22

ii
3.8.3. Análise de dados .......................................................................................................... 23

3.9. Limitações do estudo .......................................................................................................... 24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 25

4.1. Perfil dos inquiridos ........................................................................................................... 25

4.2. Caracterização sócio-demográfica e sócio-económica das comunidades .......................... 26

4.2.1. Habitação ..................................................................................................................... 27

4.3. Principais actividades ......................................................................................................... 28

4.3.1. Actividades geradoras de rendimento.......................................................................... 29

4.4. Acesso a bens e serviços .................................................................................................... 31

4.5. Infra-estrutura ..................................................................................................................... 33

4.6. Produção agrícola ............................................................................................................... 36

4.7. Utilização de recursos florestais ......................................................................................... 38

4.8. Empresas de plantações florestais no Distrito de Lichinga ................................................ 39

4.8.1. Impactos sócio-económicos das plantações florestais nas comunidades .................... 40

4.8.2. Análise sócio-económica das famílias com e sem emprego nas plantações florestais 41

5. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 44

6. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................... 45

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 46

APÊNDICES................................................................................................................................. 49

iii
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Técnica de colecta de dados por objectivo ................................................................... 22

Tabela 2: Distribuição do género em relação a faixa etária. ......................................................... 25

Tabela 3: Género e nível de escolaridade dos chefes de famílias inquiridos................................ 26

Tabela 4: Número total de infra-estruturas sócio-económicas no Posto Administrativo de


Lussanhando ................................................................................................................................. 34

Tabela 5: Distribuição das infra-estruturas sócio-económicas nas comunidades circunvizinhas às


plantações florestais ...................................................................................................................... 34

Tabela 6: Principais culturas agrícolas produzidas e comercializadas nas comunidades


circunvizinhas às plantações florestais. ........................................................................................ 36

iv
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição das florestas aptas para exploração madeireira em Moçambique. .......... 11

Gráfico 2: Áreas com potencial para o reflorestamento em Moçambique em hectares ............... 13

Gráfico 3: Tipo de habitação das famílias .................................................................................... 27

Gráfico 4: Principais actividades praticadas pelas famílias inquiridas ......................................... 28

Gráfico 5: Fontes alternativas de renda familiar das comunidades .............................................. 30

Gráfico 6: Relação de posse de bens duráveis das famílias inquiridas. ........................................ 31

Gráfico 7: Produtos florestais explorados pelas famílias inquiridas............................................. 38

Gráfico 8: Disponibilidade dos recursos florestais antes e depois das plantações florestais. ....... 39

Gráfico 9: Proporções dos indivíduos com e sem emprego nas plantações florestais .................. 42

v
ÍNDICE DE APÊNDICES

Apêndices 1: Tabelas do teste qui-quadrado ................................................................................ 50

Apêndices 2: Número de pessoas entrevistadas............................................................................ 51

Apêndices 3: Formulário das questões aplicadas no inquérito ..................................................... 52

vi
RESUMO

A província de Niassa apresenta um potencial estimado em 2.4 milhões de hectares para o


estabelecimento de plantações florestais de espécies de rápido crescimento, o que pode reduzir a
pobreza no meio rural através do emprego. O emprego sazonal, a falta de um enquadramento
específico dos trabalhadores locais na empresa e o fraco apoio sócio-económico das empresas
florestais constitui o principal problema. O estudo tem como objectivo avaliar a contribuição das
empresas florestais para o bem-estar das comunidades circunvizinhas às plantações florestais no
distrito de Lichinga. O estudo foi realizado no distrito de Lichinga, para a recolha dos dados foi
usado o questionário semi-estruturado e observação directa. A análise de dados foi possível
através dos pacotes estatísticos Microsoft Excel e SPSS. Os resultados dos 114 inquiridos e
observados mostraram que a rede de infra-estruturas em todo o Posto Administrativo de
Lussanhando é baixa com 10 escolas do nível primário, apenas 5 escolas estão na área do estudo.
O Posto possui no total 3 centros de saúde e na área de estudo só existe 1; em relação a água
potável o posto possui 16 fontenários dos quais 7 estão operacionais e 9 avariados e na área de
estudo só existem 4 em funcionamento e 1 avariado, para além de 48 poços das famílias. Em
termos de habitação a palhota é a mais frequente com cerca de 77%. No que diz respeito ao nível
de escolaridade cerca de 72% não possui nenhuma formação. A maioria dos inquiridos esteve na
faixa etária de [26-35] anos. Na área de estudo a agricultura é principal actividade da população.
A principal fonte de renda familiar deriva da comercialização de produtos agrícolas. Cerca de
91% dos inquiridos possui rádios e apenas 11% tinha moageiras. A maioria das famílias cultiva a
cultura de milho com 75% e 32% faz a cultura de mandioca. Em relação ao uso de recursos
florestais 87% explora capim e estacas, apenas 3% colecta frutos silvestres. Entretanto, cerca de
47% afirmou que com o aparecimento da empresa florestal o acesso e disponibilidade dos
recursos florestais reduziu, na área de estudo opera apenas uma empresa florestal e apenas 28%
dos inquiridos é que tem emprego na empresa. O emprego é a única contribuição sócio-
económica que a empresa florestal oferece às comunidades locais. Recomenda-se que as
empresas florestais possam aprimorar a relação com as comunidades locais através de apoios em
termos de melhoramento de infra-estruturas sócio-económicas.

Palavras-chave: Comunidades locais, impactos sócio-económicos, plantações florestais.

vii
ABSTRACT

Niassa province has a potential estimated at 2.4 million hectares for the establishment of forest
plantations of fast growing species, which can reduce poverty in rural areas through
employment. The seasonal work, the lack of a specific framework of local workers in the
company and the weak socio-economic support of forestry companies is a major problem. The
study aims to assess the contribution of forestry companies in the surrounding community’s
welfare to forest plantations in Lichinga district. The study was conducted in Lichinga district,
for the data collection was used semi-structured questionnaire and direct observation. Data
analysis was possible through statistical packages Microsoft Excel and SPSS. The results of 114
respondents and observed showed that the infrastructure system all over the Lussanhando
Administrative Post is low with 10 schools from the primary level, only 5 schools are in the
study area. The Post has total 3 health centres and in the study area there is only 1; in relation to
drinking water there are 16 fountains in whole the post so 7 are in operation and 9 are
malfunctioning, in the study area there are 4 fountains in operation and 1 malfunctioning beyond
the 48 family wells. In relation to housing hut it is more frequent concerning 77%. By way of
education level about 72% has no training. The majority of respondents were in the age group
[26-35] years. In the study area farming is the major activity of the population. The most
important source of family income comes from the sale of agricultural products. About 91% of
respondents have radios and only 11% had mills. Most households cultivate maize crop with
75% and 32% cultivate cassava. Relating to the forest resources using 87% exploits woods and
grass, only 3% collecting berries. However, about 47% said that with the onset of forest project
access and availability of forest resources reduced, in the study area operates 1 forestry company
and only 28% of respondents’ works in the company. Employment is the only socio-economic
contribution that the forestry company offers to local communities. It is recommended that
forestry companies improve the relationship with local communities supporting them in
upgrading the socio-economic infrastructure.

Keywords: Local communities, socio-economic, forest plantations

viii
1. INTRODUÇÃO

As formas de contribuição social das empresas de plantações florestais, a nível mundial ou local,
diversificam em função do âmbito económico, ambiental, social e cultural da região, isto é, as
empresas de plantações florestais possuem importante papel em reduzir a pobreza, tanto em
países em desenvolvimento, como em áreas de países desenvolvidos onde haja grupos excluídos
dos benefícios dos processos de desenvolvimento (SBS, 2009).

O mesmo estudo afirma que as áreas de plantações florestais a nível mundial alteraram-se
significativamente nos últimos anos, houve crescimentos substanciais em todas as regiões do
mundo. A cobertura florestal no mundo é estimada em 3.8 bilhões de hectares, sendo que as
plantações florestais somam cerca de 187 milhões de hectares.

Moçambique é um país subtropical que se estende por 78.409.000 hectares no sudeste da África,
onde há grande variação na precipitação média anual. Destacam-se algumas áreas restritas que
recebem menos de 400 mm de chuva, em grande parte do país ocorrem precipitações entre 1.000
e 1.200 mm anuais que possibilitam o desenvolvimento da silvicultura intensiva com espécies de
rápido crescimento (Shimizu, 2006).

Segundo Mutemba et al, (2007) a Província de Niassa apresenta um potencial estimado em 2.4
milhões de hectares para o estabelecimento de plantações florestais de espécies de rápido
crescimento. Deste potencial, baseado em critérios de selecção das áreas aptas para plantações
comerciais, o Planalto de Lichinga é a região com maior potencial para o desenvolvimento de
plantações comerciais, sendo que as áreas de elevado potencial estão localizadas nos distritos de
Ngaúma, Sanga, Muembe e Lichinga.

De acordo com Nube (2013), para que os investidores obtenham o direito de uso e
aproveitamento de terra, há uma obrigatoriedade de consulta pública para saber se a terra em
questão está ou não sendo usada, contudo, na província do Niassa, verificam-se cenários em que
as comunidades cedem as suas terras de cultivo aos investidores para fins silviculturais em troca
de emprego nas empresas florestais. Assim, existe o receio que num futuro próximo as áreas de
cultivo para a sobrevivência das comunidades possam se tornar escassas resultando em conflitos
de uso e aproveitamento de terra.

1
As plantações florestais contribuem em grande medida para a redução da pobreza no meio rural
através da criação de postos de trabalho. Por outro lado, esta actividade pode reduzir à
desertificação provocada pelo intenso uso da floresta nativa, pela substituição por floresta
plantada, fonte da biomassa para energia doméstica (Chitará, 2003). Os custos de
estabelecimento de plantações florestais no Niassa são internacionalmente competitivos, dado
que os custos de mão-de-obra e de acesso à terra são baixos (Mutemba, et al., 2007).

Porém a geração de empregos através de plantações florestais no distrito de Lichinga é discutida


constantemente já que as empresas de plantações florestais da região se propunham a resolver os
problemas de desenvolvimento como desemprego e elevada emigração sazonal. Esta questão
coloca em perplexidade a eficiência das plantações para geração de empregos e renda para a
região e principalmente de ser esta actividade capaz de solucionar os problemas de elevada
diferenciação social que se verifica na província em particular nas zonas rurais do distrito de
Lichinga. Actualmente encontra-se a operar neste distrito uma empresa florestal a Niassa Green
Resources.

Para Shimizu, (2006) existem vários aspectos que poderiam colocar Moçambique em vantagem
no cenário florestal mundial, se o potencial de desenvolvimento florestal fosse devidamente
aproveitado. A área utilizável para silvicultura intensiva é maior do que em muitos países do
Hemisfério Sul, inclusive a África do Sul. Além disso, o país está localizado em um ponto
estratégico a partir do qual se pode chegar facilmente ao mercado consumidor asiático.

O presente estudo está dividido em cinco capítulos, o primeiro aborda questões ligadas a
introdução, o segundo aborda a revisão bibliográfica, o terceiro descreve a metodologia usada,
no quarto são apresentados os resultados e as respectivas discussões e no ultimo o trabalho vai
centrar-se nas conclusões e recomendações relativas ao estudo.

1.1. Problema

A presença de plantações florestais no distrito de Lichinga apresenta fraco impacto na melhoria


da qualidade de vida das comunidades rurais do distrito, isto pode ser devido a burocracia no
encaminhamento atempado das taxas sociais de investimento.

2
Entretanto Pereira, et al, (2004) afirmam que para o sucesso das empresas de plantações
florestais nas zonas rurais devem ser considerados sobretudo variáveis como renda, qualidade de
vida, educação, género, características familiares, aspectos regionais, culturais e dentre outras.

Na província e distrito de Lichinga o facto mais evidente está relacionado com o fraco ou
inexistência de apoio a educação das comunidades; os empregos oferecidos às comunidades têm
sido sazonais o que tem implicações na remuneração porque não chega a atingir o salário
mínimo estabelecido pelo governo de Moçambique (3000 Mts); não existe um enquadramento
específico e definitivo dos membros das comunidades por falta de um nível escolar adequado e
as empresas geralmente não têm formado membros da comunidade para exercerem funções
dentro da empresa.

Nube, (2013) sustenta que em Niassa ainda existe fraco aproveitamento das famílias
circunvizinhas às plantações florestais em relação às oportunidades que as empresas ofertam
devido ao baixo grau de escolaridade prevalecente na província.

A distribuição de renda e geração de empregos são factores importantes para o desenvolvimento


de uma região sobretudo quando a economia local está baseada em actividades agro-pecuárias
como é o caso do distrito de Lichinga, entorno disto surge um questionamento em saber qual é a
contribuição das empresas de plantações florestais para o bem-estar das comunidades
circunvizinhas às plantações florestais no distrito de Lichinga.

1.2. Objectivos:

1.2.1. Geral

 Avaliar a contribuição das empresas florestais para o bem-estar das comunidades


circunvizinhas às plantações florestais no distrito de Lichinga no período de 2009 – 2014.

1.2.2. Específicos

 Caracterizar a situação sócio-demográfica das comunidades;


 Descrever os impactos sócio-económicos das plantações florestais nas comunidades;

3
 Caracterizar a situação sócio-económica das famílias com e sem emprego nas empresas
florestais.

1.3. Justificativa

A maioria da população de Moçambique ainda vive nas zonas rurais, porém, uma boa parte dessa
população dedica-se a agricultura de subsistência é também nestas zonas onde se encontram
pessoas vivendo em situação de pobreza.

Se os empregos garantidos pelas empresas florestais fossem definitivos e com salários


favoráveis, as comunidades teriam um bom aproveitamento. Quando as famílias perdem o
emprego ou terminam os seus contratos, é no período depois da lavoura e ou cultivo, o que
deixa-lhes sem alternativas para poderem se alimentar uma vez que estão desempregados e
perderam o tempo de produção quando estavam a trabalhar nas empresas.

O investimento em plantações florestais se for bem planeado e contemplar a comunidade rural,


pode gerar muitos benefícios tanto para as empresas, governo e para as comunidades. Neste
sentido, as empresas florestais têm a capacidade de manter a população rural evitando a
migração social através do emprego nas plantações e participar no desenvolvimento económico
do distrito de Lichinga.

As políticas de incentivo ao reflorestamento deverão atender adicionalmente ao facto de esta


indústria ser de utilização intensiva de mão-de-obra na preparação dos campos, plantação e
tratamentos silviculturais. Sendo assim, esta actividade contribui em grande medida para a
redução da pobreza no meio rural através da criação de postos de trabalho (Chitará, 2003).

Os programas de reflorestamento consistem geralmente em contratos formais e informais com


moradores das zonas rurais que estabelecem um vínculo entre o trabalhador e a empresa, onde as
duas partes se responsabilizam. Estes programas são capazes de agregar valor por meio da
geração de renda, impostos e empregos favorecendo a fixação da mão-de-obra na região,
gerando empregos de carácter sazonal ou permanente e a fixação do homem no campo (Oliveira
et al, 2006).

4
1.4. Questões de estudo

Qual é o nível de escolaridade das famílias circunvizinhas às plantações florestais no distrito de


Lichinga?

Que tipo de benefícios as comunidades adquirem através da existência de plantações florestais?

Como é que se caracterizam as famílias que trabalham nas plantações comparativamente aquelas
que não trabalham nas plantações em relação a posse de bens duráveis;

Como é que as comunidades avaliam a disponibilidade e acesso aos produtos florestais oriundos
da floresta nativa antes e depois da presença das plantações florestais?

5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Enquadramento sócio-económico e demográfico da província do Niassa

A Província do Niassa, é a mais extensa de Moçambique com cerca de 129 mil km2, localiza-se
na região Noroeste de Moçambique, entre as latitudes 11° 25’ Norte e 15° 26’ Sul e as longitudes
35° 58’ Este e 34° 30’ Oeste. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, a população
de Niassa era de 1.055.482 habitantes (INE, 2007; Mutemba et al., 2007).

Dados do último inventário florestal apontam que Niassa possui a maior área florestal do país,
com cerca de 9.4 milhões de hectares, representando uma área florestada acima da média
nacional de cerca de 77%, a província dispõe de um potencial estimado em 2.4 milhões de
hectares para o estabelecimento de plantações florestais de espécies de rápido crescimento
(Mutemba et al., 2007; Marzoli, 2007).

A disponibilidade de terra apta na província do Niassa, associada às excelentes condições


edafoclimáticas para a silvicultura confere á região, grandes vantagens, para a actividade de
plantios florestais. Por isso que actualmente, a maioria dos investimentos está localizada nas
províncias do Niassa e Nampula, mas alguns investidores também estão direccionados para a
Zambézia, Sofala e Manica (DNTF 2010).

Segundo Seufert (2012) por causa das condições edafo- climáticas adequadas, bem como a baixa
densidade populacional, Niassa é uma das províncias onde o governo moçambicano tem
facultado promoção de investimentos em larga escala de plantações florestais.

De acordo com a Estratégia de Reflorestamento, as plantações florestais em Niassa devem ser


alargadas para cerca de 335 mil hectares até 2030, dos quais aproximadamente 320 mil para
plantações industriais de árvores de rápido crescimento (DNTF, 2009).

2.1.1. Actividades económicas

A província do Niassa pelo seu desenvolvimento sócio-económico mostra que mais que a metade
da população pratica a agricultura familiar e constitui a principal actividade económica

6
contribuindo em média com 36% do PIB provincial. Outras importantes fontes de rendimento e
subsistência são o comércio informal e a pesca. Nesta perspectiva de desenvolvimento incluem-
se os grandes investimentos na área de plantações florestais (UNAC, 2011)

Estão em curso na província actividades de prospecção de carvão e gás que podem mudar
fundamentalmente a economia da província. Niassa tem a maior população de animais selvagens
em Moçambique, principalmente na Reserva Nacional do Niassa. O turismo foi identificado
como uma área de elevado potencial e há planos para o estabelecimento de mais destinos
turísticos e ligações a uma indústria turística regional mais alargada (ORGUT, 2011).

Podem se distinguir na província do Niassa projectos de plantações florestais comerciais como:


Chikweti Forests of Niassa, New Forest, Florestas de Niassa, Companhia Florestal de
Massangulo e Green Resources of Niassa, estas empresas já plantaram pinho e eucalipto numa
área de 32.000 hectares (MINAG, 2013) .

Segundo Nube, (2013) existe fraco aproveitamento das famílias no entorno das empresas
florestais em relação às oportunidades que as empresas ofertam devido ao baixo grau de
escolaridade prevalecente na província do Niassa.

2.1.2. Indústria

O sector de indústria no distrito de Lichinga e província do Niassa é dos mais fracos


comparativamente a outras províncias do país, compreendendo moageiras, serrações de madeira,
padarias, indústria de construção e outras como o processamento de algumas matérias-primas
(por exemplo, o algodão). (Mutemba et al., 2007).

2.1.3. Infra-estrutura

A rede de infra-estrutura do distrito e província do Niassa carece de investimentos, visto que é


das mais desfavorecidas do país. As fraquezas verificadas em termos de infra-estrutura de estrada
têm implicações no acesso aos sistemas de transporte e acesso aos principais centros de produção
e consumo do país. Em resultado disso, Niassa está insuficientemente integrado no mercado
nacional. De facto, para muitas pessoas do Niassa é mais importante negociarem com o Malawi e

7
a Tanzânia. A construção de estradas tem sido uma das principais áreas prioritárias do governo
provincial do Niassa (ORGUT, 2011).

2.1.4. Educação

A nível mundial estima-se que cerca de 18% da população é analfabeta, desta aproximadamente
64% são mulheres. Na África Subsaariana, a população de analfabetos ronda aos 38%, dos quais
61% são do sexo feminino. Entre os jovens (15-24 anos), as taxas de analfabetismo são de 12%
da população mundial, a nível da região Subsaariana 23% não sabem ler nem escrever, dos quais
59% são do sexo feminino (UNESCO, 2004).

Segundo dados estatísticos publicados pelo INE, (2004) a taxa média de analfabetismo entre a
população adulta do país situava-se à volta de 53,6%, sendo mais elevada nas zonas rurais
(65,7%) do que urbanas (30,3%) e mais evidente nas mulheres (68%) do que nos homens
(36,7%). Moçambique apresenta taxas superiores à média da região Subsaariana (Mouzinho &
Nandja, 2005).

Na província do Niassa até a realização do censo de 2007, cerca de 61% da população de 15 anos
não sabia ler nem escrever, o que constituiu uma redução de cerca de 8 pontos percentuais na de
taxa de analfabetismo, pois em 1997 era de 69% (ORGUT, 2011).

Ainda o mesmo actor afirma que na província do Niassa e em particular no distrito de Lichinga o
analfabetismo é menor nas idades mais jovens uma vez que, as oportunidades de acesso à escola
são maiores actualmente que no passado. E na província do Niassa em geral comparando a taxa
de analfabetismo por sexo, verifica-se que os níveis de analfabetismo são maiores no sexo
feminino, em comparação com o masculino. Comparando pelas áreas de residência, a taxa de
analfabetismo é superior nas zonas rurais (69,7%) contra (34,1%) nas zonas urbanas.

Segundo Carvalho, (2009) a importância da educação como pilar do desenvolvimento de países e


regiões tem sido crescentemente reconhecida. É consenso que a base do desenvolvimento está na
formação e capacitação humana. A educação é um dos factores destacados na análise dos
potenciais e limites ao desenvolvimento regional.

8
2.1.5. Habitação

Nas zonas rurais do distrito de Lichinga e província do Niassa a palhota é o tipo de habitação
mais característico com uma percentagem de 88,7%, nas zonas urbanas existe um cenário pouco
diferente, as casas ainda são construídas com material de origem vegetal (capim, palha, palmeira,
colmo, bambu, caniço, paus maticados, madeira) e a percentagem de habitações de carácter mais
formal é reduzida. Na província de Niassa, os agregados familiares das áreas urbanas têm maior
posse de bens duráveis em comparação com os da área rural (INE, 2007).

A habitação é uma das necessidades básicas que toda a população procura satisfazer e é
considerada como uma necessidade social elementar na maioria das sociedades. As
características físicas das habitações, especialmente o material usado na sua construção e o
acesso a serviços básicos de água, saneamento e energia, são indicadores importantes do nível de
vida dos agregados familiares e dos seus membros. As características do parque habitacional
duma sociedade constituem um indicador bastante relevante do nível de desenvolvimento sócio-
económico (INE, 2012).

2.2. Potencial florestal em Moçambique

Moçambique possui uma cobertura florestal estimada em 54.8 milhões de hectares, o que
corresponde a 70% da sua superfície. Desta área, 26.9 milhões de hectares são florestas
produtivas, 13.2 milhões de hectares são florestas em reservas florestais e os restantes 14.7
milhões são ocupados por floresta de utilização múltipla (Bild, 2014).

O planalto de Lichinga é o mais elegível entre vários do país para a actividade agro-florestal,
existiam outrora cerca de sete empresas florestais de plantações comerciais de rápido
crescimento a operar neste planalto.

2.2.1. Florestas Nativas

O planalto de Lichinga e província em geral apresentam a maior área florestal do país, apesar de
ser a menos produtiva em termos comerciais.

9
A floresta nativa em Moçambique ocupa cerca de 70% do território destes, 54.8 milhões de
hectares, é presentemente coberta de florestas e outras formações lenhosas, a área florestal cobre
cerca de 40.1 milhões de hectares, 51% do país, enquanto outras formações lenhosas tais como
vegetação arbustiva, matagais e florestas com agricultura itinerante, cobrem cerca de 14.7
milhões de hectares ou seja 19% do país. As florestas produtivas, adequadas para a produção
madeireira, cobrem cerca de 26.9 milhões de hectares, 67% de toda a área florestal. Treze
milhões de hectares de floresta encontram-se dentro de áreas de conservação e de protecção
(Marzoli, 2007).

A floresta nativa em Moçambique é caracterizada pela predominância de savana arbórea de


densidade baixa, com baixa produtividade por unidade de área, pouco volume comercial por
hectare e alta variabilidade de espécies florestais arbóreas (mais de 100), espécies de difícil
regeneração e de crescimento lento (Chitará, 2003).

O tipo de formação florestal mais comum e mais extenso em Moçambique é o Miombo, ocupa
mais de dois terços do território nacional, ocorre sob diversas formas em quase todo o norte do
país (Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia), no norte da província de Tete, no Oeste da
província de Manica e na faixa costeira (sublitoral) desde o norte do Save descendo para o sul até
o Rio Limpopo. O Mopane constitui a segunda formação florestal mais extensa e comum de
Moçambique, ocorre largamente no vale do Limpopo, em toda a região Noroeste da província de
Gaza desde o distrito de Chókwe até ligeiramente ao norte do rio Save. Outra região é o centro
da província de Tete - no vale do Zambeze (Sitoe, 2003). Outros tipos de vegetação importantes
incluem, as florestas costeiras e as savanas de acácia no Sul do país, além da vegetação halófita
do vale do Rio Changane (MICOA, 2005).

O mesmo estudo do MICOA afirma que em termos florísticos, Moçambique possui cerca de
5.500 espécies de plantas, das quais se estima que 250 sejam endémicas, como algumas espécies
do género Aloe, Erica e Protea que são endémicas do monte Chimanimani em Manica e Incuria
dunensis, uma espécie recentemente descoberta, em 1999, na floresta costeira perene de
Moebase, província da Zambézia.

10
Em Moçambique cerca de 67% (26.9 milhões de hectares) do total das florestas foram
classificadas como florestas produtivas. O gráfico abaixo apresenta a percentagem de florestas
com capacidade madeireira por província, a província do Niassa é a mais extensa do país e
possui a maior área apta para exploração madeireira com cerca de 23%, seguido da província de
Zambézia 15%, Cabo Delgado, Gaza, Nampula e Tete com 12 % respectivamente, Manica 7%,
Inhambane 5% e Maputo com 3% (Marzoli, 2007).

Florestas aptas para exploração madeireira

Gaza 9%
Cabo Delgado 12%
Nampula 9%
Maputo 3%
Manica 7%
Inhambane 5%
Tete 12%
Sofala 5%
Zambézia 15%
0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16%

Fonte: Marzoli, (2007).

Gráfico 1: Distribuição das florestas aptas para exploração madeireira em Moçambique.

As tendências de perca de áreas cobertas de floresta mantêm-se aos níveis aproximados de 0.3%
ao ano. A floresta produtiva sujeita a exploração madeireira e outras formas de uso da terra
apresenta uma perca de cerca de 50.000 ha/ano. A floresta não produtiva apresenta um índice de
perca de cobertura vegetal de 100.000 ha/ano. O cultivo itinerante, a abertura de novas áreas
agrícolas, a implantação de novos povoamentos; a extracção de lenha e carvão, o cultivo do
tabaco, as queimadas descontroladas, a urbanização e as mudanças climáticas contribuem ou

11
causam mais do que o dobro, da perca de cobertura vegetal em Moçambique (Sal & Caldeira,
2007).

2.2.2. Plantações Florestais

As primeiras plantações florestais em Moçambique foram estabelecidas em 1920, porém as


primeiras com objectivo comercial iniciaram em 1950 em Maputo,Manica, Zambézia e Niassa.
(Chitará, 2003). O país registou muito tempo sem investimentos na área florestal, o que resultou
na redução do potencial florestal outrora projectado a quando do inicio das primeiras plantações
comerciais

Em 1932, foram introduzidas em Marracuene e na Matola a espécie Tectona grandis proveniente


de Timor Leste e em Anchilo/Nampula a Sterculia foetida e a Terminalia cattapa. No período
colonial foram estabelecidas cerca de 20.000 hectares de plantações florestais com espécies
exóticas, maioritariamente de Eucalyptus saligna, Eucalyptus grandis, Pinus patula e Casuarina
equisetifoli (MINAG, 2006).

Ainda o mesmo relatório afirma que existem registos de que havia falta de mão-de-obra
especializada, recursos financeiros e disponibilidade de equipamento, peritos em gestão e sem
planos de produção. Nesta perspectiva todos estes factores contribuíram para a situação actual na
qual o país importa todas suas necessidades em madeira (dados estatísticos não disponíveis) e
com fraco desenvolvimento do sector de plantações florestais apesar da vasta disponibilidade de
terra para o efeito.

Em Moçambique estima-se em cerca de 5 bilhões de dólares, o investimento previsto para a


implantação de plantios florestais, deste, mais de 3 bilhões de dólares são previstos para
aplicação na província do Niassa, o investimento actual é cerca de 92 milhões de dólares (DNTF,
2012).

De acordo com o mesmo relatório estes valores excluem os investimentos em infra-estruturas


que virão suportar as plantações florestais e o processamento de madeira. Contudo há percepção
de que as empresas florestais possuem um papel fundamental a exercer, juntamente com o

12
governo e as comunidades locais, na resolução das numerosas diferenças sociais que existem em
Moçambique, e em particular no distrito de Lichinga.

De acordo com Chtará, (2003) Moçambique combinando as suas actuais vantagens


(disponibilidade de terra, ambiente e localização) com capital internacional poderia tornar-se a
médio prazo num importante provedor de fibra às indústrias de polpa e papel a nível global.

O incentivo no estabelecimento de plantações florestais de rápido crescimento poderá contribuir


na conservação da diversidade biológica, visto que têm o potencial de fornecer produtos como
madeira e combustível lenhoso, ora retirados das florestas naturais (MICOA, 2005).

Segundo os estudos para determinar as áreas com aptidão para o estabelecimento de plantações
florestais com espécies florestais de rápido crescimento, foram identificados 7 milhões de
hectares com potencial para o reflorestamento, nas províncias de Sofala, Manica, Zambézia,
Nampula e Niassa (MINAG, 2006).

Províncias com potencial para o reflorestamento

Nampula 1,504,777

Zambézia 2,127,231

Manica 861,241

Sofala 120,133

Niassa 2,472,054

0 500,000 1,000,000 1,500,000 2,000,000 2,500,000 3,000,000

Fonte: MINAG, (2006)

Gráfico 2: Áreas com potencial para o reflorestamento em Moçambique em hectares

13
2.3. Papel das plantações florestais

No caso particular do distrito de Lichinga as plantações florestais têm tido uma contribuição
sócio-económica bastante relevante no seio da população que em alguns casos nunca teve
experiencia em trabalho remunerável numa empresa ou instituição.

A produção de madeira tem sido a principal função das florestas plantadas. O facto das áreas de
plantio aumentarem indica não apenas preferência por suas vantagens económicas e
operacionais. Indica também, em certa medida, a dificuldade e o insucesso do maneio das
florestas nativas em suprir a demanda com espécies correctas, nas quantidades requeridas pela
população no tempo desejado (SBS, 2009).

Nas últimas quatro décadas, a madeira de plantações industriais de rápido crescimento


conquistou 27% de participação do mercado, em relação à madeira proveniente de florestas
nativas (STCP, 2006).

As plantações florestais são a base para a produção e exportação de importantes produtos


florestais tropicais, estimativas recentes indicam que a produção de madeira para fins industriais
nos países tropicais da Ásia-Pacífico, América Latina, Caribe e África alcançou 322 milhões de
m3 em 2004 (PÖYRY, 2014)

As florestas plantadas assumem, cada vez mais, funções não apenas de produção, mas também
de conservação. Fornecem matéria-prima para diferentes usos industriais e não industriais,
presentes no dia-a-dia, contribuem para o fornecimento de diversos serviços ambientais e sociais.
Colaboram igualmente para evitar a pressão sobre os recursos naturais por suprirem com suas
madeiras o que estaria sendo extraído de florestas nativas. Entretanto, compreender e optimizar
as funções dessas florestas em todas as suas dimensões é fundamental para que se atendam as
demandas futuras da sociedade de modo sustentável (SBS, 2009).

Ecologicamente as plantações florestais constituem-se em áreas de sucessão secundária,


controlada e dirigida pelo silvicultor e mantida sempre na fase juvenil de elevada produtividade.
As plantações florestais desempenham importante papel na captura do CO2 atmosférico,
atenuando o efeito estufa, visto que, por exemplo, o armazenamento de carbono de uma árvore

14
em fase activa de crescimento corresponde aproximadamente a 45% do peso total da biomassa
do tronco (Poggiane et al., 1998).

Cabe ressaltar que as florestas plantadas constituem-se em uma forma apropriada do uso do solo,
são menos impactantes do que qualquer outra cultura intensiva, entretanto, precisam estar em
harmonia com as prioridades ecológicas e sociais da região (Poggiane e tal., 1998).

15
3. METODOLOGIA

3.1. Descrição e Localização Geográfica

O distrito de Lichinga fica localizado na região norte da Província do Niassa, entre latitude de
13o 23’ 48” S e longitude de 35o 13’ 43” E, e tem uma superfície total de 5.342 km2, incluindo as
águas dos rios e Lago Niassa em Meponda, faz limite a Norte com os Distritos de Lago, Sanga e
Muembe através da fronteira terrestre; Sul - com o Distrito de Ngaúma através do rio Chinenge;
Oeste - com a República do Malawi a partir do marco 17 e através do Lago Niassa e Este - com o
Distrito de Majune através do Rio Icuvi (PEDDL, 2009)

Mapa 1: Area de estud

Fonte: INE (2012)

16
3.2. Clima

O clima do distrito de Lichinga é do tipo tropical húmido, influenciado pela altitude no qual é
possível distinguir-se duas estações, húmida de Dezembro à Março, sendo Abril o mês de
transição e a estação seca parte de Maio a Novembro. Devido ao relevo montanhoso as
temperaturas variam de 15 a 20 oC nos meses de Abril a Setembro e, no resto período do ano
oscilam entre 20 a 35 oC. A temperatura média anual é de 26 oC. A elevada temperatura é
acompanhada pela pluviosidade nos meses de Dezembro a Março (PEDDL, 2009).

3.3. Solos

Na sua maioria os solos são argilosos, vermelhos profundos, de fertilidade intermédia,


considerados de baixa susceptibilidade à erosão. Nas zonas mais baixas encontram-se solos
hidromórficos cinzento-escuros, ferralícos de espessura variável associados a manchas de solos
vermelhos e alaranjados (MAE, 2005).

Os solos hidromórficos (dambos) situam-se nas zonas baixas dos vales. Estes são geralmente
ricos em argila e podem ser cultivados no tempo seco porque conservam muita humidade
residual (PEDDL, 2009).

3.4. Vegetação

A vegetação no distrito de Lichinga é bastante diversificada e nota-se a predominância de


floresta de miombo, destacando-se a savana arbustiva. Nas florestas encontram-se várias
espécies de árvores, tais como: Brachystegia floribunda, localmente conhecida por "msumbuti";
Brachystegia apertifolia "Mjombo"; Uapaca kirkiana "msuco"; Combretum gueiizii
"mkunguini"; Securidaca longepedunculata "ciguluca"; (Dichrostachis nyassana "cipisywago";
Casiociamera "Acácia amarela"; Jacaranda "Acácia Preta", Acacia subalata; Rechilitrum spp)
"capim elefante"; Sterculia quinquloba "Msetanyasi"; e Pseudolachnostylis maprouneifolia
"Msolo" (PEDDL, 2009).

17
3.5. População e Actividades Económicas

Segundo o censo populacional ocorrido em 2007 o distrito de Lichinga contava com uma
população total de 94 082 habitantes e uma densidade populacional de 15.9 habitantes por km2
(INE, 2010). A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1, isto é,
por cada 10 crianças ou anciões existem 10 pessoas em idade activa (MAE, 2005).

Lichinga é um distrito com características económicas eminentemente agrícolas sendo


normalmente de subsistência e praticada por grupos familiares em pequenas áreas. A prática
cultural predominante contempla a consociação de culturas com variedade de espécies. As
principais culturas de rendimento são: batata reno (Solanum tuberosum L.), milho (Zea mays L),
feijão manteiga (Phaseolus vulgaris, L.), estas culturas são normalmente comercializadas na
época da colheita e nas principais vias de acesso (MAE, 2005).

A fonte importante de rendimento no distrito de Lichinga deriva principalmente da exploração de


lenha e venda de carvão, venda de estacas, actividades de caça, pesca, artesanato e de outros
produtos comestíveis provenientes da floresta efectuados por um conjunto de explorações
familiares, os rendimentos não-agrícolas são pouco importantes para o sector formal na
economia do distrito, os alimentos são comercializados localmente e nos mercados. Os principais
actores do comércio no distrito vêem de Maputo, Beira, Nampula, Cabo Delgado, Malawi e
Tanzânia, que se deslocam ao distrito para comprar e vender produtos agrícolas (MAE, 2005).

As populações locais comercializam ainda produtos de primeira necessidade nos


estabelecimentos comerciais e nas principais vias de acesso. Para além de comercialização, quase
que todos os bens e produtos são de importância vital para o dia-a-dia das comunidades, a base
de alimentação é particularmente determinada pelos produtos agrícolas e florestais comestíveis.
A lenha e carvão são as principais fontes para a confecção de alimentos e aquecimento (Nube,
2013).

As mulheres do distrito estão envolvidas na venda de alimentos e lenha: Os homens vendem


carvão, alimentos e tecidos. No que respeita à pequena indústria, existem algumas carpintarias
onde são produzidas para venda bens como portas, janelas, cadeiras e mesas. O fomento pecuário
no distrito tem sido fraco (MAE, 2005).

18
3.6. Infra-estruturas

O distrito de Lichinga conta com uma linha férrea em reabilitação e uma rede de estradas que
comporta cinco estradas. Estas estradas facilitam o movimento das pessoas e bens, comunicações
entre os Postos Administrativos, sede distrital, posto de saúde e escolas, a implementação de
programas de ajuda de emergência, acesso a água potável e o comércio em Lichinga. Em termos
de comunicações, existem no distrito telefones e rádios (MAE, 2005). Actualmente estão a
operar no distrito três agências de telefonia móvel, uma empresa de telefonia fixa e três estações
de rádio difusão sendo que duas são a nível local e uma em antena nacional.

3.7. Habitação e condições de vida

O tipo de habitação frequente no distrito é a palhota, com pavimento de terra batida, tecto de
capim ou colmo e paredes de caniço ou paus e tijolo não queimado cimentado com matope. Em
relação a outras utilidades, o padrão dominante é o de famílias que vivem em palhotas com
latrina e água colhida directamente em poços e furos ou nos rios e lagos. Geralmente as casas e
outros tipos de abrigos são construídos com material oriundo da vegetação local (Nube, 2013;
MAE, 2005).

3.8. Trabalho de campo

O trabalho de campo decorreu de 20 de Maio a 30 de Junho no distrito de Lichinga, o estudo


utilizou como fonte primária questionários com perguntas semi-estruturadas dirigidas aos grupos
de actores sociais, onde se destacaram as instituições governamentais (Secretaria Distrital,
Serviço Distrital de Actividades Económicas, Educação e Infra-estruturas), Empresa Florestal
Green Resource, líderes comunitários e as famílias (Indivíduos com e sem empregos nas
plantações), com o intuito de prestarem informações sobre o impacto sócio-económico das
plantações florestais. Os dados das comunidades foram colectados no posto administrativo de
Lussanhando, nos povoados de Malica, Lussanhando, Ntiwile e Micoco por estes possuírem
plantações florestais. De salientar que o posto administrativo de Lussanhando possui 15
povoados no total e com um universo de 20.080 habitantes.

19
Para a selecção das comunidades usou-se a amostragem intencional ou propositada, usada pelo
Gil (2002), que serve para relacionar informação de casos com uma certa profundidade, em que
o tamanho da amostra depende do caso em estudo.

3.8.1. Amostragem

Os dados foram obtidos a partir de uma amostragem probabilística do tipo aleatória simples e
não probabilística snowball ou bola de neve. Onde na primeira amostragem toda a população
teve a mesma probabilidade de ser seleccionada, assumindo que a população é homogénea pelo
facto de desempenhar mesma actividade para a obtenção da renda (produção agrícola). A técnica
de bola de neve foi usada porque haviam casos em que os entrevistados não tinham o domínio de
conhecimento de um determinado assunto e indicavam a alguém capaz de dar informação
necessária à pesquisa e estes por sua vez indicavam a outros e assim o tamanho amostral foi
aumentando até atingir o número de indivíduos pretendidos.

O tamanho da amostra foi calculado com base na fórmula proposta por Levin, (1987) que é
apenas aplicada quando a população por pesquisar não excede 100.000 habitantes e considera o
tamanho da amostra, o erro, o tamanho da população, a percentagem do fenómeno, a
percentagem complementar e grau de confiança de 95 %.

Onde:

n- É o tamanho da amostra;

Zα/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado (95%, 1.96).

P-Percentagem com a qual o fenómeno se verifica;

20
q- Percentagem complementar;

N -Tamanho da população;

e- Erro máximo permitido.

Foi escolhido o nível de confiança de 95%, um erro amostral de 5%, com base na fórmula
proposta foi possível calcular-se a amostra (n=377) considerando o número total da população
(N=20.080). O objectivo da estratégia de amostragem era obter amostras representativas,
funcionais e equivalentes em todos os quatro povoados, pretendiam-se amostras aleatórias
cobrindo todos os chefes de famílias.

Devido a falta de dados sobre o número total de habitantes de cada povoado, foi usada uma
abordagem similar de Brito, (2012). Esta abordagem foi utilizada para o “Inquérito Municipal de
Base – 2006” em que na falta de um censo da população adulta actualizado e de uma lista
completa das famílias no município, foi usada a lista das assembleias de voto para as eleições de
2004 como proxy, onde o número total de indivíduos incluídos na amostra foi dividido pelo
número de assembleias eleitorais do município, obtendo-se assim o número de entrevistas a
serem realizadas em cada área de voto.

Entretanto, para este estudo dividiu-se a amostra pelo número total de povoados do Posto
Administrativo de Lussanhando (15) e obteve-se (25) que foi a média de indivíduos inqueridos
em cada povoado dos quatro seleccionados e com base neste pressuposto inqueriu-se (100)
chefes de famílias que equivaleu aos quatro povoados.

21
3.8.2. Técnica de colecta de dados

As técnicas usadas para a recolha de dados foram seleccionadas de acordo com os objectivos
específicos traçados como ilustra a tabela.

Tabela 1: Técnica de colecta de dados por objectivo

Objectivos específicos Técnica de colecta de dados

Caracterizar a situação sócio-demográfica das Revisão bibliográfica

comunidades;
Entrevistas semi-estruturadas

Descrever os impactos socioeconómicos das plantações Revisão bibliográfica

florestais nas comunidades;


Observação directa

Entrevistas semi-estruturadas

Caracterizar a situação socioeconómica das famílias com Revisão bibliográfica

e sem emprego nas empresas florestais.


Entrevistas semi-estruturadas

Observação directa

22
3.8.3. Análise de dados

Para a análise de dados foram usados os seguintes métodos de análise referenciados por Oliveira,
(2011) a análise de conteúdo e estatística multivariada.

Para a análise de conteúdo, de princípio foram registadas as respostas dos diferentes


entrevistados para a mesma pergunta, posteriormente juntadas as respostas semelhantes em
forma de tabelas de frequências e depois analisadas e explicadas as diferenças com base nos
factos narrados durante as entrevistas.

A estatística multivariada é uma ferramenta estatística que processa as informações de modo a


simplificar a estrutura dos dados e a sintetizar as informações. Entretanto para este caso, os
dados dos questionários foram processados usando o pacote estatístico Microsoft Excel e SPSS
(Statistical Package Science Social) versão 16.0. Com base nestes programas estatísticos foi
possível achar frequências das respostas dos questionários e com base nos resultados esses foram
devidamente apresentados, tabulados, analisados e interpretados, utilizando-se tabelas e gráficos.
Usou-se o teste não paramétrico qui-quadardo para analisar se a existência de empresas florestais
tem contribuído para o bem-estar das comunidades circunvizinhas às plantações florestais no
distrito de Lichinga

O teste do qui-quadrado pode ser calculado usando-se a fórmula proposta por Lima et al (2012):

Onde:

Oij – é o valor observado na linha i na coluna j

Eij – é o valor esperado na linha i na coluna j

L – número de linhas

23
C- número de colunas

α – nível de significância (geralmente 5% nas pesquisas sociais)

3.9. Limitações do estudo

Em virtude da recente expansão de plantações florestais na área estudada e a não existência de


empresas florestais com ciclos completos, não foi possível fazer uma análise mais aprofundada
de efeitos na renda e capitalização das famílias inquiridas.

Houve dificuldade na obtenção de informação oficial que retratasse o local em estudo no que
concerne a informações do número total de famílias de cada povoado e outras informações que
pudessem ajudar a caracterizar melhor estes locais.

24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são representados os resultados dos 114 inquiridos relacionados com a
caracterização sócio-económica e sócio-demográfica das comunidades; principais actividades
geradoras de renda; acesso a bens e serviços, infra-estruturas (escolas, hospitais e fonte de água),
utilização dos recursos florestais e impactos sócio-económicos das plantações florestais nas
comunidades.

4.1. Perfil dos inquiridos

Tabela 2: Distribuição do género em relação a faixa etária.

Faixa etária

20 – 25 26 – 35 36 – 45 46 – 55 55 + Total (%)

Género M Fa 24 31 17 3 4 79

Total (%) 24 31 17 3 4 79

F Fa 4 5 4 6 2 21

Total (%) 4 5 4 6 2 21

Total Fa 28 36 21 9 6 100

Total (%) 28. 36 21 9 6 100

Dos agregados familiares entrevistados 79% são chefiados por homens e 21% por mulheres e
apresentaram idades compreendidas entre 20 aos 76 anos com destaque para a faixa etária de
[26-35] anos representando a maioria (36%). Dos entrevistados 75% são da religião muçulmana,
8% são cristãos e 17% não possuem nenhuma crença religiosa. Em relação ao estado civil 60%
encontra-se num estado de casado ou união marital, 17% estão divorciados, 20% são solteiros e
4% são viúvos. O número médio de agregado por família é 5,8.

25
4.2. Caracterização sócio-demográfica e sócio-económica das comunidades

Tabela 3: Género e nível de escolaridade dos chefes de famílias inquiridos.

Género
Nível de escolaridade
M F Total (%)

Fa (%) Fa (%)

Nenhum
60 60 12 12 72

Primeiro grau 16 16 5 5 21

Segundo grau 3 3 4 4 7

Total 79 79 21 21 100

Nas comunidades abrangidas pelas plantações florestais o nível de escolaridade variou de


nenhum até nível primário do segundo grau conforme os resultados demonstrados na tabela 3.

Do número total (100) dos chefes de famílias inquiridos observou-se que 72% não possui
nenhum nível de escolaridade. Cerca de 21% frequentou o nível primário do primeiro grau sendo
que em geral tenham frequentado 3ª e 4ª classe e por último 7% dos inquiridos tem nível
primário do segundo grau, o facto mais admirável é que quase a maioria dos que tem nível de
formação apresentaram dificuldades na leitura.

De acordo com os resultados verificou-se que a taxa de alfabetização em relação ao género foi
baixa para as mulheres (10%) do que para os homens (19%). Estes resultados estão relacionados
com o emponderamento da mulher nas zonas rurais que é muito baixo, verifica-se um elevado
índice de casamentos prematuros e gravidez precoce, a mulher é ainda tratada como um ser sem
direito de estudar porque deve cuidar da casa e servir a sua família.

Com base no teste do qui-quadrado partindo da hipótese nula de que não existe dependência
entre o nível de escolaridade e o género dos chefes de agregados familiares (5% de
significância), rejeitou-se a hipótese nula dado que (X2 = 0.040 <P = 0,05) estatisticamente pode-

26
se afirmar que existe dependência entre o nível de escolar e o género, isto é o nível de
escolaridade depende do género sendo que a maioria dos que tem nível escolar são homens.

Segundo FIDH (2007), a baixa aderência à escola por parte das raparigas deve-se ao facto de as
raparigas serem obrigadas numa idade muito tenra a cuidarem das Muitas famílias em questões
domésticas tais como a cozinha, e fazerem limpezas, acarretar água, cuidar dos mais
novos.algumas áreas nem sequer planeiam inscrever as raparigas nas escolas mas planeiam
enviar um filho. Contudo o casamento numa idade tenra habitualmente obriga as raparigas a
deixarem de estudar.

4.2.1. Habitação

Gráfico 3: Tipo de habitação das famílias

Em relação ao tipo de habitação 77% estão vivendo em casas do tipo palhota, são construídas a
partir do material vegetal oriundo da floresta, geralmente constituído por paus, bambú, capim,
estacas, caniço e tijolo não queimado. E 23% dos entrevistados vive em casas de tijolos, são

27
construídas com tijolo queimado em fornos artesanais, cobertas geralmente com chapas de zinco,
o soalho é feito com cimento e nalgumas vezes é feito com argila.

Os resultados deste estudo estão em concordância com os resultados de Nube, (2013); INE,
(2012) e MAE, (2005) onde referem que as construções do parque habitacional duma sociedade
indicam o nível de desenvolvimento sócio-económico, entretanto, nas zonas rurais do distrito de
Lichinga a palhota é o tipo de habitação mais predominante.

Questionadas sobre o tempo que começaram a residir nos povoados 65% das famílias afirmou
que as terras foram habitadas pelos seus antepassados e que tem a posse das mesmas por
herança, 26% reside a mais de 5 anos e 9% ocupou as terras num período não superior a 4 anos.

4.3. Principais actividades

Gráfico 4: Principais actividades praticadas pelas famílias inquiridas

28
Face as entrevistas efectuadas verificou-se que a maioria dos inqueridos são agricultores
representando cerca de 58% do número total, exercem a actividade agrícola em suas machambas
e produzem em sistema de consociação de culturas. Nesta perspectiva, pode-se inferir que a
actividade agrícola é desde antiguidade a mais praticada pelas famílias entrevistadas.

A actividade na machamba é por primazia familiar, para todas as circunstâncias os membros da


família é que auxiliam na lavoura e na colheita, poucas famílias contratam pessoas para trabalhar
em suas machambas.

De acordo com as análises feitas por Schneider, (2006) reflectem que as unidades familiares
funcionam predominantemente com base na utilização da força de trabalho dos membros da
família que por sua vez, podem contratar em carácter temporário trabalhadores.

Para além da actividade agrícola verificou-se que 28% dos inquiridos trabalham nas plantações
florestais sendo que 20 trabalhadores são eventuais e 8 tem um contracto permanente. Para os
trabalhadores eventuais os rendimentos tem sido diários e os de contracto permanente tem
recebido mensalmente.

Em concordância com Seufert (2012) no seu estudo sobre impacto das plantações florestais na
província do Niassa constatou que muitos dos contratos são de curto prazo e as pessoas estão
empregadas como trabalhadores sazonais.

Cerca de 11% trabalham a conta própria (possuem moagens, barracas comerciais e oficinas de
reparação de motorizadas e bicicletas) e 3% dos inquiridos exercem outro tipo de actividade
diferente (artesanato, produção de bebidas alcoólicas, plantação de árvores fruteiras).

4.3.1. Actividades geradoras de rendimento

O próximo aspecto é analisar as diferentes actividades económicas geradoras de renda para os


agregados familiares. Este é um ponto importante, pois permite compreender melhor a dinâmica
das comunidades e até que ponto pode-se vislumbrar alguma independência económica e
produtiva das mesmas e respectivos membros populacionais.

29
O gráfico 5 apresenta as fontes alternativas de renda familiar das comunidades, para perceber o
peso que estas actividades têm nas famílias, questionou-se igualmente quais as actividades
dentro das comunidades das que são praticadas, que permitem um maior fluxo de rendimento às
diversas famílias circunvizinhas às plantações florestais.

Gráfico 5: Fontes alternativas de renda familiar das comunidades

Segundo os resultados obtidos, a venda de produtos agrícolas com cerca de 42% dos
entrevistados afirmou que constitui a principal actividade que gera mais rendimento para as
famílias. Seguida da venda de lenha e carvão com 31%, os carvoeiros e colectores de lenha
comercializam os seus produtos ao longo das estradas e alguns que possuem meio de transporte
próprio preferem percorrer mais de 15km para vender nas urbes do município de Lichinga.

30
Entretanto 11% possui outro tipo de fonte de renda que se caracteriza na posse de pequenas
bancas comerciais para venda de produtos de primeira necessidade (óleo alimentar, sabão, sal,
arroz e outros). Relativamente aos 7% dos inquiridos a fonte de renda deriva da venda de
animais domésticos (cabritos, galinhas, porcos, ovelhas, e outros) e os restantes 3% a fonte de
renda resulta da confecção e costura de roupa.

Pode-se inferir que as famílias permanecem ainda bastante dependentes do sector agrícola,
principalmente se também incluir-se a venda de produtos oriundos da floresta nativa como
principais actividades geradoras de rendimento para as famílias.

4.4. Acesso a bens e serviços

No gráfico 6 encontram-se os bens duráveis que os membros da comunidade possuem, a posse


de bens duráveis é indispensável na determinação da qualidade de vida de uma determinada
população.

Posse de bens duráveis

Outros 68%
Rádio 91%
Moto 24%
Moagem 11%
Celular 64%
Bicicleta 62%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gráfico 6: Relação de posse de bens duráveis das famílias inquiridas.

Os resultados demonstram que 91% dos entrevistados possui rádios, este bem é o mais usado
pelas comunidades e pode-se dizer que é por excelência o principal meio de acesso a informação
das famílias, uma vez que é o que existe em maioria.

31
A posse de celular corresponde a 64% dos entrevistados, este bem é o principal meio de
comunicação entre os membros da comunidade e seus familiares que residem principalmente na
cidade Lichinga e em outros pontos do distrito.

A bicicleta corresponde a 62%, é o meio mais usado pelas comunidades para se deslocarem a
outros povoados simultaneamente para transportar sacos de carvão de modo a comercializar na
estrada.

Questionados sobre a posse de outros tipos de bens duráveis para além dos listados no
questionário 68% dos entrevistados afirmou possuir formas para produzir blocos, camas,
cadeiras, mesas, máquina de costura, candeeiros, utensílios domésticos, etc.

Cerca de 24% possui motorizadas e 11% possui moagens, relativamente a posse deste último
bem ainda é muito inferior para responder a capacidade de produção agrícola das comunidades,
isto deve-se ao facto de que as moagens são muito onerosas por isso a baixa percentagem.

Relativamente aos bens que as famílias possuem 82% afirmou ter comprado, entretanto, segundo
as famílias a posse destes bens é resultado das diferentes actividades geradoras de renda
exercidas pelos membros das comunidades no dia-a-dia destacando-se a actividade agrícola e o
emprego nas plantações florestais. E 18% dos entrevistados não comprou, adquiriu os bens como
oferta de seus parentes e outros adquiriram através do programa de fundo do INAS.

Para verificar se a posse dos bens é divergente de acordo com as actividades de renda exercidas
no dia-a-dia das famílias foi através de um teste não paramétrico qui-quadrado a 5% de
significância, baseando-se na hipótese nula de que não existe diferença significativa entre a
condição de posse de bens das famílias com e sem emprego nas plantações florestais. Entretanto,
as análises foram feitas separadamente para cada bem.

De acordo com os resultados do teste qui-quadrado existem estatisticamente evidências


suficientes de que não se pode rejeitar a hipótese nula, isto é, não existem diferenças
significativas entre a condição de posse dos bens entre as famílias com e sem emprego nas
plantações florestais, dado que (P <X2).

32
Os resultados comprovaram que para a maioria das famílias que não trabalham nas plantações
florestais têm na agricultura a sua principal actividade de subsistência e renda.

Segundo o estudo feito por Seufert, (2012) sobre o impacto das plantações florestais na província
do Niassa concluiu que o salário dos trabalhadores não é suficiente para compensar o que eles
produzem por conta própria. O trabalho nas plantações é muito intenso e trabalhadores só
recebem o salário mínimo para o sector agrícola, que actualmente não passa dos 3.000 Meticais.
Os trabalhadores não recebem quaisquer outros tipos de benefícios.

Entretanto, a não rejeição da hipótese nula pode ser devido ao facto de que tanto as famílias que
não tem emprego nas plantações e aquelas que trabalham nas plantações têm a mesma
probabilidade de adquirir um determinado bem.

Para os trabalhadores das plantações florestais estes resultados estão relacionados com o tipo de
trabalho nas plantações florestais que geralmente é eventual; as actividades não são contínuas
para todo o ano; nas plantações as actividades são mais extensas no período de abertura de
campos e no período de plantios e a medida que as empresas intensificam a mecanização na
abertura de áreas e no cultivo os postos de empregos gerados tendem a diminuir

4.5. Infra-estrutura

A rede de infra-estrutura nos povoados em estudo é fraca e precária, com deficit quanto ao
atendimento aos serviços de educação, saúde e saneamento básico. Isto de certa forma inviabiliza
o desenvolvimento das comunidades e compromete a qualidade de vida das famílias.

Segundo Santos et al, (2010) no seu estudo referiu que a carência de infra-estruturas é sinónimo
de isolamento, cultural, político e económico, este último talvez, o mais preocupante e
comprometedor.

Todas as famílias entrevistadas não possuem energia eléctrica em suas residências, o acesso a
água potável é muito limitado, outra dificuldade relatada pelos chefes de famílias diz respeito à
falta de postos de saúde entretanto numa emergência as famílias precisam contar com a

33
solidariedade de vizinhos que dispõem de transporte que normalmente leva algum tempo
comprometendo assim os primeiros socorros.

Nas áreas de estudo as vias de acesso estão num estado avançado de degradação. Relativamente
ao acesso à comunicação o posto administrativo conta com 3 redes de telefonia móvel. As
tabelas 4 e 5 mostram a distribuição das outras infra-estruturas por comunidade.

Tabela 4: Número total de infra-estruturas sócio-económicas no Posto Administrativo de


Lussanhando

Fonte de água
Infra-estruturas Escolas Hospitais Fontenário Poços

Operacionais Inoperacionais
Nr 10 3 7 9 48

Tabela 5: Distribuição das infra-estruturas sócio-económicas nas comunidades circunvizinhas às


plantações florestais

Escolas Hospitais Fonte de a água

Poço Fontenário

Operacional Inoperacional

Comunidades Nr (%) Nr (%) Nr (%) Nr (%) Nr (%)


Malica 2 40 1 100 17 35,4 2 50 1 100
Lussanhando 1 20 0 0 9 18,8 1 25 0 0
Ntiwile 1 20 0 0 10 20,8 0 0 0 0
Micoco 1 20 0 0 12 25 1 25 0 0

Total 5 100 1 100 48 100 4 100 1 100

34
Relativamente a educação o posto administrativo possui 10 estabelecimentos de ensino, dos
quais 5 são EPCs e 5 são EP1s. Foram observadas 2 escolas em Malica, 1 escola em
Lussanhando, 1 escola em Ntiwile e 1 em Micoco. No total o posto administrativo possui um
universo de 3.328 alunos da 1ª a 7ª classe, dos quais 1.811 são do sexo masculino e 1.517 são do
sexo feminino respectivamente, assistidos por 85 docentes destes 38 são do sexo feminino e 47
do sexo masculino.

Existem no Posto administrativo de Lussanhando três postos de saúde com um universo de 14


funcionários, destes, 9 são enfermeiros e 5 agentes de serviço. Na área de estudo identificou-se
apenas um 1 de saúde no povoado de Malica. Entretanto 60% das famílias inquiridas frequentam
o posto de saúde sempre que padecerem de algum tipo de enfermidade e 40% em casos de
enfermidade busca ajuda no tratamento tradicional, segundo as famílias isto deve-se ao facto de
que para se chegar no posto de saúde mais próximo caminham longas distâncias que são em
média 7km, outro aspecto evidenciado pelas famílias reside no facto de que os médicos
tradicionais oferecem bons tratamentos e que as doenças são curadas em menos tempo em
comparação com o tratamento hospitalar.

Foram identificados no posto administrativo 16 fontes de água potável (fontenários) para cobrir
todas as comunidades, um número ainda insuficiente e o mais caricato é que destas, 9 estão
inoperacionais, na área de estudo existem apenas 5 fontanários sendo que 4 estão operacionais e
1 está avariado. Do total das fontes de água em estado operacional em termos percentuais foi de
50% para Malica, 25% em Lussanhando, 25% para Micoco e o povoado de Ntiwile não possui
nenhum fontenário. Foram identificadas cerca de 48 poços na área de estudo, em termos
percentuais foi de 35,4% para Malica, 18,8% para Lussanhando, 20,8% para Ntiwile e 25% para
Micoco. Com estes resultados verifica-se que as famílias enfrentam muitas dificuldades para ter
acesso a água.

Apesar de, neste aspecto haver ainda muitas fragilidades com a existência de comunidades que
não têm qualquer tipo de acesso á água, o facto de a maioria já ter algum tipo de acesso parece
ser um aspecto positivo e revelador de alguma mudança deste tipo de infra-estrutura.

35
4.6. Produção agrícola

Tabela 6: Principais culturas agrícolas produzidas e comercializadas nas comunidades


circunvizinhas às plantações florestais.
Culturas produzidas Total (%) Culturas comercializadas Total (%)

Feijão 36 Milho 18

Mandioca 32 Feijão 10

Batata-doce 45 Mandioca 6

Milho 75 Batata-doce 17

Batata Reno 50 Batata Reno 41

Hortícolas 69 Hortícolas 8

A actividade agrícola nas comunidades em estudo é na sua maioria predominada pelo sector
familiar. Na tabela 5 são apresentadas as principais culturas produzidas e comercializadas pelas
comunidades verificou-se que o milho constitui a cultura mais produzida com uma percentagem
de 75%. As hortícolas compreendem uma percentagem de 69%, seguido da batata reno com
50%, a batata-doce corresponde 45%, o feijão tem 36% e por fim a mandioca representando os
32%.

Segundo as famílias o milho e o feijão constituem a base de alimentação. A batata Reno constitui
a cultura mais comercializada pelas famílias 41%, seguido do milho e batata-doce com 18% e
17% respectivamente. Entretanto dentro das diferentes actividades a produção de alimentos para
o consumo constitui a base principal da estrutura produtiva do sector familiar das comunidades
em estudo.

De acordo com Mosca (2014), a agricultura familiar em Moçambique constitui a actividade


económica que ocupa grande parte da população, podendo alcançar mais de 75% dos indivíduos.

A agricultura familiar é de grande expressão na produção de produtos vegetais no local de


estudo, visto que na campanha agrícola 2013 – 2014 a safra comercializada foi de 78 toneladas
de feijão da primeira e segunda época, 84 toneladas de milho, 30 toneladas de batata Reno, 48

36
toneladas de milho e 10 toneladas de batata Reno de igual período ilustrando assim 43% e 67%
de crescimento.

Relativamente a finalidade da produção agrícola nas comunidades circunvizinhas às plantações


florestais, cerca de 10% produz culturas agrícolas mais para venda, 27% produz mais para o
consumo familiar, porém cerca de 35% a sua produção é mais para o consumo e venda, 28% dos
entrevistados não respondeu sobre a finalidade da produção agrícola.

Segundo Sitoe (2005), as comunidades rurais em Moçambique vivem sobretudo de actividades


agro-silvo-pecuárias de pequena escala, com uma diversidade de actividades económicas de
geração de rendimentos dentro das famílias

O campo de produção das famílias é em média de 1,83 hectares em sequeiro, em média as


famílias possuem duas machambas e na sua maioria ficam situadas nas baixas ou junto a casa.
Segundo o MINAG, (2013) a agricultura é a principal actividade de subsistência para a maioria
das famílias rurais, com pequenas áreas de aproximadamente 1,8 hectares

Os resultados do estudo em relação a produção agrícola mostram que as famílias não utilizam
nenhum tipo de input (pesticidas químicos, adubos químicos e semente melhorada) na produção.
De uma forma geral as famílias praticam agricultura tradicional de subsistência onde a enxada é
o principal instrumento de produção. As culturas de rendimento como batata-doce e batata reno
são comercializadas no mercado local de Malica, alguns agricultores comercializam ao longo da
estrada principal e outros viajam até a cidade Lichinga.

Os agricultores afirmaram que não recebem nenhum tipo de apoio ou assistência por parte do
governo na actividade agrícola. Conforme informações do chefe do posto administrativo alguns
agricultores têm sido beneficiados por instituições do sector privado como o CIP que fomenta a
produção de batata-doce de polpa alaranjada tendo como grupo alvo as associações dos
camponeses e produtores, a UCA é uma outra instituição que tem apoiado os camponeses nas
actividades agropecuárias. Entretanto foram identificadas 10 associações todas sediadas no posto
administrativo de Lussanhando todas abraçam os mesmos objectivos produção de hortícolas e
produção animal, sendo que 3 delas estão legitimadas, ocupam áreas que variam de 2 a 8
hectares e têm como parceiros a Pro-Savana e UCA.

37
4.7. Utilização de recursos florestais

Produtos florestais explorados

Outros 20%
Colecta de frutos 3%
Colecta de mel 3%
Colecta de lenha 82%
Produção de carvão 32%
Exploração de capim/estacas 87%

Gráfico 7: Produtos florestais explorados pelas famílias inquiridas

Nas comunidades em estudo o capim e as estacas são os produtos florestais mais explorados
pelas famílias inquiridas 87% e são mais usados para construção de casas e vedação de quintais.

A lenha é o segundo produto florestal mais explorado representando 82% das famílias, é
importante destacar que a lenha constitui a principal fonte de energia para as famílias rurais,
seguida da produção de carvão com 32%. O baixo uso do carvão pelas comunidades na cozinha
associa-se ao comércio, isto é, em comparação com a lenha o carvão é o produto mais vendido
pelas famílias.

A colecta de frutos e do mel representa respectivamente 3% das famílias inquiridas. Para além
destes produtos enumerados 20% das famílias dedica-se a outras actividades como caça de aves
de pequeno porte, exploração de plantas medicinais, e outras.

Nos gráficos subsequentes são apresentados os resultados em relação a avaliação da


disponibilidade de recursos florestais no período anterior e posterior às plantações florestais nas
comunidades.

38
Gráfico 8: Disponibilidade dos recursos florestais antes e depois das plantações florestais.

Cerca de 44% das famílias afirmou que no período anterior às plantações florestais a
disponibilidade dos recursos florestais era alta, porém 56% afirmou que a disponibilidade era
normal.

Entretanto 47% das famílias assegurou que no período posterior às plantações florestais a
disponibilidade dos recursos florestais reduziu, segundo as famílias esta redução está
directamente ligada a expansão de plantações florestais, ao aumento da população, a prática de
agricultura itinerante, a exploração de lenha e carvão e queimadas descontroladas. 46% Das
famílias afirmou que do período anterior ao posterior às plantações florestais não houve
nenhuma mudança em relação a disponibilidade dos recursos florestais, porém os 7% não sabem
se houve ou não redução.

4.8. Empresas de plantações florestais no Distrito de Lichinga

Dados dos serviços distritais de actividades económicas de Lichinga (SDAE) indicam que
actualmente no distrito encontra-se a operar uma empresa florestal a Green Resources (Recursos
Verdes), empregando boa parte da comunidade local para desenvolver actividades do viveiro e
nas plantações como operários florestais. A Green Resources iniciou as suas actividades em 2006
e em 2011 recebeu uma certificação de Forest Stewartship Council (FSC), que garante que a sua
operação adere as boas práticas internacionais para uma plantação sustentável em termos
económicos, ecológicos e sociais. De salientar que a empresa florestal Green Resources

39
associou-se a empresa Chikweti Forests of Niassa (esta iniciou suas actividades em 2006) através
da compra de acções tornando-se em accionista maioritário.

Segundo dados da empresa até 2013 tinham plantado mais de 1.825 hectares na província, neste
momento tem um DUAT de 40.360 hectares juntando com os da empresa Chikweti Forests of
Niassa de 28.970 hectares. Antes de se associar a Green Resources, a Chikweti Forests of Niassa
contava com uma força laboral de mais de 1000 trabalhadores, em 2014 a empresa viu-se a
despedir muitos trabalhadores por causa de falta de acesso a terra.

4.8.1. Impactos sócio-económicos das plantações florestais nas comunidades

Questionadas sobre os objectivos da empresa as comunidades responderam não ter informação,


contudo alguns membros das comunidades (os beneficiados) afirmaram que as plantações
florestais são bem-vindas porque têm oferecido emprego.

Apesar da Green Resources ter construído parcialmente o mercado de Malica no âmbito de


responsabilidade social afirmou que a empresa não é bem vista na comunidade porque não
honrou com as promessas garantidas no acto da consulta comunitária em apoiar em diversas
actividades. De salientar que a Green Resources em Malica possui uma área total de 2610,63
hectares no qual já plantou cerca de 467,35 hectares; Micoco 1212,02 hectares e área plantada de
555,07 hectares; Ntiwile 1138,57 hectares e área plantada de 796,32 hectares e Lussanhando com
uma área plantada estimada em 200 hectare1.

A proporção de trabalhadores empregues provenientes da população local segundo dados da


empresa é de 94%, o número de trabalhadores varia de 50 a 100 dependendo de cada povoado, e
no período pico chega a atingir mais de 200 trabalhadores, o salário mínimo diário é avaliado em
76 meticais.

Devido a existência da empresa houve um acréscimo do fluxo na circulação da moeda nos


povoados, isto é, os trabalhadores das plantações usam o capital auferido dentro da comunidade

1
Iazido Mohamede Kamwendo (Chefe do Posto Administrativo de Lussanhando)

40
para comprar produtos de primeira necessidade que são comercializados por alguns membros da
comunidade2.

A comunidade assume o facto de que a empresa tem oferecido emprego para alguns membros da
comunidade, mas em termos de benefícios sociais ainda estão longe de se alcançarem porque não
existe apoio por parte da empresa na actividade agro-pecuária, apoio na reabilitação de infra-
estruturas como escolas fontes de água e hospitais.

Das comunidades destacadas para esta pesquisa verificou-se que só existe um posto de saúde no
povoado de Malica, entretanto no povoado de Lussanhando, Ntiwile e Micoco não existe posto
de saúde e as comunidades percorrem longas distâncias até ao povoado de Luiça onde fica o
posto mais próximo e chegam a percorrer mais de sete quilómetros.

Quanto ao emprego em regime sazonal a Green Resources afirmou que a produtividade nas
plantações é muito reduzida porque os trabalhadores não possuem experiência prévia, por isso a
empresa optou em um sistema de trabalho fixando metas nas plantações, devido a este regime
vários trabalhadores ganham menos do que o salário mínimo mensal, porque caso o trabalhador
não consiga cumprir com a sua meta diária ou mensal não aufere o salário completo. Porém o
facto mais invulgar está em relação ao elevado estado de absentismo entre os trabalhadores nas
plantações, entretanto a cultura de trabalho ainda é muito fraca nos povoados.

Como resultado da presença de plantações florestais nas comunidades os benefícios sociais


gerados pela empresa ainda são escassos e resumem-se na oferta de emprego.

4.8.2. Análise sócio-económica das famílias com e sem emprego nas plantações florestais

A existência de empresas de plantações florestais no distrito de Lichinga tem efeitos diferentes


para as individualidades que trabalham nas plantações e para aquelas que obtêm benefícios
indirectos. Entretanto para os trabalhadores das plantações florestais o impacto é bem mais
visível na medida em que recebem um salário mensal ou diário que aumenta o rendimento
familiar. Porém, as pessoas que se beneficiam indirectamente como é o caso das comunidades

2
Idem

41
locais no geral, que tem como benefício às infra-estruturas sociais melhoradas, como o caso de
hospitais, estradas, escolas, furos de água, a condição de mudança do estilo de vida é bem menor
(Nube, 2013).

A maior parte das famílias entrevistadas (trabalhadores das plantações) nunca teve experiência
com o trabalho assalariado, o trabalho nas plantações florestais introduz um estilo de vida que
para a grande maioria dos chefes de famílias é uma experiência nova e traz mudanças. O gráfico
9 mostra as proporções dos chefes de famílias com e sem emprego nas plantações florestais,
entretanto observou-se que o número de chefes de famílias entrevistados com emprego nas
plantações florestais foi inferior em relação ao total das famílias inquiridas sem emprego.

Gráfico 9: Proporções dos indivíduos com e sem emprego nas plantações florestais

Durante a análise dos dados constatou-se a existência de um cenário com todas as possibilidades
de desenvolvimento económico, que propicia maior rentabilidade para as famílias envolvidas
sobretudo na actividade agrícola e em projectos de plantações florestais. Observou-se que do

42
total (100) dos chefes de famílias entrevistados 72% constituem a maioria que não trabalham nas
plantações florestais e são representados por agricultores e os que trabalham a conta própria, e
28% são trabalhadores das plantações florestais.

No caso específico das comunidades estudadas percebe-se claramente que a existência de


plantações florestais ainda não teve um contributo sócio-económico significativo para a melhoria
da qualidade de vida das famílias circunvizinhas às plantações. As plantações florestais foram
importantes para geração de emprego, sobretudo para as famílias que trabalham nas plantações
florestais.

No geral, 72% das famílias sem emprego nas plantações florestais e 28% com emprego possuem
renda per capita abaixo do salário mínimo em vigor em Moçambique, não existindo diferença
significativa entre as rendas per capita das duas categorias estudadas.

43
5. CONCLUSÕES

No estudo conclui-se que:

A existência de plantações florestais contribuiu na melhoria do estilo de vida das comunidades


principalmente para aquelas que têm emprego, porém, verificou-se fraco impacto da empresa em
relação a responsabilidade social para com as comunidades.

As plantações florestais foram importantes para geração de emprego e renda, sobretudo para as
famílias que trabalham nas plantações florestais, portanto, as famílias com e sem emprego nas
plantações florestais têm a mesma probabilidade de possuir um determinado tipo de bem durável.

As comunidades circunvizinhas às plantações florestais no distrito de Lichinga possuem um


baixo nível de escolaridade.

Relativamente a posse de bens, a posse de rádios é que existe na maioria (91%) e pode-se dizer
que é por excelência o principal meio de acesso a informação das famílias e apenas 11% possui
moageiras.

A agricultura distinguiu-se como a principal actividade mais praticada pelas famílias,


destacando-se de seguida o trabalho nas plantações florestais.

Em relação a disponibilidade dos recursos florestais antes e depois das plantações florestais as
comunidades afirmaram que no período posterior às plantações florestais a disponibilidade e o
acesso aos recursos florestais reduziu.

44
6. RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se às instituições de pesquisa desenvolvimento de mais trabalhos científicos com


enfoque para a qualidade de vida das comunidades rurais a fim de divulgar as reais necessidades
vividas pelas famílias, tendo em vista o impacto sócio-económico das empresas de plantações
florestais;

Para o governo do distrito de Lichinga recomenda-se a capacitação das comunidades em formas


de negociação para melhorar a gestão dos recursos e estimular a permanência das famílias no
campo através de incentivos para o investimento do sector privado nas zonas rurais;

Recomenda-se que as empresas florestais possam aprimorar a relação com as comunidades locais
através de apoios em termos de melhoramento de infra-estruturas sócio-económicas.

45
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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48
APÊNDICES

49
Apêndices 1: Tabelas do teste qui-quadrado

1.1. Teste de independência género e nível escolar

Chi-Square Tests

Asymp. Sig.
Value df (2-sided)

Pearson Chi-Square 6.427a 2 .040

Likelihood Ratio 5.297 2 .071

Linear-by-Linear
4.277 1 .039
Association

N of Valid Cases 100

H0: Não existe dependência entre o género e o nível escolar

Ha: Existe dependência entre o género e o nível escolar

1.2. Teste de independência entre variáveis

H0: Não existe diferença significativa na condição de posse de bens das famílias com e sem
emprego nas plantações florestais.

Ha: Existe diferença significativa na condição de posse de bens das famílias com e sem emprego
nas plantações florestais.

Bens Value df Asymp. Sig. (2-

sided)

50
Celular 7.434a 3 .059

Moagem 1.594a 3 .661

Moto 3.924a 3 .270

Bicicleta 5.233a 3 .156

Rádio 7.162a 3 .067

Outros bens 3.680a 3 .298

Apêndices 2: Número de pessoas entrevistadas

Data (Maio, Junho e Julho de Entrevistados Categoria


2015)

20 – 22 (Maio) 27 (6F e 21M) 1 Autoridade tradicional (régulo), 1 Chefe da Secretaria


Distrital de Lichinga e 25 membros da comunidade;

23 – 25 (Maio) 27 (19M e 8F) 1 Autoridade administrativa (Chefe do posto administrativo


de Lussanhando), 1 Autoridade tradicional (régulo) e 25
membros da comunidade;

24 (Maio) 1 (M) 1 Técnico do serviço distrital de extensão comunitária

26 (Maio) 1 (M) 1 Representante do Serviço Distrital de Infra-estrutura

27 – 30 (Maio) 26 (7F e 19M) 1 Autoridade tradicional (régulo) e 25 membros da


comunidade;
01 – 04 (Junho) 27 (6F e 21M)
1 Autoridade tradicional (régulo), 1 Secretário do povoado e
25 membros da comunidade;

51
05 (Junho) 1 (F) Directora do Serviço Distrital de Actividades Económicas de
Lichinga;

08 (Junho) 2 (M) Representantes da empresa florestal Green Resources.

Legenda:

(1) – Malica; (2) – Lussanhando; (3) – Ntiwile; (4) – Micoco; (5) – Cidade de Lichinga; F –
feminino; M – masculino.

No total foram entrevistadas 114 pessoas, sendo 27 entrevistadas no povoado de Malica, 27 em


Lussanhando, 26 em Ntiwile, 27 em Micoco e 3 pessoas na cidade de Lichinga.

Apêndices 3: Formulário das questões aplicadas no inquérito

I. Representantes do governo distrital

1. Inquérito a secretaria distrital (Chefe do Posto) (SDAE)

Nome da instituição __________________

Nome do entrevistado (opcional): ____________________ Cargo: __________________

Data: _______

1. Quantas e quais são as empresas florestais que operam no distrito de Lichinga? ________

2. Quando que começaram a operar no distrito? ___________________________________

52
3. Qual é a sua apreciação em relação às empresas de plantações
florestai__________________________

4. Os trabalhadores das empresas são nativos? ___________________________________

5. Qual é a disponibilidade de terra existente para a implantação de projectos florestais?


______________________________________________________________________________
6. Qual é a interacção entre as partes interessadas sobre as plantações florestais? ___________

7. Como tem sido feita a comunicação entre a empresa, governo e comunidades? __________

8. Quais as oportunidades de empregos para as comunidades locais (actuais e futuros)?


______________________________________________________________________________
9. Qual é a disponibilidade dos recursos florestais antes e depois das implantação de plantações
florestais nas comunidades? ______________________________________________________

10. Tem conhecimento da existência de algum conflito entre a comunidade e as empresas? Se


sim, qual? E como foi resolvido? ___________________________________________

11. Quais são as principais actividades florestais? _____________________________________

12. Quais são as infra-estruturas ou unidades industriais e comerciais existentes na área de


actuação da das empresas florestais? ________________________________________________

13. Quais são as culturas agrícolas mais importantes na área actuação das empresas florestais?

14. Qual é o sistema de produção predominante na região? ______________________________

2. Infra-estruturas

1. Rede Escolar existente na área da actuação das empresas florestais ______________________

2. Rede Sanitária existente na área da actuação das empresas florestais ___________________

3. Nível de cobertura do sistema de abastecimento de água nas áreas de actuação das empresas
florestais (infra-estruturas existentes) _______________________________________________

53
II. Representantes da empresa de plantações florestais

Nome da empresa __________________________________

Nome do gestor __________________________________________

Data ___/_____/_____

1. Onde é que se localizam as plantações da empresa (No de trabalhadores)?

Povoado /Localidade Área ocupada No de trabalhadores Ano de início

2. Actividade económica principal? ________________________________________________

3. Quais são as espécies produzidas? _____________________________________________

4. Quais são as áreas plantadas? ___________________________________________

54
5. Na sua visão, os investimentos na área florestal têm funcionado como factor?

[_] Motivador para o desenvolvimento do país e das comunidades rurais em particular;

[_] Desmotivador devido às dificuldades de aquisição da terra;

[_] Nenhuma das alternativas anteriores.

6. A comunidade tira alguma vantagem por a empresa estar a plantar na área próximo das suas
áreas de cultivo? _____________________________________

7. Qual deveria ser o papel desempenhado pelas comunidades rurais para o sucesso das
actividades florestais? ________________________________________________

III. Comunidades locais

Nome do entrevistado ___________________________________________________

Posto administrativo ____________________________________________________

Povoados

[1] Malica [2] Lussanhando [3] Ntiwile [4] Micoco

1. Caracterização da família

1.1. Sexo. [1] M [2] F

1.2. Qual é o seu estado civil.

55
[1] Casado/a ou União marital [2] Divorciado/a ou separado/a [3] Solteiro/a [4]
Viúvo/a

1.3. Qual é a sua faixa etária?

[1] 20 – 25 [2] 26 – 35 [3] 36 – 45 [4] 46 – 55 [5] 55 +

1.4. Qual é o seu nível de escolaridade?

[0] Nenhum [1] Alfabetização [2] Primeiro grau [3] Segundo grau [4] Básico
[5] Médio [6] Superior

1.5. Qual é a sua religião?

[0] Nenhuma [1] Muçulmana [2] Cristã [3] Outro. Especifique

2. Emprego

2.1. O que faz no seu dia-a-dia?

[1] Agricultor [2] Pescador [3] Criador de gado [4] Trabalha a conta própria [5]
Trabalhador florestal

[6] Outro. Especifique ____________________________________________________

2.2. Para trabalhadores florestais como são os seus rendimentos?

[1] Mensais [2] Diários

2.3. Que tipo de contracto tem com a empresa?

[1] Sazonal [2] Permanente

3. Fonte de renda familiar

3.1. De onde resulta a sua fonte de renda?

56
[1] Venda de produtos agrícolas [2] Venda de lenha e carvão [3] Venda de animais
domésticos [4] Confecção e costura de roupa [5] Outro. Especifique

4. Agregado familiar

4.1. Quantos vivem em sua casa? [_]

4.2. Quantos vão a escola? [_]

5. Habitação

5.1. Há quanto tempo o(a) Sr(a) vive nesta zona?

[1] Menos de 1 ano [2] 2 – 5 Anos [3] 5 – 10 Anos [4] Mais de 10 anos

5.2. A quem pertence a terra onde vive?

[1] Família [2] Vizinho [3] Emprestado [4] Outro. Especifique

5.3. Quantas casa a família possui? [_]

5.4. Qual é o tipo de casa?

[1] Palhota [2] Casa de tijolos [3] Bloco de cimento

5.5. Qual é a cobertura da sua casa?

[1] Chapas de zinco [2] Capim [3] Palmeira [4] Outro. Especifique

6. Acesso a bens e serviços

6.1. Assinale com x os bens que sua família possui

[_] Bicicleta [_] Rádio [_] Celular [_] Moagem [_] Máquina de costura

[_] Celeiro [_] Conta bancária [_] Outros. Especifique

57
6.2. Como obteve os bens?

[1] Comprou [2] Recebeu

6.3. Qual é a fonte de energia que sua família utiliza para cozinhar?

[1] Carvão [2] Lenha [3] Petróleo/Parafina

[4] Outros. Especifique ____________________________________________________

6.4. Onde é que a família buscou água no último mês?

[1] Bomba manual [2] Poço [3] Riacho [4] Fontanário

[5] Outros. Especifique ________________________________________________

6.5. Que meio de transporte usou no mês passado para deslocar-se a outras zonas?

[1] Bicicleta [2] Moto [3] Chapa [4] Camião [5] Outro. Especifique

6.6. Que meios de comunicação utiliza para falar/ contactar com familiares ou pessoas de outra
localidade?

[1] Rádio [2] Carta [3] Celular [4] Desloca-se pessoalmente

[5] Outros. Especifique ____________________________________________

6.7. Quando a família adoece onde buscam ajuda?

[1] Médico tradicional [2] Posto de saúde [3] Na igreja

[4] Outro. Especifique ___________________________________________

6.8. Utilização do Posto de saúde? (apenas para as famílias que utilizam o posto)

6.8.1.Onde se localiza o posto de saúde? _________________________

6.8.2. Qual a distância que leva da sua casa para o Posto? [_] Km

58
6.9. Possui filhos a estudar nesta zona?

[1] Sim [0] Não

6.9.1.Se sim onde se localiza a escola? _________________________

7. Agricultura

7.1. Quantas machambas sua família possui? [_]

7.2. Qual é o tamanho da machamba? [_] ha

7.3. Como adquiriu a machamba? _____________________________________

7.4. Quantas pessoas na família trabalham frequentemente nesta machamba? [_]

7.5. Há outras pessoas que trabalham nesta machamba?

[1] Sim [0] Não

7.6. Marque as culturas alimentares produzidas na campanha 2014/15

[_] Milho [_] Mexoeira [_] Feijão [_] Mapira [_] Amendoim [_] Mandioca

[_] Batata-doce [_] Batata Reno [_] Hortícolas

7.7. Diga as culturas alimentares comercializadas na campanha 2014/15

[1] Milho [2] Mexoeira [3] Feijão [4] Mapira [5] Amendoim [6] Mandioca

[7] Batata-doce [8] Batata Reno [9] Hortícolas

7.8. Em que mercado vendeu os seus produtos (local, vila, cidade, outro?) ____________

7.9. A família tem utilizado algum tipo de input

[1] Sim [0] Não

59
7.9.1 Se sim que tipo de input utiliza?

[1] Semente melhorada [2] Pesticidas químicos (medicamentos) [3] Pesticidas


orgânicos (plantas) [4] Adubos químicos [5] Adubos orgânicos

[6] Outro. Especifique ________________________

7.10. Qual é a finalidade da produção?

[1] Mais para venda [2] Mais para consumo na família [3] Ambas [4] Não sabe/Não
respondeu

8. Pecuária

8.1. Possui animais domésticos?

[1] Sim [0] Não

8.2. Se sim poderia por favor indicar?

[_] Galinhas [_] Cabritos [_] Boi [_] Suínos [_] Patos [_] Pombos [_] Ovelhas

9. Utilização de Recursos Naturais

9.1. O que a sua família retira da floresta?

[1] Colecta de lenha [2] Produção de carvão [3] Colecta de frutos

[4] Exploração de capim/ estacas [5] Colecta de mel [6] Outras (especifique)

9.2. Como é que avalia a disponibilidade dos produtos oriundos da floresta antes e depois da
implantação das plantações florestais?

9.2.1. Antes

[2] Alta [1] Normal

9.2.2. Depois

60
[0] Não diminuiu [1] Diminuiu [2] Não sabe/Não respondeu

10. Percepção Sobre Objectivos das Plantações Florestais

10.1. O que pensa da presença das empresas? Acha que estas são bem ou mal vindas para as
comunidades e sua família.

[2] Bem [1] Mal [0] Não sei

10.1.1. Justifique sua escolha ______________________________________

10.2. Acha que houve alguma mudança na comunidade com a presença da plantação?

[1] Sim [0] Não

10.2.1. Se sim descreve o tipo de mudança _______________________________

10.3. Que tipo de benefícios/ apoios que a comunidade já obteve como resultado da presença das
plantações?

[1] Emprego/ aumento da renda [2] Infra-estruturas (escolas, poços, moageiras,mercado etc)

[3] Apoio no reflorestamento comunitário [4] Apoio na actividade agrícola/ pecuária

[5] Nenhum [6] Outros. Especificar ____________________________________

10.4. Acha que no futuro pode tirar outros benefícios da presença das plantações?

[2] Sim [1] Não [0] Não sei

10.4.1. Se sim, que tipo de benefícios? ____________________________

10.5. Após a introdução das plantações florestais, teve algum tipo de conflito com as pessoas
envolvidas nas empresas?

[1] Sim [0] Não

10.5.1. Que tipo de conflitos? _____________________

61
10.5.2. Como é que os conflitos foram resolvidos?

62

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