Metabolismo Dos HC - Glicogénsese e Glicogenólise 05-11-2018

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Aula teórica

Metabolismo dos Hidratos de


Carbono

Maria João Ferreira da Silva


[email protected]
Bioquímica I
2018-2019
Metabolismo dos Hidratos de
Carbono

A – Glicólise
B – Neoglucogénese
C- Ciclo de Krebs
D – Metabolismo do glicogénio
E – Ciclo das Pentoses de fosfato
Sumário - D
Metabolismo do glicogénio
Introdução
Reacções de hidrólise – glicogenólise
Reacções de síntese – glicogénese
Regulação
Metabolismo do glicogénio- introdução
A glucose é um combustível muito importante a nível celular bem como um
precursor essencial na formação de muitas moléculas
No entanto, ela não pode ser armazenada porque, quando em concentrações
elevadas, provoca a ruptura do balanço osmótico podendo originar lesão ou
morte celular
Assim, a glucose vai ser armazenada sob a forma de um polímero não
osmoticamente activo - glicogénio

Glicogénio é uma forma de armazenamento (de mobilização rápida) de glucose


É uma molécula de elevada massa molecular, formada por cadeias lineares e
ramificadas, que quando é necessária a obtenção de energia liberta rapidamente
as suas unidades de glucose
Metabolismo do glicogénio - introdução
Porque é o glicogénio a molécula preferencial de
armazenamento energético em oposição por ex. aos ácidos
gordos?

- a libertação controlada de glucose a partir do glicogénio mantém os


níveis de glicémia, entre as refeições, nos limites adequados
- esta capacidade torna-se mais importante relativamente ao cérebro,
visto a glucose ser o único combustível passível de ser utilizado por ele,
excepto durante o jejum prolongado
- além disso, a glucose, rapidamente mobilizada a partir do glicogénio, é
uma óptima fonte de energia para suprir as necessidades quando de
um exercício rápido e intenso
- também, e ao contrário dos ácidos gordos, a glucose tem a capacidade
de fornecer energia na ausência de oxigénio, permitindo o metabolismo
anaeróbio
Metabolismo do glicogénio - introdução
Os tecidos mais importantes no armazenamento de glicogénio são:
- fígado (10% do seu peso)
- músculo (2% do seu peso)
No entanto, existe maior quantidade de glicogénio no músculo, porque
embora a sua proporção seja menor, no seu todo o organismo apresenta
uma maior massa muscular
No fígado, o metabolismo do glicogénio ocorre de forma
a manter a homeostasia dos níveis de glucose no
organismo
Ao contrário, no músculo o glicogénio “apenas” contribui
para o fornecimento de energia a utilizar pelo próprio
tecido

O glicogénio encontra-se no citoplasma na forma de


grânulos, que contêm proteinas reguladoras e enzimas
que catalizam a sua hidrólise e a sua síntese
Metabolismo do glicogénio

O metabolismo do glicogénio, englobando a sua síntese e degradação, pode


considerar-se como processos bioquímicos muito importantes...

A hidrólise do glicogénio (glicogenólise) é realizada em 3 etapas:

- a libertação de glucose 1-fosfato a partir do glicogénio

- adaptação da molécula de glicogénio de modo a permitir reacções de


hidrólise posteriores

- a conversão da glucose 1-fosfato em glucose 6-fosfato de modo a


permitir a progressão das diferentes vias metabólicas

A síntese do glicogénio (glicogénese), que ocorre quando os níveis de


glucose são elevados, requer uma forma activada de glucose, glucose
uridina difosfato (UDP-glucose), formada pela reacção da uridina
trifosfato (UTP) com a glucose 1-fosfato
Metabolismo do glicogénio
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

A degradação do glicogénio de uma forma eficiente implica a utilização de


4 diferentes enzimas:

- 1 para hidrolisar o glicogénio

- 2 para readaptar a molécula de glicogénio de modo a tornar-se no


substrato para reacções de hidrólise posteriores

- 1 para converter o produto da hidrólise do glicogénio numa forma


passível de seguir outras vias metabólicas
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

A glicogénio fosforilase, enzima chave da hidrólise do glicogénio, cinde a


molécula de glicogénio através da adição de ortofosfato (Pi) formando
glucose 1-fosfato

A cisão de uma ligação pela adição de fósforo inorgânico é denominada de


fosforólise

Nota: “hidrólise” implica cisão através da molécula de água


Metabolismo do glicogénio - hidrólise

A fosforilase catalisa a remoção sequencial de resíduos glicosídicos da


extremidade não redutora da molécula de glicogénio (a extremidade com
um grupo hidroxilo livre no carbono 4)

O Ortofosfato quebra a ligação glucosídica entre o C1 do resíduo terminal


e o C4 do resíduo adjacente
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

A fosforólise do glicogénio é um processo energeticamente vantajoso,


visto o produto da reacção se apresentar na forma fosforilada;

uma reacção de hidrólise levaria à formação da glucose livre, sendo


necessário o consumo de uma molécula de ATP para que a molécula pudesse
prosseguir a via glicolítica

Uma vantagem adicional deste processo de clivagem do glicogénio é que nas


células musculares não existe transportador para a glucose 1-fosfato, que
ao ser carregada negativamente, não tem possibilidade de ser
transportada para fora da célula
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

No entanto, a fosforilase tem uma capacidade limitada de hidrolisar as


ligações glicosídicas do glicogénio, pois apenas cinde as ligações 1-4

As ligações glicosídicas 1-6, situadas nos pontos de ramificação, não são


substracto para a enzima fosforilase

Na realidade. a fosforilase cinde as ligações 1-4 até 4 resíduos do ponto


de ramificação

Para que a hidrólise do glicogénio prossiga são necessárias 2 enzimas que


vão remodelar a molécula de glicogénio para que a fosforilase possa actuar
de novo
Metabolismo do glicogénio - hidrólise
Essas enzimas são: transferase e  1,6-
glucosidase

- a transferase desloca um conjunto de 3


resíduos de glucose de uma cadeia
ramificante para outra

Esta transferência revela a presença de um


resíduo de glucose, ligada à cadeia linear por
uma ligação  1,6-glucosídica

- a enzima  1,6-glucosidase (ou enzima


desramificante) hidrolisa a ligação  1,6-
glucosídica, com formação de uma molécula
de glucose e

de uma cadeia linear de resíduos de glucose,


susceptível de sofrer a acção da fosforilase
(até 4 resíduos de um ponto de ramificação)
Metabolismo do glicogénio - hidrólise
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

A glucose 1-fosfato, produto da reacção da fosforólise do glicogénio, vai


ser convertida a glucose 6-fosfato, através da fosfoglucomutase (enzima
já referida quando do metabolismo da galactose – rever!!!)
Metabolismo do glicogénio

A hidrólise do glicogénio (glicogenólise) é realizada (como já foi referido)


em 3 etapas, sendo que na última etapa:
- ocorre a conversão da glucose 1-fosfato em glucose 6-fosfato de
modo a permitir a progressão das diferentes vias metabólicas

A glucose 6-fosfato que tem


origem na degradação do
glicogénio, tem 3 possíveis
destinos:
- substracto inicial da glicólise
- conversão em glucose livre para
restabelecer os seus níveis
plasmáticos (fígado)
- substracto da Via das pentose
de fosfato, levando à formação
de NADPH e derivados
ribosídicos
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

Qual o destino da glucose 6-fosfato?


Já conhecemos vários: quais????

Mas quando o processo envolvido é a glicogenólise (hidrólise do glicogénio)


o objectivo final é, preferencialmente, a obtenção de glucose na forma
livre

A maior função do fígado é a de libertar glucose para a circulação para


suprir às necessidades energéticas de outros tecidos e órgãos,
principalmente durante o exercício e entre refeições

Assim, a glucose libertada vai ser em 1º lugar aproveitada pelas células


musculares e pelo cérebro
Metabolismo do glicogénio - hidrólise

Como já referido, a glucose na forma fosforilada, resultante da hidrólise


do glicogénio, não atravessa a membrana celular não podendo ser libertada
para a circulação

No entanto, o fígado tem uma enzima hidrolítica, glucose 6-fosfatase, que


permite a saída da glucose para a corrente sanguínea

Esta enzima cinde o grupo fosforil com formação de glucose livre e


ortofosfato e

está ausente na maior parte dos tecidos, nomeadamente do músculo

Ou seja, o músculo, ao contrário do fígado, não liberta glucose para a


circulação, utilizando a glucose 6-fosfato como seu substrato energético

Qual o ciclo que permite ao músculo contribuir, de uma forma indirecta, para
os níveis de glucose em circulação?
Metabolismo do glicogénio – regulação

A regulação do metabolismo
do glicogénio é complexa e é
feita pela acção de:

- várias enzimas que vão


responder às necessidades da
célula

e de

- hormonas que vão


responder às necessidades
do organismo nomeadamente,
epinefrina, glucagina e
insulina
Metabolismo do glicogénio – síntese

Tal como a glicólise e a neoglucogénese, as vias de síntese e degradação


do glicogénio raramente utilizam as mesmas reacções nas diferentes
etapas; isso permite uma maior flexibilidade tanto a nível energético como
de regulação

Sabe-se que para a síntese de glicogénio é utilizada uma forma activada de


glucose - glucose uridina difosfato (UDP-glucose), em vez da glucose 1-
fosfato, como dador de resíduos de glucose
Metabolismo do glicogénio – síntese

A UDP-glucose é sintetizada a partir da glucose 1-fosfato e uridina


trifosfato (UTP), reacção catalisada pela UDP-glucose pirofosforilase,
com libertação de 1 resíduo fosforil da UTP como pirofosfato
Metabolismo do glicogénio – síntese

A síntese de glicogénio - glicogénese - engloba a adição de novas


unidades glicosil à extremidade não redutora da cadeia de glicogénio,

- através da transferência da UDP-glucose para o grupo hidroxilo em C4,


de modo a formar uma ligação -1,4 glicosídica,

- e em que o radical uridina difosfato é deslocado pelo grupo hidroxilo da


molécula de glicogénio em formação

Esta reacção é catalisada pela enzima glicogénio sintase, enzima chave da


regulação da glicogénese
Metabolismo do glicogénio – síntese

No entanto, a enzima glicogénio sintase apenas tem capacidade de adicionar


resíduos glicosídicos a cadeias de polissacáridos com mais de 4 resíduos,

ou seja, a síntese de glicogénio, necessita de uma sequência iniciadora (primer), a


glicogenina, uma glicosiltransferase constituída por 2 subunidades idênticas

Cada subunidade da glicogenina catalisa a adição de 8 resíduos glicosídicos à outra


subunidade, formando pequenos polímeros de unidades  1,4-glucose

A este ponto já é possível a acção da glicogénio sintase na extensão da molécula de


glicogénio

Toda a molécula de glicogénio apresenta no seu núcleo uma molécula de glicogenina


Metabolismo do glicogénio – síntese

No entanto, a enzima glicogénio sintase apenas catalisa a formação de


ligações -1,4

É necessária outra enzima (enzima ramificante) que permita efectuar


ligações -1,6 levando à formação da estrutura ramificada do glicogénio

Cada ramo é formado após a adição (através das ligações -1,4) de um


certo número de radicais glicosil
Metabolismo do glicogénio – síntese

O ramo é formado pela quebra de uma ligação -1,4 e formação de uma


ligação -1,6:

- um conjunto de resíduos (≈7) é transferido para um local mais interior


na cadeia

- a enzima ramificante requer que o conjunto de 7 resíduos inclua uma


extremidade não redutora e que provenha de uma cadeia com número
superior a 11 resíduos

Ou seja, o novo ramo da molécula de glicogénio deve distar pelo menos 4


resíduos do ramo pré-existente
Metabolismo do glicogénio – síntese
Metabolismo do glicogénio – síntese

A estrutura ramificada do glicogénio é importante porque:

- aumenta a sua solubilidade

- cria um número elevado de resíduos terminais (locais de acção das


enzimas fosforilase e sintase)

Assim, esta estrutura aumenta a capacidade de síntese e degradação do


glicogénio, permitindo uma resposta rápida e eficaz às variações dos níveis
de glicemia

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