Embalagem
Embalagem
Embalagem
EMBALAGEM SUSTENTÁVEL:
do ciclo de vida à valorização do produto local
NATAL – RN
2016
RENILSON AURÉLIO FERREIRA FILHO
EMBALAGEM SUSTENTÁVEL:
do ciclo de vida à valorização do produto local
NATAL – RN
2016
RENILSON AURÉLIO FERREIRA FILHO
EMBALAGEM SUSTENTÁVEL:
do ciclo de vida à valorização do produto local
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Helena Rugai Bastos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________
Prof. Maurício Fontinele de Alencar
Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________
Prof. Olavo Fontes Magalhães Bessa
Membro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Helena Rugai, pela paciência e pelos conselhos que levarei
sempre comigo.
Ao meu coorientador Cristiano Alves, por ter sido a luz no fim do túnel em tantos
momentos;
À minha antiga professora Sílvia Matos, porque acredito que sem ela eu não seria
apaixonado por Design.
Ao Sr. Garcia, pela oportunidade.
Ao meus melhores amigos, Ana Cecília e Netto, por serem a vida da minha vida.
À minha veterana Júlia Pazzini, por todas as risadas, confidências e músicas.
À minha família, por sempre terem me apoiado, e nunca me deixarem desistir dos
meus sonhos.
Ao Lucas, por ter me ensinado que "carro apertado é que anda".
RESUMO
1 INTRODUÇÃO 12
2 JUSTIFICATIVA 14
3 OBJETIVOS 15
3.1 OBJETIVO GERAL 15
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
4.1 EMBALAGEM: DO CONSUMO AO DESCARTE 17
4.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20
4.2.1 Sustentabilidade 21
4.3 DESIGN PARA A SUSTENTABILIDADE 22
4.3.1 Ecoeficiência, Ecodesign e Design Sustentável 22
4.4 A VALORIZAÇÃO DO PRODUTO LOCAL 28
4.5 O CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS 30
5 METODOLOGIA APLICADA 37
5.1 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 37
5.2 MÉTODO 38
5.2.1 GODE - Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens 38
5.2.2 Life Cycle Design (LCD) 39
5.2.3 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) 40
5.2.4 Estratégias de Life Cycle Design 41
6 ESTUDO DE CAMPO PRELIMINAR 42
6.1 ESTUDO DE CONCORRÊNCIA 45
7 LEVANTAMENTO DE DADOS 49
7.1 ENTREVISTA 52
7.1.2 Realização das entrevistas 52
7.2 QUESTIONÁRIO ABERTO 53
7.2.1 Tabulação e análise das respostas 54
8 BRIEFING 57
9 ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS 65
9.1 LIFE CYCLE DESIGN (LCD) 65
9.2 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA - ACV 68
9.2.1 Definição dos objetivos e escopo 69
9.2.2 Análise de Inventário 71
9.2.3 Avaliação de Impacto 71
9.2.4 Interpretação 73
9.3 ESTRATÉGIAS DE LIFE CYCLE DESIGN 74
9.4 ANÁLISE DE PÚBLICO-ALVO 76
9.5 BRIEFING DE CRIAÇÃO 78
10 FASE DE CRIAÇÃO 80
10.1 MAPA MENTAL 81
10.2 PESQUISA VISUAL E PAINEL SEMÂNTICO 84
10.3 BRAIN DUMPING VISUAL 90
10.4 GERAÇÃO DE IDEIAS 91
10.5 MOCK UPS 94
10.6 ESCOLHA DA PROPOSTA FINAL 97
10.7 REFINAMENTO 100
10.7.1 Tipografia 103
10.8 DETALHAMENTO TÉCNICO 105
10.8.1 Checklist técnico 105
10.8.2 Faca de corte 107
10.8.3 Desenho técnico 108
10.8.4 Modelo final da embalagem 109
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS 110
12 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 113
ANEXOS 122
INTRODUÇÃO
1Holmberg, J., Socio-Ecological Principles and Indicators for Sustainability. Institute for Physical
Theory. Göteborg, 1995.
Explorar estratégias sustentáveis na concepção de embalagens como
propostas aos desafios enfrentados, torna o profissional da área de Design um
agente modificador. Está preocupação do designer com questões acerca da
sustentabilidade possibilitam soluções transformadores que auxiliem na minimização
impactos, e que contemple o mercado e a sociedade, capazes de desenvolver,
valorizar e aproveitar recursos renováveis locais.
Com base no que foi apresentando, é irrefutável a urgente necessidade em
projetar novas soluções com foco no desenvolvimento sustentável. Alternativas que
venham a reduzir de maneira eficaz os impactos ambientais gerados pela utilização
imprudente de recursos renováveis e não renováveis e o descarte sem controle
destes na natureza. E que também possa contribuir para o desenvolvimento eco-
eficiente local, em diversas áreas.
Este trabalho propõe o desenvolvimento de uma embalagem sustentável
para alfaces cultivados organicamente. Para isso, a Horta Orgânica Capim Macio,
localizada na zona sul de Natal, foi utilizada como objeto de estudo. A Horta
Orgânica foi criada pelo casal, Alexandra e Garcia Soares, que após terem se
mudado para Natal, a mais de 10 anos, sentiram falta de consumir alimentos
orgânicos. Inicialmente a horta era apenas para consumo próprio, mas há cerca de 5
anos passou a comercializar os legumes, frutas e verduras que produziam,cultivados
de forma orgânica, livres de agrotóxicos.
Inicialmente, por meio da revisão bibliográfica, foram ser listados conceitos
necessários para a compreensão do design com ênfase na sustentabilidade, sendo
estes: Cultura do Consumo; Impacto Ambiental, Desenvolvimento Sustentável;
Sustentabilidade; Ecoeficiência; Ecodesign e Design Sustentável com foco no
desenvolvimento de Embalagens. Fez-se necessário levantar conhecimentos
relacionado aos atores responsáveis pela transição para sustentabilidade, abordar o
papel do designer e do consumidor e valorização do produto local. Tornou-se
indispensável buscar referencial teórico a cerca do consumo de alimentos orgânicos,
para entender os motivos que levam a procura por este tipo de alimento e dados
relacionados aos seus consumidores. Como também, informações referentes à
importância da embalagem e a rotulagem de frutas e hortaliças orgânicas.
A metodologia que orientou o desenvolvimento deste projeto, foi construída a
partir do método Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Embalagens
(GODE) de Merino; Carvalho; Merino, (2009), o Life Cycle Design (LCD) e a
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), citados por Manzini e Vezzoli (2011). Foram
incorporadas técnicas de identificação de problema e geração de ideias, citadas por
Lupton (2013).
Na primeira parte deste trabalho, os conceitos foram dividos em 5 tópicos:
embalagem: do consumo ao descarte; desenvolvimento sustentável; design para a
sustentabilidade; a valorização do produto local e consumo de alimentos orgânicos.
No tópico seguinte, foi abordado a metodologia aplicada. Posteriormente, foram
apresentados os tópicos de análise de dados, fase de criação, geração de ideias,
seleção da proposta final, refinamento e detalhamento técnico.
2 JUSTIFICATIVA
O consumo e a sociedade
2Para o melhor entendimento sobre a complexidade que envolve este assunto, recomendo a leitura
do livro Sociedade do Consumo, de Jean Baudrillard (2008).
Os produtos passam a não ser mais vistos como tal, tornam-se objetos3.
Estes objetos-signos são desassociado de sua história e das informações dos seus
produtores, tornando-se simplesmente bens de consumo (BAUDRILLARD, 2006), e
sua função é limitada“a satisfazer desejos e necessidades irrisórias, que em geral
estão relacionados com o valor fictício atribuído ao produto pelo consumidor [auto-
realização]. A durabilidade física desses objetos passam também a não terem
importância. Desta forma, justificam a compra de novos objetos. Baudrillar (2008, p.
40) explica como se dá este comportamento e apresenta sua possível motivação na
seguinte passagem:
3
Os objetos neste trecho são tratados como objetos-signos, em razão da sua relação com as
pessoas, tais valores se tornam abstratos; os objetos-signos vivenciados e consumidos não mais em
sua materialidade mas sim, nos significados (valores) criados nas diferenças e adquiridos no
processo de consumo (BAUDRILLARD, 2006). Lembrando que para Baudrillard (2006) o consumo é
um processo, que se realiza não apenas no ato efetivo da compra, mas, de fato, desde o momento de
sua concepção como produto (bens de consumo).
4SENNETT, R. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.
Desta forma, é possível inferir que o aumento do consumo eleva a demanda
pela produção de embalagens e consequentemente a saturação dos recursos
naturais necessários para a sua fabricação. O descarte excessivo dessas
“embalagens-produtos”, muitas vezes incapazes de serem absorvidos pelo meio
ambiente, representam uma enorme perda de energia e matéria-prima, agravados
pela ausência do gerenciamento correto destes resíduos sólidos, ampliam os
impactos ambientais, que o meio ambiente vem sofrendo. De acordo com dados do
Ministério do Meio Ambiente5 (2005) "Cerca de 80% das embalagens são
descartadas após usadas apenas uma vez.” E completa "no Brasil,
aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens. São 25 mil
toneladas de embalagens que vão parar, todos os dias, nos depósitos de lixo”.
A Lei nº 12.305/10, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) completará no corrente ano, 5 anos de sua aprovação em 2010. Esta Lei
previa a criação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que tem como conceito, a
responsabilidade compartilhada entre os cidadãos, governo e empresas no
gerenciamento estruturado no ciclo dos resíduos sólidos: geração, coleta, tratamento
e a destinação final, através de ferramentas incorporadas à legislação ambiental
brasileira (MMA, 2012)6. A PNRS também tem como uma de suas principais metas,
a eliminação e recuperação dos lixões.
A Prefeitura da cidade do Natal-RN, segundo Figueiredo (2012), iniciou em
2003 a gestão dos resíduos sólidos, precedendo a Lei de PNRS. Eliminando o
antigo lixão, localizado na zona oeste da capital, no bairro de Cidade Nova,
transformando este local em uma estação de transbordo, que recebe o resíduo
coletados para serem selecionado em uma usina de separação de catadores de
cooperativas, e o que não pode ser aproveitado e encaminhado para o aterro
sanitário localizado no município de Ceará Mirim, região metropolitana da cidade.
Onde são despejados diariamente, aproximadamente 1.200 toneladas de lixo.
(LUCENA, 2014)
Como anteriormente citado na Justificativa deste trabalho, os mais de 800
mil habitantes da cidade do Natal produzem cerca de 700 toneladas de lixo todos os
5
CONSUMERS INTERNATIONAL/ MMA/ MEC/ IDEC. Consumo Sustentável:manual de educação.
Brasília, DF: [s.n.], 2005.
6Para mais detalhes a cerca das diretrizes e estratégias referente a Lei de PNRS, indico a leitura
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, Ministério do Meio Ambiente (2012).
dias. Isto, além de inserir a cidade no atual cenário de impactos ambientais gerados
pelo descarte excessivo de resíduos, evidencia as falhas decorrentes da ineficaz
gestão destes. Figueiredo afirma que “o programa de coleta seletiva, que separa
menos de 1,0% dos materiais recicláveis gerados na cidade, faz com que a quase
totalidade dos resíduos coletados seja enviada ao aterro sanitário." (FIGUEIREDO,
2012, p. 7). Isso mostra que nada adianta coletar estes resíduos, se sua maioria não
será reaproveitada, mesmo que ao serem levados ao aterro, reduzam os problemas
gerados ao meio ambiente. Estamos falando não só dos impactos ambientais, mas de
desperdício econômico, de matéria-prima, trabalho e renda para diversos
trabalhadores das cooperativas que dependem da coleta seletiva destes materiais,
problemáticas que foram abordados fortemente na Lei de PNRS.
Sendo assim, foram criadas políticas e estratégias, que visam o controle e
redução destes impactos, que serão abordadas nos tópicos seguintes.
4.2.1 Sustentabilidade
Entretanto, Manzini e Vezzoli (2011, p. 22) afirmam que o cenário atual tem
se mantido nos dois primeiros níveis de interferência, que apesar de importantes,
não são suficientes para atingirmos os objetivos da sustentabilidade. Eles
complementam:
8
O termo interdependente foi utilizado por Kazazian (2005, p. 35) para expôr a relação entre os
impactos gerados em todo o ciclo de vida do produto e a consequência destes em diferentes partes
do planeta.
9 ABRE. Meio ambiente e a industria de embalagem. (cartilha).
• a adoção de técnicas de produção mais limpa;
• redução do consumo de recursos naturais;
• aprimoramento dos materiais de embalagens;
• redução na fonte da espessura/ volume da embalagens;
• reutilização de embalagens;
• reciclagem dos materiais.
O consumidor responsável integra essa noção de ciclo e abandona
sua antiga percepção de produto, que parecia surgir
espontaneamente nas gôndolas dos supermercados para
desaparecer após ser usado (p. 55)
• Origem da matéria-prima;
• Processos de fabricação e distribuição;
• História (produto, território e comunidade que o produz);
• Ações que promovam a preservação do território;
• Impactos gerados pelo produto e embalagem em seu ciclo de vida.
10Para mais detalhes indico a leitura na íntegra da Lei Nº 710.831, de 23 de dezembro de 2003.
Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências. BRASIL, Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento. Diário Oficial da União, Brasília, DF 24/12/2003. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/2003/L10.831.htm>.
11Para mais informações sobre o estudo realizado pela Embrapa, indico a leitura na íntegra do Perfil
do consumidor e do consumo de produtos orgânicos no Rio Grande do Norte. CUENCA,
Manuel Alberto Gutiérrez. et al. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2007. Disponível em: <http://
www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2007/doc-125.pdf>.
bastante conhecimento sobre o sistema de produção orgânica, e residem em sua
maioria em área metropolitana.
O consumo de alimentos orgânicos se dá de forma consciente, e o maior
motivo pelo qual os consumidores adquirem estes produtos, é por acreditarem em
sua qualidade superior e serem menos nocivos à saúde. Dentre os alimentos
consumidos, as hortaliças são as que mais se sobressaem, com destaque especial
para a alface. Este consumo é feito diariamente pelas famílias, por considerarem o
alimento orgânico um alimento saudável.
Quanto à renda familiar, os consumidores se encontram nas classes média e
media alta, e mostraram estar dispostos a pagar mais para consumir alimentos de
origem orgânica.
Outro dado relevante deste relatório foi apresentado por Araújo e Paiva
(2007), numa pesquisa realizada com os frequentadores dos supermercados na
cidade do Natal. A pesquisa teve como objetivo conhecer o mercado consumidor de
orgânicos. Foi identificado, que o consumo de alimentos orgânicos ocorre
principalmente por pessoas do gênero feminino (73%), sendo 53% dos
entrevistados, com idade superior a 50 anos.
Por se tratar de pesquisa importante e abrangente no Estado, os dados
sobre o perfil dos consumidores apresentados no relatório de Cuenca et al. (2007) e
Araújo e Paiva (2007), serão utilizados neste trabalho, para a análise de público-
alvo, em conjunto com outros estudos sobre o assunto.
12No Brasil, esta área é regulamentada por SARC/ANVISA/INMETRO. cf. Referências Bibliográficas
deste trabalho, BRASIL. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de janeiro de 1998.
Rotulagem de frutas e hortaliças orgânicas
13Para mais informações, indico a leitura na íntegra da Instrução Normativa Conjunta nº 009, de 12
de novembro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, 14 nov. 2002. Seção 1, p.30. Disponível em: <http://
portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d8c7fa804d8b654fa9cae9c116238c3b/ALIMENTOS
+INSTRUÇÃO+NORMATIVA+CONJUNTA+Nº+9,+DE+12+DE+NOVEMBRO+DE+2002.pdf?
MOD=AJPERES>.
14Para mais informações, recomendo a leitura na íntegra da Portaria SVS/MS nº 42, de 14 de janeiro
de 1998. Dispõe sobre o regulamento técnico para rotulagem de alimentos embalados. BRASIL.
Diário Oficial da União, Brasília, 16 de janeiro de 1998. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
wps/wcm/connect/115381804745970b9f55df3fbc4c6735/PORTARIA_42.pdf?MOD=AJPERES>.
15 Para mais informações, recomendo a leitura na íntegra da Instrução Normativa nº 16, de 11 de
junho de 2004. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sobre a
regulamentação e outras providências. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-
consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=7796>.
16cf. Referencial Bibliográfico: BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Lei Nº
10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 24/12/2003, Seção 1, pág 8. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm>.
75% a 95% de ingredientes orgânicos certificados, poderá informar na rotulagem o
termo “produto com ingredientes orgânicos” (BRASIL, 2004).
As informações de rotulagem devem estar escritas no idioma do país de
consumo. Também não são permitidas informações ou representações gráficas
falsas, que possam vir a confundir ou enganar o consumidor quanto a natureza,
composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento e forma
de uso do alimento (CARRANO, 2008).
Alimentos como frutas e hortaliças in natura, que devem ser consumidos em
até 24 horas, não necessitam apresentar a data de validade mínima, bem como a
lista de ingredientes e informações nutricionais obrigatórias à rotulagem (CARRANO,
2008). Além destas informações mais relevantes sobre a rotulagem de frutas e
hortaliças orgânicas, segue na Tabela 1, as informações que devem constar no
rótulo destes alimentos:
Figura 5 - Alexandra Cristina Soares cultivando alface na Horta Orgânica Capim Macio.
Fonte: Alex Regis, Jornal Tribuna do Norte (2014).
5.2 MÉTODO
Após a ACV foram determinadas quais das Estratégias de Life Cycle Design
(Quadro 1) melhor correspondem aos objetivos deste trabalho, integrando os
requisitos ambientais no desenvolvimento do produto.
Ao adotar não só uma, mas um conjunto de estratégias, ampliam-se os
níveis de intervenção possíveis no ciclo de vida do produto, atendendo aos
requisitos ambientais. (MANZINI; VEZZOLI 2011). Estão estratégias são:
17Para mais detalhes a cerca da NBR ISO 14040, indico a leitura na íntegra da Gestão
ambiental - Avaliação do ciclo e vida - Princípios e estruturas, ABNT (2001), disponível
em: <http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-14.040-Gestão-
Ambiental-avaliacão-do-ciclo-de-vida-principios-e-estrutura.pdf>.
- Minimização dos recursos;
- Escolha de recursos e processos de baixo impacto ambiental;
- Otimização da vida dos produtos;
- Extensão da vida dos materiais;
- Facilidade de desmontagem.
Ao fim da entrevista, Garcia fez comentários e deu dicas, que mesmo não
fazendo parte do roteiro, se mostraram relevantes para a pesquisa. Ele orienta que
a alface deve ser higienizado logo quando o cliente chega em casa, e para
melhor conservá-la, a alface deve estar seca quando guardada, em uma vasilha
com tampa, não podendo ser congelada.
Garcia afirma que as hortaliças orgânicas duram mais tempo do que as
produzidas com o uso de agrotóxicos, além dos benefícios à saúde que este tipo
de alimentação orgânica traz para o consumidor. Ele lamenta que muito do
desperdício dos alimentos ocorre, porque as pessoas não sabem como
higienizar e conservar as hortaliças.
A falta de conhecimento da população sobre a importância e as
vantagens de se consumir produtos orgânicos, com baixo impacto ambiental e
a saúde humana, é uma preocupação para Garcia. Que demonstra interesse em
transformar a forma como os seus consumidores se relacionam com os alimentos e
com meio ambiente.
19 cf. RIBEIRO, Clara. Saiba como guardar folhas da alface. Viva Saúde. São Paulo: Ed Escala. 09
de Maio de 2015. Disponível em: <http://revistavivasaude.uol.com.br/colunas/saiba-como-guardar-
folhas-de-alface/3671/#> Acesso em dezembro de 2015.
Figura 24 - Respostas escritas do questionário.
Fonte: Autor, 2015.
8 BRIEFING
MERCADO
Tamanho do mercado: a Horta Orgânica Capim Macio é uma microempresa local,
que possui um mercado pequeno, pois não atende ao grande público e não fornece
seus produtos para redes de supermercados. Isto faz parte dos objetivos de
mercado do proprietário, que produz o quantidade de alfaces necessária para
atender diariamente os seus clientes.
Em Natal existem diversas feiras livres destinadas a comercialização de
produtos orgânicos, que ocorrem em diversos dias da semana. Também há locais
fixos para a venda destes produtos, localizados no próprio espaço das hortas
20
cf. Referencial bibliográfico: BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - Lei Nº
10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 24/12/2003, Seção 1, pág 8.
21cf. Referêncial bibliográfico: BRASIL. Instrução Normativa Conjunta nº009, de 12 de novembro
de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Brasília, DF, 14 nov. 2002. Seção 1, p.30.
orgânicas, como também em redes de super/hipermercados. A Horta Orgânica de
Capim Macio não participa de nenhuma feira livre ou comercializa o produto para
super/hipermercados. A compra dos produto se dá no mesmo local da horta, como já
mencionamos. E esta é a forma como a empresa se posiciona no mercado.
O mercado de alimentos orgânicos tem crescido bastante na cidade. Como
foi dito anteriormente, a cidade possui diversas feiras livres (Figura 26) e locais fixos
que comercializam estes produtos, evidenciando a tendência pelo consumo de
orgânicos, gerando o aumento da procura e a demanda de produção destes
alimentos. Com o aumento do nível de informação sobre alimentos orgânicos, a
tendência de consumo de produtos naturais, e o crescimento do público vegano,
este mercado possui expectativas de crescimento cada vez maiores.
PREÇOS
Em relação à concorrência: a alface da Horta Orgânica custa dois reais, que é
equivalente ao mesmo preço cobrado pelas feiras, super/hipermercados e
mercadinhos.
Reação do consumidor: os consumidores consideram o preço bastante acessível.
OBJETIVOS DE COMUNICAÇÃO
- Conscientizar os clientes das questões de preservação ambiental, propondo
atitudes sustentáveis, que reduzam o uso de embalagens e o desperdício de
alimentos.
Conteúdo das peças: logotipo da empresa; informações sobre como ter uma mini-
horta em casa; informar sobre como conversar o produto; questões relativas a
sustentabilidade.
Objetivo
Escopo
9.2.4 Interpretação
24cf. Referencial Bibliográfico: Ministério do Meio ambiente. Campanha Saco é um Saco: Pra
Cidade, Pro Planeta, Pro Futuro e Pra Você, Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/saco-e-um-saco/saiba-mais>.
Acesso em maio de 2016.
como a contaminação do solo e da água, e a liberação de gases causadores do
efeito estufa. Portanto, fica evidente que ações precisam ser feitos, a fim de
minimizar estes impactos.
Fundamentada na ACV realizada, permitiu-se que fossem escolhidas as
estratégias de life cycle design irão nortear este projeto, para o alcance dos
objetivos propostos a este trabalho.
Como base nos resultados obtidos pela ACV, foram selecionadas duas das
cinco Estratégias de Life Cycle Design, supracitadas. A combinação de duas ou mais
estratégias, mostra-se bastante útil, pois permite que projeto se torne mais
abrangente, ao considerar mais opções, que juntas, sejam capazes de gerem
soluções que atendam aos requisitos ambientais propostos (MANZINI; VEZZOLI,
2011). As estratégias selecionadas foram as seguintes:
Para este projeto, devido a sua especificidade, deu-se maior destaque para
facilitar a reparação e reutilização, projetando um segundo uso do produto, pois
assim, acreditou-se que seriam maiores as chances de que outras linhas de
referências fossem contempladas.
25O estudo citado foi realizado na cidade de São Paulo. Para mais informações, indico a leitura de
Consumidores de produtos orgânicos na cidade de São Paulo: características de um padrão de
consumo. CERVEIRA; CASTRO,1999. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/ie/1999/tec1-
dez99.pdf>.
Figura 32 - Painel de público-alvo.
Fonte: Autor, 2016.
BRIEFING DE CRIAÇÃO
- Desenvolver uma embalagem
ecoeficiente para alface orgânica, que
Objetivo reduza o desperdício de alimento e
gere menos impacto ao meio ambiente
no fim do seu ciclo de vida.
- Horta Orgânica Capim Macio;
- Frutas e hortaliças orgânicas;
Empresa - Sustentabilidade;
- Horta caseira.
- Alface orgânica;
- Embalagem primária individual;
- Acondicionamento;
- Transporte;
- Identificação;
- Redução os impactos ambientais no
uso e descarte;
Produto e embalagem - Informações sobre como conservar a
alface;
- Dicas de como adotar hábitos
sustentáveis;
- Legislação de embalagem de
alimentos orgânicos (cf. Referencial
bibliográfico);
- Uso consciente dos materiais.
- Pequeno produtor;
Mercado - Crescente demanda;
- Reposicionamento.
- Mulheres com idade acima de 40
anos;
- Classe média;
- Estilo de vida alternativo;
Consumidor - Alimentação saudável;
- Prática de atividade física;
- Preocupação ambiental;
- Consciência sustentável.
Tabela 2 - Briefing de criação da embalagem.
BRIEFING DE CRIAÇÃO
- Sustentabilidade;
- Ecoeficiência;
- Consumo consciente;
- Valorização do produto local;
- Orgânico;
- Saudável;
- Natural;
Palavras-chave - Origem;
- Higiene;
- Reciclagem;
- Biodegradável;
- Compostagem;
- Educação ambiental;
- Práticas sustentáveis.
- Redução dos impactos ambientais;
- Ser viável para o meio ambiente,
economia e sociedade;
- Relação consciente do consumidor
com o produto;
- Preservação ambiental;
- Valorização da produção e do
Interpretação das Palavras-chave
produtor local;
- Alimento in natura; verde; crocante e
suculento;
- Oferecer benefícios e não apresentar
riscos para a saúde;
- Local; pessoal; doméstico e "de casa”;
- Limpo; livre de contaminantes.
Fonte: Autor, 2016.
10 FASE DE CRIAÇÃO
Esta é uma forma de pesquisa, que a partir de uma ideia central, são
desenvolvidas ramificações através de associações, que auxiliam o designer a
explorar o escopo de um problema.
O mapa mental, teve como finalidade, identificar diferentes propostas a partir
da ideia central, “embalagem para alface”. Partindo deste problema, foram geradas
diferentes subcategorias, derivando diferentes propostas, de acordo com requisitos
discutidos nesta monografia, tais como: sustentabilidade, ecoeficiência, valorização
do produto local, reciclagem, biodegradável, educação ambiental e práticas
sustentáveis, como pode ser visto na Figura 33:
Figura 33 - Mapa mental.
Fonte: Autor, 2016.
As diversas possibilidades de atuação exploradas com o mapa mental,
podem servir como base para futuras propostas à outras problemáticas identificadas
na Horta Orgânica Capim Macio. Portanto, de acordo com o objetivo deste trabalho,
o foco será a embalagem individual para o alface orgânico, fundamentada em
princípios sustentáveis.
Com o mapa mental, fundamentado nos objetivos e requisitos discutidos
nesta monografia, foram definidas três categorias dentro do recorte de atuação:
atributos (requisitos), forma (estrutura) e conteúdo (informações) (Figura 34). Estas
categorias definiram o conceito do design da embalagem, sintetizado nos painéis
semânticos, e na geração de ideias deste projeto.
Para este projeto, foram criados quatro painéis com imagens coletadas da
internet, a partir dos dados obtidos com o briefing de criação da embalagem e da
análise de público-alvo. Cada um dos quatro painéis tratam de diferentes categorias,
sendo elas: conceitos e valores que devem ser transmitidos pela embalagem;
produtos e serviços similares; linguagem visual e tipografia.
Figura 36 - Painel de conceitos e valores.
Fonte: Autor, 2016.
O conceito para a criação deste painel, foram palavras retiradas do briefing
de criação, tais como:
- Sustentabilidade;
- Ecoeficiência;
- Consumo consciente;
- Valorização do produto local;
- Orgânico;
- Saudável;
- Natural;
- Origem;
- Higiene;
- Reciclagem;
- Biodegradável;
- Compostagem;
- Educação ambiental;
- Práticas sustentáveis.
Pratique hábitos
Lavar antes de consumir -
sustentáveis
Para mais dicas e práticas
Conservar em local
sustentáveis, acesse:
seco e arejado, ou -
fb.com/
sob refrigeração
hortaorganicacapimmacio
Dia da colheita: Simbologia de
-
STQQSS identificação de material
Simbologia de
Não contém glúten -
descarte seletivo
Fonte: Autor, 2016.
10.7 REFINAMENTO
26
Para ter acesso a matéria na íntegra, indico a leitura de Tipografia sustentável: Ryman Eco reduz
até 33% o uso de tinta na impressão. Pensamento verde. [S.l.]: 9 de janeiro de 2016. Disponível em:
<http://www.pensamentoverde.com.br/produtos/tipografia-sustentavel-ryman-eco-reduz-ate-33-o-uso-
de-tinta-na-impressao/>. Acesso em maio de 2016.
27c.f. Referencial bibliográfico: TYPEDIA. Courier. [S.l.]: 15 de janeiro de 2010. Disponível em:
<http://typedia.com/explore/typeface/courier/>.
Figura 53 - Texto informativa da embalagem.
Fonte: Autor, 2016.
28 c.f. Referencial bibliográfico: SWISS MISS. Measuring Type. Nova Iorque, 17 de dezembro de
2 0 0 9 . D i s p o n í v e l e m : < h t t p : / / w w w. s w i s s - m i s s . c o m / 2 0 0 9 / 1 2 / m e a s u r i n g - t y p e . h t m l ?
utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Swissmiss+
(swissmiss)&utm_content=Google+Reader>. Acesso em maio de 2016.
Figura 54 - Estudo de Matt Robinson e Tom Wrigglesworth.
Fonte: Adaptado de Swiss Miss, 2009.
Checklist técnico
Identificação do produto Alface orgânica
Função da embalagem Primária
Forma física do produto Sólido irregular
Proteções requeridas contra Umidade
Checklist técnico
Condições de manuseio Manuseado após a colheita
Condição de armazenamento Acondicionado em bacias
Reutilizável Sim
Reciclável Sim
Retornável Não
O produto será visto na embalagem? Sim
Forma como o produto é exposto a
Bacias
venda
Prazo de conservação requerido Não é necessário, mas o dia de colheita
deve ser indicado
Risco e suscetibilidade do produto Umidade, insetos, fungos e bactérias
Montagem Manual
Sistema de fechamento Encaixe de lingueta dentro do corte
Material Papel Kraft não branqueado
Formato A4
Gramatura 80g
Processo de impressão Offset
Sistema de cores C: 0% M: 0% Y: 0% K: 100%
Quantidade de cores para impressão 1 cor
Legislação de rotulagem - Denominação de venda;
- Quantidade;
- Identificação da origem;
- Deve apresentar a data de colheita
indicando o dia;
- Advertência;
- Alimentos em condições especiais
para conservação;
- Simbologia de identificação
- de material;
- Simbologia de
- descarte seletivo.
ABNT 14044. NBR ISO 14044. Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Requisitos e orientações. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de
Janeiro, Brasil, 2001. disponível em: <http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/
uploads/2015/01/NBR-14.040-Gestão-Ambiental-avaliacão-do-ciclo-de-vida-
principios-e-estrutura.pdf>. Acesso em abril de 2016.
LIMA, Paola. Sacola plástica é uma das maiores vilãs do meio ambiente. Jornal do
Senado, Brasília, ano 14, n. 552, 19 de abril de 2016. Disponível em: <http://
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/519439/cidadania552.pdf?
sequence=1>. Acesso em maio de 2016.
LUCENA, Roberto. Lixo do RN ainda sem destino. Natal: Jornal Tribuna do Norte,
2014. Disponível em: <http://tribunadonorte.com.br/noticia/lixo-do-rn-ainda-sem-
destino/289083> Acesso em abril de 2015.
SILVA, Manuela Camilotti Torres da. Empresa Júnior - uma organização estudantil e
a sua influência na formação depós-juniores empreendedores. Campinas,SP : [s.n.],
2015. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?
down=000949748. Acesso em dezembro de 2015.
OLIVEIRA, L.L.; LACERDA, C.S.; ALVES, I.J.B.R.; SANTOS, E.D.; OLIVEIRA, S. A.;
BATISTA, T.S.A. Impactos Ambientais causados pelas sacolas plásticas: o caso
Campina Grande – PB. BIOFAR, Campina Grande, v. 7, n.1, p.88-104, 2012.
PAZMINO, Ana Verónica. Uma reflexão sobre Design Social, Eco Design e
Design Sustentável. I Simpósio Brasileiro de Design Sustentável. Curitiba,
setembro de 2007.
PAPANEK, V. Design for the real world: Human ecology and social change. New
York: Pantheon, 1971.
PENSAMENTO verdade. Tipografia sustentável: Ryman Eco reduz até 33% o uso
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TRIBUNA DO NORTE. Horta da vida nova a terreno baldio. Natal, 2014.
Disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/horta-da-nova-vida-a-
terreno-baldio/298673?utm_campaign=noticia&utm_source=rel. Acesso em
novembro de 2016.
Aparência
Preço
Consistência
Sim
Não
6. Você pagaria mais caro por uma embalagem que oferecesse maior proteção
quanto a qualidade do produto?
Sim
Não