VorneCursos Legislacao Penal Especial Lei de Execucao Penal
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2. PRINCÍPIOS
São basicamente os mesmos do Direito Penal e Processual Penal. Analisaremos alguns as-
pectos importantes relacionados a alguns princípios.
c) superação das transgressões exige a atuação não apenas de um órgão, e sim de uma
pluralidade de autoridades
O tema veio à tona porque o PSOL ajuizou Arguição de Descumprimento de Preceito Funda-
mental (ADPF 347) no STF, pleiteando o reconhecimento da violação de direitos fundamentais da
população carcerária e a adoção de providências para sanar lesões a preceitos fundamentais pre-
vistos na CF.
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
O STF ainda não julgou o mérito da ADPF, mas concedeu a liminar em parte1, deferindo os
pedidos atinentes à "b" (audiência de custódia) e "h" (liberação das verbas do FUNPEN). Na decisão,
os ministros ressaltaram que, no caso do sistema carcerário, há desrespeito aos direitos dos presos
no tocante à dignidade, higidez física e integridade psíquica. As penas privativas de liberdade aca-
bam sendo cruéis e desumanas. A forte violação dos direitos fundamentais dos presos repercutiria
além das respectivas situações subjetivas e produziria mais violência contra a própria sociedade. Os
cárceres brasileiros, além de não servirem à ressocialização dos presos, fomentariam o aumento da
criminalidade, pois transformariam pequenos delinquentes em criminosos muito mais perigosos (in-
formativo 798).
LEP, Art. 3º - Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingi-
dos pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único - Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou po-
lítica.
Distinção possível nas hipóteses da CF, art. 5º, XLVIII – “a pena será cumprida em estabe-
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado”
2
a) Natureza do delito – ex.: separar criminoso violento de um sujeito que furtou uma bicicleta.
1 Na ADPF, o partido pede ao STF que: a) determine a todos os juízes e tribunais que, em caso de decretação de prisão
provisória, motivem expressamente as razões que impossibilitam a aplicação das medidas cautelares alternativas à priva-
ção de liberdade, previstas no art. 319 do Código de Processo Penal; b) reconheça a aplicabilidade imediata dos arts. 9.3
do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, determinando a todos os
juízes e tribunais que passem a realizar audiências de custódia, no prazo máximo de 90 dias, de modo a viabilizar o
comparecimento do preso perante a autoridade judiciária em até 24 horas contadas do momento da prisão; c) determine
aos juízes e tribunais brasileiros que passem a considerar fundamentadamente o dramático quadro fático do sistema peni-
tenciário brasileiro no momento de concessão de cautelares penais, na aplicação da pena e durante o processo de execu-
ção penal; d) reconheça que como a pena é sistematicamente cumprida em condições muito mais severas do que as
admitidas pela ordem jurídica, a preservação, na medida do possível, da proporcionalidade e humanidade da sanção impõe
que os juízes brasileiros apliquem, sempre que for viável, penas alternativas à prisão; e) afirme que o juízo da execução
penal tem o poder- dever de abrandar os requisitos temporais para a fruição de benefícios e direitos do preso, como a
progressão de regime, o livramento condicional e a suspensão condicional da pena, quando se evidenciar que as condições
de efetivo cumprimento da pena são significativamente mais severas do que as previstas na ordem jurídica e impostas pela
sentença condenatória, visando assim a preservar, na medida do possível, a proporcionalidade e humanidade da sanção;
f) reconheça que o juízo da execução penal tem o poder-dever de abater tempo de prisão da pena a ser cumprida, quando
se evidenciar que as condições do efetivo cumprimento da pena foram significativamente mais severas do que as previstas
na ordem jurídica e impostas pela sentença condenatória, de forma a preservar, na medida do possível, a proporcionalidade
e humanidade da sanção; g) determine ao Conselho Nacional de Justiça que coordene um ou mais mutirões carcerários,
de modo a viabilizar a pronta revisão de todos os processos de execução penal em curso no país que envolvam a aplicação
de pena privativa de liberdade, visando a adequá-los às medidas “e” e “f” acima; h) imponha o imediato descontingencia-
mento das verbas existentes no Fundo Penitenciário Nacional- FUNPEN, e vede à União Federal a realização de novos
contingenciamentos, até que se reconheça a superação do estado de coisas inconstitucional do sistema prisional brasileiro.
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
LEP, art. 84 (Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015). O preso provisório ficará separado
do condenado por sentença transitada em julgado.
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos
incisos I e II.
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ame-
aça à pessoa;
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça
à pessoa;
3
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação di-
versa das previstas nos incisos I, II e III.
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivên-
cia com os demais presos ficará segregado em local próprio.
b) Idade – idosos, por exemplo, podem ser submetidos a condições diversas de outros presos
no cumprimento da pena.
LEP, Art. 89. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009) (...) a penitenciária de mulheres
será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores
de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança de-
samparada cuja responsável estiver presa.
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo:
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legisla-
ção educacional e em unidades autônomas; e
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
I - multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao empregador, revertidos aos órgãos de proteção 4
dos direitos da mulher;
Art. 3o (VETADO).
Interpretação mais restrita – continua sendo possível a revista íntima. A lei proíbe a revista
íntima apenas de funcionárias e de clientes do sexo feminino. Visitas não se enquadram nessa ca-
tegoria.
Interpretação mais ampla – se a lei proibiu a revista íntima de funcionárias e clientes do sexo
feminino, por questões de isonomia, estende a proibição às visitas.
Alguns Estados, como São Paulo, editaram leis proibindo a revista íntima2.
2Lei Estadual Nº 15.552, DE 12 DE AGOSTO DE 2014 (Proíbe a revista íntima dos visitantes nos estabelecimentos prisi-
onais e dá outras providências)
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3. ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO
Os órgãos que atuam na execução penal estão relacionados no art. 61 e seguintes da Lei de
Execução Penal.
São eles:
Artigo 1º - Ficam os estabelecimentos prisionais proibidos de realizar revista íntima nos visitantes.
Parágrafo único - Os procedimentos de revista dar-se-ão em razão de necessidade de segurança e serão realizados com
respeito à dignidade humana.
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Artigo 2º - Para os efeitos desta lei, consideram-se:
I - vetado;
II - visitante: toda pessoa que ingressa em estabelecimento prisional para manter contato direto ou indireto com detento;
III - revista íntima: todo procedimento que obrigue o visitante a:
1 - despir-se;
2 - fazer agachamentos ou dar saltos;
3 - submeter-se a exames clínicos invasivos.
Artigo 3º - Todo visitante que ingressar no estabelecimento prisional será submetido à revista mecânica, a qual deverá ser
executada, em local reservado, por meio da utilização de equipamentos capazes de garantir segurança ao estabelecimento
prisional, tais como:
I - “scanners” corporais;
II - detectores de metais;
III - aparelhos de raios X;
IV - outras tecnologias que preservem a integridade física, psicológica e moral do visitante revistado.
Parágrafo único - Vetado.
Artigo 4º - Na hipótese de suspeita justificada de que o visitante esteja portando objeto ou substância ilícitos, identificada
durante o procedimento de revista mecânica, deverão ser tomadas as seguintes providências:
I - o visitante deverá ser novamente submetido à revista mecânica, preferencialmente utilizando-se equipamento diferente
do usado na primeira vez, dentre os elencados no artigo 3º da presente lei;
II - persistindo a suspeita prevista do “caput” deste artigo, o visitante poderá ser impedido de entrar no estabelecimento
prisional;
III - caso insista na visita, será encaminhado a um ambulatório onde um médico realizará os procedimentos adequados
para averiguar a suspeita.
Parágrafo único - Na hipótese de ser confirmada a suspeita descrita no “caput” deste artigo, encontrando-se objetos ilícitos
com o visitante, este será encaminhado à Delegacia de Polícia para as providências cabíveis.
Artigo 5º - O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua
publicação.
Artigo 6º - As despesas resultantes da execução desta lei correrão à conta de dotações orçamentárias próprias.
Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
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* Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos da LEP: I - o liberado definitivo, pelo prazo
de 1 ano a contar da saída do estabelecimento; II - o liberado condicional, durante o período de
prova.
LEP, Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Ter-
ritório Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do
Código de Processo Penal.
LEP, Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judi-
cial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução.
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O art. 66 da LEP traz rol de competência, que é bastante ampla:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o conde-
nado
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em
processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da
soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
SOMA – Existindo mais de uma condenação contra a mesma pessoa (e não se observando
a regra da unidade de processo e julgamento imposta pelos arts. 76 a 82 do CPP), compete ao juiz
da execução, de posse do prontuário do condenado contendo as várias guias organizadas segundo
a ordem cronológica de chegada e registradas em livro especial (art. 107, § 2º), somar as penas
impostas.
Mesmo que as condenações sejam provenientes de vários Estados, compete ao juiz da exe-
cução onde o condenado se encontrar preso proceder à soma das penas.
No caso de concurso material (art. 69 do CP) ou formal impróprio (art. 70, 2ª parte, o CP) as
penas são somadas.
Também ocorrerá a unificação de penas para atender o limite máximo de 30 anos estabele-
cido no Código Penal (art. 75 do CP). Todavia, só será unificada a pena para efeito de cumprimento,
pois os benefícios serão todos calculados sobre o total da pena a que foi condenado (Súmula 715
do STF).
Unificadas as penas e sobrevindo nova condenação, deve ser procedida nova unificação,
desprezando-se, entretanto, o período de pena já cumprido.b) progressão ou regressão nos regi-
mes: depois de fixado o regime inicial pelo juiz da sentença, a pena privativa de liberdade será exe-
cutada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada
pelo juiz da execução.
V - determinar:
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em con-
dições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sa-
nitário e lavatório.
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Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
c) Casa do Albergado - para os condenados que cumprem pena de prisão em regime aberto
e para os condenados à pena restritiva de direitos de limitação de fim de semana. Caracterizada pela
ausência de obstáculos físicos contra a fuga. Quase não há casas de albergado no país.
d) Cadeia pública - destinada ao aos presos provisórios (prisão preventiva e prisão tempo-
rária). Obs.: Os denominados Centro de Detenção Provisória (CDP´s) destinam-se fundamental-
mente ao recebimento dos presos provisórios.
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
O art. 117 da Lei de Execução Penal estabelece as hipóteses em que se admite o recolhi-
mento, em residência particular, do condenado a pena privativa de liberdade em regime aberto.
IV – Condenada gestante
Confira:
STF: O artigo 117 da Lei de Execução Penal determina, nas hipóteses mencionadas em
seus incisos, o recolhimento do apenado, que se encontre no regime aberto, em residência
particular. Em que pese a situação do paciente não se enquadrar nas hipóteses legais, a
excepcionalidade do caso enseja o afastamento da Súmula 691-STF e impõe seja a prisão
domiciliar deferida, pena de violação do princípio da dignidade da pessoa humana [artigo
1º, inciso III da Constituição do Brasil]. Ordem concedida. (STF, HC 98675 / ES, Rel. Min.
Eros Grau, 2ª T., j. 09/06/2009, v.u.).
Também pode ser admitida a prisão domiciliar quando faltam vagas no estabelecimento
adequado (ex.: não há vagas no semiaberto nem no aberto), mas desde que em situações excepci-
onais. No geral, quando o Estado não é capaz de prover estrutura para o cumprimento da pena em
regime adequado devem ser seguidas as diretrizes impostas pelo STF no julgamento do RE
641.320/RS:
regime de destino, abrindo vaga para aquele que acaba de progredir. Exemplo: “A” progre-
diu para o semiaberto e não existem vagas em estabelecimento apropriado. Em vez de “A”
ir direto ao aberto, ele passa para o semiaberto e outro preso que já estava no semiaberto
vai para o aberto, já que este último estava mais próximo da progressão para o aberto.
Evita-se, com isso, a progressão por salto;
III) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride
ao regime aberto: para os ministros, “se não há estabelecimentos adequados ao regime
aberto, a melhor alternativa não é a prisão domiciliar, mas a substituição da pena privativa
de liberdade por penas restritivas de direitos”. Tendo em vista que as penas restritivas de
direito são menos gravosas do que a pena privativa de liberdade (mesmo em regime
aberto), os ministros entenderam que “ao condenado que progride ao regime aberto, seria
muito mais proveitoso aplicar penas restritivas de direito, observando-se as condições dos
parágrafos do art. 44 do CP, do que aplicar a prisão domiciliar”. Aqui, vale observar, o STF
contrariou a súmula 493 do STJ, segundo a qual “é inadmissível a fixação de pena substi-
tutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto.
Atenção: Não confunda a prisão domiciliar do art. 117 da LEP, que é uma forma de cumpri-
mento de pena, com a prisão domiciliar prevista nos arts. 317 e 318 do CPP, cautelar alternativa à
prisão preventiva3. A natureza dos institutos é diversa.
5. DISCIPLINA PRISIONAL 11
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou
regulamentar.
3 DA PRISÃO DOMICILIAR
CPP, art. 317. "A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela
ausentar-se com autorização judicial.
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
Existe ainda a medida cautelar diversa da prisão consistente em “recolhimento domiciliar no período noturno e nos
dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos” (art. 319, V, do CPP).
A diferença entre ambas é bem explicada por Nucci: “a prisão prevista pelo art. 318 é fruto do cumprimento da preventiva,
destinando-se a réus em situações excepcionais. Ademais, a prisão domiciliar abrange as 24 horas do dia, somente po-
dendo o sujeito deixar a casa com autorização expressa e prévia do magistrado. O recolhimento domiciliar envolve apenas
o período noturno e os dias de folga, voltando-se ao acusado que tenha residência e trabalho fixos. Quem é inserido em
prisão domiciliar tem a preventiva decretada; quem se encontra em recolhimento domiciliar tem medida cautelar diversa da
prisão imposta. O não cumprimento da prisão domiciliar importa em mera transferência do réu para o cárcere fechado; o
não seguimento do recolhimento domiciliar implica, como última solução, a decretação da preventiva”.
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A ideia é que quanto mais esclarecido sobre as regras e as consequências, maior a probabi-
lidade de cumprir as regras.
O preso que descumpre as regras incorre em falta disciplinar. Conforme a gravidade da con-
duta, a falta pode ser leve, média ou grave.
As faltas leves e médias, bem como as respectivas sanções, são conferidas à legislação local
(legislação estadual). No Estado de São Paulo, estão previstas no Regimento Interno Padrão dos
Estabelecimentos Prisionais (conhecido como RIP). Já as faltas graves são elencadas na própria
LEP.
Nos termos do art. 49, parágrafo único, da LEP, “pune-se a tentativa com a sanção corres-
pondente à falta consumada”. 12
Faltas Disciplinares GRAVES
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
II - fugir;
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo*.
* A Lei 11.466/2007 incluiu o inciso VII e também o crime previsto no art. 319-A do CP:
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Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de
vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comuni-
cação com outros presos ou com o ambiente externo:
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
Art. 52, 1ª parte. Prática de fato previsto como crime doloso. A lei não exige condenação
do indivíduo para que esteja caracterizada a falta grave. Basta, com efeito, a prática do fato definido
como crime doloso, sendo isso o bastante para ensejar a aplicação de sanção disciplinar ao senten-
ciado. 13
O preso não tem o direito de fugir; tem o dever de cumprir a pena. O art. 50, inciso II, da LEP,
classifica como falta grave a fuga.
Algumas regras:
Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regula-
mentar. (art. 45, caput)
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As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado. (art.
46, § 1º)
5.2.1. Espécies
I - advertência verbal
I e II
II – repreensão (escrita, não verbal)
Aplicáveis se
falta leve ou
I a IV
média
Podem ser III - suspensão ou restrição de direitos
aplicadas por (prazo máximo de 30 dias)
ato motivado Cuida-se da suspensão ou redução da jor-
14
do diretor nada de trabalho, da recreação, das visitas III, IV e V
e do contato com o mundo exterior. Aplicáveis
IV - isolamento na própria cela, ou em local se falta
adequado (prazo máximo de 30 dias e sem- grave
pre comunicado ao juiz da execução)
V - Depende
V - inclusão no regime disciplinar diferenci-
de decisão ju-
ado
dicial
Se falta grave, possível isolamento preventivo (cautelar) pelo diretor (até 10 dias)
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Confira:
Contudo, há precedentes em sentido contrário. Por todos: STF, Habeas Corpus 110.278/RS,
15
DJ 15.08.2013.
R.: Prevalece que sim (ver parte final da súmula 533 do STJ, acima).
c.1) Tratando-se de prática de fato previsto como crime doloso que ocasione subversão da
ordem ou disciplina internas, o diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa poderá
elaborar requerimento circunstanciado e encaminhar ao juiz da execução que, após manifestação do
MP e de defesa, prolatará decisão no prazo de 15 dias (art. 54, §§ 1º e 2º).
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a) 2 anos. Aplica-se o prazo prescricional da pena de multa, que é o menor prazo de prescri-
ção previsto na lei penal (art. 114, I, do CP), e também, no caso de São Paulo, o prazo previsto no
Regimento Interno da SAP (Resolução n. 144)
b) 3 anos. É o menor prazo prescricional de pena privativa de liberdade previsto na lei penal
(art. 109, VI, do CP). Se o fato ocorreu antes da vigência da Lei 12.234/10 (que modificou o art. 109,
VI, do CP), o prazo é de 2 anos. É a posição majoritária, adotada pela STJ.
Introduzido pela Lei 10.792/2003. Não é um regime novo de cumprimento de pena, é uma
forma especial de cumprimento de pena em regime fechado. Há divergência quanto à sua constitu-
cionalidade, por ofensa à dignidade da pessoa humana e à humanidade.
Obs.: Não basta a prática de falta grave consistente em fato definido como crime doloso. É
preciso que a conduta ocasione subversão da ordem ou disciplina internas.
Obs.: A lei pressupõe fundada suspeita, não prova cabal ou condenação ou transitada em
julgado.
I. Duração máxima de 360 dias, sem prejuízo da repetição da sanção por nova falta
grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada (art. 52, I).
Se houver o cometimento de NOVA falta grave de mesma espécie, o RDD poderá ser reno-
vado por outros 360 dias.
Contudo, o RDD está limitado a 1/6 da pena aplicada. Se, por exemplo, o sujeito foi conde-
nado a 8 anos (96 meses), o tempo total de RDD nunca poderá superar 1/6 disso, que equivale a 16
meses. Então, se ele cumpriu 360 dias de RDD, a repetição não poderá durar mais de 4 meses e 5
dias (afinal, 360 dias + 4 meses e 5 dias = 16 meses).
III. Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas
horas (art. 52, III). 19
A ressalva “sem contar crianças” quer excluí-las das visitas ou apenas não as computar no
limite máximo de dois visitantes?
Sabe-se que é fundamental ao regime penitenciário a regra de que o preso não deve romper
seus contatos com o mundo exterior e que não sejam debilitadas as relações que o une aos familiares
e amigos. Não há dúvida de que os laços mantidos principalmente com a família são essencialmente
benéficos para o preso, porque o levam a sentir que, mantendo contatos, embora com limitações,
com as pessoas que se encontram fora do presídio, não foi excluído da comunidade.
Dentro desse espírito, mesmo quando incluído no regime mais drástico de cumprimento de
pena, deve ser garantido ao interno faltoso o direito de relacionar-se com seus entes queridos.
Em 2014 foi aprovada a Lei 12.692, que alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), assegurando a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de
liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável, independentemente de auto-
rização judicial (art. 19, § 4º). Pelas razões acima expostas, pode-se impedir que tal disposição seja
aplicada nos casos em que o apenado esteja sob o regime do RDD.
IV. Saída da cela por duas horas diárias para banho de sol (art. 52, IV).
7. RECOMPENSAS
I - o elogio;
II - a concessão de regalias.
a) elogio: será feito verbalmente e anotado no prontuário, servindo para, futuramente, atestar
o comportamento do preso. 20
b) regalias: geralmente noticiadas de forma pejorativa, as regalias consistem, na realidade,
em privilégios para presos merecedores, aplicando-se de modo transparente, com critérios pré-esta-
belecidos, importante meio de incentivo ao bom comportamento carcerário, disciplina e trabalho.
Competente o juiz responsável pelo estabelecimento penal onde o sentenciado está preso:
Sabendo que estão assegurados aos presos cautelares (prisão temporária e preventiva,
abrangendo, por óbvio, os condenados provisórios) os mesmos direitos dos condenados definitivos
(no que couber), conclui-se ser possível execução penal provisória (antecipando-se benefícios de
execução penal) na hipótese de condenado em 1º grau, preso, aguardando julgamento do seu re-
curso.
Ex.: Preso cautelarmente há 3 anos, “A” é condenado a 5 anos de reclusão e recorre. Não
seria razoável aguardar o julgamento de todos os recursos para lhe conceder os benefícios da exe-
cução.
O art. 147 da LEP exige o trânsito em julgado da sentença que aplicou a pena restritiva de
direitos para que haja a execução. Essa, aliás, é a posição atualmente adotada pelo STF e pelo STJ.
Na pena privativa de liberdade, como o acusado está em prisão cautelar, faz sentido que se
permita a execução provisória, para que ele possa receber os benefícios legais, como a progressão
de regime. Já na pena restritiva de direito, como é uma situação na qual o condenado está em liber-
dade, deve-se aguardar o trânsito em julgado para o início do cumprimento da pena.
Imagine-se que determinado sujeito responde solto ao processo. É condenado pelo juiz de 1ª
instância, por exemplo, a 6 anos em regime inicial fechado e recorre em liberdade. O Tribunal, ao
julgar a apelação, confirma essa condenação. Esse sujeito, agora condenado em 2ª instancia, re-
corre ao STJ ou ao STF.
mais recursos podem se valer deles. Os mais pobres, sem condições de recorrerem ao STF e ao
STJ, são presos antes.
Direito comparado, sendo o Brasil talvez o único país do mundo onde o cumprimento de
uma decisão ficava no aguardo de referente da Corte Suprema.
Estatísticas de 2009 a 2016 indicariam que uma ínfima quantidade de Recursos Extraor-
dinários e Especiais teriam sucesso a favor da defesa.
Para o início da execução, não é preciso que o juiz de primeiro grau tenha condenado e a 2ª
instância confirme a condenação. Ainda que o juiz tenha absolvido o sujeito e o Tribunal, dando
provimento a recurso da acusação, venha a condená-lo, terá início a execução provisória.
23
Flagrante ilegalidade
O STJ tem decidido que “a interposição de RE ou agravo em RE não tem o condão de obstar
a execução, salvo flagrante ilegalidade” (HC 375.675, 6ªT., rel. Min. Maria Thereza, 26/05/2017; HC
406015, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Laurita Vaz, ). A contrario sensu, no caso de fla-
grante ilegalidade (ex.: fato atípico), é possível obstar a execução.
Obstam o início da execução. Logo, se o sujeito foi condenado em 2ª instância, mas foram
opostos embargos de declaração ou infringentes, não se iniciará a execução, com a expedição de
mandado de prisão, enquanto não forem julgados.
STJ: “(...) Contudo, verifica-se que foram opostos embargos de declaração perante o Tri-
bunal de origem, pendentes de julgamento. Assim, ante a não definitividade da condenação
no âmbito da jurisdição ordinária, a expedição de mandado de prisão para início de cumpri-
mento da pena caracteriza constrangimento ilegal. Habeas corpus parcialmente concedido
para suspender a execução provisória da pena até o esgotamento da jurisdição ordinária”
(STJ, HC 402846 / SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., j. 12/09/2017, DJ 21/09/2017, v.u.)
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
STJ: Na espécie, todavia, embora eventuais recursos especial e extraordinário não sejam
dotados de efeito suspensivo, a jurisdição das instâncias ordinárias ainda não se encerrou.
Contra o julgamento do recurso de apelação foi oposto, no caso, embargos declaratórios
com efeitos infringentes que, segundo andamento processual obtido no endereço eletrônico
do Tribunal de origem, pende de julgamento. Desse modo, diante da ausência de exauri-
mento no julgamento nas instâncias ordinárias, revela-se prematuro o início da execução
provisória da pena. Habeas corpus concedido para garantir que o paciente aguarde em
liberdade o exaurimento das instâncias ordinárias (STJ, HC 406.015, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 22/08/2017, DJ 31/08/2017, v.u.)
Competência originária
Imagine que o agente tem foro especial e é julgado diretamente pelas Cortes Superiores
(condenação única proferida diretamente por instância superior). Terá início a execução provisória
da pena?
Sim! Confira:
STF: “(...) impende referir não haver dúvidas quanto à possibilidade de execução provisória
da pena após a condenação pelas instâncias ordinárias mesmo quando tal condenação,
em virtude da competência especial por prerrogativa de foro, decorrer de decisão única
exarada pelo órgão colegiado competente” (AG .REG. NO HABEAS CORPUS 140.213, 1ª
T., Rel. Min. Luiz Fux, j. 02/02/2017 m.v.).
24
STJ: A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que é possível a execução pro-
visória da pena aos casos de ação penal de competência originária do Tribunal (AgRg no
HC 380859 / AP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., j. 14/03/2017, v.u.)
Júri
Há precedentes no sentido de que, sendo o réu condenado pelo Tribunal do Júri, inicia-se a
execução da pena.
STF: “A prisão de réu condenado por decisão do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a re-
curso, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência ou não culpabilidade”
(HC 118.770, rel. min. Marco Aurélio, redator do acórdão min. Luís Roberto Barroso, j.
07/03/2017)
O tema é controvertido. O STF tem decidido que sim e o STJ tem decidido que não.
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
STJ: “A execução da pena restritiva de direitos só pode ser iniciada após o trânsito em
julgado da condenação” (STJ, ERESP 1.619.087, 3ª Seção, Rel. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 14/06/2017, m.v.)
1/6
Foi então editada a Lei 11.464, de 29.03.2007, que criou lapsos de progressão especiais
para os crimes hediondos:
2/5 se primário
3/5 se reincidente
Diante da decisão do STF que acarretou a progressão para hediondos e equiparados após o
cumprimento de 1/6 da pena, a Lei 11.464/07 é mais gravosa ao condenado, razão por que não se
aplica retroativamente. Para os crimes hediondos e equiparados praticados antes dessa lei, aplica-
se o lapso de 1/6; para crimes posteriores, aplicam-se os lapsos de 2/5 e 3/5.
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
Exemplo: “A” estava no regime fechado e cumpriu os requisitos para a progressão ao regime 26
semiaberto no dia 1ª de janeiro. Contudo, houve atraso na concessão desse benefício, de modo que
o juiz somente concedeu a progressão ao semiaberto no dia 1º de março. A vaga demorou a aparecer
e o “A” somente foi transferido para o regime semiaberto em 1ª maio.
A 2ª T do STF, no HC 115.254, de Rel. Min Gilmar Mendes, DJe 26/02/2016, entendeu que o
lapso se conta do momento em que o sentenciado preenche os requisitos para obtenção do
benefício. Ou seja, a decisão que defere a progressão de regime tem natureza declaratória, não
constitutiva.
Observação: Art. 33, § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a
progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Antes da Lei 10.792/2003, que alterou diversos dispositivos da Lei de Execução Penal, dis-
punha o art. 112, parágrafo único, que a decisão judicial sobre o pedido de progressão de regime
feito pelo condenado deveria ser precedido do exame criminológico.
Com o advento dessa lei, a regra passou a ser de que não se exige o exame criminológico.
Contudo, os tribunais superiores firmaram a orientação de que o juiz pode determiná-lo, desde que
fundamentadamente.
Havia posição no sentido de que o sentenciado deveria aguardar a vaga no regime fechado.
Porém, o STF consolidou o entendimento de que, na ausência de vagas de regime semiaberto, o 27
sentenciado não pode permanecer em regime mais gravoso. Aliás, esse entendimento hoje está
cristalizado na Súmula Vinculante 56 do STF:
Ex.: Paulo preenche os requisitos para progredir para o regime semiaberto, mas não há vaga.
Por questão de justiça, deve-se deferir a saída antecipada do preso que já está no semiaberto e mais
perto de progredir para o aberto e de cumprir a pena. Com isso, abre-se uma vaga e Paulo poderá
progredir de regime.
(iii) cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que pro-
gride ao regime aberto
Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida
a prisão domiciliar ao sentenciado (STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, jul-
gado em 11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825).
Sim, desde que se trate de estabelecimento adequado, ficando assegurados os direitos com-
patíveis com o regime mais brando. Nesse sentido:
STJ: “(...) Com efeito, consolidou-se nesta Corte Superior de Justiça entendimento de que,
se o apenado encontra-se alojado em pavilhão independente e autônomo de estabeleci-
mento destinado ao regime fechado, sem ligação física com o restante do presídio, pres-
tando trabalho externo e usufruindo de saídas temporárias, segundo as regras do regime
semiaberto, não há constrangimento ilegal a ser sanado, uma vez que o reeducando não
se encontra cumprindo pena em regime mais rigoroso do que o devido” (HC 402093 / SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j. 17/10/17, v.u.).
Súmula 491 do STJ É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
A lei não exige condenação do indivíduo para que esteja caracterizada a falta grave. Basta,
com efeito, a prática do fato definido como crime doloso, sendo isso o bastante para ensejar a apli-
cação de sanção disciplinar ao sentenciado.
b) Condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execu-
ção, torne incabível o regime
Por exemplo: o condenado está no regime semiaberto e faltam 3 anos de pena a cumprir.
Sobrevém uma condenação a 6 anos de pena em regime inicial fechado ou semiaberto. 6 + 3 = 9. O
regime resultante da soma é o fechado - Art. 33, parágrafo 2º, alínea “a”.
2 correntes:
9. LIVRAMENTO CONDICIONAL
9.1. CONCEITO
b) Tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
mais de 1/3 da pena, se não for reincidente em crime doloso e tiver bons an-
tecedentes (art. 83, I, CP)
mais de 1/2 da pena, se for reincidente em crime doloso (art. 83, II, CP)
Obs.: Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito
do livramento.
Não!
Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pes-
soa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
9.4. CONDIÇÕES
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho
Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
Obs.: até o advento da Lei 10.792/2003, o conselho penitenciário emitia parecer sobre livra-
mento condicional, indulto e comutação de pena (art. 70, I, da LEP).
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
Com o advento dessa lei, esse dispositivo foi modificado. Agora, o Conselho Penitenciário
emite parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com
base no estado de saúde do preso; (Lei 10.792/2003). Ou seja, em se tratando de livramento condi-
cional e indulto com base no estado de saúde do preso, não é mais necessário o parecer do conselho
penitenciário. Confira:
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado
pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida
a pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente
do Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e
pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
LEP, art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua
prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
Uma das causas que pode gerar a revogação do livramento condicional é a condenação do
liberado por sentença irrecorrível em razão da prática de outro crime (essa revogação pode ser obri-
gatória ou facultativa, conforme estudaremos à frente). Para a revogação, exige-se o trânsito em
julgado da condenação penal.
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
Enquanto não há o trânsito em julgado dessa outra condenação, o juiz da execução pode
suspender o livramento condicional. É uma medida de natureza cautelar, até que haja a decisão
final sobre o outro crime. A revogação do livramento apenas ocorrerá se houver o trânsito em julgado
daquela condenação.
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livra-
mento.
Se o liberado vier a praticar uma infração penal no curso do livramento condicional, o juiz não
poderá declarar extinta e pena privativa de liberdade enquanto não houver o trânsito em julgado da
sentença desse outro crime.
- Prática de crime – É o que prevê o art. 89. O crime pode ser doloso ou culposo. Não haverá
prorrogação se tiver sido praticada contravenção penal durante o período de prova.
Há 2 posições:
Aqui o condenado quebrou a confiança estatal. Foi liberado e praticou um crime. As conse-
quências são mais graves: 34
Consequências
É vedada a soma do restante da pena aplicada à nova pena, para fins de concessão
de novo livramento.
Ao contrário da hipótese anterior, aqui o liberado não quebrou a confiança estatal. Ele foi
liberado e sobreveio condenação definitiva por crime anterior ao benefício.
condenado a 20 anos por crime cometido antes do benefício. Somando o que estava a cumprir (5
anos) com essa nova pena (20 anos), tem-se a pena total de 25 anos. Como o sujeito cumpriu apenas
5 anos (4 anos de prisão + 1 ano de livramento condicional), não é possível manter o livramento.
Consequências
O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contra-
venção, a pena que não seja privativa de liberdade.
- O tempo em que esteve solto o executado não será computado como cumprimento
de pena.
- Irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja priva-
tiva de liberdade.
As consequências são diversas de acordo com o momento em que a infração penal é prati-
cada:
9.8.3. Extinção
O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em
processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento (art. 89)
Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de
liberdade (art. 90)
Art. 75 do CP - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos.
O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 anos. 36
Porém, para cálculo dos direitos subjetivos da execução penal, toma-se por base a pena
aplicada e não esse limite de 30 anos.
Ex.: agente condenado a 80 anos em regime fechado. Somente poderá cumprir 30 anos, mas
o lapso de progressão de regime, livramento condicional etc. terá base os 80 anos.
Nesse sentido:
Tem como beneficiários os presos definitivos (em regime fechado ou semiaberto) e pro-
visórios (temporária ou preventiva).
Apesar de a lei destinar o benefício aos condenados que se encontram no regime semiaberto,
o STF já entendeu possível sua concessão no caso de prisão albergue.
a) visita à família;
A autorização será concedida por ato motivado do juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a Administração Penitenciária.
a) a autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada
por mais 4 (quatro)vezes durante o ano. Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante,
38
de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento
das atividades discentes.
Prevalece entendimento consagrado pela Terceira Seção do STJ nos REsps 1.166.251/RJ
(DJe 4/9/2012) e 1.176.264/RJ (DJe 3/9/2012), julgados sob o rito dos recursos repetitivos, de que é
possível à autoridade judicial, atenta às peculiaridades da execução penal, conceder maior número
de saídas temporárias, de menor duração (inferior a 7 dias), desde que respeitado o limite de 35 dias
no ano, pois o fracionamento do benefício é coerente com o processo reeducativo e com a reinserção
gradativa do apenado ao convívio social.
a) comportamento adequado
a) prática fato definido como crime doloso (dispensando condenação transitada em julgado);
b) punição por falta grave (a autoridade administrativa representará ao juiz da execução para
que proceda à revogação do benefício – art. 48, parágrafo único, desta lei.);
O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: (art. 146-B)
O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento ele-
trônico e dos seguintes deveres:
- receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus
contatos e cumprir suas orientações;
Na jurisprudência:
40
STJ: “(...) II - Nos termos do art. 146-C, II, da Lei de Execução Penal, o apenado submetido
ao monitoramento eletrônico tem que observar o dever de inviolabilidade do equipamento
de monitoração, no caso a tornozeleira eletrônica, não podendo remover, violar, modificar
ou danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica, ou mesmo permitir
que outrem o faça. III - Ao bloquear de maneira intencional o sinal emitido pela tornozeleira
eletrônica, o paciente, de alguma forma, violou e danificou o regular funcionamento do equi-
pamento de monitoração, ainda que temporariamente, descumprindo, pois, o dever de invi-
olabilidade do equipamento eletrônico, do qual já havia sido previamente informado. IV -
Por conseguinte, o paciente também desrespeitou a ordem recebida para não violar o equi-
pamento de monitoração, o que configura a falta grave tipificada no art. 50, VI, c/c o art. 39,
V, ambos da Lei de Execução Penal. V - A Terceira Seção desta Corte Superior, ao julgar
o REsp n. 1.364.192/RS, submetido à sistemática dos recursos repetitivos, firmou orienta-
ção no sentido de que "a prática de falta grave interrompe o prazo para a progressão de
regime, acarretando a modificação da data-base e o início de nova contagem do lapso ne-
cessário para o preenchimento do requisito objetivo". Súmula n. 534/STJ. Habeas Corpus
não conhecido. (HC 400495 / RS, Rel. Min. Felix Fischer, 5a. T., j. 14/09/17, v.u.).
A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz
da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
- regressão do regime;
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
- advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar
alguma das medidas anteriores
13.1. TRABALHO 41
Atenção: A remição não pode ser concedida ao indivíduo que cumpre pena no regime aberto
ou que esteja em livramento condicional, pois em tais casos o trabalho é pressuposto.
• A remição pelo trabalho se dá na proporção um dia de pena para cada três dias
trabalhados. A contagem da jornada é feita em dias, nos quais deve haver o cumprimento
de no mínimo seis e no máximo oito horas de trabalho. Não é possível, diante da jornada
mínima diária, simplesmente efetuar o somatório de horas para chegar à quantidade de dias
(AgRg no REsp 1.635.935/MG, j. 07/03/2017).
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
• A soma das horas é admitida apenas quando, excedida a oitava hora diária, sejam
computadas as horas extras até que somem seis, quando então o produto da soma será
considerado como um dia de trabalho para fins de remição (HC 338.220/MG, j. 21/06/2016).
• Os condenados que cumprem pena em regime aberto não têm direito a remição pelo
trabalho, benefício restrito aos presos em regime fechado ou semiaberto (HC 359.072/RS,
j. 16/08/2016).
• O cálculo da remição deve ser efetuado com base no disposto no súmula nº 715 do
STF, ou seja, a subtração dos dias incide no total da pena aplicada, não no máximo de trinta
anos de que trata o art. 75 do CP (HC 328.548/SP, j. 16/06/2016).
• “É perfeitamente possível a remição da pena pelo trabalho manual, pois, o art. 126
da LEP, ao prever a possibilidade da remição pelo trabalho, o fez de forma genérica, sem
qualquer restrição quanto à possibilidade de concessão do benefício para aquele conde-
nado que produz artesanato. Por sua vez, o art. 33, § 1º [sic] da mesma fonte legislativa,
embora ressalte que, salvo nas regiões de turismo, nos trabalhos intra muros, o artesanato 42
sem expressão econômica deve ser limitado, não faz vedação a esta atividade laboral, mas,
apenas a restringiu. Ademais, tem-se que o artesanato, como qualquer outro trabalho no
presídio, estimula a recuperação do reeducando, retirando-o da ociosidade das celas, e
estimulando o exercício da disciplina” (Agravo de Execução Penal nº 108918/2017, j.
24/01/2018).
- Admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas reali-
zadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as
cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
- Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido
como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos
neste artigo.
13.1.2. Remuneração
O trabalho do preso deve ser remunerado adequadamente, imperativo reconhecido pelas Re-
gras Mínimas da ONU (atualizadas pelas Regras de Mandela, preceito 103.1).
No mesmo sentido, o artigo 39 do CP estabelece que o trabalho do preso será sempre remu-
nerado e que terá garantidos os benefícios da previdência social.
Apesar de a lei anunciar que a remuneração não pode ser inferior a 3/4 do salário mínimo, o
PGR, na ADPF 338, sustenta que o estabelecimento de contrapartida monetária pelo trabalho reali-
zado por preso em valor inferior ao salário mínimo viola os princípios constitucionais da isonomia e
da dignidade da pessoa humana, além do disposto no artigo 7º, inciso IV, que garante a todos os
43
trabalhadores urbanos e rurais o direito ao salário mínimo.
O trabalho do preso não está sujeito ao regime da CLT (art. 28, § 2º).
A LEP, no entanto, vincula a destinação do salário, que deve atender, em ordem de preferên-
cia:
a) indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não
reparados por outros meios (é indispensável decisão judicial definitiva estabelecendo o montante da
indenização);
b) assistência à família do preso (que, não raras vezes, sofre as consequências da clausura
do responsável pela sua manutenção);
O sistema deve também possibilitar que uma parte dos ganhos seja reservada pela adminis-
tração prisional para constituir um fundo de poupança a ser destinado ao preso quando da sua libe-
ração (Regras de Mandela, preceito 103.3).
13.2. ESTUDO
Quem faz jus ? Sujeito em regime fechado, semiaberto, aberto e em livramento con-
dicional.
Quanto abate? Para cada 12 horas de estudo, 1 dia de cumprimento de pena, dividi-
das em 3 dias, no mínimo. Acrescido de 1/3 no caso de conclusão do ensino fundamental, médio
ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema
de educação.
• A remição por leitura deve ser concedida em analogia in bonam partem em relação à 44
possibilidade de desconto da pena por meio do estudo. No entanto, para que o benefício
seja criterioso o tribunal tem decidido que deve haver a instalação de projeto de leitura com
a observância das diretrizes estabelecidas na Recomendação nº 44/13 do CNJ (AgRg no
REsp 1.616.049/PR, j. 27/09/2016).
• A remição pelo estudo não pressupõe frequência mínima no curso nem é condicio-
nada a desempenho satisfatório (AgRg no REsp 1.453.257/MS, j. 02/06/2016).
Cumulação trabalho + estudo – possível, desde que se compatibilizem (art. 126, § 3º)
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
Perda dos dias remidos – perda de até 1/3 em caso de cometimento de falta grave
(considerando a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a
pessoa do faltoso e seu tempo de prisão), recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar (art. 127).
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o inte-
resse da Administração da Justiça Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio
social e familiar.
“(...) 2. A transferência do apenado a unidade prisional mais próxima de sua família não se
constitui em seu direito subjetivo e exorbita a esfera exclusivamente judicial. Assim, na análise da
remoção o Juiz deve se orientar pelo atendimento à conveniência do processo de execução penal,
seja pela garantia da aplicação da lei, seja pelo próprio poder de cautela de Magistrado. Precedentes”
(STJ, HC 353797/SP, j. 17/11/2016.)
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
“1. A decisão agravada deve ser mantida por seus próprios fundamentos, porquanto, nos ter-
mos da jurisprudência pacífica do STJ, o direito do preso ao cumprimento de pena em local próximo
ao seu meio familiar, a teor do disposto no art. 103 da LEP, não é absoluto, podendo ser indeferido
pelo magistrado, desde fundamentadamente. 2. Hipótese em que o apenado foi processado e conde-
nado no distrito da culpa, sendo esclarecido que não seria do interesse da Administração sua transfe-
rência a outro estabelecimento prisional em Estado da Federação diverso, tendo em conta, inclusive,
o dispêndio de dinheiro pública na efetivação da medida, sendo, ainda consignado no acórdão impug-
nado que o paciente, além de não ter comprovado a ocorrência do trânsito em julgado de sua conde-
nação, não instruiu seu pedido com documento atestando a existência de vaga. 3. Agravo regimental
improvido” (STJ, AgInt no HC 355261/SP, j. 17/11/2016).
15.1. CONVERSÕES
15.1.1. Conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos (art. 180 da LEP) 46
Requisitos objetivos
Requisito subjetivo
- Sobrevier condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, não sendo pos-
sível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Ex.: O condenado está cumprindo prestação de serviços à comunidade e sobrevém uma con-
denação a pena privativa de liberdade de 10 anos em regime inicial fechado. Não há mais como
cumprir a restritiva de direitos. Logo, haverá a sua reconversão em privativa de liberdade.
a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por
edital;
e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha
sido suspensa
c) se ocorrer qualquer das hipóteses seguintes: não for encontrado por estar em lugar incerto
e não sabido, ou desatender a intimação por edital; praticar falta grave; sofrer condenação por outro
crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa
Obs.: Sendo JUSTIFICADO o descumprimento, não se reconverte a pena. Por isso entende-
se que o condenado deve ser ouvido antes da reconversão nessa hipótese.
Agente imputável na época dos fatos deve cumprir pena. Já o inimputável será submetido à
medida de segurança. E no caso de agente capaz na data da conduta, mas que desenvolve anomalia
psíquica no curso da execução da pena (superveniência de doença mental)? Dois artigos tratam do
assunto: art. 108 e art. 183, ambos da LEP.
Analisando o caso concreto, o juiz da execução optará entre uma simples internação para
tratamento e cura de doença passageira, hipótese em que o tempo de tratamento considera-se como
pena cumprida, ou a substituição da pena privativa de liberdade em medida de segurança em se
tratando de anomalia não passageira, seguindo, no caso, os ditames dos arts. 96 e ss. do CP. Nesse
sentido: STJ, HC 44972-SP..
Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar
incompatibilidade com a medida.
Obs.: Apesar de não prevista na LEP, tem-se admitido a possibilidade de desinternação pro-
gressiva, quando constatado em perícia a melhora do quadro clínico do condenado. Pode-se substi-
tuir a internação por semi-internação ou por tratamento ambulatorial. Aliás, a Lei 10.216/2001, que
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, determina que
a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospi-
talares se mostrarem insuficientes (art. 4º). Assim como a prisão é o último recurso, a internação
também o será.
Apesar de muitos tratarem o excesso e o desvio de execução de forma única, os dois inci-
dentes não se confundem. Mirabete, lembrando as lições de Renan Severo Teixeira da Cunha,
explica: “o excesso está carregado de conteúdo quantitativo e o desvio está carregado de conteúdo
qualitativo. Assim ocorre o primeiro quando, por exemplo, a autoridade administrativa ultrapassa, em
quantidade, a punição, fazendo com que o condenado cumpra uma sanção administrativa além do
limite fixada na lei, enquanto existirá o desvio quando ela se afasta dos parâmetros legais estabele-
49
cidos, como por exemplo, manter o condenado em um regime quando já faz jus a outro. Além disso,
é de notar-se que o excesso só ocorre com a violação de direito do sentenciado, enquanto no desvio
pode ser que seja ele beneficiado. Há desvio, por exemplo, quando se concede permissão de saída
em hipótese não prevista, se dispensa injustificadamente o condenado do trabalho prisional, não se
instaura o procedimento disciplinar após a prática da falta etc.” (Execução Penal, p. 780).
A LEP menciona anistia e o indulto, mas entende-se que abrange a graça, dada a sua seme-
lhança com o indulto.
Indulto e graça são concedidos pelo Presidente da República, via decreto presidencial (art.
84, XII, CF – ato administrativo).
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos insti-
tuídos em lei;
ATENÇÃO: Essa atribuição do Presidente da República pode ser delegada aos Ministros de
Estado, ao PGR (Procurador Geral da República) ou ao AGU (Advogado Geral da União). É o que
se extrai do art. 84, parágrafo único, da CF.
A graça e o indulto atingem apenas os efeitos executórios penais da condenação. Vale dizer,
subsistem o crime, a condenação irrecorrível e seus efeitos secundários (penais e extrapenais).
Graça Indulto
Benefício individual, com destinatário certo Benefício coletivo, sem destinatário certo
50
Depende de provocação do interessado Não depende de provocação do interessado
Classificações doutrinárias:
a) Graça e indulto incondicionados: não se impõe qualquer requisito para a sua concessão.
Na anistia, o Estado, por meio de lei penal, dá ensejo ao esquecimento jurídico de determi-
nado fato criminoso, apagando os seus efeitos penais (principais e secundários). No entanto, os
Legislação Penal Especial - Lei de Execução Penal
efeitos extrapenais são mantidos (é possível, por exemplo, que a sentença penal condenatória tran-
sitada em julgado seja executada no juízo cível).
Uma vez concedida a anistia, não pode uma lei superveniente impedir os efeitos extintivos da
punibilidade, sob pena de ser desrespeitada a garantia constitucional da proibição da retroatividade
maléfica.
b) Anistia restrita: atinge apenas certos criminosos, exigindo-se determinadas condições pes-
soais do agente para a obtenção do benefício (exemplo: primariedade). 51
3) Anistia incondicionada e anistia condicionada
a) Anistia incondicionada: a lei não impõe nenhum requisito para a sua concessão.