O Professor Pde e Os Desafios Da Escola Pública Paranaense
O Professor Pde e Os Desafios Da Escola Pública Paranaense
O Professor Pde e Os Desafios Da Escola Pública Paranaense
Cadernos PDE
VOLUME I
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009
SUPERANDO LIMITES POR MEIO DE METODOLOGIAS DIVERSIFICADAS
1
Conceição Aranha de Sousa Sato
2
Ms. Marilia Bazan Blanco
Resumo
Cada criança é um ser único, com suas características pessoais que a identificam e
a diferenciam de todas as outras. Nesse sentido, as práticas pedagógicas
planejadas pelo professor devem privilegiar todo e qualquer aluno: aqueles que têm
mais facilidade e os que apresentem alguma dificuldade, respeitando sempre as
suas habilidades e condições. As dificuldades de aprendizagem podem estar
relacionadas a diversos aspectos, como os comportamentais, o emocional, o
orgânico e genético, o familiar, o social, o de relacionamento com o professor e na
escola, sendo um assunto que têm preocupado diversos especialistas. Com base
nestas reflexões, este artigo objetiva esclarecer aos educadores as diversas causas
que interferem no ensino-aprendizagem, bem como dar sugestões de metodologias
diversificadas que venham ao encontro das necessidades individuais dos alunos,
com o intuito de dar um novo alento a este quadro que persiste no contexto escolar.
A implementação se deu através de grupo de estudos com os professores que
atuam nas 5ª séries do Ensino Fundamental, professores do curso de formação de
docentes e pedagogos, onde o momento foi oportuno para o repasse dos resultados
da pesquisa, análise, reflexões, discussões e trocas de experiências. O resultado
dos trabalhos evidenciou a importância de ações em grupo de estudos, assim como
de um trabalho conjunto entre a equipe pedagógica para o atendimento mais eficaz
aos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.
1 Introdução
1
Pós graduada em Metodologia do Ensino Superior (FAFI); Psicopedagogia (UCP/ABRASCE);
Graduação em Pedagogia com habilitação em Orientação educacional e Supervisão escolar (FAFI);
atua como Pedagoga no Colégio Estadual Nóbrega da Cunha Ensino Fundamental e Médio (EJA) e
como Professora do Curso de Formação Docente do Colégio Estadual Cyríaco Russo Ensino Médio e
Normal.
2
Pós-graduada em Análise do Comportamento (UEL); Graduação em Psicologia; atua como
professora na área de Pedagogia da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
2
A Educação Primitiva era a única, igual para todos, com a divisão social do
trabalho aparece também a desigualdade das educações: uma para os
exploradores e outra para os explorados, uma para os ricos e outra para os
pobres (GADOTTI, 1994, p. 23).
Desta forma é possível compreender que este foi o único momento histórico
em que a educação foi igualitária, uma vez que nesta sociedade não havia divisão
de classe social, pois, no momento que surge a hierarquia social, ou seja, as classes
sociais, já foi possível perceber a desigualdade educacional.
Ao fazer uma análise da história da educação, percebe-se que as escolas
nunca foram pensadas, planejadas e preparadas para receber o povo; ela sempre
esteve a serviço da elite, e da classe dominante.
Segundo Patto (1990), vários alunos que são recebidos nas escolas públicas
são diferentes e não deficientes. Após refletir sobre essa fala, é possível detectar
nesta afirmativa, que eles advêm de um mundo em que sua cultura, seus valores,
seu comportamento, sua maneira de falar e seus significados são diferentes do que
a educação dominante sempre colocou como sendo a cultura clássica ou erudita.
Cortella (2006), diz que é denominado por cultura, o conjunto dos
resultados da ação do humano sobre o mundo por intermédio do instrumento de
intervenção “trabalho”. Sendo assim, é possível perceber que a cultura vai se
transformando no decorrer da história de acordo com os costumes e valores de cada
época e de cada povo.
meio lhe oferece. Desta forma, sem perceber, a educação continua sendo elitista e
com sérias dificuldades em incluir a classe menos favorecida em seu contexto.
Diante deste quadro, não se pode negar que a história (que transforma a
cultura) é um fator que muito contribui para o fracasso escolar e, que pouco ou nada
se pode fazer para mudar uma história que já foi escrita, mas a partir do presente,
pode-se tentar escrevê-la de maneira diferente. Mas, não se deve esquecer que esta
não é a única causa, ainda tem-se as questões biopsicossociais e as metodológicas
que também interferem no processo ensino-aprendizagem e que podem ser
consideradas como causas do fracasso escolar. Por isso, entender e explicar porque
o aluno não aprende tem sido material de estudo e pesquisa de diversos
profissionais e especialistas da educação.
sem ter sede de conhecimento. Sendo assim, há a necessidade de uma parada para
reflexão. Estes sintomas levam a crença de que o aluno não está de fato
aprendendo, sendo necessário rever as práticas pedagógicas que estão sendo
utilizadas pelos professores e modificar as metodologias sempre que necessário, de
acordo com as dificuldades de cada aluno.
Isto significa que quando o professor conhece a ZDP do aluno este estará
preparado para provocar o desequilíbrio na sua estrutura cognitiva através de
perguntas coerentes, ajudando-o a avançar em uma reestruturação melhor
elaborada (MOYSÉS, 1999).
8
Por exemplo, uma criança de cinco anos que não apresenta capacidade
para identificar e desenhar alguns símbolos como o círculo, quadrado ou
triângulo, que não percebe cores básicas (branco e preto), que não
interpreta histórias simples, deve ser vista como um quadro mais
preocupante. São aqueles casos que chegam para a alfabetização sem
preparo, apesar de que o professor precisa observar os conhecimentos
prévios que a criança tem para propiciar atividades adequadas à sua
necessidade (DOMINGOS, 2009, p. 18).
3 Metodologia
4 Resultados
10
10
9
8
7
7
6
6
5
4 4
4
3 3 3
3
2
1
0
Atende 4 turmas
Atende 5 turmas
Turma com 35 alunos
Turma com 34 alunos
Atende 15 alunos com D.A.
Atende 12 alunos com D.A.
Atende 10 alunos com D.A.
Aspectos: falta de envolvimento da família na escola;de metodologias diversificadas e desestruturação familiar
3
SATO, C. A. S. A educação na História e a História da educação. In: Unidade didática: Superando
limites por meio de metodologias diversificadas. PDE, 2010. p.7-15.
20
4
SATO, C. A. S. Definindo os métodos das principais tendências pedagógicas. In: Unidade didática:
Superando limites por meio de metodologias diversificadas. PDE, 2010. p. 16-25.
5
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 4. ed. Campinas: Autores
Associados, 2007.
21
seu ponto de vista em relação às metodologias que utilizam em suas práticas diárias
em sala de aula.
Os aspectos levantados na discussão dos professores foram que a
metodologia proposta por Gasparin, automaticamente, já faz parte do cotidiano de
suas aulas, ou seja, indiretamente procura-se realizar a investigação do que o aluno
já conhece de um determinado conteúdo, indaga-se, questiona-se, levanta-se a
problematização, apresenta-se o conteúdo historicamente acumulado e
cientificamente comprovado.
No entanto, o problema a que se referiram está relacionado com a falta de
registro e de acompanhar a sequência dos passos propostos por Gasparin, em
função da realidade da escola, na qual os professores precisam enfrentar
diariamente: salas de aula numerosas, pouco tempo para estudos e preparo das
aulas, quantidade de aulas a serem dadas semanalmente, ter que aturar em várias
escolas no decorrer da semana, entre outros.
Mesmo com tais problemáticas, o grupo de estudo concluiu neste encontro,
que é essencial que se continue tentando aplicar a metodologia proposta pelo autor,
adequando-a a realidade da escola.
Na sequência das atividades do encontro, fez-se o estudo de um dos textos
do livro “O desafio de ensinar" da autora Lúcia Moysés6, resumido pela
pesquisadora7, com abertura para comentários e discussões pertinentes ao tema.
Tendo como base o conhecimento da proposta metodológica de Gasparin e
das sugestões metodológicas de Lúcia Moysés, discutiu-se algumas metodologias
diversificadas que pudessem ser aplicadas às disciplinas de Língua Portuguesa,
Matemática e Inglês. O momento foi rico para troca de experiências e sugestões
metodológicas de possível aplicação, de acordo com a realidade vivenciada pelos
professores.
O quarto encontro, em setembro, foi iniciado retomando as discussões sobre
as metodologias diversificadas nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e
Inglês, quando os professores trouxeram para o grupo o relato de algumas
sugestões metodológicas que já aplicaram e que deu certo, havendo assim troca de
informações.
6
MOYSÉS, L. O desafio de saber ensinar. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 1994.
7
SATO, C. A. S. Métodos e metodologias. In: Unidade didática: Superando limites por meio de
metodologias diversificadas. PDE, 2010. p. 30.
22
8
SATO, C. A. S. Métodos e metodologias. In: Unidade didática: Superando limites por meio de
metodologias diversificadas. PDE, 2010. p. 30.
9
CORTELLA, M. S. A Escola e o Conhecimento fundamentos epistemológicos e políticos. 10.
ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2006.
10
MOYSÉS, L. O desafio de saber ensinar. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 1994.
11
PATTO, M. H. S. A criança da Escola Pública: deficiente, diferente ou mal trabalhada? In: SÃO
PAULO, Secretaria da Educação, Ciclo Básico. São Paulo: SE/CENP, 1990. Disponível em:
http://www.diaadia.pr.gov.br/cge. Acesso em 26 jan. 2010.
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para que, após a leitura do mesmo e de análise crítica sobre o assunto, pudesse ser
discutido no encontro seguinte.
A discussão do texto de Maria Helena Souza Patto, entregue no encontro
anterior, deu início ao sexto encontro do grupo de estudo, em que levantou-se
algumas questões referentes à realidade da qual os professores se nos deparam no
dia a dia de sala de aula.
Neste sentido, os professores concluíram que os alunos da escola pública,
na sua maioria, são diferentes por apresentarem comportamentos, valores,
linguagens e conhecimentos diferentes dos quais a sociedade coloca como sendo
parte da cultura clássica (cultura esta, passada pela instituição escolar) e com isto,
acabam sendo mal trabalhados pelos professores que não foram preparados para
receber estes alunos.
Na sequência, foi passado um vídeo em que Mário Sérgio Cortella12
apresenta, em uma entrevista dada em 15/08/2009 ao Jornal Hoje, a violência e
agressão de alunos à professores, complementando a discussão sobre a grande
maioria de alunos da camada popular que hoje estão tendo acesso às escolas
públicas.
Diante dessas questões de ordem social e metodológica apresentadas,
surge um leque de motivos que levam os alunos a não aprendizagem, que incluem
as questões biológicas, as herdadas dos pais e/ou adquiridas como sequelas de
alguma doença.
Para esclarecer este problema, apresentou-se alguns slides acompanhados
de explicações, sobre o que é a dislexia, considerada uma das dificuldades de
aprendizagem, como ela surge, seus sintomas, como detectar e como trabalhar. No
final desta ação, os professores receberam material para fazerem leitura prévia
sobre algumas dificuldades de aprendizagem como a disortografia, disgrafia, dislalia
e discalculia que serão assuntos abordados no próximo encontro.
O sétimo encontro teve como ponto de partida os comentários e discussões
referentes aos textos lidos sobre as dificuldades de aprendizagem. Apresentou-se
slides esclarecendo cada uma das dificuldades de aprendizagem: que a disortografia
é marcada pela confusão de letras, sílabas e palavras que surge no decorrer do
processo de alfabetização e que permanece, pois é algo neurológico. A disgrafia é a
12
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=S5ENpcGnRKs
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chamada letra feia, caracteriza pelo lento traçado das letras, que em geral são
ilegíveis. Já, a dislalia é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade de
articulação de palavras, omitindo, trocando, transpondo, distorcendo ou
acrescentando fonemas ou sílabas a elas e, no que se refere à discalculia, se trata
da incapacidade para raciocinar. É a disfunção que impede a criança de
compreender os processos e princípios matemáticos.
Após as discussões, os professores assistiram aos vídeos13, com cenas do
filme “Como estrelas na terra - toda criança é especial”, mostrando as dificuldades
encontradas por uma criança disléxica e não diagnosticada pelos profissionais da
educação e não aceita pelos pais e reportagem no Fantástico14 sobre dislexia.
Os professores conseguiram através do vídeo e do material apresentado,
detectar algumas crianças que apresentam sintomas de dislexia, disortografia e
disgrafia em suas turmas de alunos, percebendo a necessidade de um trabalho mais
individualizado e encaminhamentos à profissionais especializados para melhor
ampará-los. Sendo assim, a ação proposta obteve resultados importantes para o
encaminhamento dos trabalhos sequenciais.
Entregou-se o material para leitura e discussão do próximo encontro,
referentes ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O oitavo encontro foi marcado pelo assunto TDAH, transtorno muito
confundido com crianças que não receberam limites, desde seus primeiros anos de
vida. Os textos disponibilizados anteriormente especificaram que este transtorno
pode ser agrupado em três núcleos: a desatenção, a hiperatividade e a
impulsividade.
Para melhor identificá-los, foram utilizados slides contendo maiores detalhes
sobre o assunto, com o intuito de esclarecer aos professores os sintomas de uma
criança portadora deste transtorno e como proceder ao trabalho junto a ela. O
assunto deu margem a muita conversa e discussão, havendo trocas de experiências
e relatos ocorridos.
Também, este último encontro, teve a finalidade de fazer-se uma análise
sobre todas as ações desenvolvidas no grupo de estudo, definindo assim os pontos
que foram positivos a todos. O resultado apresentado pelo grupo indicou a
13
Disponível no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=5AQtC0VRt3g&feature=related
14
Disponível no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=ziQhPUGd4qw
25
5 Considerações Finais
6 Referências