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Resumo
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Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília. É assessora das áreas de Educação
Básica e Superior da União Marista do Brasil - UMBRASIL. É professora e coordenadora de Cursos de Pós-
graduação Lato Sensu no Centro Universitário IESB.
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Doutora em Informática na Educação e Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. É vice-diretora educacional do Colégio Marista Rosário, da Província Marista Brasil Sul-
Amazônia. É professora do Mestrado Profissional em Gestão Educacional e coordenadora pedagógica da
Educação a Distância da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos.
ISSN 2176-1396
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Introdução
As tecnologias digitais estão cada vez mais presentes das atividades cotidianas do
mundo contemporâneo, modificando as formas como as pessoas se relacionam e se
comunicam. No cenário educacional, que pretende desenvolver os sujeitos em sua
integralidade e prepará-los para o exercício pleno da cidadania, discutir sobre as tecnologias
digitais e utilizá-las para promover aprendizagem são questões fundamentais que devem ser
consideradas na formação de professores que atuam na Educação Básica, especialmente nos
processos de formação continuada.
Este artigo objetiva discutir sobre os impactos da cultura digital na sociedade
contemporânea e, consequentemente, seus reflexos nos processos de ensinar e aprender. Para
tanto, traz reflexões sobre cultura digital, formação de professores para o uso das tecnologias
digitais, dados de pesquisas brasileiras sobre tecnologias na educação e investigação das
práticas e percepções dos professores sobre o tema em uma rede privada de educação básica
de abrangência nacional. A partir do cruzamento dos estudos e pesquisas, são identificadas as
necessidades formativas.
A tecnologia faz parte da vida cotidiana de forma cada vez mais intensa. Permitem a
ampliação do conceito de sala de aula, de espaço e tempo, de acesso à informação e de
comunicação.
Entre os desafios das instituições de ensino do mundo inteiro, segundo Demo (2006),
estão os de repensar seus modelos pedagógicos; como as pessoas aprendem; como os recursos
tecnológicos podem amplificar e aperfeiçoar o processo de ensino e de aprendizagem; como
motivar o aluno para entrar no jogo da aprendizagem; como se tornar um professor mediador
distante fisicamente e, como utilizar as tecnologias para aprender, ascender social e
culturalmente.
No entanto, sabe-se que a mera inserção do uso de novas tecnologias na educação não
implica a adoção de práticas pedagógicas inovadoras. As tecnologias potencializam a relação
conversacional, mas não são sozinhas conversacionais. A forma como as tecnologias são
utilizadas será um fator determinante para a qualificação dos processos de ensino e de
aprendizagem, que ocorrem em diferentes espaços e tempos, respeitando o ritmo de cada
estudante. Elas podem ser recursos articuladores do desenvolvimento da colaboração e da
autonomia dos sujeitos aprendentes no processo de construção do conhecimento, já que não
basta ter habilidade para utilizar as tecnologias e acessar o volume de informações
disponíveis, é necessário desenvolver o senso crítico e a capacidade de selecionar bem as
informações, para que possam transformá-las em conhecimento.
A mediação docente por meio das tecnologias tem como o maior desafio ultrapassar as
práticas instrucionistas, caracterizadas por práticas historicamente consolidadas diante de
conteúdos lineares e atividades reativas. Tais atitudes subutilizam as potencialidades no
processo comunicacional da Web, principalmente quando pensamos a rede como elemento
fortalecedor de culturas e conhecimentos, não como mero dispositivo de obtenção de
informação. A falta de uma inclusão digital docente traz para o cenário da cibercultura velhas
práticas de mediação da aprendizagem, muitas vezes até obsoletas para o presencial.
É preciso formar professores para utilizar as tecnologias digitais online como
potencializadoras da docência e da aprendizagem na educação, em que estudantes e
professores interagem na mediação, visando à construção cooperativa e colaborativa do
conhecimento. Navegar pelo ciberespaço não se limita à obtenção de dados, mas a estabelecer
uma rede de conversação, que provoque situações desafiadoras a partir de contextos da
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Em relação ao que motiva o professor a buscar recursos na Internet, a maior parte dos
professores afirma que o faz por motivação própria: 94% dos professores de escolas públicas
e 97% dos que lecionam em escolas privadas. Mais de 60% dos professores também referem
que a motivação surge na interação com outros colegas, que apresentam recursos interessantes
e com os quais podem aprender. Como fonte de motivação, aproximadamente a metade dos
professores cita o Projeto Político Pedagógico, a Coordenação Pedagógica e os Alunos.
Quando perguntados sobre quais atividades realizam com os alunos, utilizando
computadores e/ou Internet, pouco mais da metade dos docentes dos diversos segmentos de
ensino afirmam que indicam fontes virtuais de pesquisa para trabalhos, individuais ou em
grupo, para pesquisa. Outra forma de utilização frequente, presente em cerca da metade das
respostas, trata-se de utilizar apresentações digitais como apoio às aulas expositivas. São
menos frequentes as atividades que demandam interação e criação por meio de dispositivos
digitais, girando por volta de 40% de incidência das marcações entre os respondentes.
Os dados apresentados na pesquisa TIC Educação 2015, realizada pelo CGI.br,
pretendem monitorar os avanços no uso de tecnologias digitais na educação e, dessa forma,
também oferecer subsídios para elaboração de políticas públicas de desenvolvimento desta
importante área para a cidadania global. Com um olhar na mesma direção, na sequência, será
apresentada a pesquisa realizada em uma rede privada de escolas no país que possui
instituições de educação básica em todas as regiões do país, buscando identificar concepções,
desafios e possibilidades para utilização de recursos digitais, bem como necessidades
formativas dos docentes.
Porém, neste artigo, para atingirmos os objetivos pleiteados, utilizaremos apenas 4 questões
objetivas relacionados aos dados sociodemográficos e 4 questões discursivas voltadas para os
desafios, recursos utilizados e necessidades formativas para uso das tecnologias na sala de
aula. A amostra utilizada nesta pesquisa refere-se a 270 professores respondentes.
Dados Sociodemográficos
Gráfico 1 – Incidência de palavras nas respostas dos professores à pergunta sobre o que entendem sobre
tecnologias educacionais
Gráfico 2 – Incidência de palavras nas respostas dos professores à pergunta sobre quais os recursos mais
utilizados em sala de aula
(UNESCO, 2008), sendo necessário oportunizar, como Rede, espaços de formação continuada
em tecnologias que permitam usos mais complexos para aprofundamento e criação de
conhecimentos junto aos estudantes.
Percebe-se que o uso desses dispositivos está cada vez mais frequente dentro das salas
de aula, pois os artefatos digitais são vislumbrados como potencializadores de práticas
pedagógicas inovadoras que permitam aos aprendizes interações e coautorias na construção
do conhecimento e em seu próprio processo de aprendizagem, dinamizando os processos
pedagógicos, conforme os extratos:
Utilizo muito nas aulas apresentações (power point), com animações, pequenos
vídeos (youtube) educacionais. Seu uso se justifica por que o aluno pode ver o
fenômeno acontecendo de maneira virtual. Isso facilita o entendimento e sem dúvida
ajuda na construção das habilidades e competências.
Gráfico 3 – Incidência de palavras nas respostas dos professores à pergunta sobre os desafios do uso das
tecnologias digitais no processo educativo
ampliar o acesso dos estudantes às redes digitais, de selecionar recursos que ampliem o
interesse e envolvimento dos estudantes dos percursos de aprendizagem e, especialmente, a
preocupação com as oportunidades de atualização e de formação continuada para o uso das
tecnologias nos processos de ensino e de aprendizagem. Com as tecnologias, tem-se a
potencialização de uma concepção mais voltada ao processo dialógico, exigindo abertura e
disponibilidade de aceitar o universo desconhecido, as emergências, estando sempre em
posição de renovação, conforme extratos retirados dos comentários dos respondentes ao
expressar as 5 palavras que retratam os desafios da docência quanto ao uso das tecnologias:
Foi perguntado ainda, aos professores, se eles acreditavam ser necessária a oferta de
cursos/metodologias de formação docente para o uso de tecnologias digitais em sala de aula.
A maioria dos professores, 87,41% dos respondentes, afirma que a oferta de
cursos/metodologia de formação docente para o uso de tecnologias digitais em sala de aula é
necessária. Entre estes respondentes, 86,02% justificou a necessidade de que estes cursos
ocorram.
Acredito que devam ser oferecidos cursos que promovam aos docentes um maior
conhecimento das ferramentas digitais para o uso pedagógico. Outro exemplo, diz
respeito ao modo de usar os recursos que já temos em sala de aula de forma mais
significativa, ampliando o seu uso. E para finalizar, penso ser interessante
conhecermos de forma sistemática as necessidades e linha de raciocínio dos
nascidos na era digital.
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Acredito que o professor precisava ter mais formações sobre as tecnologias digitais
para que pudesse usar com mais frequência, inclusive em sala de aula, para que as
aulas sejam mais dinâmicas e não fiquem maçantes.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
CGI.BR. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas
brasileiras: TIC educação 2015 / Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. São
Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016.
IANNONE, Leila; ALMEIDA, Maria Elizabeth; VALENTE, Jose Armando. Pesquisa TIC
educação: da inclusão para a cultura digital. Padrões de Competências em TIC para
Professores. Brasília: UNESCO, 2008, p.55-90.
LEMOS, André. Cultura das redes: ciberensaios para o século XXI. Salvador: EDUFBA,
2002.
LEVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo:
Loyola, 2000.