Registo Médico Orientado Por Problemas em Medicina Geral e Familiar: Atualização Necessária

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

40 formação

Registo médico orientado por


problemas em medicina geral e
familiar: atualização necessária
Mónica Granja,1-2 Conceição Outeirinho3

RESUMO
Os registos clínicos são uma componente fundamental dos cuidados médicos. Em medicina geral e familiar é privilegiada a organiza-
ção dos registos segundo o método proposto por Lawrence Weed: o Registo Médico Orientado por Problemas (RMOP).
É tradicionalmente aceite que o RMOP é constituído por três componentes: dados base, notas clínicas progressivas e lista de pro-
blemas. No entanto, não existe um padrão de trabalho definido para a sua utilização e, em Portugal, a bibliografia sobre a utilização
do RMOP em Medicina Geral e Familiar carece de atualização.
Pretende-se com este documento sintetizar e compilar a informação disponível, revisitando o método para os médicos de família
em exercício e apoiando documentalmente a formação pré e pós-graduada.
Palavras-chave: Medicina geral e familiar; Registos médicos; Registo médico orientado por problemas

INTRODUÇÃO nhando as diferentes consultas, possibilita a obtenção de


dados para organizar medidas preventivas e contribui para
conhecida e reconhecida a importância dos registos a formação contínua.

É clínicos enquanto componente fundamental dos


cuidados médicos.1 Como suporte informativo, os
registos devem refletir o mais corretamente possível
o estado de saúde da pessoa e permitir comunicar factos re-
levantes. Na atividade médica funcionam como auxiliar de
Reconhecem-se ainda outras virtudes do RMOP en-
quanto facilitador da relação médico-doente, melhoria da
performance da equipa de saúde, aumento das oportunida-
des de intervenção de educação para a saúde e de empo-
werment da pessoa, o conhecimento do estado de controlo
memória, permitem a transferência de informação para ou- da doença, a possibilidade de caracterizar o perfil de consu-
tras bases de dados e para relatórios médicos e contribuem mo de cuidados de saúde, levando o médico muitas vezes a
para articulação de cuidados, auditorias, gestão da prática entender a verdadeira natureza subjacente do problema.
clinica, formação e investigação. Um registo organizado, para O ordenamento da informação clínica no método de
além de permitir uma prática clínica adequada, pode ser Weed facilita o conhecimento da pessoa e a reflexão sobre
considerado, só por si, um documento científico.1 os problemas de saúde identificados, levando à tomada de
Em medicina geral e familiar (MGF), pela abrangência decisões de intervenção. O RMOP é, pois, um sistema de
e longitudinalidade de cuidados, é privilegiada a organi- resolução de problemas.
zação dos registos médicos segundo o método proposto É tradicionalmente aceite que o RMOP é constituído por
por Lawrence Weed nos anos 60 do século XX, mais co- três componentes: dados base, notas clínicas progressivas e
nhecido por Registo Médico Orientado por Problemas lista de problemas. No entanto, não existe um padrão de tra-
(RMOP).1 Como dizia Weed, “a forma como lidamos com balho definido para a sua utilização.4 Em Portugal encon-
a informação determina a forma como pensamos”.2 traram-se dois documentos orientando para a utilização do
O RMOP tem o privilégio de atender aos cinco objeti- RMOP em geral. Ambos são antigos (1991 e 2000), de difícil
vos operativos definidos por McWhinney.3 Ou seja, permite acesso e estão já algo desadaptados à prática atual.5-6 Duas
o acesso rápido aos dados básicos da pessoa, fornece da- publicações mais recentes orientam para a utilização das
dos contínuos sobre os problemas de saúde, acompa- notas clínicas progressivas na sua estruturação SOAP.7-8
1. Médica de Família. Centro de Saúde de S. Mamede Infesta, Unidade Local de Saú-
Torna-se, assim, pertinente revisitar este método, com-
de de Matosinhos. pilando num só texto a informação dispersa e comple-
2. Professora auxiliar convidada (Unidades curriculares de Medicina Geral e Fami-
tando-a. Pretende-se obter um documento-guia prático e
liar I e II). Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto.
3. Médica de Família. USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental. que possa apoiar a formação pré e pós-graduada sobre re-

Rev Port Med Geral Fam 2018;34:40-4


formação 41

gistos médicos, bem como ser uma oportunidade de atua-


lização do conhecimento. QUADRO I. Conteúdo do item «Subjetivo» das notas
clínicas progressivas

Dados base Subjetivo


Os dados base da pessoa devem incluir, entre outros, a Contexto
identificação da pessoa, nome e/ou título pelo qual prefe- Intersubstituição/outra
re ser tratada, escolaridade, hábitos saudáveis e nocivos, Consulta programada/outra
movimentos migratórios, composição do agregado fami- Iniciativa médica/de enfermagem/outra
liar, identificação de recursos sociais e familiares, de even- Fonte da informação
tuais apoios e cuidadores informais, condições de habita- Motivos de consulta
ção, antecedentes familiares e pessoais, incluindo história Expressos / reais
familiar, social e laboral e as patologias, com respetivos tra- Anamnese, incluindo sentimentos
tamentos médicos e cirúrgicos, medicação prolongada e se- Agenda da pessoa
quelas resultantes, incapacidades e grau de dependên- Agenda do médico
cia/autonomia, história ginecológica e obstétrica nas mu- Perspetiva e expectativas da pessoa
lheres, alergias, estado de imunização e realização de ras- Recursos identificados pela pessoa
treios preconizados. Os interesses e atividades e as relações
sociais e familiares têm aqui o seu local de registo. ção da perspetiva da pessoa sobre os seus problemas, as suas
Sendo um conjunto de dados pregressos que, na sua expectativas e a avaliação que faz dos recursos de que dis-
maioria, se preconiza serem colhidos numa primeira con- põe para resolver os seus problemas (Quadro I).7,9
sulta, esta não é uma secção estática, devendo sofrer atua- O O corresponde a «objetivo». Nesta área devem ser regis-
lizações ou adendas sempre que oportuno. São exemplo tadas as informações factuais e objetiváveis, relativas à pessoa,
comum as mudanças na situação laboral, a ocorrência de como os dados do exame objetivo dirigido à natureza da con-
novos antecedentes familiares, a alteração de hábitos no- sulta. O conceito de exame objetivo dirigido, ou orientado,
civos, como o tabagismo ou o consumo de álcool, ou mes- opõe-se ao de exame standard ao ter em conta a pessoa e o
mo a adoção de hábitos saudáveis. tipo de problema ou de vigilância que o traz à consulta. Pode,
assim, variar entre um exame mais dirigido (no caso de pro-
Notas clínicas progressivas blemas simples e/ou específicos) e um exame completo (como
As notas clínicas progressivas (ou notas de seguimen- no exame do recém-nascido) ou no estudo de quadros sisté-
to) são os registos de cada consulta e organizam-se numa micos. No O registam-se ainda resultados de meios comple-
estrutura de quatro itens designada pelo acrónimo SOAP. mentares de diagnóstico relevantes eventualmente apresen-
A abordagem da pessoa numa consulta tem como base a tados na consulta, bem como resultados da aplicação de es-
gestão destas notas de seguimento. calas ou questionários. Não sendo um ponto consensual, tem
O S corresponde a «subjetivo» e inclui os motivos de con- sido recomendado que neste item se inclua, ainda, a infor-
sulta, interessando registar não só os motivos que a pessoa mação clínica de outros prestadores (notas de alta de outros
refere expressamente como tal, mas também aqueles que níveis de cuidados, relatórios ou registos de outras consul-
eventualmente estejam apenas implícitos, nomeadamente tas).5,7 É também no O que faz sentido ser registado, quando
aqueles que a pessoa por vezes revela apenas no encerrar relevante, quem acompanha a pessoa à consulta (Quadro II).
da consulta. O contexto também deve ser registado: se é O A deve espelhar a avaliação que o médico faz dos pro-
uma consulta com o médico de família (MF), programada blemas da pessoa identificados na consulta em questão.
ou não programada, se é de intersubstituição e de quem foi Tal como na lista de problemas, os problemas devem ser
a iniciativa (própria pessoa, MF, enfermeiro, outro profis- registados segundo o seu mais alto grau de resolução no
sional de saúde, cuidador ou outro). Segue-se a anamnese momento. Assim, poderão ser registados diagnósticos bem
com esclarecimento e caracterização de eventuais sinto- definidos, problemas de saúde ou ainda sinais ou sintomas
mas, queixas e sentimentos (da agenda da pessoa), assim a esclarecer. Para cada problema, se aplicável, deve ser es-
como o resultado da exploração de questões levantadas pelo pecificada a lateralidade, gravidade, grau de controlo e
médico sobre a saúde global restante bem como relativas à evolução.9 Também, sempre que aplicável, podem ser co-
agenda do médico. É ainda incluído neste item a explora- locadas neste item hipóteses de diagnósticos e diagnósti-

Rev Port Med Geral Fam 2018;34:40-4


42 formação

QUADRO II. Conteúdo do item «Objetivo» das notas QUADRO IV. Conteúdo do item «Plano» das notas
clínicas progressivas clínicas progressivas

Apresentação Plano
Acompanhado (por quem) ou não Plano de estudo (investigação diagnóstica)
Exame objetivo Plano terapêutico
Resultados relevantes de meios complementares de Farmacológico ou não
diagnóstico Prazo
Informação clínica de outros prestadores Curto Plano educacional
Resultados de aplicação escalas/questionários Médio Plano preventivo
Resultados de aplicação de instrumentos de avaliação Longo Recursos a mobilizar
familiar Referenciações
Certificados e outros documentos emitidos
Consultas agendadas
QUADRO III. Conteúdo do item «Avaliação» das notas
Com médico de família
clínicas progressivas
Com outros prestadores
Avaliação Respostas a e-mails
Tipo de vigilância Notas / reflexões do médico
Saúde infantil e juvenil
Saúde materna
Planeamento familiar te item. Além das intervenções previstas a curto prazo, de-
Hipertensão arterial vem ainda ser registadas as intervenções previstas ou reco-
Diabetes mendadas a médio e a longo prazo (Quadro IV).
Outra No P, o registo das intervenções a implementar para
Problemas identificados na consulta cada problema identificado em A deve ser sistematizado
Lateralidade e hierarquizado de acordo com a carga de doença ou grau
Gravidade de importância para a pessoa e os recursos disponíveis ou
Controlo
mobilizáveis. Registam-se, também, todos os procedi-
Evolução
mentos e intervenções a desenvolver, no âmbito da abor-
dagem global (biopsicossocial) de saúde da pessoa.
cos diferenciais. Apenas devem ser listados no A os pro- Cabe ainda neste item o registo de referenciações a outros
blemas identificados e abordados na consulta em causa. prestadores, de documentos emitidos (certificados de inca-
É a partir do A que se constrói a lista de problemas mas, pacidade temporária, relatórios, etc.) e de consultas agenda-
como veremos adiante, nem todos os problemas do A da das para reavaliação, vigilância de saúde ou noutros níveis de
consulta transitam para a lista de problemas da pessoa. No cuidados. As notas e reflexões do médico sobre a pessoa e a
caso de consultas de vigilância, no A cabe também o re- sua circunstância, assim como eventuais falhas a corrigir na
gisto do tipo de vigilância em causa (Quadro III). consulta seguinte também têm lugar no P. Hoje em dia, com
No P deve estar contido o plano de atuação ou interven- a possibilidade de comunicação não presencial (e-mail e te-
ção acordado entre médico e doente. Para cada problema de- lefone) entre médicos e doentes, o feedback dado pelo médi-
vem ser registados os procedimentos e intervenções reali- co à pessoa por estes canais deve também ser registado no P.
zados na consulta e propostos para o imediato o que respeita
à investigação diagnóstica,10 à terapêutica (farmacológica ou Lista de problemas
não), os aconselhamentos e intervenções motivacionais, os A lista de problemas é um resumo dos problemas rele-
procedimentos preventivos (primários, secundários e ter- vantes da pessoa e é referida por Weed como sendo uma es-
ciários) e a mobilização de recursos necessários (familiares, pécie de índice dos restantes registos.1,4 Por este motivo, é
sociais e institucionais). Os «cuidados antecipatórios» pre- considerada, isoladamente, como o componente mais im-
conizados na vigilância de saúde infantil e juvenil são pro- portante do RMOP. Não há uma definição consensual sobre
cedimentos de aconselhamento e devem ser incluídos nes- o que constitui um problema de saúde. Um problema pode

Rev Port Med Geral Fam 2018;34:40-4


formação 43

ser considerado “tudo aquilo que


preocupa o médico, o doente, ou QUADRO V. Local de registo dos resultados da aplicação dos instrumentos de
avaliação familiar
ambos”11 ou tudo o que for impor-
tante nos cuidados da pessoa.3 Os
Notas clínicas progressivas
problemas devem ser listados ao Dados
Instrumentos de avaliação familiar
mais alto nível de resolução a cada básicos S O A P
momento, podendo coexistir sin- Genograma X X a)
tomas ou sinais para os quais (ain- Ciclo de vida familiar de Duvall X
da) não exista uma explicação ou Biopatografia / Linha de vida de Medalie X
diagnóstico preciso, problemas fa-
Psicofigura de Mitchell X
miliares (como doenças ou confli-
Círculo familiar de Thrower X
tos), problemas psicológicos ou so-
ciais (como a pobreza ou o desem- Apgar familiar de Smilkstein X
prego) e diagnósticos já estabele- Risco familiar de Segóvia-Dryer X
cidos. Assim, a lista de problemas
1,5 Risco familiar de García-Gonzalez X
é uma componente dinâmica, de- Escala de readaptação social de Holmes e Rahe X
vendo ser atualizada sempre que Dinâmica familiar de Minuchin X
problemas são resolvidos ou iden- Eco-mapa X
tificados de novo e sempre que um Modelo de Olsen X
dos problemas listados é revisto e
passa a integrar um novo problema a) Em situações de reavaliação perante os critérios de Janet-Christie-Seely.
ou diagnóstico.1
Cada problema listado deve ser designado de modo tância de um novo problema pode a decisão ser adiada e re-
completo (incluindo, se aplicável, etiologia, estadio, late- vista posteriormente. Existem recomendações para que se-
ralidade e grau de controlo), consistente e rigoroso. Exis- jam criadas localmente regras quanto ao tipo de problemas
tem recomendações para que os sistemas informáticos a incluir na lista, assim como a uniformização da termino-
não forcem a classificação dos problemas da lista4 e que logia a usar, de modo a tornar coerentes os registos de doen-
disponham de possibilidade de notas em texto livre.1 tes que circulam entre diferentes prestadores.4 Se existir esta
A mera classificação/codificação dos problemas da pes- coerência interprofissional, pode dizer-se que quanto maior
soa, sem a sua descrição, é redutora, porquanto informa a lista de problemas maior a complexidade de um doente.
sobre a inclusão da pessoa numa entidade nosológica mas Os problemas da lista são, por fim, classificados como
não documenta de forma adequada o problema de saúde «ativos» ou «passivos», conforme, respetivamente, afetem
no indivíduo em particular.9 a pessoa à data ou se encontrem resolvidos, mas tendo o
Para cumprir a sua função de índice ou de resumo nem potencial de voltar a afetar a pessoa ou de condicionar de-
todos os problemas da consulta devem transitar para a lis- cisões clínicas. Também esta classificação dos problemas
ta de problemas, devendo ser excluídos os problemas mi- é dinâmica e um problema passivo num dado momento
nor, isolados e/ou autolimitados. Este tipo de problemas é pode tornar-se ativo mais tarde (e vice-versa).
apenas registado no A da consulta em que surgir e poderá É sugerido por Weed que cada problema da lista seja nu-
eventualmente ser arquivado enquanto episódio de cuida- merado por ordem de importância e seja depois ligado às
dos (funcionalidade de algumas aplicações informáticas). notas clínicas progressivas. Esta numeração, se bem que
Os problemas que devem constar da lista são as doenças útil quando coexistem múltiplos problemas, na prática
crónicas ou recidivantes, as doenças com mau prognóstico, pode ser difícil de concretizar. Há problemas que desapa-
os problemas que condicionaram tratamentos cirúrgicos, recem, porque resolvidos ou integrados noutros. A própria
internamentos ou incapacidades, bem como aqueles que, ordem de importância pode ser difícil de estabelecer e,
ainda que resolvidos, possam condicionar a saúde ou as de- por vezes, a listagem por ordem cronológica pode ser mais
cisões terapêuticas futuras. A decisão sobre que problemas útil. As listas de problemas devem ser periodicamente re-
devem integrar ou não a lista obedece ao juízo clínico do mé- vistas, em função da complexidade de cada doente. São
dico e é por vezes difícil de tomar. Na dúvida sobre a impor- momentos chave para esta atualização o primeiro e o úl-

Rev Port Med Geral Fam 2018;34:40-4


44 formação

timo passos da consulta,12 a elaboração de relatórios clí- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. Weed LL. Medical records that guide and teach. N Engl J Med. 1968;278(11):
nicos e de cartas de referenciação, a receção de informa-
593-600.
ção de outros níveis de cuidados e qualquer momento de 2. Weed L. Larry Weed’s 1971 internal medicine grand rounds [Youtube].VisualDx; 2012
reavaliação da situação clínica da pessoa. [cited 2017 Mar 15]. Available from: https://www.youtube.com/watch?v=
qMsPXSMTpFI
3. McWhinney IR, Freeman T. Records. In: McWhinney IR, Freeman T, editors. A text-
Avaliação familiar
book of family medicine. 3rd ed. New York: Oxford University Press; 2009. p. 375-8.
A inclusão dos resultados dos métodos de avaliação fa- 4. Simons SM, Cillessen FH, Hazelzet JA. Determinants of a successful problem list to
miliar nos registos clínicos não tem uma localização pré- support the implementation of the problem-oriented medical record according to
-definida. Quando há indicação para a utilização destes recent literature. BMC Med Inform Decis Mak. 2016;16:102.
5. Sousa JC. Sistemas de anotação clínica. In: Associação Portuguesa dos Médicos de
métodos, na maioria dos casos devem ser registados no O, Clínica Geral, editor. Manual de medicina geral e familiar: versão 0.01 [Internet]. Lis-
enquanto resultado da aplicação de uma escala ou ques- boa: APMGF; 2000 [cited 2017 Jan 22]. Available from: https://www.mgfamiliar.net/
tionário. As exceções poderão ser o genograma, a linha de MMGF/textos/12/10_texto.html
6. Caeiro RT. Registos clínicos em medicina familiar. Lisboa: Instituto de Clínica Geral
vida de Medalie e o Ciclo de vida familiar de Duvall, cuja
da Zona Sul; 1991.
localização natural será nos dados base (Quadro V). 7. Santiago LM. Contributo para a melhoria dos registos em consulta. Rev Ordem
Médicos. 2015;31(161):60-2.
CONCLUSÃO 8. Queiroz MJ. SOAP revisitado [SOAP revisited]. Rev Port Clin Geral. 2009;25(2):221-
7. Portuguese
A importância dos registos médicos na prestação de
9. Pinto D. O que classificar nos registos clínicos com a Classificação Internacional de
cuidados de saúde é reconhecida. O RMOP é o sistema de Cuidados Primários? [What should we code in health records with the Internation-
registos adotado pela MGF e foi definido há mais de 50 al Classification of Primary Care?]. Rev Port Med Geral Fam. 2014;30(5):328-34. Por-
anos. Em Portugal, a bibliografia sobre a utilização do tuguese
10. Barreto JV, Paiva P. O registo clínico orientado por problemas [The problem orien-
RMOP em MGF carece de atualização.
ted clinical record]. Rev Soc Port Med Int. 2008;15(3):201-6. Portuguese
Embora a versatilidade do RMOP permitisse a sua uti- 11. Hurst JW. The art and science of presenting a patient’s problems (as an extension
lização em sistemas informáticos, as plataformas desen- of the Weed system). Arch Intern Med. 1971;128(3):463-5.
volvidas em Portugal apresentam ainda vários constran- 12. Ramos V. A consulta em 7 passos: execução e análise crítica de consultas em medi-
cina geral e familiar [Internet]. Lisboa: VFBM Comunicação; 2008. ISBN
gimentos e dificuldades na sua completa aplicação tal 9789898160225. Available from: http://www.apmgf.pt/websites/apmgf/A%20Con-
como foi concebido por Weed.1 Neste documento revisi- sulta%207%20passos.pdf
ta-se o RMOP e compila-se a informação sobre o conteú-
do de cada um dos seus componentes para apoiar os MF CONFLITOS DE INTERESSE
Os autores declaram não ter quaisquer conflitos de interesse.
em exercício e a formação pré e pós-graduada.
Se Weed dizia “Nós não cuidamos de registos, cuidamos ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
de pessoas, mas os registos não podem ser separados dos Mónica Granja
E-mail: [email protected]
cuidados”,2 pode-se acrescentar que se a MGF e os MF não
cuidarem dos seus registos é a prestação de cuidados que Recebido em 01-04-2017
está comprometida. Aceite para publicação em 10-01-2018

ABSTRACT
PROBLEM-ORIENTED MEDICAL RECORD IN FAMILY PRACTICE: A NECESSARY UPDATE
Medical records are a key component of health care delivery. In family practice, the preferred approach to structure medical records
is based on the method proposed by Lawrence Weed’, the ‘Problem-oriented medical record’.
It is generally accepted that the ‘Problem-oriented medical record’ comprises three components: baseline data, progressive clinical
notes and list of problems. Nevertheless, there is a lack of standards on how to use these sections and, in Portugal, the bibliography
on the use of ‘Problem-oriented medical record’ needs updating.
This document aims to synthesise and compile the information available, revisiting Weed’s method for practising family physicians
and supporting pre- and postgraduate training.

Keywords: Family practice; Medical records; Problem-oriented medical records

Rev Port Med Geral Fam 2018;34:40-4

Você também pode gostar