Relatório Estágio - Licenciatura em Língua Inglesa
Relatório Estágio - Licenciatura em Língua Inglesa
Relatório Estágio - Licenciatura em Língua Inglesa
RELATÓRIO DE ATIVIDADES
EM LÍNGUA INGLESA
OURO PRETO
Fevereiro/2018
1
RELATÓRIO DE ATIVIDADES
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE LICENCIATURA
REGÊNCIA
Ouro Preto
Fevereiro/2018
2
Sumário
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.....................................................................................3
2. ATIVIDADES REALIZADAS.....................................................................................5
2.1 Apresentação do Campo de Estágio e das Turmas Observadas..............................5
2.2 Desenvolvendo a Sequência Didática: Primeira Regência......................................8
2.3 Eventos na Escola: Semana de Ciências e Tecnologia..........................................12
2.4 Desenvolvendo Sequência Didática: Segunda Regência......................................16
2.5 Desenvolvendo Sequência Didática: Terceira Regência.......................................20
2.6 Eventos na Escola: Festa de Halloween................................................................22
2.7 Desenvolvendo Sequência Didática: Quarta Regência.........................................26
2.8 Projeto de Colaboração e Participação de Evento na Escola: Semana da Vida....29
2.9 Encerramento, Entrevistas e Formulários..............................................................34
3. AVALIAÇÕES.............................................................................................................38
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................39
5. REFERÊNCIAS..........................................................................................................41
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. ATIVIDADES REALIZADAS
recycle?”, o qual a estrutura “going to” era um item fundamental. Além do “going to”, a
unidade previa o estudo do “presente continuous” como forma de ilustrar os planos
futuros. Por meio dessa proposta, a professora pediu aos alunos para escreverem em
pedaços de papel o que pretendiam ser daqui a alguns anos, ou seja, como eles
imaginavam suas vidas para daqui a algum tempo. Assim a estrutura verbal em questão
foi praticada.
Pedi a ela, como forma de integrar a atividade e preencher minha carga relativa
as entrevistas no estágio, para executar uma segunda etapa ao que já havia sido inserido
a capsula do tempo. A partir da pergunta que me fizeram nas primeiras observações,
escrevi no quadro três perguntas simples, sendo-as: 1 - você gosta de língua inglesa?; 2
– como gostaria de aprender a língua inglesa?; 3 – você acredita ser possível aprender a
língua inglesa na escola pública? Pedi aos alunos para responderem as perguntas
rapidamente durante a primeira regência e entregarem em folhas de papel para
inserirmos posteriormente nas garrafas pet as quais foram utilizadas como receptáculos
dos textos dos alunos. Não criei um formulário oficial para essa atividade, pois minha
intenção era utilizar o método de avaliação dela já em curso. Não havia muito tempo
disponível no calendário para criação elaborada de atividades.
Antes de reger essa aula, eu e Karem conversamos sobre o calendário da escola e
as atividades previstas por ela para o último bimestre dos meninos. Constatamos que o
tempo disponível era muito apertado para o desenvolvimento de projetos complexos.
Inclusive, nas primeiras semanas a pedagoga da escola me orientou no sentido de que eu
não devia reger aulas até a semana de aulas, praticamente ao fim completo do
calendário, inviabilizando meu estágio. A Karem desobedeceu às regras no fim da
história, pois a pedagoga recomendou que eu não regesse as aulas, porém reiterou a
escolha de Karem como critério mais importante. Assim, eu executei algumas aulas com
aprovação da professora supervisora.
Inicialmente, Karem me localizou no livro didático, um dos principais aportes
dela para a execução das aulas. Ela estava trabalhando naquele momento a unidade sete
intitulada “a world of possibilities” em que conteúdos como os esportes paraolímpicos e
seus atletas e escrita de dados rápidos, como bilhetes ou diários, estavam previstas.
Como tópicos gramaticais e textuais, a unidade incluía o verbo modal “should”, além
dos pronomes relativos e do vocabulário relativo aos esportes paraolímpicos. Eu
observei as aulas e atividades do livro previstas para os pronomes relativos e esportes
10
Assim, percebi que o espaço físico tem muito a dizer sobre a rotina,
funcionamento e trabalho das pessoas envolvidas numa escola. Em meio a observação
que realizei e demais tempo investido na escola, busquei compreender a distribuição do
espaço como um elemento fundamental para me guiar durante o planejamento do
estágio e das atividades previstas.
Esse exercício me pareceu útil até porque sempre me incomodei com escolas mais
antigas em que todo o seu interior parece planejado para ser observado do ponto central,
relativo as salas administrativas. Essa aparência parece ser comum em escolas mais
antigas em que as noções de controle eram mais aguçadas e os alunos deviam completo
respeito a autoridade dos professores presentes. Já havia notado isso em outros locais,
porém nessa escola essa impressão se confirmou.
Por isso, comecei a investigar mais sobre as questões e encontrei autores que
falam sobre as noções de lugar e espaço com entendimentos diferenciados. Segundo os
autores:
Por aqui, os autores apresentam a noção de lugar como o local em que não se
pressupõem atividades ou rotina humana de nenhuma natureza. Um lugar é frio, estático
15
e não se constitui num lugar praticado, ou seja, não se projetaram ou prepararam o lugar
para abrigar atividades humanas e/ou rotina que caracterizasse o lugar como um espaço.
Quando se planeja um lugar para ser um espaço, colocamos em prática nossa percepção
acerca do que acreditamos ser adequado e pertinente para as instalações físicas e para a
rotina de trabalho a ser realizada ali.
Assim, adaptamos o lugar até comportar nossas demandas enquanto responsáveis
pelo espaço, o tornando funcional para os alunos e a comunidade em que a escola
convive. Localizamos nossas expectativas como educadores também na organização dos
espaços para que eles atendam nossas demandas, assim para professores de LE, as
paredes da sala de aula são preenchidas com cartazes, murais, painéis e toda sorte de
materiais que ilustrem, exemplifiquem e demonstrem a língua estrangeira e seus
componentes num viés didático para alunos do contexto brasileiro de ensino.
Caso essa variável seja mal estudada e planejada, podemos culminar no fracasso da
tarefa educadora em todos os níveis, levando o corpo docente e administrativo a
desistência ou fechamento da escola em questão. Sobre isso Monteiro e Silva (2015) nos
apresentam ao seguinte ponto:
semana seguinte. Tive que fazer ajustes para essa aula, retomando não só o conteúdo,
porém a atividade perdida, pois ela deveria compor o fanzine previsto para o final das
aulas.
Antes de seguir, gostaria de falar um pouco mais sobre a questão do casal gay do
seriado. Como mencionei, nas três turmas em que o seriado foi exibido gerou polêmica
como o casal se organiza. Muitos alunos homens perguntaram para mim qual era a
mulher do casal (para apontarem a esposa ou a mãe), porém esse não era um caminho
viável para essa atividade. Dessa forma, precisei conversar com os alunos das três
turmas sobre homossexualidade e famílias. Num tom brando claro, porém problematizei
as questões, fazendo perguntas intrigantes e críticas, bem em acordo com as premissas
do letramento crítico. Para isso, trago uma citação para ilustrar a abordagem:
Durante a semana seguinte, eu havia planejado outra aula ainda na temática sobre
famílias. Porém a intenção dessa vez era resgatar as “family trees” dos meninos na
intenção de expandir o conteúdo do texto. Pensei que a partir da ilustração da família,
dos relacionamentos entre eles nomeados e as poucas informações adicionadas às
imagens (pedimos nome, idade e profissão de todas as pessoas apresentadas na árvore),
eles poderiam aumentar o texto, incluindo informações sobre os parentes que relatassem
fatos e hábitos de todos eles. Por meio dessa escrita, imaginamos que o tempo “presente
perfect” pudesse ser praticado, após uma etapa de análise e prática com as estruturas.
Imaginei que pudéssemos chegar na construção de um infográfico em que na primeira
etapa, informações básicas são apresentadas por meio da “family tree”, e na segunda,
informações mais profundas sobre os parentes pudessem estar exibidas. Esse texto
também seria unido ao fanzine ao final do estágio.
Entretanto, não chegamos a ministrar esse conteúdo por questões de cronograma e
desempenho da sequência didática. Dessa forma, durante a semana do dia 06 de
novembro, nós resgatamos o plano anterior visando concluir a atividade prevista para a
aula: a family tree. Assim, iniciei a aula comentando ainda sobre a family tree do
seriado, revisando o handout, e apresentando respostas para os alunos, e os deixando
aponta-las também. Após essa breve revisão, partimos para a criação da própria árvore
genealógica dos alunos.
Durante o encontro passado, percebi que os alunos têm inúmeras dificuldades em
geral, não só ligadas ao conteúdo linguístico, porém a práticas de pesquisa por exemplo.
Eles levaram muito tempo na semana anterior para nomear os membros da família do
seriado. Por isso, dessa vez, eu criei outro handout, o qual eu pedi obrigatoriamente para
colarem no caderno. Nesse material, eu sistematizei boa parte do vocabulário relativo a
famílias, partindo desde mãe e pai, até padrasto e padrinho. Antes de colarem no
caderno, pedi aos alunos atenção e fui comentando sobre o vocabulário, sobre
estratégias para compreender certas estruturas daquelas palavras (como a recorrência da
palavra “grand”).
21
Acredito que esse momento tenha sido positivo para o estágio, pois os alunos
realizaram a tarefa com maior confiança e dedicação, se refletindo inclusive nas provas
finais deles, em que boa parte das turmas acertou as questões relativas ao vocabulário de
famílias. Eu e Karem circulamos na sala como sempre ajudando os alunos em suas
necessidades. A supervisora sempre foi muito prestativa comigo, me auxiliando em tudo
que foi necessário. Ela me ajudou a negociar, inclusive, os aparelhos (som, computador
e datashow) para a realização das atividades com o seriado, mediando o pedido para a
bibliotecária do lugar que é absolutamente ciumenta em relação aos aparelhos da escola
e a biblioteca (local onde esses itens ficam armazenados). Ela é tão ciumenta que
controla o acesso dos alunos de um jeito até injusto para que o lugar fique preservado
(bibliotecas são para exibição ou funcionamento?!?).
Fiquei pensando demais por aqui também sobre a relevância de se planejar
materiais didáticos ou materiais em apoio aos professores localmente, ou seja, a partir
das demandas locais dos contextos de ensino em que trabalhamos, é que deveríamos
planejar materiais para que fossem precisos em relação aso objetivos de ensino e as
demandas dos aprendizes. Claro, isso num mundo onde os professores não são tão mal
pagos e nem precisem trabalhar em condições insalubres para tanto (muitos alunos por
turma, poucas aulas na semana). Para isso, trago a citação sobre definição de material
didático.
“Em termos gerais, qualquer material que seja usado para fins didáticos pode
ser considerado um material didático, mesmo que a sua produção inicial não
tenha sido orientada ou voltada para o seu uso educacional. Poemas, letras de
músicas, filmes, jornais, por exemplo, não são produzidos para fins
pedagógicos, mas são usados por professores de línguas (maternas e
estrangeiras) com certa frequência como materiais didáticos” (VILAÇA,
2010).
Dessa forma, qualquer material utilizado como amostra de língua pode ser
considerado um material didático. Para professores de língua, essa premissa é
fundamental, pois sabemos que o livro didático não dá conta de apresentar propostas
particulares as comunidades globais em termos temáticos, culturais, variações
linguísticas, etc. Assim, utilizando poemas, series, contos, jornais, artigos da internet e
outras formas de uso da língua aplicadas em contexto, podemos criar condições
mínimas para o desempenho da abordagem comunicativa e do letramento crítico.
22
Por aqui, o autor fala sobre justamente os tópicos abordados anteriormente. Por
meio da análise dos contextos de ensino em que o professor está inserido, e da avaliação
do livro didático e quais partes dele serão úteis para as demandas de conhecimento dos
aprendizes, é possível selecionar fragmentos do material oficial em apoio a outros textos
retirados de outros domínios discursivos. Ou ainda mais, se nem o livro didático, nem
textos de outros pontos do mundo são suficientes, o professor pode desenvolver seus
materiais localmente, assim como nos fala Vilaça. Assim, as estratégias de ensino e de
representação do conteúdo a ser trabalhado se expande e as chances de prover real
aprendizagem entre os alunos aumenta.
professoras de língua inglesa da escola, incluindo a Karem, assim nós dois participamos
do evento e de sua organização.
Chegamos à escola por volta do meio dia, sendo a festa marcada oficialmente para
as 14h. Durante as primeiras horas nos dedicamos a organizar o espaço físico da escola
para a festa, além de posicionar a decoração para tornar o local coerente com o clima
temático da festa. Uma das professoras conseguiu material decorativo de outra escola e
pudemos nos dedicar aos enfeites. Aranhas, teias, caveiras, abóboras, fundos escuros e
roxo, morcegos, toda a sorte de criaturas medonhas foram selecionadas como parte da
decoração.
Os pátios centrais foram liberados e suas mesas e carteiras afastadas, abrindo o
espaço para a convivência das pessoas. AS cadeiras foram postas fazendo-se um grande
semicírculo em que os funcionários e alguns professores passaram a maior parte do
tempo. Havia na ponta do pátio uma grande mesa decorada em que as crianças, como
condição mínima para a realização do evento, trouxeram e dispuseram doces de todo
tipo para um momento de overdose de açúcar oficial entre os jovens. Meus alunos, ou
seja, os alunos do fundamental II não surgiram em tamanha frequência quanto os mais
jovens, altamente interessados no evento.
Enquanto a comilança acontecia e os mais jovens corriam furiosamente em
brincadeiras animadas ao redor, os mais velhos curtiam um show, isso mesmo,
literalmente um show, que acontecia dentro da escola. Uma das professoras de línguas
tem relações com políticos da cidade de Mariana e em um processo de barganha não
oficial, ela conseguiu patrocínio de um vereador local para pagar um DJ que montou
toda uma estrutura de show para os meninos, incluindo até gelo seco e fumaça pelo
lugar. Com o palco todo iluminado pelas luzes dignas de balada, os alunos dançaram e
conversaram ao som de músicas desde clássicos populares como “É o Tchan” até as
populares e atuais “Anitta” e “Pablo Vittar”.
O evento foi ótimo na verdade, muito divertido e configurou um genuíno
momento de integração entre os alunos. Foi também um excelente momento para
conversar com outros funcionários da escola que não conhecia bem e foi possível até
fazer algumas “amizades”. O corpo docente da escola é bem agradável e o lugar parece
funcionar bem, sob gestão escolar efetiva da diretoria. O reflexo disso se dá no trabalho
da escola que, apesar de precário como são a maioria das escolas públicas do país,
parece funcional.
24
aprofundo nessa discussão por aqui. Prefiro exaltar o momento da festa, independente
do pretexto, como um instrumento de aprendizagem de habilidades sociais e interativas
que ultrapassam a sala de aula e são úteis para o estudo de todo e qualquer conteúdo.
Por meio da arte, “as escolas têm a missão de desenvolver as múltiplas formas
da literacia, ou seja, o desenvolvimento das capacidades dos alunos através da arte, das
ciências, da matemática e outras formas sociais por meio das quais o significado é
construído” (EFLAND, 1999, apud EÇA, 2010). Ou seja, restringir os conteúdos
obrigatórios aos espaços formais de estudo, a sala de aula, pode ser limitador no sentido
de desmotivar os alunos no contato com a língua estrangeira, além de os privar do
desenvolvimento de outras formas sensoriais de aprendizagem, como os eventos e a
arte.
em que eles trabalharam juntos, ensinando uns aos outros, os conteúdos já estudados.
Em geral, as atividades preencheram todo o tempo da aula. Explicamos questão por
questão antes dos meninos realizarem as atividades, sendo a correção feita somente por
Karem, durante a segunda aula semanal das turmas que acompanho durante a segunda-
feira.
Nessa mesma semana aconteceu a abertura da capsula do tempo programada pela
Professora Karem. Os alunos das três turmas se reuniram no pátio da escola para a
leitura de seus textos produzidos em sala. Como eu acompanhei aulas somente na
segunda-feira, não pude acompanhar literalmente a leitura dos textos, entretanto fui
reportado sobre isso. As segundas aulas semanais das turmas que acompanhei nesse
estágio aconteciam durante manhãs diferentes da segunda-feira ao longo da semana, e
devido a outros compromissos, não pude assumir as segundas aulas semanais das
turmas como seria desejável.
Assim, fui informado de que os alunos leram com bastante timidez suas
expectativas futuras para a vida, utilizando para isso a estrutura verbal “going to”.
Devido a escrita dos textos em inglês, os alunos se sentiram retraídos e a leitura
aconteceu de forma truncada. Porém mesmo assim, a professora os estimulou na leitura
de projeções próximas e os alunos se divertiram muito, lendo suas próprias respostas e
avaliando as dos colegas.
Nesse momento também, os alunos releram suas expectativas e ideias sobre a
língua inglesa e sobre formas de aprender o idioma na escola pública. Muitos alunos
apresentaram suas preferencias em estudar a língua não na escola, porem por meio da
internet e da cultura pop, assim músicas, series, filmes são ainda os materiais favoritos
dos alunos para aprenderem uma língua. A Karem chegou a comentar sobre o desejo
dela em aprender mais sobre a cultura pop atual para melhor utilizar esse conhecimento
como recurso didático em sala de aula. Os alunos transpareceram também certa
desilusão com a escola pública e as perspectivas de se aprender língua estrangeira por
lá, dizendo que não se sentem motivados pelas abordagens clássicas que geralmente os
professores dão a língua inglesa, e em decorrência da escola como ela é (hierárquica e
autoritária).
Enquanto educadores, devemos estar atentos a essas questões. Será que estamos
promovendo conteúdos que fazem a manutenção das estruturas sociais como elas são,
ou seja, pautadas na ideologia neoliberal em que as injustiças sociais e as desigualdades
são a base de uma sociedade cruel e alienadora, que privilegia a elite poderosa em
detrimento dos outros grupos sociais tidos como minorias. Por outro lado, então,
estamos pensando nosso conteúdo em relação ao mundo real, ao cotidiano das pessoas e
dos usos da língua, fazendo de nossas aulas um espaço do conflito, das brechas, das
diferenças e subversão, o qual pode-se resultar num processo de desconstrução de
estereotipo e ideias “naturais” que alimentam as diferenças sociais entre as pessoas?
Pensar nesse tema, me levou até a esse ponto. E já serviu para me queimar alguns
fusíveis. Existem tantas forças que parecem nos forçar a seguir o primeiro caminho na
escola. O caminho mais confortável, mais seguro, próximo do interesse das lideranças
locais. Porém, nosso trabalho deve ultrapassar essas barreiras conformistas, movendo os
alunos e a escola para um nível de relevância social transformadora, e não reformista.
Nós, como professores de línguas, podemos utilizar nossas aulas para desenvolver
conteúdos linguísticos que atinjam noções sociais relevantes e críticas dos alunos.
Chegando na noção ilustrada abaixo, por meio da citação:
Por isso, devemos trabalhar em nossas aulas para enunciar também as noções de
poder e como ele opera a realidade social em meio às relações humanas, estabelecendo
32
acesso e privilégios para uns e privações para outros. Projetos e eventos na escola
apresentam seu caráter interdisciplinar e é fundamental fazer desses espaços um
momento de reflexão acerca das estruturas que cercam a comunidade envolvida,
movendo e superando desafios, interferindo na realidade da cidade de forma efetiva,
levando o trabalho dos alunos para locais em que eles possam ser úteis de qualquer
forma.
Em decorrência disso, eu e a Profa. Supervisora Karem, nos dedicamos a
elaboração de uma oficina que pudesse contemplar nossos objetivos de ensino e da
interdisciplinaridade. Dessa forma, fiz a sugestão de que apresentássemos algo
vinculado a fala de Chimamanda Adichie, durante um TED-Talk, em que ela discute os
perigos da história única: “Danger of Single Story”. Os objetivos gerais eram discutir os
estereótipos sociais, suas possíveis origens e motivações, permanentes nas diversas
formas de representação dos indivíduos, como: o cinema, a literatura, a mídia, além dos
fatores políticos e econômicos envolvidos nesse processo de caracterização.
Dessa forma, assim que chegamos a escola, percebemos os professores e
funcionários finalizando a organização do espaço para que a oficina pudesse ser
realizada. Os alunos foram organizados em grupos pelos professores e pela pedagoga
para serem distribuídos entre as oficinas sem que um fosse mais cheia que as outras ou
esvaziada demais. Dessa forma, seguimos para a sala de aula em que deveríamos
ministrar nossa oficina. Organizamos os materiais e os aparelhos tecnológicos
envolvidos, como o computador, apresentação em Power Point, o som, e o Datashow.
Assim, esperamos o início do evento. Os alunos foram chegando e rapidamente a sala
estava relativamente cheia. Havia alunos nossos dos oitavos anos, porém outros alunos
surgiram. Utilizamos língua inglesa enquanto foi possível, porém foi necessário que
intercalássemos as línguas em prol de entendimento dos alunos.
33
transpô-lo para o papel em formato textual, utilizando a língua que desejassem. Após o
final das atividades e da oficina, dispensamos os alunos, afinal o intervalo estava
próximo.
Organizamos a sala na saída, reunindo os aparelhos e fios para devolução na
biblioteca. Deixamos a sala arrumada e partimos para o intervalo na sala dos
professores. Nosso balanço sobre a oficina, entre eu e Karem, foi bem positivo.
Percebemos que os alunos se interessaram pelo conteúdo, discutindo as questões com
engajamento e dedicação. Eles se esforçaram para usar a língua estrangeira também,
mesmo em meio a muitas dificuldades de fala. Foi um momento produtivo e útil para
nós, e tenho certeza, para os alunos também.
Na semana seguinte, durante a manhã do dia vinte e sete de novembro,
aconteceram as provas em bloco dos alunos. Toda a escola e corpo docente estavam
preparados para a realização desse momento crucial para o trabalho docente e escolar.
Os alunos estavam ansiosos e nervosos com a proximidade dos testes, de tal forma que
formulamos uma aula de reforço dos conteúdos duas semanas antes das provas.
Dessa forma, não ministramos aulas. Ao chegar na escola aquele dia, me
encontrei com a professora Karem, e partimos para a sala de aula em que deveríamos
aplicar a prova em questão. Os alunos realizaram de um a duas provas por dia,
distribuídas em dois momentos da manhã. Eu acompanhei apenas um deles. Os
professores deveriam seguir sua rotina normalmente, porém a organização da escola
recomendou aos professores que não aplicassem as provas de sua própria matéria.
Talvez para inibir formas de ajuda que poderiam acontecer entre os alunos e
professores. Assim, encontramos nossos alunos, entretanto a prova que aplicamos foi a
de matemática.
Os alunos tinham cerca de uma hora e meia para a realização da prova. Cheguei
a dar uma olhada na prova de matemática e foi inútil, mal compreendi os enunciados, ou
seja, eu seria nula ajuda para qualquer um deles independente de minha vontade. Foi útil
minha presença na sala, mesmo não atuando em nosso conteúdo, pois vivenciei uma
parte do trabalho docente que geralmente não curto muito: as avaliações e sua aplicação.
Tenho alguns problemas com a forma que esses testes se propõe a avaliar os alunos.
Tenho impressão de que são limitados e não refletem todas as habilidades que o aluno
poderia demonstrar durante a vida. Todavia, compreendo que esse ainda é um
mecanismo importante e indispensável para a ordem da escola, por isso não
aprofundarei esse debate.
35
Karem teve um problema durante aquela manhã e precisou se retirar da sala por
cerca de meia hora. Enquanto ela resolvia suas questões com a diretoria, eu fui
encarregado de acompanhar os alunos, evitando que eles conversassem ou trocassem
informações entre si. Desempenhei a função e, como já disse, sinto que foi produtivo
para mim, pois experimentei outros aspectos cotidianos na vida de um professor, o qual
eu ainda não sou íntimo. Após o término da prova que, aconteceu sem maiores
problemas, eu e Karem nos reunimos na sala dos professores, local em que o corpo
docente estava trocando os pacotes de provas entre si até cada um dele receber as provas
de sua disciplina.
Eu e Karem analisamos o material rapidamente, buscando conferir qual havia
sido o desempenho dos alunos. Ficamos felizes por alguns, tristes por outros, porém
esse é a praxe do trabalho e fizemos o que foi preciso para concluir a missão. Dividimos
entre nós dois as provas recebidas, no intuito de que eu a ajudasse a corrigir as provas
dos meninos. Ela me passou o gabarito da prova, e orientações para as questões
interpretativas para que eu pudesse contribuir no trabalho. Em casa, me dediquei a
correção das provas e quando tive alguma dúvida, Karem prontamente me ajudou por
telefone. Após poucos dias, nos encontramos, fora do horário de aula, para a devolução
das provas corrigidas. Ela confirmou comigo posteriormente que a correção havia
funcionado muito bem e que ela já havia lançado as notas dos alunos no sistema da
escola.
docente, até que a tecnologia, computadores e internet serem realmente acessíveis para
os alunos.
Sobre a última pergunta, ela nos fala sobre diferenças entre trabalhar em escolas
públicas ou privadas no ensino de línguas. Ela admite ser mais possível trabalhar num
instituto particular em decorrência da motivação dos profissionais envolvidos. Como
existem mais recursos estruturais e tecnológicos, ela diz que a prática de ensino se torna
mais possível e efetiva, motivando os professores desses lugares a trabalharem com
maior disposição. Ela liga qualidade de ensino as variáveis materiais, afirmando que a
gestão escolar e os recursos da escola fazem diferença na aprendizagem dos alunos.
Por fim, faço uma breve discussão sobre minha própria avaliação sobre o
estágio. Por meio de questionário, organizei as questões de acordo com aspectos
fundamentais de meu envolvimento com a disciplina e o campo de estágio. Nesse
momento, falei sobre minhas impressões gerais sobre o momento de estágio. Segui
falando da escola em que atuei como estagiário, incluindo quais minhas impressões
sobre o lugar, seus desafios de trabalho cotidiano, e se eu trabalharia nesse local se
pudesse. Respondi sobre a relevância do estágio para minha formação docente, e para
meu trabalho nas escolas. Falei sobre minhas reflexões acerca da prática docente e sobre
minhas expectativas de trabalho nessa área. Falo sobre pontos positivos e negativos de
minha atuação e da experiência no campo de estágio como um todo, buscando refletir o
planejamento para a disciplina e os resultados obtidos. Me permito a ser mais sucinto
nessa análise agora, desde o formulário completo estará disponível nos anexos do
relatório final.
3. AVALIAÇÕES
Como tudo na vida, existem lados bons e ruins. Sobre o lado positivo desse
estágio. Eu trabalhei numa escola muito bacana, com espaço físico agradável para a
realização de atividades e convivências das pessoas tranquilamente. A escola era bem
localizada, o que ajudou muito na realização do estágio. Tive bons contatos com as
pessoas da escola, desde funcionários, professores e alunos, chegando a criar alguns
laços mais duradouros. Me envolvi no trabalho da escola, participando de sua vida
cotidiana, passando pelos desafios e possibilidades de qualquer outro professor.
Desempenhei minhas funções na escola, conforme combinado com a professora
supervisora Karem, participando desde as observações do lugar e das pessoas, até ao
40
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
capturada pela linguagem; decisões sobre a verdade, portanto, não podem basear-se
numa teoria de correspondência com o real, mas devem, isso sim, ser tomadas
localmente” (CERVETTI, 2001 apud JORDÃO 2007, p. 27).
Para isso, nós professores e outros funcionários envolvidos na realidade escolar,
devemos aceitar a construção do conhecimento como fragmentada e contraditória para
estimularmos assim a noção de realidade complexa em que as relações entre indivíduos
e condições de uso das línguas são adversas e amplas.
As aulas de língua também entram nessa missão, talvez abordando o letramento
crítico como uma ponte segura entre o uso da língua e a realidade definida por ela em
nível local: “o letramento crítico, nesta concepção, reconhece que decisões deste tipo
devem ser tomadas localmente: comunidades diferentes terão que adotar procedimentos
diferentes para abordar seus próprios processos de construção/atribuição de sentidos”
(JORDÃO, 2007, p. 28).
Decisões essas, como quais noções de língua e linguagem balizam nossa prática
de ensino, quais valores e crenças aceitamos como pertinentes ou não em nossas aulas,
quais materiais e estratégias de ensino são melhores para a sala de aula, entre outras
questões é o que torna o trabalho do professor de inglês no Brasil tão complicado e
desafiador. Porém por meio das experiências de estágio foi possível perceber que esse
trabalho é fundamental e possível, afinal os alunos se interessam pelo conteúdo. Eles só
não gostam dos modelos de representação e muitas vezes da abordagem do ensino,
entretanto as capacidades e interesses deles são constantes. Cabe a nós educadores o
papel de motivá-los a construção de aprendizagem e conhecimentos coletivos.
5. REFERÊNCIAS
BOGDAN, R. e BIKLEN, S.K. Qualitative Research for Education. Boston, Allyn and
Bacon, inc., 1982.
43
CASTRO, P.; TUCUNDUVA, C.; ARNS, E.. A importância do planejamento das aulas
para organização do trabalho do professor em sua prática docente. Athena - Revista
Científica de Educação, v.10, n.10, jan/jun. 2008. Disponível em <
http://nead.uesc.br/arquivos/Fisica/instrumentacao/artigo.pdf > acessado em 30 de
novembro de 2017.
EÇA, T. Educação através da arte para um futuro sustentável. Cad. CEDES, Campinas,
v. 30, n. 80, p. 13-25, abr. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-32622010000100002&lang=pt.
WERLE, Flávia Obino Corrêa; BRITTO, Lenir Marina Trindade de Sá; COLAU,
Cinthia Merlo. Espaço escolar e história das instituições escolares. Curitiba: Diálogo
Educacional, v.7, n. 22, p. 147-163, set./dez. 2007. Disponível em:
https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/4189.